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CHEGA DE REGRAS

Larry Crabb
Traduzido por: Neyd Siqueira

Digitalização: FB

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SEMEADORES DA PALAVRA e-books evangélicos
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CHEGA DE REGRAS CATEGORIA: ESPIRITUALIDADE / VIDA CRISTAÃ


Copyright © 2002 por Lawrence J. Crabb Jr.
Publicado originalmente por Water Brool Press, Colorado, LUA.

Título original: The pressure`s off


Revisão: Theoó filo Joseó Vieira,
Supervisão: Vicence Gesualdi
Central de Arte
Capa: Magno Paganelli

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Crabb, Larry
Chega de regras / Larry Crab; traduzido por Neyd Siqueira. — Saã o Paulo: Mundo Cristaã o, 2003.
Titulo original: The pressure's off. ISBN 85-7325-325-8
1. Vida cristaã 1. Tíótulo
02-6414 CDD248.4

Indice para catálogo sistemático:


1. Vida cristaã : Cristianismo 248.4
Os textos das refereê ncias bíóblicas foram extraíódos da versaã o Almeida Revista e Atualizada, 2 a ed., salvo indicaçaã o especíófica.

Publicado nu Brasil com a devida autorizaçaã o e com todos os direitos reservados pela:
Associaçaã o Religiosa Editora Mundo Cristaã o
Rua Antoê nio Carlos Tacconi, 79 — CEP 04810-020 — Saã o Paulo - SP - Brasil
Telefone: (11) 5668-1700 — Home page: www.mundocristao.com.br

Editora associada a:
• Associaçaã o Brasileira de Editores Cristaã os
• Caê mara Brasileira do Livro
• Evangelical Christian Publishers Association

A 1a ediçaã o brasileira foi publicada em maio de 2003, com uma tiragem de 4.000 exemplares.

Para meu pai


Larry Crabb Sr.
16 de agosto de 1912 A vida
começou, o fruto do amor de
Charles e Laura pelo seu
Senhor e um pelo outro.

31 de agosto de 2001 A vida


verdadeira teve início, o fruto
do amor do Pai, Filho e
Espírito um pelo outro e por
meu pai.
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S UMÁRIO
Uma Parábola: Pergunta noturna...........................................................................................................4
INTRODUÇÃO: Os dois caminhos............................................................................................................7
Primeira parte: Um novo estilo de vida..................................................................................................8
Penso Que Nós o Estamos Perdendo..................................................................................................8
Regras pelas quais viver..................................................................................................................8
Nossos padrões fixos....................................................................................................................11
Três passagens contam a história.................................................................................................13
Segunda Parte: A geração desanimada................................................................................................18
O Novo Caminho: O Que Não é........................................................................................................18
Um verme na maçã.......................................................................................................................18
Que forças da escuridão?.............................................................................................................22
O dragão abandonado..................................................................................................................26
O que há de tão errado com o que queremos?............................................................................31
Engano espetacular......................................................................................................................35
Terceira parte: Você sente o vento?................................................................................................40
O Novo Caminho: O Que é...............................................................................................................40
Por trás de uma porta marcada particular....................................................................................40
Chegando sujo e dançando...........................................................................................................42
Colhendo o que semeamos..........................................................................................................46
O plano emanuel.........................................................................................................................50
A porta do celeiro está aberta......................................................................................................53
A História de Deus........................................................................................................................56
Quarta parte: Deixe a revolução começar.................................................................................60
O Novo Caminho: Como Viver Nele..................................................................................................60
Gozo EM DEUS.............................................................................................................................60
Cinco blocos de construção da vida do novo caminho................................................................65
Onde estou? Encontrando o sinal vermelho...............................................................................68
Sua escolha de ciclos...................................................................................................................73
Foco nas primeiras coisas.............................................................................................................78
Deus está no controle - do quê?..................................................................................................82
A oração do novo caminho...........................................................................................................89
Epílogo: Com Deus no banheiro......................................................................................................93
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Agradecimentos...................................................................................................................................96
Notas....................................................................................................................................................96

Mais estaó aà nossa disposiçaã o em Jesus Cristo do que ousamos imaginar.


Em 1654, Blaise Pascal encontrou Jesus Cristo de um modo diferente. Ele registrou o eê xtase
do momento numa seó rie de sentenças fragmentadas, inclusive estas:
"certeza, alegria sincera, paz"
"alegria, alegria, alegria, laó grimas de alegria"
"renuó ncia completa e doce"
"entrega total a Jesus Cristo, meu guia"
Amigo que busca, voceê ousaria imaginar o que por tanto tempo temeu que poderia naã o estar
disponíóvel? Quer juntar-se a mim, peregrino treê mulo, pondo de lado o cinismo que evita
habilmente o risco da esperança? Quer aceitar o seu desejo por uma única coisa que daria a fim
de ganhar tudo o mais - um encontro real com Jesus Cristo, agora, antes do ceó u?
• EÉ possíóvel que voceê , como eu, tenha se esforçado ao maó ximo para entender a vida, a fim de
que as coisas possam ir bem. A Bíóblia chama essa abordagem de antigo caminho do código
escrito. Por mais que esteja vestido de linguagem cristaã , o velho caminho naã o iraó formaó -lo
espiritualmente. Ele leva ao vazio interior, pressaã o violenta, insuportaó vel. Isso talvez esteja
ficando claro para voceê , como acontece comigo.
• Existe outro estilo de vida. A Bíóblia o chama de novo caminho do Espírito. Os que tomam
este rumo na vida se descobrem flutuando na direçaã o do Pai em ritmo com o Espíórito enquanto
ele abre seus olhos para ver a beleza de Cristo. Este novo caminho conduz nossa vida que naã o
funciona muito bem ateó uma certeza misteriosa que nos serve de aê ncora nas tempestades da
duó vida, em momentos de eê xtase que manteê m vivas grandes esperanças quando os sonhos bons
morrem, na experieê ncia aterradora da morte que permite que nosso verdadeiro "eu" saia da
sepultura para a luz do dia.
• Voceê pode sentir o ritmo do Espíórito convidando-o para a dança sagrada? Ele talvez esteja
libertando a sua imaginaçaã o para voar, como a das crianças na veó spera de Natal.
• Haó um novo estilo de vida. EÉ o estilo do Espíórito. Ousemos sonhar nosso maior sonho. Ele naã o
vai despedaçar-se!

U MA P ARÁBOLA :
P ERGUNTA NOTURNA

— O que estou fazendo de errado? — A pergunta nunca esteve muito distante da mente da
mulher. Nesta noite ela gritava de lugares profundos em seu íóntimo, exigindo a resposta que
nunca veio.
— Veja minha vida. As coisas naã o estaã o saindo como eu esperava. Por que naã o me sinto
melhor a respeito de mim mesma? Por que a vida eó aà s vezes taã o difíócil? Devo estar fazendo algo
muito errado.
A mulher naã o acreditava que estava sendo castigada por uma divindade vingativa por causa
de erros cometidos, embora esse pensamento fosse aà s vezes difíócil de afastar. Ela cria, poreó m,
que havia um estilo certo de vida, o qual facilitaria as coisas. EÉ claro que havia. Mas, naã o
conseguia encontrar o caminho.
Aqui em casa, aà noite, naã o conseguia fingir taã o bem como fazia nos dias ocupados, fazendo de
conta que estava satisfeita, que Deus a abençoara o suficiente para chamaó -lo de bom. Na solidaã o
que sufocava sua alma, as lembranças voltavam — tempos em que se sentira viva, feliz e boa, e
das ocasioã es em que se sentira muito mal.
Essas lembranças voltavam com frequü eê ncia, especialmente depois do cair da noite, e elas
haviam moldado sua visaã o da vida no que almejava de melhor, das beê nçaã os pelas quais estava
disposta a lutar e, portanto, esperava que recaíóssem sobre ela. A mulher ansiava por sentir
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novamente a alegria que conhecera antes e tambeó m evitar o sofrimento do qual naã o podia se
esquecer. Sabia o que desejava... mas naã o conseguia encontrar o caminho. Sua vida era
disfuncional.
— Obrigada, Deus — a mulher se obrigou a orar enquanto se enfiava nas cobertas. — Sei que
vai me levar para o ceó u quando esta vida terminar. Obrigada, pelo dom da vida eterna que eu
nunca poderia alcançar por mim mesma. Sei que tem um plano para mim agora, antes que eu vaó
para casa. Vou confiar na possibilidade de poê -lo em praó tica.
Antes de o sono chegar, ela acrescentou: — Qual o obstaó culo que estou criando: O que estou
fazendo de errado?
Na escuridaã o silenciosa do quarto, a mulher esperou. Deus certamente responderia aà sua
pergunta e lhe mostraria o que fazer para receber as beê nçaã os de uma vida melhor agora, as
beê nçaã os que tinha certeza de que Deus pretendia que o seu povo gozasse. — Eu faria tudo que
fosse preciso... se apenas soubesse o que eó . — Esse foi o seu uó ltimo pensamento antes que o sono
a resgatasse da pressaã o de imaginar o que seria.
Quanto tempo depois aconteceu, ela nunca soube. A mulher sentou-se na cama,
completamente acordada, mas de maneira diferente quando o despertador tocou. Este despertar
foi novidade. Se tivesse olhado para o reloó gio ao lado do leito, teria visto o mostrador brilhar com
quatro zeros. Entrara num mundo aleó m do tempo.
A voz naã o a despertara, mas ouviu-a claramente: — Vim para mostrar-lhe o novo caminho.
Quem estava ali? Quem falara? Naã o conseguia ver ningueó m. Se houvesse um corpo por traó s da
voz, ela naã o conseguiria veê -lo. A escuridaã o era total.
— EÉ um sonho — disse para si mesma. Deitaria de novo e ele iria embora.
A voz falou outra vez no mesmo tom níótido. — EÉ a sua hora. Vim para mostrar-lhe o novo
caminho. Estaó suficientemente escuro agora para que possa ver.
Isto não é um sonho, pensou a mulher. — Estou contente que veio — disse ela em voz alta. —
Preciso desesperadamente encontrar um novo caminho. Orei muito para saber como melhorar a
minha vida. Nada que tentei ateó agora deu certo. Preciso descobrir o novo cami nho de que estaó
falando.
— Voceê estaó procurando outra versaã o do antigo caminho. Vim para mostrar-lhe o novo
caminho.
A mulher ficou intrigada, mas naã o silenciou. — Concordo que haó muitos meios que naã o
funcionam. Minha vida eó uma prova disso. Tentei tudo que podia para mudar o modo como me
sinto para melhorar minha vida. Por favor, se tem qualquer misericoó rdia, mostre-me o que estou
fazendo de errado que me impede de ser o que tanto desejo. Estou pronta a aprender um novo
caminho. E para isso, serei uma discíópula obediente.
— Voceê procura um meó todo para fazer a vida funcionar. Esse eó o velho caminho. — A voz
mostrava pacieê ncia, como a voz de um avoê ensinando o neto enquanto caminham juntos. —
Qualquer meó todo que escolher se torna o seu senhor. Voceê serviu a muitos senhores em sua vida,
mas o seu alvo se manteve constante. Naã o quer nada aleó m da vida melhor que sua experieê ncia
mostrou ser desejaó vel. Esse alvo eó o seu íódolo e, portanto, deve ser abandonado.
— Vejo o que estaó querendo dizer — replicou a mulher, embora naã o visse nada. — Sim,
acredito que esteja certo. Muito certo, na verdade. Seu ponto eó revolucionaó rio. Preciso encontrar
um caminho espiritual. Meu alvo deve ser Deus e meu meó todo a obedieê ncia. E a oraçaã o. Sim, devo
fazer o que eó certo e confiar a Deus os resultados. Estaó dizendo exatamente o que acabei de ouvir
de uma mulher saó bia, mais idosa, em minha igreja. Foi muito interessante.
— Ela disse a verdade, mas voceê naã o ouviu. Foi por isso que vim.
— Bem, penso que ouvi o que ela tinha a dizer. — A mulher estava mais indignada do que
desanimada. — Agradeço por ter vindo reforçar a mensagem dela. Vamos ver. Sim, me lembro.
Ela disse que eu estava me esforçando para compreender e viver pelo princíópio da sequü eê ncia.
Sabe, a ideó ia de que B segue-se a A, de modo que se eu quiser B, devo descobrir o A que faraó isso
acontecer. Ela estava totalmente certa. Quero saber o que deve ser feito para mudar minha vida
para melhor e me manter longe de problemas no futuro. Disse, tambeó m, que em vez de me
esforçar tanto devo aprender a orar. Tinha novamente razaã o. EÉ claro que continuo tendo de
obedecer, mas desde minha conversa com ela, estou orando muito mais.
— Por que voceê ora? — Um ar gelado varreu repentinamente o quarto. A mulher procurou
defender-se dele.
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— Por que oro? Que pergunta estranha. Estou certa de que sabe os ensinamentos: peça e
receberaó ; agarre-se a Deus e naã o deixe que se vaó ateó que o abençoe; importune, se necessaó rio, ateó
obter uma resposta; naã o aceite menos do que todas as beê nçaã os que ele reservou para voceê .
— Esse eó o antigo caminho.
A mulher franziu a testa. A voz naã o conhecia os ensinamentos do Livro Sagrado? Um
pensamento amedrontador cruzou entaã o sua mente. A pessoa por traó s da voz talvez soubesse os
Ensinamentos, mas naã o cresse neles. Estaria conversando com um demoê nio? Um falso profeta?
Uma serpente estaria no quarto com ela?
— Como pode ser isso? — respondeu ainda mais indignada. — Minha vida eó difíócil. EÉ certo
orar. Levo todos os meus problemas a Deus. Estaó , por acaso, querendo dizer que a oraçaã o eó o
antigo caminho?
— A oraçaã o naã o eó o antigo caminho. A sua oraçaã o eó que eó .
A mulher começou a chorar. — Por que zomba de mim? Estou desesperada. Pensei que me
mostraria um novo estilo de vida. O que fez ateó agora foi induzir-me a perder a pouca esperança
que me restava.
— Seus desejos ainda naã o estaã o amadurecidos. Os pequenos afetos criam íódolos, deuses sem
valor aos quais sacrifica a sua vida. Suas oraçoã es destinam-se aà adoraçaã o de íódolos. Voceê foi
aprisionada pelo seu desejo da vida melhor, que define pelas suas experieê ncias de prazer e dor.
Vim para mostrar-lhe o novo caminho que leva aà melhor esperança.
As laó grimas da mulher se transformaram em soluços, e estes em queixumes. — Soó quero fazer
o que eó certo, para receber as beê nçaã os de Deus. Haó algum erro nisso? Por que naã o me diz o que
devo fazer?
— Se a voz viera de Deus, ela tinha certeza de que seus lamentos o fariam apiedar-se e dizer-lhe
o que fazer.
A voz disse: — Voceê quer saber o que eó eficaz. Naã o pediu para saber o que eó santo.
O choro da mulher diminuiu. — Saã o duas coisas diferentes?
— Sua busca por um caminho eficaz para a vida melhor a levaraó a seguir os princíópios baó sicos
deste mundo e naã o os caminhos da santidade. Seguir esses princíópios pode aà s vezes tornar sua
vida mais agradaó vel, mas jamais satisfaraó a sua alma. Nunca a levaraó aà melhor esperança.
— Aleó m do mais, sua determinaçaã o de fazer o que eó eficaz eó inuó til, porque naã o tem soberania
sobre nada. Naã o controla nada. O princíópio da sequü eê ncia naã o garante nada.
— Estaó dizendo que nada que eu faça afeta o que acontece em minha vida? Que naã o tenho
qualquer influeê ncia?
— A influência eó real. Ela traz a alegria da responsabilidade e impacto. Controle sobre o que
mais importa eó uma ilusaã o. Agradeça por naã o ter nenhum.
A mulher começou a sentir-se diferente, como um neto que acabou de compreender que seu
avoê era saó bio. Ateó este ponto seu diaó logo com a voz tinha sido um debate. Agora começou a ouvir
para aprender.
A voz continuou. — A ilusaã o de controlar as coisas tem suas exigeê ncias, as quais criam
pressaã o que leva aà escravidaã o, e esta, por sua vez, ao fato de se tentar imaginar o que eó a vida
para fazeê -la funcionar. Os que se apegam aà ilusaã o do controle perdem o prazer da liberdade.
— Naã o sei se entendi bem. Os bons pais naã o criam filhos bons? Os que ofertam fielmente naã o
gozam da promessa da segurança financeira? As oraçoã es dos filhos de Deus naã o saã o sempre
respondidas por seu Pai amoroso?
— Conforme a vontade do Senhor. Ele eó soberano sobre tudo. Tenha cuidado para nunca
exigir promessas que ele naã o fez. Os que cometem esse erro pensam que por agir certo obrigam
o Senhor a abençoaó -los segundo a sua compreensaã o da vida melhor.
A voz tornou-se entaã o infinitamente amaó vel. — Minha filha, voceê se deixou escravizar pela lei
da linearidade, o que a mulher idosa e saó bia chamou de princíópio da sequü eê ncia. Ela a obriga a
fazer o que eó certo para ganhar as beê nçaã os que deseja. Essa lei naã o eó mais a regra que guia os
filhos de Deus. Ela jaó serviu o seu propoó sito. A conclusaã o eó clara. Ao agir certo, ningueó m pode
ganhar a vida perfeita mais tarde ou a vida melhor agora. Pela graça do Mestre, essa lei foi
substituíóda pela lei da liberdade. Sob a lei da liberdade, voceê fica livre para viver no misteó rio da
confiança.
— Voceê , poreó m, naã o aceitou a autoridade desta nova lei porque exige que desista da ilusaã o do
controle. Voceê reduziu as exigeê ncias da santidade, supondo que possa fazer coisas suficientes
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para produzir a vida melhor. Isso, aà s vezes, daó certo, mas outras, naã o. Voceê vive, entaã o, com
incerteza e sob pressaã o e exige conhecer o modo de vida que faraó sua vida funcionar como quer.
Voceê manipula, mas naã o confia. Negocia e naã o adora. Analisa e interpreta para obter controle
sobre o que acontece; mas naã o depende. Busca a vida melhor das beê nçaã os de Deus acima da
melhor esperança da presença dele.
A mulher sentiu como se aó guas estivessem subindo acima da sua cabeça. — Mas eu quero que
minha vida funcione. Tenho me sentido taã o infeliz. Preciso saber o que estou fazendo de errado!
Por favor, quer dizer-me o que devo fazer?
— Procure apenas a beê nçaã o da sua presença e saberaó o que fazer. Isso encheraó sua alma de
alegria.
— Mas... soó as beê nçaã os de Deus me traraã o a verdadeira alegria. Preciso saber como alcançaó -
las!
— Estaó errada. Voceê soó precisa de Deus.
— Pensei que precisava de Deus porque soó ele poderia tornar minha vida melhor.
— Quando o Mestre caminhou nesta terra, ele se afastou das pessoas que queriam usar seu
poder para obter a vida melhor. Ele naã o se utilizaraó dos fracos de espíórito. Existe uma esperança
melhor do que acreditar que somente a vida seja melhor. O novo caminho a levaraó ateó ela.
Essas foram as uó ltimas palavras ditas pela voz. No momento em que terminaram, a mulher
perdeu a conscieê ncia. Ela reentrou no tempo.
O mostrador digital do reloó gio marcava 6h30. A manhaã chegara. A mulher esfregou os olhos. A
pergunta que fizera ao adormecer continuava presente ao enfrentar o novo dia, mas naã o parecia
mais taã o urgente. Ela continuava sem saber o que tornaria sua vida melhor, mas naã o mais parecia
ter tamanha importaê ncia. Sentiu um desejo de algo que fosse maior do que as beê nçaã os da vida
melhor. Mas nada do que eu fizer, disse a si mesma, fará com que ela aconteça.
Uma pressaã o que haó longo tempo vinha pesando em sua alma estava desaparecendo. Sentiu-
se mais leve, mais serena. Será isto o que procurei por tanto tempo?
Ela virou a cabeça para a janela para ver o sol da manhaã . Ouviu nesse momento uma voz
familiar sussurrando: — Estaó prestes a encontrar o novo caminho para viver. — Estranho,
pensou. Era a voz de uma mulher idosa e saó bia.

INTRODUÇÃO:
O S DOIS CAMINHOS
Neste momento exato, voceê estaó andando por um dos dois caminhos da vida.
Ou decidiu que aquilo que mais deseja na vida estaó ao seu alcance e se empenha em fazer o
que acredita ser necessaó rio para obteê -lo, ou compreendeu que aquilo que mais deseja estaó aleó m
do seu alcance e vai confiar em Deus para a satisfaçaã o que almeja. Voceê quer Deus. Nada menos,
nem sequer a sua beê nçaã o iraó bastar.
Se estiver andando pelo primeiro caminho, sua vida estaó cheia de pressaã o. No íóntimo, onde
ningueó m veê , sua alma estaó cansada. Naã o veê meios de sair da monotonia. Ou talvez a vida esteja
indo bem e voceê , satisfeito. Mas, sente que haó algo errado, falta alguma coisa. A pressaã o continua.
Se estiver andando pelo segundo caminho, tem esperança. Sua alma pode estar cansada, seu
mundo interior cheio de conflitos que ningueó m veê , mas tem esperança. Algumas vezes descansa.
Algo estaó vivo em voceê ; o desejo de seu coraçaã o naã o foi sufocado. Pode saborear a liberdade, e
este sabor traz alegria.
O primeiro caminho eó o antigo caminho. Ele envolve um arranjo confuso com Deus ou, se naã o
com Deus, entaã o com a ordem do universo, com as regras que fazem a vida funcionar. Se fizer o
que deve, obteó m o que deseja, seja de um Deus moral que recompensa o bom comportamento ou
de um mundo ordeiro no qual vive eficientemente. Isso o deixa no controle de como as coisas
acontecem em sua vida. O antigo caminho promete uma vida melhor cheia de coisas boas que o
fazem feliz.
Mas ele nunca cumpre com o que promete, embora pareça fazer isso durante um bom tempo.
O antigo caminho naã o funciona por uma razaã o. Voceê nunca cumpre completamente com o seu
lado do acordo. Ningueó m faz isso.
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A segunda estrada eó o novo caminho. Neste arranjo, Deus primeiro planeja um desejo em seu
coraçaã o, um anseio que valoriza a presença dele mais do que as suas beê nçaã os; ele entaã o o
convida para viver esse desejo, abandonar-se ao que mais almeja. Isso faz com que perca o
controle, mas o liberta. O novo caminho promete uma esperança melhor do que as boas coisas da
vida. Ele promete proximidade de Deus e cumpre com ela, embora naã o imediatamente, e no geral
mediante sofrimento.
A maioria das pessoas vive no antigo caminho a vida inteira; a maioria dos frequü entadores da
igreja vive uma versaã o religiosa do antigo caminho, mais ou menos assim:
Se quiser bons filhos, deve educaó -los de acordo com os princíópios cristaã os.
Se quiser um bom casamento, procure conhecer o modelo bíóblico para o casamento e
procure segui-lo ao maó ximo.
Se quiser que Deus abençoe o seu ministeó rio, siga princíópios piedosos da liderança.
Se voceê quer ser emocionalmente saudaó vel, pratique a disciplina espiritual e confie a
Jesus suas necessidades.
Se quiser amigos íóntimos, aprenda a aceitar a si mesmo como um ser vulneraó vel,
auteê ntico e perdoador.
As pessoas que vivem de acordo com o antigo caminho creê em na lei da linearidade, uma lei
que declara que existe um A que leva ao B que voceê quer. Calcule A, faça o que manda, e teraó a
vida que mais deseja. A pressaã o estaó ligada.
Os que vivem no novo caminho creê em na lei da liberdade. Eles se aproximam como estaã o. Naã o
se banham antes de se achegar a Deus. Vaã o a Deus para se banhar dele. Naã o se sentem
pressionados para mudar apenas a vida interior ou a exterior, mas desejam mudança em ambas
as esferas. Estaã o interessados em criar a oportunidade para a mudança, mesmo que isso
signifique mergulhar sete vezes num rio lamacento ou marchar ao redor do muro de um inimigo
durante sete dias e soprar trombetas. Eles vivem para o desejo mais sincero de seus coraçoã es:
conhecer a Deus e satisfazer-se nele. Naã o vivem para uma vida melhor neste mundo. Quando a
vida aqui eó difíócil, quando as coisas desmoronam, revelam mais claramente quem saã o. Saã o cida-
daã os de outro mundo, que desejam mais o que estaó do outro lado que este mundo naã o pode
oferecer. Entaã o, sabiamente, se entregam ao seu mais profundo desejo e confiam em Deus para
revelar-se a eles. Essa eó a lei da liberdade.
Quase todos estamos vivendo no antigo caminho. Alguns sentem o vazio que ele nunca enche.
Trabalhamos duro para fazer a vida funcionar, a fim de nos sentirmos bem. A pressaã o estaó ligada.
Haó um novo estilo de vida que remove a pressaã o. Junte-se a mim enquanto procuramos por
ele.

P RIMEIRA PARTE :
U M NOVO ESTILO DE VIDA
Penso Que Nós o Estamos Perdendo

REGRAS PELAS QUAIS VIVER

Enquanto escrevo, um novo livro de auto-ajuda estaó fazendo sucesso. O tíótulo eó : The Rules for
Marriage (As regras para o casamento), e seus dois autores estaã o dando entrevistas em vaó rios
programas de televisaã o.
Naã o li o livro. Soó assisti a alguns minutos da uó ltima entrevista dos autores. Uma regra, penso
que a de nuó mero doze, diz o seguinte: "Naã o compare o seu coê njuge com o de outra pessoa".
Bom conselho. Experimente mencionar a seu marido, por mais doce que seja a sua voz, que o
marido de Sally faz o jantar vaó rias vezes por semana e certamente teraó uma noite de discussoã es
com ele. EÉ verdade. As coisas funcionam assim.
Mas, se disser a ele que aprecia seu esforço para sustentar a famíólia, mesmo que isso
signifique o fato de ele chegar sempre se arrastando de cansaço em casa, afunde no banco da
cozinha e engula em cinco minutos um jantar que voceê levou treê s horas para fazer, haveraó menos
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conflito. Voceê pode ateó sentir-se bem consigo mesma por encorajar seu marido cansado em vez
de queixar-se, e — quem sabe - ele pode ateó sorrir para voceê e ajudaó -la a tirar a mesa. Pelo
menos nessa noite e talvez em outras. Se voceê seguir com perseverança as regras para o
casamento, iraó provavelmente gozar de uma vida melhor.
Mas, estaraó mais longe de Deus. Naã o por ter sido boa, mas porque sua bondade foi dirigida
para um alvo que valorizou mais do que a intimidade com Deus. Voceê definiu erradamente a vida.
Sua bondade era um jogo de poder. Voceê decidiu o que queria e foi em busca disso. Voceê naã o
dependeu dos recursos que o Espíórito fornece nem deu prioridade maó xima aà gloó ria de Deus. Ele
naã o foi o centro de suas afeiçoã es, nem a fonte ou o objetivo do seu movimento.

Ele quer algo mais


Alguns criticariam sua bondosa afirmaçaã o sobre seu marido de modo diferente. O problema,
diriam, eó a covardia, a fraqueza e a recusa temerosa de se arriscar em um conflito em
consideraçaã o a algo ainda melhor do que uma noite livre de tensaã o. Segundo esse pensamento,
uma regra melhor a ser seguida poderia ser: "Exponha seus pensamentos francamente, mas sem
antagonismo. Faça isso para ajudar seu marido a se tornar uma pessoa mais sensíóvel".
Os que conhecem bem a Bíóblia poderiam exigir apoio divino para tal conselho: "Fale a
verdade em amor", um autor inspirado escreveu. Esta regra, caso seja adotada, tem a
possibilidade de gerar um relacionamento mais aproximado, um verdadeiro encontro de almas.
Note, poreó m, que a foó rmula permanece a mesma. Decida o que voceê quer, depois calcule como
obteê -lo.
No que concerne aà s Regras para o Casamento, naã o me compete indicar se saã o boas ou maó s, se
saã o eficazes para produzir uma vida realmente melhor ou apenas para reduzir o conflito,
tampouco se elas saã o cristaã s ou naã o-cristaã s. Minha intençaã o tambeó m naã o eó sugerir um plano
melhor para conseguir uma vida melhor. Naã o tenho estrateó gias em mente que deê em a voceê um
casamento melhor, filhos obedientes, terapia eficaz na recuperaçaã o de quem sofreu abuso sexual,
ou a cura mais raó pida para os que se divorciaram. Nem Deus tem, creio eu.
Quero todas essas coisas para voceê . Deus tambeó m quer. Quero uma vida melhor para mim.
Deus concorda. Mas ele quer algo mais para nós dois. E soó quando buscamos o mais eó que ele
concede o menos. Ou, talvez, soó nos conceda na proó xima vida.
Fico perturbado por ver como vivemos sem questionar nossa determinaçaã o para fazer a vida
dar certo. Todas as nossas esperanças de felicidade estaã o envoltas nisso. EÉ como se
acreditaó ssemos que este eó o uó nico mundo em que planejamos habitar.
Fico ainda mais perturbado pela suposiçaã o quase nunca declarada e incompreendida que jaz
debaixo da nossa decisaã o de experimentar uma vida melhor. A suposiçaã o poderia ser chamada
de lei da linearidade. EÉ mais ou menos assim:
Escolha o que voceê quer da vida, calcule o que tem de fazer para obteê -lo, depois siga as regras.
Escolha o B que deseja, faça em seguida o A que leva a ele. Existe um A — uma estrateó gia — que
leva a cada B — o alvo.
Essa eó a lei da linearidade. Vou oferecer alguns exemplos.
• Voceê quer ser espiritual? Pratique entaã o disciplinas espirituais, naã o para criar espaço para
um Deus misericordioso e soberano trabalhar nas profundezas de sua alma faminta e
humilde, mas para gerar o níóvel de espiritualidade que deseja. Existe uma linha entre a
praó tica de disciplinas espirituais e a experieê ncia da espiritualidade, uma flecha apontando
da praó tica (A) para a experieê ncia (B). Voceê estaó no controle. B segue-se a A.
• Voceê quer que a crise com sua filha seja bem resolvida? Consulte um conselheiro experiente
especializado em adolescentes, naã o para discernir onde o Espíórito estaó se movendo em
meio a esta provaçaã o em suas vidas, mas para construir uma ponte entre voceê e sua filha
para que voceê s duas possam se reencontrar num abraço caloroso e reconfortante. Haó um A
que leva ao B que voceê deseja. Naã o se preocupe com o fato de essa reconciliaçaã o com sua
filha ter-se tornado uma prioridade maior do que a aproximaçaã o de Deus. Vaó em busca da
vida melhor que deseja.
• Voceê quer vencer seu víócio sexual? Junte-se a um grupo de homens que sejam seó rios sobre a
pureza moral, naã o para deleitar-se na graça de Deus e descobrir como anseia conheceê -lo,
mas para encontrar a ajuda que precisa a fim de manter-se afastado da pornografia. O
ponto eó firmar a sua vida, e naã o fechar-se para Deus. Existe um meio de fazer isso. A lei da
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linearidade declara. Seja praó tico. Calcule o que eó necessaó rio para resolver o seu problema.
Em termos gerais, todos queremos que a nossa vida funcione bem, para tornar-nos
melhores do que eles ou permanecermos taã o bons quanto eles. Quando esse desejo se torna
nosso alvo, o objetivo ao qual damos mais valor, acreditamos que a lei da linearidade eó
eficiente. Queremos crer que existe um A que podemos fazer nos levar ao B que desejamos.
Nossas vidas se tornam entaã o um esforço contíónuo para descobrir e seguir os princíópios
que iraã o prover uma vida que nos faça sentir bem.
Isso daó certo algumas vezes. Fique calmo em vez de gritar quando sua filha adolescente lhe
conta que estaó graó vida, e voceê poderaó preservar um relacionamento bastante bom para enfrentar
a crise. Seja honesto com um grupo de homens sobre seus problemas sexuais, e voceê poderaó
resistir melhor aà tentaçaã o. Passe tempo em oraçaã o contemplativa e lectio divina (um modo
especial de ouvir o Espíórito enquanto leê a Bíóblia), e poderaó sentir-se mais perto de Deus.
Mas, pode acabar mais distante de Deus se pensa que esses princíópios e meó todos produziraã o a
vida melhor que deseja.

Não é assim que as coisas funcionam?


O livro As Regras para o Casamento eó um novo best-seller. A Bíóblia, o maior best-seller de todos
os tempos, eó julgado por muitos como aquele que oferece as verdadeiras regras para a vida. Em
nosso juíózo, entretanto, acreditamos que o recente sucesso editorial, As Regras..., nos ensina a
depender da lei da linearidade para obtermos a vida que desejamos. Ele oferece princíópios a
serem seguidos para alcançarmos o que queremos da vida. Essa eó a nossa opiniaã o. Naã o admira
que seja taã o popular. E naã o admira que mude taã o pouco as vidas de seus leitores.
Quando vivemos para fazer a vida funcionar, quer sigamos a sabedoria natural ou os
princíópios bíóblicos, tornamo-nos orgulhosos ou desanimados, presunçosos ou passamos a odiar
a noó s mesmos.
Os cristaã os naã o saã o exceçaã o. Quando um pai cristaã o adota com perseverança um meó todo
piedoso ao criar os filhos, a fim de que venham a ser cidadaã os respeitados, quando isso funciona,
esse pai se torna mais orgulhoso do que grato. Mas, o orgulho eó disfarçado.
— EÉ verdade, meus filhos saíóram melhor do que o esperado. Mas, naã o me surpreendo. O
tempo que passei com eles foi proveitoso. Orei por cada um, pelo nome, todos os dias. E Deus
sempre responde aà s oraçoã es. Sei que devemos fazer a nossa parte. Pela sua graça, penso que fiz a
minha, naã o perfeitamente eó claro, mas com um bom resultado. Mantive limites definidos.
Envolvi-me e brinquei com eles, mas eles sempre souberam de quem provinha a autoridade. Era
pai deles e naã o um amiguinho.
— As crianças querem isso. Elas se sentem mais seguras quando brincam num quintal
fechado. Deus eó fiel. Ele eó bom. Eduquei meus filhos segundo a sabedoria divina, e Deus
providenciou que eles se tornassem jovens excelentes. EÉ assim que funciona.
O pior sermaã o que jaó ouvi foi feito por um homem de meia-idade que me fez pensar num
pavaã o empertigado quando falou. Durante trinta e cinco minutos ele explicou como removera a
insensatez de seus filhos com uma vara de correçaã o e incutira sabedoria neles mediante
devoçoã es regulares em famíólia. A mensagem era clara: — Fiz o que me competia fazer. Deus
abençoou meus esforços. Folgo agora a vida melhor de ter filhos piedosos.
Quando a lei funciona, tornamo-nos orgulhosos, embora finjamos ser gratidaã o. E
desanimamos profundamente os pais que se esforçaram ao maó ximo para fazer a "coisa certa" e
agora sofrem por causa de um filho viciado em drogas e uma filha rebelde, sexualmente ativa.
Quando a lei naã o funciona, supomos que simplesmente naã o a seguimos como devíóamos.
Acreditamos que algueó m falhou, geralmente noó s. Tornamo-nos mais derrotados do que
confiantes. Naã o nos ocorre que a lei pode naã o estar mais vigorando.
O marido de Maria a abandonou haó dez anos, depois de 22 anos de casamento. Ela ficou
desnorteada. Nunca pensou que isso pudesse acontecer. Depois de ouvir minha palestra sobre a
lei da linearidade, ela quis falar comigo. Eis o que disse:
— Nunca pensei nisso antes, mas os meus pensamentos saã o governados por essa lei. Desde o
divoó rcio, acordo de manhaã pensando no que fiz de errado que resultou em dormir sozinha.
Tenho me sentido taã o confusa. Nunca consegui acreditar que fosse uma esposa taã o maó assim.
Naã o era. Na verdade penso que fui uma excelente esposa. Muitas mulheres que conheço naã o saã o
nem a metade da esposa que fui — e continuam casadas, algumas felizes. Naã o sei o que pensar.
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— Tento convencer-me de que a culpa cabe toda a ele. Era realmente um craó pula. Mas, vejo
agora que se culpar a ele ou a mim, estaria procurando uma explicaçaã o. E isso eó pensamento
linear. Afinal, depois de um A o que se segue naã o eó um B? Essa pergunta cria muita pressaã o. Jaó
errei uma vez. Quero agora entender direito.
A seguir acrescentou: — Naã o eó assim que as coisas funcionam? Estaó dizendo que naã o existe
linearidade, naã o existe causa e efeito? Se a lei da linearidade naã o eó a base da nossa vida, o que eó ?
Haó outro modo de pensar?
Haó . Como veremos, as regras da vida foram substituíódas pela oportunidade de viver.
A pressão acabou!

NOSSOS PADRÕES FIXOS


Enquanto escrevo este livro, estou me encaminhando para a sexta deó cada da minha vida. Meu
cabelo ficou branco, duas criancinhas me chamam de vovoê , vinte e cinco minutos de trabalho
aó rduo me parecem equivaler a escalar o monte Everest, mas posso fazer um retrospecto de
quase meio seó culo de vida como cristaã o.
Decidi tornar-me seguidor de Jesus aos oito anos, quando um monitor do acampamento deu
instruçoã es aos seus alunos para olharem fixamente para a fogueira ao redor da qual nos
reuníóramos. — Meninos — disse ele — , voceê s teê m uma escolha a fazer. Confiar em Jesus como
seu Salvador ou queimar para sempre no fogo do inferno.
Dita dessa maneira, a escolha naã o parecia exigir muito de nosso ceó rebro. Eu sabia o que fazer
para fugir do inferno e ir para o ceó u. E foi o que fiz. Eu queria. Eu sabia que ao A segue-se o B,
coloquei entaã o o A no lugar.
O padraã o foi fixado. O que mais que eu quisesse que Deus providenciasse, supus que poderia
obter fazendo a escolha certa. Minha parte era calcular o A requerido e fazeê -lo; a dele era prover
o B que eu desejava.
Entendi mal. Eu naã o fiz nada meritoó rio para ganhar o ceó u. Apresentei-me simplesmente a
Deus. Aproximei-me como estava. Naã o posso fazer nada de bom para organizar a vida que desejo,
certamente nada que a garanta.
Lembro-me da pressaã o que senti quando me tornei pai ainda jovem. Para compreendeê -los eó
preciso envolver-se calorosamente com eles, despender tempo e ser firme em suas colocaçoã es.
Para formaó -los bem, reitere com frequü eê ncia a disciplina com amor santo e naã o ira descontrolada,
e seus filhos vaã o se tornar homens de caraó ter.
Durante muito tempo, embora naã o tivesse expressado isto desta forma, considerava o
cristianismo o melhor sistema disponíóvel para fazer a vida funcionar. Entramos na vida cristaã
"sendo salvos", confiando em Jesus para pagar pelos nossos pecados; vivemos como cristaã os
fazendo "o que eó certo" para que Deus "nos abençoe muito". Somos salvos achegando-nos como
estamos. Isto garante o ceó u mais tarde. Vivemos fazendo o que eó necessaó rio. Isso garante beê nçaã os
agora. Era isso o que eu pensava.
Se fizermos as coisas certas, gozaremos de paz profunda. Nossos filhos vaã o amar-nos, nossas
almas seraã o revigoradas e tranquü ilizadas, nossos ministeó rios vaã o nos satisfazer de modo que nos
sintamos realmente bem com noó s mesmos e entusiasmados com a vida enquanto vivermos.
Levo uma vida linear e desejo que ela funcione. Por isso estou disposto a fazer o que for
necessaó rio para que isso aconteça. Pergunto-me agora por que sinto tanta pressaã o e luto com
tantas desilusoã es e duó vidas. Quando as coisas vaã o bem, digo publicamente: — Louva do seja Deus
—, e sussurro em surdina: — EÉ claro. Fiz o que me mandaram. Fiz a coisa certa. — Quando as
coisas naã o andam bem, declaro publicamente: — Deus estaó trabalhando para o meu bem. Confio
nele —, e dizia com meus botoã es: — O que fiz de errado?

Em todo lugar
Sem culpar ningueó m, creio que absorvi a suposiçaã o da linearidade da cultura cristaã . Sou
naturalmente atraíódo para a linearidade porque ela me permite maior controle dos meus atos. A
ideó ia que tenho dela me foi comunicada de inuó meras maneiras como a base apropriada da vida
cristaã . A maioria dos sermoã es que ouvi, dos livros cristaã os que li,
assim como quase todos os conselhos que recebi ensinavam a linearidade de maneira explíócita
ou implicitamente, sendo esta uó ltima mais contundente.
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A ideó ia estaó em todo lugar. EÉ o nosso modo de pensar. Ouço apenas algumas sentenças de que
me lembro que causaram impacto. Tenho milhares dentre as quais escolher.
Tive ocasiaã o de ouvir um conhecido líóder cristaã o, um homem que admiro e respeito, dizer
certa vez a um grupo de outros líóderes:
— Devemos convencer o mundo de que o cristianismo eó verdadeiro e produz muitos frutos. A
famíólia eó um meio adequado. Precisamos de pais cristaã os para demonstrar que educar filhos
segundo o plano de Deus produz o tipo de filhos que todo pai deseja.
Outro homem, este um presbíótero numa igreja que frequü entaó vamos quando nossos filhos
estavam na preó -escola, estava contando sobre seu filho adulto. Com o rosto brilhando de prazer,
ele compartilhou:
— Ele acabou de receber uma oó tima promoçaã o no trabalho. Seu salaó rio quase dobrou. Deus eó
taã o fiel. Lembro-me de quando nosso filho entregou sua carreira a Deus. Vejam o que estaó
acontecendo agora!
Uma missionaó ria naã o conseguiu conter as laó grimas quando me contou que a filha estava
graó vida de um nativo num povoado vizinho.
— Deveria ter passado mais tempo com ela. Estive taã o ocupada com meu trabalho de
traduçaã o para a missaã o que pensei estar fazendo a coisa certa.
Um jovem solteiro meneou a cabeça, perplexo:
— Tudo que queria era uma famíólia. Segui Deus toda a minha vida. Minha oraçaã o mais
constante era pedir uma esposa e filhos. Naã o entendo.
Um empresaó rio que enfrentava um processo judicial que poderia arruinaó -lo financeiramente
declarou:
— Se houver qualquer tipo de justiça no mundo, vamos ganhar este processo. Naã o fiz nada de
errado. Entreguei minha empresa a
Deus a partir do dia da sua inauguraçaã o e me conduzi com integridade desde entaã o.
Um profissional aposentado lamentou:
— Deus achou por bem fazer-me alvo de vaó rias provaçoã es. Permaneci fiel a ele em meio a
todas elas. Por que, em minha idade, sinto-me como um hipoó crita? Por que continuo perturbado
e desanimado, cheio de duó vidas e odiando a mim mesmo?
Vou propor um pensamento radical: Talvez tenhamos entendido tudo errado! A vida cristaã
talvez naã o seja sobre "fazer o que eó certo" para "ser abençoado". A vida cristaã talvez naã o seja
sobre as beê nçaã os que tanto desejamos nem sobre o que buscamos tenazmente. Nossa obedieê ncia
e fidelidade talvez devam ser motivadas por uma razaã o muito diferente daquela de receber as
boas e legíótimas beê nçaã os que experimentamos nesta vida. Nossos pais talvez naã o devessem ficar
taã o surpresos quando, depois de anos dedicados na educaçaã o dos filhos, um deles resolve sair do
armaó rio para anunciar seu estilo de vida homossexual.
Um marido amoroso, que falhou como todos os maridos falham, mas cumpriu com o seu
compromisso de casamento e honrou-o o melhor possíóvel, naã o deveria ficar atoê nito ao descobrir
que sua mulher o deixou por outro homem.
A jornada espiritual não eó sobre viver como devemos, para que a vida funcione como
desejamos. O caminho não eó linear.
Não se trata de alcançar a maturidade de uma boa auto-imagem e desenvolver a energia para
fazer coisas boas; é preciso descer ateó o quebrantamento do autodesespero e aprofundar nosso
discernimento de quaã o pobremente amamos em comparaçaã o com os padroã es trinitarianos. Não
é necessaó rio esforçar-se muito para fazer o que eó certo, a fim de nos apresentarmos diante de
Deus para receber as beê nçaã os que desejamos; eó saber chegar ateó ele como somos, honestamente,
sem pretensoã es, convencendo-nos cada vez mais de que naã o podemos fazer as coisas certas por
mais que tentemos depois de ouvir o sussurrar do Espíórito: — Bem-vindo! Voceê estaó em casa. EÉ
amado. Teraó poder para falar com a sua proó pria voz e ouvir a voz de Deus que se derrama sobre
voceê como um canto cheio de amor.
A jornada secular arraiga-se na linearidade, a servidaã o do controle: faça isto e aquilo acontece.
EÉ assim que as coisas funcionam. Voceê teraó a vida que deseja se viver bem e sabiamente.
A jornada espiritual arraiga-se na liberdade da graça: venha como estaó , mesmo temeroso, mas
em paz. Depois viva a vida de acordo com o que eó certo porque tem esse privileó gio e deseja ser
piedoso. As atitudes corretas saã o o uó nico caminho para uma vida prazerosa. A vida pode prover-
nos de ricas beê nçaã os. Ou talvez naã o. De qualquer modo voceê pode conhecer a Deus.
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Defeitos graves
Treê s passagens (que representam, segundo creio, toda a mensagem da Escritura) me
persuadiram de que uma compreensaã o linear da vida cristaã tem defeitos graves. Vou listar cada
uma com um breve comentaó rio, antes de discutir o seu significado no proó ximo capíótulo.
A primeira passagem estabelece a lei da linearidade como a base da vida melhor das beê nçaã os
de Deus, enquanto resume as condiçoã es de um arranjo que Deus efetuou com seus filhos do
Antigo Testamento:

"Guardai, pois, as palavras desta aliança e cumpri-as, para que prospereis em tudo quanto
fizerdes. " (Deuteronoê mio 29:9)

Na segunda passagem, o escritor nos diz que Deus anulou essa lei da linearidade.

"Portanto, por um lado, se revoga a anterior ordenança, por causa de sua fraqueza e inutilidade
(pois a lei nunca aperfeiçoou coisa alguma), e, por outro lado, se introduz esperança superior,
pela qual nos chegamos a Deus. " (Hebreus 7:18, 19)
O primeiro acordo de fazer o bem para assegurar as beê nçaã os de Deus foi substituíódo por
outro. A lei da liberdade foi estabelecida como o meio de alcançar uma esperança superior em
vez de uma vida melhor. Essa esperança superior eó a intimidade com Deus. Em qualquer
circunstaê ncia ou condiçaã o, podemos nos achegar a Deus e extrair dele a nossa identidade,
encontrar a força para perseverar e experimentar a alegria da antecipaçaã o, com uma prelibaçaã o
ocasional do que estaó para vir.
Agora a terceira passagem:
Lembre-se das palavras de Paulo: "Mas agora, morrendo para aquilo que antes nos prendia,
fomos libertados da Lei, para que sirvamos conforme o novo modo do Espíórito, e naã o segundo a
velha forma da Lei escrita."1
A pressão acabou!
Vamos considerar agora um pouco mais essas treê s passagens-chave.

"Estávamos servilmente sujeitos aos rudimentos do mundo... mas agora que conheceis a Deus ou,
antes, sendo conhecidos por Deus, como estais voltando, outra vez, aos rudimentos fracos e pobres,
aos quais, de novo, quereis ainda escravizar-vos?" (Gaó latas 4:3,9)

O apoó stolo Paulo mostra surpresa e confusaã o ao ver que o povo que tinha a oportunidade de
se aproximar de Deus valorizava mais a vida melhor de beê nçaã os do que a esperança superior de
intimidade. Esse mesmo povo se colocava novamente sob pressaã o de "entender o que eó certo" a
fim de "fazer a vida funcionar".
Milhares de cristaã os estaã o seguindo Jesus para obter uma vida melhor de beê nçaã os agora.
Pensamos que eó nosso direito de nascimento. Estamos fazendo isso de mil maneiras, cada uma
delas uma variaçaã o do antigo caminho do coó digo escrito.
O Espíórito estaó convidando cada um de noó s para andar por um caminho diferente e embarcar
numa jornada radicalmente diferente. Somos chamados para ir como estamos, ousadamente,
sem temor, embora nossas almas pareçam, aà s vezes, uma fossa enlameada sem aó gua corrente aà
vista. Entregamo-nos a Deus para que ele decida revelar quaã o perto jaó estamos dele em cada cir -
cunstaê ncia da vida e possa nos atrair ainda mais. Esse eó o novo caminho do Espíórito.

TRÊS PASSAGENS CONTAM A HISTÓRIA


Pense em como voceê se sentiria se Deus aparecesse e lhe dissesse: — Este eó o trato. Voceê segue
os meus princíópios e providenciarei para que a vida seja exatamente como voceê quer.
Voceê poderia primeiro reagir com entusiasmo. — Diga-me quais saã o as suas regras e vou
segui-las.
Começaria entaã o a trabalhar. Faria provavelmente o seu melhor para comportar-se como foi
instruíódo. Se as coisas caminharem bem, ficaria inclinado a dar o creó dito da sua boa sorte ao fato
de agir corretamente, aà sua justiça. Se fossem mal, poderia ficar ressentido ou desanimado: — O
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que mais ele queria de mim? Fiz quase tudo que me mandou fazer! — Ou: — Naã o consigo fazer a
coisa certa. Devo ter feito algo muito errado para a vida ficar deste jeito!

Não são boas notícias


Grande parte dos evangeó licos rejeita os ensinamentos geralmente conhecidos como o
evangelho da prosperidade ou o evangelho da sauó de e da riqueza. Sabemos que esses ensinos
saã o errados. O sofrimento acontece independentemente de as pessoas orarem ou naã o. Indivíóduos
piedosos ficam velhos e fracos. Os servos fieó is de Cristo falham no ministeó rio. Alguns morrem
jovens. Seguidores sinceros de Jesus sentem-se deprimidos e desajustados, odiando o orgulho, a
sensualidade e a insegurança que permanecem dentro deles depois de anos dedicados a viver
para Cristo da melhor maneira possíóvel.
Deus naã o eó uma maó quina automaó tica de vendas. Naã o colocamos o troco certo e pegamos na
bandeja a doce beê nçaã o que desejamos. A vida naã o eó assim. Sabemos disto.
Mas, algumas vezes introduzimos nossa proó pria versaã o dessa ideó ia em nosso entendimento
da vida cristaã . Embora deploremos a noçaã o de que sauó de e riqueza estejam disponíóveis quando
exigidas, gostamos da ideó ia de que beê nçaã os legíótimas saã o dadas aos que satisfazem os requisitos.
A Bíóblia diz isso, bem ali na primeira dessas treê s passagens representativas:

"Guardai, pois, as palavras desta aliança e cumpri-as, para que prospereis em tudo quanto
fizerdes." (Deuteronoê mio 29:9)

Encontramos o mesmo pensamento em vaó rios outros lugares, tais como:


"Reconhece-o em todos os teus caminhos, e ele endireitaraó as tuas veredas" 2
"Ensina a criança no caminho em que deve andar, e, ainda quando for velho, naã o se desviaraó
dele."3
Queremos uma vida boa. Podemos defini-la mais espiritualmente do que os pregadores do
tipo diga - o - que - quer - e - se - aproprie-da beê nçaã o. Podemos levar em consideraçaã o o lamento
do salmista de que as trevas eram seu uó nico amigo e sua preocupaçaã o de ter lavado as maã os
inutilmente. Mas, continuamos afirmando que a vida boa de beê nçaã os legíótimas eó um objetivo
valioso e pode ser alcançada vivendo de maneira fiel e obediente aos princíópios bíóblicos. Bons
relacionamentos familiares e experieê ncias comunitaó rias aliados a um bom ministeó rio que nos deê
algum significado e satisfaçaã o pessoal das boas experieê ncias de Deus podem nos trazer beê nçaã os.
Tudo que temos a fazer eó viver piedosamente, orar muito e esperar grandes feitos do nosso
grande Deus.
Note-se, poreó m, algo que eó facilmente ignorado. Uma vez que aceitemos este arranjo linear - A
e depois B; voceê faz isto, Deus faraó
aquilo — naã o soó a pressaã o se instala, mas o fracasso eó garantido. Descobrimo-nos no mesmo
apuro que Israel. Naã o podemos cumprir nossa parte do trato. Quando Deus instruiu seu povo
para "seguir
cuidadosamente os termos da aliança", ele naã o estava estabelecendo um padraã o razoavelmente
alto. Naã o estava preparado para conceder beê nçaã os a pessoas que seguissem suas regras
razoavelmente bem. O padraã o era a perfeiçaã o - perfeito para Deus e para outros a cada mo-
mento, em cada intercaê mbio.
Naã o puderam fazer o que era certo, tampouco noó s.
Nos versíóculos que seguem de perto a nossa passagem, Deus tornou terrivelmente claro o que
aconteceria se o povo escorregasse: "Poreó m, se o teu coraçaã o se desviar, e naã o quiseres dar
ouvidos... entaã o, hoje, te declaro que, certamente, pereceraó s".4
A lei da linearidade naã o constituiu entaã o boas notíócias — "Mas, se me naã o ouvirdes e naã o
cumprirdes todos estes mandamentos; entaã o... porei sobre voó s terror, a tíósica e a febre ardente,
que fazem desaparecer o lustre dos olhos e definhar a vida... Porque enviarei para o meio de voó s
as feras do campo, as quais vos desfilharaã o... eu lhes meterei no coraçaã o tal ansiedade, nas terras
dos seus inimigos, que o ruíódo de uma folha movida os perseguiraó ; fugiraã o e cairaã o sem nin gueó m
os perseguir".5
E essas naã o saã o boas notíócias hoje.

A razão para a vida reta mudou


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Imagine viver sob um governante poderoso que poderia fazer sua vida prosperar ou atiraó -lo
para longe. Suponha que ele desse uma seó rie de ordens que, se seguidas, seriam recompensadas
com magníóficos presentes, mas se desobedecidas no menor detalhe, resultariam em tortura
agonizante.
Imagine tambeó m que suas leis incluíóssem exigeê ncias de nunca se queixar, nunca se irritar com
ningueó m, reconhecer as necessidades dos outros antes das suas. Obedeça perfeitamente a lei e
goze de beê nçaã os ilimitadas. Infrinja um item, apenas um, e voceê passa o resto da vida na
prateleira. Tenha cuidado, seu governante tem olhos em toda a parte. Nenhum erro passa
despercebido.
Se voceê se subjugar aos padroã es dele por algum tempo, naã o poderia descansar nas beê nçaã os
concedidas. Ficaria preocupado demais com a ideó ia de cometer algum erro. E, quando falhasse,
iria provavelmente gritar: — Injustiça! — enquanto era levado para a prisaã o. — Voceê sabia que
eu jamais poderia alcançar seus padroã es. Naã o me deu uma chance.
A vida sob a dura lei da linearidade seria insuportaó vel. Mas, se algueó m o livrasse desse arranjo
(naã o porque a lei fosse injusta, mas porque voceê naã o era suficientemente bom para cumpri-la), se
algueó m descobrisse um meio de permitir que vivesse como um filho ou filha amada do rei, com
uma posiçaã o real naã o estabelecida pelo desempenho, mas pelo relacionamento, voceê ficaria
profundamente grato. Seu uó nico pensamento seria conhecer essa pessoa e aproximar-se dela.
Essa histoó ria eó verdadeira. Naã o se trata de um conto de fadas. Aconteceu. O Salvador veio. E
este eó o resultado:

"Portanto, por um lado, se revoga a anterior ordenança, por causa de sua fraqueza e inutilidade
(pois a lei nunca aperfeiçoou coisa alguma), e, por outro lado, se introduz esperança superior,
pela qual nos chegamos a Deus" (Hebreus 7:18, 19).

