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3 TEORIA DO ERP

Ernesto Haberkorn

Material didático do Curso

TEORIA DO ERP

Edição nº 2 12 de Agosto de 2015

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4 TEORIA DO ERP

Índice
Introdução ................................................................................................................. 10
Capítulo 1 .................................................................................................................. 18
Funcionalidades do ERP e a Evolução da Internet ................................................... 18
1.1 Funcionalidades Básicas de um Sistema de ERP .................................................... 18
1.1.1 Contabilidade .................................................................................................... 19
1.1.2 Custos ............................................................................................................... 20
1.1.3 Compras ............................................................................................................ 22
1.1.4 Planejamento e Controle da Produção - PCP ....................................................... 24
1.1.5 Faturamento ...................................................................................................... 25
1.1.6 Financeiro .......................................................................................................... 26
1.1.7 Folha de Pagamento ........................................................................................... 26
1.1.8 Ativo Fixo .......................................................................................................... 27
1.1.9 SPED .................................................................................................................. 27
1.2 Verticais .............................................................................................................. 27
1.2.1 Automação Comercial ........................................................................................ 28
1.2.2 Sistemas de Apoio Logístico .............................................................................. 29
1.2.3 Gestão de Projetos ............................................................................................. 29
1.2.4 Gestão da Qualidade .......................................................................................... 29
1.2.5 Gestão Educacional ............................................................................................ 31
1.2.6 Manutenção de Ativos........................................................................................ 32
1.2.7 Exportação ......................................................................................................... 32
1.2.8 Importação ........................................................................................................ 32
1.2.9 Gestão Hospitalar .............................................................................................. 33
1.2.10 Medicina e Segurança do Trabalho ................................................................... 33
1.2.11 Plano de Saúde ................................................................................................. 33
1.2.12 Controle de Direitos Autorais .......................................................................... 34
1.2.13 Gestão de Concessionárias .............................................................................. 34
1.2.14 Gestão Hoteleira .............................................................................................. 35
1.3 Radiação .............................................................................................................. 36
1.4 Como a Internet se Integra às Soluções de ERP ................................................. 42
1.4.1 CRM – Customer Relationship Management (Gestão do Relacionamento com os
Clientes) ..................................................................................................................... 43
1.4.2 Call Center ......................................................................................................... 43
1.4.3 e-commerce e Supply Chain Management (SCM) ................................................ 44
1.4.4 Apoio Logístico .................................................................................................. 47

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Capítulo 2 .................................................................................................................. 49
Evolução da Tecnologia ............................................................................................ 49
2.1 Banco de Dados .................................................................................................... 50
2.2 Microinformática .................................................................................................. 53
2.3 Windows ............................................................................................................... 53
2.4 Redes ................................................................................................................... 57
2.5 Orientação a Objetos ............................................................................................ 59
2.6 Segurança e Internet ............................................................................................. 60
2.7 Web Services ........................................................................................................ 63
2.8 Hoje vivemos online! ............................................................................................ 64
2.9 Tablet ................................................................................................................... 65
2.10 IPad .................................................................................................................... 65
2.11 MacBook ............................................................................................................. 66
2.12 Smartphone ........................................................................................................ 66
2.13 iPod .................................................................................................................... 67
2.14 Computação em Nuvem...................................................................................... 67
2.15 DataCenter ......................................................................................................... 68
2.16 Opções de Conexão ............................................................................................ 70
2.17 Tecnologia voltada à Gestão e ao ERP ................................................................. 76
2.18 Big Data .............................................................................................................. 76
2.19 Mercado ERP no Brasil ........................................................................................ 77
Capítulo 3 .................................................................................................................. 78
A Gestão Empresarial e o Papel do Governo ............................................................ 78
3.1 O Papel do Governo .............................................................................................. 79
3.2 Contas Nacionais e Internacionais ........................................................................ 80
3.3 Taxa de Cambio .................................................................................................... 80
3.4 Protecionismo ...................................................................................................... 81
3.5 A Carga Tributária e o Crescimento Econômico .................................................... 82
3.6 Taxa de Juros ....................................................................................................... 84
3.7 Principais Impostos no Brasil ............................................................................... 84
Capítulo 4 .................................................................................................................. 89
Suporte à Decisão (SAD) ............................................................................................ 89
4.1 BI – Business Intelligence ..................................................................................... 89
4.2 Data Warehouse (DW) ........................................................................................... 90
4.3 ETL (Extract, Transformand and Load) .................................................................. 91
4.4 Dimensões, indicadores e drill-down/drill-up ...................................................... 91
4.5 Workflow .............................................................................................................. 92

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4.6 BPM ...................................................................................................................... 93


4.7 BSC ....................................................................................................................... 94
4.7.1 As quatro perspectivas ...................................................................................... 95
4.7.2 Dashboard ......................................................................................................... 97
4.8 Painel de Gestão ................................................................................................... 98
4.9 Data Mining .......................................................................................................... 98
4.10 Correlação ........................................................................................................ 100
4.11 Simulação ......................................................................................................... 102
Capítulo 5 ................................................................................................................ 105
Normas de Qualidade no Desenvolvimento e Implantação de Software ............... 105
5.1 TQM ................................................................................................................... 106
5.2 COBIT ................................................................................................................. 107
5.3 ISO 9000 ............................................................................................................. 107
5.4 CMMI .................................................................................................................. 108
5.5 MPS..................................................................................................................... 110
5.6 ITIL ..................................................................................................................... 110
5.7 PMI ..................................................................................................................... 111
5.8 SOX..................................................................................................................... 112
5.9 SPICE, SLA, SIX-SIGMA ......................................................................................... 113
Capítulo 6 ................................................................................................................ 116
Jogo de Empresas .................................................................................................... 116
6.1 Objetivos do Jogo ............................................................................................... 116
6.2 Objetivos dos jogadores ..................................................................................... 116
6.3 Decisões ............................................................................................................. 117
6.3.1 Capital Inicial .................................................................................................. 117
6.3.2 Folha de Pagamento ......................................................................................... 118
6.3.3 Publicidade ...................................................................................................... 119
6.3.4 Percentual de Lucro ......................................................................................... 120
6.3.5 Previsão de Vendas .......................................................................................... 122
6.3.6 Redução dos Gastos Gerais de Fabricação........................................................ 123
6.3.7 Matéria-Prima .................................................................................................. 125
6.3.8 Política de Compras ......................................................................................... 125
6.3.9 Controle de Qualidade ..................................................................................... 127
6.3.10 Abatimento .................................................................................................... 128
6.4 Resultado Final ................................................................................................... 130
Capítulo 7 ................................................................................................................ 132
Contabilidade .......................................................................................................... 132

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7 TEORIA DO ERP

7.1 Plano de Contas .................................................................................................. 133


7.2 Rateios................................................................................................................ 140
7.3 Tipos de Rateios ................................................................................................. 140
Capítulo 8 ................................................................................................................ 141
Gestão de Custos..................................................................................................... 141
8.1 Classificação de Contas ...................................................................................... 141
8.2 Custos e Despesas .............................................................................................. 144
8.3 Sistema RKW tradicional ..................................................................................... 147
8.4 Critérios de Rateio .............................................................................................. 148
8.5 Custo Standard ................................................................................................... 153
8.5.1 Variação nas Vendas ........................................................................................ 155
8.5.2 Variação nos Custos ........................................................................................ 155
8.6 Resultado Orçado ............................................................................................... 157
8.7 Custo Real On-Line ............................................................................................. 158
8.8 Movimentações e Lançamentos Contábeis .......................................................... 159
8.9 Custo Mensal ...................................................................................................... 162
8.10 Regime de Caixa ............................................................................................... 163
8.11 Custo Standard Puro ........................................................................................ 164
8.12 Índices Econômicos e Financeiros .................................................................... 168
Capítulo 9 ................................................................................................................ 169
Gestão de Materiais ................................................................................................. 169
9.1 Lote Econômico .................................................................................................. 169
9.2 Ponto de Pedido ................................................................................................. 174
9.3 Consumo Médio .................................................................................................. 176
9.4 MRP I – Material Requirement Planning............................................................... 179
9.5 Carga Máquina MRP II - Manufactoring Resource Planning.................................. 182
9.6 Rastreabilidade .................................................................................................. 185
9.7 Supply Chain Management ................................................................................. 186
Capítulo 10 .............................................................................................................. 187
Gestão Administrativa ............................................................................................ 187
10.1 Financeiro ........................................................................................................ 187
10.1.1 Vencimentos .................................................................................................. 188
10.1.2 Títulos Provisórios ........................................................................................ 188
10.1.3 Compensações ............................................................................................... 189
10.1.4 Operações Bancárias ...................................................................................... 189
10.1.5 Aplicações e Empréstimos ............................................................................. 190
10.1.6 Moedas e as Desvalorizações Cambiais .......................................................... 190

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8 TEORIA DO ERP

10.1.7 Variação Monetária, Correção Integral e FASB ................................................ 191


10.1.8 Análise de Crédito e Controle de Inadimplência ............................................ 194
10.1.9 Orçamentos e a “Contabilidade” Financeira ................................................... 195
10.2 Ativo Fixo ......................................................................................................... 195
10.2.1 Vida útil do bem ............................................................................................ 196
10.2.2 Reavaliação .................................................................................................... 196
10.2.3 Baixas ............................................................................................................ 197
10.2.4 Ampliações e Reformas.................................................................................. 197
10.3 RH — Recursos Humanos ................................................................................. 198
Capítulo 11 .............................................................................................................. 201
Fluxo Sistêmico ....................................................................................................... 201
11.1 A representação da Integração da Empresa ...................................................... 201
11.2 Lançamentos Automáticos ................................................................................ 202
11.3 Supply Chain Management ............................................................................... 203
11.4 Custos .............................................................................................................. 205
Capítulo 12 .............................................................................................................. 206
SPED ......................................................................................................................... 206
12.1 Principais Definições sobre o SPED................................................................... 206
12.2 Principais Objetivos ......................................................................................... 207
12.3 Premissas (Definição da Receita Federal) .......................................................... 207
12.4 Principais Benefícios ........................................................................................ 207
12.5 O que é o certificado digital ICP-Brasil? ............................................................ 208
12.6 Definição do SPED Contábil .............................................................................. 208
12.6.1 Leiaute do arquivo ........................................................................................ 209
12.7 FCONT .............................................................................................................. 211
12.8 SPED Fiscal (EFD) .............................................................................................. 212
12.8.1 Como Funciona .............................................................................................. 213
12.8.2 Programa Validador e Assinador - PVA ........................................................... 213
12.8.3 Apresentação do arquivo ............................................................................... 213
12.8.4 Leiaute do SPED FISCAL EFD ICMS/IPI ............................................................ 214
12.9 SPED CONTRIBUIÇÃO ........................................................................................ 216
12.10 Considerações finais ....................................................................................... 218
Capítulo 13 .............................................................................................................. 219
Gerenciando com Modelos Matemáticos ................................................................ 219
13.1 O processo decisório auxiliado por modelos .................................................... 219

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9 TEORIA DO ERP

Prefácio

Em janeiro de 2015, quando o ERPFlex atingiu o seu milésimo cliente, e cada

vez mais os alunos passaram a procurar o curso Sistema de Gestão

Empresarial - ERPFlex (antigo ERPFlex Avançado), curso esse no qual se faz

um exercício semelhante àquele que é feito no curso Sistema de Gestão

Empresarial - TOTVS (antigo Gestão Empresarial com ERP, curso

ministrado desde 1991 e pelo qual já passaram mais de 5.000 alunos), mas

sem se beneficiar de aprender toda a teoria nele apresentada, a TI

Educacional decidiu fazer uma mudança. Desdobrar os dois cursos em três.

Separar a parte teórica da parte prática. Agora temos um curso denominado

Teoria do ERP, que cobre a parte teórica de um ERP, independente se for o

ERPFlex ou TOTVS ou mesmo de um outro desenvolvedor, ministrado em 12

horas, e outros dois, focados na parte prática, em 28 horas, onde o aluno põe

a “mão na massa” e faz todo o treinamento desenvolvendo um exercício

completo utilizando o software de gestão correspondente, ERPFlex ou

TOTVS.

Desta forma temos agora três livros e três cursos para você aprender cada

vez mais e melhor sobre Tecnologia da Informação. Este, denominado Teoria

do ERP, o Sistemas de Gestão Empresarial - ERPFlex, que substitui o antigo

ERPFlex Avançado e o Sistema de Gestão Empresarial - TOTVS, que substitui

o antigo Gestão Empresarial com ERP.

Além desses temos o Gestão com ERP, ministrado em 3 dias no SPAventura e

ainda o ERPFlex Básico, ministrado em 2 dias.

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10 TEORIA DO ERP

Introdução

A Tecnologia da Informação é hoje a ferramenta que o Gestor mais utiliza para bem
administrar a sua empresa. Sem o seu uso eficiente dificilmente será bem
sucedido, pois os concorrentes, que certamente a usam plenamente, acabarão por
eliminá-lo do mercado.