Fomos libertados do cativeiro para um sistema anterior justo, mas impossíóvel de ser
cumprido. A regra anterior foi posta de lado. Embora a ordem permaneça tanto na esfera fíósica
quanto na moral, a lei moral da linearidade foi abolida como base mediante a qual beê nçaã os e
maldiçoã es saã o distribuíódas.
Considere agora o que isso significa. Nosso arranjo com Deus mudou. A prosperidade e a
provaçaã o naã o dependem mais do nosso desempenho. Maus pais teê m, aà s vezes, bons filhos. Bons
pais teê m, aà s vezes, maus filhos ou filhos que fazem coisas terríóveis.
O princíópio da influeê ncia naturalmente permanece. Cem pais que amam a Deus e educam seus
filhos iraã o criar um nuó mero maior de filhos responsaó veis do que cem pais egoíóstas, que naã o se
envolvem. EÉ preciso senso praó tico para viver sabiamente como pais, coê njuges, amigos e
trabalhadores. O Livro de Proveó rbios torna isso claro.
Mas, agora, sob o novo trato, a razaã o para viver retamente mudou. Naã o dependemos mais de
uma relaçaã o linear entre performance e beê nçaã o para obter a vida que desejamos. Esse arranjo foi
misericordiosamente declarado obsoleto, tendo sido substituíódo por algo novo e melhor. 6
O trato sob o qual a vida melhor de beê nçaã os eó prometida aos que seguirem perfeitamente os
princíópios de Deus foi substituíódo por outro novo. Estaó agora disponíóvel a melhor esperança de
intimidade com um Deus que determina ou reteó m soberanamente as beê nçaã os segundo um plano
invisíóvel. Ela estaó disponíóvel a qualquer momento e em qualquer circunstaê ncia para aqueles que
se aproximam de Deus agarrados a Jesus.
Um bom amigo derramou recentemente seu coraçaã o numa carta para mim:
"Sou taã o absorvido em mim mesmo que isto me desgosta. Luto para viver bem em meio aà s
exigeê ncias esmagadoras sobre a minha vida e o meu tempo. Algo parece estar falindo, faltando,
que naã o posso explicar ou descrever. Alguma coisa em mim parece estar aà deriva, solta — e isso
me daó medo."
Meu amigo estaó falido, embora naã o completamente. Duvido que qualquer um de noó s se torne
completamente arruinado a ponto de naã o ver a piedade. Mas ele estaó significativamente
arruinado, mais pela sua desgraça do que pela sua indigeê ncia. Ele se sente terríóvel. Deus parece
ausente.
Quando as coisas vaã o mal, esse homem fica tentado a culpar seu infortuó nio pelo seu fracasso.
— Se eu pudesse ser mais bondoso, um pouco menos ocupado, meu casamento seria melhor.
Talvez Deus me abençoasse mais.
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Esse eó o modo de pensar do antigo caminho. O sangue de Jesus abriu um novo e vivo caminho,
uma direçaã o diferente a ser tomada, quer a vida esteja funcionando bem ou desmoronando, quer
estejamos mais conscientes de nossa bondade ou nosso egocentrismo. No novo caminho, a
pressaã o foi removida. Viver melhor pode ou naã o melhorar as circunstaê ncias da nossa vida. Mas
agora o nosso apetite eó diferente. Queremos algo melhor do que a vida melhor de beê nçaã os.
Se meu amigo pudesse ler nas profundezas de seu coraçaã o (e, como eu, ele pode
ocasionalmente), descobriria um desejo de aproximar-se de Cristo que eó na verdade mais forte
do que o seu desejo de tornar-se uma pessoa melhor ou gozar uma vida melhor. Ele eó convidado,
da maneira como estaó , a passar pela pesada porta que agora permanece aberta para a presença
literal de Deus.
Seu coraçaã o partido estaó agora livre para fazer o que mais deseja; descansar ou relaxar diante
da aceitaçaã o pela qual nada fez por merecer ou suplicar por uma misericoó rdia que lhe foi
prometida e sofrer um colapso por causa de graça taã o abundante. Ao fazer isso, seu coraçaã o
vibraraó com o desejo de agradar aquele que o tirou de sob a lei esmagadora da linearidade.
Estaraó agora livre para viver melhor e naã o para fazer com que ela corra mais suavemente, naã o
para arranjar beê nçaã os adicionais, mas agradar essencialmente aquele que o livrou da pressaã o.

Você deseja ser escravizado?

Este arranjo apresenta, poreó m, duas dificuldades.


Primeira, requer que entreguemos o controle do que acontece em nossas vidas e confiar em
Deus para fazer o que ele acha melhor. Momentos tranquü ilos e oraçaã o fervorosa naã o garantem
que o caê ncer naã o vai voltar; nem asseguram ampliaçaã o e maior eficieê ncia do ministeó rio.
Preferimos pedir que sejamos mais influentes, caso naã o saibamos controlar as beê nçaã os que nos
forem dadas.
Segunda, eó mais difíócil desfrutar de Deus do que de suas beê nçaã os. Ofereça a uma criança
pequena a escolha de ter o papai em casa na manhaã de Natal sem presentes ou o papai ausente e
uma pilha de presentes debaixo da aó rvore. A criança talvez escolhesse os presentes. Soó os que
alcançaram a maturidade daã o mais valor aà beê nçaã o da presença do que aà beê nçaã o dos presentes.
Ateó que desenvolvamos prefereê ncia por Deus, preferimos uma vida melhor de beê nçaã os de
Deus a uma esperança melhor de intimidade com ele. E por preferirmos o controle acima da
confiança, voltamos a uma espeó cie mais aceitaó vel de linearidade, uma versaã o pessoal — que
podemos manipular — para que a vida funcione como desejamos.
EÉ a situaçaã o refletida na nossa terceira passagem representativa:

"Estávamos servilmente sujeitos aos rudimentos do mundo... Mas agora que conheceis a Deus ou,
antes, sendo conhecidos por Deus, como estais voltando, outra vez, aos rudimentos fracos e pobres,
aos quais, de novo, quereis ainda escravizar-vos?" (Gaó latas 4:3,9)

Nossa resposta: — Claro que sim!


A palavra traduzida "rudimentos" significa literalmente "sequü eê n cia". EÉ usada pelos gregos
para referir-se a elementos em sequü eê ncia como letras no alfabeto. A sequü eê ncia baó sica que
poderia ser observada ao analisar como as coisas funcionam naã o era a sequü eê ncia ríógida da
linearidade santa estabelecida por Deus. Por "rudimentos do mundo" ou "princíópios baó sicos do
mundo" (NVI), Paulo queria indicar a ordem natural pela qual a vida podia ser administrada,
princíópios de vida eficaz comuns a todos os sistemas religiosos e eó ticos. O objetivo deles era
sempre o mesmo - melhorar a vida.
Esforce-se muito e iraó provavelmente ganhar dinheiro suficiente para gozar a vida.
Persevere, e o fracasso pode vir a transformar-se em sucesso. Poupe para os dias
chuvosos e voceê naã o vai se afogar quando as tempestades vierem.
Seja um pai, naã o um amiguinho, para seus filhos, e eles se sentiraã o provavelmente mais
seguros.
Esses princíópios expressivos apelam tanto para os cristaã os como para os naã o-cristaã os. Um
orador no dia da formatura diz aos formandos que o trabalho aó rduo e a pacieê ncia produzem
dividendos. E isso eó verdade. Nem sempre, mas com frequü eê ncia.
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Ouço Paulo observando os cristaã os gaó latas e imaginando: — Como voceê s podem viver para as
beê nçaã os de Deus quando a beê nçaã o suprema da sua presença estaó disponíóvel? E como podem
menosprezar seus padroã es santos, rebaixando-os a princíópios eó ticos gerais, que entaã o seguem a
fim de conseguir as beê nçaã os que desejam?
— Quaã o insensatos podem ser? Por terem admitido os seus fracassos e fraquezas e confiado
em Cristo, Deus concedeu a voceê s a vida. Acham que vaã o agora viver essa vida fazendo um
nuó mero de coisas suficientemente certas para persuadir Deus a dar-lhes o que querem? Foram
salvos pela graça e cresceraã o pela graça. A lei da linearidade terminou. Sejam gratos. Essa lei
impunha a pressaã o intoleraó vel de viverem perfeitamente a fim de viver bem. Voceê s agora se
encontram na lei da liberdade. Fiquem firmes. Vivam como homens e mulheres livres.
Bastam alguns minutos de busca numa livraria cristaã para ver como preferimos a linearidade
barata em vez da liberdade pura. Rebaixamos a barra dos padroã es naã o-rebaixaó veis de Deus a um
níóvel que possamos alcançar com sucesso. Seguimos entaã o os princíópios de Deus, nunca
perfeitamente, mas o mais de perto possíóvel para poder esperar que as beê nçaã os venham sobre
noó s. Quando isso acontece, ficamos presunçosos. — EÉ claro que ganho bem. Dei regularmente o
díózimo desde que recebi o meu primeiro ordenado.
Quando as beê nçaã os naã o chegam, ficamos confusos. — Eu naã o era uma esposa taã o maó assim.
Por que ele me deixou?
Essas saã o as nossas dificuldades com o novo caminho. Insistimos em reter algum controle
sobre os resultados de nossos atos. Dizemos: — Confio no Senhor — quando na verdade
queremos dizer: — Confio nele para honrar meus esforços de viver bem, concedendo-me as
beê nçaã os que desejo. — Ser agradaó vel a Deus naã o eó taã o faó cil assim. Dizemos: — Amo o Senhor —,
mas queremos realmente dizer: — Gosto das beê nçaã os que ele me daó nesta vida agora.
Permitam que eu faça um esboço do que apresentei ateó este ponto.
Como nunca antes, a igreja moderna estaó vivendo como se naã o houvesse nada melhor aà sua
frente. E noó s vivemos como se naã o houvesse alegria maior agora do que experimentar as
beê nçaã os disponíóveis nesta vida.

Dois Caminhos, Duas Escolhas, Dois Estilos de Vida


O velho caminho de Moiseó s O novo caminho de Cristo
Nossa busca: A vida melhor de beê nçaã os de Nossa busca: A esperança melhor de
Deus proximidade de Deus
 Seguir princíópios  Pedir misericoó rdia
 Esperar beê nçaã os  Descobrir a graça
 Perseverar  Experimentar descanso
A PRESSAÃ O ESTAÉ LIGADA A PRESSAÃ O ESTAÉ DESLIGADA
Voceê estaó sob a lei da linearidade Voceê estaó sob a lei da liberdade

Estamos vivendo o antigo caminho por intermeó dio de um coó digo corrompido e depreciado;
reduzimos a lei santa de Deus a princíópios eficazes e pensamos que, ao segui-los
razoavelmente bem, a vida vai funcionar como queremos. A seguir, ficamos orgulhosos quando
acontece e derrotados quando naã o acontece. De qualquer modo, a pressaã o estaó ligada.
Insistimos em beê nçaã os e aceitamos a responsabilidade pelo seu desempenho a fim de obteê -las.
Haó um novo modo de viver. A pressaã o do desempenho eó aliviada. E uma alegria maior do que
uma "vida boa", como quer que a definamos, se torna disponíóvel. O novo caminho eó um arranjo
melhor.
Para milhares de cristaã os em todo o mundo, poreó m, ele naã o tem atraçaã o. Vou dedicar o
restante deste livro aà apresentaçaã o do novo caminho do Espíórito de tal modo que, quando eu
orar, venha a despertar o apetite para a esperança melhor de aproximar-se de Deus. No entan to,
naã o tenho poder para fazer com que isso aconteça. Espírito Santo, revela aos nossos corações que,
por causa de Cristo, a pressão acabou, há um novo estilo de vida, e ele é melhor do que o antigo.
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S EGUNDA P ARTE :
A GERAÇÃO DESANIMADA
O Novo Caminho: O Que Não é

UM VERME NA MAÇÃ

Desde o EÉ den as pessoas tiveram a capacidade singular de crer que estaã o indo para o norte
quando seus peó s as levam para o sul. Nosso compasso moral, o sentido interno que aprova ou
reprova o que estamos fazendo e para onde estamos indo, encontra-se gravemente fora dos
eixos.
Ao observar a igreja e refletir sobre a minha proó pria peregrinaçaã o de cinquü enta anos, fico
imaginando: Seraó que criamos uma versaã o religiosa do antigo caminho pela qual viver? Os
seguidores sinceros de Cristo teê m estado viajando pelo antigo caminho, pensando que estaã o
andando pelo novo?

Por baixo da superfície


A direçaã o espiritual eó uma ideó ia que surgiu. Sua praó tica, eó claro, eó taã o antiga quanto o homem.
Desde que nosso Senhor visitou a terra e voltou depois para casa, a presença do seu Espíórito na
vida de cada cristaã o apenas aumentou a oportunidade e a importaê ncia da direçaã o espiritual.
Durante dois mil anos, seguir de perto em resposta aà iniciativa de Deus na vida das pessoas -
discernir o movimento contíónuo do Espíórito Santo nas profundezas da alma e abrir caminho para
o mundo interior onde o Espíórito fala mais claramente - tem sido o trabalho valioso de um
diretor espiritual, visto como essencial entre os cristaã os sinceros.
Somente agora, entretanto, a igreja evangeó lica estaó começando a compreender que sem
direçaã o espiritual, sem conversar com cada integrante de grupos pequenos em que nossas vidas
saã o expostas na presença de uma pessoa habilitada a discernir as operaçoã es de nossa vida
íóntima, a moleó stia do engano naã o seraó curada. Sem direçaã o espiritual, milhares de cristaã os
continuaraã o a andar pelo antigo caminho, pensando que estaã o na estrada do conhecimento de
Deus.
James Houston comentou em algum lugar que um amigo espiritual eó necessaó rio em nossa
viagem, por causa da nossa tendeê ncia para a autodecepçaã o. Algumas vezes soó outra pessoa pode
ver que estamos indo para o sul quando acreditamos sinceramente que a estrada se dirige para o
norte.
Ouça Thomas Merton avaliar a importaê ncia da direçaã o espiritual: Todo o propoó sito da direçaã o
espiritual eó penetrar abaixo da superfíócie da vida humana, a fim de observar por traó s dos gestos
e atitudes convencionais apresentados ao mundo, e fazer aflorar sua liberdade espiritual interior,
sua verdade mais secreta, que chamamos de semelhança de Cristo em sua alma. 7 A grande
trageó dia no cristianismo moderno eó que poças de aó gua viva estaã o borbulhando na areia ardente
de nossas almas e naã o sabemos disso. Naã o cavamos o suficiente em meio aà s ruíónas de nosso
auto-engano, embora sigamos as estrateó gias cuidadosamente para fazer a vida funcionar e poder
beber da corrente divina interior. Estamos bebendo aó gua poluíóda, pensando ser pura, ou pior,
estamos nos sentindo refrescados.
Mas, eó um falso alíóvio. EÉ tanto inventado como falso. Naã o tem poder para nos transformar em
pessoas que perseveram e atravessam sonhos desfeitos para agradar a Deus e por causa da feó
possuíóda por outros. O antigo caminho gera refrigeó rio sentimental, do tipo de sentimentos bons,
temporaó rios e superficiais, que naã o evitam o nosso narcisismo natural.
Nesta parte do livro, quero oferecer toda direçaã o espiritual possíó vel mediante a paó gina
escrita, a fim de ajudar-nos a entrar em nossos mundos interiores e ver qual a estrada que
estamos palmilhando.
Lembre-se da paraó bola dos dois construtores contada pelo Senhor. Um construiu na areia e o
outro na rocha. Ateó que viessem as tormentas, as duas casas podiam ser aproveitadas. Ateó que os
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sonhos se despedaçassem, ateó que a vida se tornasse difíócil (como acontece com todos noó s), os
dois homens estavam satisfeitos e gozando de suas beê nçaã os.
Suponho que se tiveó ssemos conversado com cada um, se os conheceê ssemos como membros
da nossa igreja, talvez como amigos íóntimos que se conhecem haó anos em seus pequenos grupos,
poderíóamos ter considerado ambos homens piedosos, que amavam o Senhor e o estavam
seguindo. Mas, um vivia no antigo caminho; naã o estava construindo a sua vida sobre a verdade
de Jesus. Ele queria algo mais do que achegar-se a Deus.
Isto naã o ficou visíóvel por longo tempo, naã o ateó a chegada da estaçaã o de furacoã es. Quando as
coisa aconteceram e sua abordagem da vida naã o poê de sobreviver, sua vida desmoronou.
Com nossa capacidade quase ilimitada de enganar a noó s mesmos, eó possíóvel (e a possibilidade
tem alcançado proporçoã es epideê micas) que as pessoas venham a crer sinceramente que estaã o
vivendo como cristaã os quando, de fato, estaã o seguindo uma versaã o altamente cristianizada do
antigo caminho. Por esta razaã o vaó rios capíótulos a seguir discutiraã o o que o novo caminho naã o eó .

Aproxime-se um pouco mais


Naã o eó possíóvel expor imitaçoã es do novo caminho sem que isso se torne tanto profundo quanto
pessoal. Durante anos guardei uma imagem de mim mesmo que me fazia querer aprofundar-me,
mas naã o demais, e me manter pessoalmente vulneraó vel, ateó certo ponto. Vou contar-lhe qual a
imagem.
Desde a escola secundaó ria, e talvez antes, eu me via como uma maçaã vermelha brilhante em
uma fruteira colocada no centro de uma mesa na sala de jantar. Olhe para mim de uma certa
distaê ncia e vai sentir-se atraíódo. A maçaã eó grande, naã o haó machucados visíóveis, e ela eó bem
formada.
Aproxime-se um pouco mais — leia um livro que escrevi, vaó a um seminaó rio que estou dando,
ouça-me ensinar a Bíóblia — e sua impressaã o de que a maçaã eó uma boa fruta talvez se fortaleça.
Quem sabe queira pegaó -la e mordeê -la.
Se fizer isso, com certeza vai gostar do sabor. Converse comigo, procure-me para dar-lhe
direçaã o espiritual, junte-se a um grupo pequeno em minha companhia, combine os seus dons
com os meus para formar um ministeó rio — e pode concluir que de fato sou a maçaã suculenta,
substancial e doce que aparento ser.
Eu, poreó m, sei. Sei o que voceê naã o sabe e que estou determinado a que nunca descubra. Haó um
verme no centro. Algumas mordidas a mais e voceê vai cuspir-me. Tenho de impedir que se
aproxime demais. Conhecer-me bem eó gostar de mim. Conhecer-me completamente vai revelar
como sou realmente desagradaó vel.
Tenho falado em puó blico haó trinta anos. Sou um bom orador. Deus me deu talentos e me
abençoou por traó s de um puó lpito ou poó dio. Depois de ter falado, ouço com frequü eê ncia: — Voceê eó
taã o vulneraó vel, taã o honesto. Deixou que eu visse que tambeó m se esforça, que tambeó m naã o
consegue tudo que quer.
Essas palavras saã o ditas com admiraçaã o. Eu sorrio com um sorriso forçado por dentro.
Quando permito que veja um pedaço do verme, fica ainda mais atraíódo por mim. Mas, se deixar
que o veja inteiro, nunca mais me ouviraó . Escolho meu níóvel de vulnerabilidade. Sei o que estou
fazendo. Naã o sou tolo. Sei como sobreviver no mundo cristaã o.
Alguns que leê em esta descriçaã o suporiam que sofro de um distuó rbio psicoloó gico. Estou certo
de que haó vaó rios roó tulos que poderiam ser pregados em mim. Outros pensariam mais
simplesmente: — Esse sujeito tem com certeza um problema de baixa auto-estima. Parece que se
odeia.
O aconselhamento, mesmo o aconselhamento cristaã o, no geral tenta remover o oó dio que o
indivíóduo tem por si mesmo e promover o amor em seu lugar. Fazer isso eó esforçar-se para
tornar o antigo caminho mais confortaó vel. Naã o envolve quebrantamento, a compreensaã o de que
meu oó dio por mim mesmo eó fraco demais, nem arrependimento, uma mudança em meu modo de
pensar que muda o foco de como me sinto a respeito de mim mesmo para como me sinto sobre
Cristo — ou, mais ao ponto, como ele se sente sobre mim.
Veja bem, haó realmente um verme na maçaã . Naã o adianta tentar convencer-me de que eó um
verme simpaó tico. Isso naã o existe. Deus o veê e o odeia. Devo tambeó m odiaó -lo. Conheço-me muito
bem para saber que sou com frequü eê ncia muito introspectivo. Tenho ressentimentos contra
pessoas que me prejudicam. Sou capaz de odiar outros. Minhas inseguranças teê m menos que ver
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com uma falta de afirmaçaã o necessaó ria, quer durante a infaê ncia ou agora, e mais com a exigeê ncia
de ser honrado acima de outros.
EÉ claro que tenho valor intríónseco como portador da imagem de Deus. EÉ claro que posso
deleitar-me na maravilha e plenitude do amor de Deus por mim. Sou naturalmente privilegiado
como algueó m uó nico, como uma obra-prima sendo preparada pelo geê nio criativo de Deus que tem
algo de significado eterno para dar a este mundo.
Meu oó dio pessoal naã o tem origem na falta de apreciaçaã o dessas verdades. Ele vem de uma
exigeê ncia de que eu seja mais especial do que voceê , de que meus esforços sejam reconhecidos e
efetivos, que eu nunca seja ofendido ou depreciado, de que tenha os recursos para obter o que
desejo na vida.
Meu oó dio pessoal estaó arraigado no orgulho. Insisto que algueó m veja valor em mim, que eu
veja valor em mim. Quando uma dessas coisas naã o acontece, atiro-me no abismo de lamentar
sobre a vida e odiar tudo nela, inclusive a mim mesmo.
Quando estou ali, afundando-me na lama do desespero, afirmaçaã o alguma pode tirar-me
desse poço. Ateó que compreendo que pertenço a ele, ateó que veja que naã o haó um grama de amor
por ningueó m em mim (pelo menos nenhum que esteja sendo expresso), ateó que sou quebrantado
pela minha falta de meó rito, que me impede de juntar-me a uma comunidade de perfeito amor,
vou pensar que algueó m deve resgatar-me. Se algueó m tentar, naã o serei grato. Vou imaginar por
que levou tanto tempo para chegar.
Como voceê , sou capaz de sair de um cinema quando a razaã o para ter sido classificado como de
maó qualidade se torna aparente, ou de estender bondade, inclusive dinheiro, a amigos em
dificuldades, ou pregar um sermaã o sobre santidade - e fazendo tudo isso com um poço de
orgulho e auto-absorçaã o produzindo a energia. Posso construir uma casa atraente na areia. Posso
polir a maçaã ateó que brilhe e o convença de que nenhum verme poderia viver nessa fruta taã o
bela.
Mas, algumas vezes, como voceê , fico em peó na rocha. A bondade flui realmente de mim. Dou
pelas razoã es certas. Amo outrem sem me preocupar comigo mesmo.
Quem sou eu? Sou o covarde moral que com frequü eê ncia sei que sou, cheio de orgulho e medo?
Ou sou o homem de Deus que almejo ser, centrado na pessoa de Cristo e capacitado pelo Espíórito
para revelar a sua gloó ria por meio da minha vida?
Sou um misteó rio para mim mesmo. Algumas vezes o Espíórito flui livremente em meu interior
e fico cheio de alegria e poder espiritual. Outras vezes, outra fonte de energia se apossa de mim,
e sinto-me mal, a ponto de ficar ocasionalmente amuado e mostrar falta de feó em meu desespero.
EÉ entaã o que me sinto mais facilmente tentado a procurar prazer onde quer que possa.
Vou dar um exemplo.

Fora de controle

Voltei para casa haó alguns dias depois de um dia cheio e difíócil. Beijei casualmente minha
mulher e agarrei o uó ltimo exemplar da revista Christianity Today, esticando-me entaã o no sofaó e
esperando encontrar alguns minutos de alimento espiritual. Fiz o que sempre faço ao abrir um
nuó mero dessa excelente revista, fui ateó a penuó ltima capa para ler um breve artigo de Chuck
Colson ou Philip Yancey. Era a vez de Philip.
Philip Yancey eó um amigo pessoal. Eu o conheço naã o soó como um dos escritores mais bem
dotados de nossa eó poca, como tambeó m um amigo bondoso, humilde e genuinamente terno. Olhei
para a sua foto no canto aà esquerda da paó gina, reconheci o sorriso pensativo e o cabelo
inconfundíóvel e comecei a ler.
No espaço de duas curtas colunas, ele citou Henry David Thoreau, um filoó sofo de quem jaó
ouvira falar mas nunca lera; Walter Wink, um teoó logo de quem nunca ouvira falar; e um
romancista holandeê s com um nome que nunca ouvira e que naã o tenho ideó ia de como se
pronuncia.
Ao terminar o artigo, pude sentir o verme rastejando em meu coraçaã o. Se voceê tivesse
escutado minha conversa comigo mesmo, teria ouvido mais ou menos isto:
— Nunca leio os livros certos. Leio fragmentos de muitas pessoas, mas naã o conheço muito
bem qualquer delas. A maioria nunca li. Se tivesse lido Thoreau e outros filoó sofos, pensaria com
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muito mais clareza. Mas, naã o tenho tempo. Philip eó um escritor que leê muito, portanto, consegue
escrever bem. Seu trabalho lhe fornece o tempo necessaó rio para ler todos esses livros.
— Minha vida estaó taã o fora de controle. Nunca faço o que quero. Saã o tantos os que querem
que me una ao seu ministeó rio, que me encontro com eles para um cafeó para conversar sobre
direçaã o espiritual; quando terei tempo para seguir o chamado de Deus em minha vida? Quando
terei oportunidade para desenvolver a escola que desejo começar para direçaã o espiritual? E
quando terei oportunidade de apenas divertir-me?
— Jaó li Irvin Yalom; terei de perguntar a Philip se ele sabe quem ele eó . Algueó m - quem foi
mesmo? - disse-me na semana passada que gostava mais dos meus livros do que dos de Philip.
Seraó que sou mesmo assim mesquinho? Esse comentaó rio me fez bem. Isto naã o estaó me levando a
nada. Cansei-me de pensar. Naã o consigo descobrir de qualquer maneira. Tenho pensado assim haó
trinta anos. E continuo empacado. Que desperdíócio! Estou cansado de tudo. OÉ timo. Saã o 6h30. A
Roda da Fortuna começou.
Estaó vendo? Voceê mordeu agora o verme. Tem esperança para mim? Pode ver o Espíórito
trabalhando em mim? Acredita que minha identidade essencial eó santa e naã o pecadora?
Consegue imaginar em quem eu me poderia tornar, em quem jaó sou por causa de Cristo, embora
isso permaneça oculto? Sabe como empurrar-me para a maturidade que anseio experimentar?
Voceê estaó sofrendo por mim, amando-me, apesar de ver o verme, sabendo que Cristo estaó em
mim e querendo veê -lo formado mais visivelmente em minha vida?
Qual o meu problema? Sou apenas um pecador invejoso que necessita de repreensaã o? Sou um
neuroó tico inseguro que precisa ainda crer em si mesmo o suficiente para dizer naã o aos outros
que queiram usar-me, um homem perturbado, inseguro, que precisa aceitar quem eó e viver o seu
chamado, um candidato para um bom aconselhamento?
Ou sou um cristaã o vivendo no antigo caminho, naã o sonhando mais alto do que ver a minha
vida acertada e me esforçando para que isso aconteça, depois frustrado e irado quando naã o
acontece? EÉ isso que sou. Ou pareço ser. Algumas vezes.
Os recursos para viver segundo o novo caminho estaã o, poreó m, em mim. Aguü ente agora outra
histoó ria, bem melhor.

O verme fora de vista


Minha mulher e eu fomos para as montanhas em dois carros numa tarde de sexta-feira para
dois centros de retiro, cerca de 80km de distaê ncia um do outro. Ela dirigiu um fim de semana
com oitenta mulheres de uma igreja de Denver. Eu falei a duzentos estudantes de uma
Universidade Cristaã do Colorado, onde trabalho.
Combinamos nos encontrar em Denver para almoçar num restaurante de salada e sopa no
domingo, pouco depois do meio-dia. No momento em que vi minha esposa, soube que seu fim de
semana fora bom. Ela estava radiante. Eu disse algo como: — Voceê parece entusiasmada. Como
foi o retiro?
Por mais de uma hora, ela repetiu todas as histoó rias do que o Espíórito fizera. Muitas delas
eram realmente maravilhosas, uma clara evideê ncia da presença do Espíórito e de seu poder
atuante. Ele estava aparentemente ocupado demais abençoando o retiro dela para aparecer no
meu. Os estudantes foram oó timos. Ouvi mais tarde alguns relatoó rios esparsos de que vaó rios se
sentiram desafiados pelo que eu dissera.
Eu, poreó m, me sentia vazio. Algo em mim naã o se encaixava. Tinha sido um fim de semana
comum para mim, nada notavelmente sobrenatural.
Todavia, embora sentindo que o Espíórito havia ungido o retiro de minha esposa de certo modo
que naã o abençoara o meu, escutei-a com alegria. Naã o soó fiquei entusiasmado com o que
acontecera mediante os ensinamentos de Rachel, como tambeó m senti-me atraíódo pela parte mais
profunda de minha mulher.
Fiquei embevecido ao ouvi-la, ao veê -la taã o disponíóvel para o Espíó rito, glorificando a Cristo.
Mais tarde, naquela mesma noite, com toda sinceridade eu lhe disse: — Voceê sabe, o Espíórito usa
voceê em minha vida como naã o usa qualquer outra pessoa. Quero aprender de voceê tudo que
puder sobre Deus. Quer descrever o que significa para voceê ouvir o Espíórito?
Ela respondeu: — Verdade? — Eu disse: — Sim! — E ela: — Isso eó realmente bom. — Foi um
momento agradaó vel. O verme naã o estava aà vista. Eu estava vivendo no novo caminho.
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Algumas vezes a estrada que estamos tomando eó oó bvia. Algumas vezes posso sentir a rocha
debaixo dos meus peó s e enfrento a tormenta com firmeza. Outras vezes sei que estou perdendo o
equilíóbrio quando a areia debaixo de mim se movimenta.
Quase nunca penso a respeito. Estou demasiado ocupado preparando-me para a proó xima
viagem, brincando com meus netos, perguntando por que meu taco de titaê nio bate na bola de
golfe taã o longe da parte lisa do campo, preocupado com meus pais idosos e querendo tanto
melhorar a qualidade de vida deles, respondendo pilhas de correspondeê ncia, chamando o
encanador para substituir a tampa da nossa banheira que deixa escapar vagarosamente a aó gua.
Algumas vezes estou cansado demais para me preocupar com o caminho que estou tomando.
Mas, sinto entaã o a pressaã o. Compreendo que Deus se tornou um parente distante e estou
lidando com a vida por conta proó pria. Cristo eó o meu bilhete para o ceó u, mas naã o o meu melhor
amigo. O que penso que representa os empurroã es do Espíórito soó faz aumentar a pressaã o. — Por
que naã o estaó lendo mais a Bíóblia? — Por que se recusou a encontrar seu amigo para o cafeó ? —
Acha que eó importante demais para ele?
Depois quero viver no novo caminho. Quero saber que a pressaã o acabou. Mas, naã o tenho
certeza de qual eó o caminho antigo e qual o novo. Preciso aprofundar-me mais em minha alma.

QUE FORÇAS DA ESCURIDÃO?


O reavivamento na igreja precisa começar com uma revoluçaã o da alma. Naã o adianta, e na
verdade ateó prejudica, preocupar-se demais com a igreja ateó que tenhamos nos preocupado com
noó s mesmos. Naã o alcançaremos poder para ajudar a libertar a igreja, a fim de que se torne uma
comunidade, enquanto naã o tivermos nos esforçado bastante ateó descobrir o que significa
pessoalmente para noó s viver o novo caminho.
A mudança significativa em nossa cultura baseia-se no aperfeiçoamento do caraó ter e soó pode
ocorrer depois que o reavivamento toma conta da igreja. Bancamos os reformadores quixotescos
quando atiramos nossas espadas contra a pornografia, o aborto, a auseê ncia de pais e a violeê ncia
de adolescentes sem primeiro chorar sobre a comunidade superficial em nossas igrejas. Quando
o Espíórito Santo se move, ele nos une antes de nos enviar para a batalha.
A ordem eó importante:
primeiro, revolução espiritual em nosso mundo interior, mudança do antigo para o novo
caminho;
segundo, verdadeiro reavivamento no mundo da igreja, onde o Espíórito opera mediante
liderança em segundo plano, a fim de liberar as congregaçoã es para se tornarem
comunidades seguras, que exaltam o Pai mais que o pastor; que teê m seu centro em Cristo e
naã o no sucesso visíóvel; que ouvem o Espíóritoe naã o as expectativas das pessoas;
terceiro, reforma cultural em nosso mundo diaó rio que exalta a satisfaçaã o da virtude e da
humildade acima do entusiasmo das realizaçoã es e do poder, valorizando a relaçaã o reta com Deus
acima do progresso da auto-estima. Vamos ser claros: Nossa maior necessidade não é de maior
comunhaã o em nossos pequenos grupos ou de melhor pregaçaã o do puó lpito. Nosso maior desafio
não eó cristianizar a cultura secular com a finalidade de aceitar os valores familiares e a moral
bíóblica.
Nossa maior necessidade eó um novo encontro com Deus que exponha o pecado como
repulsivo de modo que nossa determinaçaã o em fazer esta vida funcionar leve em conta a sua
espiritualidade, em particular.
Nosso maior desafio eó reconhecer o antigo caminho do coó digo escrito, a fim de
compreendermos com que frequü eê ncia o vivemos, para vermos o novo caminho do Espíórito abrir-
se diante de noó s, e descobrirmos nosso desejo ardente de seguir esse caminho ateó a presença de
Deus.
Quando oramos de joelhos: "Venha o teu reino, seja feita a tua vontade, assim na terra como
no ceó u", naã o devemos levantar-nos depressa demais para ocupar-nos com a obra do reino.
Devemos permanecer por algum tempo nessa posiçaã o, humilhados e dependentes, suplicando a
ajuda do Espíórito para vermos qual o caminho que estamos tomando.
Estamos determinados, de acordo com a nossa vida moral, a contribuir de maneira
generosa e fiel, a alcançar a vida melhor das beê nçaã os de Deus? Planejamos estrateó gias
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sobre como obteê -la, dependendo da lei da linearidade para produzir os resultados que
queremos?
Ou estamos almejando com paixaã o inflexíóvel achegar-nos a Deus, desesperadamente
ansiosos para conhecer Cristo, tentando ouvir atentos a voz do Espíórito em nossas vidas
repletas de ruíódos de todo tipo? Abraçamos a lei da liberdade, aproxi-mando-nos
ousadamente, exatamente como estamos, da comunidade divina?
Primeiro, revolução espiritual que nos leva da vida do antigo para o novo caminho; a seguir,
reavivamento verdadeiro da comunidade
segura em nossas igrejas; e, finalmente, uma reforma cultural, objeto de muita oraçaã o, em que os
cristaã os possam tornar os increó dulos
sedentos de Cristo. Essa eó a ordem.

Os desejos se tornam exigências


Quero continuar a revoluçaã o espiritual que estaó apenas começando em minha jornada. Um
bom iníócio seria refletir sobre meu mundo interior ao ler o artigo de Yancey. Enquanto minha
alma for governada por um espíórito que permite ciuó mes, julgamentos e obstinaçaã o em geral,
despertando com tamanha facilidade e depois me dominando, naã o serei capaz de adorar a Deus,
de relacionar-me bem com meus irmaã os e irmaã s, ou de atrair increó dulos para Cristo. Vou
manchar o nome de Deus pela minha maneira de viver.
Mas, pelo preço do sangue de Jesus, Deus me ofereceu um estilo de vida que me capacita naã o
soó a honrar o nome dele, mas tambeó m a revelar o seu caraó ter mediante minha maneira de
relacionar-me. Pensei que estava caminhando desse modo no dia em que reagi taã o negativa -
mente a um excelente artigo escrito por um bom amigo que eó pelo menos taã o ocupado quanto eu.
O que eu naã o estava percebendo?
Vou fazer esta pergunta em termos mais gerais. Que forças da escuridaã o algumas vezes
controlam meu mundo interior? O que permite emoçoã es repulsivas que naã o aprecio e naã o
escolheria que se desenvolvessem e governassem com tanta facilidade e taã o completamente?
Paulo escolheu com cuidado suas palavras quando escreveu sobre O fruto da carne. Naã o penso
que ele me diria: — Larry, suas emoçoã es carnais foram uma escolha. Voceê escolheu senti-las.
Livre-se delas agora. Voceê deve sufocar sua expressaã o ateó que desapareçam.
O problema, julgo eu, eó que fiz a escolha apaixonada, aparentemente razoaó vel, de viver
segundo o antigo caminho muito antes de sentar no sofaó para ler a revista. Foi a escolha anterior
que permitiu que o mau fruto surgisse. Qual foi a escolha? Como eu escolhera o antigo caminho?
Naã o gosto de me sentir como um verme. Naã o tiro muito proveito da vida quando ele estaó
visíóvel. As pessoas naã o gostam de mim, e eu tambeó m naã o. Naã o me importo com os que me
julgam, embora concorde com o julgamento deles. Vou entaã o em busca de uma vida melhor.
Deus me abençoou com discernimento e habilidades verbais. Quando aconselho pessoas,
alegro-me em veê -las crescer na feó . Gosto das impressoã es favoraó veis que desenvolvem em mim.
Quando dirijo seminaó rios, no geral fico imaginando se algo sobrenatural estaó acontecendo.
Algumas vezes acontece, e outras posso ver os resultados. Isso produz grande alegria.
Quando escrevo um livro, como faço neste momento, fico entusiasmado quando as ideó ias
fluem e um ritmo se desenvolve. Isso me daó a esperança de que Deus possa usar minhas palavras
para fazer crescer o seu reino. A perspectiva de boas vendas tambeó m ocorre em minha mente.
Veja como estou definindo a vida melhor. Naã o cobiço um escritoó rio impressionante, luxos
adicionais e posiçaã o mais exaltada. Imagino um ministeó rio mais positivo, alguma apreciaçaã o
pelos meus esforços e evideê ncia de que faço parte da histoó ria mais ampla de Deus. Avanço para
esse alvo estudando mais, preparando-me bem e orando regularmente.
A decisaã o de viver segundo o antigo caminho parece no geral inocente, ateó certa. Como Israel,
somos capazes de chamar o mal de bem e o bem de mal. Isaíóas falou por Deus quando disse: "Ai
dos que ao mal chamam bem e ao bem, mal; que fazem da escuridade luz e da luz, escuridade;
poã em o amargo por doce e o doce, por amargo!8
EÉ uma píólula difíócil de engolir, mas nossa alma precisa desse remeó dio.
Quando qualquer ambição além da de nos achegarmos a Deus ocupa o primeiro lugar em
nossos corações, quer a ambição seja abertamente de auto-serviço ou claramente de avanço do
reino, estamos vivendo no antigo caminho.
10

Aproximar-nos de Deus iraó purificar nossos desejos e revigorar ambiçoã es piedosas no sentido
de aconselhar de modo positivo por meio de pregaçoã es poderosas e de livros uó teis. E isso eó bom.
Quando privilegiamos a aproximaçaã o de Deus, permanecemos na videira; os desejos de segunda
classe se transformam em beê nçaã os almejadas. O fruto cresce entaã o no ramo. Essa eó a vida do
novo caminho.
No momento, poreó m, em que permitimos que nossos desejos de beê nçaã os se tornem
exigeê ncias, no momento em que esperamos que as beê nçaã os venham porque satisfizemos os
requisitos para que Deus as conceda, no momento em que pensamos que qualquer beê nçaã o aleó m
da proximidade de Deus eó essencial aà vida, sendo, entaã o, prometida agora, escolhemos viver
segundo o antigo caminho. Isso significa que perdemos a oportunidade de experimentar a
realidade sobrenatural e devemos agora depender de nossos proó prios recursos para as beê nçaã os
que desejamos. Nossa vida acaba sendo uma vida natural, energizada pela carne, por mais que
esteja disfarçada pela religiaã o.
Pregar bons sermoã es, criar bons filhos, cultivar boas amizades, desenvolver bons ministeó rios,
administrar bons negoó cios: tudo saã o atividades da carne. A pressaã o se instala. Temos de fazer a
coisa certa para obter o que mais desejamos.
Na conversaã o, o Espíórito colocou quatro recursos distintos em noó s que tornam possíóvel a vida
sobrenatural:
uma nova pureza que nos torna limpos aos olhos de Deus, mesmo quando rolamos na
lama;
uma nova identidade que naã o permite roó tulos aleó m daqueles como santo, filho de Deus,
amado, e peregrino a caminho do ceó u, a serem pregados cuidadosamente em noó s; uma
nova disposição que prefere realmente a santidade ao pecado; um novo poder para
achegar-nos a Deus como um herdeiro perdoado que anseia contemplar a beleza do
Senhor.9
Quando escolhemos buscar a vida melhor de beê nçaã os em vez da esperança melhor da
intimidade, esses recursos se tornam inuó teis. Ouça Paulo falar severamente aos cristaã os que
estavam sendo influenciados a alcançar certos padroã es a fim de ganhar todo favor de Deus: "Eu,
Paulo, vos digo que, se vos deixardes circuncidar, Cristo de nada vos aproveitaraó ... De Cristo vos
desligastes... da graça decaíóstes". 10
O ponto de Paulo eó este: Cristo não promete ajuda quando você tem como alvo supremo
alcançar certas bênçãos mediante boas obras.
Pode orar, jejuar, comparecer a seminaó rios, comprar livros, dar o díózimo em dobro e recusar
serviço a cabo na sua televisaã o, praticar a oraçaã o contemplativa e jamais se esquecer de um
aniversaó rio ou dos jogos de bola de seu filho - os recursos do Espíórito naã o teraã o valor algum para
voceê . Deus naã o vai nos ajudar a viver no antigo caminho.
Eu me pergunto quantas vezes pais cristaã os sinceros oram por seus filhos e se esforçam para
educados bem, apenas para ficarem frustrados por naã o receberem resposta aà s oraçoã es. Imagino
com que frequü eê ncia coê njuges cristaã os oram para que seu casamento perturbado melhore e quase
naã o atentam para o fato de estarem ou naã o se aproximando de Deus em meio aà s suas
dificuldades. Imagino quantos empresaó rios piedosos observam o mais alto grau de integridade e
esperam que Deus abençoe assim seu resultado final.

Judaizantes modernos
A igreja moderna foi infiltrada por uma versaã o atualizada de judaizantes. Nos dias de Paulo,
especialmente na igreja da Galaó cia, certos professores estavam reconhecendo que Cristo era de
fato o Messias, mas acrescentavam depois a ideó ia de que os cristaã os tinham de conformar-se aà lei
para obter posiçaã o plena com Deus. Estavam encorajando o antigo caminho. Em vista de a igreja
moderna estar sendo influenciada por um tipo de doutrina judaizante refinada, seraó uó til
compreender a forma que ela assumiu no passado.
Feó versus meó rito era a questaã o essencial. Em tempo algum, nem mesmo quando o Sinai
trovejou, o meó rito foi a base para o favor de Deus. Abraaã o foi justificado pela feó . Assim tambeó m
Moiseó s, Davi, Jonas e Loó . Nenhum santo do Antigo Testamento foi suficientemente bom para
merecer as beê nçaã os de Deus. Abraaã o mentiu, Moiseó s perdeu a calma, Davi cometeu adulteó rio,
Jonas resistiu ao chamado de Deus. E Loó cometeu o mais vil dos pecados. Todavia, Pedro o
10

chamou de homem justo.11 Em que base? Ele, como os demais, cria em Deus. Nenhum deles
ganhou o favor de Deus por desempenhar-se de acordo com os padroã es divinos. 12
Paulo disse a respeito dos judaizantes: "Acautelai-vos dos caã es! Acautelai-vos dos maus
obreiros!"13 A frase "maus obreiros" significa literalmente obreiros do mal, implicando que eles
lutavam ativamente contra o verdadeiro evangelho. Eles "confiam na carne"; 14 ou seja, tinham a
convicçaã o de que o meó rito trazia beê nçaã os nesta vida.
Uma conhecida autoridade diz o seguinte:
Os judaizantes naã o tentaram introduzir a economia do Antigo Testamento na igreja, mas
uma visaã o falsa dessa economia. Os pecadores eram salvos nos dias do Antigo Testamento
mediante pura graça, assim como o saã o hoje. Esta era uma tentativa da parte de Satanaó s...
arruinar a igreja de Cristo, naã o por introduzir o judaíósmo do Antigo Testamento, mas uma
falsa concepçaã o dele.15
A mensagem deles era direta: "Voceê s querem gozar da plena aceitaçaã o de Deus e das beê nçaã os
que a acompanham? Devem entaã o conformar-se com certos padroã es da lei mosaica, inclusive a
circuncisaã o!" Os cristaã os da Galaó cia foram atraíódos por este ensino. Ele devolvia o controle aà s
suas maã os e restaurava o orgulho em seu proó prio valor.
Paulo ficou furioso. "Admira-me que estejais passando taã o depressa daquele que vos chamou
na graça de Cristo para outro evangelho, o qual naã o eó outro." 16 Em lugar de depender dos
recursos da nova aliança doados a eles para que pudessem achegar-se a Deus em perfeita
liberdade, os gaó latas estavam pensando que talvez fosse uma boa ideó ia tornarem-se "religiosos"
para gozar assim de beê nçaã os superiores.
Ouça outra vez a lei da linearidade: Faça as coisas certas para obter o que deseja. Coloque o A
como sequü eê ncia dos princíópios bíóblicos em seu lugar e espere o B das beê nçaã os desejadas.beê nçaã os
devem ser mais valorizadas do que o relacionamento com Aquele que abençoa. Eles negam
implicitamente que possuíómos a imagem da comunidade eterna e, portanto, soó podemos
encontrar profunda satisfaçaã o mediante uma relaçaã o íóntima como um amante perfeito. Nada
menos que isso seraó admissíóvel.
Eles disfarçam bem o seu engano. "Deus eó bom", afirmam. "Ele eó fiel. Anseia abençoado. Agora
que o conhece, espere as beê nçaã os que ele estaó pronto a derramar sobre a sua vida. Siga as suas
regras, cumpra as condiçoã es, convença-o a olhar para voceê com favor e teraó o que quer - uma
vida farta de beê nçaã os, proporcionadas pelo nosso generoso Deus."
Chamam a isso de viver segundo os princíópios bíóblicos. Paulo, por sua vez, considerou isso
voltar aos princíópios fracos e miseraó veis deste mundo.
EÉ um pensamento surpreendente e um tanto perturbador, a ideó ia de que a obedieê ncia a
princíópios bíóblicos possa estar errada. Quando agir certo eó uma estrateó gia para obter o que
desejamos, nossa energia eó orgulho e nosso foco eó o ego.
Os princíópios bíóblicos saã o reduzidos aos princíópios baó sicos do mundo quando seguidos a fim
de ganhar a vida melhor que exigimos. Os princíópios bíóblicos permanecem bíóblicos quando se
tornam oportunidades guiadas para os cristaã os que se achegam a Deus a fim de expressar a
outros o caraó ter de Cristo. Foram sempre comandos a serem obedecidos, mas quando estamos
em contato com nossos novos coraçoã es, eles saã o tambeó m considerados privileó gios que ansiamos
por agarrar.

Apaixonados mas insensatos


Minhas experieê ncias anteriores me mostraram que a mentira da vida pode ser encontrada na
demonstraçaã o da competeê ncia pessoal e na participaçaã o em uma histoó ria mais ampla. Essa, para
mim, eó a vida boa, a vida melhor que desejo.
Sou cristaã o. Deus me deu talentos para fazer bem algumas coisas e juntar-me a ele para
contar a sua histoó ria. Se orar e me mantiver corretamente, mantendo-me dentro de minha escala
de competeê ncia, posso viver suficientemente bem a vida cristaã , a fim de receber as beê nçaã os que
acredito precisar.
Vou entaã o trabalhar. Tento fazer o que eó certo, orar o suficiente, naã o pecar demais, aproveitar
todas as oportunidades para o ministeó rio. A pressaã o se instalou.
Devo receber as beê nçaã os de que preciso. Devo pensar bem, ensinar bem, escrever bem.
Qualquer evideê ncia de estar falhando me desanima ateó a alma.
10

Leio o artigo de um amigo e sou forçado a admitir que poderia fazer muito melhor se tivesse
tempo para ler mais. Sei taã o pouco.
Estou cansado de tentar fazer o que eó certo. A performance eó como um moinho de vento. As
beê nçaã os que gozo agora podem naã o continuar, e as que ainda espero gozar talvez nunca
cheguem. Devo me aperfeiçoar! Mas, estou taã o cansado!
Chego entaã o a um ponto em que uma chave interna daó um estalo. Tudo que quero eó alíóvio. Naã o
posso continuar meu desempenho. Preciso de uma folga. Menos pressaã o. Mesmo que seja apenas
por um momento. Entretenimento superficial ajuda. Ligo a televisaã o.
Compreendo nosso víócio epideê mico. Paixoã es profundas agitam cada um de noó s. Somos
pessoas apaixonadas, mas insensatas. Com energia decidida, vivemos o antigo caminho,
consumidos pela necessidade de nos sentirmos vivos, de fugir do teó dio, de nos envolvermos
numa experieê ncia ardente. Cansamo-nos do esforço, vivemos para encontrar alíóvio.
Isso descreve o que estava acontecendo em meu mundo interior quando li o artigo de Philip. A
escolha fatal jaó fora feita. Eu estava aà procura da vida melhor que desejava. A energia da carne,
controlan-do-me intimamente, gerou o seu fruto. Emoçoã es inferiores corromperam meu coraçaã o
em relaçaã o a um amigo. Jaó acontecera antes. Acontece quando vivemos no antigo caminho.
Seraó que reconheço claramente o antigo caminho? Posso identificar o ensino dos modernos
judaizantes e compreender que me afastaraã o da beê nçaã o maior e faraã o voltar a pressaã o?
Preciso aprender como fazer isto. Deve haver mais discussaã o sobre o que o novo caminho naã o
eó .

O DRAGÃO ABANDONADO
O antigo caminho se recusa a ser sincero, seja sobre a imprevisibilidade das boas obras ou da
inevitabilidade das maó s. Quando Bilbo Baggins, o hobbit de J.R.R. Tolkien, encontrou as riquezas
que ele e seus companheiros procuravam, eles conversaram alegremente sobre a recuperaçaã o do
seu tesouro.
A seguir, ouviram um enorme ronco que vinha do interior da montanha, "como se um antigo
vulcaã o tivesse resolvido entrar novamente em atividade". Smaug, o dragaã o maligno, fora
provocado. Tolkien comenta: "Naã o eó bom deixar um dragaã o fora dos seus caó lculos, caso viva
perto dele".20
Moramos perto de um dragaã o de treê s cabeças. O mundo nos rodeia, o diabo nos espreita, e a
carne estaó dentro de noó s. Quando este dragaã o ruge, nem sempre parece um vulcaã o em erupçaã o.
Parece mais um amigo chegando para jantar.
Nosso inimigo conversa amigavelmente sobre as boas coisas que podem acontecer em nossas
vidas e o que poderíóamos fazer para aumentar as chances de que elas aconteceraã o. Ele parece
amigaó vel, bem intencionado e preocupado com os nossos interesses. Naã o vacila em nada ao
introduzir religiaã o no assunto. Longe disso. O que Cristo pode fazer por noó s, o que nos dizem que
ele quer fazer, faz parte regular da conversa.
EÉ difíócil reconhecer quando acontece, mas em algum ponto uma mudança ocorre em nossos
pensamentos. Em algum momento da conversa, paramos de pensar em Cristo como soberano
Senhor (se eó que o fizemos alguma vez) e o consideramos mais como um amigo uó til. A partir do
momento em que o conhecemos, a vida tornou-se boa para noó s.

Fechando a boca do dragão


Paulo naã o cometeu o erro de deixar o dragaã o fora de seus caó lculos. Vale a pena notar um de
seus meó todos para resistir ao apelo da mensagem do dragaã o: Paulo falou abertamente sobre o
seu sofrimento, naã o em tom de queixa, mas como uma lembrança de que a vida abundante de
seguir Jesus significa oportunidades abundantes de achegar-se a ele nos tempos difíóceis e naã o
uma abundaê ncia de circunstaê ncias e sentimentos agradaó veis.
Ouça as suas palavras aos coríóntios, cristaã os mais atentos para o fato de sentir agora o que
Deus prometera que sentiriam apenas no ceó u. "Em tudo somos atribulados, poreó m naã o
angustiados; perplexos, poreó m naã o desanimados; perseguidos, poreó m naã o desamparados;
abatidos, poreó m naã o destruíódos."21
10

A vida de Paulo naã o foi uma experieê ncia agradaó vel. Ao admitir isso e abandonar toda a
esperança de que poderia vir a ser algum dia agradaó vel, a pressaã o de procurar um meio de fazer
a vida funcionar foi removida. Paulo viveu para conhecer a Deus e naã o para usaó -lo. Viveu para
achegar-se a Deus, para tornar-se como Jesus, para seguir o Espíórito e naã o para viver de certo
modo que agradasse suficientemente a Deus a fim de levaó -lo a derramar as beê nçaã os de uma vida
melhor.
Sua anguó stia admitida tornou-se uma reaçaã o efetiva para o convite do dragaã o no sentido de
viver o antigo caminho. — Se a uó nica esperança oferecida pelo cristianismo eó uma vida melhor
aqui — ouço Paulo dizer —, entaã o tudo eó falsidade. Os cristaã os que seguem Jesus com a intençaã o
de obter uma vida agradaó vel ou ateó mesmo repleta de aventuras e com muitos significados teê m
suas cabeças escondidas na areia. Se as levantassem por um minuto e olhassem em volta, seriam
os mais miseraó veis de todos os homens".22
Paulo, no entanto, naã o eó um arauto de condenaçaã o e tristeza. Pelo contraó rio. Ele colocou o
dragaã o em seus caó lculos, mas tambeó m considerou Deus. Para ele era uma sequü eê ncia de dois
passos. Examine melhor esta passagem em Coríóntios.
"Eu cri; por isso eó que falei", disse Paulo. Se naã o lermos o pensamento inteiro, perderemos o
que Paulo tem em mente aqui e pensaremos que ele estava expressando a confiança de que Deus
iria abençoar a sua vida, dando entaã o uma palavra de testemunho. Mas, Paulo estava citando um
salmista, um homem cuja vida naã o estava indo bem, mas, por causa de sua feó em Deus, conseguiu
se libertar para falar sinceramente sobre quão terrível era a sua vida.
O salmista citado por Paulo disse isto: "Eu cria, ainda que disse: estive sobremodo aflito. Eu
disse na minha perturbaçaã o: todo homem eó mentiroso".
O apoó stolo entaã o acrescenta, "Tendo, poreó m, o mesmo espírito de fé... Tambeó m noó s cremos;
por isso, tambeó m falamos".23 Falou sobre o queê ? Sobre quaã o bem o antigo caminho estaó
funcionando? Sobre como ele ora, depois veê tudo dar certo em seus relacionamentos, ministeó rio
e senso de inteireza pessoal? Naã o! Sobre a sua afliçaã o! Paulo estava contando aà sua comunidade
como se sentia desanimado e abatido com as circunstaê ncias. Mas, naã o se queixava. Estava reco-
nhecendo que o antigo caminho era uma mentira. Estava fechando a boca do dragaã o.
Ouça o salmista continuar. Depois de compartilhar abertamente que se sentia dilacerado e
infeliz e que a sua comunidade naã o era confiaó vel, ele exclama, "Que darei ao SENHOR por todos os
seus benefíócios para comigo?"24 Benefícios de Deus? A vida do homem naã o ia bem. Ele naã o estava
claramente vivendo no antigo caminho. Naã o estava supondo que a bondade de Deus se traduzia
constantemente numa vida melhor de beê nçaã os neste mundo.
A seguir acrescenta: "Preciosa eó aos olhos do SENHOR a morte dos seus santos. SENHOR, deveras
sou teu servo... quebraste as minhas cadeias". 25 Quando o salmista pensava na bondade de Deus,
naã o se referia aà s beê nçaã os divinas nesta vida. Sabia que a sua jornada seria uma luta contíónua.
Mas continuou em uma longa obedieê ncia
— "Sou teu servo" — e gozou da liberdade provida pela esperança da presença de Deus agora e
das beê nçaã os mais tarde. As cadeias se soltaram. A pressaã o acabou. Ele naã o estava tentando viver
corretamente, a fim de tornar sua vida mais confortaó vel e compensadora.
Paulo faz eco ao pensamento. Depois de afirmar possuir o mesmo espíórito de feó que permitiu
ao salmista admitir que sua vida era difíó cil, ele nos diz que podemos enfrentar uma vida que naã o
funciona, "sabendo que aquele que ressuscitou o Senhor Jesus tambeó m nos ressuscitaraó com
Jesus e nos apresentaraó convosco".26
Vamos entrar na mente de Paulo. Chegar ao seu coraçaã o. Ver o que ele pensa constantemente
e as paixoã es que o inflamam. Paulo naã o estaó interessado em fazer esta vida funcionar. Como o
hobbit, Baggins, Paulo deixou o tuó nel de uma vida confortaó vel e partiu para encontrar o tesouro.
Baggins deixou sua caverna bem estocada e espaçosa, onde ouvia o assobio do bule anunciando
que estava na hora do chaó . Paulo abandonou sua posiçaã o poderosa e respeitada de líóder religioso
entre os judeus em que podia gozar do prestíógio do seu chamado.
Ambos se afastaram da vida melhor de beê nçaã os e entraram numa jornada difíócil e cheia de
obstaó culos que prometia um tesouro melhor. Para Paulo, era a proximidade de Deus — agora em
medida, entaã o, face a face.
Ele naã o era, entretanto, um cristaã o do tipo "vida apoó s a morte". Naã o era possíóvel acusaó -lo de
se tornar um recluso monaó stico, algueó m taã o preocupado em aproximar-se de Deus que esqueceu
a batalha ao seu redor. Todas as suas provaçoã es, disse ele, eram suportadas "por amor de vós,
10

para que a graça, multiplicando-se, torne abundantes as açoã es de graças por meio de muitos,
para a glória de Deus".27

Recusa em viver realmente

Um amigo me convidou para o cafeó , pedindo que ficasse a maior parte da manhaã . — Gostaria
de ser o foco da sua atençaã o por algumas horas — disse. — Minha vida estaó desmoronando de
todo lado. Perdi toda a esperança de que as coisas melhorem.
Cerca do meio-dia, depois de procurarmos juntos para saber onde o Espíórito trabalhava em
sua alma, ele disse: — Tenho plena confiança de que Deus estaó me abençoando com a
oportunidade de conheceê -lo como nunca antes. E estaó acontecendo. Nunca tive tamanha con-
fiança na sua bondade, e de alguma forma essa confiança e minhas provaçoã es fizeram com que
naã o me importasse tanto com o que as pessoas pensam ou sequer como as coisas mudam,
embora deseje que isso ocorra. Estou infeliz, mas confiante. Ao perder a esperança de que as
coisas venham a ficar boas, estou recobrando-a na boa obra que Deus vai fazer em mim.
Repliquei: — Quero que saiba como isso me encoraja profundamente. Sua vida, como poucas
outras, aumenta meu compromisso de buscar a Deus como meu maior tesouro.
— Que bom —, disse ele. Naã o se tratava de palavras vazias. Ele estava verdadeiramente
satisfeito de que suas provaçoã es me beneficiassem e dessem gloó ria a Deus.
O antigo caminho eó uma recusa em viver realmente. Ele envolve a exigeê ncia de que algo
menos do que meu "eu" mais verdadeiro desperte. O antigo caminho identifica desejos reais no
coraçaã o humano, desejos de significado, amor, satisfaçaã o e liberdade, mas naã o os aprofunda.
Deixa de descobrir nosso desejo puro, consumidor, inexoraó vel de estar na presença de uma
pessoa perfeita, de contemplar a beleza da absoluta santidade, da maneira que um artista prin-
cipiante olha para uma obra-prima de Rembrandt. O antigo caminho soó veê desejos que apontam
para o íóntimo, para o ego, e supoã e que o cristianismo esteja concentrado em corresponder a
esses desejos mediante o que quer que possa satisfazeê -los.
— Descubra um meio de chegar ao topo da vida —, sussurra o dragaã o encorajadoramente. —
Voceê naã o precisa sentir-se pressionado, perplexo, perseguido ou abatido. Jaó esteve na uó ltima
confereê ncia sobre a vida espiritual? Talvez devesse ler o best-seller que promete desvendar o
segredo de uma famíólia feliz. Haó um novo terapeuta na cidade que parece estar ajudando muita
gente a superar a depressaã o e obter uma vida muito mais satisfatoó ria. E com oraçoã es. Haó vaó rias
novas abordagens intrigantes que voceê talvez queira considerar. Elas parecem dar certo.
O dragaã o parece um pregador, um professor da Bíóblia que conhece a sua audieê ncia e sabe
como tornar a Bíóblia relevante. Ele começa com conversa religiosa que naã o soó pode, mas no geral
vem de um puó lpito. Mas, estaó soó a um passo de encorajar o divoó rcio, a pornografia, ou o
compromisso eó tico, porque se vivemos para a satisfaçaã o de uma vida melhor, os prazeres do
pecado parecem bastante razoaó veis quando essa vida desmorona.
O antigo caminho trata de mim, de minha sauó de emocional, de minha maturidade espiritual,
da satisfaçaã o da minha alma, da minha felicidade circunstancial, do meu ministeó rio significativo,
do meu negoó cio ou sucesso familiar, entre outros. Ele me ensina a ser astuto, a saber como
navegar pela vida para que as coisas saiam bem. A astuó cia requerida para ser eficiente substitui a
sabedoria necessaó ria para honrar a Deus. Se criarmos nosso filho deste modo, isso nunca vai
acontecer. Caso contraó rio, determinaremos o que deu errado e consertamos. Aproximar-se de
Deus assume o significado de ser pouco mais do que uma ida apressada aà sala de emergeê ncia
para aliviar a dor de uma pedra nos rins. — Obrigado, doutor —, dizemos e vamos embora sem
sequer conhecer o meó dico que nos ajudou. Mas nos sentimos melhor.
Tenho 56 anos enquanto escrevo, daqui a uma semana farei 57. Sou cristaã o haó quase
cinquü enta anos. Duas coisas estaã o ficando mais claras para mim do que nunca antes. Primeiro,
sou atraíódo pelo antigo caminho de vida, o caminho de um coó digo escrito, um plano para obter as
beê nçaã os que quero nesta vida. Eu o tenho vivido, naã o completamente mas com bastante
consisteê ncia, durante a maior parte da minha vida cristaã .
A segunda coisa que estaó se tornando clara eó que o novo caminho eó o caminho do Espíórito. O
Espíórito eó a terceira pessoa da Trindade. Ele conhece o Pai e eó gerado por ele. Conhece o Filho e eó
o Espíórito literal de Cristo. O Espíórito eó Deus, santo e amor. Cada vez que fala, eó para apontar o
caminho santo, o caminho para a presença de Deus.
10

Cada sentimento seu, enquanto sonda e veê quanto o meu coraçaã o deseja mais as beê nçaã os de
Deus do que o proó prio Deus, estaó saturado de bondade e esperança. Suas paixoã es o levam a
incentivar minha paixaã o por Cristo, a colocar meu coraçaã o na direçaã o de casa, a posicionar meus
peó s na estrada para a presença de Deus, a permitir que eu veja o brilho do diamante que eó Cristo.
A sua voz, poreó m, naã o eó a uó nica que ouço. Ouço uma voz doce, bondosa e persuasiva que me
faz lembrar quaã o solitaó rio e decepcionado estou e quaã o profundamente anseio sentir-me bem a
respeito de mim mesmo, ser honrado, ajustar-me em algum lugar, sentir-me importante e
seguro. Essa voz me encoraja a crer que esses anseios podem e devem ser satisfeitos; que a uó nica
coisa que separa o caminho espiritual do secular eó como posso conseguir satisfaçaã o para eles.
Quando ouço essa voz, naã o vejo valor mais alto do que a minha plenitude, sentida e gozada agora
ou, se naã o neste momento, entaã o em breve.
E a voz do dragaã o.
Estaó na hora de ouvir outra voz. Eu a ouvi recentemente, e meu mundo interior estaó virando
de cabeça para baixo. O que julguei ser bom, vejo agora que eó mau. O que pensei ser elitismo
espiritual e suspeitosamente míóstico, vejo agora como disponíóvel para rodos e intensamente
praó tico. Vou contar-lhe o que aconteceu.

Saia da caverna
Haó alguns meses, eu estava escovando os dentes aà s treê s da tarde. Naã o sei por que a essa hora,
pois esse naã o eó um haó bito meu.
Sem qualquer aviso, entrei num mundo diferente. A pia, o balcaã o, a escova tornaram-se menos
reais, parte de um mundo que naã o era a minha casa. Foi o mais perto que estive de sair pelo
fundo de um guarda-roupa e entrar em Naó rnia.
No mais profundo do meu coraçaã o, onde o inaudíóvel se fez ouvir, escutei o Espíórito dizer — e
essas foram as suas palavras exatas: — Quero contar uma coisa a voceê . Contar o que estaó
desejando saber.
Minha experieê ncia de um "outro mundo" durou dez segundos, talvez quinze. Desci
rapidamente para a minha cadeira favorita junto aà lareira. Ajoelhei-me. Abri a Bíóblia e fiquei aà
espera.
Nada. Naã o ouvi nada. Depois de alguns minutos senti enorme necessidade de entrar na sala de
estar para assistir aà televisaã o. Estava inclinado a dispensar o momento com a escova de dentes
como uma insensatez momentaê nea, uma aberraçaã o psicoloó gica de satisfaçaã o auto-induzida.
Telefonei a vaó rios amigos. Contei o acontecido e pedi que orassem e suplicassem a Deus para
que o Espíórito me levasse a ouvi-lo a fim de entender o que a voz queria dizer-me. Para isso, seria
necessaó rio humilhar-me o suficiente para chegar a ouvir a Deus.
Nada. Fiquei sentado treê s horas, lendo as Escrituras, esperando em espíórito de oraçaã o. Nada.
Vaó rias semanas se passaram. Acordei certa manhaã aà s 5h30 e senti o desejo de levantar-me e
sentar-me na cadeira junto aà lareira. Fiz isso. Abri a Bíóblia em Romanos 7:6, o versíóculo que
inspirou minha nova direçaã o vocacional, que chamo Ministeó rios do Novo Caminho. Ouvi Paulo
dizer-me novamente que fora libertado da escravidaã o para poder viver de um novo modo, o que
Paulo chama de "novo caminho do Espíórito". Fiquei imaginando outra vez o que ele queria dizer
quando anunciou as boas novas de que eu naã o podia mais viver "no velho estilo do coó digo
escrito".
Passei, entaã o, para Hebreus 7:18, 19. Li nesse trecho as palavras familiares que desta vez
quase me fizeram levantar da cadeira. "A anterior ordenança — o velho modo de fazer as coisas
certas para que Deus possa abençoar - eó revogada". Meu coraçaã o bateu descompassado. Li que
me fora dada uma "esperança superior" aà promessa de beê nçaã os pela obedieê ncia; fomos tambeó m
convidados a "nos chegar a Deus"; pessoas como eu podem ter intimidade com Deus. Surpreen-
dente! Meu coraçaã o bateu mais forte.
Comecei a falar em voz alta: — Estaó no texto! — Aprendi a desconfiar das impressoã es que
sentia no estoê mago, mas tambeó m aprendi a confiar plenamente no que lia na Bíóblia. Chorei de
alegria. De esperança. — A pressaã o terminou —, gritei finalmente. — Naã o preciso encontrar um
meio de me sentir bem antes de amar. Naã o tenho de fazer minha vida funcionar antes de dar
gloó ria a Deus ou beneficiar a outros. — Compreendi que era isso que eu queria. Anseio por
sentir-me completo, inteiro, amado e valorizado. Mas, anseio ainda mais conhecer melhor a
Deus.
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Senti a seguir uma comoçaã o no fundo da minha alma. Fechei os olhos e escutei. Senti-me
como Laó zaro, ouvindo uma voz do ceó u entrando em minha cova. Soó posso fazer uma tentativa de
colocar palavras no que ouvi. Elas fluíóam do texto.
— Larry, haó um novo modo de viver. Voceê esteve vivo com a minha vida divina durante cinco
deó cadas. Na maior parte desses anos, esteve vivendo uma visaã o inferior da antiga aliança;
vivendo no antigo caminho de seguir os princíópios baó sicos do mundo 28 a fim de tornar esta vida
melhor. Voceê tambeó m esteve enfeitando o espaço escuro em que escolheu habitar na tentativa de
fazer de conta que eó um lar. Meu Espíórito estaó falando agora a voceê por meio da sua desilusaã o
com esta vida — a morte de seu irmaã o, o seu caê ncer, a doença de Alzheimer de sua maã e, os
relacionamentos que se romperam, problemas de famíólia, taã o pouca realidade em seu mundo
interior. Ele estaó lhe dizendo, por mim, que a verdadeira alegria nesta presente era maligna
nunca depende da vida melhor de beê nçaã os e que eó tanto insensato quanto fuó til valorizar a sua
satisfaçaã o acima do meu conhecimento. Compreenda isto: Tente me conhecer. Logo descobriraó a
felicidade.
— Voceê estaó começando a perceber a vida que possui e o privileó gio singular que ela
proporciona. Pode agora achegar-se a Deus, pode apresentar-se a ele como estaó e quando
aprender o que isso significa e a obedieê ncia que traz em sua esteira, entaã o, meu Pai e eu iremos
aproximar-nos de voceê . Naã o existe beê nçaã o maior que esta! Voceê ficaraó cheio de uma alegria que
nem sempre pareceraó satisfazeê -lo, mas tomaraó conscieê ncia de um desejo profundo de me
conhecer e revelar-me a outros, naã o importa o que esteja acontecendo em sua vida ou quais
sejam os seus sentimentos. Voceê se tornaraó soó lido, naã o mais um fantasma eteó reo fingindo ser
real.
— Estaó na hora! Na hora de deixar o velho caminho que vem causando tanta pressaã o — que o
obriga a manter as pessoas felizes com voceê , a ter sucesso em seus relacionamentos e ministeó rio,
a sentir-se pelo menos um pouco bem — e viver no novo caminho, o cami nho que o meu sangue
abriu para voceê .
— Larry, saia da caverna, estaó na hora!

Tempo para viver


Alguns meses mais tarde passei uma noite agradaó vel com um amigo íóntimo. Ficamos treê s
horas em meu quarto de hotel, com ele afundado numa cadeira com os peó s pousados numa das
camas geê meas e eu esticado na outra.
Ele me convidou a entrar em sua caverna pessoal. Seu espaço escuro tinha algumas laê mpadas,
fornecendo claridade suficiente para ver beê nçaã os consideraó veis em sua vida. A desilusaã o, no
entanto, fizera o seu trabalho. Ele perdera toda a esperança de que a vida pudesse consistir de
beê nçaã os suficientes para dar-lhe a verdadeira alegria. Descobrira o seu desejo por Deus. Mas,
como Laó zaro, as mortalhas ainda o retinham. Temia a reprovaçaã o do pai, lutava com sentimentos
de baixa auto-estima, seu ministeó rio parecia fuó til. Sua jornada espiritual o colocara numa
verdadeira montanha-russa de incríóveis aclives e devastadores declives.
Enquanto ele falava, senti que me achegava a Deus, mais aos percalços de um caminhar
dificultoso - fiquei tropeçando em minhas mortalhas. Mas, ia para ele. Era o que mais queria
fazer.
Pude ver o coraçaã o de meu amigo explodindo. A vida em seu interior forçava a saíóda. Sentei-
me na cama. Inclinei-me para a frente. Com laó grimas de esperança correndo pelos meus olhos, eu
disse: — EÉ chegado o momento de noó s dois e de muitos outros ao redor do mundo, sedentos de
conhecer a Deus, de viver a vida que nos foi dada. Estaó na hora de viver no novo caminho!
Repito isso hoje. Estaó na hora de viver no novo caminho do Espíó rito, de deixar para traó s o
antigo caminho do coó digo escrito.
Haó , poreó m, um problema: Continuo gostando do antigo caminho. Quero que minha vida
funcione. E posso fazeê -la funcionar, naã o de modo perfeito e duradouro, mas tenho os recursos
necessaó rios para conseguir algumas satisfaçoã es e evitar certas dificuldades. Mesmo quando elas
se tornam inevitaó veis, haó certas coisas que posso fazer que trazem alíóvio. Por exemplo, enganar-
me que naã o eó assim, mas no geral essa eó a minha prioridade.
E nada parece errado. O antigo caminho parece razoaó vel, normal e ateó bom. As chamas da
boca do dragaã o estaã o reduzindo minha alma a cinzas e me achego a elas como um homem
cansado que senta diante da lareira numa manhaã fria de inverno.
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Naã o enxergo o perigo. Naã o reconheço o mal do antigo caminho. Mas, devo. Naã o se deve deixar
um dragaã o vivo fora dos nossos caó lculos se ele mora nas vizinhanças.

O QUE HÁ DE TÃO ERRADO COM O QUE QUEREMOS?


O que torna errado o antigo caminho? EÉ realmente mau viver para as beê nçaã os disponíóveis neste
mundo? Ou, para alguns desafortunados, eó simplesmente frustrante?
Como algueó m pode afirmar seriamente que esforçar-se ao maó ximo para tornar este mundo
um lugar melhor para viver eó imoral, especialmente se fizermos isso do modo "cristaã o", se naã o
nos aproveitarmos injustamente de outros e resistirmos aà seduçaã o dos prazeres ilegíótimos?
Suponhamos que nosso objetivo seja o significado espiritual e enchamos nossos dias com
atividades de ministeó rio, seguindo cuidadosa e seriamente nossos princíópios bíóblicos o melhor
que pudermos? Podemos corromper a busca por satisfaçaã o numa procura egoíósta — e isso seria
errado — mas, se confiarmos em Cristo para suprir nossa vida com aventura, realizaçaã o e senso
de comunidade naã o estaremos andando por um bom caminho? Naã o somos entaã o seus
discíópulos?

Um Salvador do sofrimento e não do pecado


O dragaã o pode parecer uma pomba. Ele pode encorajar-nos a odiar filmes obscenos, aborto e
estupro, a nunca perder o culto e a simpatizar com os amigos que estaã o sofrendo, enquanto todo
o tempo nosso compromisso com uma vida melhor, como quer que a definamos, ocupa o
primeiro lugar em nosso coraçaã o. A uó nica mensagem firme que vem do mundo, da carne e do
diabo eó esta: Procure a sua maior satisfação em qualquer outro lugar, menos em Deus.
Jesus veio aà terra para dizer-nos que ele eó o caminho, e a verdade, e a vida. Sua morre abriu o
caminho para a presença de Deus, a maior beê nçaã o de todas. Seus ensinamentos tornaram clara a
verdade de que a vida naã o consiste numa volta aos confortos do Eden nem na entrada das
beê nçaã os do ceó u. A vida verdadeira eó conhecer a Deus. Jesus afirmou isso. 29 E a vida eó o proó prio
Cristo, naã o o paã o que poê de multiplicar ou o cadaó ver que ressuscitou, mas ele mesmo. Estar nele,
teê -lo em noó s, viver com a sua energia, buscar seus propoó sitos, amar o que ele ama, veê -lo formar-
se em noó s ateó que sejamos realmente como ele — isso eó vida. Ela pode ser desfrutada tanto no
infortuó nio quanto na riqueza, num leito de hospital ou numa cadeira de conveó s num cruzeiro, ou
quando se deixa um tribunal de divoó rcio no qual nunca pensou que estaria ou numa festa-
surpresa celebrando cinquü enta anos de seu maravilhoso casamento.
Quando vivemos no antigo caminho, naã o acreditamos no que Jesus disse. Anne Graham Lotz
naã o estaó cometendo esse erro. Eu ouvi uma fita dela onde recapitulou algumas dificuldades em
sua vida, depois disse: "Naã o me deê em simpatia. Naã o me deê em conselhos. Nem sequer me deê em
um milagre. Dêem-me apenas Jesus!"
O antigo caminho veê as coisas de modo diferente. O dragaã o sugere pensativamente: — Voceê
quer realmente Jesus. EÉ ele que pode restaurar seu casamento, proporcionar grandes ideó ias que
realmente funcionam sobre como criar seus filhos, e fazer progredir o seu ministeó rio. Jesus
ensina princíópios pelos quais viver, ele oferece meó todos para seguir que lhe daraã o a vida que
deseja. O que deve fazer para ser salvo de uma vida insatisfatoó ria e relacionamentos tensos? O
que deve fazer para ser salvo da perseguiçaã o e dos problemas? Ele lhe diraó . Vaó ateó ele para
descobrir o que deve fazer para que a sua vida funcione!
Estou aprendendo a distinguir entre a voz do dragaã o e a do Espíó rito. O dragaã o tira minha
atençaã o da pessoa de Cristo como fonte da alegria mais profunda para as beê nçaã os da vida como o
que realmente preciso para ser feliz. Se essas beê nçaã os soó podem ser obtidas mediante pecado
evidente, oó timo; se viver uma vida cristaã positiva manteó m a vida operante, isso tambeó m eó oó timo.
O dragaã o naã o se importa, contanto que eu busque a vida melhor de beê nçaã os. Depois de ouvir esse
dragaã o de treê s cabeças por algum tempo, tento ver Cristo como um salvador do sofrimento e naã o
do pecado; um benfeitor responsaó vel e naã o um Senhor Santo. O Espíórito sempre aponta para o
Cristo da Bíóblia, aquele que naã o oferece garantias de que meu casamento vai sobreviver, que as
notíócias da bioó psia vaã o ser boas, ou que naã o vou perder o emprego. O Espíórito expoã e um
problema em minha alma pior do que o meu sofrimento, depois revela o Deus da graça. Ele me
diz que posso conhecer esse Deus; posso conhecer o seu coraçaã o, descansar em seu poder e
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esperar nos seus propoó sitos. Posso ver tudo isso em Cristo. Ele continua incentivando meu
coraçaã o para dizer: — Deê -me apenas Jesus!
Gosto, poreó m, das palavras do dragaã o. Quero ter uma vida funcional. Alegro-me quando isso
acontece. Odeio quando se daó o contraó rio.
Soó quando meus sonhos se despedaçam, e entaã o apenas por um momento, sinto aà s vezes o
desejo de me achegar ao Deus que sei que eó mais forte do que meu desejo de beê nçaã os
restauradas. Soó durante tempos especialmente intensos com Deus — raros em sua frequü eê ncia e
de curta duraçaã o - anseio mais por ele do que pelas suas beê nçaã os.
Escrevi seis capíótulos neste livro. Meu prazo estaó rapidamente se esgotando. Prefiro conheceê -
lo melhor ou desejo que ele me habilite a escrever os uó ltimos capíótulos a tempo?
Digo que a pressaã o acabou. Seraó que sei do que estou falando? Algueó m sabe? Estou
descrevendo um estilo de vida impossíóvel de ser vivido por algueó m? Estou saindo de minha
habitaçaã o coletiva para o sujo cortiço que todos chamamos de lar e falando de um refuó gio que
jamais gozaremos? Talvez fosse melhor pegar uma mangueira e limpar a rua, tratar de melhorar
nosso casamento, tornar nossos filhos mais responsaó veis, nossas amizades mais íóntimas, nossos
ministeó rios mais eficazes e nossos corpos mais esbeltos e saudaó veis.
Em vez disso, estou escrevendo um livro sobre como viver para a melhor esperança de me
achegar a Deus, sobre como viver naã o para tornar melhor a nossa vida mas para agradaó -lo e
revelaó -lo aos outros. Seraó que tenho ideó ia do significado disso? E possíóvel que deê realmente valor
ao que Cristo pode fazer por mim nesta vida mais do que valorizo a oportunidade de conheceê -lo
melhor. Seraó que jaó obtive mais prazer passando tempo com ele do que viajando de feó rias com
minha mulher, observando meus filhos estarem em boa situaçaã o ou carregando os meus netos?
Haó realmente mais alegria em conhecer Cristo do que ficar de peó diante de grandes multidoã es,
ver coisas boas acontecerem e ganhar dinheiro aleó m disso?
EÉ sobre isso que estou escrevendo. Estou em aó guas profundas, naã o tenho certeza de que sei
nadar.
Este capíótulo estaó difíócil de ser escrito. EÉ a minha quinta tentativa. Joguei fora mais de
cinquü enta paó ginas de rabiscos que pareciam importantes quando os escrevi. E estou
reescrevendo agora o que pensei que fosse a versaã o final.
Comecei este livro declarando que haó mais coisas aà nossa espera em Jesus Cristo do que
ousamos imaginar. Deixar tudo para conheceê -lo melhor eó realmente bom para noó s. Creio nisso?
Quando escrevi essa sentença introdutoó ria, a paixaã o fluíóa de mim. Seraó que desapareceu?
Naã o devo tentar recuperaó -la. Esse seria o antigo caminho. Devo, pelo contraó rio, buscar a Jesus.
Devo achegar-me a Deus.
EÉ uó til saber que isso pode ser feito, que o caminho para Deus foi aberto, que os recursos
necessaó rios para a viagem foram previstos e que o Espíórito pode agitar as aó guas que nos levaraã o
para a presença de Deus, como uma fonte carrega uma folha. EÉ bom tambeó m nos convercermos
de que qualquer outra prioridade eó maligna. Vamos falar mais sobre dois pontos - que o novo
caminho pode ser e foi palmilhado e que o antigo caminho eó mau.

Temos mais à nossa disposição do que ousamos imaginar


Primeiro, algumas lembranças de que o novo caminho foi palmilhado. Pascal, cujas sentenças
fragmentadas de eê xtase estaã o nas linhas de abertura deste livro, eó apenas um da grande nuvem
de testemunhas da verdade de que a realidade sobrenatural pode entrar em nossas vidas e jorrar
de nossas almas, e que algumas vezes faz realmente isso! Joaã o eó outra.
Era um domingo, haó cerca de dois mil anos. Quando Joaã o escreveu sobre o acontecido, ele nos
conta que foi "em espíórito"30 - indicando, segundo penso, que uma sensaçaã o de expectativa o
dominou, provavelmente depois de muitos dias desesperados esperando em Deus para
encontraó -lo na rocha que chamava de lar. O apoó stolo era um homem velho, vivendo preso em
uma ilha deserta, exilado ali pelo crime de pregar os ensinamentos de Jesus, comendo mal,
dormindo sem conforto, trabalhando arduamente, como nem um rapaz de vinte anos suportaria,
sabendo que o grupo de discíópulos se fora (a maioria deles martirizada), e desanimado pela
condiçaã o espiritual de vaó rias igrejas locais.
Se tivesse seguido a Cristo na esperança de uma vida melhor, estaria aà quela altura
dolorosamente desiludido. Mas, entaã o, Cristo apareceu a ele. Note-se, poreó m, o que naã o
aconteceu nessa ocasiaã o. Cristo naã o levou um colchaã o para Joaã o. Naã o poê s uma mesa com iguarias
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finas. Naã o tirou Joaã o magicamente de Patmos e o colocou no continente para dirigir seminaó rios
em Sardes e Laodiceó ia.
O que aconteceu realmente foi muito melhor. O Espíórito revelou Jesus Cristo. Posso ouvir Joaã o
dizendo: — Minha vida eó triste, mas naã o peço simpatia, nem ajuda, nem um milagre. Apenas deê -
me Jesus! — E foi isso que o Espíórito deu. E uma oraçaã o a que Deus quase sempre responde.
O Jesus que Joaã o encontrou naquele dia naã o apareceu como o marceneiro amaó vel, o professor
bondoso, o bom amigo que certa vez convidara Joaã o para inclinar-se sobre o seu peito depois do
jantar. Ouça Joaã o descrever o Jesus que viu naquele dia:
A sua cabeça e cabelos eram brancos como alva laã , como neve; os olhos, como chama de
fogo; os peó s, semelhantes ao bronze polido, como que refinado numa fornalha; a voz, como
voz de muitas aó guas.
Tinha na maã o direita sete estrelas, e da boca saíóa-lhe uma afiada espada de dois gumes. O
seu rosto brilhava como o sol na sua força.31
Naã o eó de admirar que quando Joaã o o viu, caiu a seus peó s como morto. Naã o lhe ocorreu nem
por um momento dizer: 31 — Pode tirar-me desta rocha? Eu gostaria muito de uma xíócara de cafeó
quente. Este lugar terríóvel estaó muito frio.
Jesus Cristo estaó mais ao nosso dispor do que ousamos imaginar. Haó mais em Jesus Cristo do
que jamais sonhamos. Experimentamos taã o pouco dele quando nos aproximamos da sua pessoa
soó para pedir. Saboreamos taã o pouco do respeito que silencia a boca, interrompe as queixas,
aprofunda o desejo criado pela sua presença quando pensamos mais sobre os nossos problemas
e como resolveê -los do que sobre encontrar-nos com ele. Experimentamos taã o pouco da alegria
que nos sustenta no sofrimento e da esperança que nos serve de aê ncora em meio aos sonhos
estilhaçados quando vamos a ele procurando um caminho que nos leve para longe das
dificuldades em vez do caminho para a sua presença.
Em suas expressoã es imprevisíóveis de misericoó rdia, o Espíórito nos daó vislumbres de Cristo que
nos enchem de realidade sobrenatural e fazem brilhar uma luz na entrada do novo caminho.
Levei recentemente meu filho mais moço ao aeroporto. Enquanto nos despedíóa mos, ele me
entregou um cartaã o do dia dos pais. Antes de ir embora, li as palavras pessoais que escrevera.
Elas vieram do Espíórito de Deus trabalhando em meu filho para a minha alma aó rida, para um
coraçaã o mais sensíóvel aà auseê ncia de Deus do que aà sua presença.
Elas saã o pessoais demais para compartilhar. Senti-me tocado em pontos profundos enquanto
voltava para casa. Dentro de minutos estava chorando, por alguma razaã o visualizando meus
uó ltimos momentos na terra antes de ver Jesus. Minha famíólia me rodeava. Senti amor
indescritíóvel enquanto olhava para eles, grato, aleó m das palavras, por cada um. Depois disse a
ele: — Deus me deu voceê s, e agora estou prestes a veê -lo. Vou ver Jesus. Vou vê-lo. Em breve
estaraã o comigo, contemplando a ELE! Alegria aleó m da alegria. Plenitude de alegria. Morro feliz.
O momento entaã o passou. Meus olhos secaram e segui para casa. Paguei algumas contas,
molhei as plantas e respondi a alguns telefonemas. Mas o momento foi real!
Jesus Cristo estaó ao nosso dispor mais do que ousamos imaginar. Aceitamos taã o menos.
Deleitamo-nos taã o pouco nele. Por queê ?
EÉ porque naã o vivemos como deveríóamos? Se nossa falha em corresponder aos padroã es
divinos eó a causa de nossa experieê ncia pobre de Jesus, naã o haó esperança. Jamais
corresponderemos, nem por um minuto, e nunca faremos isso ateó estarmos em casa.

Um insulto a Deus
Esse naã o eó , no entanto, o problema central. Vou abordar agora o meu segundo ponto. O
obstaó culo central para a vida de Jesus fluir em noó s e jorrar de noó s eó este: Queremos mais outra
coisa. E isso eó perverso. Queremos as beê nçaã os de uma vida melhor mais do que desejamos nos
achegar a Jesus. Noó s nos aproximamos dele como uma criança se achega a um Papai Noel no
shopping, que pergunta pela centeó sima vez: — O que voceê quer no Natal? Aposto que nenhuma
criança jamais se apertou no peito de Papai Noel, olhou em seus olhos e disse: — Voceê ! Eu quero
soó voceê ! —Nenhuma criança acredita que Papai Noel ao jantar com ela poderia alegraó -la mais do
que quando empilha presentes debaixo da aó rvore. Nosso problema eó incredulidade no que pode
ser chamado de seu "Plano Emanuel", a obsessaã o inflexíóvel que ele tem de formar uma famíólia
para reunir-se aà sua mesa de jantar, com ele na cabeceira, e cada um de noó s vibrando de alegria
por estar presente.
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Deus estaó decidido a formar uma comunidade em que ele seja o nosso Deus e noó s, o seu povo.
Esse tem sido o seu plano desde o EÉ den. Quando vamos em direçaã o diferente, somos como o filho
proó digo dizendo ao pai: — Pouco me importa estar com voceê . Soó quero a sua riqueza. Pode
morrer no que me concerne. Apenas dê-me a minha herança.
Esse eó o antigo caminho. Ele naã o eó apenas insensato. EÉ perverso.
EÉ insensato porque a vida nunca funcionaraó suficientemente bem para criar a alegria que
desejamos. Deus providencia isso. Quando Adaã o e Eva foram expulsos do paraíóso, Deus preparou
o mundo para certificar-se de que nunca teríóamos uma base razoaó vel para nos estabelecermos
nas alegrias que a vida neste planeta confere. O mato cresce em todo jardim. Toda vez que
tentamos removeê -lo, um espinho pica nosso dedo. Os relacionamentos nunca alcançam a plena
alegria da completa intimidade. A competiçaã o egoceê ntrica barra o caminho. Todo nosso esforço
para a harmonia eó prejudicado pela nossa atitude: "Estou magoado, voceê falhou", e nosso foco
estaó voltado para o que o outro pode fazer para satisfazer nossos desejos.
Naã o conseguimos agir como devemos. Naã o conseguimos ter uma vida funcional; isso nunca
aconteceraó ateó o ceó u. Todavia, como cavadores de poços, passando por um poço jaó cavado e
forçando nossas paó s na terra seca, tentamos descobrir o que podemos fazer para encontrar a
aó gua desejada. A maioria de nossas oraçoã es consiste de um pedido para que Deus guie nossas
paó s para onde as fontes se escondem por baixo da terra endurecida.
Certo dia, Jesus dirigiu-se a um grupo de cavadores de poços. — Voceê s estaã o com sede. Sabem
disso. Mas naã o sabem que estaã o com sede de mim! Venham ateó mim. Deixem as paó s. O poço jaó foi
cavado. Venham beber a aó gua que eu dou. Venham aà minha mesa. Comam o que eó bom. Deixem
suas almas se deleitarem no melhor dos alimentos. Naã o haó alimento mais rico do que o
relacionamento comigo. Estou aà disposiçaã o. Venham! 32
Todavia, continuamos no antigo caminho, dando mais valor aà vida melhor que Jesus pode dar-
nos do que aà esperança melhor de conheceê -lo bem. Isso eó inuó til e perverso. Noó s o tratamos com
desprezo, rejeitando seu convite para nos achegarmos a ele, e tentamos, em vez disso, esforçar-
nos para seguir os princíópios que julgamos nos traraã o as beê nçaã os desejadas.
Podemos encontrar Jesus. Isso jaó aconteceu antes. E a esperança desse encontro supera de
muito a esperança de uma vida melhor neste mundo. Essa eó a primeira coisa que devemos saber.
Viver para uma vida melhor neste mundo, com mais energia do que perseguimos um
relacionamento mais profundo com Jesus eó perverso. Esta eó a segunda coisa que devemos saber.
EÉ um insulto a Deus. Ele nos daó o melhor que o ceó u pode oferecer, e pedimos outra coisa.

Uma paz diferente


Cada um de noó s estaó palmilhando seja o antigo caminho ou o novo.
Um dos principais seguidores de Cristo, Agostinho, disse a mesma coisa. Agostinho sabia o
que era viver por uma vida melhor. Ele conhecia tambeó m o vazio da alma que naã o podia ser
satisfeito com nada e ningueó m senaã o Deus. Esse vazio o levou a uma atividade sexual que naã o
conseguia controlar. Soó depois de um encontro com Jesus e de começar a busca da melhor
esperança de intimidade com Deus eó que descobriu uma alegria preferíóvel ao prazer sexual. Naã o
existe qualquer outra cura real para qualquer víócio.
Ele escreveu mais tarde sobre duas cidades que juntas afirmam que toda pessoa viva habita
nelas, seja numa ou noutra: "Uma das cidades eó a dos homens que vivem segundo a carne. A
outra eó a dos que vivem segundo o Espíórito. Cada uma escolhe seu proó prio tipo de paz e, quando
conseguem o que desejam, vive na paz de sua proó pria escolha". 33
Haó uma paz dada pelo mundo. EÉ a tranquü ilidade de uma vida que funciona razoavelmente
bem — relacionamentos decentes, sauó de adequada, recursos suficientes para gozar a vida,
trabalho significativo. Os cidadaã os da cidade do homem seguem os princíópios baó sicos deste
mundo a fim de alcançar sua meta e, ao alcançaó -la, gozam de certa paz por algum tempo. Essa
espeó cie de paz, poreó m, nunca sobrevive aà morte.
Jesus oferece uma paz diferente. "A minha paz vos dou; naã o vo-la dou como a daó o mundo". 34 A
paz de Jesus naã o depende de beê nçaã os merecidas. Depende inteiramente da uó nica beê nçaã o
suprema que ele garante a todos os seus seguidores: a oportunidade de nos achegarmos a ele, de
estar com noó s, mesmo quando sua auseê ncia eó tudo que sentimos, depender dele para fazer boa
obra em noó s, mesmo quando tudo que acontece parece mau.
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Um amigo descreveu ainda ontem o inferno que ele e a mulher suportaram com seu filho
rebelde. — Isso quase nos destruiu. Naã o sabíóamos o que estava havendo com ele, nem conosco;
naã o tíónhamos ideó ia do que fazer. — Faltava-lhe a paz que o mundo daó .
Ele foi aà sua procura. — Lemos uma porçaã o de livros, conversamos com as pessoas mais
saó bias que conhecíóamos e oramos. E como oramos! Suplicamos a Deus que nos dissesse o que
fazer, que nos desse sabedoria, que nos mostrasse como chegar ateó nosso filho. Naã o
conseguíóamos. Nenhuma tentativa dava certo.
Esse eó o antigo caminho — discernir quais os princíópios a seguir que traraã o as beê nçaã os que
desejamos, depois colocaó -las em praó tica da melhor forma possíóvel, depois orar, confiando em
Deus para honrar nossa obedieê ncia, tornando nossas vidas mais funcionais. De todo o coraçaã o,
alma, mente e forças, acerte as coisas para que a vida funcione. Deseje a paz disponíóvel neste
mundo.
— Naã o adiantou —, confessou meu amigo. — Ficamos cada vez mais confusos. Naã o sabíóamos
o que fazer. Naã o conseguíóamos entender a rebeldia de nosso filho. A pressaã o, a culpa e a
frustraçaã o eram insuportaó veis. Quase destruíóram nosso relacionamento. Entaã o desistimos.
Deus preparou o mundo para que nossos melhores esforços de jardinagem nunca pudessem
livrar-se de todas as ervas daninhas. O anjo com a espada flamejante impediu aqueles pais de
voltarem ao EÉ den. Ele impede a todos noó s.
— Finalmente, deixamos de ser bons pais que podiam endireitar os filhos. —Os sonhos
despedaçados criaram um sofrimento insoluó vel que os ajudou a abandonar o antigo caminho.
— Decidimos que a uó nica coisa a fazer era nos agarrar a Deus, conheceê -lo melhor, ver o que
nos estava separando da verdadeira adoraçaã o, e descansar na sua soberania. Soó o Espíórito pode
alcançar nosso filho, e naã o podemos controlaó -lo. Nosso filho ainda parte nossos coraçoã es de
algumas formas, mas estamos menos envolvidos em mudar seja nossa tristeza ou a sua rebeliaã o.
A pressaã o acabou. Pelo menos diminuiu. O conflito de poder para tornar nosso filho melhor eó
muito menos intenso. Penso que nos tornamos em pais mais saó bios. Com certeza mais relaxados.
E nosso filho estaó mostrando alguma evoluçaã o. Somos sinceramente gratos. Noó s o amamos, mas
endireitaó -lo naã o eó mais a nossa meta. Continua sendo certamente um desejo, bastante forte, mas
naã o eó o nosso alvo.
Meu amigo estaó descobrindo o novo caminho. Ele descobriu o seu desejo por Deus e estaó
vivendo para a esperança melhor de achegar-se a Jesus em vez da vida melhor de cuidar de seu
filho para levaó -lo aà maturidade responsaó vel.
O antigo caminho eó perverso, como Agostinho nos lembra: "Quando o homem vive 'de acordo
com os homens' e naã o 'de acordo com Deus', se compara ao diabo."35
Mas, a pressaã o cessou; o novo caminho estaó disponíóvel. "Vinde a mim, todos os que estais
cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei".36
ENGANO ESPETACULAR
Nunca somos mais enganados do que quando pensamos que estamos vivendo para Deus, mas na
verdade vivemos para as suas beê nçaã os. Quando nos persuadimos de que nosso dever eó orar ade -
quadamente, viver moralmente e amar significativamente, e a vontade de Deus eó nos
recompensar com as beê nçaã os que mais desejamos, estamos enganados. Temos uma visaã o carnal
da vida cristaã . Vivemos separados da graça.
C.H. Spurgeon, o grande pregador ingleê s, sofreu durante toda a sua vida adulta de artrite e
gota dolorosas, assim como de depressaã o. Ele pastoreava a maior igreja de seu tempo, seus livros
eram best-sellers, e era aclamado como orador poderoso. Como justificar a mescla de provaçoã es e
beê nçaã os em sua vida?
Como justificamos a mistura surpreendente de provaçoã es e beê n çaã os na nossa vida? Spurgeon
fazia algumas coisas certas para ter direito a um grande ministeó rio mas faltavam-lhe alguns
outros requisitos que o deixavam doente?
Deus proveê beê nçaã os de ministeó rio, se orarmos apropriadamente, mas permite maó sauó de, se
tivermos ressentimento de algueó m? Como tudo isso funciona exatamente? A pergunta eó muito
importante se estivermos decididos a fazer arranjos para as beê nçaã os que mais desejamos e
evitar as provaçoã es que mais tememos.

Nenhuma outra bênção é garantida


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Haó ordem no mundo. Em muitas aó reas da vida, o que fazemos determina ou pelo menos
influencia o que nos acontece a seguir. Olhe para cima enquanto estiver andando e talvez tropece
no meio-fio. A reaçaã o apropriada eó naã o ficar olhando para cima e orar por proteçaã o. O correto eó
olhar para onde vai enquanto ora. Coloque combustíóvel em seu carro se quiser que ele ande. Soó
os fanaó ticos religiosos viram a chave da igniçaã o no carro com o tanque vazio e, por estarem indo
para a igreja, esperam que o carro deê a partida. Deus poderia fazer o carro mover-se, mas
raramente o faz.
E as beê nçaã os e provaçoã es sobre as quais naã o temos controle evidente, influeê ncia clara? Os
maridos continuam fieó is para as mulheres maravilhosas? A resposta eó sim, mas nem sempre. A
relaçaã o entre esposa quase-perfeita e a fidelidade do coê njuge naã o eó linear.
Os ministeó rios saã o abençoados se orarmos, mas se extinguem se naã o fizermos isso? No geral,
sim. Sempre, naã o. Quando as coisas daã o errado, devemos supor que naã o oramos devida ou
suficientemente? Certa oraçaã o sempre funciona? Essa eó a suposiçaã o do antigo caminho.
Embora alcance níóveis mais profundos de quebrantamento ao dizer isto, eó preciso que o diga:
Sempre que nos concentramos nas bênçãos que queremos, mesmo que sejam bênçãos de valor, e
estudamos o cristianismo para compreender como alcançar essas bênçãos, estamos semeando para
a carne. Estamos vivendo segundo o antigo caminho.
Falamos com frequü eê ncia do favor de Deus. E eó necessaó rio. EÉ uma beê nçaã o espleê ndida. Um
pastor amigo contou-me recentemente como Deus favorecera a sua igreja na comunidade. Eles
haviam sido diligentes em tratar bem os vizinhos. Deus abençoara. E eu me alegrei.
Mas, naã o me alegraria se esse pastor escrevesse agora um livro intitulado: Como Sua Igreja
Pode Ganhar o Favor de Deus! É possíóvel que as vendas fossem boas. Somos taã o facilmente
desviados de Cristo para uma beê nçaã o aà qual damos grande valor e a uma foó rmula que a
introduza em nossas vidas.
Compreenda isto: A carne sempre dá mais valor a alguma coisa do que a Cristo. Naã o precisa ser
pornografia; pode ser uma famíólia de sucesso ou uma igreja em crescimento. Mas, o Espíórito
indica um tesouro maior. Ele sempre mostra Cristo. A batalha entre afetos em competiçaã o define a
guerra entre a carne e o Espíórito. Qual tesouro seraó nossa principal paixaã o? A que damos mais
valor?
O maior erro da igreja moderna talvez seja sua tendeê ncia irreconhecíóvel de encorajar o antigo
caminho de vida. Livros, sermoã es e seminaó rios apresentam uma beê nçaã o atraente, depois nos
dizem como obteê -la. — Deus quer abençoar voceê s —, ouvimos. — Vivam de modo que suas
beê nçaã os caiam sobre as suas vidas.
Estamos sendo enganados. A beê nçaã o suprema que Deus quer nos dar eó a si mesmo. Nenhuma
outra beê nçaã o eó garantida ateó o ceó u. As beê nçaã os que pedimos agora naã o saã o, no geral, aquelas que
nos conduzem a um encontro com um Deus capaz de destruir o nosso orgulho e nos manter
confiantes e alegres em um primeiro plano.
Este engano muito propagado tem consequü eê ncias. Vou listar quatro:
1. Gera confusão e pressão. Naã o fui um bom marido? Foi por isso que ela me deixou? Tentei
tanto ser um bom pai. O que fiz de errado? Fui severo demais? Permissivo demais? O que faço
para melhorar as coisas? Deus, por que naã o me diz o que fazer para que as coisas funcionem?
Prometo cumprir tudo! Qualquer coisa! BASTA ME DIZER!
2. Enfraquece nossa perspectiva de Deus. Se a vida cristaã trata de beê nçaã os, entaã o, quando
chegam as provaçoã es, concluíómos que naã o estamos vivendo de maneira correta ou que Deus naã o
estaó realmente no controle. Nesta situaçaã o, pelo menos, Satanaó s deve estar por cima.
Quando fiquei com caê ncer, disseram-me que era coisa do diabo e que deveria envolver-me
numa batalha espiritual contra Satanaó s pela minha sauó de. A linha de frente da guerra espiritual,
desse ponto de vista, naã o eó entregar-me a Deus em meio aà provaçaã o, mas alinhar-me ao lado dele
para derrotar o diabo. E a medida da vitoó ria eó a sauó de recuperada.
Creio que esse eó o antigo caminho. No novo caminho, resistimos aà exigeê ncia carnal de que a
beê nçaã o substitua a provaçaã o e seguimos em vez disso o Espíórito, aconteça o que acontecer, ateó
um encontro mais profundo com Deus. No novo caminho, lutamos contra a exigeê ncia de beê nçaã os
em nome do conhecimento de Deus.
No antigo caminho, lutamos contra as provaçoã es em nome das beê nçaã os. As nossas afeiçoã es
mais enganosas estaã o nesta vida. E, durante o processo, Deus e eu juntamos forças para derrotar
um inimigo comum. Minha vida reta liberta Deus para fazer o que ele de outra forma naã o poderia
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fazer, destruir as obras do diabo e nos devolver as beê nçaã os que Satanaó s removeu. Nossa visaã o da
soberania de Deus cai um ponto.
3. No antigo caminho, a humildade se torna uma técnica. Humilhamo-nos e nos aproximamos
de Deus na esperança de que ele se achegaraó a noó s; naã o para permitir que o encontremos, mas
com bênçãos nas maã os. A humildade se torna uma manobra. Chegamos com as maã os vazias, mas
com um dedo apontando. Deê -nos isso! A dependeê ncia cede o seu lugar para a metodologia.
Quando o meó todo funciona, nos sentimos muito satisfeitos com a nossa humildade.
Compartilhamos da gloó ria. Fizemos algo certo, neste caso, a humildade, e Deus abençoou. Que
equipe!
Quando vivemos sob o engano do antigo caminho, as consequü eê n cias destrutivas surgem de
muitas formas. Acabei de mencionar treê s delas:
Confusaã o e pressaã o
Um Deus pequeno
Orgulho
Haó mais uma consequü eê ncia que quero mencionar. Desenvolvemos uma visão errada dos
problemas psicológicos. A cultura terapeê utica, creio, eó construíóda sobre uma base defeituosa. Vou
passar o resto deste capíótulo sugerindo o que quero dizer. Acho que eó importante.
Debaixo do distúrbio psicológico
Eu aparentemente frequü entei a faculdade na idade meó dia. Durante meus cinco anos de
doutorado em psicologia clíónica, nunca me pediram para fazer um curso sobre distuó rbios da
alimentaçaã o. Penso que tambeó m naã o ofereciam esse curso. Algumas palestras num curso do
segundo ano sobre psicopatologia baó sica me familiarizaram com termos como anorexia e
bulimia, mas foi soó . Li o claó ssico de Hilde Bruche, The Golden Cage, e, depois de formado, sabia
pouco mais a respeito de anorexia do que a teoria de uma mulher.
Em meu segundo ano de praó tica privada, um meó dico amigo enviou-me uma cliente jovem, 17
anos penso eu, que estava sofrendo de uma perda de peso anormal. Peguei um exemplar do livro
Golden Cage da estante e folheei-o rapidamente para preparar-me. Comecei a entrevista
aparentando confiança. Naã o tinha uma pista sequer.
Nos primeiros minutos fiquei sabendo que ela estava cerca de 13kg abaixo do peso normal,
ela corria 64km todas as semanas e diminuíóa sua jaó fina cintura com 500 abdominais todos os
dias, e comia como um paó ssaro. A seguir, me disse, com os olhos fitos no chaã o e uma voz dura
como aço: — Sei que vai tentar fazer com que eu engorde. Mas ainda estou gorda. Naã o adianta
insistir.
Eu tinha 29 anos na eó poca. Aquele foi meu primeiro encontro direto com o enigma perigoso
chamado anorexia, com uma mulher magrinha e ríógida que insistia estar acima do peso e
decidida, contra qualquer pressaã o, a descartar-se de mais alguns quilos.
Depois de 40 minutos sem chegar a lugar algum, ainda sem uma pista sobre a causa de seu
distuó rbio, murmurei: — Na verdade acho que voceê tem de ganhar algum peso.
Naã o tinha ideó ia do que ia enfrentar. Seria o mesmo que dizer a meu filho de quatro anos: —
Tente naã o pecar mais.
O que me esperava?
Desde Sigmund Freud, os psicoó logos teê m geralmente concordado que algo deu errado no
desenvolvimento de um ser inocente. Toda criança quer sentir-se amada e valiosa, tendo algum
tipo de intuiçaã o sobre qual a beê nçaã o necessaó ria para satisfazer esses anseios. A experieê ncia
aguça o foco. Traumas penosos nos ensinam o que evitar, e encontros agradaó veis moldam a nossa
compreensaã o do que esperar e, se possíóvel, do que arranjar.
Dois problemas podem surgir. Se forem suficientemente graves, noó s os rotulamos de
patoloó gicos. Por causa de relacionamentos especialmente disfuncionais, vamos em busca de
alvos irreais — tais como naã o-rejeiçaã o, perfeiçaã o total, ou sentimentos constantes de prazer -ou
dependemos de estrateó gias ineficazes que nos levem aonde queremos ir. Ou ambos.
(Compreender os meó todos ineficazes para alcançar metas irreais eó agora um campo de estudo
em si. Noó s o chamamos de psicodinaê mica.)
Quando um terapeuta descobre um alvo irracional de algueó m no mundo real, e quando
reconhece que as tentativas de obter alíóvio interno dessa pessoa saã o custosas demais, o processo
de cura pode começar. O processo, quase sempre, envolve um esforço de ajudar algueó m a
10

comportar-se com maior eficaó cia a fim de experimentar maior satisfaçaã o mediante alguma
beê nçaã o disponíóvel nesta vida. EÉ o antigo caminho.
Tenho imaginado: A vida no antigo caminho poderia ter mais a ver com nossos problemas do
que suspeitamos? Nossa insisteê ncia em que esta vida oferece mais satisfaçaã o do que pode, e
nossa determinaçaã o de arranjar algum meio de obteê -la, estaã o por traó s do que chamamos
distuó rbio psicoloó gico?
"Porquanto, tendo conhecimento de Deus," disse Paulo, "naã o o glorificaram como Deus, nem
lhe deram graças; antes, se tornaram nulos em seus proó prios raciocíónios... Inculcando-se por
saó bios, tornaram-se loucos e mudaram a gloó ria do Deus incorruptíóvel" em outra coisa. "Por isso,
Deus entregou tais homens aà imundíócia, pelas concupisceê ncias de seu proó prio coraçaã o... os
entregou Deus a paixoã es infames... a uma disposiçaã o mental reprovaó vel, para praticarem coisas
inconvenientes, cheios de toda injustiça, malíócia, avareza e maldade."37
As pessoas vaã o em busca de uma fonte de satisfaçaã o primaó ria que naã o eó Deus. Elas naã o lhe daã o
valor acima de todos os outros tesouros. Esse eó o antigo caminho. Seus pensamentos se tornam
fuó teis. Suas vidas giram ao redor dos falsos deuses de filhos melhores, boa sauó de,
relacionamentos satisfatoó rios, ministeó rios eficazes — qualquer coisa menos Deus. Essa devoçaã o
a um deus menor liberta toda espeó cie de problemas. Regras egoíóstas. As fontes da natureza
humana ficam poluíódas. AÉ gua contaminada jorra.
Como algueó m que compra por engano uma roupa do tamanho errado, trocamos a gloó ria de
Deus por um traje que julgamos iraó ajustar-se um pouco melhor aà nossa alma. Afastamo-nos de
Deus e vamos atraó s de outras beê nçaã os.
O que fizemos pode ser simplesmente explicado:

Treê s resultados saã o possíóveis:


1. Podemos experimentar bênçãos suficientes para persuadir-nos de que estamos no caminho
certo. O modo de pensar do caminho antigo eó confirmado como certo. Estamos fazendo o que eó
necessaó rio e a vida estaó funcionando. Tornamo-nos seguidores bem-sucedidos da lei, judaizantes
modernos, fariseus felizes.
2. Uma mistura de bênçãos e provações pode manter-nos no jogo e abrir-nos para qualquer
método que torne a vida melhor. Tornamo-nos pragmatistas. Os principios bíóblicos saã o
distorcidos se descobrirmos vantagens pessoais na transigencia. Ou nos tornamos legalistas,
mais rigidamente resolvidos do que nunca a fazer o que eó certo para que a vida funcione. O
trabalho pode virar neurose, en-volvendo-nos em comportamentos estranhos que nos protegem
do sofrimento interno.
3. A vida pode tornarse tão difícil, e nossos esforços para melhorar as coisas podem parecer tão
fúteis, que desistimos. 'Entramos, entaã o, em depressaã o profunda, vida inconsciente, ou insanidade
— neurose grave, distuó rbio do caraó ter, ou psicose.