E essa tecnologia ainda tem como principal recurso o tradicional ERP - Enterprise
Resources Planning ou, em português, Planejamento dos Recursos da Empresa. Mas
hoje, não somente o ERP. Também a web com os infinitos serviços oferecidos nos
sites, as redes sociais, o Google, os APPs dos celulares como o Waze, WhatsApp,
Hangout e Skype, a Internet das Coisas, em inglês, IoT ou Internet on Things, onde
o uso de chips inteligentes ativa catracas, roupas e acessórios, utensílios
domésticos, dispositivos de segurança e veículos. Também o GPS que, por meio
dos satélites, fornece a localização de qualquer indivíduo ou objeto. Os vídeos que
podem ser vistos por qualquer dispositivo conectado à rede. Os próprios sistemas
operacionais desses dispositivos, que aprimoraram bastante os recursos das velhas
planilhas Excel, do Word e do PowerPoint. Recursos estes que farão do Gestor uma
pessoa mais eficiente e produtiva.
Claro, desde que saiba usar, e bem, toda essa tecnologia disponível.

Esse é o papel da TI Educacional. Ensinar a usar. E bem.

Mas vamos definir, primeiramente, o que é uma empresa.

Resumindo, é um conjunto de pessoas e recursos que geram uma receita vendendo


seus produtos e serviços, por meio do trabalho, para determinado mercado.

Vivemos num mundo capitalista e por isso ela tem que crescer e, ainda por cima,
com lucro.

Precisa dar um retorno ao capital investido.

Estudando o BSC - Balanced Score Card, definido por Kaplan e Norton, são quatro
as perspectivas que precisam ser bem cuidadas em uma empresa: Pessoal,
Processo Interno,

Clientes e Financeiro. Cada uma com seus objetivos, metas e indicadores.

Mas seriam somente essas? E o produto? E o Suprimento? E os Tributos? E,


principalmente, os Controles?

Por isso, vamos analisar não quatro, mas os oito pilares de uma boa Gestão.

PILAR 1 - CONTROLES

E vamos começar pelo mais importante: Controles. Saber o que está acontecendo
na sua empresa. Detalhadamente. Números, situação econômica e financeira,
resultado, previsões, nível de satisfação, de fidelidade e, claro, os quatro conceitos
do SWOT: Forças, Oportunidades, Fraquezas e Ameaças, FOFA em português.

Falemos do Painel de Gestão. São gráficos que apresentam Indicadores e suas


metas, calculados através de fórmulas definidas pelo próprio usuário, utilizando as

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11 TEORIA DO ERP

variáveis disponibilizadas pelo ERPFlex (Despesas e Receitas por Natureza,


Estoques, Bancos, Contas a Receber e a Pagar, entre outras).

Temos também a Consulta Multidimensional, semelhante a um BI (Business


Intelligence), apresentando o Faturamento nas várias dimensões: Período,
Natureza, Categoria, Subcategoria, Produto e Serviço, Cliente e Vendedor.

Enquanto o BI nos traz estatísticas bem completas, o Data Mining se preocupa em


mostrar os fatos relevantes, destacando as exceções, os padrões, as tendências e as
associações entre as várias dimensões. A Correlação entre elas permite ao usuário
identificar quais casos estão "fora dos trilhos".

O Big Data, que no fundo é uma ramificação do Data Mining, faz análises de dados
não estruturados, inclusive de mensagens lidas e digitadas em e-mails, rede sociais
e acessos a sites, fornecendo informações sobre as preferências e necessidades de
cada pessoa.

Todas essas informações podem ser usadas para aprimorar a busca e a


manutenção de clientes, evitar fraudes e inadimplência, definir onde investir, etc.

É preciso também entender que hoje o empresário passa a maior parte do seu
tempo acessando o celular. Por isso, é preciso cada vez mais disponibilizar
informações neste dispositivo. Assim, temos a consulta de clientes próximos ao
local em que você está, obtido graças ao uso do GPS; a posssibilidade de aprovar
orçamentos e pedidos de compras; o acesso ao Balanço e DRE e ao Painel de
Gestão.

Outra opção interessante que ajuda no controle da empresa é oWorkflow ou BPM -


Business Process Management ou Gestão dos Processos da Empresa. Com ele o
usuário recebe através de e-mails ou outra forma de mensagem (WhatsApp,
torpedo, SMS ou mesmo chamando um APP) informações que acabaram de ser
registradas no sistema e que merecem a sua atenção.

Alguns exemplos de notificações que devem exigir uma atitude por parte do
responsável pela empresa: uma reclamação ou mesmo elogio obtida através do
CRM (Customer Relationship

Management, em português, Gestão do Relacionamento com o Cliente); o


atingimento de uma meta, seja de receita, seja de despesa; o não recebimento ou
pagamento de um boleto e muitas outras situações como, por exemplo, o
aniversário de um cliente.

Enfim, é preciso que o gestor esteja permanentemente acompanhando tudo que


ocorre na empresa, esteja ele presente, esteja ele viajando a negócios e, porque
não, mesmo gozando suas férias.

Finalizando o tema CONTROLE é importante ressaltar que nem sempre um sistema


oferece na sua versão original todas as informações que o Gestor gostaria de ter. É
necessário que ele mesmo possa criar novas fontes de consulta, independente da
ajuda de um programador. Para tanto, quatro exemplos interessantes de como a
customização de um ERP pode ser feita pelo próprio usuário:

1- Gerador de Relatórios: com ele, cria-se relatórios próprios, via de regra


colunados, com os campos de uma determinada tabela e as por ela referenciadas.
Assim, por exemplo, uma listagem das notas fiscais de vendas, pode trazer dados
dos cadastros do cliente, do vendedor, da transportadora, dos produtos a ela
vinculados. Também pode ser definida a classificação do relatório, cálculos de
totais e subtotais, filtros, parâmetros que serão solicitados no ato da emissão e até
senhas que protejam o seu uso.
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12 TEORIA DO ERP

2- Flexcel: é uma planilha Excel dentro do ERPFlex, facilitando o acesso a todas as


tabelas do sistema.

3- Consultas com o uso do SELECT, principal comando da linguagem SQL.

4- Exportação dos dados das Tabelas para o Excel e daí fazer uso de suas Tabelas
Dinâmicas.

PILAR 2 - CLIENTES

Entre outras funcionalidades, há de se dizer que a grande revolução que a TI está


provocando neste pilar é, sem dúvida, o Marketing Digital. Bem mais barato e
eficiente do que as antigas mídias em revistas, jornais, outdoors, rádio e televisão.

Através do envio de emkt (e-mail marketing) utilizando o seu cadastro de clientes


ou de terceiros, incluindo palavras ligadas ao seu negócio no Adwords do Google,
criando uma fanpage ou colocando anúncios no Facebook ou mesmo em outros
sites que oferecem esses serviços, desenvolvendo um site com funcionalidades
úteis a seus clientes (agendamento, orçamento, rotinas de CRM/SAT que permitem
aos clientes enviarem mensagens de avaliação de seus serviços ou obter algum tipo
de suporte), disponibilizando vídeos, manuais, blogs, treinamentos online (e-
learning), vagas de emprego e, claro, uma loja virtual (e-commerce) que
disponibilize a venda de seus serviços e produtos pela Internet. E tudo
absolutamente integrado ao ERP.

No aspecto burocrático é o Faturamento a funcionalidade mais importante deste


pilar.

Primeiramente facilitando a criação da Nota Fiscal, hoje eletrônica, mas nem por
isso menos complexa. Através do Orçamento e da Gestão de Contratos facilita-se
esse trabalho.

O Orçamento, que faz a oferta inicial aos clientes, já calcula os impostos, o custo
do frete e outros detalhes e que, uma vez aprovado, transforma-se num Pedido de
Vendas, abrindo inclusive as Ordens de Serviço e Produção necessárias à sua
entrega.

A Gestão de Contratos, ideal para o faturamento de serviços recorrentes (aluguéis,


mensalidades, assinaturas, etc) grava no sistema os dados da Nota Fiscal, incluindo
as datas de reajuste de preços, de início, suspensão ou término do contrato e
condições de pagamento.

Seja via Orçamento, via Contrato, seja via venda pela Loja Virtual, seja
manualmente, uma vez digitados os dados da Nota Fiscal, calcula-se todos os
tributos com seus CFOPs, CSTs e alíquotas, através do Processo Fiscal do ERPFlex;
gera-se os boletos de recebimento; atualiza-se o estoque e imprime-se a DANFE e
gera-se o XML correspondente, que é enviado ao cliente e à SEFAZ ou ao sistema da
Prefeitura, se for uma Nota de Serviços.

Isso tudo, além do tratamento adequado às outras Receitas da empresa, tais como
aluguéis, receitas financeiras, entre outras.

E com todas essas informações, o atendimento via Call Center também fica
facilitado, pois todos os dados de cada cliente estão à disposição do atendente.

Enfim, a TI ajuda a fidelizar e satisfazer os clientes e contribui fortemente para


aumentar as vendas da empresa.

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13 TEORIA DO ERP

PILAR 3 - TRIBUTOS

Esse pilar ganha cada vez mais importância. O Governo quer acabar com a
sonegação e a corrupção no nosso país. Para isso, vem tomando medidas fortes,
inclusive com a ajuda da própria Tecnologia da Informação. Criou, além da Nota
Fiscal Eletrônica, o SPED - Serviço Público de Escrituração Digital. E tudo isso tendo
como pano de fundo a legislação tributária mais complexa do mundo. Haja ERP
para adequar as empresas à essa nova realidade.

Basta dizer que em uma Nota Fiscal podemos ter dez tributos: ICMS, ICMS-ST, IPI,
ISS, IRRF, CSLL, PIS, COFINS, II, INSS. Classificados como Despesas, Retenções,
Substituição Tributária ou Créditos.

Quem determina a sua alíquota ou a isenção, como deve ser pago, quem deve pagá-
lo ou quando é devido são códigos a serem inseridos na Nota e que são
sustentados por inúmeras tabelas, leis, regulamentos, instruções normativas,
convênios e protocolos. Uma coisa é fato: se a nota estiver correta a empresa não
terá problemas. O SPED será aprovado e não gerará multas e a nota não será
devolvida por erro ou omissão. E é esta a funcão do ERPFlex.

No ERPFlex foi criado o Processo Fiscal. Nada mais é que uma Tabela de Decisões
que leva em consideração todos os aspectos que interferem na definição de cada
item da nota: o CFOP - Código Fiscal de Operação, os quatro CSTs - Código de
Situação Tributária, sendo um para o ICMS, um para o IPI, um para o PIS e outro,
semelhante ao do PIS, para o COFINS. São eles que determinam a alíquota de cada
tributo e as leis que devem ser citadas na nota, justificando a sua isenção ou
cobrança especial.

Considerando que a lei trata de todos os segmentos da economia, desde energia


elétrica até a venda de combustível ou medicamentos, dos vários regimes de
tributação (Lucro Real,

Presumido e SIMPLES), dos vários Estados da União (são 27 ao todo) e das várias
esferas públicas (municipal, estadual e federal) seria impossível estabelecer uma
regra única para todos os casos. Por isso, usa-se uma Tabela de Decisão, que é feita
para cada empresa em particular. Exigindo por vezes a consultoria de um Contador
ou mesmo Advogado.

Define-se todos os aspectos que interferem no processo fiscal daquela empresa. E


se houver algum que não esteja disponibilizado em nenhuma das tabelas do
ERPFlex, cria-se as Propriedades. São campos inseridos em qualquer Tabela do
Sistema, mas que agem como campos nativos. E cruzando esses dados chega-se a
cada uma das situações a serem vividas por cada item de uma Nota, tanto nas
Compras como no Faturamento, a um único CFOP, a um único CST para cada
tributo e a uma única alíquota. É um processo contínuo de ajuste e que só pode ser
considerado encerrado quando não ocorrerem mais casos de, através da Tabela de
Decisão, chegar-se ou a nenhuma solução disponível ou, o que também é comum e
inválido, a mais do que uma.

E, como falamos, Notas corretas geram SPEDs sem erros. SPED Contábil, anual e
que substitui mas não elimina o Diário, Razão, Balancete, Balanço e DRE; o Fiscal
(EFD Fiscal), que trata do ICMS e do IPI, substituindo os antigos Livros Modelos I, II,
VII, VIII e IX; o Contribuição, que trata do PIS, COFINS e INSS das empresas
desoneradas; e o ECF (Escrituração Contábil Fiscal), que substitui o Lalur, FCONT e
DIPJ.

E para a Folha de Pagamentos, aguardem o E-Social.

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14 TEORIA DO ERP

PILAR 4 - PROCESSOS INTERNOS

Esse pilar vê a empresa como uma caixa preta. Não importa o que tem lá dentro. Os
prédios, as instalações, as máquinas, os sistemas implantados, incluindo o ERP, a
segurança, até a limpeza, a aparência, enfim, os processos. O que importa é que ao
comprar, o cliente receba o produto ou serviço solicitado no prazo, com o preço e
a qualidade acordada a um custo que traga uma boa margem de lucro. E como a TI
ajuda neste quesito? Mais uma vez, controlando e automatizando cada vez mais os
processos.

O controle, agora mais detalhado do que no Painel de Gestão, é feito


principalmente através das Ordens de Produção e das Ordens de Serviço. São elas
que definem o que está sendo feito a cada momento. Ambas podem ser abertas a
partir de uma venda já realizada ou de uma venda futura. E definem as tarefas e
operações a serem realizadas, detalhando quem as fará, quando e em quanto
tempo, com que matérias-primas e máquinas.

O cadastro de Estruturas ajuda muito nesta fase. É ele a "receita do bolo" definida
pelo pessoal técnico. Ela, que já serviu de base na elaboração do Orçamento,
alimenta as OPs e OSs, podendo sofrer os necessários ajustes que atendam casos
específicos.

E não esquecer de nelas incluir a mão de obra necessária em cada operação. Às


vezes seus custos são maiores que os da própria matéria-prima.

E para automatizar todo esse processo de alocação de recursos, o MRP II -


Manufactoring Resources Planing - o Planejamento dos Recursos da Fábrica.
Também chamado de Carga Máquina. O interessante é que essa rotina é utilizada
não só na fábrica, onde temos máquinas que devem ser alimentadas por operações
que levam determinado tempo, dependendo da quantidade de peças e do tempo de
setup (preparação), a serem feitas em uma sequência pré-determinada, podendo ou
não serem desdobradas (split) ou sobrepostas (overlaping).

Esse "planejamento" também deve ser realizado em qualquer processo que possa
ou gerar filas enormes ou, o que pode ser pior, provocar ociosidade em recursos
por vezes caríssimos.

Assim o MRP II pode ser a solução na definição de quantas mesas devemos


disponibilizar num restaurante, quantas cabines de pedágio devemos abrir numa
rodovia, quantas salas e professores devemos ter em uma escola, etc, etc. Tudo, é
claro, dependendo da demanda existente. A simulação e a correlação são recursos
que podem ser usados nestes casos.

Outra revolução que já está acontecendo neste pilar é o desenvolvimento IoT


(Internet on Things ou Internet das Coisas). Um exemplo é o Beacon, um
dispositivo captador de sinais que detecta a presença de celulares, identificando
quais pessoas estão próximas, podendo assim receber um atendimento especial.
Outro caso é o RFID, um chip que contém informações sobre aquele objeto e que
podem ser transferidas para o sistema. O Sem Parar, os cartões de acesso e mesmo
as catracas de universidades são exemplos típicos. O custo e a limitação das
antenas ainda é o limitador de um uso mais intenso dessa tecnologia.

As tornozeleiras eletrônicas usadas por condenados que ficam em "liberdade"


utilizam uma tecnologia que inclui um GPS para determinar a localização por
satélite da pessoa e um modem para transmissão de dados por sinal de celular.
Todas as informações são passadas, em tempo real, para uma central de
monitoramento que pode estar em qualquer lugar. Caso não haja sinal de celular,
assim que entra em uma área que tenha cobertura, automaticamente é transmitida
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15 TEORIA DO ERP

toda aquela informação para a central de monitoramento. É a mesma tecnologia


utilizada em rastreadores colocadas em veículos segurados contra roubo.

PILAR 5 - SUPRIMENTOS

Neste pilar a TI vai ajudar na definição do que é preciso comprar, quando e quanto.
São questões resolvidas pela sigla SCM, que vem de Supply Chain Management, ou
seja, a Gestão da Cadeia de Suprimentos. Cada vez mais há uma integração entre
Fornecedores e Clientes. O fornecedor por vezes controlando os estoques e as
vendas de seus clientes, repondo os estoques no momento adequado. É a busca
incansável do “Just in Time”, isto é, manter o estoque em níveis mínimos para não
sacrificar o caixa, mas também impedindo qualquer falta que possa prejudicar as
vendas ou a produção.

E é o MRP I - Material Requirement Planning ou Planejamento das Necessidades de


Materiais a solução para as empresas industriais, ou seja, que tem uma quantidade
enorme de matérias-primas e componentes necessários na elaboração de seus
produtos acabados. E mesmo no varejo onde, por exemplo, um supermercado deve
oferecer a maior variedade de itens possível para assim alcançar um bom volume
de vendas. Sem ter nada encalhado ou em excesso e não perder vendas por não ter
estoque. E ainda no caso da indústria o MRP I calcula as necessidades baseadas nas
estruturas dos produtos, multiplicando a quantidade a ser fabricada pela
quantidade de cada componente em cada produto acabado ou semi-acabado.

Já para os itens de consumo, ou seja, aqueles para os quais a previsão de demanda


depende de uma análise do passado ou de uma tendência calculada com base em
uma demanda conhecida e correlacionada (por exemplo, a venda de acessórios
para ciclistas deve aumentar nos próximos anos, pois com todas as ciclovias que
estão sendo feitas é certo que teremos muita gente aderindo a essa atividade), a
solução é estabelecer para cada um o Ponto de Pedido. Este é calculado com base
no Prazo de Entrega do fornecedor, no Consumo Médio neste prazo, na
confiabilidade desses dois números e no custo da falta do item, o que nos leva a
adicionar ao Ponto de Pedido um Estoque de Segurança.

E ainda falando da quantidade adequada a ser comprada, apesar do Just in Time


estar sempre na mira do gestor, pois reduz o custo financeiro do estoque , o risco
de obsolescência e a necessidade de espaço físico, há de se considerar que
compras muito "picadas" aumentam o custo do transporte, dos processos de
cotação e pagamento, aumentam o risco da falta de estoque, pois eles estarão com
seus saldos sempre próximos de zero, reduzem a possibilidade de preços
melhores, já que descontos são conseguidos normalmente quando se compra em
grandes quantidades.

Todo esse cálculo tem como foco obter-se o Lote Econômico de Compra e também
é válido para a quantidade a ser produzida em cada Ordem de Produção. É claro
que não estamos aqui considerando os casos de vendas por encomenda. E dividir
os itens em classes, de acordo com o gasto mensal de cada um, também é uma boa
prática.

Essa é uma das decisões bem típicas a ser tomada por um ERP: quando comprar, o
que comprar e quanto comprar.

E cada vez mais sem a interferência de alguém. É o sistema que fará a busca na
Internet, localizando o melhor fornecedor, com o melhor preço e nas melhores
condições de entrega e pagamento. O e-commerce, na sua modalidade B2B
(Business To Business), é a solução ideal.

PILAR 6 - FINANCEIRO E CONTÁBIL

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16 TEORIA DO ERP

Este é o Pilar onde a automação é levada aos mínimos detalhes. Nas integrações
com as Instituições Financeiras definidas pelo CNAB (Centro Nacional de
Automação Bancária ) onde Boletos são enviados e recebidos eletronicamente entre
os sistemas envolvidos, incluindo os extratos, as operações com Cartão de Crédito,
agora também o DDA (Débito Direto Autorizado) onde você acessa, consulta e paga
o boleto eletrônico pelo Internet Banking, Fone Fácil ou nas Máquinas de
Autoatendimento.

É claro que o Fluxo de Caixa futuro é uma das principais consultas, já que com ele
consegue-se planejar corretamente as aplicações, resgates ou solicitações de
empréstimos e aportes. E com isso ajustar as condições de recebimento e
pagamento.

Mas é na Contabilidade e principalmente na parte de Custos que esse Pilar interfere


na boa Gestão. O uso da Estrutura dos Produtos e Serviços, as respectivas Ordens,
a análise do Balanço e do DRE, o comparativo dos valores reais com os standards e
valores orçados, o correto uso de Indicadores e do Workflow, leva a um controle
absoluto do custo de cada serviço ou produto realizado. E com isso estabelecer o
preço de venda correto ou até onde podemos dar um desconto para conquistar um
negócio.

E porque não tornar a Contabilização de todos os movimentos da empresa


(compras, vendas, impostos, pagamentos, recebimentos, requisições, produção,
investimentos e empréstimos) um processo totalmente automático e online, ou
seja, possibilitando a emissão das posições a

qualquer momento? A um custo menor e com muito mais agilidade. O ERPFlex faz
isso. Basta preencher algumas telas de parametrização.

PILAR 7 - PRODUTO

O interessante desse PILAR é que ele não consta nem do BSC nem da ISO 9000.
Dizem os técnicos que se o seu Processo está correto, não importa o produto. A
qualidade está garantida. É claro, a qualidade é um fator importante no produto,
mas não único. O produto precisa ter uma série de outras virtudes: precisa ser
desejado pelo mercado, seu custo e preço precisam ser compatíveis com seus
benefícios e, porque não, é preciso verificar se já não existem tantos concorrentes
em melhores condições que inviabilizam a sua sobrevivência. Aí é que entra outra
ação importante e cada vez mais enaltecida: inovação. O produto deve estar
sempre se renovando. Nestes aspectos, no entanto, a TI pouco pode ajudar, a não
ser, é claro, que o produto que você venda seja um software ou um hardware. O
que vale aqui é a imaginação.

Mas mesmo nos produtos convencionais há possibilidade do bom uso da


tecnologia. O próprio BI, do qual já falamos e que nos mostra todo tipo de
estatística de vendas, ajuda na análise da aceitação do produto: por região, por
época do ano e por tipo de cliente, entre outras dimensões. Lembrando que as
dimensões disponíveis no ERPFlex são as seguintes: data, Natureza, Categoria,
Subcategoria, Produto, Variante, Ordem de Serviço, Cliente, Perfil de Cliente,
Vendedor e até o histórico da nota fiscal. Sendo que no ERPFlex pode-se ter mais
que uma Variante para cada produto e cada uma com várias opções. Tudo definido
pelo próprio usuário (cor, tamanho, modelo, voltagem, potência, qualidade, etc).

Na análise da Estrutura dos Produtos também podemos ver as várias configurações


possíveis de um mesmo item, facilitando a definição do seu custo standard, médio
e preços nas várias tabelas definidas pelo usuário.

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17 TEORIA DO ERP

Onde a TI tem ajudado a aumentar a lucratividade de um produto é na questão do


seu preço.

Hoje os preços são dinâmicos. Mudam a cada segundo, de acordo com a demanda,
se for um produto perecível, não apenas devido a sua data de validade, mas
também nos casos onde as vagas não aproveitadas simplesmente se perdem
(ingressos de shows e espetáculos, passagens de avião ou outro meio de
transporte, vagas em cursos, hotéis, etc). E tambédiante da ação da concorrência,
aliás cada vez mais transparente nos sites que apresentam o mesmo produto com
todos os seus fornecedores (market place). Não é por acaso que o
Amadeus, desenvolvido pela Amadeus IT Group, é usado pela maioria das
companhias aéreas na venda de suas passagens. No Jogo de Empresas exploramos
esse aspecto e vemos que a curva de lucratividade em relação ao preço de venda
atinge linhas bastante complexas: parábolas, senóides, dificilmente uma simples
reta.

Também na questão das inúmeras Unidades de Medida que um produto pode ter
em sua trajetória do fabricante ao consumidor (kg, pacote, groza, unidade, etc) e
dos vários estágios em que se encontra (depósito, armazém, filial, em elaboração,
estoque). Também quando se tem um controle de lote ou mesmo um identificador
como o número de série, elementos requisitados quando se torna necessária a
rastreabilidade dos componentes que o constituem em função, por exemplo, de um
defeito de fabricação.

E por fim, vale dizer que se pegarmos dez empresas provavelmente apenas uma
estará rigidamente correta no que tange às quantidades e custos apresentados pela
rotina de controle de estoques. Isso apesar da possibilidade de rastrear a
localização de cada produto por meio de RFID.

PILAR 8 - PESSOAL

Cabe aqui dizer que foi a Folha de Pagamento a primeiríssima funcionalidade que
efetivamente utilizou os recursos da Tecnologia da Informação, na época em que
essa atividade ainda era chamada de Processamento de Dados. Isso na década de
1960. Inclusive integrada com o Ponto Eletrônico. Por exigir muitos cálculos e
relatórios e também por ter uma periodicidade mensal, mas que precisa ser
executada em um curto espaço de tempo.

De lá para cá o processo evoluiu e a TI tem contribuído muito no quesito Gestão de


Pessoas.

Na formação dos colaboradores, com o ensino a distância (e-learning), a


disponibilidade de manuais, artigos e vídeos sobre os mais diversos assuntos; a
facilidade de comunicação entre os colaboradores de grupos específicos; o
controle de acesso a determinadas áreas com as catracas eletrônicas ou o
reconhecimento digital de pessoas e também aqui, da mesma forma feita com os
produtos, a rastreabilidade de pessoas, o que pode comprometer a privacidade
mas em certos casos é indispensável.

E uma grande evolução está por ocorrer com as exigências que estão prestes a
ocorrer através do e-Social. Vai aqui um resumo do que deverá ser informado.

Cabe dizer que no e-Social as informações são passadas de duas formas.