A luz que não vemos


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Com esses pensamentos em mente, leio outro versíóculo de Paulo e tremo:


"O deus deste seó culo cegou o entendimento dos increó dulos, para que lhes naã o resplandeça a
luz do evangelho da gloó ria de Cristo, o qual eó a imagem de Deus". 38
Os increó dulos naã o veê em a Cristo como seu maior tesouro. Nem a maioria dos cristãos. Vivemos
como cegos, perseguindo uma luz que podemos ver - a satisfaçaã o trazida pelas beê nçaã os - e naã o
dando valor aà luz que naã o podemos ver — a gloó ria de Cristo.
Poderia ser diferente. Poderíóamos viver de um novo modo. "Porque Deus, que disse: Das
trevas resplandeceraó a luz, ele mesmo resplandeceu em nosso coraçaã o, para iluminaçaã o do
conhecimento da gloó ria de Deus, na face de Cristo". 39
Deus naã o eó soó capaz de remover as remelas dos nossos olhos para que possamos contemplar
a beleza de Cristo. Ele jaó fez isso! Os cristaã os podem agora ver Cristo como seu maior tesouro.
Podemos viver no novo caminho. "E quando nos satisfazemos nele", diz John Piper, "estamos
crucificados para o mundo", 40 e para a carne. O diabo perde seu suporte em nossa vida. Podemos
aprender a exultar, naã o na expectativa de uma vida melhor de beê nçaã os, mas na esperança melhor
da "gloó ria de Deus".41
O trauma talvez naã o seja o verdadeiro culpado. Um "eu" traumatizado talvez naã o seja o
verdadeiro mal. Ouça Piper novamente:
Somos feitos para conhecer e entesourar a gloó ria de Deus acima de todas as coisas; quando
trocamos esse tesouro por imagens, tudo fica confuso. O sol da gloó ria de Deus foi feito para
brilhar no centro do sistema solar da nossa alma. Quando isso acontece, todos os planetas da
vida saã o mantidos em sua oó rbita apropriada. Mas, quando o sol eó deslocado, tudo desaparece. 42
No uó ltimo caó lculo havia mais de quatrocentos sites na Internet e salas de bate-papos disponíóveis
para ajudar os anoreó xicos a continuar magros, ajudaó -los a resistir aà pressaã o dos pais,
conselheiros e amigos para recuperar um peso saudaó vel. Os sites teê m nomes como Minha Amiga
Ana, Santuaó rio Proó -Ana, aNOreXIC Wanna B e Continuem Magras, Amigas. Um site declarou: "A
anorexia eó um estilo de vida ou uma amiga, naã o uma doença". Outro disse, "Proó -Ana: Junte-se a
noó s e torne-se PEREEITA!"
O que estaó acontecendo? Por que as garotas estaã o aos milhares procurando haó bitos alimentares
destrutivos e se apegando a eles como se fossem um pedaço de madeira num oceano
encapelado? Ouça Katybelle em um site da web:
— Sempre achei que estava sozinha e que ningueó m me entendia, portanto um dia resolvi
navegar na net, procurando algueó m que fosse como eu e pensasse como eu. 43
Outra escreveu:
— Para mim, a anorexia eó TUDO, eó a minha vida e tudo que quero e preciso... sim, PRECISO
disto. Ela se tornou uma parte taã o grande da minha vida... mas, certamente, naã o algo que apenas
decidi que queria... ela me daó o controle que necessito, me daó um sentimento de realizaçaã o que
naã o recebo de qualquer outra coisa, me faz feliz quando nada mais consegue isso.
Quando trabalhei com minha primeira cliente anoreó xica haó alguns anos, o que tinha de
enfrentar? Certamente tive de lutar com pais controladores, com o profundo ressentimento de
minha cliente por estar sendo despojada de qualquer senso de identidade separada, e com seu
profundo terror de que iria desaparecer na areia movediça de um mundo sufocante.
Poreó m, nenhuma dessas coisas, por mais terríóveis, obstinadas e penosas que fossem, achava-
se na raiz dos problemas daquela menina. Ela fora cegada pelo deus deste mundo. Naã o podia ver a
gloó ria de Deus na face de Cristo. Em sua mente, naã o havia nada pelo que viver, aleó m do controle
que a sua anorexia lhe dava. Era isso que eu tinha de enfrentar.
A anoreó xica grita: — Para mim, a anorexia eó tudo. — E noó s gritamos com ela: — Para noó s, uma
vida melhor eó tudo. — Pode naã o ser a sensaçaã o de poder que a anorexia oferece. Pode naã o ser o
prazer instantaê neo que a pornografia traz. Pode ser a onda de realizaçaã o de ver o bem que
nossos filhos nos daã o, ou a alegria silenciosa de entrar num carro confortaó vel que podemos
comprar, ou o prazer profundo de passar uma noite com um coê njuge muito amado, ou o
entusiasmo de um ministeó rio crescente.
Se algo aleó m de Cristo for a razaã o pela qual vivemos, se dependemos para nossa maior alegria
de algo aleó m de ver Cristo, se a vida melhor de beê nçaã os eó tudo para noó s, estamos entaã o vivendo
no antigo caminho.
A pressaã o entaã o estaó ligada. E ficamos vulneraó veis a problemas de todo tipo.
10

Mas, se vivemos segundo o novo caminho, a pressaã o acabou. Podemos ainda experimentar
vaó rias provaçoã es, mas nossas almas estaraã o em linha com o Plano Emanuel — Deus seraó o nosso
Deus e noó s seremos o seu povo.
Estaó na hora de sentir o vento do Espíórito de Emanuel.

T ERCEIRA PARTE :
V OCÊ SENTE O VENTO ?
O Novo Caminho: O Que é

POR TRÁS DE UMA PORTA MARCADA PARTICULAR

Uma revoluçaã o silenciosa estaó a caminho, e os que fazem parte dela naã o saã o, em sua grande
maioria, membros de igreja. Saã o decididamente descrentes. Naã o vivem para melhorar suas vidas,
quer fazendo boas obras, orando mais, ou se oferecendo para servir no comiteê de missoã es.
Eles naã o fazem tudo que podem para afastar-se do sofrimento. Vivem no meio dele. E vivem
assim com alegria.
Naã o saã o impelidos pelo seu desejo de sucesso, como quer que o definam. Querem sucesso,
mas naã o eó o seu íódolo, e teê m suficiente percepçaã o para saber quando eó .
Os revolucionaó rios do novo caminho compreendem o que os conformistas do antigo caminho
naã o conseguem. Eles sabem que carecer da gloó ria de Deus naã o consiste apenas de sua
impacieê ncia, murmuraçaã o, inveja ou concessoã es sexuais. Com um quebrantamento que varre
toda a confiança em seus recursos para fazer com que coisas boas aconteçam, eles compreendem
que carecer da gloó ria de Deus significa que "nenhum de noó s confiou nele e o valorizou como de-
víóamos. Temos procurado satisfaçaã o em outras coisas e as temos tratado como mais valiosas do
que Deus".44
Eles reconhecem o antigo caminho pelo que realmente eó , uma filosofia de vida e uma
abordagem aà vida que pensa que Deus deveria fazer com que as coisas andem suavemente e
pouco se importa que ele se revele a quem quer que seja.
Ver e saborear Jesus
Os cristaã os saã o de dois tipos: os que confiam em Jesus para levaó -los ao ceó u, ao mesmo tempo
que confiam nele para prover uma vida de beê nçaã os ateó que cheguem ali, e os que confiam em
Jesus para levaó -los ao ceó u e descobrir que o que desejam no momento eó "ver e saborear Jesus
Cristo".45 Estes estaã o na verdade dispostos a perder todas as beê nçaã os e sofrer qualquer
indignidade, se isso os levar a um relacionamento mais profundo com Jesus.
A segunda variedade de cristaã os — os revolucionaó rios do novo caminho - se decepcionou com
a abordagem do antigo caminho da vida. Problemas inesperados, que naã o podem ser traçados a
uma falha especíófica da sua parte, destroçaram seus sonhos de como suas vidas cristaã s viriam a
ser. Sofrimento sem sentido, do tipo que naã o teê m garantia de evitar no futuro, os confrontou com
uma escolha entre duas respostas:
1. Abandonar a Deus. De que ele adianta quando a vida desmorona? Era seu dever verificar
que isso naã o acontecesse. Ele falhou. EÉ uma mercearia com as prateleiras vazias, 46 que naã o atrai o
homem faminto. Se naã o estocar o que precisamos, ou se naã o tivermos dinheiro para pagar o seu
preço pelo que estaó disponíóvel, por que nos preocupar com ele? Para algueó m que acabou de
perder o emprego, que chora todas as noites de solidaã o sem alíóvio, cujos sonhos mais impor-
tantes foram despedaçados, um Deus que declara a sua benevoleê ncia naã o vale nada.
2. Abandonar-se a Deus, humilhar-se o suficiente para deixar de dizer o que ele deveria estar
fazendo em sua vida, comprometendo-se com o que quer que ele esteja fazendo, e crendo que eó
bom.47
Os cristaã os que vivem segundo o novo caminho naã o passam pela mercearia sem nada e vaã o
para um centro de convenieê ncia bem estocado ou a um restaurante fast-food. Eles entram na
mercearia, olham por um momento as prateleiras vazias, depois descem pelo corredor ateó uma
porta na qual estaó inscrita a mensagem de passagem particular e passam por ela corajosamente
10

na expectativa de encontrar do outro lado alimentos de melhor qualidade aos existentes do lado
de caó .
Quero apresentaó -lo a alguns desses revolucionaó rios do novo caminho:48
— No ano passado, meu casamento de 31 anos foi destruíódo por meu marido aduó ltero. Alguns
meses mais tarde, recebi um diagnoó stico de caê ncer de mama. Dois dos meus treê s filhos se
afastaram de Deus. E minha situaçaã o financeira eó grave.
— Mas Deus — esse eó o slogan dessas pessoas: Mas Deus — nunca foi taã o real para mim.
Encontrei um ponto de comunicaçaã o taã o completamente transparente com ele que naã o trocaria
por todo o alíóvio que o mundo pode oferecer. Tenho medo de novos sonhos destroçados, mas sei
agora que existe um caminho melhor, uma relaçaã o melhor do que qualquer outra imperfeita
neste mundo, um sonho mais elevado, um amor mais perfeito do que posso pedir ou imaginar, na
pessoa do meu Senhor Jesus.
Um segundo revolucionaó rio diz: — Tantos sonhos foram despedaçados nos uó ltimos seis anos
que eó difíócil contar. Todavia, haó algo novo - melhor — acontecendo no meu coraçaã o.
Ouça um terceiro, este querendo juntar-se aà revoluçaã o, mas sem saber como inscrever-se:
— Divorciei-me duas vezes e lutei terrivelmente durante anos. Procuro a comunidade
espiritual de que voceê fala em seus livros, 49 e quero a intimidade com Jesus que descreve. Estive
deprimida e estou lutando para superar o sofrimento, desapontamento e solidaã o. Deus tem sido
bastante silencioso.
— Minha comunidade quer que eu tome remeó dios, faça terapia, e/ ou encontre a esperança e
a paz que naã o sinto nas promessas de Deus. — Suspeito que a esperança e a paz que seus amigos
lhe desejam pertençam ao antigo caminho; querem que ela se sinta bem, mais do que conheça a
Deus. Ela confirma minhas suspeitas enquanto continua:
— Querem que me sinta melhor. Jaó tentei a maioria dessas coisas e tambeó m encontrar a
"felicidade" temporaó ria ou pelo menos o alíó vio da dor que o mundo oferece. NAÃ O QUERO MAIS
FAZER ISTO! Quero viver o novo caminho de que fala, mas naã o sei como.

Só a família além deste ponto


Dedico o restante deste livro para o nuó mero crescente de pessoas cuja jornada pela vida tem
sido profundamente decepcionante. Voceê talvez se sinta como Oswald Chambers quando disse:
— Se o que senti ateó agora eó tudo na vida cristaã , a coisa toda entaã o eó uma falsidade.
Sua vida naã o estaó funcionando, e voceê estaó perdendo a esperança de que isso jamais
aconteceraó . Estaó preocupado com o enfraquecimento da sua feó , com a perda de confiança em
Deus. Considere a possibilidade de sua feó e confiança, que desvanecem, precisarem enfraquecer
mais ainda, ateó desaparecer completamente; que a sua feó estaó nas promessas que Deus nunca
fez; que o deus no qual estaó perdendo a confiança eó um deus que naã o existe, um deus que naã o
poderia ser amoroso se lhe desse algo menor do que ele mesmo e esperasse que ficasse feliz com
isso.
Essa feó precisa terminar. O deus em quem colocou esse tipo de confiança naã o eó o Deus da
Bíóblia.
Mesmo quando as coisas vaã o bem, quando a feó mal direcionada e a confiança mal colocada
parecem vaó lidas, voceê sente na alma uma aê nsia por algo mais. Seu casamento e filhos, seus
amigos e igreja, a sauó de, o emprego e o ministeó rio, embora tenham sido, todos, muito bons, naã o o
satisfizeram. Voceê recebe as beê nçaã os que lhe saã o dadas como misericoó rdias de Deus e fica
agradecido. Alegra-se nelas, e assim deve ser. (Anedoê nia, a perda da capacidade de gozar com o
que daó prazer, eó uma evideê ncia de distuó rbio e naã o de maturidade, e certamente, naã o de
maturidade espiritual.) Mas, em meio ao prazer gozado, voceê naã o pode suprimir a pergunta:
"Isso eó tudo?". Estaó desiludido com o vazio das beê nçaã os.
De qualquer modo, quer mediante o vazio das beê nçaã os quer a anguó stia das provaçoã es, voceê
estaó decepcionado. A dor naã o vai embora. Algo estaó faltando, mas eó difíócil descobrir. A dor
continua e se aprofunda. Fantasias pornograó ficas, viagens dispendiosas, sobremesas deliciosas,
ministeó rio freneó tico, ou endurecimento cíónico, oferecem mais alíóvio do que a oraçaã o. Ou naã o
oferecem alíóvio, e voceê se sente miseraó vel.
Voceê quer um novo estilo de vida, mas naã o sabe bem qual eó , e naã o tem certeza de como viveê -
lo.
10

Convido-o a juntar-se a mim enquanto viajamos por uma vida profundamente decepcionante,
uma vida cheia de oportunidades para o prazer superficial e temporaó rio, e repleta de
experieê ncias imprevisíóveis de tristeza profunda e duradoura. Ande comigo pela mercearia da
existeê ncia neste planeta e note que haó apenas umas bolachas endurecidas nas prateleiras.
Vamos, poreó m, manter a cabeça erguida e os olhos voltados para a frente. Posso ver a porta
com a inscriçaã o de passagem particular. Por baixo dessa palavra proibitiva posso ver em letras
impressas: Só a família além deste ponto.
Vamo-nos lembrar de que o sangue de Jesus abriu um novo caminho, um caminho vivo - naã o
para um meó todo de fazer a vida funcionar, mas para a presença de Deus. 50 Naã o nos esqueçamos
de que Cristo morreu pelo pecado naã o para tornar nossa vida aqui agradaó vel, mas para nos levar
a Deus,51 e se nos achegarmos a ele, ele se achegaraó a noó s. 52
Haó um novo estilo de vida. Ele naã o aceita nada menos do que os melhores alimentos. Os
revolucionaó rios do novo caminho creê em que haó aó gua viva que realmente sacia a verdadeira sede.
Portanto, alegremente, deixam passar a oportunidade de engolir o xarope doce que os deixa mais
sedentos. O novo caminho reconhece que o corte de carne na geladeira do açougueiro eó alimento
que soó serve para caã es, comparado aà fatia que nos espera por traó s da porta que tem a inscriçaã o
advertindo ser entrada particular.

CHEGANDO SUJO E DANÇANDO

Comecei este livro sugerindo que cada um de noó s, em dado momento, estaó viajando por um dos
dois caminhos da vida: Ou estamos sob pressaã o para fazer alguma coisa certa, a fim de que a vida
funcione, ou estamos vivendo para a melhor esperança de conhecer Cristo. Um espíórito de
arrogaê ncia toma conta do primeiro caminho — pensamos que podemos fazer coisas certas o
suficiente para merecer que coisas boas aconteçam. A humildade caracteriza o segundo — tudo eó
sobre Cristo. Ele fez o que nunca poderíóamos ter feito.
No segundo caminho, o novo caminho, nos achegamos a ele como estamos, com completa
transpareê ncia. Embora naã o nos sintamos pressionados para ser melhores ou diferentes,
desejamos intensamente a santidade pessoal mais do que o alíóvio do sofrimento pessoal, e nos
sentimos quebrantados ao ver como estamos distantes dela. As laó grimas pelo nosso
egocentrismo e arrogaê ncia queimam mais em nossos olhos do que as que derramamos por causa
das provaçoã es.
Noó s nos aproximamos da cruz de maneira humilde, grata, confiante e ousada porque Deus iraó
achegar-se, naã o para destruir-nos, mas para abraçar-nos, transformar-nos (algumas vezes
penosamente) e nos usar para os seus propoó sitos. Mantemo-nos proó ximos e confiantes, mesmo
quando naã o temos um traço de evideê ncia de que ele estaó se movendo cordialmente em nossa
direçaã o ou que nossa santidade estaó aumentando significativamente. Continuamos a caminhar
em direçao aà luz, quando tudo que podemos ver eó escuridaã o, porque naã o temos para onde ir. Eis
a nossa dependeê ncia absoluta.

Uma paixão suprema


Quer viajemos pelo antigo ou pelo novo caminho, uma certa paixaã o abastece o nosso
movimento ao longo da estrada. Considere comigo o que eó essa paixaã o. Se examinarmos a fundo
o nosso coraçaã o e se fecharmos os olhos por tempo suficiente para tudo o mais, vamos descobrir
um motivo baó sico, um desejo supremo, um impulso constrangedor ao redor do qual nossa vida
gira. O que mais desejamos se torna o centro de nossas vidas. Como membros de tribo dançando
ao redor de um íódolo, nossos movimentos saã o todos orientados ao redor do objeto de nosso
desejo.
Vamos chamaó -la de paixaã o número um. Naã o eó a uó nica em nossas vidas, mas quando uma
escolha deve ser feita, dançamos ao redor da coisa que nos atrai mais. Todos somos leais
adoradores de algo. Deus soó faz uma pergunta: — Sou eu a sua suprema paixaã o ou eó outra coisa?
No antigo caminho, a paixaã o que governa surge de vaó rias formas, mas tem sempre como alvo
seu valor central - uma vida melhor agora! Algo precisa acontecer — alguma emoçaã o precisa ser
sentida, algum acreó scimo em nosso senso de valor pessoal deve ser experimentado, alguma
vibraçaã o deve deleitar-nos, alguma beê nçaã o deve ser concedida — antes, que a vida valha a pena
10

ser vivida. Uma mulher me disse depois que preguei sobre este assunto: — Por que devo
aproximar-me de Deus se ele naã o me deu o que eu queria? — Ela ainda naã o compreendera que o
que seu coraçaã o mais queria realmente era o proó prio Deus - e eó isso que ele anseia dar-lhe.
No novo caminho, as beê nçaã os saã o esperadas, a cura eó objeto de oraçaã o, famíólias felizes saã o
edificadas, sentimentos de maravilha e alegria em servir a Deus saã o universalmente esperados, e
quaisquer beê nçaã os que jorrem sobre noó s saã o alegremente comemoradas — embora nada,
absolutamente nada, seja exigido. A paixaã o por uma vida melhor, embora real e profunda e
sentida sem qualquer sentimento de vergonha, naã o estaó no centro. Uma vida melhor naã o eó o
ponto; ela naã o governa nossos atos; naã o eó a primeira paixaã o no coraçaã o de um revolucionaó rio do
novo caminho. Dançamos ao redor de um Deus diferente.
Os revolucionaó rios do novo caminho saã o geridos por uma paixaã o suprema, o anseio de Deus,
de encontraó -lo, de conheceê -lo, deleitar-se com ele e revelaó -lo aos outros. Naã o exigimos nada, mas
confiamos em Deus para o melhor que ele tem a dar. Mesmo em circunstaê ncias agradaó veis ou
difíóceis, por exemplo, quando um filho tenha acabado de anunciar que vai deixar a esposa para
viver com um homem ou a bancarrota prevista eó evitada por um bom negoó cio inesperado, a pai-
xaã o por Deus continua a imperar.
A satisfação desse desejo eó outra questaã o. Podemos desejar Deus, mas experimentar Deus naã o
eó uma realidade previsíóvel. Podemos arranjar condiçoã es favoraó veis para encontrar Deus, mas naã o
temos controle sobre a sua presença ou auseê ncia.
Os seguidores do novo caminho compreendem que saã o apenas iniciantes na Escola das
Delíócias Divinas.
Os revolucionaó rios do novo caminho aceitam seu lugar no jar-dim-de-infaê ncia; compreendem
que naã o sabem muito, mas teê m aê nsia de aprender. Saã o concentrados. Sabem o que procuram.
Meses no jardim-de-infaê ncia, ou anos, ensinam apenas um pouco do que significa encontrar o
Deus triuó no.
Algumas vezes conseguem ouvir algo, ver algo. O recreio eó suspenso. A oportunidade de ouvir
a voz de Cristo, de obter outro vislumbre da sua beleza, os manteó m nas cadeiras. A antecipaçaã o
envia arrepios pela sua espinha. Esse som e esse relance os enchem de alegria. Por um momento
apenas.
As distraçoã es os afastam. A criança ruidosa na carteira ao lado, talvez um membro do mesmo
grupo pequeno, lança um ataque ino-lensivo contra eles. Surge uma dor de cabeça. A vida na
escola fica difíócil. Como alunos lutando com a aritmeó tica, eles se esforçam cada vez mais; aà s
vezes, conseguem, aà s vezes, naã o. Quando fazem isso, passam para questoã es mais difíóceis, e o ciclo
continua.
Continuam em suas carteiras. Outro vislumbre talvez apareça!
No primeiro dia do primeiro ano, aprendem a descansar, naã o em tapetes trazidos de casa e
colocados no, chaã o frio da classe, mas no escritoó rio do Diretor. Chega o aviso: — O Diretor quer
veê -lo. — Paê nico! Coraçaã o saltando de terror! O que fiz de errado? O seguidor do novo caminho
reuó ne toda a sua coragem para andar pelo corredor e bater na porta com a inscriçaã o: Diretoria.
Uma voz se faz ouvir: — Entre. — Com o nariz escorrendo, rosto riscado de sujeira e roupas
rasgadas, o primeiranista entra.
— Voceê parece oó timo. Que bom veê -lo! — O Diretor abraça o aluno e começa a cantar, cheio de
emoçaã o por estarem juntos — Diretor e aluno. O aluno se olha no espelho pendurado na sala da
diretoria. Seu nariz estaó seco e seu rosto limpo, suas roupas saã o novas. Ele naã o tem ideó ia de como
isso aconteceu.

Como eu poderia amá-lo mais?


Os revolucionaó rios do novo caminho encontram Deus porque eó isso que eles mais desejam.
Eles constroem toda a sua esperança de encontrar Deus sobre a cruz, mais exatamente naquele
que ali morreu. Parece extremo, talvez pouco realista, mas os seguidores do novo caminho
querem conhecer Deus mais do que qualquer outra coisa. Crianças adoraó veis que os amam;
amigos íóntimos em quem podem confiar; louvor pelo que fazem; sucesso em relaçaã o aà famíólia,
emprego e ministeó rio; uma experieê ncia de aventura e prodíógio em sua vida — todos os desejos,
mas tudo paixoã es em segundo plano. Nenhuma beê n çaã o significa mais para essas pessoas do que
a beê nçaã o do encontro.
10

Para os seguidores do novo caminho, os empurroã es do Espíórito se tornam reconhecíóveis. O


vento espiritual estica suas velas. Descobrem o seu centro; abraçam a sua identidade como
espiritual, pessoas dirigidas pelo Espíórito; deixam de definir a si mesmos pelo seu reflexo nos
milhares de espelhos das expectativas de outros.
Quando falam, ouvem a si mesmos como ovelhas balindo. Soó entaã o podem distinguir a voz do
Pastor.
Com o passar do tempo, depois de tentativas embaraçosas e desajeitadas, começam a mover-
se segundo o ritmo do Espíórito. Sentem seu empurraã o da maneira como uma mulher sente a
direçaã o de seu parceiro de dança. Fixam os olhos em Cristo, como a mulher que dança fita com
adoraçaã o aquele em quem confia para estabelecer o passo. E eles se veê em dançando na direçaã o
de um trono cheio da gloó ria do mais puro amor. O Espíórito os faz ajoelhar. O Filho sobe os
degraus e fica ao lado do trono, aà direita. O Pai fala: — Bem-vindos aà minha presença. Venham
como uma criança e sentem-se no meu colo. —Alegria! Alegria! Alegria! Paz! Amor!
Contentamento inexprimíóvel! Um encontro com Deus! Uma prelibaçaã o do que viraó . Uma amostra
nunca antes saboreada pelos seguidores do antigo caminho.
Os seguidores do novo caminho dançam com Cristo ao ritmo do Espíórito ateó a presença de
Deus. Mas, eles naã o dançam especialmente bem. Algumas vezes tropeçam em seus passos.
Outras, perdem o ritmo e pisam nos dedos do Senhor.
Um bom amigo estava morrendo de caê ncer. Seus dias estavam contados, e ele sabia disso. Os
amigos tambeó m sabiam. Mas, soó ele podia sentir a agonia de suas dores fíósicas e a anguó stia de
sua alma de experimentar Deus em meio aà negativa de cura.
Deus podia curar o caê ncer. Se naã o fizesse isso, por que naã o aliviava a sua dor? Se ateó mesmo
essa beê nçaã o fosse recusada, ele iria entaã o certamente garantir uma sensaçaã o reconfortante da
sua presença.
Mas isso naã o aconteceu. Nada. A experieê ncia simplesmente naã o houve. Sua paixaã o nuó mero um
era Deus, mas ele se abandonara a um Deus que naã o conseguia encontrar. Suas esperanças
frustradas revelaram como era forte a sua paixaã o nuó mero dois. Ele queria uma vida melhor,
apenas uma migalha de beê nçaã o.
A que possíóvel propoó sito tal agonia intensa poderia servir? Com laó grimas amargas, pensando
que imitava Cristo, ele muitas vezes suplicou a Deus por algo. Se naã o a cura, pelo menos o alíóvio.
Se naã o o alíóvio, entaã o a experieê ncia de Deus. Alguma coisa!
— O que devo fazer? Como devo orar? O Senhor diz que quer abençoar-me! O que estou
fazendo de errado? Satisfarei os seus termos. Apenas me diga o que fazer!
O pensamento lhe ocorreu: Se Deus existe, deve ser o diabo. Talvez, naã o exista. Talvez, tudo
naã o passe de uma faó bula, inventada astuciosamente pelos líóderes religiosos para que pudessem
apossar-se do poder e ganhar algum dinheiro enquanto isso.
Ele ficou indo e vindo entre os dois caminhos. As paixoã es nuó mero dois, aà s vezes, governavam.
Tentou descobrir o que fazer para obter alguma evideê ncia de que Deus estava com ele. Nada
aconteceu. Nada deu certo. Tinha feito tudo que sabia, inclusive dizer a Deus que estava grato
pela cruz que precisava carregar. Tentou mostrar que era sincero. Deus naã o deu sinais de vida. A
lei da linearidade falhou. Sua falha o levou de volta ao novo caminho, aà dependeê ncia radical da lei
da liberdade. Veja como aconteceu.
Certo dia, vaó rios amigos apareceram para orar. O primeiro a orar disse: — O Senhor, deê ao
nosso irmaã o a paz que soó o Senhor pode dar. Pedimos a cura. Pedimos conforto e descanso fíósico.
Acreditamos que o Senhor pode realizar um milagre que iraó confundir os meó dicos. Faça isso para
a sua gloó ria! Mas, se naã o for essa a sua perfeita vontade, pedimos entaã o um espíórito de gratidaã o.
Encha nosso irmaã o de agradecimento pela sua bondade para que a sua paz reine no coraçaã o dele.
E, Senhor: —
Meu amigo naã o poê de mais suportar. Ele interferiu na oraçaã o do amigo. — Deus —,
interrompeu ele —, no momento eu o odeio. Gostaria de sentir amor profundo e gratidaã o pelo
que estaó fazendo, mas naã o sinto. Estou realmente perturbado e furioso. Naã o sei outro meio de
aproximar-me do Senhor, mas, sinceramente, naã o quero mais participar de nenhum jogo. Naã o
posso mais. Vou achegar-me como estou. Sei que eó terríóvel. — Nariz escorrendo, rosto sujo,
roupas rasgadas, ele entrou na sala do Diretor.
Levantou-se entaã o da cadeira, com dificuldade, com ajuda, e disse aos amigos: — Vou para a
cama agora, estou cansado.
10

Depois de algumas semanas, jaó prestes a falecer, ele perguntou a seu mentor espiritual: —
Seraó que sentirei mais amor por Jesus quando eu o vir do que sinto agora?
O homem mais velho observou: — Bem, sim, acho que sim.
Retendo as laó grimas, o homem agonizante, ainda sofrendo, disse: — Naã o sei como isso eó
possíóvel.
Ele aprendera a dançar. Fora levado pelo parceiro aà presença de Deus. Sua paixaã o nuó mero um
tinha sido satisfeita, talvez soó por aquele momento. Esse eó o novo caminho.
Se faltasse poder ao sangue de Cristo, o anjo da morte nos mataria se disseó ssemos que
odiamos a Deus. Como ousaríóamos falar assim ao Deus Todo-Poderoso? Araã o naã o podia sequer
entrar na presença de Deus sem primeiro banhar-se e colocar roupas especiais. Era tambeó m
necessaó rio que se fizesse uma cortina de fumaça para ocultar a tampa da arca. O lugar em que
Deus se revelava. Araã o naã o teve permissaã o para ver a gloó ria de Deus. A visaã o o teria matado.
E agora meu amigo diz a Deus que o odeia — e Deus derrama amor em seu coraçaã o. O novo
caminho foi aberto para a presença de Deus pelo sangue de Cristo. Sem isso, faríóamos bem em
guardar distaê ncia.
Lembro-me, quando tinha cerca de nove anos, de dizer aà minha maã e que a odiava. Ela
recusara-se a deixar que eu fosse brincar ateó terminar as liçoã es. Naã o gostei das regras dela e,
entaã o, expressei-me.
Uma surra era merecida. Em vez disso, ela olhou para mim. Jamais me esquecerei dos seus
olhos. Estavam cheios de maó goa profunda e de profunda ternura. Começou a chorar. Naquele
instante olhei para aleó m do meu egoíósmo e vi o coraçaã o de minha maã e. Comecei a chorar: —
Mamaã e, naã o odeio voceê —, gritei. — Amo voceê . Amo mesmo! Estou taã o contente porque eó minha
maã e! -Naquele momento naã o sabia como poderia teê -la amado mais.
Os revolucionaó rios do novo caminho creê em na graça radical. Eles sabem que naã o haó outro
meio de tornar-se santo aleó m de ser primeiro declarado santo, depois de desejar ser santo e
eventualmente por tornar-se realmente santo.
Apresentam-se, entaã o, como estaã o — insolentes, sujos, choramingando, exigindo — mas, se
aproximam. De que outra forma podem chegar? EÉ isso que sabem que saã o. Mas, comparecem
humildemente. Sabem que naã o saã o atraentes. Querem Deus — ele eó o seu desejo supremo, sua
paixaã o nuó mero um; dependem da graça — ela eó a sua uó nica esperança. EÉ a nossa uó nica
esperança. EÉ suficiente. Entaã o vamos.
E Deus se aproxima — no seu tempo, nunca em resposta automaó tica ao nosso pedido. Mas se
aproxima. O Espíórito nos envia aà sala do Pai. O Filho nos leva ateó laó . Quando entramos,
percebemos que nosso nariz estaó escorrendo, nosso rosto estaó sujo, e nossas roupas rasgadas.
Naã o vemos ainda que Cristo nos limpou durante o caminho. O Pai olha para noó s, radiante de
alegria, como se foê ssemos os filhos mais lindos do universo.
Compreendemos entaã o: Somos taã o belos para o Pai como Cristo, porque estamos nele! O Pai
canta. E caíómos com gratidaã o a seus peó s. Cheios de alegria. O Filho toca nosso ombro. Ficamos de
peó .
Como eu poderia amá-lo mais?

Só por uma coisa


Falta ao antigo caminho a beê nçaã o principal de ver a Deus. Ele exige fingimento da nossa parte.
Enxugamos o nariz, lavamos o rosto e costuramos o rasgo em nossas roupas - tornamo-nos
apresentaó veis. Dizemos entaã o a Deus: — Veja o que fiz. Fiz o que era cerro. Meu nariz estaó limpo.
Deê -me agora a beê nçaã o que desejo.
Outro amigo estaó fazendo a mudança do antigo para o novo caminho. Ele tentou tornar a vida
funcional, mas a lei da linearidade falhou. Sonhos que lhe importavam tanto acabaram
destroçados. Ele escreveu estas palavras em seu diaó rio e me deu permissaã o para compartilhaó -las
com voceê :
Minha tendeê ncia eó ver a vida como prescritíóvel. Quero crer, quero desesperadamente
crer, que se fizer "as coisas certas", tudo iraó bem. Quer na posiçaã o de pai, no emprego,
casamento, o que quer que seja — espero por um relacionamento de causa e efeito na vida.
Vi isso especialmente neste uó ltimo ano. Em meus piores pesadelos, nunca esperei que
aquilo que aconteceu viesse a acontecer em minha famíólia. Tantas vozes me disseram para
10

ver meu fracasso como pai, marido e cristaã o, como uma explicação do que aconteceu pelo
que naã o fiz de certo. Se tivesse feito ISTO, entaã o AQUILO nunca teria acontecido.
Passei a compreender que fiz um trato com Deus. Aproximei-me arrogantemente dele,
naã o para conheceê -lo, mas para ostentar meus esforços. — Deus, li os livros. Segui os
princíópios. Fiz devoçoã es familiares. Disse a meus filhos que os amava, assisti aos jogos
deles, aà s suas peças de teatro e aos seus recitais!
Depois apresentei minhas listas a Deus e disse: — Fiz tudo isto, QUERO AGORA A
RECOMPENSA! — Meu punho fechado apontava para a sua face. Eu naã o o vi. Pensava que
estava orando por beê nçaã os.
De acordo com muitos padroã es, dei-me bastante bem. E isso criou expectativas —
oó timos filhos, netos lindos, celebraçoã es escolares como todo o mundo. A lista continua. A
realidade raramente satisfaz minhas expectativas.
Fiz uma porçaã o de coisas certas, mas a minha vida naã o estaó funcionando muito bem. Tudo o
que sei fazer agora eó aproximar-me de Deus, suplicar que me permita conheceê -lo melhor. —
Deus, quero achegar-me ao Senhor. Quer queira abençoar a minha vida segundo o meu desejo
quer naã o, soó peço uma coisa: Por favor, Deus, achegue-se a mim. Naã o podemos fazer a vida
funcionar — mas, a pressaã o acabou. A desilusaã o nos transformou. Naã o queremos mais a vida
funcional, tanto quanto queremos a ele.
Um caminho se abriu, o novo caminho do Espíórito, pata irmos a ele e dançarmos.

COLHENDO O QUE SEMEAMOS

Quero compartilhar duas liçoã es que estou aprendendo enquanto continuo em meu comprido
jardim-de-infaê ncia. Com essas duas liçoã es, minha alimentaçaã o pode estar mudando do leite para
a carne. Posso estar quase pronto para entrar na preó -escola.
A primeira eó esta:
O Espírito de Cristo está sempre nos levando na direção do novo caminho, se ainda não
estivermos nele, e sempre nos fazendo avançar nele se estivermos. Em cada circunstaê ncia, em cada
momento, ele incentiva nosso afeto por Deus ateó tornaó -lo o sentimento mais forte em nossos
coraçoã es.
Quando um ex-marido envenena a mente do filho adolescente contra a maã e, ela tem todo o
direito de gritar: "Injustiça!" Foi ela que trocou cada fralda, trabalhou em dois empregos porque
ele naã o conseguia sustentaó -los, levou seu garoto a todos os jogos e ficou laó para aplaudi-lo
sempre que podia; passando noites incontaó veis ensinando gramaó tica e matemaó tica, a fim de
preparaó -lo para as aulas do dia seguinte.
Ela naã o pode estar em falta por sentir-se terrivelmente magoada. O que aconteceu foi injusto
e doó i, talvez ainda mais do que o divoó rcio. Quando o segundo sapato cai, no geral parece pior do
que o primeiro. Seu desejo de restaurar a relaçaã o com o filho merece apoio. A não ser que chegue
ao nível de uma paixão número um.
Se isso acontecer, e quase sempre aconteceraó , ela vai estar palmilhando o antigo caminho.
Talvez, naã o se deê conta, mas estaraó seguindo outro espíórito e naã o o de Deus. O Espíórito de Deus
seraó apagado. Naã o haveraó paz, nem descanso, ateó que a vida melhor que exige seja obtida. A paz e
o descanso vaã o ser, entaã o, os concedidos pelo mundo.
Quando algo terríóvel acontece em nossa vida, a primeira pergunta que nos vem aà mente eó
geralmente esta: — O que devo fazer?
— Para conseguir o queê ? — pergunta o Espíórito.
— Para ter de volta a afeiçaã o de meu filho, eó claro. Nunca sofri tanto. Preciso saber o que eó
necessaó rio para que isso aconteça.
Os conselheiros e amigos que oferecem compassivamente ideó ias para alcançar esse objetivo
estaã o trabalhando contra Deus. Os orientadores espirituais acertam mais quando encorajam
ouvir em sileê ncio o que o Espíórito pode estar dizendo. Eles o ouvem sussurrando para a maã e
aflita e querem que ela tambeó m escute suas palavras.
— Conheço o seu sofrimento. O Filho passou por isso quando o seu povo se voltou contra ele.
Mas, ele sentiu contentamento ao ficar proó ximo ao Pai. Deixe-me levaó -la aà presença dele. Ele eó
maravilhoso e tem poder para libertaó -la, a fim de amar seu filho.
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A Palavra de Deus talvez penetre no coraçaã o da maã e para que ela o ouça dizer: — Voceê vai ser
"minha propriedade peculiar".53 Ele nos oferece comunhaã o quando sofremos, para aprendermos
o valor superior da intimidade em comparaçaã o com a beê nçaã o.
O Espíórito estaó constantemente nos incentivando em direçaã o ao novo caminho e para longe do
velho, em direçaã o aà melhor esperança, e nos impedindo de exigir a vida melhor. Esta primeira
liçaã o que estou aprendendo inclui uma verdade radical e maravilhosa: Buscar meu mais profundo
prazer e mover-me no ritmo do Espírito faz com que eu siga numa mesma direção — para Cristo! O
interesse pessoal e a adoraçaã o se unem quando a adoraçaã o vem em primeiro lugar.
Movendo-se para a direita
Imagine-se entrando num shopping center grande e desconhecido. A primeira coisa que
procura eó uma lista de endereços. Seus olhos examinam os nuó meros e lugares ateó ver um sinal
vermelho com as palavras: Você Está Aqui.
Onde essa maã e se encontra? Estaó furiosa com o ex-marido, sozinha em suas responsabilidades
e destruíóda com a rejeiçaã o do filho. Em que direçaã o deve ir? Ela pergunta a si mesma: — O que
faço agora?
A sua esquerda, haó uma grande loja de departamentos chamada a vida melhor. A lista indica
que essa loja oferece "relacionamentos restaurados". O coraçaã o dela salta. Olha cuidadosamente
o mapa e grava as direçoã es.
Antes de ir aà loja, por razoã es que naã o consegue explicar, examina outra vez a lista. Seus olhos
vaã o para a direita. Escondida num canto haó uma pequena loja chamada de a melhor esperança.
Ela anuncia: "O melhor cardaó pio para a sua alma". Por alguma razaã o, a mulher cede a um forte
estíómulo e se dirige para a melhor esperança.
A imagem pode ser ilustrada como segue.
Primeiro o antigo caminho:

Você Está Aqui


A VIDA MELHOR 
Relacionamento (Mãe com filho que a rejeita)
restaurado com o "O que devo fazer?"
filho

Você Está Aqui


 A MELHOR
ESPERANÇA
(Mãe com filho que a Relacionamento mais
rejeita) profundo com Deus
"Venho como estou"

Haó , poreó m, mais no novo caminho do que apresentar-se a Deus. A maã e ainda tem de tratar
com o filho:
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Ao mover-se para a direita, quando esta maã e compreende a diferença entre as paixoã es
nuó mero um e nuó mero dois, quando compreende que seus desejos mais fortes saã o conhecer,
glorificar e ter gozo em Jesus Cristo, ela ouviraó o Espíórito guiaó -la para falar com o filho de
maneira que reflita Cristo.
A luta pelo poder estaria terminada. Sua exigeê ncia de que o filho a ame, disfarçada de
preocupaçaã o com ele, se dissolveria. Ela passaria a amar verdadeiramente o filho.
E ele seria confrontado pela sua liberdade. Libertado de uma determinaçaã o de resistir ao
controle, teria mais acesso aos anseios do seu coraçaã o, sepultados sob a sua confusaã o e ira. O
Espíórito poderia mover-se mais profundamente em sua alma para realizar uma obra de valor.
A maã e poderia descansar. A pressaã o para calcular o que fazer cederia lugar aà liberdade,
liberdade de expressar sabiamente a seu filho o seu coraçaã o governado pelo Espíórito. Saberia o
que fazer sem que um especialista tivesse de ensinaó -la. 54 Continuaria naã o tendo ideó ia de como
conseguir a vida melhor de ter um filho mudado, embora continue a desejar e orar por essa
beê nçaã o. Esse, poreó m, naã o seria mais o seu alvo. O Espíórito a libertaria para glorificar a Deus,
revelando seu coraçaã o jaó transformado na presença do filho.
Tal libertaçaã o poderia tomar muitas formas, algumas inesperadas e outras insensatas,
segundo os pensamentos do antigo caminho. Talvez uma censura: — Filho, sua atitude estaó
errada. Voceê tem um espíó rito ingrato. — Ou poderia abrir a alma para dizer: — Sofro muito com
o modo como estaó me tratando. — Posso imaginar uma verdade que seria pecaminosa se dita
com o espíórito errado, mas naã o se falada na sabedoria e amor do Espíórito: — Seu pai o enganou.
Penso que estaó na hora de ouvir mais sobre a histoó ria do nosso divoó rcio.
O segredo naã o estaó na escolha das palavras. Estaó na energia com que saã o ditas. A maã e estaó
ansiosa para se chegar ao filho ou para representar e agradar a Deus? Estaó tentando fazer algo
acontecer ou apresentar o que possui como uma daó diva de amor, talvez um amor inquebrantaó vel,
ao filho?
Se estiver seguindo o Espíórito ateó a presença de Deus, se ouvir as boas-vindas do Diretor e
sentir o seu abraço antes que fale com o filho, nenhuma de suas palavras teraó como objetivo
controlar, manipular, pressionar, ou vingar-se. Cada uma conteraó um espíórito de perdaã o,
misericoó rdia, descanso sem ameaças e graça.
Nossos frios corações são aquecidos

O Espíórito sempre guia os filhos de Deus numa boa direçaã o — primeiro em direçaã o a Deus na
adoraçaã o, depois em direçaã o a outros em amor como o de Cristo.
Essa eó a primeira liçaã o. A segunda eó esta:
Minha ânsia de conhecer Cristo sempre parece mais fraca do que o meu desejo de bênçãos. Se
isto naã o mudar, naã o viverei constantemente o novo caminho. Devo, portanto, pensar com
disciplina em como meu desejo por Cristo pode ser incentivado.
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Minha tendeê ncia eó para uma vida superficial. Se a vida apresentar apenas alguns tropeços,
especialmente se forem pequenos, naã o me importo particularmente se vier conhecer bem a
Cristo ou naã o. Penso que ele estaó fazendo seu dever de me abençoar e eu o meu de viver com
responsabilidade. Em vez de uma corça suspirando pela corrente de aó guas, sou mais como um
urso hibernando com as patas sobre o estoê mago. O filho proó digo teria voltado, se seu dinheiro
naã o se acabasse? Como algueó m disse: O arrependimento começa na barriga.
As beê nçaã os podem ser perigosas. Nos dias de Amoó s, Israel gozou de prosperidade. Em vista de
a vida estar correndo bastante bem, eles supuseram que quando Deus viesse, seria para
cumprimentaó -los e julgar seus vizinhos pagaã os. Estavam errados.
Mas, eó assim que geralmente pensamos. Supomos que o crescimento da igreja e grandes
vendas de livros saã o uma prova da beê nçaã o de Deus. Podem, no entanto, ser apenas resultado de
bom marketing e apelo carnal.
Minha vida no momento estaó sendo ricamente abençoada. Haó provaçoã es, mas tenho
suficientes fontes de consolo para experimentar certo níóvel de felicidade sem conhecer melhor a
Deus do que jaó conheço. Nem sempre vejo necessidade de instigar minhas paixoã es nuó mero um
quando as de nuó mero dois estaã o bastante satisfeitas.
Quando lhes eó negada satisfaçaã o, eó faó cil reagir com desalento ou fortalecer minha decisaã o de
solucionar qualquer problema que tenha surgido. Ambas as reaçoã es apagam o Espíórito. Elas me
levam ao antigo caminho.
Em meio a bons ou maus momentos, ouvimos, aà s vezes, o convite de Deus para conheceê -lo e
respondemos com um bocejo. Levantamos as maã os e cantamos: "OÉ Senhor, eó s belo; teu rosto eó
tudo que busco", enquanto nossos coraçoã es exigem: "Continua derramando agora as beê nçaã os e
devolve as que perdi".
O que aconteceu ao nosso desejo de Deus plantado pelo Espíórito? EÉ como se ainda
estiveó ssemos ao peó do monte Sinai, ouvindo os mandamentos que queremos obedecer soó para
ficarmos livres de um Deus ameaçador. Nossos coraçoã es permanecem frios, imoó veis e indiferen -
tes. A perspectiva de conhecer a Deus naã o nos anima muito.
O puritano Thomas Chalmers falou certa vez do "poder expulsivo de um novo afeto".
Poderíóamos falar quase do mesmo modo do poder sufocante de nossos velhos afetos. Nosso
desejo da vida melhor impede a nossa chama de anseio pela esperança melhor de tornar-se uma
fogueira ao ar livre.
Deus, poreó m, nos tirou do monte Sinai e nos colocou diante do monte Siaã o. Nossos coraçoã es
frios foram aquecidos. A lei do Sinai — inteirinha, cada expressaã o da santidade de Deus — foi
gravada no centro do nosso ser. Quando Deus ordena, ouvimos agora um convite.
— Ame sua mulher!
Quer dizer que tenho de fazer isso? Que maravilha! Obrigado! Obrigado!
Somos filhos cujos paladares foram alterados. As cenouras agora teê m sabor de biscoitos. Essa
eó a verdade. EÉ o centro da teologia da nova aliança, e a teologia da nova aliança eó o centro da vida
do novo caminho.

Alegria garantida
Por que, entaã o, naã o sinto isso? Por que os biscoitos ainda teê m gosto de biscoitos e as cenouras
de cenouras? Prefiro biscoitos. Quero uma vida doce agora. Escolho, entaã o, o antigo caminho.
Essa escolha tem consequü eê ncias. Notei antes a passagem em Hebreus que dizia que a antiga
lei fora abolida.55 A partir dessa declaraçaã o, sugeriu que a foó rmula de linearidade do antigo
caminho foi cancelada. Naã o podemos mais trabalhar duro para fazer as coisas certas e exigir uma
garantia de que a vida iraó , entaã o, funcionar. Os judaizantes estavam completamente errados. A lei
da linearidade da qual dependiam naã o estaó vigorando.
Mas, outro relacionamento linear ainda permanece. Quando vemos o que eó , vamos ficar
profundamente interessados em nutrir o desejo que iraó sustentar-nos no novo caminho de vida.
Ouça o apoó stolo Paulo: "Porque o que semeia para a sua proó pria carne da carne colheraó
corrupçaã o; mas o que semeia para o Espíórito do Espíórito colheraó vida eterna". 56
Essa linearidade continua em efeito. Colhemos o que plantamos.
Note, no entanto, que naã o eó a linearidade do antigo caminho. A promessa de um
relacionamento causa-efeito entre fazer o que é certo e uma vida que funciona acabou. Deus
estabeleceu um novo arranjo linear:
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Se escolhermos o antigo caminho, acabaremos infelizes. Podemos nos sentir bem por
longo tempo, mas todo seguidor do antigo caminho terminaraó no infortuó nio.
GARANTIDO!
Se escolhermos o novo caminho, vamos experimentar alegria, talvez soó depois de um
longo tempo de sofrimento e busca. Mas, vamos nos encontrar e nos sentiremos cheios,
vivos e felizes.
GARANTIDO!
Escolher o novo caminho vale a pena. Uma vez que for salvo, naã o haó mais qualquer escolha
importante.
Naã o poderemos manter essa escolha, a naã o ser que nossa paixaã o por Deus se torne mais forte
do que a nossa paixaã o por qualquer outra coisa, inclusive um relacionamento restaurado com um
filho que nos rejeita.
Vou declarar de maneira diferente essas duas liçoã es que estou aprendendo sobre a vida no
novo caminho.
Primeiro, o Espíórito estaó sempre me incentivando a segui-lo, e isso eó sempre no sentido de
conhecer melhor a Cristo. Esta eó a sua palavra para mim quando a vida vai mal e quando vai bem.
EÉ sempre isso que ele diz: Venha como estaó para encontrar a Deus.
Segundo, naã o vou segui-lo, a naã o ser que colabore de alguma forma com a sua obra de
aprofundar meu desejo por Cristo. Enquanto desejar mais as beê nçaã os, vou acabar no antigo
caminho.
Minha conclusaã o eó tambeó m dupla:
Primeiro, se naã o aprender a ouvir o que o Espíórito estaó dizendo, vou andar pelo antigo
caminho, e os resultados seraã o desastrosos. B segue-se a A. EÉ nesse ponto que a linearidade
ainda permanece.
Segundo, se aprender a ouvir mais claramente a voz do Espíórito, tanto me guiando no novo
caminho como me fortalecendo na minha paixaã o nuó mero um por Cristo, vou experimentar
grande alegria e significado em meio a quaisquer circunstaê ncias. Minha alma estaraó alinhada
com o Plano Emanuel. Deus seraó o nosso Deus, e noó s seremos o seu povo. Garantido!