Inicialmente cadastra-se em lote todos os funcionários da empresa com as
seguintes informações.

A seguir envia-se os dados assim que ocorrer um fato específico com algum
colaborador. Entre esses fatos, temos:

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18 TEORIA DO ERP

Capítulo 1

Funcionalidades do ERP e a
Evolução da Internet
Objetivos do aprendizado

Apresentar uma descrição das funcionalidades básicas de um Sistema de ERP e as funcionalidades


específicas de cada um dos módulos.

Palavras-chave

Internet, Customer Relationship Management (CRM), Call Center, E-commerce, Supply Chain Management
(SCM), Apoio Logístico.

1.1 Funcionalidades Básicas de um Sistema de ERP

Um Sistema de ERP (Enterprise Resource Planning) visa à automação dos


procedimentos de uma empresa. Abrange o seu planejamento, execução e controle
sob o ponto de vista econômico e financeiro, através de uma série de técnicas,
conhecidas e simples, que realizam esta tarefa de uma forma mais eficiente e
rápida do que qualquer outro método de trabalho, fornecendo mobilidade para
toda a empresa, independente da sua área de atuação no mercado.

O objetivo deste capítulo é mostrar como um Sistema de ERP cumpre esta tarefa
através de seus módulos básicos de Contabilidade, Custos, Compras, PCP,
Faturamento, Fiscal, Financeiro, Ativo Fixo e Folha de Pagamento.

A integração é obtida através do aproveitamento total dos dados de entrada, onde


estas informações são compartilhadas entre os módulos correspondentes dentro
do sistema. Com isso elimina-se qualquer tipo de redundância na digitação dos
dados, sem diminuir o rigoroso controle administrativo e financeiro.

Este compartilhamento de informações é a chave para o Sucesso Administrativo,


uma vez que o ERP proporciona a atualização dos dados em tempo real (on-line) e
de forma íntegra, apresentando assim a Base de Conhecimento da Empresa com
uma excelente qualidade.

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19 TEORIA DO ERP

A bandeira de um sistema de ERP é representada pelo fluxograma que nos será


detalhado nos próximos capítulos, onde se vê claramente os pontos de integração
entre os vários departamentos de uma empresa, seja ela de qualquer tipo:
industrial, comercial, prestadora de serviços ou um conjunto dessas atividades.

1.1.1 Contabilidade

É importante destacar que a contabilidade exerce um papel fundamental em um


Sistema de ERP, pois é para lá que convergem todos os dados que de alguma forma
alteram o patrimônio de uma empresa.

Através dos lançamentos automáticos as contas de estoques, por exemplo, são


atualizadas a cada movimentação de material, ou seja, pelo recebimento de
compras, requisições, produções e vendas.

A receita e o custo da mercadoria vendida são contabilizados a cada nota emitida,


o que permite uma perfeita integração entre o controle de estoque e a
contabilidade.

As contas de títulos a receber e a pagar devem ser mantidas e integradas ao


financeiro gerando lançamentos contábeis à medida que as baixas são realizadas.

Figura 1.1 Lançamentos Automáticos

As contas de despesas devem ser discriminadas a partir das Notas de Serviços para
que se faça a devida apropriação nos produtos através das ordens de produção,
bem como nas ordens de serviço realizadas. Logo, é importante também um bom
critério de rateios.

De qualquer forma, a maior parte dos lançamentos é sempre feita de forma


automática, a partir de regras definidas pelo usuário para cada tipo de operação.
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20 TEORIA DO ERP

Os relatórios contábeis, ou seja, o diário, balancete, razão, balanço e


demonstrativo dos resultados do exercício (DRE) ficam à disposição para qualquer
consulta futura, principalmente fiscal e, para as empresas que estão obrigadas,
para gerar os SPED Contábil, Fiscal, Contribuição e ECF.

Podemos concluir que no ERP, as operações são informadas ao sistema uma única
vez e a partir delas são geradas consultas, relatórios, mensagens e mesmo as
obrigações acessórias ao fisco, o que permite aos administradores tomar decisões
corretas, legais, no momento adequado e a um baixo custo e aumentar assim de
forma significativa o resultado da empresa.

1.1.2 Custos

As rotinas de custos são totalmente integradas à contabilidade. E este é, sem


dúvida, um dos grandes problemas das empresas não só devido à nossa
persistente, embora agora pequena, inflação, como também por causa da margem
de lucro, cada vez mais restrita em função da acirrada concorrência, agora global.

O custo de um produto pode ser visto sob diferentes óticas. Uma delas, o custo de
reposição ou standard, com base em valores atualizados e quantidades padrão de
cada componente. Outra, pelo custo médio, que atende a todos os requisitos de
nossa complexa legislação de imposto de renda.

O custo real pode ainda ser calculado em moeda forte, para inibir os efeitos da
inflação. Para o cálculo do custo de reposição ou standard, baseia-se na estrutura
do produto e sua implantação permite não somente este cálculo como também o
uso do MRP I e II, as variações do consumo de matéria-prima e eficiência da mão-
de-obra, uma melhor determinação dos preços de vendas e a tomada de decisão
sobre o processo de fabricação de determinado item.

Figura 1.2 Custo

Os custos de reposição ou standard de cada matéria-prima podem ser atualizados a


cada nova compra ou ainda através de uma cotação específica, de modo que a
consulta à estrutura forneça sempre o custo atualizado.

Com base nestes dados, o sistema pode sugerir o preço de venda levando ainda em
consideração outros fatores determinados pela empresa, como por exemplo, lucro
desejado, volume de vendas, despesas administrativas e de vendas e a própria
elasticidade do produto no mercado.

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21 TEORIA DO ERP

Figura 1.3 Apropriação dos Custos

O cálculo do custo real tem início no recebimento dos materiais, onde é


determinado o novo custo médio das matérias-primas que valorizarão as
requisições, sejam elas manuais ou automáticas.

A apropriação destas requisições para as ordens de produção pode ser de forma


direta ou indireta, total ou parcial. A direta é a mais trabalhosa, pois exige que na
própria requisição se informe o seu destino, porém mais exata, pois cada ordem de
produção recebe apenas o que de fato foi consumido, ao passo que na indireta ou
pelo standard o sistema distribui os materiais requisitados de acordo com as
quantidades informadas na estrutura do produto, permitindo que a saída do
almoxarifado seja feita de forma simplificada e genérica.

Figura 1.4 Classificação da Apropriação de Custos: Diretos e Indiretos

Esquema semelhante é usado na apropriação da mão-de-obra e dos gastos gerais de


fabricação (GGF), ou seja, ou pelo apontamento das horas ou apropriando-se com
base nas estruturas, as quais contém o número de horas necessárias para a
alocação na produção.

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22 TEORIA DO ERP

Figura 1.5 Mão-de-obra e Gastos Gerais de Fabricação na composição dos custos.

A atualização dos custos propaga-se por todo o processo de produção chegando


até o custo da mercadoria vendida, onde ele pode ser comparado com o standard e
definir o lucro da venda.

1.1.3 Compras

Como vimos, custos depende de compras e, esta por sua vez, é integrada ao PCP. O
objetivo da informatização do processo de Compras é suprir automaticamente o
estoque com base em critérios pré-estabelecidos e flexíveis o suficiente para
atender as bruscas mudanças que ocorrem na previsão de vendas. Existem vários
métodos para definir o que, quando e quanto deve ser comprado de cada item
dentro de um determinado período.

Se existir a estrutura dos produtos e certa previsão de vendas recomenda-se o MRP


I (Material Requirement Planning ou Planejamento das Necessidades de Materiais).
Esta técnica parte de um plano de produção dependente de uma previsão de
vendas que pode inclusive ser uma carteira de pedidos já encomendados, dos
estoques existentes, da carteira atualizada das ordens de produção e da carteira
dos pedidos de compras.

Figura 1.6 Esquema geral para definição de compras.

O futuro é dividido em períodos, que podem ser semanas, meses ou mesmo dias. O
MRP I na verdade nada mais é do que a projeção dos saldos de estoques. Através de
uma rotina de explosão, o sistema calcula a necessidade de compras/produção de
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23 TEORIA DO ERP

cada componente intermediário, cada matéria-prima e da mão-de-obra a ser


utilizada.

Já para as empresas que não dispõem de uma estrutura de produtos e nem de uma
previsão de vendas confiável e para os materiais de consumo adota-se o método de
Ponto de Pedido. O sistema calcula inicialmente o consumo de cada item. Isto é
feito utilizando-se uma fórmula estatística de regressão linear onde a tendência do
passado é transformada em uma reta projetando qual será o consumo no futuro. A
seguir analisa a duração dos prazos de entrega e calcula os estoques de segurança.
O resultado é o ponto de pedido de cada item, também chamado de estoque
mínimo.

Por outro lado a quantidade a ser comprada, ou seja, o lote econômico é definido
através de um cálculo que leva em consideração a disponibilidade financeira da
empresa, a classe que o item ocupa na curva ABC e a periodicidade básica de
compras para cada classe. A periodicidade, por sua vez, depende da taxa de juros
que incide sobre o capital investido no estoque, do custo de armazenagem e, por
outro lado, do custo de cada pedido de compras.

Todo o processo de cotação, histórico das últimas compras, follow-up, variação nos
preços de compras deve ser controlado pelo sistema.

Ao chegar a mercadoria, sua recepção é monitorada pelo sistema. A digitação da


nota atualiza a carteira de pedidos, dá a entrada nos estoques, inclui o título em
contas a pagar, gera os lançamentos contábeis e fiscais, além de conferir a nota
não só quanto aos seus cálculos, mas também quanto ao que foi estabelecido nos
respectivos pedidos de compras.

Se o departamento de compras trabalha com ferramentas, como o Workflow-BPM,


os pedidos de compras poderão ser liberados de forma automática. Vejamos um
exemplo: Em uma das políticas internas da empresa, determinou-se que apenas o
gerente de compras poderá autorizar compras acima de R$ 15.000,00. Quando
surgir um pedido neste perfil, o sistema identifica este critério e gera o pedido em

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24 TEORIA DO ERP

questão, envia para a caixa de entrada deste gerente, que o analisa e devolve
informando se a compra deve ser feita.

Figura 1.8 Atualizações feitas pela nota de recebimentos

1.1.4 Planejamento e Controle da Produção - PCP

O PCP (Planejamento e Controle da Produção), por sua vez, parte justamente do


cálculo das necessidades de cada item a ser produzido (MRP I) e emite as
respectivas ordens de produção, em conjunto com o roteiro de operações da carga-
máquina MRP II (Manufactoring Resource Planning ou Planejamento dos Recursos da
Manufatura).

Uma rotina simples, porém cheia de dispositivos que atendem toda a dinâmica
existente em uma fábrica. Máquinas e mais máquinas executando as mais variadas
operações com um calendário repleto de horas extras, fins de semana, feriados,
greves, ausências, variação na produtividade, etc.

O roteiro de operação é definido para cada componente. Informa-se para cada


operação o recurso que ela utiliza inclusive os alternativos, a ferramenta, a
duração, a descrição, o tamanho do lote padrão e o tempo de setup. O
cadastramento dos roteiros possibilita a existência de calendários diferenciados.

O sistema otimiza a alocação dos recursos programando a fábrica minuto a minuto,


operação a operação proporcionando os meios necessários para que medidas
corretivas sejam tomadas no sentido de evitar os tão usuais transtornos ocorridos
no dia-a-dia de uma manufatura.

No mapa de recuo e avanços, por exemplo, o sistema mostra quais máquinas


provocaram uma alocação das operações fora do momento ideal para a produção.

A produção é informada e atualiza os estoques, o próprio programa de carga-


máquina e ainda alimenta os custos em número de horas reais utilizadas no
processo.

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25 TEORIA DO ERP

Figura 1.9 Controle das operações

1.1.5 Faturamento

O Faturamento é uma área onde normalmente há a necessidade de fortes


adaptações e é sem dúvida o setor onde sempre existem diferenças entre as
empresas. É a condição de pagamento, a política de reajuste de preços e descontos,
o pagamento de comissões, a legislação específica de ICMS, IPI, PIS e COFINS, ISS
etc.

De qualquer forma, todas as exceções apresentadas devem ser incorporadas ao


sistema de modo a atender os detalhes da Nota Fiscal Eletrônica (NFe), por vezes
diferentes para cada Estado da Federação.

O Faturamento controla a carteira de orçamentos e pedidos de vendas, administra


a sua liberação pelas condições ofertadas de preço e crédito e pelo estoque e
fornece todos os dados necessários para o setor de vendas, além de gerar os
boletos a receber, com base na condição de pagamento estipulada.

Emitida a Nota Fiscal, são realizadas as seguintes atualizações: a baixa no estoque


e nos pedidos/orçamentos, a contabilização, a escrituração dos dados fiscais e a
atualização do contas a receber.

Parte importante são as inúmeras estatísticas solicitadas pelos usuários, muitas


vezes somente atendidas por um poderoso sistema de BI, que estudaremos no
capítulo de Sistemas de Apoio à Decisão (SAD)

Figura 1.10 Faturamento

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26 TEORIA DO ERP

1.1.6 Financeiro

No Financeiro boa parte das informações são geradas em outros módulos: os


títulos a pagar são gerados em compras, os títulos a receber são gerados no
faturamento, bem como os dados da folha de pagamento, impostos, empréstimos e
investimentos. O papel do Financeiro é cuidar do controle dos pagamentos, dos
recebimentos e, claro, do Fluxo de Caixa.

Figura 1.11 Financeiro

Outros procedimentos como transmissão eletrônica dos títulos para bancos, que
envolvem a emissão automática de pagamentos através do SISPAG e PAGFOR e do
DDA e a baixa automática de títulos a partir de arquivos CNAB, a geração de
borderôs e sua possível conversão em faturas, troca e compensação de títulos,
controles dos cartões de crédito, integração e reconciliação com os extratos
bancários, gateways de pagamentos utilizados no e-commerce, liberação e o
bloqueio de faturamento em função de limite de crédito ou títulos atrasados
possibilitam que a tesouraria se preocupe apenas com a estratégia a ser adotada
para os recursos financeiros deixando para o ERP o trabalho da rotina diária. Para a
análise de crédito existem as consultas a clientes que mostram suas compras,
como pagou e outros dados importantes, além do acesso, através da Internet, às
informações de proteção ao crédito, como SERASA e SCP.

1.1.7 Folha de Pagamento

A Folha de Pagamento automatiza serviços do departamento de RH (Recursos


Humanos). Tudo se inicia com o cadastramento de funcionários. Um verdadeiro
arsenal de dados sobre a pessoa recém-admitida. Com base neles é feito o
pagamento do salário, bem como informações para RAIS, Férias, FGTS, Imposto de
Renda, etc. Digita-se os valores fixos e variáveis e para mudar o cálculo de um
provento ou um desconto basta alterar o respectivo parâmetro. Os cálculos levam
em consideração todas as hipóteses previstas na CLT (Consolidação das Leis do
Trabalho).

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27 TEORIA DO ERP

A própria folha, a relação de vencimentos e descontos, o FGTS, o recibo de férias e


sua provisão, o 13o salário, a relação de admitidos e demitidos, as guias de
recolhimentos e encargos são apenas alguns exemplos dos relatórios emitidos.

Uma função mais específica é o controle da entrada e saída dos funcionários. É o


Controle do Ponto que visa eliminar o trabalho de digitação destes dados. O
tradicional cartão de ponto é substituído por meios eletrônicos, que registra, em
um relógio apropriado acoplado ao sistema, cada entrada e saída do funcionário.
Outra vez entra o Workflow com controles automáticos. Este poderá ser utilizado
no controle de atrasos dos funcionários. Para isso basta criar regras de controle
entre o Workflow e o ponto eletrônico. Um exemplo desta situação pode ser
determinado pela área de RH que não admite atrasos além de 15 minutos e caso
isso ocorra por mais que três vezes envia uma mensagem ao superior imediato do
funcionário.

Um aspecto relevante é a possibilidade de trabalhar com várias escalas de horários,


além do cálculo das horas extras, descontos, abonos de faltas, atrasos e saídas
antecipadas.

1.1.8 Ativo Fixo

O Ativo Fixo é o módulo que administra os bens da empresa que constituem, na


realidade, grande parte do capital nela investido. Também neste módulo, o único
trabalho de digitação é feito quando da aquisição dos bens. Todos os dados são
incluídos no ato do cadastramento do bem e servem de base para o cálculo e
contabilização mensal das depreciações. Propicia também o efetivo controle e
fiscalização de todo o patrimônio da empresa.

1.1.9 SPED

O SPED (Sistema Público de Escrituração Digital) existe para que se cumpra nossa
legislação tributária. Temos o SPED Contábil, o Fiscal (ICMS e IPI), o de
Contribuições (PIS, COFINS e INSS), o ECF (Escrituração Contábil Fiscal: Lalur,
FCONT e DIPJ) e o E-Social (RH). Com eles o governo recebe as informações das
empresas tornando a fiscalização totalmente eletrônica e eliminando qualquer
possibilidade de sonegação. E, claro, é função do ERP gerar todos eles de forma
totalmente automática, a uma simples chamada da funcionalidade.

1.2 VERTICAIS

Além das funcionalidades básicas descritas, uma solução ERP visa na realidade
automatizar todos os processos de uma empresa, seja ela comercial, industrial, de
serviços ou distribuição. Não importa o ramo de atividade. Convencionou-se
chamar de VERTICAIS os módulos que são específicos a um setor de atividade. É
claro que é inerente a integração entre os módulos básicos e os verticais. Entre eles
destacam-se os seguintes:

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28 TEORIA DO ERP

1.2.1 Automação Comercial

É o processo de emissão de cupom fiscal nos caixas de lojas comerciais. Esta


automação, que é praticamente obrigatória, proporciona uma agilidade muito
grande principalmente quando integrada com um ERP focado para a área. Torna o
atendimento de balcão mais ágil, mesmo quando há processos complexos, como
financiamentos, troca de mercadorias, sangrias, pagamentos com cartão de débito
ou crédito, promoções especiais, etc. Os estoques são atualizados a cada saída ou
entrada de mercadoria, evitando a falta nas prateleiras.
Pagamentos em cheque, inclusive os pré-datados, comissões, cálculo do ICMS e a
emissão do Cupom Fiscal são contemplados neste módulo. A qualquer momento
tem-se o volume de vendas por vendedor e produto, a posição dos estoques
inclusive das outras lojas acopladas à rede e estatística dos produtos mais
vendidos possibilitando assim o uso deste módulo para grandes redes de lojas
varejistas ou atacadistas bem como para o pequeno comerciante. Não deixa de ser
um complemento do módulo de Faturamento.

Podemos dizer que uma automação comercial completa necessita de vários


equipamentos periféricos interagindo com o sistema, tais como: leitor de código de
barras, balanças eletrônicas, gaveta do caixa, o ECF (Emissor de Cupom Fiscal) e
também o TEF (Transmissor Eletrônico de Fundos), que é a popular maquininha de
cartão de crédito.

A partir de 2001 o governo tornou obrigatório o uso do ECF – Emissor de Cupom


Fiscal, que é o conjunto formado pela impressora, o microcomputador e o software
de automação comercial. O objetivo é acabar com a sonegação e para tanto a
impressora, que é lacrada, tem um dispositivo que grava em sua memória o
conteúdo de todas as notas emitidas, à qual somente a fiscalização tem acesso. O
software precisa ser homologado e em alguns Estados o desenvolvedor é co-
responsável por fraudes detectadas. O próprio cupom do cartão de crédito também
precisa ser impresso no ECF.

Agora os governos estaduais estudam outras duas soluções: o S@T, que é um


dispositivo (placa+memória) que faz a função de transmitir, via internet, os dados
dos cupons para o site da Sefaz. Funciona bem na contingência quando houver
interrupção na comunicação, pois armazena de forma inviolável os dados e os
transmite quando a internet é restabelecida. O estado de São Paulo é o principal
aliado desta solução.

Outra solução é a NFc-e (nota fiscal cupom eletrônico – Modelo 65), também
chamada de danfinha, pois o processo é basicamente igual ao da NF-e modelo 55.
O uso do formulário de segurança soluciona a contingência quando houver queda
da internet. O cupom é opcionalmente emitido em papel para o cliente, ficando sob
responsabilidade do comerciante o envio posterior dos dados para a Sefaz. O
consumidor também tem acesso ao cupom, pela internet, através de um QR-Code,
impresso no cupom.

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29 TEORIA DO ERP

1.2.2 Sistemas de Apoio Logístico

Em se tratando de armazenagem de produtos, é possível que haja a necessidade de


uma administração que possibilite o controle e a manutenção dos respectivos
produtos em lotes. Neste sentido, o WMS (Warehouse Management System) é um
sistema informatizado que auxilia no efetivo controle dos produtos, possibilitando
sua alocação automática bem como o controle de entradas/saídas, a otimização do
armazenamento no estoque, a melhor alocação de recursos humanos e físicos, a
identificação da prioridade de carga e descarga de produtos, o gerenciamento do
pátio, etc.

Por outro lado, o TMS (Transportation Management System), um Sistema de


Gerenciamento de Transporte, tem por objetivo oferecer subsídios através do uso
da tecnologia da informação para proporcionar o perfeito planejamento,
administração e controle da movimentação de cargas, incluindo a frota de veículos.
Abrange não só a geração de conhecimentos, viagens e faturas conforme contrato
do cliente como também o controle de pendências de sinistros, de indenizações e
serviços tanto regionais como nacionais e até mesmo internacionais.

Com o uso da tecnologia da informação, é possível uma perfeita integração com os


sistemas de rastreamento GPS de veículos além da integração com os clientes,
postos fiscais e filiais. Outro aspecto importante, em se tratando de integração, é a
manutenção dos próprios ativos envolvendo a frota de veículos e caminhões
utilizados.

Com uma tabela de frete configurável é feita a tarifação e com os demais recursos
cadastrados no sistema é possível à obtenção dos custos por veículo, frota, viagem
englobando inclusive o tratamento de impostos.

1.2.3 Gestão de Projetos

O PMS (Project Management System) possibilita o planejamento e a execução de


projetos incluindo o controle de orçamentos. Entre suas diversas funcionalidades,
o PMS possibilita, através da alocação dos recursos, o controle das fases do projeto
e o acompanhamento do progresso físico e financeiro.
Índices de desempenho, fluxo de caixa do projeto, quadros quantitativos
demonstrando o previsto x realizado são alguns exemplos de informações que
podem ser facilmente obtidas com o uso de um Sistema de Gerenciamento de
Projetos, incluindo uma perfeita integração com o MS-Project. Um conjunto de
consultas e relatórios permite uma abrangente análise da evolução e andamento do
projeto.

1.2.4 Gestão da Qualidade

A Gestão da Qualidade pode ser feita através de um conjunto de módulos


específicos. Entre eles destacam-se a Auditoria, o Controle de Documentos, a
Inspeção de Entradas, a Inspeção de Processos, a Metrologia, o Controle de Não-

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Conformidades, o Processo de Aprovação e o Planejamento Avançado da Qualidade


(PPAP/APQP).

A Auditoria engloba tanto os aspectos internos da empresa (sistemas, produtos e


processos) bem como as relações externas com fornecedores e clientes. O módulo
de auditoria proporciona um melhor planejamento, controle e acompanhamento
através do cadastro dos tópicos e itens a serem auditados, do cadastro de
unidades, do cadastro de associados e através do controle de itens a serem
auditados novamente. A implantação do sistema de auditoria possibilita o
cronograma, o agendamento e um check-list de auditorias além da obtenção de um
relatório completo para atender os itens 4.17 do padrão ISO 9000 e o item 8.2.2 do
padrão ISO 9001 (2000).

Para auxiliar no atendimento do item 4.2.32 do padrão de qualidade ISO 9001


(2000), o módulo de controle de documentos proporciona a efetiva catalogação,
acompanhamento e distribuição dos documentos da qualidade. Este controle
envolve a numeração de documentos, cópias por documento e a manutenção de
referências e palavras-chaves além da distribuição de senhas para a restrição de
acesso por usuário, módulo, funções e relatórios.

A Inspeção de Entradas é um módulo que oferece um conjunto de funcionalidades


para atender os itens 1, 2, 6, 7, 8, 10, 12, 13, 14, 15, 16 e 20 do padrão ISO 9000 e
os itens 4, 5.1, 7.4, 7.5 e 8 do padrão ISO 9001 (2000). Estas funcionalidades
envolvem desde o registro e o controle das entregas de materiais por fornecedor,
ensaios calculados por fórmulas, ensaios realizados por laboratórios até a geração
de laudos automáticos para cada lote recebido e conseqüente emissão e controle
das notificações de não conformidades (NNC) e emissão e controle dos planos de
inspeção.

A Inspeção de Processos em conjunto com o módulo de Inspeção de Entradas é


preponderante para a manutenção da rastreabilidade dos produtos. A inspeção de
processos é um módulo que visa o atendimento dos itens 1, 2, 8, 9, 10, 12, 13, 14 e
16 do padrão ISO 9000 e dos itens 4, 5.1, 6.4, 7.4, 7.5 e 8 do padrão ISO 9001
(2000) através da manutenção de um plano de inspeção por produto, por setor de
controle e um plano de amostragem específica.

Através do cadastro de instrumentos, escalas, padrões e ainda com a coleta de


dados de calibrações externas, o módulo de metrologia efetua os cálculos para a
confirmação no aspecto da exatidão, adequação e aceitabilidade, além do cálculo
completo das incertezas, permitindo a geração de relatórios ou consultas que
possibilitam a visualização do plano, a ficha, o certificado e o resumo das
calibrações.

Outro aspecto no módulo de Metrologia é a rastreabilidade dos instrumentos x


padrões e a possibilidade dos cálculos de tolerância em termos percentuais.
O módulo de Metrologia mantém integração com os módulos de recebimento e
controle de processos.