O PLANO EMANUEL
Joaã o, filho de Zebedeu, escreveu treê s livros que passaram a fazer parte das Escrituras. O
primeiro, o evangelho de Joaã o, foi escrito para nos ajudar a crer em Jesus.
Depois de refletir sobre todas as coisas incríóveis que Jesus fez, e compreender que incluíóra
apenas algumas delas, Joaã o escreveu o seguinte: "Estes, poreó m, foram registrados para que
creiais que Jesus eó o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em seu nome". 57
Em Apocalipse, seu uó ltimo livro, Joaã o desvenda a gloó ria de Jesus. Esses vinte e dois capíótulos
ajudam a manter a nossa feó em Jesus quando a evideê ncia torna isso difíócil. Mesmo quando Joaã o
Batista certa vez ficou imaginando se deveria procurar outro Messias para seguir. Haó ocasioã es, aà s
vezes longos períóodos, em que a vida simplesmente naã o funciona muito bem, e por mais que
busquemos, Jesus parece ter desaparecido. Quem sabe nunca esteve laó .
— Ele estaó aqui —, declara Joaã o 58 —, e naã o desapareceu. Deus permitiu que eu visse tudo que
estaó acontecendo do ponto de vista do ceó u. EÉ de tirar o foê lego. O Cordeiro estaó abrindo com
estrondo seu caminho atraveó s da histoó ria para completar o Plano Emanuel.
— Vi a cidade santa, a nova Jerusaleó m, que descia do ceó u. Estaó descendo para noó s, para voceê e
para mim. Enquanto observava, ouvi grande voz dizendo: "Eis o tabernaó culo de Deus com os
homens.
Deus habitaraó com eles. Eles seraã o povos de Deus, e Deus mesmo estaraó com eles e seraó o seu
Deus."
Ouço Joaã o dizendo: — Foi por isso que Deus enviou Jesus. EÉ o Plano Emanuel: Deus vai estar
conosco! Quando isso acontecer, quando a melhor esperança de achegar-se a Deus for
plenamente cumprida, naã o iremos desejar mais nada. E isto vai ser aleó m de toda e qualquer coisa
que possamos imaginar. Naã o haó razaã o para choro, nem suspiro. E tudo isso com Jesus no centro.
10

— Fiquem firmes no curso, peregrinos cansados. Naã o percam o aê nimo. O Plano Emanuel estaó
para ser completado.
Ouvimos Joaã o e dizemos:
• Mas, Joaã o, meu marido me negligencia. Naã o sei se posso continuar mais com este
casamento.
• Mas, Joaã o, meu sofrimento diaó rio eó insuportaó vel. Soó as beê nçaã os de uma vida melhor agora
poderaã o aliviaó -lo.
• Mas, Joaã o, isso eó bom para o passado. Mas, agora estou soó . Naã o consigo pagar minhas
contas. Naã o tenho verdadeira comunhaã o na igreja. Naã o gosto do meu emprego. Preciso de
alguma ajuda agora.
Ouço a resposta de Joaã o:
Filhinhos, se pudessem ver a esperança melhor aà frente, naã o precisariam de uma vida melhor
agora. Aquele que estava sentado no trono disse — eu o ouvi com meus proó prios ouvidos -: "Eis
que faço novas todas as coisas". A seguir, olhou diretamente para mim e disse: "Escreve, porque
estas palavras saã o fieó is e verdadeiras. Meu povo precisa ouvi-las". Escrevi Apocalipse para que
nunca, por mais difíócil que se torne a sua vida, venham a perder a confiança em Jesus." 59
Paulo disse quase a mesma coisa para pessoas que achavam que a viagem para o ceó u incluíóa
mais algumas beê nçaã os. "Se a nossa esperança em Cristo se limita apenas a esta vida, somos os
mais infelizes de todos os homens".60
Em outras palavas, se voceê se inscreveu no cristianismo a fim de obter uma vida melhor
agora, cometeu um erro grave. Haó alegria agora, mas toda ela estaó arraigada na esperança futura.
Elimine isso e seraó difíócil resistir aos prazeres faó ceis.

As preciosidades
O livro do meio de Joaã o, na verdade treê s cartas curtas, foi escrito para ajudar-nos a nos
achegar a Jesus agora, quando a vida naã o eó aquilo que gostaríóamos que fosse, e provar as alegrias
profundas da comunhaã o com Deus ateó que nos sentemos no ceó u para a refeiçaã o completa.
Ouça o grande puritano John Owen falar sobre a primeira epíós tola de Joaã o:
Os cristaã os naquela eó poca eram pobres e desprezados. Os líóderes cristaã os eram
tratados como o refugo do mundo. Convidar pessoas para se tornarem cristaã s, para se
juntarem aà sua comunidade e gozar das coisas preciosas de que gozavam, parecia o
cuó mulo da insensatez. — Que proveito teremos se nos unirmos a esses cristaã os? Eles estaã o
nos convidando para compartilhar de seus problemas? Querem que sejamos perseguidos,
injuriados, escarnecidos e soframos todo tipo de mal?
Joaã o escreve com essas objeçoã es em mente. Naã o obstante todas as desvantagens que a
comunidade dele sofre sob um ponto de vista mundano, todavia, na verdade, ela era muito
desejaó vel, e eles logo descobririam isso. "Ora, a nossa comunhaã o eó com seu Filho, Jesus Cristo". 61
Na opiniaã o de Owen, o apoó stolo Joaã o dizia que o apelo do cristianismo naã o estaó numa vida
melhor agora. "O que aproveitaremos se nos juntarmos a esses cristaã os?" Os que querem menos
problemas nesta vida fariam melhor seguindo outro messias.
Existe, poreó m, algo disponíóvel agora que eó "muito desejaó vel". Joaã o naã o nos convida para uma
vida que vai ficando melhor, mas para as "coisas preciosas" da comunhaã o com Deus. Sua epíóstola
nos chama para aproximar-nos de Deus, achegar-nos a Cristo, e naã o para uma vida melhor agora;
mas para a esperança melhor de um relacionamento com a Trindade agora, que satisfaz a alma,
ateó que a vida melhor seja nossa para sempre, um futuro que significaraó Deus conosco em plena
medida, Jesus diante de noó s aà plena vista, e o Espíórito naã o competindo com qualquer outro
desejo ao apontar-nos Jesus.
Para Joaã o, as "desvantagens" de seguir Jesus, que incluíóam a auseê ncia das beê nçaã os
legitimamente desejadas e nenhuma garantia de que elas seriam dadas ateó o ceó u, eram nada em
comparaçaã o com as "coisas preciosas que gozavam", a intimidade da melhor esperança com a
Trindade.
Se pudeó ssemos provar essa intimidade, se soubeó ssemos o que eó aproximar-nos de Deus e
sentir que ele se achega a noó s, se compreendeê ssemos como saã o aqueles a quem o Pai e o Filho,
por meio do Espíórito, se revelam e em quem passam a habitar, iríóamos manter a vida melhor de
beê nçaã os em seu lugar, como algo simplesmente desejado, nunca como uma paixaã o nuó mero um.
10

Saberíóamos que experimentamos taã o pouco de um encontro real com Jesus porque o
cristianismo moderno se dedicou a prover uma vida melhor para os seus seguidores. Saberíóamos
que por naã o termos encontrado verdadeira comunhão com Deus, vivemos para as vantagens de
nosso relacionamento com ele, e concluiríóamos que essas vantagens — menos sofrimento, mais
beê nçaã os, alguma forma de uma vida melhor agora — nos saã o devidas.
Saberíóamos que nos entregamos aà linearidade, que vimos a jornada espiritual como uma
aventura desvairada, uma experieê ncia satisfatoó ria de impacto sobre outros e de significado para
noó s mesmos, ou como um cheque em branco no qual podemos incluir as beê nçaã os que
desejarmos, assinar por procuraçaã o no lugar de Jesus, depois pegar o dinheiro no guicheó do
drive-in da oraçaã o. O uó nico requisito eó a obedieê ncia, naã o perfeita, mas um tipo consistente de
fidelidade aos princíópios bíóblicos.
Saberíóamos que as beê nçaã os se tornaram as nossas coisas mais preciosas: Faça isto, e aquilo
acontecerá, garantido; eó a promessa de Deus.
Saberíóamos que nos vendemos aà linearidade e que o resultado — e isto eó linear - tem sido o
amplo fracasso dos cristaã os em dar valor aà oportunidade de achegar-se a Deus. Queremos as
beê nçaã os. Ele nos convida para manter comunhaã o, para o Plano Emanuel.
Chegamos e dizemos:
— Deus, meu casamento estaó cheio de tensaã o.
— Deus, as consequü eê ncias do meu divoó rcio saã o taã o piores e duradouras do que previ.
— Deus, viver sozinho nesta casa de idosos eó taã o difíócil. Naã o consigo deixar de ter pena de
mim mesmo.
— Deus, estou com tanto medo do diagnoó stico meó dico. Por favor, naã o deixe que eu tenha
caê ncer.
— Deus, minha inclinaçaã o para relaçoã es leó sbicas eó implacaó vel. Sei que eó errado, mas naã o
consigo controlar-me.
— Deus, nunca pensei que pudesse sofrer tanto. Minha filha de 14 anos estaó graó vida.
Em cada uma dessas vidas, e na sua, o vento do Espíórito estaó soprando. Mas, ele naã o estaó
movendo nosso barco para os mares calmos de uma vida mais agradaó vel. Pelo contraó rio, somos
levados ao olho da tempestade, aà presença de Deus. E devemos ajustar nossas velas
adequadamente. Se quisermos aó guas calmas, vamos sozinhos. Resistimos ao vento do Espíórito.

A agenda está em dia


O apoó stolo Joaã o nos convida para gozar preciosidades e naã o para a satisfaçaã o e prazeres de
circunstaê ncias melhores, relacionamentos mais íóntimos, sentimentos mais felizes, mas para a
alegria inexprimíóvel de nos achegarmos a Deus.
Ouça-o falar sobre isso:
"O que temos ouvido, o que temos visto! O que as nossas maã os apalparam! A vida se
manifestou! E vo-la anunciamos. Podemos ter agora comunhaã o com Deus. Ora, a nossa comunhaã o
eó com o Pai
Eterno do amor infinito e com seu Maravilhoso Filho, Jesus Cristo, que morreu por noó s. Podemos
nos achegar a Deus. Conheço a alegria de estar na sua presença. Quero que tambeó m conheçam
essa alegria. Minha alegria seraó entaã o completa".62
Em seu evangelho, Joaã o nos diz: "Voceê s podem confiar em Cristo. Ele eó quem diz ser. A vida eó
conheceê -lo."
Em sua revelaçaã o (nosso livro de Apocalipse), ele diz: "Voceê s vaã o ficar firmes no curso diante
de qualquer tempestade, se souberem o que estaó para vir. Neste momento, quando tudo estaó
contra voceê s, o Cordeiro da cruz eó o Leaã o do ceó u movendo-se em direçaã o ao seu propoó sito
infalíóvel. E eó um bom propoó sito. Naã o desistam!"
Em suas epíóstolas, Joaã o faz um convite: "Em meio a uma vida difíócil, aproxime-se de Jesus.
Essa a fonte da sua maior alegria."
Em tudo que escreveu, Joaã o estaó apresentando o Plano Emanuel. Desde o princíópio do tempo,
Deus decidiu estar conosco. Ele será o nosso Deust desde que naã o demos maior valor a coisa
alguma aleó m de conheceê -lo, e seremos o seu povo, nos apegando alegremente a ele em adoraçaã o e
absoluta dependeê ncia, aconteça o que acontecer nesta vida.
O plano estaó em ordem. Deus estaó conosco agora. Ele estaó aqui. Naã o como estaraó quando a
Cidade Santa nos sobrevier, mas estaó aqui para nosso gozo. Nosso supremo chamado, nossa mais
10

profunda alegria eó comemorar sua presença achegando-nos a ele, naã o para que torne nossa vida
melhor, mas para desfrutaó -lo pelo que ele eó .
Essa eó uma compreensaã o diferente da jornada espiritual. Joaã o convida seus leitores para
seguir um novo caminho, para viver de um novo modo. EÉ -nos pedido para experimentar sem
queixas as desvantagens de uma vida difíócil, a fim de apreciar mais profundamente a
"preciosidade" da comunhaã o com Deus.
A vida melhor de beê nçaã os agora para os que fazem o que eó certo? Naã o! A esperança melhor de
comunhaã o agora, com a Trindade, para os que mais a valorizam — essa eó a vida cristaã !
A pressaã o acabou. Fomos libertados da obrigaçaã o de fazer o que devemos para obter o que
queremos. Haó um novo caminho de vida, e ele estaó de acordo com o Plano Emanuel.

A PORTA DO CELEIRO ESTÁ ABERTA

Agueó m da congregaçaã o me procurou depois de ter pregado e disse: — Seraó que ouvi direito?
Com certeza naã o estaó dizendo que vamos a Deus apenas para conheceê -lo. A naã o ser que ele me deê
as beê nçaã os de que preciso para ser feliz, naã o consigo entender por que me aproximar entaã o dele.
Seus ensinamentos me fazem ateó naã o querer me preocupar com Deus.
Jaó mencionei esta mulher num capíótulo anterior. Penso que eó parente (como somos todos noó s)
de um homem que chamou Jesus enquanto ele ensinava.

Rico para com Deus


Ouça Lucas contar a histoó ria: "Um homem que estava no meio da multidaã o lhe falou: Mestre,
ordena a meu irmaã o que reparta comigo a herança".
Ele queria uma vida melhor de mais dinheiro. EÉ provaó vel que tivesse esse direito. A justiça
estava talvez do seu lado. Note que o Senhor nem entra no debate de "quem estaó certo", algo que
costumo fazer quando um coê njuge me diz como o outro estaó errado.
"Mas Jesus lhe respondeu: Homem, quem me constituiu juiz ou partidor entre voó s?"
Pensei, na verdade, que Cristo era o juiz. Quem poderia ser mais qualificado?
Jesus devia conhecer o coraçaã o dos dois irmaã os e devia saber quem tinha razaã o.
Aparentemente, seu plano de tornar esta vida justa era diferente.
"Entaã o, lhes recomendou [a toda multidaã o, deixando o homem abatido ainda indignado com
seu problema]: Tende cuidado, e guardai-vos de qualquer avareza; porque a vida de um homem
naã o consiste na abundaê ncia do que ele possui."
Ele desviou-se completamente da questaã o da justiça. Naã o era da sua conta. Seria difíócil
imaginar uma adverteê ncia mais clara contra a vida no antigo caminho: Naã o tenha o propoó sito de
obter o que voceê quer da vida. Chamou isso de avareza. EÉ o fundamento do antigo estilo de vida.
A fim de destacar seu ponto, fez o que costumava, ofereceu uma histoó ria.
Contou entaã o esta paraó bola: "O campo de um homem rico produziu com abundaê ncia".
Alguns indivíóduos saã o abençoados. Conheço homens e mulheres piedosos que saã o ricos.
Conheço homens e mulheres piedosos com ministeó rios eficazes, de longo alcance e muito
honrados. As beê nçaã os saã o boas. Devemos gozaó -las e utilizaó -las bem. Mas, elas saã o perigosas.
"E arrazoava consigo mesmo, dizendo: Que farei, pois naã o tenho onde recolher os meus
frutos". Ele nem sequer menciona a Deus. Tudo que tem em mente eó gozar sua boa sorte e
manteê -la. Quando o seu alvo eó uma vida melhor, voceê se torna absolutamente egoíósta.
"E disse: Farei isto: destruirei os meus celeiros, reconstruíó-los-ei maiores e aíó recolherei todo
o meu produto e todos os meus bens. Entaã o, direi aà minha alma: tens em depoó sito muitos bens
para muitos anos; descansa, come, bebe e regala-te!"
Ele se esforçara e valera a pena. A levou a B. E isso o agradou. O antigo caminho eó bastante
satisfatoó rio - naã o, poreó m, nas maiores profundezas e naã o por muito tempo.
"Mas Deus lhe disse: Louco!" Esperamos cumprimentos hoje. "Parabeó ns!" seria a atitude mais
esperada. Trabalhamos duro, fomos diligentes na administraçaã o das riquezas e podemos gozar
agora a vida melhor de beê nçaã os. Honramos as pessoas, inclusive noó s mesmos, cuja prioridade eó
realizaçaã o e que foram bem-sucedidas. Deus chamou este homem de louco, e disse: "Esta noite te
10

pediraã o a tua alma; e o que tens preparado, para quem seraó ?" Isto eó o que vai acontecer,
prometeu Jesus, com quem "entesoura para si mesmo e naã o eó rico para com Deus". 63
Jesus passou entaã o a advertir contra a ansiedade com a nossa vida nesta terra, o que vamos
comer, como estaó o nosso corpo, se teremos capacidade para prover o que precisamos. Ele
terminou este pensamento dizendo que nossos coraçoã es pertencem ao que mais damos valor. 64
Vivemos para acumular coisas para noó s mesmos ou para tornar-nos ricos para com Deus. Naã o
eó possíóvel fazer ambas as coisas. Ningueó m pode viver segundo o antigo caminho e o novo ao
mesmo tempo. Este homem acumulou bens. Noó s buscamos satisfaçaã o, importaê ncia, uma
comunidade aà qual pertencer, segurança nos relacionamentos, sauó de emocional, boa reputaçaã o,
honra e apreciaçaã o, uma alma autoprotegida, famíólias felizes — a lista naã o tem fim. Muitos itens
contidos nela naã o parecem egoíóstas. Saã o beê nçaã os que Deus quer que tenhamos. Mas, nunca como
nosso principal tesouro.
Quando as beê nçaã os, mesmo as mais nobres, se tornam nosso tesouro maior, noó s as
acumulamos. Podemos parecer generosos e dadivosos, mas nunca sacrificamos o que mais
importa. Os cristaã os que acumulam tesouros aleó m de Deus no celeiro das suas almas, naã o
adoram a Deus e nem poderiam fazeê -lo. Sua adoraçaã o central estaó dirigida para outro ponto.
Viver segundo o antigo caminho nos torna insensatos e egoíóstas, naã o importa como os outros nos
considerem. Esse eó o ponto da paraó bola.
Ouço Jesus dizer:
— Naã o viva segundo o antigo caminho. Se der maior valor aà s beê nçaã os da vida do que aà
comunhaã o com Deus, vai acabar infeliz. Garanto! Mas, se viver no novo caminho, se achegar-se a
Deus, naã o para explorar o seu poder mas para gozar da comunhaã o com ele, entaã o ele iraó suprir
tudo que voceê precisa para participar do avanço do Plano Emanuel. Garanto! E vai conhecer a
minha alegria, a ale-gria que experimento na comunhaã o da Trindade.
Substituíómos o plano do homem rico pelo Plano Emanuel. Ele combina mais com nosso ponto
de vista natural: Se nos esforçarmos muito, mantivermos o nariz limpo e vivermos uma vida
decente, aconteceraã o coisas suficientes para que nos sintamos bastante bem.
Jonathan Edwards disse certa vez que a jornada espiritual exige uma "intensa concentraçaã o
sobre a perspectiva de Deus". Tal concentraçaã o, disse ele, iraó "causar um grande estreitamento
de todos os nossos interesses na terra e uma imensa ampliaçaã o de nossos interesses no ceó u".65
Quando mudamos para o novo caminho, quando substituíómos o plano do homem rico pelo
Plano Emanuel, damos mais valor a Deus do que a celeiros cheios de beê nçaã os. Nossos interesses
terrenos diminuem.
Naã o se trata de nos importarmos menos com as coisas aqui de baixo - ainda desejamos
fervorosamente uma comunidade íóntima, bons filhos, bioó psias negativas — mas, passamos a
desejar mais outra coisa. Nosso maior tesouro, nossa beê nçaã o principal, nossa paixaã o suprema,
torna-se o proó prio Deus. Sua gloó ria ocupa o centro do palco. A comunhaã o com ele torna-se a
nossa maior alegria.

Aproximação
Devemos ser claros: Seguir o plano do homem rico eó o antigo caminho. O novo caminho
considera a vida segundo o ponto de vista divino e experimenta uma "imensa ampliaçaã o de
nossos interesses no ceó u". Os revolucionaó rios do novo caminho se alinham alegremente com o
Plano Emanuel. Eles compreendem o que os velhos diretores espirituais queriam dizer com
atender a Deus (onde ele estaó indo), abandonar-se a Deus (seguir para onde ele levar), e união
com Deus (ter prazer nele durante a jornada).
Devemos compreender o que Deus estaó fazendo sempre que ele reteó m as beê nçaã os que
legitimamente desejamos: ele estaó seguindo o Plano Emanuel. Irá estar com um povo que lhe dê
valor acima de qualquer outra bênção. Vai criar esse povo aà s custas da morte de seu
Filho e de ser ferido a cada dia pelos filhos que naã o o querem exceto para aproveitar-se dele.
Deus estaó permitindo que sonhos bons se despedacem para despertar o sonho melhor de
conheceê -lo.66
Se devemos resistir ao plano do homem rico e adotar o Plano Emanuel, um artigo de feó sobre
todos os outros eó requerido. EÉ o artigo de feó que mais falta no cristianismo contemporaê neo. Ou
seja:
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Experimentar Deus é em si mesmo uma fonte de maior prazer do que experimentar qualquer
outra coisa.
Um pai naã o pode deixar um legado melhor para seu filho do que viver de modo que este possa
dizer: — Meu pai desejava Deus mais que tudo. — Estamos vivendo de maneira que o orador em
nosso funeral diga: — Este seguidor de Jesus queria Deus mais do que qualquer outra beê nçaã o?
Uma amiga de muitos anos telefonou-me recentemente para pedir que eu proferisse algo em
seu enterro, caso seu proó ximo tratamento de caê ncer falhasse. Ela escreveu ainda ontem contando
que estaó tirando as perucas do armaó rio. — Venha visitar-me —, foi o convite feito a Raquel e a
mim —, se naã o se importa em fazer companhia a uma senhora calva e doente.
Se falar em seu funeral, talvez mencione seu maravilhoso senso de humor. Mas, esse naã o seraó
o meu foco. Alguns increó dulos morrem bravamente, com um gracejo nos laó bios.
A carta dela terminou com estas palavras: — Deus naã o eó maravilhoso? Eu o amo tanto!!!
Por que ela o ama? Por saber que o tratamento vai dar certo? Por que Deus vai impedir que
perca os cabelos? Porque tem a garantia de um míónimo de sofrimento? Naã o! Essas saã o beê nçaã os
de uma vida melhor que desejamos e pela qual oramos. Mas, naã o haó nada que nenhum de noó s
possa fazer, inclusive orar fervorosamente, para assegurar que elas venham; a lei da linearidade
naã o estaó mais vigorando. Oramos, poreó m, mesmo assim, principalmente para tomar nosso lugar
como filhinhos dependentes. E ele talvez atenda aos nossos pedidos. Mas, nossa paixaã o nuó mero
um estaó dirigida para outro ponto.
Em meio a uma vida difíócil, tornada ainda mais difíócil pelas suas limitadas oportunidades de
ministrar e pelo fato de viver sozinha como divorciada, ela estaó se achegando a Deus. E ele se
achegando a ela. E disso que vou falar a respeito dela em seu funeral.
Posso ouvir o apoó stolo Joaã o, enquanto nos olha laó do ceó u, dizer aà minha amiga: — Minha
satisfaçaã o estaó agora completa. Voceê estaó gozando comunhaã o com Deus acima de todas as outras
alegrias. Sabe que eó a sua maior beê nçaã o. Oh! filha, se essa comunhaã o eó taã o doce aíó, pode imaginar
como vai ser aqui em cima?
Posso ouvir Tiago interrompendo: — A quimioterapia deve ser terríóvel. Uma medonha
provaçaã o. Voceê a estaó aceitando como uma oportunidade de aproximar-se de Deus, de ser como
Jesus. Estaó vivendo no novo caminho, se achegando a Deus, e ele a voceê . Imagine quando o Plano
Emanuel se completar.
Paulo insiste: — Quando nos concentramos intensamente no ponto de vista de Deus, e soó se
fizermos isso, entaã o coisas terríóveis como a solidaã o e os problemas econoê micos e recidiva de
caê ncer podem ser considerados como afliçoã es leves e momentaê neas que estaã o obtendo para noó s
uma gloó ria eterna que supera de muito tudo isso. Combata o bom combate, como eu fiz.
EÉ claro que Pedro naã o pode resistir, juntando-se aà conversa com sua sabedoria confiaó vel: —
Querida irmaã , embora naã o o tenha visto, voceê o ama. Que milagre espleê ndido do seu gracioso
Espíóriro Santo! Embora naã o o veja com seus olhos fíósicos, voceê creê nele e sente-se cheia de
alegria inexprimíóvel, pois estaó recebendo o que mais deseja -sendo salva do distanciamento de
Deus para a proximidade dele. Estaó vivendo o novo caminho do Espíórito. A pressão acabou!
Aleluia! Espere para ver quem eó que estaó chegando! EÉ ele!
Os revolucionaó rios do novo caminho se apegam aà sua esperança de que estaã o realmente
recebendo a salvaçaã o de suas almas, mesmo quando passam pela porta chamada Departamento
de Oncologia. Sabem que estaã o libertos da busca inuó til do prazer da alma em qualquer coisa ou
em algueó m senaã o Deus. Seus celeiros podem estar cheios ou vazios de beê nçaã os; de qualquer
modo, a porta do celeiro estaó aberta e seus coraçoã es fixos em outra parte. Saã o remidos para ter
gozo em Deus.
Como seguidores de Cristo, podem beber aó gua viva que sacia a sua sede e comer coisas que
deleitam sua alma. Naã o importa como a vida os esteja tratando, por mais desanimados, irados ou
vazios que se sintam, por mais que tenham fracassado, podem entrar ousadamente no Santo dos
Santos. Teê m um verdadeiro encontro com Deus. Encontram o Diretor e ele os abraça.
Esse eó o propoó sito de Deus em tudo que faz. Tem sido o seu objetivo desde a Criaçaã o — e
continuaraó sendo ateó que venha a ser inteiramente realizado. EÉ o Plano Emanuel.
A pressaã o foi removida.
Podemos abandonar o plano do homem rico. Haó um novo modo de viver.
Ele trata de Deus e sua gloó ria e nossa sarisfaçaã o nele. Esse tem sido o seu plano desde o EÉ den.
10

A HISTÓRIA DE DEUS

Deus tinha feito um acordo conosco. Ele naã o pediu nossa participaçaã o. Nem sempre gostamos
dos termos. Fazemos entaã o de conta que saã o diferentes. Se pudeó ssemos ver o quadro maior, naã o
fingiríóamos nada. Cairíóamos de joelho em adoraçaã o.
Um dos maiores e desconhecidos pregadores da Escoó cia, Arthur J. Gossip, perdeu a esposa de
repente. Seu primeiro sermaã o depois da morte dela tinha como tíótulo: Quando a Vida Desmorona,
o Que Fazer?
Ele disse nesse sermaã o: — Voceê s que estaã o ao sol podem crer na fé, mas noó s que estamos nas
sombras devemos crer nela. Naã o temos nada aleó m disso.67
Essas palavras me comovem. Pergunto, no entanto, tambeó m, exatamente no que devemos crer
quando a vida desmorona? Para muitos, eó o pensamento do antigo caminho? Se fizermos a nossa
parte, se orarmos e vivermos como Jesus quer, Deus iraó entaã o melhorar a nossa vida. Vai
transformar as coisas maó s em boas. Ficaremos livres da queda do outro sapato, ou pelo menos de
outro caindo no chaã o.

Não há outra corrente


Em The Silver Chair (A cadeira de prata), o quarto livro de CS. Lewis, As Crônicas de Nárnia,
uma menina chamada Jill se perde numa floresta perigosa. Ela grita muito e fica com uma sede
terríóvel. Enquanto procura aó gua, chega a um rio e corre alegremente ateó ele. Mas, nota que um
leaã o estaó deitado ao lado dele.
A menina paó ra de repente. O leaã o, sabendo que ela tem sede, a convida para se aproximar e
beber.
— Posso? Seraó que se importa de sair enquanto bebo? — pergunta Jill.
O leaã o respondeu a isso com um olhar e um rugido baixinho. Enquanto Jill contemplava
sua forma imoó vel, compreendeu que seria o mesmo que ter pedido aà montanha inteira que
se movesse para sua convenieê ncia.
O ruíódo delicioso das aó guas correndo a deixava quase desesperada.
— Promete que naã o faraó nada comigo, se me aproximar? — perguntou Jill.
— Naã o prometo nada — disse o leaã o.
Jill estava com tanta sede que, mesmo sem perceber, dera um passo aà frente.
— Voceê come meninas? — indagou.
— Jaó engoli meninas e meninos, homens e mulheres, reis e imperadores, cidades e reinos
— disse o leaã o. Ele naã o falou como se gabando, nem como se lamentasse, ou como se esti-
vesse zangado. Soó falou.
— Naã o tenho coragem de ir ateó aíó e beber — disse Jill.
— Entaã o vai morrer de sede — respondeu o leaã o.
— Nossa! — replicou Jill, dando mais um passo. — Acho que tenho de procurar, entaã o,
outro rio.
— Naã o haó outro rio — disse o leaã o.68
Lewis colocou essas palavras na boca de Aslan, a figura de Cristo, ao falar com uma menininha
amedrontada: — Naã o prometo nada. — Com relaçaã o a queê ? O leaã o naã o promete que Jill naã o vai
sofrer. Naã o lhe promete uma vida melhor.
Mas, a convida a beber a aó gua que precisa.
O que precisamos? Quase sempre respondemos: este conjunto especial de beê nçaã os, segurança
de que as coisas naã o vaã o dar errado. Deus diz: comunhaã o comigo, segurança para entrar na
minha presença.
Mudamos os termos do acordo. Queremos a vida melhor e a esperança melhor, as beê nçaã os da
vida e comunhaã o com Deus — ambas as coisas, agora. Se tiveó ssemos de escolher uma,
poderíóamos ser tentados a preferir as beê nçaã os. — Deus, tire meu filho das drogas. Farei tudo o
que disser.
Quando o leaã o naã o se move e quando se recusa a garantir passagem segura ao rio de aó gua
viva, procuramos outro rio e calculamos como chegar ateó ele. Naã o haó outro, mas fingimos que haó .
Um homem cujo diagnoó stico era de caê ncer inoperaó vel ouviu a garantia do amigo: — Tudo vai
dar certo. Acabei de colocar a sua situaçaã o na Internet. Antes de a semana acabar, haveraó vinte
10

mil pessoas orando por voceê . — Aproximar-se de Deus naã o eó o objetivo principal; alcançar a
sauó de eó . E muitas oraçoã es saã o o meio; poucas oraçoã es naã o teraã o efeito.
Essa eó a linearidade do antigo caminho.
O novo caminho começa com uma promessa diferente: A aó gua estaó aà disposiçaã o, e voceê pode
bebeê -la, mas a vida pode ser difíócil quando se aproximar. O foco do novo caminho, poreó m, naã o
saã o as provaçoã es; eó a disponibilidade de aó gua pura e alimento abundante.
"Quem crer em mim... do seu interior fluiraã o rios de aó gua viva." 69
Essa é a linearidade do novo caminho: Creia, e a água flui.
"Ah! Todos voó s, os que tendes sede, vinde aà s aó guas... Comei o que eó bom e vos deleitareis com
finos manjares".70
Mais linearidade do novo caminho. E uma promessa! Siga o caminho que Deus abriu para a sua
presença por meio de Cristo — e será satisfeito!
"Inclinai os ouvidos e vinde a mim; ouvi, e a vossa alma viveraó ; porque convosco farei uma
aliança perpeó tua".71
Esse é o acordo. É um bom acordo. Se ouvirmos o que ele oferece, não desejaremos mudar coisa
alguma.
EÉ segunda-feira de manhaã . Raquel e eu passamos a noite de domingo na sala de emergeê ncia.
Por volta das seis horas, voltou a sentir a mesma dor. Outra pedra nos rins. Minha primeira
reaçaã o foi: — Tenho tanto a fazer. A vida estava finalmente caminhando muito bem. A hora era
peó ssima. Deus, naã o seria possíóvel impedir que isso acontecesse? Naã o orei o suficiente? Ou talvez
tenha me descuidado com a quantidade de comida que deixava cheio o meu prato?
A resposta natural aà provaçaã o eó viajar pelo antigo caminho, domesticar o leaã o (como se
pudeó ssemos) e pedir que nos leve ao Tanque de Siloeó , onde a vida fica melhor. Se eu achasse que
vinte mil oraçoã es fariam diferença, iria espalhar meu problema pela Internet.
Ouço, entaã o, o leaã o dizer: — Naã o faço promessas sobre o seu sofrimento. Sua pedra pode ou
naã o passar. Venha ateó mim e beba.
A visaã o de um quarto de UTI naã o inspira feó . Revigora a exigeê ncia. — Deus, faça alguma coisa.
Aquela pobre criancinha estaó berrando. A mulher idosa junto a mim, por traó s da cortina, sente-se
terrivelmente mal. E eu tambeó m naã o estou taã o bem assim. Onde o Senhor estaó ? O que tenho de
fazer para que entre em açaã o?
Enquanto ficava ali a noite passada durante vaó rias horas, perguntei com o que podia contar
que Deus fizesse. O que exatamente ele prometera? Ele disse que fizera uma aliança eterna, um
arranjo pelo qual, por sua escolha, o obriga a fazer o que prometera. Mas, qual eó a promessa?
Qual o acordo? No que devo crer quando uma sombra cai em minha vida?

O quadro maior
Em vista de noó s, cristaã os modernos, estarmos taã o condicionados a supor que o antigo acordo
ainda esteja em vigor, que se agirmos certo a vida vai funcionar, talvez devamos retroceder um
pouco, dar alguns passos grandes e ver o quadro maior. Quando a trageó dia se abate, dizemos
facilmente: — O que seraó que Deus estaó me ensinando nesta provaçaã o? — Ouça por traó s dessa
sentença a sua motivaçaã o e talvez escute isto: — Se aprender minha liçaã o, poderia fazer o que eó
certo da proó xima vez para que naã o venham mais provaçoã es. — O antigo caminho eó instintivo.
Supomos que esse seja o acordo: Andamos corretamente e Deus abençoa. Mas, Deus tem um
acordo diferente conosco e ele iraó durar ateó o ceó u.
Vou descrever a histoó ria de Deus, a maneira como ele se moveu atraveó s da histoó ria guiado
pelo Plano Emanuel para chegar ao acordo presente, ao qual a Bíóblia chama de nova aliança. 72
EÉ uma histoó ria de sete capíótulos que começou haó muito tempo.
Capítulo Um: Quando Só Havia Deus
Tudo eó criado, menos Deus. Nossas mentes diminutas soó conseguem entender que, durante o
passado infinito, soó Deus existia. Antes de criar qualquer coisa, soó havia Deus. Nada mais.
Ningueó m mais.
Imagino uma festa divina. A comunidade eterna estava se divertindo. Havia paz e as pessoas
se relacionavam de maneira harmoniosa. Deus gosta de ser Deus. Sempre gostou e sempre
gostaraó .
Mas faz parte da sua natureza compartilhar. Ele criou entaã o os anjos.
Capítulo Dois: Deus e os Anjos
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Deus criou seres angeó licos e imediatamente os colocou em seu lugar. Era um lugar
maravilhoso. Eles foram designados para experimentar revereê ncia na presença de sua majestade
e se deleitar no seu serviço. Algo, poreó m, aconteceu, como Deus sabia que aconteceria; fazia
parte do Plano Emanuel.
Capítulo Três: O Início do Mal
Luó cifer era o mais belo de todos os anjos. Por razoã es que, provavelmente, nunca saberemos,
isso o envaideceu. O nascimento do orgulho. Ele decidiu que queria compartilhar da gloó ria que
pertencia a Deus. Queria algo aleó m do que Deus jaó estava dando. Com essa paixaã o, o mal
começou. O mal eó desejar algo mais do que
Deus; no caso de Luó cifer, foi a oportunidade de sentir-se de uma certa forma.
Ele conseguiu persuadir um bom nuó mero de anjos menores a buscar uma vida melhor em
separado de Deus. Deixaram entaã o o lugar que Deus lhes designara. Satanaó s e seus demoê nios
eram agora uma força a ser considerada.
Capítulo Quatro: Pessoas Entram em Cena
Deus criou os ceó us e a terra. Na terra, designou um paraíóso chamado EÉ den, palavra que
significa "deleite". Foi ali que ele criou as primeiras pessoas. Seu propoó sito desde o iníócio era
compartilhar as delíócias da comunidade perfeita e as beê nçaã os de uma vida maravilhosa.
Os seres humanos foram formados com a capacidade de naã o soó curvar-se em revereê ncia
diante da majestade e servir ao Mestre, como tambeó m gozar das profundezas do coraçaã o de
Deus. Nisso, somos diferentes dos anjos.
Ele eó amor, e a extensaã o do seu amor vai ateó a graça. Estaó disposto a perdoar os que o odeiam
e descobrir um meio de abraçar os sujos e pequenos maltrapilhos. Ele na verdade os ama — e
noó s somos eles.
Ateó que Adaã o e Eva pecaram, tinham uma apreciaçaã o limitada da bondade de Deus. A graça
ainda naã o era requerida e, portanto, naã o estava visíóvel. O primeiro acordo de Deus com as
pessoas foi direto: Sigam as minhas regras e continuaraã o a gozar a vida maravilhosa do paraíóso.
Havaíó para sempre. Viagens a Fiji. Nunca uma pedra nos rins. E um grande casamento com sexo
do melhor.
Mas, havia uma coisa da qual naã o podiam gozar no paraíóso — um relacionamento construíódo
sobre a graça. Deus ficou de lado e observou o diabo persuadi-los a pecar.
Capítulo Cinco: Uma Raça Corrupta Passa a Existir em Pecado Esse primeiro pecado libertou
um víórus mortal no coraçaã o humano, um víórus ateó entaã o contido nos anjos caíódos. A partir desse
ponto, todo ente nascido de um homem e de uma mulher chegou aà vida com a ideó ia de que havia
algo melhor do que conhecer a Deus. Acreditaó vamos que poderíóamos encontrar maior prazer nas
provisoã es de
Deus do que na sua Pessoa. Vivemos entaã o para o prazer, sem nos preocupar se nos
aproximaó vamos ou naã o de Deus.
Se os prazeres naã o viessem, sentir-nos-íóamos justificados em buscar alíóvio do sofrimento da
maneira que fosse possíóvel. Quando Deus nos disse que estaó vamos errados, ficamos furiosos e
perguntamos o que ele tinha feito ultimamente por noó s. Se os prazeres aconteciam, sentíóamo-
nos complacentes, pensando que de alguma forma os merecíóamos. Afinal de contas naã o
havíóamos pedido para nascer; quem nos poê s aqui devia cuidar de noó s.
Estava na hora de Deus girar a igniçaã o do Plano Emanuel.
Capítulo Seis: Deus Vai Trabalhar
A primeira coisa que Deus fez, depois de observar as pessoas ficando cada vez piores, foi
destruir todos — todos exceto um homem e sua famíólia.
Passado o diluó vio, ele entrou em aliança com Noeó deste modo:
— Olhe, Noeó , estaó vendo aquele arco-íóris? Ele eó a minha promessa de que, mesmo que voceê , seus
filhos e os filhos de seus filhos se afastem de mim para buscar sua alegria, jamais destruirei todas
as criaturas vivas como acabei de fazer.73
Qual a ideó ia dele? Creio que foi esta: Revelar apenas que o seu juíózo jamais poria em praó tica o
Plano Emanuel. Nunca poderia castigar as pessoas para valorizaó -lo acima de todas as outras
alegrias. Entrou entaã o em aliança com Noeó , o primeiro de cinco acordos especiais com pessoas.
Os anos se passaram. As coisas naã o melhoraram. A proó xima fase da agenda Emanuel foi
introduzida - a aliança abraaê mica. Ele apareceu a um homem e ordenou que partisse numa
viagem. — Siga-me
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— Deus disse — a um lugar que lhe mostrarei mais tarde. Tenho um plano. Quero abençoar as
pessoas por seu intermeó dio.
Embora Abraaã o naã o soubesse disso quando a viagem começou, o plano era para Deus colocaó -
lo num terríóvel apuro que soó um milagre poderia resolver.
— Abraaã o, voceê vai ter um filho.
— Mas, Deus, minha mulher e eu naã o temos filhos. Meu servo seraó entaã o o meu herdeiro?
— Naã o! Confie em mim. Sei o que estou fazendo.
Deus fez entaã o um trato.74 Ele instruiu Abraaã o para cortar alguns animais e paó ssaros em
pedaços e dispoê -los em duas fileiras, formando um caminho no meio.
O costume da eó poca de fazer aliança era aquele que exigia de quem andasse pelo caminho
fizesse a seguinte afirmaçaã o: — Corte-me em pedaços se naã o cumprir a minha palavra. — Nessa
ocasiaã o, eó surpreendente observar75 que Deus andou sozinho pelo caminho, como se dizendo: —
O Plano Emanuel estaó avançando. Garanto o seu progresso ateó a execuçaã o final. — Deus
imaginou um povo que, pela feó , vivia nas trevas, um povo que; se achegaria a ele naã o importava o
que acontecesse, por acreditar queê ele era o seu maior tesouro.
Com o passar dos anos, os descendentes de Abraaã o por intermeó dio de Isaque, nascido de Sara
e Abraaã o quando tinham noventa e cem anos respectivamente, eram agora os filhos de Israel.
Deus os tirou do Egito, depois mandou que ficassem imoó veis diante de um monte a fim de ouvir a
fase seguinte do acordo. Chamado, hoje, de Aliança Mosaica.
— As coisas vaã o ser assim: Pretendo ser o Deus de um povo que naã o desejaraó nada mais
senaã o a mim. Se for essa a sua intençaã o, vejam como vaã o viver: Façam tudo que eu mandar,
provem que me amam acima de tudo, e providenciarei para que tenham uma vida boa. Façam o
que eu quero e suprirei as beê nçaã os que voceê s querem. Esse eó o acordo.
Ningueó m cumpriu os termos. Ningueó m poê de. Em seu coraçaã o eles queriam uma vida melhor,
mais do que queriam um relacionamento com Deus; queriam uma vida boa mais do que queriam
revelar a outros como Deus eó bom. Continuaram egoíóstas, dedicados a proteger suas proó prias
almas e perseguir seus proó prios interesses. Deus, entaã o, os amaldiçoou. Colocou dificuldades em
suas vidas.
A uó nica soluçaã o seria Deus despertar o afeto por ele em seus coraçoã es que fosse mais
poderoso do que o víórus do pecado. Antes disso, ele fez avançar o Plano Emanuel com mais um
arranjo preparatoó rio, chamado de Aliança Davíódica. Ele a fez com Davi, rei de Israel.
— Davi — disse ele -—, vou estabelecer um trono no meio de meu povo e providenciar para
que o meu homem o ocupe. Pretendo criar uma comunidade que dance de alegria ao redor do
meu trono, em minha cidade, com o meu homem em pleno domíónio. Voceê eó uma figura desse
homem. Seu trono duraraó para sempre.
Cada uma dessas alianças avançou o Plano Emanuel de certas maneiras que continuam hoje.
O arco-íóris de Noeó continua ainda sobre noó s. A terra naã o seraó destruíóda ateó que a nova raça
seja removida.
Como Abraaã o, somos agentes de beê nçaã os para este mundo. Mas, a nossa influeê ncia nunca
depende de causas naturais. Ismael, filho de uma mulher jovem e feó rtil, foi expulso. Isaque, o
filho de dois velhos jaó distantes da idade de concepçaã o de filhos, eó o nosso modelo. Soó quando o
Espíórito opera sobrenaturalmente por nosso intermeó dio eó que o plano de Deus avança.
A lei que veio atraveó s de Moiseó s estaó agora em nossos coraçoã es. O acordo de Deus com Israel -
faça as coisas certas e a vida funcionaraó - foi abolido. Mas, a lei continua em peó . A diferença eó que
agora ansiamos pela santidade; os requisitos da lei saã o agora a delíócia de nossos coraçoã es. E noó s
obedecemos a fim de gozar comunhaã o com Deus e naã o para tornar nossa vida funcional. Essa a
diferença. EÉ um novo caminho.
O reino prometido a Davi estaó agora presente. Cristo jaó se encontra no trono e jaó reinamos
com ele, embora naã o como seraó um dia.
O estaó gio final do Plano Emanuel na terra jaó foi instalado. Deus estabeleceu um novo acordo
com seu povo. EÉ a nova aliança, firmada no sangue de Jesus.
A peça central deste novo arranjo eó esta: Temos agora acesso direto a Deus a qualquer tempo,
em qualquer circunstância.
A melhor esperança de acesso a ele, que leva a um encontro cheio de alegria, ancorado na
esperança, com cada membro da Trindade, jaó se acha no lugar.
Este novo arranjo eó eterno. Vai continuar ateó a vinda do uó ltimo capíótulo desta histoó ria.
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Capítulo Sete: Comunhão para Sempre


AÀ medida que o uó ltimo capíótulo se desenrola, naã o mais nos aproximaremos de Deus;
estaremos com ele para sempre. O Plano Emanuel estaraó entaã o completo - e permanente. Deus
seraó o nosso Deus, e noó s seremos o seu povo.
Naã o seraó impossíóvel, mas inconcebíóvel, pecar. O grito do nosso coraçaã o: Dê-me apenas Jesus,
seraó plenamente satisfeito. Nós o veremos. Sem um momento de hesitaçaã o, inclinar-nos-emos a
seus peó s e diremos: — Meu Senhor e meu Deus. Tu eó s o meu maior tesouro. Aleó m de ti, nada
mais almejo.
Quando a esperança melhor for conquistada e naã o houver possibilidade de valorizar as
beê nçaã os acima do Abençoador, Deus iraó remover todos os obstaó culos. O prodíógio do EÉ den
empalideceraó em comparaçaã o. Tudo daraó certo, naã o porque façamos tudo certo -embora seja
assim; mas, tudo daraó certo porque Jesus fez tudo certo e Deus agora nos daó todas as beê nçaã os
que seu coraçaã o infinitamente generoso pode conceber. Sua presença e suas beê nçaã os — isso eó o
ceó u!
Estamos, poreó m, ainda no capíótulo 6 da Histoó ria de Deus. EÉ um bom lugar onde estar, naã o
importa o que aconteça, se vivermos no novo caminho do Espíórito. O Antigo caminho se foi. A
pressaã o acabou. Quando nossos filhos se comportam mal, naã o precisamos pensar sobre o que
fazer para ajudaó -los a melhorar. Por mais estranho que pareça, isso naã o eó soó desnecessaó rio, mas
errado. Essa estrateó gia daó mais valor a nossos filhos do que a Deus. Podemos nos achegar a Deus
e depois nos dirigirmos a eles com a paixaã o e a sabedoria do Espíórito.
Esse eó o novo modo de viver. Estaó disponíóvel para todos cujo supremo tesouro eó Deus, que se
curvam diante dele e naã o fazem exigeê ncias, que sabem que ele estaó sempre nos beneficiando,
mesmo quando uma pedra se aloja num lugar difíócil em nosso rim.
Podemos rejeitar o velho caminho e viver no novo. Mas, como? Continuo querendo que a
pedra passe, talvez mais do que desejo a Deus. E se eu for francamente sincero, algumas vezes
prefiro meus filhos sadios e felizes a conhecer melhor a Deus. Como viver no novo caminho?
Essa eó a questaã o que vou tratar a seguir.

Q UARTA PARTE :
D EIXE A REVOLUÇÃO COMEÇAR
O Novo Caminho: Como Viver Nele

GOZO EM DEUS
E realmente possíóvel ter gozo em Deus. EÉ o ponto alto da vida. EÉ a razaã o de estarmos vivos.
Entrar no novo caminho depende de essa ideó ia introduzir-se em nossas cabeças e coraçoã es.
Ouça novamente as palavras de John Owen:
O conhecimento de que Deus e o homem podem viver em comunhaã o estaó oculto em Cristo.
EÉ algo maravilhoso demais para a natureza humana pecadora e corrupta descobrir. Mas,
em Cristo, temos o caminho para a presença de Deus sem qualquer temor... Os que gozam
desta comunhaã o estaã o gloriosamente unidos a Deus por meio de Cristo e compartilham de
todos os gloriosos e excelentes frutos de tal comunhaã o.
Se estivesse na companhia de Owen, gostaria de perguntar-lhe: — O que podemos conhecer
dessa alegria agora, nesta terra decaíóda, nesta vida cansativa e, aà s vezes, difíócil?
Ele responde:
Esta comunhaã o seraó aperfeiçoada e completa quando entrarmos no pleno gozo das gloó rias
de Cristo. Entaã o, nos daremos totalmente a ele, descansando nele como o cumprimento de
todos os nossos desejos... Esta comunhaã o eó agora apenas parcial, porque no presente
gozamos apenas as primíócias dessa perfeiçaã o futura.
Gozo parcial agora, mas gozar parcialmente a Deus é melhor do que gozar totalmente qualquer
outra coisa. Penso que isso eó verdade. Todavia, insistimos em gozar a plenitude de algo hoje. Esse
eó o apelo do pecado. EÉ o apelo do controle. Essa a razaã o de o antigo caminho ter tamanha
influeê ncia sobre noó s. Aquilo a que nos entregamos totalmente, queremos gozar plenamente. Mas,
o cristianismo pede completa entrega e soó promete gozo parcial mais tarde.
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Imagino-me dizendo tudo isto ao professor Owen. Eu o vejo recostado em sua cadeira, com os
olhos fechados, e provando uma refeiçaã o que ainda naã o consigo distinguir. Se pudesse entrar nos
seus pensamentos, penso que eu o ouviria testando-me em sileê ncio: — Voceê disse isso, mas
talvez naã o creia no que esteja dizendo: O gozo parcial de Deus eó taã o infinitamente maior do que o
gozo completo de qualquer outro prazer que eó insensato buscar qualquer coisa aleó m do
conhecimento de Deus. — Depois, abrindo os olhos, mas olhando atraveó s de mim para algo
superior, ele fala em voz alta. Estaó conversando com Deus sobre mim e comigo sobre Deus.
EÉ isto que diz:
Oro para que o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo que, pelas riquezas de sua graça,
levou-nos de um estado de inimizade a esta gloriosa comunhaã o com ele, possa dar-lhe tal
prova da sua doçura e excelência nesta comunhão, a ponto de ser estimulado a um desejo
maior desse gozo eterno dele na glória eterna.76
EÉ possíóvel que o Espíórito esteja incentivando voceê como faz comigo. Quero viver no novo
caminho. Se existe uma estrada que leve a qualquer prazer em Deus disponíóvel nesta vida, quero
caminhar por ela.
Minha oraçaã o eó que voceê tambeó m faça isso. Confio que este livro tenha despertado ateó aqui
seu desejo de deixar para traó s a pressaã o de buscar sua proó pria satisfaçaã o e viver na liberdade do
conhecimento de Deus. Se for possíóvel deparar-se com Deus num encontro que produza alegria
(e ateó alegria parcial ao encontrar Deus eó inexpressiva), voceê desejaraó entaã o palmilhar os
caminhos que levem aà sua presença. Esta eó a minha oraçaã o por voceê e tambeó m por mim.
Uma encruzilhada
Se voceê acredita que eó possíóvel ter gozo em Deus e se estaó começando a perceber o seu desejo
de encontraó -lo, entaã o voceê chegou a uma encruzilhada. O antigo caminho - esforçando-se para
fazer direito o que lhe cabe, a fim de obter as boas coisas da vida — ainda continua disponíóvel. A
seduçaã o eó poderosa. O paó ssaro em sua maã o (controle sobre as beê nçaã os) parece valer mais do que
dois paó ssaros voando (a promessa de que se voceê achegar-se a Deus, ele se achegaraó a voceê ).
Mas, voceê veê outro caminho. O sinal que marca sua entrada tem a forma de uma cruz, e as
palavras na trave dizem: "O novo caminho do Espíórito". EÉ preciso escolher. Vou examinar meu
coraçaã o e ver se consigo entender o que estaó acontecendo no seu, enquanto confronta essa
escolha.
Voceê sentiu a superficialidade e pressaã o da vida por longo tempo. Os prazeres que
experimenta naã o parecem chegar ateó sua alma. Eles o deixam vazio e pressionado a buscaó -los.
Sente-se como Atlas carregando o mundo nos ombros, mas seus ombros naã o saã o taã o largos
quanto os dele.
A vida mostrou-se decepcionante. Voceê naã o sente a decepçaã o enquanto estaó fechando um
negoó cio, fazendo sexo, comendo ou envolvido em atividades divertidas e significativas. O que,
como eó natural, explica seu víócio nessas coisas. Um líóder cristaã o bem-sucedido decla rou: —
Quando sua vida estaó funcionando como deseja e os prazeres continuam chegando, eó difíócil
interessar-se muito por uma jornada espiritual. Aquela que estaó palmilhando eó oó tima. Noó s a
chamamos entaã o de vida cristaã e relaxamos. Mas, quando as coisas ficam difíó ceis, ou quando
compreende que sua vida apesar de boa naã o estaó satisfazendo algo profundo, seu interesse num
novo modo de viver se desenvolve rapidamente.
Voceê talvez jaó esteja laó . Naã o se entusiasma mais com o seminaó rio ou o sermaã o que promete
ensinar "maneiras de obter da vida o que voceê deseja" ou "teó cnicas para tirar proveito do poder
de Deus". O que voceê quer eó poder para conhecer a si mesmo e conhecer a Deus (o que os
teoó logos chamam de "conhecimento duplo") e poder para fundir ambos. Voceê anseia por
comprazer-se em Deus.
Sua alma, seu verdadeiro eu, o qual quase perdeu de vista por baixo de todas as atitudes e
ocupaçoã es, estaó vazia, solitaó ria, entediada. Poderia ser diferente. Voceê sabe disso. Deve ser
diferente. Sabe disso tambeó m.
A frase imagem de Deus começa a significar algo. Voceê tem noçaã o de que a sua identidade, sua
alegria e seu propoó sito estaã o completamente envoltos em seu relacionamento com Deus. Ele eó a
fonte, a uó nica fonte, a fonte completa, de tudo que voceê foi feito para gozar. Mais dinheiro,
casamento excelente, filhos lindos, amigos íóntimos, bom ministeó rio — nada mais faz isso. Voceê
talvez tenha tentado alguns prazeres extras. Foram bons, mas soó por alguns momentos. Depois,
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vazios ainda maiores. Mais víócios. Voceê começou a entender que comprou mercadorias falsas.
Mentiras, tudo mentira.
Alguma coisa estaó faltando. Alguma coisa estaó errada. A maneira como estaó vivendo, a
maneira como a maioria dos seus amigos estaó vivendo, naã o leva a um bom lugar.
A vida abundante oferecida por Jesus naã o consiste no que geralmente chamamos de beê nçaã os
da vida, apesar do que ouviu de muitos puó lpitos e leu em muitos livros. As beê nçaã os saã o boas, mas
naã o bastam. Naã o para a sua alma. E agora voceê sabe que tem uma alma. Voceê eó uma alma, criada
por Deus para Deus, para encontrar-se em Deus, e depois viver por meio de Deus.
Voceê naã o pode descansar ateó que descanse em Deus. Naã o pode celebrar como deve ateó que
celebre a Deus mais do que tudo que eó bom — ou mau.
EÉ possíóvel que nunca lhe ocorresse antes que o que estaó faltando eó o gozo parcial de Deus,
naã o mais obedieê ncia,
naã o mais disciplina,
naã o mais beê nçaã os,
naã o mais ministeó rio,
naã o mais segurança emocional,
naã o mais oraçaã o,
naã o mais auto-estima. O que estaó faltando em sua vida eó uma experieê ncia genuíóna, profunda,
da presença de Deus, uma experieê ncia satisfatoó ria nos recessos mais profundos da sua alma.
O que estaó errado eó que se acha vivendo no antigo caminho. Isto explica por que naã o estaó
tendo prazer em Deus. Estaó vivendo para usar Deus a fim de gozar outra coisa. Nunca considerou
seriamente o convite radical para viver o novo caminho, a entregar tudo a Deus e correr o risco,
aproximar-se dele na esperança que conheceê -lo iraó tornaó -lo inteiro, mas soó quando deixar de
exigir inteireza e alegrar-se apenas na sua gloó ria.