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Em se tratando da norma ISO 9001 (2000), o módulo de metrologia atende o item


7.6 e incorpora, ainda, um conversor de unidades de medidas.

Para atender a norma ISO 9001 (2000) nos itens 8.3 e 8.5.2/8.5.3, o módulo de não
conformidades permite o registro das ocorrências e o registro dos planos de ações
tanto corretivas como preventivas. Possibilita a utilização do método dos 8 passos
além de um Follow-up estatístico das não-conformidades, das ações corretivas e
dos controles de pendências por usuário. O módulo de não conformidades se
integra com os módulos de recebimento, processos, Field Service, auditorias,
metrologia e a manutenção de ativos.

O Processo de Aprovação e Planejamento Avançado da Qualidade (PPAP/APQP)


conta com o auxílio de um módulo que oferece uma série de funcionalidades para
atender a norma QS 9000. Estudo de R & R, estudo de capacidade, ensaio
dimensional, ensaio material, ensaio de desempenho e aprovação de aparência são
alguns exemplos destas funcionalidades. Permite a análise de modo e efeito de
falha potencial, além da geração de sumário e aprovação APQP. Outra facilidade
incorporada a este módulo é a geração de diagrama de fluxo dos dados.

1.2.5 Gestão Educacional

Sistemas de Gestão Educacional oferecem uma série de funcionalidades abordando


aspectos quanto:

- Ao Processo Seletivo;
- À Matrícula;
- Aos Requerimentos;
- Ao Curso Vigente;
- Ao Professor;
- Ao Financeiro/Tesouraria;
- À Avaliação Institucional;

Em se tratando de Processo Seletivo, o Sistema de Gestão Educacional administra e


controla os cursos ofertados e o número de vagas para cada um deles. Permite a
introdução de uma nota de corte e a adoção de critérios de desclassificação e
desempate. Proporciona a apuração dos aprovados, a reserva de vagas, a alocação
do candidato e o acompanhamento e controle financeiro.

Quanto às matriculas, o sistema de Gestão Educacional possibilita a efetivação da


matricula por grade de disciplinas avaliando, de maneira automática, os pré-
requisitos e co-requisitos, além de administrar as transferências e manter
integração total com o financeiro. Auxilia na administração dos requerimentos
através de uma configuração inicial quanto à ação a ser tomada, ao fluxo de
operações e ao controle do tempo, permitindo que seja realizado o
acompanhamento de operações e o retorno automático ao solicitante através de e-
mail, além da solicitação do requerimento via sistema ou mesmo pela WEB.

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A Gestão Educacional armazena as informações vitais de cada disciplina tais como


carga horária, conteúdo programático, bibliografia e número máximo de faltas.

Entre as facilidades oferecidas aos professores da instituição, destacam-se o


apontamento e o acompanhamento do conteúdo programático, o apontamento de
faltas e notas incluindo a consulta da grade escolar.

1.2.6 Manutenção de Ativos

A Manutenção de Ativos envolve o cadastramento, a organização, a manutenção e o


controle dos bens de uma empresa, entidade ou órgão público. Entre as suas
diversas funcionalidades possibilita o planejamento tanto de manutenções
preventivas como manutenções corretivas, o registro de um histórico de
intervenções ocorridas comas revisões da ficha técnica e análises quanto à
durabilidade do bem por utilização, serviço, marca e fabricante.

Outro aspecto do sistema de Manutenção de Ativos é que, além do controle relativo


a cada centro de custo, permite também um comparativo entre o previsto e o
realizado tanto para o ativo em si como peças ou mesmo serviços.

1.2.7 Exportação

O Sistema de Exportação tem por objetivo auxiliar a emissão de documentos e


formulários relativos à exportação de bens e produtos permitindo um total
controle do desembaraço aduaneiro e uma perfeita integração com o Siscomex.

Entre estes diversos documentos e formulários gerados pelo Sistema de


Exportação, destacam-se:

• Invoice;
• Shipping Instruction;
• Packing List;
• Certificado de Origem-FIESP;
• Certificado de Origem-Mercosul;
• Certificado Aladi;
• Form-A;
• Acordo de alcance parcial;
• Saque cambial;
• Carta remessa de documentos;
• Aviso de embarque.

1.2.8 Importação

O Sistema de Importação trata das informações necessárias para que os pedidos de


compras internacionais sejam realizados, incluindo a emissão em inglês do pedido
de compras e a Licença de Importação (LI) integrada ao sistema governamental com
alimentação automática das informações necessárias ao licenciamento de
mercadorias.

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O Sistema de Importação possibilita o registro do embarque das mercadorias, o


desembaraço englobando o controle das atividades alfandegárias necessárias à
liberação das mercadorias importadas, o controle financeiro de adiantamento de
numerário ao despachante e a respectiva prestação de contas.

O recebimento de mercadorias importadas, a apuração do custo final das


mercadorias, o fluxo de caixa das importações, Follow-ups, avaliações e
comunicações internacionais são outras funcionalidades oferecidas pelo sistema
de importação.

1.2.9 Gestão Hospitalar

Com o cadastramento de pacientes, tipos de atendimento e a manutenção da


agenda de consultas e cirurgias, o sistema de Gestão Hospitalar efetua uma série
de controles quanto às solicitações e prescrições médicas.

Proporciona o controle de múltiplos convênios incluindo o SUS a partir do cadastro


de convênios com todos os valores de CH´s. Permite a manutenção de tabelas de
preços diferenciados de materiais, medicamentos, taxas, diárias, procedimentos e
honorários para os convênios e, em destaque, as tabelas AMB e CID.

O sistema de Gestão Hospitalar permite também o controle de prontuários de


pacientes e o lançamento de despesas com exames, lavanderia e nutrição.

1.2.10 Medicina e Segurança do Trabalho

A partir de um conjunto de informações cadastradas e a programação automática


dos exames de avaliação clínica incluindo a convocação também automática dos
funcionários para a realização dos exames, o Sistema de Medicina e Segurança do
Trabalho permite o perfeito planejamento, acompanhamento e execução de todas
as atividades necessárias para orientar a medicina e segurança no ambiente de
trabalho através de uma série de relatórios, mapas e gráficos.

1.2.11 Plano de Saúde

Para manter uma boa qualidade tanto no atendimento ao cliente quanto ao


atendimento ao credenciado, o sistema de Plano de Saúde mantém uma série de
funcionalidades que auxiliam o controle da execução dos procedimentos médicos,
consultas médicas e exames. Estas funcionalidades baseiam-se nas informações
cadastradas a respeito dos credenciados (médicos, hospitais, clínicas e
laboratórios) e os associados com seus dependentes.

É necessária a parametrização para inclusão de tabelas dinâmicas de eventos tais


como AMB´s, Brasindice, Ciefas entre outras.

Para possibilitar um melhor suporte na área comercial, o Sistema de Plano de Saúde


permite, além dos cadastros convencionais, o cadastramento dos vendedores

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internos e externos, regiões de atuação, formas de pagamento, alçadas para


liberação de propostas, simulação de vendas/prospects, metas mensais/anuais e
dados sobre o mercado/concorrência.

Em relação ao acompanhamento dos contratos/beneficiários, o sistema de Plano de


Saúde permite a compra de carências, atualização de preços, renegociação de
dívidas, abono de juros além do fornecimento de informações sobre a quantidade
média de atrasos, dia de pagamento médio, perfil dos clientes, entre outras.

1.2.12 Controle de Direitos Autorais

O principal objetivo deste módulo é oferecer subsídios tanto na administração


como no efetivo controle de obras culturais considerando o seu lançamento
através de diversas edições. Permite um eficaz controle dos contratos dos direitos
autorais devidos a elas.

Entre as suas funcionalidades, o Controle de Direitos Autorais permite o


acompanhamento financeiro dos contratos incluindo adiantamento de pagamento,
prestação de contas, apuração dos pagamentos e a apuração dos acumulados.

O controle de licenciamento e licitação também é tratado nesta vertical, através de


diversas consultas e relatórios.

1.2.13 Gestão de Concessionárias

A gestão de concessionárias é um completo sistema que auxilia na administração


de concessionárias sob três diferentes abordagens:
• Peças;
• Oficinas e Frotas;
• Veículos.

O módulo de autopeças permite a montagem e desmontagem de Kit´s de peças e o


orçamento integrado com emissão de notas concatenando funções para facilitar o
trabalho de venda balcão ou televendas.
Em se tratando da área comercial, o módulo de autopeças possibilita um melhor
atendimento através do controle de peças bloqueadas por defeito, reserva de peças
para venda futura e parametrização de períodos de garantia.
Em relação à integração, o módulo de autopeças facilita a entrada dos dados dos
catálogos das montadoras e os pagamentos eletrônicos por intermédio de cartões
de crédito.

O módulo Oficina e Frotas possibilita o acompanhamento e gerenciamento dos


orçamentos de peças e serviços integrados eletronicamente com as Ordens de
Serviço enquadrados em escalas de trabalhos de 24 horas por dia.

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O controle das frotas pode ser realizado para proporcionar um melhor custo
beneficio através da manutenção de veículos por correção e prevenção incluindo
um efetivo acompanhamento dos componentes dos veículos.

1.2.14 Gestão Hoteleira

A gestão hoteleira reúne diversos quesitos. Desde a necessidade de divulgação dos


serviços oferecidos por um Hotel ou uma Pousada, como também controlar o fluxo
funcional de sua real atividade.

Podemos imaginar, desde a construção de uma bela e eficiente página na internet,


à participação nas redes sociais, como todo controle partindo do check in ao
checkout, passando pelo controle de reservas, tempo de permanência, serviços
solicitados durante a estadia e até mesmo o controle eletrônico do frigobar e do
sistema de telefonia e internet.

Lembrando que neste processo o cliente é bastante exigente e, por isso, é


necessário estabelecer controles, com base em um CRM, padrões de qualidade e
ampla oferta de serviços, que provoquem o retorno de antigos hóspedes.

Enfim, no mercado surgem a cada dia novos Sistemas Verticais, mesmo porque há
sempre alguém criando um novo modelo de negócio. Este capítulo visa apenas dar
uma visão geral.

No Case do Chaveiro, as funcionalidades dos módulos básicos são tratadas de


forma mais prática e detalhada, porém, para que os conceitos aqui tratados sejam
mais facilmente compreendidos, bem como a real abrangência de uma solução ERP,
nada como uma narração esportiva com base em um fluxo representativo, já que o
futebol está na alma do brasileiro e através dele nada se torna monótono. Vamos a
ela.

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1.3 Radiação

Figura 1.12 Fluxograma geral do ERP.

Abrem-se as cortinas, começa o espetáculo e sai jogando o cliente.

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Figura 1.13 Geração de pedido.

Ele faz o pedido de vendas. O jogo promete. É feita a liberação do crédito de forma
eletrônica nas principais entidades do mercado. Passa pelo Serasa, passa pelo SPC
e aprova o pedido. Vai para a liberação de estoque. Se for contra-entrega, emite a
nota fiscal e despacha a mercadoria para o Cliente.

Figura 1.14 Planejamento das necessidades de materiais.

Se for por encomenda, vai para o PCP. É o planejamento e controle da produção.


Parte das previsões de vendas e projeta o estoque. Executa o MRP I. É o Material
Requirement Planning, o Planejamento das Necessidades de Materiais.

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Figura 1.15 Fluxo do Processo de Compras.

Explode a estrutura. Gera as ordens de produção. Para as matérias-primas faz as


solicitações de compras. Se for produto importado, já integra com o Siscomex. Vê a
cotação do dólar. As cotações de compras são enviadas, via Internet, para os
fornecedores.
Os fornecedores recebem, dão os preços, as condições de entrega e de pagamento.
O sistema negocia, pechincha e obtém o melhor preço. Faz o e-procurement. Emite
o pedido de compra e o manda para frente. O fornecedor recebe, sofre dura
marcação do followup. Planeja, produz, carrega o caminhão e descarrega a
mercadoria para o seu destino. É o Supply Chain Management, funcionando de
verdade.

Figura 1.16 Supply Chain Management.


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39 TEORIA DO ERP

Vem o Recebimento, pega o material, passa pelo Controle de Qualidade e coloca-o


no estoque de matéria-prima, e olha a integração já sendo feita em tempo real e
automaticamente. Atualiza os livros fiscais, o Pedido de Compra e inclui o título no
Contas a Pagar. E olha lá, até o lançamento contábil já é feito de forma automática
e inteligente.

Figura 1.17Fluxo da etapa de produção.

O material entra rachando no estoque. Vem à requisição, por trás, rouba a


mercadoria, coloca no chão de fábrica. Vem o MRP II. Entra na jogada. É o
Manufactoring Resource Planning. Faz a carga máquina. Aloca os recursos. Minuto
a minuto, operação a operação. Ninguém fica parado. É todo mundo se mexendo. A
produção rola macia. Vai entrando no estoque de produto acabado. Tem até coletor
eletrônico, controlando o processo.

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Figura 1.18 Lançamento contábil automático.