Hora de avançar
Voceê jaó pensou que viver para a vida melhor eó um insulto a Deus? E o mesmo insulto do filho
proó digo ao pai: — Seu uó nico valor eó o que pode fazer por mim. Naã o me interessa conheceê -lo. Deê -
me apenas o que necessito para ter prazer nesta vida. — E praticamente assim que pensamos.
Nana Mareia, uma amiga íóntima, com seu marido, Randyman, trazem sempre presentes para
nossa neta de quatro anos, Josie. Na festa de aniversaó rio da maã e, Josie ficou imaginando o que
Nana Marcia lhe trouxera. — Josie, esta noite todos estamos dando presentes aà sua maã e. Naã o eó
maravilhoso?
Quando a expressaã o de Josie mostrou que ela naã o tinha muita certeza, Nana Mareia
acrescentou: — Mas, eu sempre dou a voceê o maior presente de todos — meu coraçaã o.
Josie sorriu. Penso que ela ainda queria uma boneca nova — qual a menininha que naã o deseja
isso? Ela quer beê nçaã os como noó s, mas algo em sua alma em desenvolvimento se alegrou naquele
momento especial com uma amiga especial. Ela naã o compreendeu tudo, mas o mais importante
conseguiu entender. Experimentou uma alegria passageira no relacionamento com algueó m que a
ama. Pode ter avançado mais do que muitos de noó s.
Algo estaó faltando em nossas vidas. É o prazer em Deus como nosso supremo tesouro. Algo estaó
errado com nossa abordagem da vida. E a determinação insensata de ter satisfação em outra
coisa tanto quanto em Deus e de valorizar nosso prazer mais do que a glória de Deus.
Todo indivíóduo que goza de qualquer forma de prazer sexual fora do casamento comete um
erro. O mesmo acontece com aquele que daó mais valor a um grande ministeó rio para Deus acima
de uma comunhaã o profunda com ele. Naã o haó muita diferença entre os adeptos da pornografia e
os fariseus e muitos dos primeiros estaã o mais proó ximos de se encontrarem com Deus.
O antigo caminho eó perverso. EÉ guiado pela nossa paixaã o de que algo aleó m de Deus "satisfaz
nossa alma. A pressaã o estaó ligada; temos de conseguir "essa outra coisa". EÉ a pressaã o de gozar
algo aleó m de Deus que nos manteó m ocupados demais, religiosos demais, comprometidos demais
com o ministeó rio, envolvidos demais com nossa famíólia, responsaó veis demais pelos amigos,
conscienciosos demais como pais e determinados demais a viver como devemos.
Esta eó a geraçaã o cansada. Os cristaã os estaã o taã o corrompidos quanto os pagaã os, algumas vezes
mais. Estamos desanimados com noó s mesmos e com a maneira como a vida estaó se desenrolando
para noó s. Pensamos durante anos que seria diferente. Algumas vezes imaginamos se vale a pena
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viver como cristaã os. Verifique se o sangue estaó cobrindo voceê para assegurar seu lugar no ceó u,
depois viva para esta vida. Se o cristianismo ajudar, oó timo, caso contraó rio...
Estaó na hora de poê r de lado nosso cinismo, de avançar para aleó m da vida sacrificial e
abandonar tudo que impeça uma experieê ncia profunda com Deus. Espero que esteja
desesperado por um encontro divino, um encontro genuíóno, naã o-planejado, profundamente
sentido, que tanto exponha os prazeres pecaminosos como imitaçoã es baratas da alegria da alma
como nos revele que nosso nervosismo sobre a nossa vida vir a ser ou naã o boa eó um insulto ao
Deus que daó de si mesmo a noó s e diz: — Aproveitem a festa!
EÉ claro que continuaremos a sofrer quando coisas maó s acontecem. Sofrimento com as
provaçoã es, como a dor de uma pedra nos rins, eó humano e naã o pecaminoso. Mas, desespero eó
pecado. EÉ su-bumano sentir como se a sua fonte de verdadeira alegria fosse tirada quando um
filho se rebela ou um ente querido morre, um negoó cio fracassa, ou uma tentaçaã o imoral vence.
A presença de Deus continua. Naã o haó motivo para rasgar as roupas. 77 Ouvi certa vez uma
definiçaã o de adoraçaã o como o ato de celebrar a disponibilidade de Deus.
Um antigo mentor, agora festejando no ceó u em pleno gozo de Deus, disse-me um dia: — O
cristaã o sempre tem razaã o para celebrar. Quando fracassamos, celebre a sua graça. Quando somos
abençoados, celebre a sua misericoó rdia. Quando outros nos rejeitam, celebre o seu amor.

Será mesmo possível?


Ao descobrir o seu desejo de Deus, voceê pode estar tambeó m descobrindo sua vontade
secundaó ria por um relacionamento com outros. Voceê anseia por conversas significativas. Em
algum ponto, compreende como deseja abençoar a outros, mesmo que naã o seja abençoado por
outros. Se naã o estiver onde estou na jornada, discerne melhor seu desejo de relacionar-se de tal
modo que o elevem a um níóvel mais alto de experieê ncia espiritual.
Voceê almeja envolver-se em alguns relacionamentos onde possa
ser conhecido em segurança amorosa,
explorado com genuíóno interesse,
descoberto pela sabedoria esperançosa, e
tocado pela fonte de poder espiritual. O novo caminho do Espíórito eó uma estrada que leva a
um encontro com Deus, aà comunhaã o com outros, e a uma formaçaã o espiritual em seu íóntimo.
Isso eó realmente possíóvel? Um novo caminho realmente existe?
Contemplo a minha vida e algumas vezes me admiro. A ideó ia de um novo caminho parece
passageira, como uma declaraçaã o exagerada feita por um bom merchandising. Ateó a discussaã o
bíóblica deste novo caminho, o que se leu ateó agora neste livro, pode parecer teologia de algodaã o-
doce. Embora a frase "o novo caminho do Espíórito" tenha sido inspirada pelo Espíórito e escrita
pelo apoó stolo Paulo, pode parecer-nos uma porçaã o de palavras soltas e doces que nada oferecem
de soó lido enquanto vivemos neste mundo.
O telefone toca. Algo deu errado, e voceê deve resolver a situaçaã o. Nesse momento, falar de
prazer em Deus soa como um chavaã o inoportuno, uma irrelevaê ncia piedosa, algo soó interessante
para os monges, os contemplativos, as pessoas afastadas dos desafios da vida real, pessoas taã o
míósticas que estaã o mais interessadas em recuar espiritualmente do que em enfrentar a vida.
Voceê tem um problema nas maã os, um inceê ndio a apagar. Estaó aberto a qualquer ajuda de Deus
— mas comprazer-se nele? Isso parece no momento taã o inuó til quanto conversar socialmente com
seu cirurgiaã o a caminho da sala de operaçaã o. Comunhaã o? Naã o! Naã o agora! Basta funcionar! Faça
o seu trabalho! Naã o me mostre fotos de seus filhos — naã o me importo se seu filho joga futebol.
Lave as maã os, ponha as luvas, depois pegue o bisturi e me cure. Pelo amor de Deus, cure-me!
O que queremos dizer, na verdade, eó "cure-me por minha causa, e naã o por causa de Deus".
Dizemos "pelo amor de Deus" porque naã o podemos imaginar que um Deus bom teria um
interesse maior do que consertar o que estaó errado em nossas vidas. Temos a verdade
"instrumentada". A verdade, inclusive a verdade bíóblica, foi reduzida a ideó ias uó teis, a uma
compreensaã o das coisas que podemos controlar para alcançar nossos fins. Perdemos a verdade
como uma pessoa a quem amar. Naã o eó de surpreender que os poó s-modernos introduziram uma
versaã o falsa do novo caminho. Naã o eó de admirar que as ideó ias da Nova Era continuem populares
e influentes.
Comprazer-se em Deus?
Quando nosso filho foi preso?
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Quando o seu casamento estaó desmoronando?


Quando sua mulher estaó com Alzheimer?
Quando a sua solidaã o alcança novas dimensoã es que naã o consegue mais suportar?
Quando o conflito sexual que pensava ter controlado surge mais incontrolaó vel do que nunca?
Comprazer-se em Deus? Em meio a tudo isso? Pura. fantasia! Insensatez espiritual!
Escapismo! Teologia de algodaã o-doce!
Ou será?
A Bíóblia nunca erra. Deus diz que nela haó um novo modo de viver. EÉ o caminho do Espíórito. O
Espíórito se alegra em revelar a beleza de Cristo. Cristo naã o tem maior prazer do que revelar o
amor do Pai. O novo caminho do Espíórito nos convida a participar dos prazeres de Deus, a entrar
em alegre comunhaã o com cada membro da Trindade.
Comprazer-se em Deus? Sim. Em meio aà s dificuldades? Sobretudo estas.
As mesmas dificuldades e escolhas enfrentam tanto os revolucionaó rios do novo caminho
quanto os seguidores do antigo. Ambos devem decidir se devem pagar fiança pelo filho preso.
Deixar de ceder aà autopiedade e obrigar-se a sair do seu apartamento solitaó rio. AÀ s vezes, ambos
precisam esforçar-se ao maó ximo para manter-se sexualmente puros e certas vezes os dois
falham.
Mas, a razão de fazerem o que fazem eó diferente. Os que continuam no antigo caminho sentem
a pressaã o para calcular que curso de açaã o iraó produzir os resultados que almejam — um filho
arrependido, novos amigos, tentaçaã o enfraquecida. A vida cristaã para eles eó uma teó cnica, uma
foó rmula para gerar um resultado, uma receita para tornar a vida saborosa. A verdade eó
instrumentada.
No novo caminho, tudo que fazemos vem de um coraçaã o que jaó se achegou a Deus, que estaó
ancorado nesse relacionamento, que procura em Deus qualquer alegria e esperança necessaó rias
para continuar vivendo, que naã o exige nada mas celebra Deus em tudo. No novo caminho, a
verdade eó personalizada. Para os revolucionaó rios do novo caminho, viver eó Cristo - e naã o criar
filhos piedosos, fazer novos amigos ou ateó viver de maneira correta do ponto de vista moral.

Deixe Isaque nascer!


O novo caminho eó possíóvel? Pode algueó m viver realmente o novo caminho do Espíórito?
Abraaã o naã o tinha tanta certeza. Quando Deus apareceu ao patriarca e disse: — Voceê , meu
idoso amigo, e sua esposa avançada em anos vaã o ter um filho daqui a um ano —, Abraaã o naã o
ficou muito entusiasmado. — Deus — replicou ele (a histoó ria eó contada em Geê nesis 17) —, jaó
ouvi isso antes. Anos atraó s, tu disseste que Sara e eu teríóamos um filho. Mas, isso naã o aconteceu,
e agora eó tarde demais. Seria necessaó rio um milagre para que concebeê ssemos agora. Naã o estou
certo se quero aumentar minha feó ateó esse ponto. Jaó vivi pela feó em vaó rias situaçoã es. Deixei
minha casa sem qualquer outra garantia aleó m da tua palavra. Mas agora, isso eó demais. Estou um
pouco cansado de viver pela feó . Francamente, Deus, estou quase perdendo as esperanças. Acho
que prefiro uma vida controlaó vel, natural.
Abraaã o olhou entaã o para a planíócie na direçaã o da sua tenda. Ali se achava sua linda esposa de
outrora, agora uma mulher de noventa anos, pouco atraente para o sexo e provavelmente
desinteressada e inadequada para ele. Ismael, seu filho adolescente, concebido com outra
mulher, se encontrava tambeó m ali. Um jovem de boa apareê ncia e saudaó vel.
Abraaã o teve uma ideó ia. — Deus, e se me deres as beê nçaã os prometidas por meio do filho que jaó
tenho? Ismael nasceu de maneira natural, afirmo isso. Nenhum milagre foi necessaó rio, apenas
um momento de comprometimento. Isso tornaria as coisas muito mais faó ceis. Jaó fiz algo que deu
certo. Isso naã o seria suficiente? Oh! Deus, tomara que viva Ismael!78
Esse tem sido o meu clamor por cinquü enta anos. Quero saber que posso fazer algo que traraó
as beê nçaã os que desejo. Esperar por um milagre me deixa fora de controle. Naã o gosto disso. Quero
crer que se fizer as coisas certas, minha vida vai funcionar, que Deus me aben çoaraó com o que eu
pensar que necessito a fim de me sentir contente.
— Por favor, Deus, naã o fizeste isso para Abraaã o, mas tinhas planos especiais para ele. Em minha
vida, por favor, tomara que viva Ismael!
Para começar no novo caminho, temos de mudar nossa oraçaã o.
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— Deus, naã o sei como vais produzir o fruto de um amor consumidor por ti em meu coraçaã o.
Pareço encontrar muito maior prazer nas boas coisas da vida, e algumas vezes no pecado, do que
em conhecer-te. Gosto mais das beê nçaã os que do amor que sinto por ti. Tenho mais satisfaçaã o em
outras coisas do que em ti. Seraó necessaó rio um milagre para mudar isso.
— Tu me dizes que o milagre jaó aconteceu, que tenho um novo coraçaã o que o deseja como seu
prazer supremo. Mas, naã o sei como tornar isso real. Posso achegar-me a ti na condiçaã o em que
estou, como Abraaã o aproximou-se de Sara como um velho idoso e cansado. Foi necessaó rio um
milagre para eles conceberem. Mas, tu o fizeste. Confiarei em ti para um milagre semelhante em
minha vida. Deus, expulso agora Ismael e sua maã e. 79 Naã o quero ser mais tentado para voltar ao
velho caminho de fazer minha vida funcionar. Aspiro a uma vida sobrenatural. Vou a ti como
estou. Deus, deixa Isaque nascer!!
Que essa seja a nossa oraçaã o, enquanto examinamos juntos o que significa viver no novo
caminho.
Estamos cansados de controlar a vida. O antigo caminho nos esgotou. Queremos crer agora
que eó possíóvel comprazer-se em Deus, embora naã o como aconteceraó no ceó u; cremos tambeó m que
o gozo parcial de Deus disponíóvel agora ultrapassa de muito a alegria completa de qualquer
outra coisa.
Estamos prontos para ir a Deus, como estamos — nariz escorrendo, rosto sujo, roupas
rasgadas, desesperados para encontraó -lo, clamando pela graça como nossa uó nica esperança,
insistindo em naã o marcar um horaó rio para o nosso Deus soberano seguir, mas confiando em que
ele se revelaraó a noó s porque eó isso que quer fazer. EÉ isso que prometeu fazer, mesmo aà s custas da
morte terríóvel e bela de seu Filho. EÉ o Plano Emanuel.
O que fazemos então?
Agora que estamos dispostos, como vivemos no novo caminho do Espíórito? Essa eó a pergunta
que vou discutir nos capíótulos finais deste livro.
A pressaã o acabou!
Estaó na hora de experimentar nossa liberdade.

CINCO BLOCOS DE CONSTRUÇÃO DA VIDA DO NOVO CAMINHO


Naã o existe uma relaçaã o linear segura entre a escolha de viver como cristaã os e a distribuiçaã o de
beê nçaã os por Deus para noó s nesta vida. Um padraã o geral, sim, mas naã o uma relaçaã o linear
invariaó vel de causa e efeito. Nada que fazemos garante as beê nçaã os que desejamos.
Os bons pais teê m mais frequü entemente bons filhos do que os maus. Mas, nem sempre. Naã o
temos controle sobre o desenvolvimento de nossos filhos. EÉ errado — faz parte do antigo
caminho — tentar educar bem nossos filhos se nosso principal motivo for criaó -los para nossa
satisfaçaã o. Isto eó idolatria. EÉ amar alguma coisa mais do que a Deus. EÉ contemplar algo aleó m de
Deus para nosso supremo prazer.
Se voceê tiver sucesso, ficaraó orgulhoso. Se fracassar, vacilaraó entre o desprezo por si mesmo
("O que fiz de errado?") e a falta de consideraçaã o de seus filhos ("Como puderam agir assim
depois de tudo que fiz por eles?").
Os líóderes cristaã os que servem fielmente a Deus gozam no geral da sua beê nçaã o em sua vida e
ministeó rio. Mas, nem sempre. Servos humildes podem trabalhar sem ser reconhecidos em mi-
nisteó rios visivelmente ineficazes durante anos, depois morrer na obscuridade, enquanto egoíóstas
talentosos podem ter ministeó rios bem financiados, internacionalmente conhecidos, que atraem
seguidores aos milhares.

Não rapidamente, mas acontece


Naã o existe uma linearidade garantida entre a vida reta e a beê nçaã o visíóvel. O antigo caminho
pensa que existe.
Existe, no entanto, uma relaçaã o linear entre a escolha de viver no antigo ou no novo caminho e
nossa experieê ncia de Deus. A vida no antigo caminho nunca nos leva a comprazer com Deus nem
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nos torna semelhantes a ele. Ela se preocupa em usar Deus e naã o conheceê -lo. O fruto do antigo
caminho naã o inclui verdadeira adoraçaã o, real comunhaã o ou formaçaã o espiritual.
Se semearmos para a carne, soó colheremos o que a carne produz. Ismael vive. Isaque eó
natimorto. Soó temos a garantia de uma vida apenas natural e seu fruto inevitaó vel, uma alma
faminta e contenciosa, embora bem disfarçada. Nosso vazio interior nos leva entaã o a um estilo de
vida que gira ao redor das necessidades e anseios que sentimos. Vivemos como cristaã os a fim de
satisfazer nosso apetite. Naã o vivemos para Deus nem para desfrutar e compartilhar da sua gloó ria,
mas para uma plena satisfaçaã o do nosso ego, cuja jornada de aventura e significado nos rendem
uma vida cheia das beê nçaã os que apreciamos. Algumas vezes, as escolhas que fazemos em busca
da vida melhor saã o visivelmente erradas. Outras vezes, saã o reconhecidamente erradas somente
quando os motivos pessoais por traó s delas saã o expostos.
Se semearmos para o Espíórito, colheremos o que soó o Espíórito pode produzir: amor, alegria,
paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidaã o, domíónio proó prio. 80 No uó tero de
nossas almas, Isaque eó concebido e finalmente nasce. Se nos mantivermos no novo caminho, ele
cresce ateó a maturidade. Milagrosamente, encontramos Deus, experimentamos a comunhaã o e
nos tornamos como Cristo. Naã o acontece rapidamente, mas acontece.
Viver para a gloó ria de Deus, e naã o para as beê nçaã os que esta vida pode prover, garante a
presença ativa de Deus conosco, algumas vezes sentida e apreciada, outras em que a sua
presença naã o eó sentida durante noites longas e escuras, em que naã o haó nem beê nçaã os visíóveis dele
nem experieê ncias de intimidade com ele.
CINCO BLOCOS DE CONSTRUÇAÃ O DA VIDA DO NOVO CAMINHO

O Espíórito, poreó m, estaó sempre ativo. Cremos nele e temos esperança. Passamos finalmente a
experimentaó -lo e a conhecer alegria. Ao longo da estrada, o novo caminho, somos libertados do
impulso de abastecer-nos, de nos manter satisfeitos com base nas coisas boas em nossas vidas, e
libertados para viver para Cristo e amar tanto a Deus quanto a outros. Entramos em comunhaã o
com a Trindade, como escolares aprendendo as primeiras letras, mas nossa alegria eó real: ela eó
parcial, mas real. Chega a seu tempo, com toda certeza. Existe uma relaçaã o linear entre viver no
novo caminho e comprazer-se; com Deus.
Surge entaã o a pergunta: Como vivemos o novo caminho? Queremos fazeê -lo, mas como?
A revoluçaã o que visualizo seraó incentivada pelo novo caminho para pensar, viver e relacionar-
se. Começa com o ato de pensar. Somos transformados pela renovaçaã o das nossas mentes e naã o
das nossas circunstaê ncias; naã o somos mudados ao reorganizar as beê nçaã os em nossa vida ou usar
de estrateó gias para tornaó -la um pouco melhor do ponto de vista funcional ou vencendo a nossa
baixa auto-estima e emoçoã es conturbadas, mas renovando a maneira como pensamos sobre esta
vida.
Quero propor cinco blocos de construçaã o da vida do novo caminho, cinco elementos que
juntos colocam um fundamento e indicam a direçaã o para tudo que fazemos. Essas cinco ideó ias
saã o derivadas da natureza da nova aliança, o trato que vigora hoje entre Deus e noó s. Eles levam a
seó rio o que Deus nos revelou na cruz de Cristo, tanto sua estimativa do nosso pecado, como a
revelaçaã o de sua santidade, ira e amor.
Em certo sentido, saã o ideó ias naã o lineares. A forma como nos aproximamos de Deus naã o
garante a maneira como ele viraó a noó s ou quando permitiraó que sintamos a sua presença entre
noó s. Nada do que fazemos faz qualquer coisa acontecer.
Mas, desde que a nova aliança estaó agora vigorando, achegar-se a Deus garante que ele iraó
achegar-se a noó s, conforme a sua convenieê n cia e ao seu proó prio modo, naã o por causa do meó rito
da nossa aproximaçaã o, mas por causa da sua graciosa promessa de achegar-se a noó s se nos
achegarmos a ele.
Se seguirmos o seu Espíórito, se andarmos pelo novo caminho, vamos experimentar o amor do
Pai e contemplar a beleza de Cristo. Jesus prometeu manifestar-se aos que o amarem mais do
que aà s beê nçaã os.81 EÉ uma relaçaã o linear: Semeie para o Espíórito e iraó colher do Espíórito.

Cinco idéias básicas


A nova aliança oferece tanto os recursos de que precisamos para ir a Deus como a garantia de
que ele viraó a noó s. O novo caminho leva aà intimidade com Deus.
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Com o grito crescendo em nossos coraçoã es: Vou expulsar Ismael; deixe Isaque viver! quero
agora sugerir as cinco ideó ias baó sicas que iraã o guiar-nos aà vida do novo caminho e descrever
brevemente cada uma delas. (Vou dedicar o restante do livro para apresentaó -las mais com -
pletamente.)
Se voceê quiser viver no novo caminho do Espíórito, entaã o: 1. Reflita sobre onde está.
Naã o saã o muitos os cristaã os que encontram o sinal vermelho na lista do shopping, mostrando
onde se encontram. Muitos nem sequer o procuram.
Cada nova jornada começa onde voceê se encontra. Saber o que estaó acontecendo em seu
íóntimo eó importante. Um duplo conhecimento tambeó m: Voceê naã o pode conhecer a si mesmo, sem
conhecer Deus e naã o pode conhecer Deus, sem conhecer a si mesmo.
Prometa, entaã o, diante de Deus e da sua Palavra, naã o fingir a respeito de nada.
Tome tempo para refletir, algumas vezes com outros que lhe daraã o uma opiniaã o sincera sobre
onde voceê estaó , especialmente sobre o que estaó acontecendo em seu mundo interior.
Voceê saberaó que esta reflexaã o estaó agindo quando começar a sentir a libertaçaã o penosa do
quebrantamento, naã o das maó goas em sua vida que naã o pode reviver, mas do orgulho que naã o
consegue eliminar.
A energia do antigo caminho continua em noó s. Ateó chegarmos ao ceó u, ela sempre estaraó e naã o
vai melhorar. Mas, a energia do novo caminho tambeó m estaó em noó s, se formos cristaã os. Reflita
sobre a batalha pelo domíónio entre as duas fontes de energia.
2. Reconheça a encruzilhada no caminho que está sempre diante de você.
Dois caminhos se apresentam constantemente diante de voceê . Especialmente quando algo
errado acontece em sua vida - problemas financeiros, um relacionamento perdido, o
aparecimento de um problema emocional -, voceê tem uma escolha a fazer entre o antigo
caminho, tentando manipulaó -lo bem a fim de melhorar as coisas, ou o novo caminho de achegar-
se a Deus e depois enfrentar seus problemas com nova energia, sabedoria e propoó sito.
O antigo caminho pode identificar anseios pessoais profundos, mas saã o sempre sobre voceê , o
seu bem-estar e conforto. A sabedoria do antigo caminho nunca revela sua aê nsia mais profunda,
seu desejo de Deus, seu desejo ardente pela sua gloó ria acima de tudo o mais. Pelo contraó rio, ele
enfoca como voceê deseja apaixonadamente que a vida funcione e se concentra em desenvolver
estrateó gias eficazes para que isso aconteça.
O novo caminho oferece uma estrada diferente. Naã o começa com a identificaçaã o de seus
anseios mais profundos, mas com seu maior defeito. Do quebrantamento vem o arrependimento
que evidencia seu anseio pela gloó ria de Deus, uma aê nsia que entaã o o atrai para o novo caminho.
3. Focalize novamente suas metas.
Admita quais foram as suas paixoã es principais, quais os alvos que tem buscado.
Lembre-se de que nossos coraçoã es foram feitos para Deus e, como disse Agostinho, naã o
descansaremos ateó encontrarmos descanso nele.
Buscar com entusiasmo um encontro com Deus nunca eó natural, ou uma comunhão espiritual
onde as pessoas saã o conhecidas, exploradas, descobertas e tocadas, ou a transformação que nos
faz mais semelhantes a Cristo. Se naã o pensarmos a respeito, iremos perseguir alvos que surgem
naturalmente — afluência material, conforto pessoal e fíósico, e eficiência socialmente aceitaó vel no
arranjo da vida que desejamos.
Os revolucionaó rios do novo caminho focalizam continuamente suas metas, a fim de buscar
aquilo para o qual foram criados para gozar: encontro espiritual, encontro comunitaó rio e
formaçaã o espiritual. O novo caminho eó o caminho do Espíórito.
4. Compreenda o que Deus oferece como o um meio da graça.
Soó a graça daraó aà luz Isaque. A graça para isso estaó aà disposiçaã o, seu suprimento eó ilimitado,
em qualquer circunstaê ncia.
Devemos nos humilhar para receber graça da maneira que Deus se agrada em daó -la. Se isso
significa mergulhar sete vezes num rio lamacento, devemos fazeê -lo. Receber graça sempre
requer humilda-de; requer a morte do orgulho e auto-suficieê ncia.
O meio essencial da graça inclui adoraçaã o, meditaçaã o sobre a Palavra de Deus e aprender
sobre e depender da obra septuplicada do Espíórito Santo (que irei destacar especialmente mais
tarde). Haó , poreó m, outros.
5. Reoriente sua vida de oração para corresponder á vida do novo caminho.
Se vivemos para as beê nçaã os, oramos de certo modo.
10

Se vivemos para conhecer Deus, oramos de outro modo.


Haó um modo de orar que surge da apreciaçaã o do acesso que a nova aliança nos daó aà presença
de Deus e que nos faz avançar na viagem pelo novo caminho.
Voceê pode ajustar as velas da sua vida de oraçaã o de acordo com o vento do Espíórito de Deus. EÉ
uma estrutura de oraçaã o com ritmo espiritual. Eu a chamo de Oraçaã o do Pai e irei tambeó m
examinar isto com voceê em mais detalhes posteriormente.
A pressaã o acabou!
Podemos viver em um novo caminho.
Vamos começar o proó ximo capíótulo refletindo sobre a nossa jornada e admitindo
sinceramente onde realmente estamos.

ONDE ESTOU? ENCONTRANDO O SINAL VERMELHO


Convido voceê agora para juntar-se a mim e examinar melhor nosso mundo interior. Ao fazermos
isso, tenha em mente uma verdade vital que iraó sustentar-nos: Quebrantamento é o caminho para
a liberdade. Quando vemos em noó s coisas que desejaríóamos naã o ver e compreendemos que naã o eó
possíóvel fazer absolutamente nada para limpar as impurezas encontradas, entramos na
experieê ncia libertadora do quebrantamento.
Quanto tempo ficamos ali antes de sentir liberdade eó responsabilidade do Espíórito. Pode ser
dias, semanas, anos. Algumas vezes o fruto da nossa afliçaã o soó eó visíóvel em nossa herança.
Devemos simplesmente confiar no Espíórito. O consolo eó sua obra soberana.
Deus ordena afliçoã es e problemas, 82 mas sempre com o propoó sito de nos libertar para servi-lo
no novo caminho do Espíórito. Esse Espíó rito, em seu calendaó rio, coloca o holofote na graça e
permite que sintamos quando ele derrama o amor do Pai em nossos coraçoã es por mais que
falhemos e nos esforcemos.
EÉ o provar do amor divino, diferente de qualquer amor que conheçamos, que nos atrai para a
mesa a fim de comermos novamente. Quase podemos ver o Espíórito sorrir, aà s vezes, enquanto
nos empurra para a mesa e puxa a cadeira para sentarmos.
Preste atençaã o e talvez ouça quando ele diz:
— Voceê pode vir como estaó , neste momento. Nenhum castigo, soó arrependimento. Sei que estaó
vendo a desordem. Eu o ajudei a veê -la. Mas o Pai soó veê a beleza de Cristo. Venha, coma e beba.
Entre na sua presença, sob os termos da nova aliança. Voceê eó taã o puro quanto Cristo. Pertence ao
Pai. Voceê o deseja acima de todos os outros desejos. Vou agora aprofundar a sua percepçaã o de
tudo que eó verdadeiro, libertando-o para entrar sem medo num lugar onde muitos morreram.
Entre nos meó ritos da cruz.
Quebrantamento e liberdade andam juntos, nessa ordem; primeiro sofrimento, depois
consolo; primeiro afliçaã o, depois alegria; primeiro sentimento de indignidade, depois sentimento
de amor; primeiro a morte do "eu", depois a ressurreiçaã o da alma.
EÉ um ciclo. Primeiro desce, depois sobe, desce em seguida, outra vez, mais ainda, sobe de
novo, desta vez mais alto. Quando descobrimos o sinal vermelho que marca onde estamos em
nossa jornada, vamos sempre experimentar quebrantamento. EÉ o ponto de partida contíónuo para
cada novo passo em direçaã o a Deus. O quebrantamento nos ajuda a desviar nossos olhos, naã o
para as beê nçaã os de uma vida melhor — essas beê nçaã os nunca curam o quebrantamento, apenas o
cobrem — mas, para a intimidade prometida como nossa melhor esperança.
E a falha em descobrir onde estamos em qualquer momento que nos impede de compreender
aonde mais desejamos ir. Ateó confrontar um quebrantamento interior que nenhuma beê nçaã o desta
vida pode consertar, seremos irresistivelmente atraíódos para o antigo caminho.
Vejamos, agora, como isto acontece. A viagem pelo novo caminho começa com uma
surpreendente revelaçaã o, naã o sobre noó s, mas sobre Deus. O Deus Santo e Inigualaó vel, por ser
magníófico, deseja que tenhamos prazer ao nos aproximarmos dele, a fim de que nos sintamos
realmente bem. Ele nos fez para o seu prazer quando nos comprazemos nele.
No entanto, adequadamente, ele eó um Deus zeloso. Isso eó apenas razoaó vel para ele. Ele exige
que o apreciemos como nosso bem supremo porque eó isso que ele eó . Naã o vemos isso, poreó m,
desse modo, sem a ajuda sobrenatural.
10

Deus jamais permitiraó que gozemos plenamente dele enquanto pensarmos nele como um
bem entre muitos. A razaã o eó simples: Naã o pode ser feito. Nenhum comensal aprecia a primeira
fatia de carne colocada aà sua frente, se interromper regularmente a refeiçaã o e correr para a casa
do vizinho a fim de experimentar o naco de carne de outra pessoa.
Quando o povo de Deus declara lealdade a ele, mas exige prazer de outra fonte — coê njuge,
filhos, amigos, ministeó rio, sauó de, sucesso — Deus os acusa de adulteó rio. Essa eó uma ofensa
capital. Deus, entaã o, mata primeiro o seu Filho, no lugar deles. Depois, como Oseó ias com Goê mer,
separa-se deles, mas só para fazer com que voltem com prazer a aproximar-se outra vez. A
separaçaã o se destina a despertar o apetite deles pelo que estaó faltando, para aumentar a
percepçaã o de que soó a presença de Deus pode satisfazer a profundidade do desejo humano.
Considere o convite de Deus para noó s. Não se trata de: — Ore deste modo e naã o daquele; e,
como um geê nio da garrafa, vou dar-lhe o que quer que ache que o faraó feliz.
Naã o, o seu convite eó muito diferente. Como nosso Pai, Deus daó as boas-vindas a seus filhos aà
mesa da famíólia e oferece ali uma espleê ndida festa — ele mesmo. — Venham, tomem seu lugar
assegurado por meu Filho. Meu Espíórito os trouxe aqui. Contemplem agora a Cristo para ver-me.
Bebam-me. Comam-me. Satisfaçam-se com o meu amor que os deixa ver-me e viver. Sintam
revereê ncia pelo meu esplendor e majestade ateó compreenderem que naã o haó nada que brilhe
mais do que eu, que voceê s saã o peixes e eu sou o oceano. Qualquer outra aó gua naã o passa de uma
poça de lama em comparaçaã o.

Onde voceê estaó


Estamos agora preparados para perguntar: Onde estou? Onde estaó o sinal vermelho?
Na autoridade da Palavra de Deus, posso dizer-lhe onde voceê estaó . EÉ onde tambeó m estou.
Posso dizer-lhe o que se passa em seu íóntimo. E se conseguir ver, se reconhecer onde se encontra,
seraó atraíódo para o novo caminho. Vai abandonar seu flerte com as beê nçaã os e se curvaraó diante
de Deus, sem nada exigir. Farei tambeó m isso.
Haó duas atitudes distintas em nosso íóntimo. A primeira estaó em todos, cristaã os ou naã o. Isaíóas
olhou para o povo de sua eó poca e viu que todos eles, como ovelhas, haviam seguido por um
caminho errado. Todos foram pelo caminho que parecia natural: Faça o que achar melhor e
espere que a vida funcione. O diagnoó stico de Isaíóas eó severo: "Desde a planta do peó ateó aà cabeça
naã o haó nele coisa saã , senaã o feridas, contusoã es e chagas inflamadas". 83
Ele estaó descrevendo a energia natural que governa cada filho e filha de Adaã o ateó que se
tornem filhos de Deus. Essa energia, que ainda existe em noó s depois da conversaã o, pode ser tida
como nossa resposta ao convite de Deus. Deus nos oferece a oportunidade de deleitarmos nossas
almas nas iguarias mais ricas, de sentarmos aà mesa e nos banquetearmos em Cristo, e naã o
aceitamos. Somos como crianças a quem eó oferecida uma nota de mil doó lares e que prefere uma
moeda brilhante de dez centavos.
— Obrigado, muito obrigado. Faço isso aos domingos durante uma hora. Eu adoro Cristo. Sem
ele iria para o inferno. Sou imensamente grato.
— Agora que a questaã o da minha eternidade estaó felizmente estabelecida, estive pensando.
Ficaria muito mais feliz, realmente satisfeito e ateó alegre, se me concedesse esta beê nçaã o
particular. Significaria muito para mim. E eu cantaria os seus louvores. Daria testemunho em voz
alta de sua bondade inesgotaó vel e amor fiel se apenas...
— O queê ? Estaó s me dizendo que o teu amor jaó foi plenamente manifestado em Cristo? Oh!
concordo. E agora que o tenho, gostaria de receber o restante. EÉ claro que estou disposto a fazer
a minha parte. Vou criar meus filhos, amar meu coê njuge, relacionar-me com meus amigos, orar
pelo meu ministeó rio, dar o díózimo de meus ganhos, tudo de acordo com os seus ensinamentos.
Farei o que exigires. Apenas faze-me saber o que devo fazer, e tentarei fazer o melhor. Tu podes
contar comigo. E sei que posso contar com o Senhor. Tu jaó me deste Cristo, sei entaã o que naã o vais
reter qualquer outra coisa boa. Traze agora o que realmente desejo. Grande eó a tua fidelidade.
Agradeço-te antecipadamente as beê nçaã os que estaó s prestes a derramar sobre a minha vida.
Obrigado!
Essa eó a energia do antigo caminho. Eu a sinto movendo-se em mim. E sei que eó forte. Sei que
eó taã o forte que soó um encontro direto com Deus vai estimular a energia melhor em mim ateó que
ela governe a minha vida.
10

Quero falar-lhe muito pessoalmente. Experimentei a energia melhor em mim, que prefere
achegar-se a Deus a usaó -lo para abençoar a minha vida. As Escrituras me asseguram que ela
existe, quer eu a sinta ou naã o. EÉ o novo coraçaã o prometido e provido na nova aliança.
Esforço-me, poreó m, para crer que, durante a minha jornada na terra, vou encontrar Deus taã o
imediatamente que a melhor energia do Espíórito iraó fazer-me vibrar com Cristo, aconteça o que
acontecer. Naã o estou ali. Minha ideó ia de vida continua a ser o ceó u mais tarde e as beê nçaã os agora.
Continuo esperando o encontro com Deus que iraó mudar isso. Aconteceu para Isaíóas. Aconteceu
para Paulo, Lutero, Wesley e Bunyan. Aconteceraó um dia para mim? Algumas vezes perco a
esperança.
Quando faço isso, tento controlar minha vida sem Deus. Ele me convida a comprazer-me nele.
Bastante frustrado, replico: — Mas tu deves revelar-te a mim. Posso achegar-me a ti, mas eó
preciso que te aproximes de mim. Naã o experimento a tua presença como a realidade mais viva e
agradaó vel em minha vida. Ateó que isso aconteça, por favor, deixe que faça uso de ti para obter o
que parece mais disponíóvel — menos depressaã o, mais autoconfiança, um ministeó rio mais
poderoso, um casamento ainda melhora filhos que continuem seguindo o Senhor.
A lista eó longa. Mas parece razoaó vel e possíóvel. Os itens da lista definem o que julgo ser uma
vida melhor. Tento, entaã o, viver bem, esperando as beê nçaã os que viraã o. EÉ o antigo caminho.
O que Jesus tinha em mente quando disse que haó um caminho para a vida abundante de
conhecer e gozar a Deus, mas "estreita eó a porta, e apertado, o caminho que conduz para a vida, e
saã o poucos os que acertam com ela"? 84
Por que haó taã o poucos John Bunyans hoje? Reflita sobre a vida dele um momento. Ele
encontrou essa porta estreita. Considerou Deus precioso sobre todas as outras beê nçaã os. Viveu o
novo caminho.
Durante seus doze anos de prisaã o, longe da mulher e dos quatro filhos (a mais velha, Mary, era
cega), ele entrou pela porta estreita e seguiu a estrada apertada. Podia ter saíódo da prisaã o
quando quisesse, se prometesse nunca mais pregar Jesus Cristo. Ouça as palavras de um homem
entrando no novo caminho, palavras que revelam a segunda atitude, a melhor energia na alma de
cada cristaã o que com frequü eê ncia fica ignorada e inerte:
Decidi, o Deus Todo-Poderoso sendo meu socorro e meu escudo, se a vida fraó gil continuar
por muito tempo, mesmo ateó que o musgo cresça em minha sobrancelha, que prefiro
entaã o sofrer a violar minha feó e meus princíópios. 85
Que visaã o de Deus liberou essa paixaã o consumidora por Deus? Mais do que simples força de
vontade estava envolvida.
O primeiro passo para nos achegarmos a Deus, experimentarmos qualquer paixaã o e visaã o
dele, eó identificar onde estamos. Se nos aproximarmos dele, ele irá achegar-se a noó s. EÉ uma
promessa. O que mais poderíóamos desejar?
Especialmente no sofrimento podemos ver os dois caminhos aà nossa frente e as duas energias
em noó s. Somos atraíódos tanto pelas beê nçaã os de uma vida melhor como para a alegria de uma
esperança melhor, comunhaã o com Deus.
Procure o sinal vermelho. Se descobri-lo, sentiraó a guerra em seu interior, a batalha entre as
duas energias.
Pode sentir seu desejo de beê nçaã os e sua disposiçaã o para fazer o que for necessaó rio para obteê -
las? Pode reconhecer isso como idolatria, como preferindo o deus das beê nçaã os em vez do Deus
que eó ? Vou
fazer o que é certo, apenas me abençoa. E isso o que mais desejo!
Essa eó a metade do sinal. Pode sentir a outra metade, uma energia que o move na direçaã o de
Deus, naã o para usaó -lo, mas para absorverse nele, honraó -lo, a qualquer custo? Haó um apelo em
relaçaã o aà ideó ia de apresentar-se simplesmente, com todos os seus desapontamentos, exigeê ncias e
desaê nimos, ao Pai, e depois permanecer firme e fiel enquanto espera que ele se achegue a voceê ?
Deus, me achego a ti. Permite que te conheça. É isso que mais quero.

Sempre o quebrantamento
A escolha diante de noó s naã o eó faó cil. Naã o foi para Bunyan. A despedida de minha mulher e
pobres filhinhos tem sido muitas vezes para mim neste lugar como arrancar a carne de
meus ossos... OÉ , os pensamentos das dificuldades que minha ceguinha poderia passar
partiriam meu coraçaã o em pedaços.86
10

Escolher o novo caminho custa caro. Se naã o considerarmos Deus como nossa maior alegria,
naã o teremos o suficiente para pagar o preço. EÉ pela feó que o vemos como a fonte do supremo,
prazer; eó a feó que nos leva a ele ateó que nos deixe provar o prazer que cremos estar disponíóvel, e
depois ir novamente ateó ele.
Se considerarmos Deus como nosso principal tesouro e vivermos nessa conformidade, iremos
parecer inumanos para alguns; pareceremos exceê ntricos radicais que levam Deus a seó rio demais
e acabam tendo uma vida desequilibrada.
Ouça mais uma vez Bunyan enquanto ele expressa duas crenças que o capacitaram a escolher
o novo caminho. A primeira extraiu de 2 Coríóntios 1:9 — "Contudo, jaó em noó s mesmos, tivemos a
sentença de morte, para que naã o confiemos em noó s, e sim no Deus que ressuscita os mortos".
Mediante esta Escritura - disse Bunyan -,
pude ver que se viesse a sofrer retamente, deveria primeiro passar uma sentença de morte
sobre tudo que pode ser chamado apropriadamente desta vida, considerar ateó a mim
mesmo, minha esposa, meus filhos, minha sauó de, minha alegria, e tudo, como mortos para
mim, e eu morto para eles. A segunda maneira era viver no Deus invisíóvel, como
Paulo afirmou em outro ponto; o meio de naã o desmaiar eó naã o atentando noó s nas coisas
que se veê em, mas nas que se naã o veê em; porque as que se veê em saã o temporais, e as que se
naã o veê em saã o eternas" (2 Co 4:18).87
Veja o que Bunyan fez. Ele listou todas as beê nçaã os de uma vida melhor, tudo de que podia
dispor e tudo que desejava, e declarou-se morto para tudo isso. EÉ claro que ainda ansiava por
gozaó -los, mas sua decisaã o era achegar-se a Deus; em suas palavras, "viver no Deus invisíóvel".
Isso nos atrai? Para uma igreja sobre a qual a gloó ria de Deus repousa levemente, para pessoas
que creê em que uma vida de beê n çaã os neste mundo eó necessaó ria e que lhes eó devida, a atitude de
Bunyan parece temeraó ria, ateó um pouco exagerada. Preferimos um Deus maó quina-de-vender a
um Deus soberano e pessoal. Ningueó m se achega a uma maó quina-de-vender. Colocamos o
dinheiro necessaó rio, puxamos a alavanca apropriada, pegamos nossa compra e depois a
saboreamos enquanto vamos embora.
Naã o eó essa a vida abundante que Jesus veio dar, um bufeê proó digo de beê nçaã os?
Ou seraó uma abundaê ncia dele?
Esforce-se ao maó ximo, disse Jesus, para encontrar a porta estreita que leva aà vida, porque
"muitos procuraraã o entrar e naã o poderaã o".88
Lembra-se do orgulhoso fariseu que entrou no templo, ficou de peó e orou a respeito de si
mesmo? "OÉ Deus, graças te dou porque naã o sou como os demais homens, roubadores, injustos e
aduó lteros, nem ainda como este publicano; jejuo duas vezes por semana e dou o díózimo de tudo
quanto ganho".89
Em outras palavras, faço tudo certo. Agora abençoe-me!
Note a diferença entre o arrogante fariseu e o humilde cobrador de impostos. Nenhum tinha
qualquer direito de exigir as beê nçaã os de Deus. Um sabia disso. O outro, naã o. O fariseu ainda
acreditava na lei da linearidade modificada: Se cumprirmos quase tudo da lei, entaã o tudo que
fizermos iraó prosperar. O cobrador de impostos colocou todas as suas esperanças na lei da
liberdade - venha como estaó , indigno, quebrantado, desesperado, e confie que Deus iraó achegar-
se a voceê em vez de bani-lo da sua presença - que eó tudo que merece.
Um princíópio valioso emerge desta paraó bola: A autodescoberta guiada pelo Espírito de Deus
sempre gera quebrantamento, aumenta a humildade e energiza a dependência e a gratidão.
Tremo quando penso em tudo que passou por autodescoberta nos consultoó rios de terapia nas
uó ltimas deó cadas. Vimos nosso sofrimento, sentimos nossos anseios, enfrentamos o abuso de que
fomos alvo, abraçamo-nos como víótimas e descobrimos a liberdade para buscar quaisquer
sonhos que prometam vida. O efeito foi um aprofundamento do narcisismo e humildade mais
superficial. Somos mais orgulhosos e menos quebrantados do que nunca antes. Descobrimos em
nós mesmos somente aqueles apetites que mais bênçãos podem satisfazer. Como cultura, o
cristianismo moderno estaó comprometido com o antigo caminho.
Poderia ser diferente.

Os poucos que encontram


Estaó na hora de uma revoluçaã o, afastando-se do antigo caminho e na direçaã o do novo. A fim de
ajudar-nos a avançar em nossa jornada espiritual, quero terminar este capíótulo listando três
10

características das pessoas que nunca encontram o seu sinal vermelho, que nunca reconhecem a
energia negativa em si como maó e que nunca se deliciam agradecidas na nova energia que estaó
ainda mais profundamente alojada em seu ser. Mencionarei em seguida três características
opostas dos poucos que encontram o sinal vermelho, que reconhecem ambas as energias em seu
interior, que descobrem a porta estreita e que, como Bunyan e o cobrador de impostos, passam
por ela quebrantados para andar pelo novo caminho apertado.
Os seguidores do antigo caminho organizam a vida num sistema.
Eles odeiam o misteó rio, fazem tudo que podem para resolver a tensaã o, trabalham para
encontrar um meio de receber em suas vidas as beê nçaã os que, acreditam, os faraã o felizes. Gostam
da ideó ia de linearidade; ela sustenta a ilusaã o de controle. Encontre o sistema que faz a vida
funcionar - encontre o A que leva ao B. Ele prolonga a esperança de uma vida melhor agora.
Os seguidores do antigo caminho negam qualquer realidade que contradiga o seu sistema.
Quando algueó m que daó o díózimo fica sem dinheiro, sempre descobre um meio de se justificar.
Quando criança, eu nunca conseguia saber por que, aà s vezes, tirava nota boa em matemaó tica
quando tinha tido mau comportamento no dia anterior. Explicava isso, supondo que tinha sido
suficientemente bom para apagar o mal que tinha feito.
Os seguidores do antigo caminho confundem vulnerabilidade com quebrantamento.
Estaã o dispostos a ser "francos" e "dizer a verdade", supondo que a sua vulnerabilidade eó uma
virtude que merece compaixaã o. Reconhecem seus anseios, talvez ateó sua sede de conhecer
melhor a Deus, mas permanecem ignorantes de sua sede do proó prio Deus ou de suas falhas que
os desqualificam para receber qualquer beê nçaã o aleó m de misericoó rdia. EÉ caracteríóstico do antigo
caminho perceber esses anseios de que alguma beê nçaã o, aleó m da presença de Deus, possa
satisfazer. Isso sustenta o orgulho da independeê ncia.
Agora as caracteríósticas opostas.
Os seguidores do novo caminho aceitam a tensão insolúvel da vida. O misteó rio sempre
permaneceraó . Eles compreendem que nenhum sistema que possa tornar a vida previsíóvel pode
ser conhecido ou controlado. Os behavioristas como B.E Skinnet estaã o errados. Os
existencialistas como Jean-Paul Sartre se aproximam mais da realidade. Embora algumas vezes
aterrorizados, os seguidores do novo caminho entram no misteó rio da vida sem qualquer
esperança aleó m de um Deus gracioso e soberano, que se move de maneira misteriosa.
Eles naã o saã o existencialistas. Creê em no significado objetivo. Ele estaó apenas oculto agora. Sua
disposiçaã o para viver sob tensaã o permite um tipo de diaó logo que aqueles que procuram pelo
sistema nunca podem tolerar. Sua esperança estaó no Deus invisíóvel.
Os seguidores do novo caminho se esforçam para ser realmente autênticos.
Quando a vida os confunde ou enraivece, eles admitem isso. Quando Deus os desaponta ou
frustra, conversam a respeito com ele - e com outros. Entram nas noites escuras com treê mula
confiança de que em algum lugar haó luz e algum dia a veraã o. Seu descanso estaó no Deus presente.
Os seguidores do novo caminho são cautelosos sobre a vulnerabilidade, mas vulneráveis ao
quebrantamento.
Eles reconhecem que o que chamamos de vulnerabilidade eó no geral um desfile narcisista
para atrair apoio. Esses indivíóduos preferem enfrentar em si mesmos apenas o que os atrai para
mais perto de Deus. Compartilhar o sofrimento eó secundaó rio. Compartilhar a fome de Deus e
enfrentar o que impede sua busca por ele eó primordial. Seu entusiasmo estaó no Deus relacional.
Onde voceê se encontra? Jaó descobriu o sinal vermelho? Se gosta do sistema, preferindo o que eó
previsíóvel e o controle ao misteó rio e aà confiança, se tende a negar o que naã o se ajusta bem ao seu
sistema, se estaó disposto a compartilhar suas maó goas mas determinado a ocultar suas falhas,
entaã o naã o encontrou o sinal vermelho. Onde voceê pensa que estaó , o que sabe sobre si mesmo, soó
iraó encorajar o antigo caminho de vida.
Se, poreó m, aceitar a tensaã o, sabendo que o misteó rio eó a oportunidade de confiar em vez de
planejar, se enfrentar aquilo que veê com integridade por valorizar a autenticidade, e se o
quebrantamento devido aà fraqueza e ao pecado for mais importante para voceê do que a
vulnerabilidade aà s feridas que outros teê m infligido a voceê , entaã o eó provaó vel que tenha
encontrado o sinal vermelho. O que descobriu em si mesmo criou um momento - eó um milagre
do Espíórito - para avançar na direçaã o de Deus. Voceê encontrou a porta estreita e estaó pronto para
fazer o esforço de entrar na estrada apertada do novo caminho.
10

Se nos tornarmos suficientemente pequenos para nos esgueirar pela porta, talvez possamos
agora ver o que torna o novo caminho apertado - e ser atraíódos por ele.

SUA ESCOLHA DE CICLOS


Penso que estou começando a entender por que Jesus nos disse para "esforçar-nos ao maó ximo" a
fim de seguir o novo caminho. AÀ s vezes, pode ser difíócil lembrar e crer que Deus eó bom e que ele
estaó presente com a sua bondade em cada circunstaê ncia da vida.
Uma manchete de primeira paó gina hoje dizia: "Buscando uma cura, vivendo um pesadelo". 90 O
artigo perturbador conta a histoó ria de duas famíólias, cada uma com um filho sofrendo de uma
doença rara, chamada neurofibromatose. Bob Terrill olha para o rosto inchado da filha de 24
anos e, com os dedos, soletra: P-A-P-A-I E-S-T-AÉ A-Q-U-I. V-O-C-EÊ E-S-T-AÉ S-E-N-T-I-N-D-O A-L-G-
U-M-A D-O-R?
Naã o haó resposta. Denise naã o pode baixar mais o olho direito, seu modo anterior de dizer
"Sim". O pai fala ao entrevistador: — Naã o sabemos se ela estaó sofrendo. Naã o sabemos como estaó
se sentindo. Apenas naã o sabemos.
Naã o haó mençaã o de Deus na artigo. Nenhuma evideê ncia da sua presença na histoó ria. Se essa
histoó ria fosse a minha uó nica informaçaã o, eu naã o creria em Deus. Como poderia?
O antigo caminho dentro de mim insiste em que vaó depressa para a seçaã o de esportes. O time
Tiger Woods estaó preparado para um terceiro desafio. Depois para a seçaã o de quadrinhos. As
historinhas de Peanuts continuam oó timas.
Naã o haó nada de errado em apreciar um torneio de golfe ou rir com os quadrinhos. As
diversoã es oferecem alíóvio das dificuldades da vida. Mas meu impulso quase freneó tico de mudar
de paó gina me faz lembrar da razaã o para escrever este livro.

Se o amanhã desmoronar
Haó realmente um meio de conhecer a Deus que mantenha a esperança viva, naã o a esperança
de melhora nesta vida, mas de podermos experimentar alegria, aconteça o que acontecer?
Ou o que chamamos de feó eó algo que soó funciona com certas beê nçaã os? A vida no antigo
caminho eó inevitaó vel ateó para o cristaã o mais sincero? Quando a vida se torna amarga, minhas
uó nicas opçoã es saã o a distraçaã o ou o desespero, aceitar ou desistir?
Algumas vezes penso que sim. A alegria parece, aà s vezes, taã o dependente de minha esposa
permanecer sadia, meus filhos e netos estarem bem, minha sauó de, ministeó rio e conta bancaó ria
em ordem, meus amigos continuarem amigos. Claro, as coisas daã o errado. Como diz o adesivo no
paó ra-choque: "A vida acontece!" Meu pai estaó numa cadeira de rodas e declinando rapidamente.
Minha maã e nunca deixa a unidade Alzheimer. Quando a visito, ela me cumprimenta como se eu
fosse um estranho.
Eu costumava gostar do hino: "Conte as Suas Beê nçaã os". Ele agora parece ajustar-se facilmente
demais aà s ideó ias do antigo caminho. EÉ duro, mas ainda tenho algumas beê nçaã os maravilhosas
para contar.
Eu poderia louvar a Deus sem elas? Pelo queê ? Sua presença significa algo em minha vida? Eu
me deleitaria na melhor esperança se minha vida melhor se desintegrasse, se minha mulher
morresse, se um de meus filhos se afastasse de Deus, e o outro ficasse imoó vel com
neurofibromatose, se nenhuma editora quisesse o meu novo manuscrito, se meus netos ficassem
doentes ou se rebelassem gravemente?
O que me faltaria para concordar com a mulher de Joó de que estaó na hora de amaldiçoar a
Deus e morrer? Seraó que chego a esse ponto?
Eu realmente experimentei a Deus? Essa experieê ncia foi bastante boa e suficientemente forte
para me abandonar alegremente aà sua presença invisíóvel?
Naã o se trata de moó rbida especulaçaã o. Naã o estou preocupado com todas as coisas maó s que
podem acontecer. O Senhor nos disse para naã o fazermos isso. "Naã o vos inquieteis com o dia de
amanhaã , pois o amanhaã traraó os seus cuidados. Basta ao dia o seu proó prio mal." 91 Bom conselho.
EÉ claro! Vem de Deus.
10

Coisas maó s, entretanto, ocorrem hoje. E fico imaginando. Minha feó na bondade de Deus
sobreviveria ao que aconteceu com outros? Posso me regozijar da presença de Deus hoje?
Poderia contar com esta mesma presença, se o futuro desmoronasse? Se todo outro alimento
fosse removido, eu poderia ouvir ainda o Espíórito de Deus me convidar para a mesa a fim de
banquetear-me de Cristo? Eu atenderia? Seraó que desejaria atender?
Estou indo agora? Ou continuo tentando fazer o que eó certo para que a vida funcione? Estou
vivendo no antigo ou no novo caminho? E voceê ?
Um meio de saber talvez seja examinar treê s ciclos da vida, treê s abordagens sobre ela e
perguntar qual delas descreve melhor como estamos avançando em nossa vida. Os dois
primeiros saã o baseados na energia do antigo caminho e se dirigem para o seu alvo de uma vida
melhor agora. O terceiro requer energia sobrenatutal, do tipo que nos faz seguir o novo caminho
e fixar os olhos na esperança melhor de conhecer bem a Deus.
No uó ltimo capíótulo, discuti a primeira de cinco ideó ias baó sicas para entrar e viver no novo
caminho: Reflita onde está. Neste capíótulo, considero a segunda: Reconheça a encruzilhada no
caminho que está sempre aà sua frente.
Como os pais de uma filha que estaó sofrendo resistem? A cada dia teê m de enfrentar a condiçaã o
dela, sabendo que naã o vai mudar. Naã o haó cura. Nada seria mais cruel do que sugerir que se
apenas tivessem feó , ela seria curada. Isto eó pensamento linear em sua forma mais per versa. Crer
que ela poderia ser curada e orar fervorosamente por isso saã o atitudes cristaã s; crer que ela soó
seria curada se muitas pessoas com feó suficiente orassem eó ser anticristaã o. EÉ o velho caminho. EÉ
demoníóaco. Eleva a nossa beê nçaã o acima da gloó ria de Deus.
Mas, se o nosso fundamento para pensar sobre a vida eó o antigo caminho, se acreditamos que
fazer algo certo faraó com que a nossa vida funcione melhor, se nosso foco naã o for mais alto do
que almejar uma vida melhor, iremos entaã o provavelmente ver apenas dois caminhos abertos aà
nossa frente. Chamo o primeiro de ciclo de ajuste. Veja como funciona.

Antigo caminho: Plano 1 - Ciclo de ajuste


Comece negando tudo que naã o puder resolver. Se for preciso uma bebida todas as noites — ou
de manhaã -beba. Se assistir o seu time atacar o oponente, ou rir das piadas do Snoopy ajuda,
excelente! Ou, talvez, uma hora de oraçaã o seja melhor. Ou decorar o Salmo 23. Faça o que for
necessaó rio para ficar distante das realidades complexas que podem esmagaó -lo, quer essa
realidade esteja no interior do seu coraçaã o, ou fora, em suas circunstaê ncias.
Depois, se levante por si mesmo. Faça uso de artifíócios. A vida eó difíócil. Admita isso. Mas voceê
pode manobraó -la. Vamos ver como? Clubes de strip-tease? Naã o, pelo menos por enquanto. Eles
agridem o seu comportamento moral. Saia mais. Faça exercíócio. Junte-se a um grupo pequeno na
igreja. Reforme sua cozinha. Leia bons livros. Deê um jantar. Namore algueó m. Naã o, voceê continua
casado. Bem, pense apenas a respeito.
Agora que experimentou vaó rias estrateó gias para resistir, avalie. Veja quais as que funcionam
melhor. Voceê talvez perceba que tomar decisoã es morais, seguir conselhos espirituais, assistir a
confereê ncias bíóblicas e orar bastante parece ajudar. OÉ timo. O cristianismo funciona. O estudo
bíóblico em que se envolveu, poreó m, eó tedioso. Voceê sai mais sozinho do que quando chegou.
Desista. Naã o estaó dando certo. Considere algumas alternativas. Voceê talvez aprecie jardinagem.
Se tiver dinheiro, contrate um jardineiro para ajudaó -lo.
Agora voceê estaó pronto para refinar a sua abordagem para recuperar sua vida. Deixe do
estudo bíóblico. Continue moral. Plante rosas. Continue lendo. E talvez mude de emprego. Pelo
menos mantenha abertas as suas opçoã es. Voceê nunca sabe como Deus vai guiaó -lo.
Pronto! Conseguiu. Ainda tem dias maus e as noites saã o especialmente difíóceis, mas estaó
vencendo tudo bastante bem. AÀ s vezes, voceê se sente realmente bem. EÉ verdade que estaó
comendo muito, mas o alimento eó uma fonte confiaó vel de prazer. E voceê naã o estaó gordo. Soó pare-
ce proó spero. O importante eó sentir-se restaurado. Gosta de si mesmo. Gosta de quase tudo na
vida. E consegue manter distaê ncia da dor em sua alma que lhe diz que algo estaó terrivelmente
errado. A necessidade de continuar negando, usando estrateó gias, avaliando e aperfeiçoando os
seus meó todos continua. Mas, por agora, voceê estaó bastante estável. O antigo caminho estaó ativo.
Louvado seja Deus! Ou seja quem for.

O Ciclo de Ajuste
10

A terapia cristaã encoraja a vida do novo caminho. Muita terapia que afirma ser cristaã naã o
passa de abrandar alguns baques no antigo caminho. Lembre-se da energia baó sica que nos
manteó m avançando para a vida melhor de beê nçaã os: EÉ a determinaçaã o de descobrir um meio de
fazer esta vida funcionar unida aà crença de que tal possibilidade existe. Deve existir. Como
poderia ser de outro modo num mundo criado e controlado por um Deus amoroso?
Essa mesma energia determina a direçaã o tomada em muitas horas de terapia. Veja como o
ciclo terapeê utico se desenvolve.
Comece removendo a negaçaã o. A sinceridade de como voceê "realmente se sente" daó iníócio ao
ciclo. A terapia cria um espaço seguro para a vulnerabilidade emocional. Algueó m o ouve sem
desprezo ou julgamento. Isso ajuda. Quando voceê compartilha suas emoçoã es secretas e enfrenta
aquelas que enterrou, sente-se melhor. O fardo parece mais leve. Pronto! Voceê começou bem.
Sente esperança.
A seguir, vem o discernimento. Se o seu terapeuta eó quem dirige, o discernimento pode ser
cuidadosamente apresentado. De outra forma, sob a influeê ncia de perguntas investigativas,
comentaó rios esclarecedores e sileê ncio oportuno, voceê pode chegar a novas compreensoã es
sozinho. Sim, estaó zangado. Com o queê ? Que necessidades sente que continuam insatisfeitas?
Como eó bom saber que Deus o ama e quer que sinta a alegria de necessidades satisfeitas da
maneira certa. Voceê sente gratidaã o por estar consultando um conselheiro cristão. Pode ver agora
que o caso extraconjugal de seu marido mexeu com seu medo oculto de ser abandonada. Seu pai
nunca serviu-lhe de apoio, nem mesmo nos momentos críóticos. Voceê veê , agora, claramente a
relaçaã o entre decepçoã es anteriores e as maó goas atuais.
A direção acompanha o discernimento. Que curso de açaã o a sua nova percepçaã o sugere? Como
lidou com a negligeê ncia de seu pai? Voceê se tornou uma moça boazinha reprimida, sempre
tentando agradar, desesperada por qualquer bocado de atençaã o. Foi isso que fez com seu marido!
Muito bem, esse eó um novo discernimento. Agora sabe o que fazer. Estaó na hora de contar a ele os
seus sentimentos, deixar de ser uma mocinha neuroó tica e se tornar uma mulher positiva, adulta,
que respeita a si mesma. Ao pensar em tornar-se esse tipo de mulher, sente que estaó viva. A
energia do "eu" invade todo o seu ser. Voceê se sente forte, inteira, pela primeira vez na sua vida.
Tem tambeó m necessidades, e ele vai saber quais saã o. Voceê se empolga com a sua liberdade
receó m-desenvolvida.
Mas, daó medo. O que ele faraó ? Mais rejeiçaã o seria difíócil de suportar. EÉ preciso, no entanto, que
corra o risco. Deve tornar-se auteê ntica; ponha de lado o medo. Apoio ajuda, da parte de seu
terapeuta, de amigos que a amam, acreditam em voceê e estaã o do seu lado. Voceê ficou muito
tempo presa a um níóvel infantil de desenvolvimento. Com ajuda pode sair dele. Pode fazer isso!
Agora vem a parte difíócil. Estaó na hora de alinhar o seu comportamento com seu
discernimento, a fim de avançar nas direçoã es que agora parecem taã o certas, e fazer isso com
apoio. Lembre-se de que Jesus ama voceê . Ele estaó a seu favor. Quer que ame a si mesma e sinta
liberdade para ser quem eó . Imagine Deus aplaudindo voceê . Deixe que ele seja, juntamente com o
Espíórito, seu principal grupo de apoio enquanto segue o antigo caminho para uma vida melhor.
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O Ciclo Terapêutico

Enfrente a vida. Peça ajuda, se precisar. Conforme-se com este mundo. Deixe sua mente
permanecer fixa na ideó ia de que a vida gira ao seu redor e que Deus estaó aqui para ajudar. E o
antigo caminho.
Existe, no entanto, um novo modo de viver, radicalmente diverso. Fique imoó vel. Reflita sobre
onde estaó . Voceê tem usado Deus para fazer sua vida funcionar. Isso o coloca acima dele. Estaó
insistindo para receber beê nçaã os, pelo menos algumas. Voceê naã o estaó desejando beê nçaã os, estaó
exigindo. Estaó dependendo delas para sua alegria. Deus naã o eó seu supremo tesouro. Cristo naã o eó
proeminente em sua vida. O Espíórito permanece apagado em seu interior. Seu convite para voceê
banquetear-se em Deus continua ignorado.
Como veê , o que estaó acontecendo em seu íóntimo, quando identifica o sinal vermelho, o faz
sentir-se mais do que um pouco constrangido. Na sua humildade, voceê ouve o Espíórito sussurrar:
— Haó um novo modo de viver. Haó outro caminho a seguir.

O único plano do novo caminho - O ciclo espiritual


A nova vida começa na cruz. EÉ ali que voceê compreende quaã o arrogante eó . Naã o acolhe as
provaçoã es. Naã o viver para um propoó sito maior do que evitaó -las ou anulaó -las caso venham. Sua
ambiçaã o naã o ultrapassou a ideó ia de uma vida que funcione bastante bem. EÉ possíó vel que tenha
disfarçado o seu narcisismo, vestindo-o; com roupagem cristaã . EÉ possíóvel que encontre satisfaçaã o
no ministeó rio, purifique a sua vida, vença o seu víócio sexual, viva segundo o Livro. Voceê percebe,
entretanto, agora, que nada disso tinha Deus como centro. A gloó ria de Deus nunca teve muita
importaê ncia para voceê . Qualidade de vida eó o que busca. O cristianismo, ou a cultura cristaã , lhe daó
significado, o senso de comunidade e o respeito que deseja. O ciclo espiritual começa com
quebrantamento. Ele faz sofrer. Os dois ciclos do antigo caminho saã o muito mais amaó veis.
Depois do quebrantamento, o Espíórito o leva ao arrependimento. Voceê supoê s que merecia
satisfaçaã o. Pensou que, com a ajuda de Deus, poderia conseguir isso. Acreditou estar vivendo a
vida cristaã . Como poê de se deixar enganar a tal ponto? Pensou que Deus estava aqui para
colaborar com o seu programa. Mas, soó ele pode dizer: "EU SOU". Voceê soó pode afirmar: — Sirvo
conforme o teu prazer.
Este eó , de fato, um novo modo de pensar. Sua mente mudou. O arrependimento teve iníócio. E
ele parece ser puro, certo, estranhamente positivo.
O Espíórito entaã o o move do quebrantamento, mediante o arrependimento, para o abandono.
Quando beê nçaã os encheram sua vida, viveu para elas. Naã o confiou em Deus. Negociou com ele
para manter a vida funcionando. Mas, agora, olhando para o rosto inchado de sua filha, deixando
sozinho o tribunal de divoó rcio, orando por seu filho que vive um relacionamento homossexual
com um amigo, voceê resiste ao impulso de correr para os quadrinhos, assistir aà TV ou beber um
martini. Resiste tambeó m aà tentaçaã o muito real de amaldiçoar a Deus e afogar suas maó goas como
puder. Mais difíócil ainda, resiste ao desejo de prosseguir nobremente e apresentar-se a outros
como um maó rtir corajoso. Em vez disso, ouve o Espíórito falar por meio da Bíóblia. Este mundo estaó
em decadeê ncia. Acontecem coisas sem motivo aparente. De alguma forma, entretanto, em meio a
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tudo, Deus estaó contando uma boa histoó ria. Sem o final, a histoó ria naã o eó boa. Mas nada acontece,
nem aconteceraó , sem que Deus possa remir os pecados a fim de permitir o avanço da histoó ria ao
seu glorioso clíómax. Voceê creê nisso. Abandona-se, portanto, ao Deus invisíóvel, aquele que por um
instante se tornou plenamente visíóvel enquanto pendia da cruz.
O abandono, talvez surpreendentemente, desperta confiança. O Espíórito testemunha ao seu
espíórito que voceê pertence a Deus, que ele estaó fazendo com que todas as coisas cooperem para o
bem, que a eternidade iraó justificar a sua escolha de abandonar o conforto da sua alma a este
Deus misterioso, quase sempre invisíóvel, aparentemente voluó vel, certamente imprevisíóvel.
Quando voceê vivia no antigo caminho, naã o tinha plena confiança de que ele se achava presente
em voceê , colaborando com os seus propoó sitos. Porque não estava. Agora que estaó vivendo para a
sua gloó ria e se achegando a ele para gozar da sua natureza, sente uma confiança cada vez maior
de que ele se acha realmente presente, mesmo durante a sua noite mais escura. Voceê sabe,
porque o Espíórito lhe diz, que ele estaó presente enquanto voceê anda pelo novo caminho em
direçaã o aà melhor esperança de conhecer, glorificar, gozar e revelar a outros o Deus maravilhoso,
espetacular que se encontra realmente ali.
A confiança dada pelo Espíórito de que Deus estaó ali e merece que creiamos absolutamente
nele gera a liberdade de expor o que estaó mais vivo em voceê . Voceê começa a sentir algo no mais
íóntimo do seu ser. Pode levar algum tempo mas em algum ponto voceê percebe. Essas são as fontes
de água viva! Quando tropeça feio, continua ouvindo Deus cantar; tem uma nova pureza. Quando
se lembra do abuso sexual que sofreu, pode caminhar de cabeça erguida; tem uma nova
identidade. O impulso para o pecado sexual, embora forte, naã o eó o que voceê realmente deseja;
tem agora uma nova inclinação. O sofrimento que antes o esmagava naã o estaó mais no controle;
voceê tem um novo poder. Sente-se livre para ser quem ansiava — amoroso, alegre, tranquü ilo,
paciente, bondoso, amaó vel. Nunca com perfeiçaã o, mas algumas vezes, pelo menos, sinceramente.
E agora louva a Deus e a ningueó m mais.
Os dois ciclos do antigo caminho nos tornam dependentes do funcionamento da vida, pelo
menos razoavelmente, e de nossos re-cursos para fazer com que isso aconteça. Ao encorajar o
movimento em direçaã o aà vida melhor de beê nçaã os, eles manteê m a pressaã o. Temos de fazer as
coisas darem certo. Esses dois ciclos nos deixam vulneraó veis ao orgulho quando a vida funciona
e ao desespero enfurecido quando isso naã o acontece.
O ciclo do novo caminho, o caminho do Espíórito, atrai-nos para a melhor esperança de nos
comprazer em Deus. Ele oferece tudo de que precisamos para nos aproximar sempre dele, sem
levar em conta o que a vida nos traga.
Em vista de o Espíórito suprir os recursos necessaó rios para alcançar nosso alvo, a pressaã o
acabou. O novo caminho aguça o nosso foco sobre a razaã o da vida.
Esta eó entaã o a terceira das cinco ideó ias baó sicas sobre como viver o novo caminho e a que
examinaremos a seguir: Reorientar nossas metas.

O Ciclo Espiritual
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FOCO NAS PRIMEIRAS COISAS

A mudança foi gradual, imperceptíóvel exceto em retrospecto. Como sapos em aó gua aquecida aos
poucos ateó chegar aà ebuliçaã o, naã o compreendemos que o calor que agora sentimos estaó prestes a
nos matar. A superfíócie jaó estaó fervendo.
No sentido da cultura, o cristianismo de nossos dias redefiniu a maturidade espiritual. Os
reformadores sabiam que fomos salvos para dar gloó ria a Deus. Noó s, modernos, vivemos para ser
abençoados. Os amadurecidos dentre noó s saã o agora considerados bem-sucedidos, felizes,
pessoas competentes, estaã o em evideê ncia e se daã o bem. Estamos taã o comprometidos com a
descoberta e aplicaçaã o dos princíópios divinos para fazer a vida funcionar que naã o mais
valorizamos a intimidade com Deus como nossa maior beê nçaã o. Somos mais atraíódos por
sermoã es, livros e confereê ncias que revelam os segredos da satisfaçaã o em tudo que fazemos, do
que pela direçaã o espiritual que nos leva atraveó s da afliçaã o aà presença do Pai.
Parece que a nossa maior ambiçaã o foi reduzida a produzir pessoas cujas circunstaê ncias sejam
suficientemente agradaó veis para tornar-lhes faó cil louvar a Deus.,Naã o mais nos identificamos
como uma comunidade de santos visivelmente quebrantados, homens e mulheres
profundamente agradecidos pela graça, quando sabemos que estaríóamos mortos sem ela; por
dependermos do Espíórito para a existeê ncia, estamos conscientes de que naã o iremos perseverar
sem ele; e obstinadamente permanecemos esperançosos na luz, aà s vezes obscura, da eternidade,
sabendo que as beê nçaã os desta vida veê m e vaã o.
Parecemos mais interessados em ter uma existeê ncia confortaó vel do que em permitir que Deus
nos transforme espiritualmente mediante as dificuldades da vida. O encontro divino, a comunhão
espiritual e a transformação da alma, as treê s metas principais do peregrino, naã o saã o o que
buscamos. Adaptamo-nos a este mundo e estamos nos esforçando ao maó ximo para fazer dele
uma casa confortaó vel, pedindo cura, realizaçaã o e sucesso como ponto para conhecer Cristo agora.
Naã o temos visto o perigo. Quando as beê nçaã os das circunstaê ncias positivas, o sucesso e a
realizaçaã o pessoal aquecem nossas vidas, naã o compreendemos que estaã o queimando nossas
almas, reduzindo-as a cinzas com o calor do inferno.
Pascal previu a paraó bola dos sapos em aó gua fervente haó quatrocentos anos quando escreveu:
"Quando tudo se move ao mesmo tem-po, nada parece estar se movendo, como a bordo de um
navio. Quando todos estaã o avançando para a depravaçaã o, ningueó m parece estar se movendo. Mas
quando algueó m paó ra, este revela os outros ao agir como um ponto fixo". 92
Observe dois pontos fixos do passado que, por ficarem imoó veis e contemplarem a visaã o de um
Deus que satisfaz, podem ajudar-nos a ver o nosso movimento de desvio de Deus. O Cardeal
Nicholas de Cusa, bispo tiroleê s do deó cimo quinto seó culo, declarou:
O que, Senhor meu, eó a minha vida, salvo o abraço em que tua doçura deleitosa me envolve
com tanto amor? Amo supremamente a minha vida porque tu eó s a sua doçura... Contemplo
agora... esse olhar abençoado com que nunca cessas de contemplar-me amorosamente,
sim, ateó os lugares secretos de minha alma... Ali estaó a fonte de todos os deleites que podem
ser desejados; naã o soó nada melhor pode ser ambicionado pelo homem ou anjos, mas nada
melhor pode existir em qualquer espeó cie de ser! Pois eó o maó ximo absoluto de cada desejo,
desde que um maior naã o pode haver.93
Naã o permita que a linguagem arcaica o faça perder a força de seu modo radical de pensar. O
que ele estaó dizendo eó isto: "Amo a vida porque conheço a Deus e sei que ele me ama, naã o porque
as coisas vaã o bem". Esse eó o novo caminho.
Volte um pouco mais, ao terceiro seó culo. Ouça Clemente de Alexandria:
Jesus Cristo, ao vir a este mundo, transformou o ocaso do tempo na alvorada da
eternidade.94
Naã o foram soó os pais da igreja que pensaram no novo caminho. Thomas Dubay, diretor
espiritual catoó lico-romano, eó um ponto fixo em nossa geraçaã o. Em seu livro excelente, Seeking
Spiritual Direction, ele escreveu: "Tudo no plano divino tem como foco o eê xtase eterno do ceó u
iniciado na terra".95 Ele imitou com isto Jean Pierre de Caussade, que acreditava que tudo que
ocorria com ele, tanto beê nçaã os como provaçoã es, o levava a Deus.
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O eê xtase do ceó u iraó fluir da presença literal de Cristo. O começo desse eê xtase, neste mundo,
depende da presença apreciada de Cristo. O antigo caminho, pelo seu foco nas beê nçaã os tangíóveis
agora, limita severamente a profundidade dessa apreciaçaã o. No novo caminho, eó possíóvel
apreciar a presença de Cristo como a "alvorada da eternidade". Naã o eó algo automaó tico, nem
completo. Mas, possíóvel. E as possibilidades saã o inconcebíóveis.

Deseje e espere
Se tivermos de compreender as possibilidades, isso depende em parte dos alvos que
perseguimos'. Permita que ilustre o ponto.
Passei uma hora, na noite de ontem, da uma aà s duas da madrugada, chorando em oraçaã o. O
telefone me acordou aà meia-noite e quarenta e cinco. Jaó tinha ouvido notíócias piores antes e jaó
respondi com menos emoçaã o a crises mais perturbadoras.
Por razoã es que naã o sei muito bem, esta causou um impacto profundo. A dificuldade era real
embora vaga, as questoã es que tornavam as coisas difíóceis eram obscuras, e um grupo de saó bios
naã o poderia ter concordado sobre a coisa certa que eu deveria fazer.
Em certas ocasioã es, um evento severo naã o imediatamente visíó vel reuó ne toda a dor e terror da
existeê ncia, e nossas almas ficam praticamente arruinadas. A agonia toma posse do nosso
coraçaã o, expulsando qualquer experieê ncia de alegria ou esperança. Tudo escurece, trevas taã o
espessas que naã o deixam ver sequer um pontinho de luz. Tudo que nos resta eó lamentar.
Tiago escreveu aos seguidores de Jesus, dizendo: "Estaó algueó m entre voó s sofrendo? Faça
oraçaã o".96 Pelo queê ? Ele nos havia dito antes que devemos nos achegar a Deus, para que Deus se
aproxime de nós.
Muitas Escrituras apoiam nossa oraçaã o por coisas tangíóveis, alíóvio do sofrimento e uma
sensaçaã o de bem-estar. EÉ certo sofrer e eó certo orar por beê nçaã os. EÉ certo tambeó m ficar feliz
quando as beê nçaã os saã o recebidas. Mas, naã o eó certo lançar nossa aê ncora de alegria na vida melhor
de beê nçaã os.
Quando surgem problemas, nosso primeiro foco deve ser entrar na presença de Deus
(encontro), participar com outros da jornada para Deus (comunhaã o) e colaborar com o Espíórito
para formar Cristo em noó s (transformaçaã o). Por causa da nova aliança e seu lugar no Plano
Emanuel, o foco deve ser o desejo que jaó é. Devemos simplesmente entrar em contato com ele.
Nosso desejo mais ardente nos dirigiraó para a meta do novo caminho.
Tudo começa com o encontro. Segundo o apoó stolo Joaã o, a comunhaã o com o Pai, o Filho e o
Espíórito Santo eó o centro da mensagem cristaã ,97 e essa comunhaã o eó o maó ximo absoluto de todo
desejo. Ele muda o poê r-do-sol da terra na alvorada do ceó u e nos move na direçaã o do eê xtase
celestial.
Era uma hora da manhaã . O telefonema terminara de tocar. A vida melhor naã o estava aà vista.
Nem a esperança melhor. Se me fosse dada a escolha, eu teria avançado para as beê nçaã os.
Podia sentir em mim ambas as energias. O impulso de endireitar a vida fez-se sentir mais
forte. Provavelmente por me achar escrevendo este livro, eu sabia que o outro impulso devia ser
mais poderoso, mas naã o tinha meios de fazer isso.
Fui como estava, lamentando a falta do que queria em minha vida. Pensei em John Bunyan,
em Saã o Joaã o da Cruz, em Paulo — e em Jesus — e pude sentir um desejo crescendo em mim de
que a esperança melhor significasse mais do que significava. Naquele momento, algo se tornou
claro: Quer a paixaã o por Deus se tornasse constrangedora neste ou em qualquer momento, era
responsabilidade do Espíórito. Era uma obra soberana da graça. Tudo que posso fazer eó desejar
isso e esperar.
Essa compreensaã o reduziu minha cabeça inchada o suficiente para permitir que eu entrasse
pela porta estreita. Nosso progresso no novo caminho estaó ligado aà humildade e dependeê ncia.
A seguir, do lado de dentro da porta, a encruzilhada no caminho ficou clara. Podiam-se ver
duas estradas, aquela em que eu jaó estava e a outra ainda disponíóvel caso recuasse. Ambos, o
ciclo de ajuste e o terapeê utico, as duas trilhas no antigo caminho, tinham sua atraçaã o.
Mas, tendo entrado pela porta estreita, o ciclo espiritual se achava tambeó m aà vista, o novo
caminho, o caminho apertado. A esperança de encontrar Deus, de unir-me aà comunidade e de
crescer espiritualmente me estimulou profundamente.
Por mais estranho que pareça, o quebrantamento tornou-se atraente - o que quer que seja
necessaó rio para encontraó -lo! Pude ver que o arrependimento oferecia liberdade e que o
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abandono despertava entusiasmo. Senti tambeó m uma confiança crescente no que ele estaó
fazendo
— ou deixando de fazer. Senti um momento interno em direçaã o ao livramento. Vi-me
saltando de um penhasco num abismo escuro soó apoiado pela corda do amor de Deus. Parecia
um privileó gio.
A seguir, a imagem mudou. A corda quebrou-se e mergulhei no nada. O terror tomou conta de
mim. Mas, em vez de me arrebentar nas rochas ou cair sem parar nas trevas, descobri-me
aterrissando docemente no oceano do amor de Deus. A aó gua estava suficientemente quente para
aliviar e fria o bastante para refrescar. O sapo naã o ferveu. Em vez disso, um santo, acalmado e
fortalecido começou a nadar. Pude ver-me entrando no mundo de problemas com um novo
propoó sito.
Isso me levou aà terceira das cinco ideó ias baó sicas: Reorientar alvos. Esta tem grande
importaê ncia, talvez seja a mais vital das cinco.

Os alvos do peregrino
Vou reunir agora o que jaó disse numa discussaã o sobre os alvos de um peregrino.
Teresa de AÉ vila escreveu certa vez com toda franqueza:
Tudo o que o iniciante (na vida do novo caminho) tem a fazer.... eó ser decidido e preparar-
se com toda a diligeê ncia possíóvel para conformar sua vontade aà de Deus... Quanto mais
perfeitamente a pessoa praticar isso, tanto mais receberaó do Senhor.98
Isso naã o vai acontecer, não pode acontecer, ateó crermos que todas as coisas da vida, inclusive
telefonemas de madrugada, façam parte de um grande plano. Elas saã o designadas por uma
divindade incontrolaó vel, misteriosa, inflexivelmente determinada a nos imergir na sua vida
relacional. Essa, Deus sabe, eó a maior de todas as beê nçaã os que ele pode dar-nos. E essa, Deus
tambeó m sabe, eó o desejo mais profundo em cada coraçaã o no qual o seu Espíórito habita.
Permita que eu volte aà minha histoó ria matutina. Depois do telefonema, desci imediatamente.
Queria solidaã o e liberdade para ache-gar-me aà presença de Deus exatamente como estava.
Aproximar-se de Deus eó algumas vezes melhor sozinho. Outras vezes, eó melhor na companhia de
companheiros peregrinos. Esta era uma ocasiaã o de ir sozinho.
As primeiras palavras a escaparem da minha boca foram: — Isto naã o devia estar acontecendo
comigo. O que fiz para merecer tal coisa? — O sinal vermelho começou a aparecer.
O dique entaã o rompeu-se. A indignaçaã o cobriu a tristeza. E eu naã o conseguia acessar a tristeza
ateó que a indignaçaã o fosse expressa.
Tinha de ir como estava, nariz escorrendo, rosto sujo e vestes rasgadas. Naã o era um aspecto
agradaó vel de ver.
Todo o meu íóntimo se desfez em laó grimas. Algumas fluíóram de maó goas legíótimas sobre
beê nçaã os negadas; outras, da indignaçaã o arrogante que insistiu, por alguns minutos, em gritar:
Injustiça! Outras ainda, do centro, surgiram de um desejo de encontrar Deus num momento
difíócil.
O sinal vermelho ficara agora claro: podia sentir as duas energias em minha alma, competindo
pelo domíónio. Ao ver essas energias, meus olhos se concentraram na porta estreita que se abria
para o novo caminho. Tinha uma escolha a fazer. Senti-me quebrantado ao compreender que
uma parte de mim queria realmente usar Deus, como o filho proó digo usou o pai.
Nesse ponto, a encruzilhada no caminho era evidente. Um dos cursos prometia uma vida
melhor, o outro uma esperança melhor. — Deus —, clamei, quase como um reflexo — quero uma
vida melhor, mas quero ainda mais conhecer-te. Por favor! Naã o deixes que estas laó grimas e este
terríóvel momento em minha vida sejam desperdiçados. Apresento-me a ti. Sei que estaó s aíó.
Entrego-me ao teu Espíórito com a confiança de que ele vai libertar-me para viver na tua presença
- e encontrar a alegria e poder verdadeiros para seguir a tua vontade.
O veó u ergueu-se. Faltavam agora 15 minutos para as duas da madrugada. Eu podia ver a
linha final. Podia ver a guirlanda do vencedor a ser colocada em minha testa nesta vida. Não
era um casamento cada vez mais abençoado. Naã o era a exaltaçaã o da virilidade concretizada.
Não era a liberdade total do caê ncer.
Eu queria conhecer a Deus, experimentar a revoluçaã o interior obtida por meio da nova
aliança. Eu queria...
encontrar Deus, ter comunhaã o com cada membro da Trindade, participar da festa deles.
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juntar-me à comunidade de outros santos quebrantados, desesperados e gratos que,


atoê nitos pela graça, estavam caminhando em direçaã o a Deus, naã o desejando aceitar uma
alegria menor.
experimentar a transformação, ser espiritualmente formado ateó que outros, sobretudo o
Pai, pudessem ver em mim uma semelhança real com Jesus.
AÀ s duas da manhaã , pude provar as probabilidades aà minha frente. Eu estava "destinado a ficar
cativo eternamente ao contemplar o Pai, o Filho e o Espíórito, sendo, entaã o, transfigurado na
beleza divina".99 Os de Laodiceó ia naã o eram o meu povo. Aos meus olhos, pareciam sapos
contentes com a aó gua morna, sem saber que estava prestes a ferver. Eu naã o queria ser
meramente "decente e respeitaó vel... gozar moderadamente os prazeres da vida... e cuidar para
que a religiaã o" naã o me monopolizasse.100
De todo o coraçaã o, eu não queria aceitar a felicidade que vem de uma vida mais faó cil. Durante
alguns momentos sobrenaturais, numa terça-feira cedo, naã o quis nada senaã o Deus. No que se
refere a milagre, esse se rivaliza com o mar Vermelho. Todo o louvor a Deus! Eu queria um
encontro com Deus mais do que as suas beê nçaã os.
Queria abençoar a outros, fazer com que experimentassem o tipo de relaçaã o que existe na
Trindade o tempo todo. Eu queria ainda ser conhecido, explorado, descoberto, tocado, mas soó
por um momento, queria mais abençoar a outrem, participar da comunidade oferecendo
comunidade. Outro milagre, naã o permanente, nem sequer duradouro — na hora do cafeó eu
voltara a ser o mal-humorado de sempre — mas foi real.
Ainda olhando o caminho estreito, pude ver a alvorada da minha transformaçaã o. Eu sabia que
pelo poder do Espíórito, algum dia, nesta vida, eu poderia ser
ainda amoroso, embora desanimado, ainda generoso, embora exausto,

ainda paciente, embora exasperado,


ainda sensível, embora ofendido,
ainda esperançoso, embora esgotado pela vida.
Eu. Como Jesus! Stalin poderia ter amado como a Madre Teresa? Hitler poderia ter pregado
como Billy Graham? O que Deus pode fazer?
Por instantes o sol brilhou. O eê xtase do ceó u teve iníócio. E tudo começou com um telefonema
difíócil.
A melhor esperança sobrevive aà pior trageó dia. E vem aà tona por causa disso. Podemos entrar
na presença de Deus para encontrá-lo, para juntar-se a uma comunidade de indagadores
quebrantados, conturbados, que querem mais dele e querem ser transformados pelo Espíórito ateó
que venhamos a nos assemelhar realmente a Jesus. Naã o mais morrendo na aó gua fervente das
beê nçaã os exigidas, mas nadando agora o oceano refrescante da presença de Deus — essa eó a vida
no novo caminho.
Reformule seus objetivos: Esta eó a terceira das cinco ideó ias baó sicas para viver este novo
caminho. O movimento em direçaã o a esses alvos eó obra do Espíórito de Deus. Devemos aprender a
depender dele. E esta eó a quarta ideó ia.

DEUS ESTÁ NO CONTROLE - DO QUÊ?


No ano 410 d.C. aconteceu o inconcebíóvel. Roma foi saqueada. Ambroó sio, um líóder religioso
proeminente da eó poca, perguntou: - Se Roma pode perecer, o que entaã o eó seguro?
Em setembro de 2001, os centros econoê mico e militar da naçaã o mais poderosa da terra foram
atacados. Avioã es sequü estrados por terroristas chocaram-se contra o World Trade Center de Nova
York e contra o Pentaó gono, situado orgulhosamente proó ximo do Congresso da naçaã o. Tratava-se
de algo inconcebíóvel, inimaginaó vel - todavia, aconteceu. Os líóderes religiosos, todos juntos em
uma soó voz, tentaram acalmar os cidadaã os nervosos dizendo: — Deus estaó no controle.
Fiquei perguntando a mim mesmo: do quê? A intençaã o das palavras era ajudar-nos a nos
sentir seguros — do quê? Se pensamos realmente que edifíócios podem ser destruíódos daquela
maneira pela vontade de Deus, entaã o algo mais — e pior — poderia acontecer?

Nada contraria o seu plano


10

Ao afirmar o controle supremo de Deus sobre todas as coisas, ningueó m estava atribuindo a ele
responsabilidade pelos feitos perversos de outras pessoas. O holocausto, as atrocidades de Staó lin
e o terrorismo saã o adequadamente atribuíódos aà pura maldade e sobre os que fazem uso dela.
Assim tambeó m, cada caso de acidentes por embriaguez, abuso sexual, malediceê ncia,
negligeê ncia dos pais, gula, mentira, imoralidade sexual e covardia, estes em um níóvel menor de
gravidade em comparaçaã o com os do paraó grafo anterior. Deus naã o pode ser acusado de qualquer
dessas coisas. Por razoã es que naã o compreendemos bem, ele permite o mal, embora nunca seja a
causa deles. Desastres "naturais" podem ser obra dele, mas naã o as escolhas pecaminosas de suas
criaturas depravadas.
Quase todos concordam nesse ponto. Todavia, continuamos a insistir que Deus estaó no
controle. O que queremos dizer com isso? O que deveríóamos dizer? E que tipo de vantagem ou
comodidade podemos extrair dessas nossas afirmaçoã es?
Naã o posso sequer pensar numa resposta para essas perguntas seculares, sem primeiro fixar
com firmeza dois pensamentos em mente. Primeiro, esta vida é apenas uma introdução para
outra, para os seguidores de Jesus uma vida melhor. Se isso naã o fosse verdade, eu naã o abraçaria
um alvo mais alto do que o alíóvio pessoal agora, primeiro para mim e depois para voceê . Se esta
vida eó tudo que existe, naã o posso entaã o reconciliar minha feó num Deus cheio de bondade e oni -
potente com minha experieê ncia e observaçaã o do sofrimento.
Se esta vida eó tudo que existe, se ela termina com a morte sem uma existeê ncia consciente em
outro mundo, a uó nica resposta razoaó vel e compassiva para o sofrimento eó fazer tudo que
pudermos para aliviaó -la. Todos, inclusive qualquer que seja o Deus existente, deveriam dedicar
seus recursos a essa finalidade. Os que naã o fazem isso naã o saã o confiaó veis e naã o agem de maneira
correta. O que nos deixa num aperto. Se Deus existe e se estaó realmente no controle, fica
aparentemente claro que ele naã o estaó fazendo tudo que pode para aliviar o sofrimento.
Mas, se esta vida naã o passar da sombra de uma era vindoura, entaã o, eó concebíóvel que o
sofrimento possa ter um ponto futuro que justifique a sua continuaçaã o a fim de realizar sua
tarefa. Se o ponto futuro for eternamente bom e se esse bem naã o pode ser alcançado de outra
forma, então posso continuar crendo em um Deus bom e poderoso, mesmo quando as pessoas
sofrem.
Esse eó o primeiro pensamento. O segundo eó este: Deus está dedicando o seu poder a um plano
que não valorizo adequadamente. Pergunte aà s pessoas qual a sua maior necessidade. Como
resultado do terrorismo, muitos falariam de segurança em nossas fronteiras nacionais.
Deixe o tempo passar. Depois de milhares de avioã es levantarem voê o e aterrissarem sem
incidentes, depois que os trabalhadores chegarem de metroê aà cidade, subirem de elevador aos
seus escritoó rios em preó dios altos, e voltarem de metroê para casa mais tarde nesse mesmo dia, as
pessoas recuperam uma compreensaã o mais pessoal de sua maior necessidade. Uma vez que
nossa necessidade de bem-estar físico for satisfeita, atendemos mais aos desejos pessoais de
famíólias felizes, filas curtas, trabalho produtivo e bem pago, amizades íóntimas, gasolina barata,
satisfaçaã o profunda, netos sadios, paz interior, cafeó quente e prosperidade material.
Queremos a vida melhor e confiamos em Deus para garanti-la. Afinal de contas, ele estaó no
controle. Ele pode dar-nos tudo. A uó nica pergunta eó : ele fará isso? Começamos, entaã o, a persuadi-
lo a usar o seu poder a nosso favor. Tentamos fazer as coisas certas para que a vida funcione bem.
Perdemos de alguma forma a arrogaê ncia neste modo de pensar. Cremos que a nossa maior
necessidade eó sermos felizes, seguros e satisfeitos. Cremos, bem no fundo, que merecemos o que
quer que em nossa opiniaã o necessitamos.
Precisamos disso. Deus deve entaã o prover. Esse eó o seu trabalho. Naã o podemos imaginar um
Deus bom cumprindo qualquer agenda aleó m de satisfazer as nossas necessidades, assim como
meu filho de um ano fica choramingando quando a maã e naã o o deixa brincar com uma faca. Ele a
quer. Deve te-la. EÉ assim que pensa. E noó s tambeó m.
Naã o haó nada de errado em desejar voê os seguros, casamentos perfeitos e uma renda
satisfatoó ria e folgada. Mas nenhuma dessas coisas, nenhuma de nossas esperanças de uma vida
melhor de beê nçaã os, representa a agenda prioritaó ria de Deus. Naã o precisamos ser protegidos do
sofrimento fíósico ou da dor pessoal. Naã o precisamos ser ricos ou sequer saudaó veis. Só precisamos
ser protegidos de qualquer poder que se oponha ao plano de Deus para as nossas vidas. E noó s
somos!
10

Por que eó que Deus estaó no controle? Para verificar que nada contrarie o plano que ele tem
para o seu povo. Qual eó esse plano? Dar-nos uma vida melhor agora, como a definimos? Naã o. EÉ
revelar-se como o maior tesouro que o coraçaã o humano pode imaginar, atrair pessoas a um
relacionamento com ele que deleite absolutamente suas almas. EÉ o Plano Emanuel.
Qual eó entaã o nossa maior necessidade? Precisamos de...
perdão radical que torne possíóvel pessoas íómpias se aproximarem de um Deus santo e
viver;
amor sobrenatural que capacite realmente indivíóduos egoíóstas a se importarem mais com
os outros do que consigo mesmos, revelando, assim, Deus;
poder espiritual que mude as pessoas maó s em boas, naã o apenas boas segundo os padroã es
sociais - temos muita gente assim -, mas boas como Deus, boas o suficiente para valorizar a
suprema bondade.
Quando Roma mostrou-se vulneraó vel, Agostinho escreveu A Cidade de Deus. Ele descreveu
duas cidades, uma feita pelo homem, a outra por Deus. Seu ponto central era que Deus estaó no
controle da construçaã o da sua cidade, seu reino, e estaó fazendo tudo que eó necessaó rio para
povoar essa cidade com cidadaã os que o amem acima de tudo. O fato real que noó s, modernos,
temos problema em compreender eó que Deus naã o estaó colaborando com nossa agenda para tor-
nar este mundo seguro e maravilhoso para morar. Construir a cidade do homem eó o nosso
propoó sito e naã o dele. Naã o podemos dizer: "Deus estaó no controle", como se isso significasse a
ajuda dele na construçaã o de nossa cidade.
Deus, poreó m, estaó no controle do que ele quer realizar. Ele estaó se movendo atraveó s de toda a
histoó ria — por meio dos terremotos e piqueniques, do terrorismo e dos jantares da igreja, dos
divoó rcios e festas de aniversaó rio - na direçaã o de uma soó coisa: o Plano Emanuel. E vai executaó lo.
Teraó um povo que vai consideraó -lo o maior, que daraó valor ao conheceê -lo, adoraó -lo e servi-lo
acima de todas as outras beê nçaã os.
Esse eó o seu propoó sito. Ele estaó no controle. Seu propoó sito seraó alcançado. Nem Osama bin
Laden, nem Hugh Hefner poderaã o bloquear o seu caminho.
Sinto um grande peso de ser indiscutivelmente claro: Não podemos contar com Deus para nos
proteger do sofrimento de qualquer espécie ou medida. O maior mal pode acontecer ao melhor
cristão. Mas podemos contar com Deus para nos capacitar a aproximar-nos dele, aconteça o que
acontecer, e, finalmente, a experimentar profunda alegria ao fazer isso.
Se estivermos vivendo para qualquer outro objetivo, se dermos valor supremo aà vida melhor,
naã o somos seus discíópulos. Estamos nos reprimindo em naã o seguir o Espíórito Santo. Estamos
colaborando com o mundo, a carne e o diabo em oposiçaã o ao Plano Emanuel, e o poder Emanuel
iraó transformar-nos ou destruir-nos.
Se formos, no entanto, seus discíópulos, se suspirarmos por Deus como a corça pela aó gua, se
buscarmos apenas uma coisa — contemplar a beleza do Senhor por acreditarmos que prazer
incomparaó vel pode ser obtido na comunhaã o com ele 101 — encontramo-nos entaã o na jornada
espiritual. Aprenderemos a depender radicalmente do Espíó rito Santo. E, ao fazermos isso,
experimentaremos milagres; vamos testemunhar em nossas vidas o poder sobrenatural do Deus
que estaó no controle de todas as coisas.

Conte com Deus


No restante deste capíótulo, desenvolvi dois pontos: Primeiro, podemos contar com Deus para
realizar treê s milagres em nossas vidas. Ele quer isso. Pode realizaó -los e iraó realizaó -los na vida dos
seguidores do novo caminho. Segundo, naã o haó nada que possamos fazer para que estes milagres
aconteçam. Seguindo o novo caminho, de certa forma, criamos espaço para ele trabalhar. Mas
permanecemos inteiramente dependentes dele na sua graça soberana de abençoar-nos
conforme lhe apraz e quando lhe apraz. A dependeê ncia eó boa, porque Deus enviou seu Espíórito
para fazer uma obra seó tupla que torna possíóvel para noó s viver no novo caminho.
O que quer que aconteça, os seguidores do novo caminho podem estar certos de participar de
treê s milagres da graça. Eles vão acontecer. Naã o aconteceraã o na vida dos que seguem o antigo
caminho.
Primeiro Milagre: Vamos Encontrar Deus
10

Podemos entrar na presença de Deus como estamos - cobiçosos, invejosos, desanimados, feios
o suficiente para ser insultados, egoíóstas o suficiente para merecer rejeiçaã o, suficientemente
arrogantes para ser pisados - e sermos acolhidos e apreciados.
Ao sentirmos a recepçaã o de Deus e sentir seu encantamento, aà medida que a graça nos
incentiva, descobrimos que por baixo de todas as manchas e mau cheiro, somos na verdade belos
e ateó desejaó veis. Compartilhamos da beleza de Cristo. Somos puros, temos lugar aà mesa do Pai,
gostamos de ser bons e o poder de agir bem estaó em noó s.
Quando a graça de Deus nos surpreende, e soó entaã o, iremos adorar. Ateó esse momento,
negociamos. Mesmo quando o tumor cresce e eó declarado inoperaó vel, mesmo quando nossos
melhores esforços de reconciliaçaã o com o coê njuge ou os filhos falham, mesmo quando o
terrorismo mata milhares, continuamos adorando. Vamos sofrer muito, aà s vezes, mas iremos
adorar. O milagre do encontro será desejado dignamente.
Segundo Milagre: Experimentaremos Comunhão
Com pelo menos outra pessoa, algumas vezes com vaó rias, entraremos em níóveis de intimidade
que criam conflitos capazes de acabar com qualquer relacionamento — e emergiraó a intimidade
espiritual. Depois de sentir o impacto do fracasso e da maó goa e cambaleando com o instinto de
defesa, recriminaçaã o e recuo, podemos esperar, se estivermos no novo caminho, descobrir um
poder em noó s suficiente para enfrentar qualquer força destruidora de relacionamentos e que nos
leve aà verdadeira comunhaã o.
Os naã o-cristaã os no geral "se daã o bem". Soó os cristaã os saã o capazes de amar no verdadeiro
sentido da palavra. Quando reconhecemos que estamos sendo dominados pelo egoíósmo, quando
naã o vemos um meio de fuga, e quando a maneira como nos relacionamos nos sufoca e nos leva ao
desespero eó que amaremos de modo sobrenatural. Iremos de vez em quando ainda fazer
estardalhaço, exigir e ficar de mau humor, mas iremos amar. O milagre da comunhão será
celebrado com gratidão.
Terceiro Milagre: Seremos Transformados
Um encontro com Deus e uma experieê ncia em comunidade iraó abrir nossos olhos para vermos
como somos bem diferentes de Jesus. Vamos ficar espantados. Como Joó , quando finalmente ouviu
Deus falar, reconheceremos: — Sou indigno. 102 — Quando virmos a Deus, iremos novamente
exclamar como Joó : "Eu te conhecia soó de ouvir, mas agora os meus olhos te veê em. Por isto me
abomino e me arrependo no poó e na cinza".103
O quebrantamento e o arrependimento levam aà entrega. Jamais nos abandonaremos ao
Espíórito enquanto pensarmos que podemos mudar sem ele. Mas, quando desejamos naã o soó nos
sentir bem com noó s mesmos e gozar a vida, mas tambeó m nos assemelhar a Jesus e compreender
como somos incapazes de dar sequer um passo nessa direçaã o sem a sua ajuda sobrenatural,
entregar-nos-emos entaã o mais plenamente ao Espíórito Santo.
Em momentos naã o planejados, saberemos entaã o que a aó gua viva estaó jorrando dentro de noó s.
Algo maravilhoso surgiraó em noó s e exultaremos de alegria. Quando olhamos para o abismo que
separa quem somos de quem queremos ser e compreendemos que naã o temos meios de passar de
um lado para outro na carne, soó entaã o iremos mudar. O milagre da transformação será
humildemente gozado.
Treê s milagres teraã o lugar em cada seguidor do novo caminho: encontro com Deus,
comunhão que sobrevive aà honestidade, e transformação surpreendente aà semelhança de
Cristo.
Ouça, poreó m, esta recomendaçaã o. Naã o devemos definir esses milagres como a vida melhor
que desejamos e depois tentar fazer com que aconteçam. Isso representaria um desvio do novo
caminho para o antigo.
Naã o devemos esperar milagres que naã o podem acontecer ateó no ceó u. Treê s me veê m aà mente.
Primeiro, nunca iremos gozar Deus constantemente nesta vida e taã o plenamente a ponto de
adorar com perfeiçaã o. Sempre haveraó razaã o para quebrantamento sobre as nossas falhas em
apreciar Deus como nosso maior tesouro.
Segundo, nunca experimentaremos neste mundo o impacto da graça em suficiente
profundidade para nos relacionar perfeitamente com quem quer que seja. Sentimentos de
superioridade, insegurança e críóticas injustas iraã o turvar todo esforço para amar. Sempre haveraó
razaã o para arrependimento sobre nosso fracasso em oferecer comunhaã o espiritual.
10

Terceiro, jamais dependeremos o suficiente do Espíórito de Deus para revelar completamente


quem jaó somos em Cristo. Ateó o ceó u, nossa transformaçaã o seraó sempre incompleta. Haveraó
sempre razaã o para nova entrega a Deus, confiança maior e libertaçaã o irrestrita por intermeó dio
de Deus.
A bem da verdade, continuaremos cometendo erros ateó o ceó u. Jamais faremos tudo que
devemos. Naã o dependeremos totalmente do Espíórito Santo — ateó virmos Cristo.