E tudo sai valorizado e contabilizado pelos custos standard e real. A depreciação é


calculada pelo Ativo Fixo; a mão-de-obra, pela Folha de Pagamento e pelo Ponto
Eletrônico. Até os custos indiretos são rateados pela contabilidade.

Figura 1.19Integração dos Processos Vendas X Financeiro.

Volta, agora, o faturamento. Ele tem o produto, prepara, emite a nota fiscal e
manda a mercadoria para o cliente. É logística que não acaba mais.
A duplicata vai para o Contas a Receber, que passa o título para o banco via CNAB.
Ninguém põe a mão na bufunfa, o banco recebe, quita o título, faz o depósito e
devolve a informação para o sistema.

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41 TEORIA DO ERP

Figura 1.20Fluxo Financeiro.

E vai enchendo a bola do caixa! É dinheiro que não acaba mais, mas vem o contas a
pagar e estraga a festa. Choca-se com o contas a receber e emite o fluxo de caixa.
Tá sobrando, tá faltando. É feita a simulação. Paga, recebe, quita,aplica, financia e
resgata.
Compara o real com o orçamento e durma-se tranqüilo com um controle destes.
Mas o financeiro não pára. Manda os lançamentos para a contabilidade que recebe-
os livre e avança sozinha pela direita. Não tem ninguém na marcação! Passa pelo
razão, passa pelo balancete, dá um drible no diário e um chapéu no fiscal. Centra.
Na área.

A bola vai na cabeça do Sigaeis – Executive Information System. Vem o


DataWarehouse, faz tabelinha com o Workflow, pega os resultados , consolida,
sintetiza, analisa e entrega de bandeja para os diretores. Eles recebem, se reunem,
decidem, analisam ...tô sentindo o cheiro do gol, chutou ééééé........gooooool.
A torcida explode de emoção, mas....o que houve??

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42 TEORIA DO ERP

Figura 1.21 Consolidação de resultados.

Não, não foi gol, o juiz anulou. Ele deu lucro, muito lucro para as empresas que
usam a solução ERP. E olha lá o placar no Morumbi: Receitas 10 x Despesas 0.
É 100% de aproveitamento.

(Fim da radiação)

Este cenário é sem dúvida o sonho de todo administrador de empresas que hoje
sofre o impacto de novas tecnologias, principalmente as originárias da Internet que
revolucionam todo o processo, tornando-o cada vez ainda mais eficiente, rápido,
econômico e indispensável.

1.4 Como a Internet se Integra às Soluções de ERP


A Internet faz com que o ERP ultrapasse, em termos sistêmicos, as fronteiras da
empresa integrando-a cada vez mais com seus clientes, fornecedores, governo,
bancos e funcionários.
A Internet transformou o mundo em uma imensa rede em que todos têm acesso a
todas as informações de todas as empresas ligadas à rede. Tudo respeitando, é
claro, dados sigilosos e dentro de um esquema de segurança que não traga
prejuízos a ninguém.
A palavra de ordem é a conectividade. De sua mesa de trabalho você se comunica,
negocia, compra, vende e se informa. Não importa onde esteja seu interlocutor, em
seu bairro, em sua cidade, do outro lado do país ou do mundo.
Explorando estes recursos, algumas novas aplicações ligadas ao ERP ganharam
força: CRM, Call Center, e-commerce, Supply Chain e apoio logístico.

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43 TEORIA DO ERP

1.4.1 CRM – Customer Relationship Management (Gestão do


Relacionamento com os Clientes)

Se antigamente, nos tempos das velhas lojinhas e armazéns de esquina, podia se


dizer que o dono do estabelecimento comercial conhecia profundamente cada um
de seus fregueses, suas necessidades, seus desejos e sua capacidade financeira e
dava a cada um, atendimento especial, o mesmo não se pode dizer dos tempos
atuais, em que as grandes redes de varejo tratam-nos friamente como um simples
cliente a mais, na verdade um código cadastrado e ativo em suas vastas bases de
dados.

Com novos recursos o CRM veio para mudar esta situação, mesmo porque aquele
cliente que antes não era tão exigente passou, agora, a ser mais cortejado e
assediado por fortes esquemas de marketing, esquemas estes baseados exatamente
nos próprios recursos da Tecnologia. O CRM restaura o atendimento one-to-one,
onde aquelas necessidades, desejos e capacidade financeira passam a fazer parte,
de forma organizada e rapidamente acessível, daquelas mesmas bases de dados
que agora se propõem a ter mais informações que não apenas o “valor faturado” e
a “data da última compra”.
Um exemplo típico de CRM está presente em algumas redes de supermercados.
Disponibilizando um simples cartão, que também facilita o processo de pagamento
dos clientes, tem ele na verdade a finalidade de permitir o armazenamento de
todas as compras de cada cliente, em quantidade, código, data e valor de cada
produto adquirido. Assim, em uma próxima promoção, o marketing será muito
mais dirigido e eficiente, pois será feito com base neste conhecimento.
A venda não se resume à simples digitação do pedido e à conseqüente emissão da
nota fiscal e do boleto. Envolve o tele-marketing, a pré-venda, o suporte pós-venda,
a assistência técnica, o histórico das últimas compras, o controle das pendências
enfim, o direcionamento e atendimento personalizado do cliente.

1.4.2 Call Center


Para realizar parte destas tarefas utiliza-se o CTI – Computer Telephone Interface
– que disponibiliza a integração da rede de telefonia com terminais de
computadores.
O Call Center, que utiliza esta tecnologia, além de direcionar chamadas
telefônicas, acessa as bases de dados de sistemas ERP. Assim por exemplo, um
cliente pode telefonar e questionar sobre a disponibilidade de um item, a situação
de suas contas ou a efetiva data de entrega de um pedido pendente. Utilizando o
teclado do telefone como meio de entrada, e tendo por trás um programa que o
dirige através de uma gravação pré-formatada, o sistema acessa, depois de receber
os códigos devidos, as informações no banco de dados. Concluída a pesquisa,
monta a frase resposta, composta de uma seqüência de palavras previamente
gravadas. A URA, Unidade de Resposta Audível, que funciona à semelhança de uma
rotina de edição por extenso, monta o texto sonoro que é editado pela linha
telefônica. Assim, aqui vão alguns exemplos:
— Seu pedido número 123456 será entregue no próximo dia 10 de junho.

— O produto 654321, sulfato de sódio, está com disponibilidade de 100 kilos


para entrega imediata.
— Seu saldo devedor é de 5 mil reais, referentes aos boletos números 1234 e
2345, com vencimento para os dias 12 de maio e 20 de maio.

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44 TEORIA DO ERP

O Call Center permite este atendimento, bastante personalizado, sem que para tal
haja necessidade de um atendente presencial e o serviço pode ser disponibilizado
24x7, ou seja, 24 horas do dia, 7 dias da semana. É claro que hoje é muito mais
comum o funcionamento do Call Center ainda com a intervenção de um atendente.
Mas mesmo nestes casos ele já conta com forte apoio do sistema em seu trabalho
de suporte por telefone.

1.4.3 e-commerce e Supply Chain Management (SCM)


O comércio sempre procurou agilizar o processo de venda de mercadorias. Seja
pela troca de documentos, via telex ou fax, seja através de EDI –Eletronic Data
Interchange— onde empresas de comunicações viabilizam a compatibilidade entre
registros transmitidos pela rede. A própria venda postal, via catálogos, ou os
programas de shopping que proliferam nas emissoras de televisão são um
prenúncio de que este tipo de comércio não presencial ou à distância funciona.
Uma primeira forma mais avançada de comércio surgiu com as montadoras de
veículos e as redes de supermercados, que exaustivamente planejam e replanejam
suas encomendas que são colocadas em suas vastas redes de fornecedores,
acessando diretamente suas bases de dados.
É natural que a sua prática é mais fácil no caso de compras sistemáticas, onde
existe um contrato de fornecimento que estabelece as condições básicas de compra
e venda; nos casos de “commodities” com produtos de mesma origem e qualidade
e ainda na aquisição de materiais de consumo e preços assemelhados. É o B2B,
Business to Business.
O comércio eletrônico teve seu início, na verdade, com o surgimento das páginas
com interfaces gráficas na Internet. Envolve não somente a venda em si, como
também o marketing, a logística de entrega, o pagamento, o suporte pós-vendas e
assistência técnica e principalmente a integração com as soluções ERP das
empresas envolvidas. É o B2C, Business to Consumer.
Oferta para um mercado mais amplo, redução no ciclo de vendas do produto (a
Heineken conseguiu reduzir este ciclo de 3 meses para 4 semanas), redução de
custos, especialmente com a eliminação de estoques e de instalações tradicionais,
facilidade da operação (pode ser feita sem sair de casa, a qualquer momento),
velocidade nas comunicações, são algumas das vantagens básicas do comércio
eletrônico.
E temos ainda o Market Place, onde várias empresas ou mesmo pessoas colocam
seus produtos a venda em determinado site. Possibilita o C2C, Cosumer to
Consumer. É o ápice da concorrência, pois o cliente tem frente a frente na tela
preços e condições de vários fornecedores de um mesmo produto. Atuam no setor
siderúrgico (e-steel.com), agrobusiness (agrosite.com), construção civil
(construservice), alimentício (mercador.com) e muitos outros.
No que tange às mudanças que o comércio eletrônico proporciona, podemos
destacar:
Preços dinâmicos, administrados pelo próprio sistema, onde por exemplos
produtos perecíveis, como alimentos, ou que se exaurem como tickets de viagem e
de eventos esportivos e artísticos ou ainda diárias de hotel vão se alterando a
medida que se aproxima a data fatal.
Produtos passíveis de reprodução e distribuição digital como CDs musicais,
softwares, livros, revistas e jornais, games, filmes, cursos apresentados nos sites
de educação à distância, produtos financeiros como a compra e resgate de títulos,
serviços bancários e outros mais terão uma forte redução em seus preços em
função da eliminação de uma série de custos existentes no processo tradicional.
Isto fora a questão da tributação, atualmente sendo bastante discutida pelas
autoridades.
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45 TEORIA DO ERP

A possibilidade de uma abrangente pesquisa de preços em todos os sites que


oferecem o produto solicitado faz com que haja uma tendência de convergência de
valores, pois um preço fora do padrão praticamente retira o produto do mercado.
Para garantir ao menos parte da fidelidade, programas de milhagem oferecem cada
vez mais vantagens àqueles que compram sempre da mesma fonte.
O leilão eletrônico, nas suas variadas formas, tem sido também um mecanismo
bastante utilizado em determinados sites da Internet. Assim a eBay, pioneira de
leilões, tem hoje 2,4 milhões de itens. E não são apenas quadros, joias, obras raras
ou outros produtos com preços incertos que lá são encontrados. Criou também um
sistema de pontuação entre os maiores vendedores do site, baseado nas
experiências dos compradores, com o objetivo de reduzir fraudes ou negócios com
conseqüências negativas. O e-commerce funciona tanto no B2B - Business to
Business (Neogrid, Pedido Perfeito), como no B2C - Business to Consumer
(Submarino, NetShoes, Amazon), como no C2C –Consumer to Consumer (Mercado
Livre).

Alguns sites oferecem produtos tradicionais, mas cujos preços flutuam de acordo
com a oferta e a procura, ao estilo de um leilão contínuo. É o mesmo espírito da
Bolsa de Valores, onde os preços de ações sobem e descem à medida que
compradores e vendedores fecham seus negócios.

O leilão invertido funciona de forma inversa ao leilão tradicional. O comprador


informa o que necessita e os vendedores apresentam o seu preço. O comprador
pode inclusive estipular o valor máximo. É usado para a compra de passagens
aéreas, carros, diárias de hotel etc.
Procurando ganhar no poder de compra, alguns sites estão possibilitando que
várias empresas se unam, mesmo sendo concorrentes, no momento da compra, em
especial para a aquisição de materiais de consumo. Assim, os compradores
colocam suas necessidades e o site tenta obter o melhor negócio fazendo a
pesquisa na própria rede (e-procurement).
Um dos grandes problemas do comércio eletrônico é ainda o da conectividade de
software, ou seja, a possibilidade de se eliminar os intermediários neste processo.
Assim, as antigas empresas de EDI, que antes da Internet proviam o serviço de
comunicações, ainda hoje têm sua utilidade, transformando-se em canais
eletrônicos, compatibilizando a troca de dados (pedidos, notas fiscais, avisos de
pagamento, posições de estoque, etc.) entre clientes e fornecedores, mesmo que os
sistemas de ambos sejam totalmente incompatíveis. A ASSESPRO-SP, Associação
das Empresas Brasileiras de TI, Software e Internet, lançou um boletim no qual
propõe um formato padrão para COTAÇÃO E PEDIDO DE COMPRAS. A ideia é que, à
semelhança do formato CNAB, adotado pelos bancos para a troca de títulos, todas
as soluções de ERP, conversem entre si através deste formato, dispensando o
trabalho do intermediário. O formato XML (usado na NF-e) e mais recentemente as
APIs flexibilizam este procedimento. Os primeiros campos são preenchidos pelo
comprador. Os demais pelo fornecedor.