Tudo o que o Espírito faz


O Espíórito continua, poreó m, fazendo a sua obra. Quanto mais vemos tudo que ele estaó
operando, tanto mais a pressaã o diminui. A dependeê ncia aumenta. Repousamos na obra seó tupla
do Espíórito de Deus.104 Esse descanso e essa dependeê ncia saã o a quarta ideó ia baó sica no
aprendizado da vida no novo caminho.
Quero descrever agora a obra seó tupla e sugerir como podemos depender de tudo que o
Espíórito faz enquanto buscamos nos achegar a Deus.
A Primeira Obra do Espírito: Lembrar
Pouco antes de prometer-lhes paz, Jesus disse aos discíópulos: "O Consolador, o Espíórito Santo,
a quem o Pai enviaraó em meu nome, esse vos ensinaraó todas as coisas e vos faraó lembrar de tudo
o que vos tenho dito".105
Quando os sonhos se despedaçam, quando os terroristas vencem e os casamentos se
dissolvem, o Espíórito naã o fica silencioso. Ele nos lembra que o que mais importa naã o estaó
ameaçado. O plano do Pai continua nos trilhos. Cristo fez tudo o que era necessaó rio para nos
aproximarmos de Deus e para ele se aproximar de noó s. E o Espíórito nos diraó que a Trindade naã o
pode conceber beê nçaã o maior que essa.
Se vivermos no novo caminho, passaremos tempo lendo a Escritura, naã o para dominar seu
conteuó do, mas para ouvir o Espíórito. Vamos sentir uma aê ncora pesada firmando o nosso barco na
pior tempestade. Como uma enfermeira experiente chegando ao nosso leito e dizendo: — Acabei
de falar com o meó dico. Sua enfermidade foi curada. Vai ficar bom — , o Espíórito nos lembra do
que Jesus disse: "No mundo, passais por afliçoã es; mas tende bom aê nimo, eu venci o mundo". 106
A Segunda Obra do Espírito: Glorificar
Quando o Espíórito vier, disse Jesus: "Ele me glorificaraó , porque haó de receber do que eó meu e
vo-lo haó de anunciar".107
Ir a Deus pode parecer sem sentido. A assistente acabou de tirar sangue do meu braço. Ela
franziu a testa ao sentir a veia em que estava prestes a colocar a agulha. Em um gesto reflexo,
orei rapidamente para que a entrada fosse sem dor e certeira. A seguir me ocorreu o
pensamento: — O que quero realmente eó uma enfermeira experimentada e haó bil. — Deus pode
responder a essa oraçaã o, mas parece mais importante administrar a vida insistindo numa
atendente com experieê ncia do que orando.
O que o Espíórito me faraó saber enquanto espero pela agulha ou suporto uma provaçaã o bem
maior? Algumas vezes tenho medo de orar. Achegar-me a Deus pode despertar esperanças que
talvez sejam frustradas, como muitas vezes o saã o.
Quando me achego, devo fazer isso principalmente para conheceê -lo e naã o para melhorar
minha vida, para que o sangue seja tirado sem dor logo na primeira tentativa. Quando ajo assim,
o Espíórito glorifica Cristo tomando o que pertence a ele - o valor eterno da sua vida, morte e
ressurreiçaã o — e sussurrando para mim: — O caminho estaó aberto; o que quer que aconteça,
Deus estaó no controle do que eó mais importante. Venha sem medo. Aproxime-se o suficiente para
ouvir o Pai cantando alegremente para voceê .
Independentemente de meu estado, em meio a qualquer situaçaã o que esteja enfrentando,
serei aceito na presença de Deus. Vou ser ouvido, compreendido e receberei o que meu Pai
amoroso sabe que eó melhor. Cristo tornou isso possíóvel. A ele seja a gloó ria. EÉ isso que o Espíórito
estaó dizendo. EÉ a sua segunda obra.
A Terceira Obra do Espírito: Derramar
O Espíórito inspirou Paulo a dizer: "O amor de Deus eó derramado em nosso coraçaã o pelo
Espíórito Santo, que nos foi outorgado".108
EÉ difíócil crer que somos amados. Naã o soó as circunstaê ncias saã o negativas e Deus naã o age, como
tambeó m nunca experimentamos plenamente por parte da famíólia ou de amigos o tipo de amor
que ansiamos conhecer. Como em tudo que importa mais para as nossas almas, somos
10

absolutamente dependentes do Espíórito para nos convencer de que somos de fato amados e
podemos descansar no amor de Deus por noó s. Ele nos persuade, derramando o amor do Pai em
nossos coraçoã es, que eó um processo míóstico.
Sem esta terceira obra do Espíórito, continuaremos a sentir que naã o somos amados, a
esconder-nos do amor com medo que ele naã o seja genuíóno, a esforçar-nos ao maó ximo para gerir
nossa vida sem ser plenamente amados, a viver com qualquer tipo de amor que nos seja dado.
Tenho dificuldade em receber amor. Acho mais seguro dar, sem ficar na posiçaã o vulneraó vel de
precisar realmente de alguma coisa. EÉ difíócil pedir significativamente ao Espíórito Santo que
penetre no centro exato do meu coraçaã o, encontre o buraco vazio, e o encha com o amor de Deus.
Parece algo taã o carente, taã o fraco.
Outros parecem deleitar-se com essa oraçaã o, crendo que estaã o livres da responsabilidade de
seguir a Deus ateó que esse vazio seja preenchido. Eles convertem a provisaã o graciosa do Espíórito
em uma exigeê ncia egoceê ntrica de que suas necessidades sejam satisfeitas.
Mas, quando medito sobre a cruz, quando me abro para o toque de outros em mim com o
amor de Cristo, quebrantando-me perante eles, posso entaã o experimentar o amor divino em sua
totalidade. Sou indestrutíóvel, nenhum sofrimento me abateraó . Sinto-me entusiasmado com a
ideó ia de marchar corajosamente em meu mundo sob a bandeira do amor cristaã o. EÉ isso que
acontece em mim quando o Espíórito derrama o amor de Deus em meu coraçaã o. Gostaria que
acontecesse mais vezes.
A Quarta Obra do Espírito: Afirmação
Haó palavras mais belas para os fracassos morais, pessoas solitaó rias e víótimas de abusos de
qualquer ordem do que ouvir que "o proó prio Espíórito testifica com o nosso espíórito que somos
filhos de Deus"?109
A seçaã o do tribunal começou. Todos ficam de peó . O reó u tambeó m deve levantar-se. Voceê eó
acusado de hipocrisia e fraude. Afirma ser filho de Deus. E mesmo? Este eó o assunto para o qual
este tribunal se reuniu para decidir.
A evideê ncia contra noó s eó esmagadora. E nada ficou oculto. Cada pecado secreto eó exatamente
relatado. Noó s nos encolhemos. O acusador apresenta suas provas, o mundo zomba, a carne
duvida.
Entaã o, no tribunal reunido em nossas almas, entra o Espíórito, o Deus Todo-Poderoso, o
Escrutinador da verdade final. Ele fala baixinho, com a autoridade de um general cinco estrelas
comandando suas tropas ou o principal meó dico especialista dando sua opiniaã o. — Este pertence
a Deus. — Quem pode discutir? O caso estaó encerrado. O Plano Emanuel estaó em progresso na
vida desta pessoa. Esta pessoa sou eu. Vou encontrar Deus. Vou participar da verdadeira
comunhaã o. Vou me assemelhar a Cristo. O Espíórito falou. Eu o ouvi. Caso encerrado.
O diabo ficou certa vez perto de um filho de Deus e disse: — Olhem para ele. Suas roupas
cheiram mal. Como pode fingir parentesco com a realeza?
Satanaó s tinha razaã o. As roupas do sumo sacerdote Josueó estavam sujas, cobertas de
excremento.110 Josueó baixou a cabeça. A acusaçaã o tinha fundamento.
O Senhor entaã o deu um passo aà frente. "Tirai-lhe as vestes sujas", ordenou ele aos servos. A
Josueó disse: "Eis que tenho feito que passe de ti a tua iniquü idade e te vestirei de finos trajes".
Voltando-se para os servos, mandou: "Ponham-lhe um turbante limpo sobre a cabeça". O
turbante usado pelo sumo sacerdote de Israel tinha inscritas numa placa na frente as palavras
"Santidade ao Senhor".
Se olharmos soó para as nossas vidas, ficaremos imaginando se somos realmente dele. Se
avaliarmos o nosso progresso ao longo da jornada espiritual, surgiraã o duó vidas. Mas, se
aprendermos a ouvir o Espíórito, saberemos que somos de Cristo. Iremos comprazer-nos em
comunhaã o santa com Deus. Sairemos do tribunal e iremos para a casa do juiz. Somos seus filhos.
A Quinta Obra do Espírito: O Selo
Quando viemos a Cristo, naã o soó fomos incluíódos em Cristo, como
tambeó m, por termos crido, fomos "selados com o santo Espíórito da promessa. 111

Selar significa segurança. O Espíórito eó o proó prio selo. As pessoas seladas saã o separadas das
que naã o o foram. Pense nisso! Voceê e eu fomos entregues aà guarda do Espíórito a fim de garantir
nosso encontro com o Pai e o Filho. Estamos salvos, naã o de bombas, caê ncer ou problemas
10

familiares, mas de ficarmos separados do Deus que estaó no controle do Plano Emanuel, nem um
centíómetro sequer. Podemos entrar destemidamente na sua presença.
No uó ltimo meê s de vida de meu pai, enfrentando uma fraqueza cada vez maior, tristeza
contíónua pela sauó de cada vez mais decadente da esposa com Alzheimer e muita solidaã o, ele me
disse vaó rias vezes: — Tenho a onipoteê ncia do meu lado. Estou a salvo. Pensar nisso me faz sentir
uma serenidade estranha por traó s de todo o sofrimento.
Meu pai foi selado com o Espíórito de Deus e, pelo fato de o Espíó rito ter-lhe revelado isso, ele
conheceu a paz de Deus.
A Sexta Obra do Espírito: Previsão
"Mas aquele que nos confirma convosco em Cristo e nos ungiu eó Deus, que tambeó m nos selou
e nos deu o penhor do Espíórito em nosso coraçaã o". 112
O Espíórito eó o penhor da nossa herança, o depósito do que estaó para vir e a garantia do que
viraó . Ele eó uma parte do todo, uma prova da refeiçaã o, uma amostra do que podemos esperar.
Agostinho entendeu a graça (corretamente, penso eu) como uma experieê ncia de alegria que
excede a tal ponto os prazeres do pecado, que desistimos prazerosamente deles. O Espíórito
deposita em nossas almas um íómpeto de alegria que experimentamos ocasionalmente, uma
esperança inabalaó vel que fica aà disposiçaã o quando precisamos dela, uma visaã o de beleza que
algumas vezes temos ocasiaã o de contemplar. Vislumbramos o que estaó para vir e perseveramos
impetuosamente em meio ao que ocorre agora.
Quando falo com franqueza aos cristaã os, encontro o que vejo com frequü eê ncia em mim mesmo,
uma atitude cíónica sobre a ideó ia de algueó m experimentar realmente esse tipo de alegria em Deus.
Ganhar na loteria? Sim, isso proporciona grande entusiasmo. Tempo com Deus? Francamente,
algo um tanto tedioso, uma paixaã o soó para alguns míósticos e contemplativos.
Mas, Deus eó essencialmente uma comunidade de pessoas apaixonadas que gostam
profundamente umas das outras. Quando ele criou as pessoas, embutiu nelas a capacidade dessa
mesma espeó cie de paixaã o e alegria. Quando nos remiu, colocou em noó s um membro da Trindade
como um depoó sito, poderíóamos dizer algo que chame atençaã o para o que estaó por vir. Em vista
de quaã o vividamente a Bíóblia fala do prazer, satisfaçaã o e alegria que Deus proveê , soó podemos
supor que o depoó sito em noó s eó algo a ser experimentado, um prazer a ser sentido, uma emoçaã o
palpaó vel, uma pequena amostra do que espera a todos noó s.
Haó muito mais no tocante ao conhecimento de Deus do que ousamos imaginar. Estaó na hora
de poê r de lado nosso cinismo e nos achegar a ele, esperando consciente, deliberada e
disciplinadamente que o Espíórito deleite nossas almas com o rico alimento de Deus.
A Sétima Obra do Espírito: Unção
"E voó s possuíós unçaã o que vem do Santo e todos tendes conhecimento... a unçaã o que dele
recebestes permanece em voó s, e naã o tendes necessidade de que algueó m vos ensine". 113
Tenho lutado haó anos com uma depressaã o que vai e vem. Meu mundo interior eó quase sempre
a cena de uma luta contra o oó dio por mim mesmo, preocupaçaã o obsessiva, inatividade
desanimada e hipersensibilidade. O que devo fazer? Um meó dico e mais de um amigo
recomendaram antidepressivos. Terapia praó tica como a reestruturaçaã o cognitiva ou terapia
dinaê mica que explora as emoçoã es ocultas e questoã es de ansiedade existencial poderiam ser uó teis.
Minha opiniaã o eó esta. O primeiro passo para tratar qualquer dificuldade em nossa vida - filhos
rebeldes, casamentos tensos, indecisaã o, gula ou depressaã o — não eó estabelecer o alvo de tornar
as coisas melhores e depois preparar um plano de açaã o. Esse eó o antigo caminho.
O primeiro passo eó apresentar-se a Deus.
Admita onde estaó ; encontre o sinal vermelho.
Identifique os dois caminhos aà sua frente, o antigo e o novo caminho.
Faça do encontro com Deus a sua maior ambiçaã o e tente se assemelhar a Jesus por meio de
sua comunhaã o.
Aprenda a depender do Espíórito Santo e espere que essas treê s ambiçoã es sejam concedidas
como milagres.
Ore como um peregrino numa viagem (vou discutir como no proó ximo capíótulo).
Aproximar-se de Deus para a melhor esperança da intimidade com ele (que daó gloó ria ao seu
nome) liberta algo em noó s. Amor ardente e sabedoria com discernimento saã o-nos dados pelo
Espíórito. Sentimos a sua direçaã o no que fazemos. Essa eó a unçaã o que recebemos dele. EÉ um plano
de jogo divinamente dirigido para lidar com o que quer que esteja acontecendo em nossa vida.
10

Estou sentindo muita liberdade para comer com maior responsabilidade, exercitar-me com
mais perseverança e confessar um espíórito de temor e autocomiseraçaã o. O estudo mais constante
da Palavra, orar mais vezes como peregrino e encontrar tempo para fazer as coisas com mais
vagar, a fim de desfrutar melhor a famíólia, os amigos, a diversaã o e o lazer, me parecem uma unçaã o
do Espíórito. Se, depois de avançar nessas direçoã es, naã o houver um alíóvio da minha opressaã o
ocasional, poderei concluir que luto com uma depressaã o quimicamente induzida, soó entaã o devo
considerar o uso de antidepressivos. Ou posso, como Spurgeon, aceitar minha depressaã o como
um instrumento ordenado por Deus para ajudar-me a viver em maior dependeê ncia e ministrar
mais poderosamente.
Acredito que esta seó tima obra do Espíórito Santo, a unçaã o espiritual, significa que os
seguidores do novo caminho receberaã o o amor e a sabedoria de Cristo para responder a
qualquer desafio que encontrem na vida. Quando o Espíórito desceu sobre o Cristo encarnado, foi-
lhe concedido sabedoria, poder e temor que produzia deleite. 114 E agora em Cristo estaã o ocultos
todos os tesouros de sabedoria e conhecimento. 115 Se aprendermos o que significa ir a ele,
receberemos uma unçaã o que nos esclareceraó o que fazer e nos capacitaraó para agir em qualquer
circunstaê ncia da vida.
Se creê ssemos nisso, o aconselhamento cristaã o mudaria completamente de aspecto.
Deixaríóamos de pensar em aconselhamento ou terapia como um especialista oferecendo
conhecimento especíófico a um paciente. Ele se tornaria uma oportunidade para um peregrino
amadurecido se juntar a outro numa jornada aà presença de Deus. O aconselhamento como o
conhecemos seria transformado em direçaã o e amizade espiritual entre dois companheiros indo a
Deus para esperar pela sua orientaçaã o e serem fortalecidos com a sua energia.

Temos o que precisamos


Esta eó a quarta ideó ia baó sica sobre o que significa viver no novo caminho: Depender do
Espírito e da sua obra seó tupla.
Podemos depender dele para...
• ficar sabendo que o fundamento estaó certo. O plano que o Pai julga melhor para noó s estaó
funcionando, naã o importa o que possa estar ocorrendo em nossa vida.
• mostrar-nos o caminho aberto por Cristo para a presença de Deus. Temos uma nova pureza,
uma nova identidade, uma nova disposiçaã o e um novo poder que torna possíóvel, em
qualquer tempo, em qualquer condiçaã o, apresentar-se diante de Deus. 116
• derramar o amor de Deus em nossos coraçoã es ateó ficarmos surpresos por ver que aquele
que eó indigno de amor eó realmente amado.
• convencer-nos de que pertencemos a Deus, mesmo quando a evideê ncia eó lamentavelmente
inadequada.
• manter-nos protegidos de qualquer poder que possa desviar-nos de nossa colaboraçaã o com
o Plano Emanuel.
• oferecer prova suficiente da presença de Deus e realidade para nos manter desejosos de
conheceê -lo melhor.
• conceder-nos a motivaçaã o e o meó todo, a paixaã o e a sabedoria para lidar com todas as nossas
decisoã es e responsabilidades de um modo que glorifique a ele e nos deê alegria, mesmo
quando os problemas da vida naã o diminuem.
Deus estaó no controle - do queê ? Do Plano Emanuel. Em meio aos escombros dos edifíócios
destruíódos e vidas conturbadas, ele estaó se movendo poderosamente na direçaã o do seu
propoó sito. Os seguidores do novo caminho compartilham seu entusiasmo por esse propoó sito e,
mediante a dependeê ncia do Espíórito Santo, viajam para o dia em que Cristo seraó tudo em todos e
Deus, nosso supremo tesouro em todos os momentos.
No Espíórito temos o que precisamos para continuar a viagem. A pressaã o acabou. Naã o temos
necessidade de fazer esta vida funcionar. Haó um novo modo de viver.
Grande parte do combustíóvel para a jornada eó provida pela oraçaã o, um certo tipo de oraçaã o, a
oraçaã o da criança indo para casa. Eu a chamo de Oraçaã o do Papai. EÉ a quinta ideó ia baó sica (e a
uó ltima) para entrar e viver no novo caminho.
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A ORAÇÃO DO NOVO CAMINHO

Agueó m a quem amo muito estaó sofrendo. Sofro por ela e estou assustado. O que aconteceraó ?
Naã o sei. Portanto, oro.
Mas, enquanto oro, a pressaã o aumenta. Fico mais assustado, quase desesperado e um tanto
raivoso. Essas emoçoã es saã o inaceitaó veis; entaã o, as sufoco e oro mais alguns minutos, mas agora
sem paixaã o, indiferente, cíónico. Espero realmente que ele mude o que me preocupa e perturba a
pessoa que amo por causa da minha oraçaã o?
Durante anos supus que a ordem bíóblica para "pedir com feó , em nada duvidando", 117 quando
oramos, tem que ver com a oraçaã o intercessoó ria, com nossos pedidos para que Deus torne a
nossa vida melhor. Sob essa suposiçaã o, tentei obter confiança de que ele faria tudo o que eu
pedisse, desde que meus pedidos fossem apenas para coisas boas. Apesar dos meus maiores
esforços, a incredulidade e a duó vida continuam a importunar-me enquanto oro. E, penso eu, por
boas razoã es.
Antes de Tiago nos dizer para termos feó e naã o duvidarmos quando oramos, ele fala sobre o
sofrimento, sobre dificuldades que ningueó m incluiria em sua definiçaã o de uma vida melhor.
Tambeó m nos instrui para receber essas coisas como amigos, permitir que façam seu trabalho de
amadurecimento. Nada nessa passagem eó dito sobre a oraçaã o para livrar-se de provaçoã es.
Isso me faz pensar que Tiago supoã e que estamos orando no novo caminho e naã o
concentrando nossos desejos em uma vida melhor, mas ansiando pela esperança melhor de
conhecer a Deus e nos tornarmos como ele.
Em seu uó ltimo ano de vida, meu pai me disse mais de uma vez: — Eu sei que Deus podia curar
sua maã e do Alzheimer num momento. Creio nisso e oro por isso. Mas naã o acredito que ele o faraó .
Ou, pelo menos, naã o tenho certeza. Se naã o curar, entaã o este sofrimento seraó de alguma forma uó til
para um bom propoó sito que naã o consigo ver. Quando oro para que esses propósitos sejam
realizados na vida dela e na minha, tenho a certeza de que ele iraó responder a essa oraçaã o.
Quanto a isso naã o tenho duó vidas.

A essência da oração do novo caminho


Comecei a perceber recentemente que haó um antigo e um novo caminho de oraçaã o. Os
cristaã os que almejam uma vida melhor de beê nçaã os de Deus acima da esperança melhor de
intimidade com ele oram segundo o antigo caminho. A petiçaã o precede a entrega. Os pedidos
afastam a adoraçaã o. A gratidaã o depende das beê nçaã os.
As oraçoã es segundo o antigo caminho saã o de pelo menos treê s tipos: Muda isso.
Peço-te que mudes o que estiver causando sofrimento em minha vida. Endireita minha
filha, daó -me um marido, restabelece minha sauó de, providencia uma renda. Usa isto.
Mostra-me quais os princíópios que devo seguir para fazer com que aconteça. Dirige-me aà
pessoa ou aos recursos que preciso para fazer com que aconteça. Satisfaze-me.
Quero sentir-me viva, contente, satisfeita e feliz. Faze o que for necessaó rio para que me
sinta satisfeita comigo mesma, com a vida e contigo.
Naã o haó nada de errado com essas oraçoã es a não ser que representem nosso anelo mais
profundo. Neste caso seriam oraçoã es do antigo caminho com mais exigeê ncias do que petiçoã es.
As oraçoã es do novo caminho incluem petiçaã o, mas nunca começam com ela. O começo, o
conteuó do principal e o fim das oraçoã es do novo caminho saã o todos iguais: Venho. "Senhor, venho
a ti como estou. Soó peço uma coisa: permite que veja a tua beleza. E, ao veê -la, permite que te ame
e viva como tu."
A petiçaã o pode acompanhar essa oraçaã o, mas nunca se torna prioridade. — Deixa-me
aproximar de ti, quer por meio de beê nçaã o ou provaçaã o, e achega-te a mim para que eu possa ser
um instrumento do teu amor em todos os aspectos da minha vida. Como tua filha, peço pela
minha filha - faze com que ela abra o coraçaã o para ti. Peço um marido - daó -me um companheiro
de vida. Peço sauó de - que o caê ncer naã o volte. E peço uma renda - permite que pague minhas
contas e goze de algumas coisas que soó o dinheiro pode comprar. Mas, naã o a minha vontade e sim
a tua seja feita. Com feó e em nada duvidando, peço-te que permitas achegar-me a ti e viver na tua
presença."
Esta manhaã orei pelo ente querido que estaó sofrendo. Naã o estou errado em desejar e depois
pedir que Deus mude o que estaó difíócil. Naã o estou errado em pedir que Deus me mostre o que
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fazer ou a quem pedir que possa melhorar as coisas. E tambeó m naã o erro em pedir a Deus que
tanto eu quanto a pessoa que amo experimentem contentamento e descanso profundos.
Estarei, poreó m, errado se quiser que o problema se afaste mais do que desejo me aproximar
de Deus e comprazer-me nele ou refleti-lo nesta situaçaã o. Desejar minha beê nçaã o mais do que a
sua gloó ria deveria resultar em quebrantamento e naã o em petiçaã o por mais beê nçaã os. Paulo opoê s-
se fortemente aos que "naã oprocediam corretamente segundo a verdade do evangelho"; 118 o
Espíórito tem falado energicamente comigo contra naã o orar de acordo com a verdade do
evangelho.
Mude isso! Use isto! Satisfaça-me! Oro assim todo o tempo. Faça de mim um pai saó bio para
que possa ajudar meus filhos a andarem mais proó ximos do Senhor! Deê -me a sabedoria que
preciso para me dar bem com minha mulher a fim de nos aproximarmos ainda mais um do outro.
Abençoe minha meó dica com sabedoria a fim de que ela possa diagnosticar corretamente a dor
nas costas que venho sentindo.
Essas oraçoã es estaã o erradas? Sim, quando expressam a paixaã o mais profunda do meu coraçaã o.
Naã o, quando expressam desejos subordinados aà minha paixaã o por Deus, pela sua gloó ria a ser
revelada quando eu o valorizo acima de tudo o mais.
Podemos orar de um novo modo. Podemos deixar de insistir em que Deus mude isso, use isto e
nos satisfaça. Quando algueó m a quem amamos estaó sofrendo, quando estamos com medo e nos
sentimos inadequados, quando a dor em nossas almas parece insuportaó vel, quando nossa
incredulidade sobre a resposta aà oraçaã o nos leva a orar mecanicamente, podemos orar, naã o para
mudar aquilo, usar isto, ou satisfazer-me, mas, em vez disso, Senhor, eu venho. Esta eó a esseê ncia
da oraçaã o do novo caminho.

Expressando-se a Deus
Eu a chamo de oraçaã o do novo caminho Apresente-se a Deus como estaó .
Observe quando notar a presença ou auseê ncia de Deus. Purifique-se de qualquer coisa que,
nesse momento, possa estar impedindo voceê de atentar mais em Deus. Aproxime-se de
Deus com paixaã o e confiança, dedicando-se novamente a se aproximar dele a fim de
conheceê -lo, comprazer-se nele e revelaó -lo, e naã o usaó -lo para tornar sua vida melhor.
Sugiro que reserve pelo menos vinte minutos para fazer a oraçaã o do novo caminho. Utilize
cinco minutos em cada uma das quatro partes. Faça isto de maneira deliberada vaó rias vezes por
semana. Escreva uma carta a Deus expressando-se em cada categoria, cinco minutos
apresentando-se a ele, depois mais cinco minutos ouvindo-o, outros cinco minutos purificando-
se conforme a orientaçaã o do Espíórito, e os uó ltimos cinco minutos achegando-se a ele.
O mesmo ritmo de oraçaã o pode ser facilmente seguido a qualquer hora do dia ou da noite em
apenas alguns momentos, falando simplesmente com Deus na cama, dirigindo o carro ou
assistindo a um filme monoó tono. — Deus, estou aqui. Sinto a tua presença aqui, mas naã o lá.
Percebo que isto me impede de ouvir a tua voz. Mas declaro outra vez, agora, meu desejo de
aproximar-me de ti, seja por que maneira, quer me abençoes ou naã o.
Vou descrever a oraçaã o do novo caminho. Ela representa como os seguidores do novo
caminho podem aproximar-se de Deus para glorificaó -lo, em vez de sentir a pressaã o de obter algo
para que a vida funcione bem.
Apresente-se a Deus
Reflita sobre a sua vida. Seja completamente honesto, sabendo pela graça de Deus revelada na
Nova Aliança que naã o descobriraó nada que faça Deus rejeitaó -lo e creia, por causa dessa mesma
graça, que por baixo da pior sujeira se encontra beleza radiante.
Que desejos em seu íóntimo parecem mais fortes? Peça a alguns (apenas alguns) amigos
confiaó veis que o ajudem: Como eó conviver com voceê ? O que as pessoas sentem que estaó querendo
delas, qual o seu efeito sobre elas, no momento?
Tome a inconcebíóvel e difíócil decisaã o de enfrentar a si mesmo, sentir sua ira, cobiça e terror,
assim como sua compaixaã o, bondade e alegria. Naã o finja a respeito de nada. Mas, ao honrar esse
compromisso, evite os erros da negação ("Soó enfrentarei aquilo com que puder lidar, o que naã o
me fizer sentir muito ameaçado.") e da obsessão ("Vou enfrentar tudo o tempo todo.")
Lembro-me de uma manhaã , haó pouco tempo, quando naã o conseguia desviar a mente das
minhas dificuldades. Declamei as Escrituras, pedi paz, preparei um plano de açaã o para o dia.
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Nada deu certo. Ocorreu-me, entaã o, que estava contando a mim mesmo os meus problemas em
vez de apresentar-me a Deus.
Esta eó uma parte do que escrevi naquela manhaã em meu diaó rio da oraçaã o do novo caminho
sobre apresentar a oraçaã o:
AÀ quele que aceita, muito amado:
Estou muito aflito no momento. Minha conversa com meu pai a noite passada foi difíócil.
Senti-me dispensado, repreendido, desacreditado. Ele eó um homem cheio de bondade.
Como pude sentir-me assim? Penso que minha raiva tem mais a ver com coisas para as
quais naã o consigo respostas - o que estou fazendo eó realmente importante? Ouvi de ti, ou
estou envolvido em meus preconceitos e insensatez? Sou uma mistura de pressaã o e
alegria. E sou esquisito. Enquanto me vestia de manhaã , vi um cinto para colocar, botoã es da
camisa para serem abotoados, meias para poê r nos peó s - e sinto que devo fazer tudo ao
mesmo tempo. O que seraó tudo isso?
Para mim era o sinal vermelho marcando onde eu me encontrava naquela manhaã . Isso
começou minha oraçaã o do novo caminho.
Observe a Deus
Quando notou a presença de Deus na hora ou no dia que passou? Quando percebeu um desejo
de sentir que ele estava com voceê , mas soó sentiu a sua ausência?
A jornada espiritual estaó centrada na experieê ncia de Deus e arraigada na verdade revelada de
Deus. Cuide do que voceê experimenta de Deus, mas durante esta parte da oraçaã o, concentre-se
tambeó m no que sabe que eó verdade, quer experimente ou naã o isso. Lembre-se da obra seó tupla do
Espíórito enquanto reflete sobre o texto bíóblico que acabou de ler.
Escute o Espíórito lembraó -lo de tudo o que Jesus disse, especialmente que tudo estaó sob
controle. Nada surpreende a Deus. O Plano Emanuel segue seu curso.
Ouça o Espíórito dar gloó ria a Cristo. Tudo que precisa para experimentar a vida de verdadeira
abundaê ncia estaó em Cristo e na nova aliança feita no seu sangue.
Note quando ele derrama amor em seu coraçaã o. Fique quieto, sintonize seu ouvido com a
muó sica do ceó u, ouça o Pai cantar alegremente sobre voceê .
Dependa do testemunho do Espíórito de que voceê eó um filho de Deus, mesmo quando a
evideê ncia parece contraó ria.
Descanse na segurança do seu selo em sua vida. Nenhum ato de terrorismo, nenhuma
vacilaçaã o do mercado de açoã es, nenhum problema de sauó de, nenhuma rejeiçaã o, nenhum
rompimento na famíólia tem poder para frustrar a obra de Deus em sua vida. Tudo pode ser
remido pelo Espíórito para bons propoó sitos.
Prove qualquer amostra que ele lhe der da refeiçaã o que estaó chegando. Pode ser um momento
de alegria desmesurada ou um profundo alíóvio da pressaã o construíóda para fazer as coisas certas
a fim de obter beê nçaã os de Deus.
Confie na unçaã o do Espíórito. Espere que ele lhe conceda o desejo ardente e a sabedoria para
lidar com cada situaçaã o de um modo que honre a Cristo e faça avançar o seu plano.
Este eó um breve trecho do meu diaó rio da oraçaã o do novo caminho expressando uma oraçaã o de
quem ouve:
Amada aê ncora que soó me deixa ir ateó certo ponto, Falaste comigo ontem aà noite por meio de
Bilbo Baggins no livro, The Hobbit. Ele travou sozinho a batalha importante no tuó nel. A questaã o eó
coragem. Eu te ouvi dizer: "Tende bom aê nimo!" e espere com feó e coragem. Caíó realmente, mas
naã o fiquei caíódo. Estaó s comigo no tuó nel. Notaó vel. Tolkien escreveu esse livro haó anos. E tu te
comunicaste comigo por meio dele, ontem. O resultado final eó certo. Estou seguro, naã o me acho
sozinho, e sinto-me vivo. Naã o espere que o seu sentimento da presença de Deus corresponda
diretamente ao que voceê apresentou a ele. Pode ser que sim ou pode ser que naã o.
Purifique-se Diante de Deus Comece recitando a oraçaã o de Davi:
Sonda-me, oó Deus, e conhece o meu coraçaã o, prova-me e conhece os meus pensamentos;
veê se haó em mim algum caminho mau e guia-me pelo caminho eterno. 119
Reflita sobre o que se encontra em voceê - atitude, motivo, determinaçaã o — e no que estaó
fazendo que torna difíócil para voceê ouvir o Espíórito, crer na sua Palavra, confiar em Deus.
Pressuponha que, o que quer que seja, tem raíózes numa preocupaçaã o consigo mesmo. O foco
no seu desejo, nos seus sonhos, nas suas esperanças, nos seus desapontamentos e no seu
sofrimento pode levaó -lo aà vida do antigo caminho. O efeito do foco no ego, embora encorajado
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pela cultura terapeê utica e sancionado por muitos ensinamentos cristaã os, eó aceitar outro
evangelho, o evangelho de que Deus estaó aqui mais para noó s do que noó s estamos para ele.
A purificaçaã o, para mim, no geral, inclui quebrantamento e arrependimento enquanto
confesso quaã o comprometido estou em nunca parecer insensato e quanto penso que devo ser
notado e apreciado pelo que faço. Reflito sobre a minha experieê ncia de grande vexame e grande
satisfaçaã o por compreender o que devo evitar para poder ganhar em minha vida. Aquilo causou
terríóvel sofrimento. Nunca deve acontecer de novo. Mas isto trouxe enorme prazer. Quero veê -lo
repetido.
Para mim, viver eó evitar o que magoa e obter aquilo de que se gosta. — Deus, peço-te que
arranjes minha vida desse modo. — Que coisa terríóvel! Para Paulo, viver era Cristo.
Isto eó do meu diaó rio de oraçaã o do novo caminho:
Amado e Gentil Senhor,
Quero tanto melhorar minha vida de modo que me sinta bem. EÉ taã o mais faó cil e previsíóvel
gozar uma beê nçaã o evidente do que ter prazer em achegar-me a ti. Passo direto pela tua aó gua
da vida e vou cavar outro poço que vaza. Aproxime-se de Deus por Desejá-lo
Quando se apresentar a Deus — com tudo que eó , com tudo que sabe que Deus eó , com todos os
seus conflitos com a carne —, responda pela feó aos convites de Deus:
Venham, todos os que estaã o cansados.
Venham, todos os que naã o conseguem fazer o que devem.
Venham, todos os que estaã o lutando para fazer a vida funcionar. Voceê percebe a pressaã o
irresistíóvel da vida no antigo caminho e a arrogaê ncia abominaó vel que ela esconde, mas percebe
tambeó m um forte desejo espiritual, uma aê nsia de aproximar-se de Deus para...
glorificaó -lo e comprazer-se em um encontro com ele,
juntar-se aà comunhão do seu povo,
ser transformado pelo seu Espíórito ateó assemelhar-se realmente a Jesus.
Espere sentir uma alegria inexcedíóvel que substituiraó qualquer outra afeiçaã o aleó m de Deus no
centro do seu coraçaã o. Espere que, pelo Espíórito, o Pai e o Filho se revelem a voceê . Confie no
Espíórito para prover a paixaã o amorosa e a sabedoria espiritual que precisa para lidar com todas
as situaçoã es da vida de modo que faça avançar o Plano Emanuel.
Conte a Deus, com laó grimas se houver, com toda a sinceridade de sua alma, que o deseja mais
do que qualquer outra beê nçaã o — que quer conheceê -lo, adoraó -lo, comprazer-se nele, servi-lo,
revelaó -lo, tornar-se como ele. Enquanto ora, veraó as suas suó plicas pelos outros fluindo de seu
coraçaã o, especialmente pela sua salvaçaã o e crescimento, e por voceê mesmo, para vir a ser um
instrumento da graça. Vai achegar-se com confiança, tornando conhecidos todos os seus fardos
sem um espíórito de ansiedade ou exigeê ncia, mas com confiança num Pai em cujo amor pode
acreditar.
Escrevi estas palavras como parte de uma oraçaã o de aproximaçaã o: Amado Pai que estaó s aà
espera,
Neste momento, 10h30 do dia 22 de junho de 2001, sem um sentimento definido, mas
mesmo assim verdadeiro, entrego meu coraçaã o ao OBJETIVO UÉ NICO de te conhecer.
Resolvo:
— desconfiar de qualquer alegria vinda de todas as outras fontes, todavia celebraó -las
como dons vindos de ti,
— escrever meu proó ximo livro num espíórito de dependeê ncia de ti,
— viver na liberdade provida por ti, com tudo que me pareça um risco.
Enquanto escrevo, sinto-me incentivado. Desejo realmente a ti, glorificar-te em minha
vida.
AMEÉ M!

Creia, não duvide


Emocione-se com o milagre que estaó ocorrendo em sua alma. A pressaã o se foi! Voceê deseja
mais achegar-se a Deus do que usaó -lo. Estaó vivendo no novo caminho!
O amanhaã vai chegar. A vida continuaraó confusa e talvez ateó piore. Vai sentir-se acorrentado.
Estaó na hora de o ciclo espiritual continuar -quebrantamento, arrependimento, entrega,
confiança e libertaçaã o.
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Encontre o sinal. Reconheça os dois caminhos. Reformule seus alvos. Ouça o Espíórito. Faça
novamente a oraçaã o do novo caminho. Repita muitas vezes.
Quero terminar com uma paraó frase do apoó stolo Tiago:
"Caros amigos, quando as dificuldades vierem, naã o tentem calcular o que podem fazer para
melhorar as coisas. Aceitem o que estaó havendo de errado como uma oportunidade para um
encontro mais profundo com Deus, para entrarem na comunhaã o e experimentar transformaçaã o.
"Se naã o souberem como fazer isso, naã o peçam a Deus circunstaê ncias melhores ou
experieê ncias mais felizes, mas peçam sabedoria para fazerem com que os seus sofrimentos
provoquem seu desejo por Deus. Quando pedirem isso, saibam que ele lhes concede
generosamente e nunca os critica por encontrar-se em determinada situaçaã o. Creiam, naã o
duvidem. Se vacilarem entre desejar o novo caminho e continuar agarrado ao velho, naã o
receberaã o nada do Senhor.
"Estaó na hora, irmaã os e irmaã s, de nos entregarmos inteiramente a Deus. Haó um novo caminho
para viver. Acheguem-se a Deus e ele se achegaraó a voceê s. Iraó encontraó -los, supri-los
abundantemente, deleitaó -los e usaó -los para promover o grande plano secular, o Plano Emanuel.
Depois iremos todos para casa".120
Voceê estaó cansado?
Com dificuldades para fazer o que eó certo? Esforçando-se para ter uma vida funcional? A pressaã o
acabou! Há um novo caminho para viver.

E PÍLOGO :
C OM D EUS NO BANHEIRO
— Adaã o —, disse Deus — naã o eó bom para voceê naã o ter uma companhia humana. Sou seu
principal deleite, mas quero que goze tambeó m muitos outros prazeres e vou providenciar todos.
Um pouco mais tarde, a segunda beê nçaã o maravilhosa de Adaã o tornou-se a primeira em sua
mente. Ele preferiu ficar com Eva afastando-se de Deus, naã o lhe dando o devido valor. Cada um
de seus descendentes, desde entaã o, fez a mesma escolha — valorizar algueó m ou algo mais do que
a Deus.
— Temos agora um objetivo —, falou o Pai. — Devemos mudar o coraçaã o das pessoas para
que nos estimem mais do que a qualquer outra coisa. Ateó que isso aconteça, naã o podemos prover
todas as coisas boas que gostaríóamos - e poderíóamos — dar. Fazer isso seria encorajar a
inclinaçaã o natural humana de encontrar alegria nas coisas menores e impedir que experimentem
a verdadeira alegria.
— Todos os homens saã o culpados do maior mal imaginaó vel, Pai, — disse o Filho. — Eles naã o
veê em em ti toda a beleza que seus coraçoã es poderiam desejar. Esse primeiro pecado levaraó a
outros. A justiça requer que os entregues aà sua compreensaã o errada do prazer. Isso, poreó m, signi-
ficaria deixaó -los num mundo eterno onde todo prazer eó possíóvel, menos a tua pessoa. O que naã o
seria absolutamente prazer, mas inferno.
— Pai, vou satisfazer a justiça para revelar a tua graça. Vou tornar-me um deles, mas,
diferentemente deles, sempre amarei a ti acima de Tudo. Como poderia ser de outro modo? Vou
assumir responsabilidade pela sua insensatez perversa em amar qualquer coisa mais do que a ti.
Castiga-me, entaã o, Pai, em vez de castigaó -los. Deixa que eu experimente o horror da separaçaã o
absoluta de ti. A justiça seraó entaã o satisfeita. Poderaó s perdoar o mal de todos os que aceitarem o
castigo que infligires sobre mim como puniçaã o pelo que merecem.
O Pai declarou: - Esse eó o meu plano.
Muitos anos se passaram. Depois de o Filho ter experimentado o afastamento do Pai e ter sido
acolhido de volta no ceó u com grande celebraçaã o, o Espíórito falou: — Posso agora entrar na alma
de cada um daqueles que perdoaste. Incutirei neles uma aê nsia de conhecer-te, Pai, e aumentarei
esse desejo ateó que te tornes seu supremo tesouro.
— Vou usar cada minuto de sofrimento que permitires para guiar seus coraçoã es a ti, ateó que te
desejem mais do que qualquer outro prazer. E entaã o, quando decidires, noó s os traremos aqui
para verem o Filho e, por meio dele, para verem a ti. A partir desse momento seraó s seu principal
tesouro, seu maior prazer, sua maior alegria. Como poderia ser de outro modo? Como poderia ter
sido de outro modo? E entaã o — que dia maravilhoso — iremos derramar sobre eles cada beê nçaã o
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que nosso infinito amor pode conceber, sem a menor possibilidade de que algueó m se torne mais
apegado aà s tuas beê nçaã os do que a ti mesmo.

Os dois fundamentos
Vivemos agora entre o Calvaó rio e a volta, entre Pentecostes e a Parousia (a apariçaã o de nosso
grande Deus e Salvador). Vivemos neste mundo. Ocupamo-nos neste mundo. Lidamos com os
acontecimentos deste mundo. E devemos. Mas temos uma escolha. Vivemos em um dentre dois
fundamentos.
A maioria de noó s aceita o desafio de viver eficaz, saó bia e moralmente neste mundo) com a
expectativa, ou pelo menos a esperança, das beê nçaã os que se seguiraã o. Alguns aceitam o convite
de ir a Deus para encontrar nele tudo que seus coraçoã es desejam e depois viver neste mundo
conforme ele dirige e capacita, sem nenhuma ambiçaã o mais forte do que exaltar o seu Nome.
Se construirmos no primeiro fundamento, a carne, nossa paixaã o maior seraó as beê nçaã os, aà s
quais damos maior valor. E nossa experieê ncia baó sica, que subjaz tudo o mais que sentimos, seraó a
pressaã o que faz com que vivamos de certa maneira para obter a vida que desejamos.
Se construirmos no segundo fundamento, o Espíórito, nossa paixaã o fundamental seraó Deus,
conheceê -lo e honraó -lo em qualquer circunstaê ncia. E nossa experieê ncia baó sica seraó a liberdade
que nos aproxima de Deus por meio de uma ponte que naã o construíómos nem mantemos. Nessa
liberdade, descobriremos tanto a paixaã o de viver bem, como a sabedoria para descobrir o que
isso significa.
Viver no fundamento da carne se assemelha a isto:

Atitude Baó sica: Fazer a minha vontade



Esperança Baó sica: Espero que boas coisas aconteçam

Estrateó gia Baó sica: Calcularei o que fazer e farei

Experieê ncia Baó sica: Devo agir certo para receber beê nçaã os

Paixaã o Baó sica: Vivo para ser abençoado

O novo caminho de vida, o caminho do Espíórito, parece bem diferente:

Atitude Baó sica: Seja feita a tua vontade



Esperança Baó sica: Espero tornar-me como Jesus

Estrateó gia Baó sica: Confiarei na provisaã o dele

Experieê ncia Baó sica: Vou a ele para celebrar a sua gloó ria

Paixaã o Baó sica: Vivo para conhecer Cristo

Permita que eu o conheça

Vou apresentar uma uó ltima ilustraçaã o.


Quando eu tinha treê s anos, minha famíólia morou por algum tempo na casa grande e antiga de
meus avoó s. O uó nico banheiro ficava no segundo andar.
Numa tarde de saó bado (eu sabia que era saó bado porque meu pai estava em casa), decidi que
jaó era grande para usar o banheiro sem ajuda de ningueó m. Subi as escadas, abri e tranquei a
porta atraó s de mim, e durante os minutos que se seguiram me senti muito auto-suficiente.
Chegou a hora de sair. Naã o consegui abrir a porta. Tentei com toda a minha força de treê s anos,
mas nada. Entrei em paê nico. Senti-me outra vez um menininho pequeno quando este
pensamento cruzou minha mente: — Talvez passe o testo da vida neste banheiro.
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Meus pais — e provavelmente os vizinhos — ouviram meus gritos desesperados. — Voceê estaó
bem? — Minha maã e gritou atraveó s da porta, porque naã o poê de abri-la do lado de fora. — Voceê
caiu? Machucou a cabeça?
— Naã o consigo abrir a porta: —, gritei. — Tire-me daqui.
Eu naã o sabia entaã o, mas meu pai desceu correndo os degraus e foi ateó a garagem para pegar
uma escada, tirou-a do gancho e a encostou do lado da casa bem embaixo da janela do banheiro.
Com sua força de adulto, ele a abriu, depois entrou na minha prisaã o, passou por mim e com a
mesma força virou a fechadura e abriu a porta.
— Obrigado, papai — disse-lhe, e saíó para brincar.
Era assim que eu supunha que a vida cristaã devia funcionar. Quando fico preso em algum
lugar, devo fazer tudo que posso para livrar-me. Quando naã o consigo, devo orar. Depois Deus
aparece. Ele ouve os meus gritos. — Tira-me daqui! Quero brincar! — e abre a porta para as
beê nçaã os que desejo.
Ele, aà s vezes, faz isso. Mas agora que naã o tenho mais treê s anos e em breve farei sessenta anos,
estou compreendendo que a vida cristaã naã o funciona assim. E imagino: alguns de noó s estaã o
contentes com Deus? Seraó que sequer gostamos dele quando naã o abre a porta que mais
queremos ver aberta - quando um casamento naã o se recupera, quando os filhos rebeldes
continuam se rebelando, quando os amigos traem, quando os revezes financeiros ameaçam
nossa vida confortaó vel, quando a expectativa do terrorismo nos espreita, quando a sauó de piora
apesar de muita oraçaã o, quando a solidaã o aumenta e a depressaã o se aprofunda, quando os
ministeó rios morrem?
Deus subiu pela pequena janela ateó meu quarto escuro. Mas ele naã o passa por mim para girar
a fechadura que eu naã o consegui abrir. Em vez disso, ele senta-se no chaã o do banheiro e diz: —
Venha sentar-se aqui comigo. — Parece pensar que entrar no quarto comigo eó mais importante
do que me deixar sair para brincar.
Nem sempre concordo com isso. — Tira-me daqui! — grito. — Se me amas, abre a porta!
Querido amigo, a escolha eó nossa. Podemos ficar pedindo a ele que nos deê o que julgamos nos
faraó feliz — sair do quarto escuro e correr para o playground de beê nçaã os - ou podemos aceitar o
seu convite para sentar-nos com ele, por enquanto talvez no escuro, e aproveitar a oportunidade
para conheceê -lo melhor e representaó -lo bem neste mundo difíócil.
Vamos escolher o antigo caminho, o caminho da pressaã o? — Farei tudo o que quiseres; soó me
tira daqui!
Ou vamos descobrir tanto o coraçaã o de Deus como o nosso e escolher o novo caminho, o
caminho da liberdade e alegria? — Vou me sentar contigo em qualquer lugar, no escuro ou na
luz, basta-me conhecer-te e servir-te!
Estaó na hora de escolher o novo caminho do Espíórito e segui-lo ateó que brinquemos para
sempre nos campos do ceó u, sempre contemplando Jesus como a nossa maior beê nçaã o.
Estaó na hora de ficar com Deus no banheiro ateó que ele abra a porta para a eternidade. E o que
desejamos.

A GRADECIMENTOS
Sempre pensei: se tivesse de desistir de toda atividade do ministeó rio menos uma, qual
sobreviveria? Escrever livros sobre a nossa jornada pela vida e falar com as pessoas enquanto
viajamos juntos — esta foi a minha resposta. (Eu sei; cometi um engano. Essas saã o duas
atividades.)
Mas, na verdade saã o apenas uma. As histoó rias de um nuó mero incontaó vel de pessoas em cujas
vidas entrei formam o pano de fundo para cada livro que escrevo. Sem elas,escrever seria um ato
aó rido, acadeê mico, sem vida. Este livro reflete os conflitos e satisfaçoã es de uma porçaã o de
indivíóduos que tenho encontrado recentemente e que estaã o caminhando no escuro em direçaã o aà
luz. A cada um de voceê s, o meu obrigado.
Meu pai morreu treê s semanas antes que eu tivesse terminado o uó ltimo capíótulo e posto de
lado a caneta. Nenhuma histoó ria de feó me influenciou mais do que a dele. Com profunda gratidaã o
e respeito, dedico este livro aà sua memoó ria.
Quando entrego um manuscrito ao editor, sempre tremo um pouco, como um pai
apresentando seu filho receó m-nascido em puó blico pela primeira vez. O capíótulo 8 vai tornar-se
10

capíótulo 12? Minha ilustraçaã o favorita seraó cortada? Seraó que vou ouvir: — Olhe, pode haver um
livro aqui. Vamos trabalhar nele? — Vale a pena quando voceê confia no seu editor. Thomas
Womack compreende a minha mensagem, aceita meu estilo idiossincraó tico e, com um coraçaã o
que ama a beleza e a franqueza da verdade, trabalha para tornar meus escritos taã o uó teis quanto
possíóvel para o bem do reino.
Agradeço tambeó m a Steve Cobb e toda a equipe de WaterBrook! E oó timo trabalhar com voceê s.
Seu evidente compromisso com Cristo fortalece o meu.
Sealy Yates, agente e amigo, orienta habilmente o processo de publicaçaã o e me anima
enquanto escrevo. Obrigado, meu amigo.
Escrevo em blocos de papel amarelo, aà maã o, com canetas especiais, como Paulo e Isaíóas
escreveram seus livros. Claudia Ingrams traduz meus rabiscos, ataca agilmente um teclado,
depois me remete por fax cada capíótulo para vaó rias revisoã es minuciosas. Sua pacieê ncia ilimitada
vem de um coraçaã o voltado para Deus e que se expressa num espíórito de servo. Para Claudia e
seu marido, Bob, a mais profunda apreciaçaã o de um irmaã o agradecido.
Saã o tantos os que oram fielmente por mim, enquanto escrevo. Phoebe, Trip e Judy, Kent e
Karla, Jim e Suzi, Dwight e Sandy, Randy e Mareia, Wes e Judy, Tom e Jenny, Frank e Chris, e
muitos outros cujos nomes merecem mençaã o, obrigado.
Tudo que faço eó com amor e respeito inexprimíóveis por meus dois filhos, Kep e Ken, e com a
oraçaã o de que cada um deles continue seguindo fielmente a Cristo. O mesmo amor e oraçaã o flui
de meu íóntimo para treê s beê nçaã os maravilhosas em minha vida, minha nora, Kim, e meus dois
netos, Jake e Josie.
Escrever eó trabalho duro, mais ainda, penso eu, para o coê njuge do autor do que para ele
mesmo. Cada vez que termino um livro, imagino o Senhor acrescentando um novo aposento aà
mansaã o jaó magnificente de Rachel. Ningueó m eó mais significativamente apoiado do que eu pela
minha parceira de vida. Nenhum agradecimento eó suficiente. Meu amor cresce cada vez mais.
Jornadeamos juntos.

N OTAS
1. Romanos 7:6, NVI.
2. Proveó rbios 3:6.
3. Proveó rbios 22:6.
4. Deuteronoê mio 30:17, 18.
5. Levíótico 26:14,16,22,36.
6. Veja Hebreus 8:13.
7. MERTON, Thomas. Spiritual Direction and Meditation. Collegeville,
Minn.: Liturgical, 1960, p. 16.
8. Isaíóas 5:20.
9. Veja EDWARDS, Dwight. Revolution Within, Colorado Springs: WaterBrook, 2001, para uma excelente
discussaã o desses quatro recursos.
10. Gaó latas 5:2,4.
11. Veja 2 Pedro 2:7.
12. Naã o sigo a opiniaã o de que jaó houve um dia dois caminhos de salvaçaã o. A feó em Deus, satisfeita pela sua
graça perdoadora, que ele tornou disponíóvel mediante a expiaçaã o substitutiva de Cris to, sempre foi o
meio de acesso a Deus, tanto na justificaçaã o (aceitaçaã o por Deus) como na santificaçaã o (oportunidade
de aproximar-se).
13. Filipenses 3:2.
14. Filipenses 3:3.
15. WUEST, Kenneth S. Galatians. Grand Rapids, MI: Eerdmans, 1994, p. 21.
16. Gaó latas 1:6,7. I
17. Gaiatas 3:1-5.
18. Deuteronoê mio 28:13.
19. Citado em Gaó latas 3:10 de Deuteronoê mio 27:26.
20. TOLKIEN, J.R.R. The Hobbit. Nova York: Ballantine Books, 1982, pp. 214,5.
21. 2 Coríóntios 4:8,9.
22. 1 Coríóntios 15:19, minha paraó frase: "Se tivermos esperança em Cristo apenas nesta vida, devemos ter
mais compaixaã o do que todos os homens".
10

23. 2 Coríóntios 4:13, citado do Salmo 116:10.


24. Salmo 116:12.
25. Salmo 116:15,16.
26. 2 Coríóntios 4:14.
27. 2 Coríóntios 4:15.
28. O pensamento se encontra tambeó m num texto diferente, Gaó latas 4:3,8-11. Naquela manhaã passei
algum tempo tambeó m nessa passagem.
29. Veja Joaã o 17:1-3.
30. Apocalipse 1:10.
31. Apocalipse 1:14-16.
32. Veja Joaã o 7:37-39 e Isaíóas 55:1-3.
33. AGOSTINHO, City of God, ed. Vernon J. Bourke. Nova York: Doubleday, 1958, p. 300.
34. Joaã o 14:27.
35. AGOSTINHO, City of God, p. 300.
36. Mateus 11:28.
37. Romanos 1:21-29.
38. 2 Coríóntios 4:4.
39. 2 Coríóntios 4:6.
40. PIPER, John. Seeing and Savoring Jesus Christ. Wheaton, IL.: Crossway, 2001, p. 26. Sou devedor a Piper
pela orientaçaã o de meus pensamentos neste capíótulo, especialmente. Qualquer orientaçaã o errada eó
minha.
41. Romanos 5:2.
42. PIPER, Seeing and Savoring Jesus Christ, p. 21.
43. As citaçoã es e informaçaã o apresentadas aqui foram extraíódas de "Anorexia Battle Undone Online",
Denver Post, terça-feira, 17 de julho de 2001, sec. A, pp. 1,13.
44. PIPER, Seeing and Savoring Jesus Christ, p.125.
45. Recomendo o livro de Piper, Seeing and Savoring Jesus Christ como leitura vital para compreender o
novo caminho.
46. Veja Jeremais 2:5-13; 15:16-18.
47. Veja Tiago 4:10; 5:7-11.
48. Essas histoó rias saã o auteê nticas. Soó alguns detalhes foram mudados — nunca piorados - para proteger as
identidades.
49. O autor se refere a Connecting (Nashville, TN: Word, 1997), The Safest Place on Earth (Nashville, TN:
Word, 1999) e Shattered Dreams (Colorado Springs: WaterBrook, 2001).
50. Veja Hebreus 10:19-23.
51. Veja 1 Pedro 3:18.
52. Veja Joaã o 14:21,23; Tiago 4:8.
53. EÊ xodo 19:5.
54. Jeremias 31:34: "Naã o ensinaraó jamais cada um ao seu proó ximo, nem cada um ao seu irmaã o, dizendo:
Conhece ao SENHOR, porque todos me conheceraã o, desde o menor ateó ao maior deles, diz o SENHOR".
55. Hebreus 7:18, 19.
56. Gaó latas 6:8.
57. Joaã o 20:31.
58. O que se segue eó minha paraó frase de Apocalipse 21:2-4.
59. Minha paraó frase de Apocalipse 21:5.
60. 1 Coríóntios 15:19.
61.OWEN, John. Communion with God, ed. R.J.K. Law. Carlisle, PA: Banner of Truth, 1991, p. 1.
62. Minha paraó frase de 1 Joaã o 1:1-4.
63. Veja Lucas 12:13-21.
64. Lucas 12:34: "Porque, onde estaó o vosso tesouro, aíó estaraó tambeó m o vosso coraçaã o".
65. Citado do perioó dico Closer Walk 15, n.° 8, agosto de 2000, p. 13.
66. Veja meu livro Shattered Dreams (Colorado Springs: WaterBrook,
2001) para uma discussaã o completa deste ponto.
67. Citado em Richard S. Hipps, ed., When a Child Dies. Macon, GA.: Smyth and Helwys, 1996, p. 38.
68. LEWIS, C.S. The Silver Chair. (Nova York: Macmillan, 1953, p. 17.
69. Joaã o 7:38.
70. Isaíóas 55:1, 2.
71. Isaíóas 55:3.
72. Soó um livro em vaó rios volumes faria justiça aà Histoó ria de Deus. Ele jaó foi escrito. Noó s o chamamos de
Bíóblia. Ofereço apenas o mais breve dos esboços. Para um tratamento mais completo, veja ROBERTSON,
O. Palmer, The Christ of the Covenants, Phillipsburg, NJ: Presbyterian and Reformed Press, 1980.
10

73. Veja Geê nesis 8:21; 9:8-17.


74. A palavra cortar eó o termo bíóblico para fazer uma aliança. Ela implica que o derramamento de sangue
estava envolvido.
75. Veja Geê nesis 15.
76. Todos, menos os pensamentos que imaginei na mente de Owen,
saã o citaçoã es dele, Communion with God, pp. 2,3.
77. Embora rasgar as vestes fosse um meio reconhecido para expres-
sar agonia sobre uma cataó strofe, era proibido aos sacerdotes do Antigo Testamento agirem desse
modo. Soó os sacerdotes tinham acesso aà presença de Deus e, na sua presença, nunca haó motivo para o
desespero. Veja EÊ xodo 28:31, 32; Levíótico 10:1-6; Mateus 26:62-65.
78. Veja Geê nesis 17:18.
79. Veja Gaó latas 4:21-31.
80. Veja Gaó latas 5:22, 23.
81. Veja Tiago 4:7-10; Joaã o 14:21,23.
82. Veja Hebreus 12:5, 6.
83. Isaíóas 1:6. Veja tambeó m Isaíóas 53:6.
84. Mateus 7:14.
85. Citado em John Piper, The Hidden Smile of God. Wheaton, IL: Crossway, 2001, p. 56.
86. Citado em Piper, The Hidden Smile of God, p. 56.
87. Citado em Piper, The Hidden Smile of God, pp. 42,3.
88. Lucas 13:24.
89. Lucas 18:9-14.
90. Dallas Morning News, 18 de agosto de 2001, sec. A, p. 1.
91. Mateus 6:34.
92. Citado em Peter Kreeft, Christianityfor Modern Pagans. Saã o Fran-
cisco: Ignatius Press, 1996, p. 95.
93. Citado em Benedict J. Groeschel, The Journey Toward God. Ann Arbor, MI: Servant, 2000, p. 19.
94. Citado em Groeschel, The Journey Toward God, p. 13.
95. DUBAY, Thomas. Seeking Spiritual Direction. Ann Arbor, MI: Servant, 1993, p. 19.
96. Tiago 5:13.

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