COTAÇÃO
01 - número da cotação do comprador
02 - quantidade de itens
03 - CNPJ/CPF do comprador
04 – nome do comprador
05 – contato no comprador
06 – telefone do comprador
07 – endereço do local de entrega
08 – e-mail do comprador
09 – número da cotação no fornecedor

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46 TEORIA DO ERP

10 – CNPJ do fornecedor
11 – nome do fornecedor
12 – contato no fornecedor
13 – telefone do fornecedor
14 – e-mail do fornecedor
15 – data de emissão da cotação
16 – data da resposta
17 – data de validade da cotação
ITEM_nnn
41 – código do produto no comprador
42 – código do produto no fornecedor
43 – descrição do produto
44 – quantidade solicitada
45 – quantidade ofertada
46 – unidade de medida
47 – preço à vista
48 – tipo de moeda
49 – preço à prazo
50 – despesas acessórias em valor
51 – despesas acessórias em porcentagem
52 – porcentagem do ICMS
53 – porcentagem do IPI
54 – porcentagem do ISS
55 – condição de pagamento
56 – data de entrega
57 – observações
58 – FOB ou CIF
TOTAL
71 – somatória dos preços à vista
72 – despesas acessórias em valor
73 – despesas acessórias em porcentual
COMPLEMENTO
Para a efetivação do Pedido são acrescentados os seguintes campos na seção
COTAÇÃO, campos que se destinam principalmente à emissão da nota fiscal.
18 – número do pedido no comprador
19 – código do comprador no fornecedor
20 – inscrição estadual
21 – inscrição municipal
22 a 26 – endereço de faturamento
27 a 31 – endereço de cobrança

A adoção deste formato padrão tem o objetivo de dinamizar o comércio eletrônico,


especialmente entre o comércio e seus fornecedores (indústrias e distribuidores).
Mas são os estabelecimentos comerciais tradicionais que ainda terão as melhores
possibilidades de incrementar suas vendas através da rede. A Amazon.com é um
exemplo marcante, pois saindo na frente em um mercado favorável a este tipo de
comércio – livros todo mundo compra, a quantidade de títulos é absurdamente
grande e o seu transporte pode ser feito via postal – conseguiu aproveitar as duas
maiores vantagens do comércio eletrônico: não mantinha estoque próprio e não
tinha estabelecimentos físicos. Hoje, tem seus próprios armazéns para garantir a

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47 TEORIA DO ERP

pronta entrega, onde os estoques são bastante elevados. Muitos outros sites, neste
ou noutro setor, como remédios, sucumbiram, pois os fabricantes e distribuidores
não se arriscaram a supri-los, com receio de destruir a rede física, montada à custa
de anos de sacrifício.
Há de se citar também que o comércio eletrônico apresenta suas desvantagens, as
quais devem, de qualquer forma, serem consideradas: elimina o prazer social da
compra, a interação física com o produto, principalmente nas primeiras aquisições,
a espera necessária, por vezes demorada ou pelo menos fora do prometido, já que
o processo de entrega nunca será perfeito, o alto custo do transporte para itens
pesados e volumosos e o receio quanto à segurança, em especial quando o
pagamento é feito através do cartão de crédito.
Uma solução interessante que está sendo adotada por algumas empresas consiste
em eleger uma rede de lojas tradicionais, presente nos mais remotos pontos do
país, que servem como “depósito de entrega” dos produtos vendidos na Internet.
Assim, o comprador se compromete a retirar o produto em local não muito
distante de sua residência e, em troca, só faz o pagamento no ato da entrega.
Também o processo de Cotação de Compra pode ser automatizado, seja ele restrito
a alguns fornecedores ou aberto a todas as empresas fabricantes ou fornecedores
do produto solicitado. O NCM (Nomenclatura Comum de Mercadorias) poderia, se
fosse mais explícito, ajudar bastante nesta tarefa. Já o EAN (código de barra)
funciona bem, mas tem o detalhe que mesmo produtos idênticos, mas de
fornecedores diferentes, tem EAN diferentes pois estes fazem parte do código. O
QR Code, que tem bem mais dígitos, talvez resolva esse problema.

1.4.4 Apoio Logístico

A área de logística de fornecimento tem o objetivo de estreitar o relacionamento


entre clientes e fornecedores, promovendo uma redução de custos operacionais e
do tempo necessário para a aquisição de produtos, cuidando principalmente da
entrega da mercadoria.
Este processo envolve desde a otimização das cargas dos caminhões e suas rotas
até o seu completo rastreamento através de equipamentos GPSs. Com eles é
possível detectar qualquer fuga de rota do veículo e travar a abertura de suas
portas caso sua localização não esteja dentro dos pontos pré-estabelecidos.
Sua situação exata e o conteúdo sempre são conhecidos, devido à transparência da
operação logística. A tecnologia é essencial na administração da cadeia de
abastecimento de hoje. A forma como se gerencia o processo do ponto de
produção até a chegada ao local de destino, faz a diferença. O setor de varejo é um
dos maiores beneficiários das técnicas melhoradas da cadeia de abastecimento
global que pode atender tantas necessidades exclusivas do setor. Estes benefícios
incluem prazo confiável para atender a demandas sazonais e promocionais e
estabelecimento do preço com frete incluso, rápido e eficiente, propiciando
entrega antecipada de mercadorias nas lojas. Sem dúvida, com isto fica facilitada a
adoção de uma política just-in-time em toda a cadeia de distribuição. Para ilustrar
um exemplo, imagine um fabricante de roupas de moda que fornece a centenas de
clientes no mundo inteiro. A partir do momento que os pedidos são colocados, é
instalado um sistema de administração do fornecedor para monitorar o progresso
do pedido. Se o prazo não será atendido, o varejista é alertado com antecedência
suficiente para tomar uma ação alternativa. Uma vez recebido o produto acabado,
este pode ser expedido do modo mais efetivo, freqüentemente em cargas
consolidadas. Esta é exatamente a flexibilidade que o comprador deseja a
princípio. O cenário alternativo em alguns setores de bens de consumo é a técnica
de “postponement” (retardamento), onde as opções de produtos se mantêm
flexíveis e são completadas o mais tarde possível na cadeia de suprimentos. Por
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48 TEORIA DO ERP

exemplo, no setor de vestuário, os artigos não tingidos poderão ser trazidos do


extremo oriente desembarcados na Europa e tingidos localmente, para atender à
demanda. Da mesma forma, alimentos de determinadas marcas poderão ser
estocados num local central e em seguida, serem distribuídos a outros países. Esta
abordagem, onde uma empresa de logística agrega valor aos produtos entre a
colocação do pedido e a entrega final é uma das mudanças no setor.
Um dos grandes incentivadores dessa nova forma de relacionamento da cadeia
logística é o ECR (Resposta Eficiente ao Consumidor). Trata-se de uma solução em
que indústria, distribuidores e supermercados trabalham em conjunto para tornar
a cadeia de distribuição mais ágil, reduzindo os custos totais do sistema, estoques
e bens físicos, proporcionando maior satisfação e valor ao consumidor. Já
praticado nos países desenvolvidos, o CPFR é considerado o próximo passo do
ECR. Trata-se de um sistema baseado no planejamento colaborativo. No CPFR, os
elos da cadeia estão em constante troca de informações. Analisando em conjunto
fatores como picos de venda e períodos de retração, é possível fazer previsões de
consumo e, com isso, evitar desperdícios e reduzir custos.

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49 TEORIA DO ERP

Capítulo 2

Evolução da Tecnologia
Objetivos do aprendizado

Oferecer uma descrição da evolução da tecnologia de sistemas computacionais. Essa descrição


abrange as características dos bancos de dados, os conceitos básicos de linguagens convencionais
e Orientadas a Objeto, sistemas operacionais, redes, web services, tabletes, smartphones,
cloudcomputing, datacenter e big data.

Palavras-chave

Orientação a Objetos, Linguagens de Programação, Sistemas Gerenciadores de Banco de Dados,


Integridade Referencial, Constrains, Controle de Transação, Multiusuário, Internet, Segurança de
Dados, Assinatura Digital.

A tecnologia tem evoluído de forma exponencial. Muita coisa mudou desde a


época das primeiras máquinas, na década de 1940 e 50, seja com programas
registrados em painéis que podiam ser configurados através do remanejamento
dos cabos (pegas) e os primeiros computadores com memória onde se pode
carregar a cada processamento um programa diferente, até hoje, onde a partir de
um dispositivo, seja ele um notebook, um iPad, um Smartphone, pode-se acessar e
atualizar uma base de dados localizada em qualquer parte do mundo.

Na época do IBM-1401 e depois o IBM/360, o processamento era tipicamente batch,


seqüencial e procedimental. Batch porque era feito em lotes. Os movimentos que
iriam atualizar os cadastros eram “planilhados” para serem perfurados em cartões
e depois de classificados, eram mergeados com os cadastros, e seqüencialmente,
geravam os arquivos atualizados. Tudo em cartões perfurados! A partir destes,
imprimiam-se os relatórios que eram entregues aos usuários finais em suas mesas
de trabalho, por vezes distantes do “aquário” onde se situava o sofisticado Centro
de Processamento de Dados. Os programas eram procedimentais, pois uma vez
lançados, tratavam os dados de acordo com a seqüência de suas instruções, sem
interferência do usuário, até o final do processamento.
As linguagens mais comuns eram o Assembly, Cobol, PL1, Fortran, RPG, Pascal e
o onipresente C.

O Acesso Direto aos dados, no final dos anos 60, permitiu um tratamento mais
flexível, pois os registros armazenados podiam ser atualizados sem uma prévia
classificação. A busca por um acesso direto cada vez mais rápido fez com que
surgissem várias tecnologias: índices auxiliares, que indicam em qual trilha do
disco se encontra um determinado registro ISAM (Index Sequencial Access Method),
estruturas hierárquicas, onde os registros de uma mesma família, como títulos de
um mesmo cliente ou componentes de um mesmo produto, são amarrados entre si
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50 TEORIA DO ERP

através de um campo que contém o endereço de seu “filho” ou “irmão”, áreas de


overflow, localizadas no meio do arquivo para manter os dados em seqüência
mesmo após algumas novas inclusões, e até a gravação do registro no endereço
correspondente à sua chave, como ocorria nas primeiras versões do Basic para
micro computadores.

A década de 70 foi marcada pelo inicio do tele-processamento. Terminais remotos


ligados à unidade central, seja localmente, sejam através de linhas telefônicas
permitiam que a partir de uma estação IBM-3270 (mais tarde substituídas por
microcomputadores) se atualizasse e consultasse os dados gravados no mainframe
central. Estações “burras”, pois todo o processamento era feito no central,
deixando para elas apenas o controle do teclado e a edição dos resultados. De
qualquer forma havia se atingido o processamento on-line, ou seja, em tempo real
e os sistemas de reserva de passagens podem ser considerados os ícones desta
nova era.

2.1 Banco de Dados


A evolução do Acesso Direto levou-nos aos sistemas de Banco de Dados (DBMS
Data Base Management System ou SGBD Sistemas Gerenciadores de Banco de
Dados). Desde as versões mais simples, como o Access da Microsoft, o DBF da
Ashton-Tate/Borland/Nantucket/CA/Fox, o Dataflex da Data Access, Paradox da
Borland, entre outros, até as versões com padrão SQL - Structured Query Language,
que na verdade já existiam desde a década de 70, mas apenas para mainframes. No
SQL os arquivos não são exclusivamente controlados pelos programas. Há todo um
conjunto de rotinas - stored procedures, gatilhos ou triggers e metadados (arquivos
com informações sobre o próprio Banco) que controlam os dados e evitam a
ocorrência de qualquer tipo de perda, incorreção ou duplicação de informações. As
principais vantagens do SQL podem ser resumidas no seguinte:

1. Integridade Referencial: assegura a existência de registros referenciados


em outras tabelas. Assim, por exemplo, jamais teremos um pedido sem o
cliente estar cadastrado da mesma forma que não se consegue deletá-lo
enquanto existir um pedido em aberto. É claro que isto exige uma
normalização das tabelas, ou seja, que cada registro tenha uma chave
primária ou código exclusivo e é ele o elo entre os dois arquivos.

Figura 2.1 Integridade referencial.

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51 TEORIA DO ERP

Neste caso o Cliente cuja chave é 00010 precisa estar cadastrado quando da
implantação do Pedido e não pode ser deletado enquanto existir o Pedido. O
mesmo com o Vendedor 21 e o Produto 00501. O próprio controle do Banco
de Dados não permite a quebra desta Integridade Referencial. Em certos
casos é permitida a deleção em cascata, onde a exclusão do Cliente leva
consigo a exclusão de todos os seus Pedidos, Títulos, Faturas, etc.

2. Restrições ou Constrains: De forma análoga, pode-se definir no próprio


Banco expressões que obrigatoriamente são respeitadas,
independentemente dos programas que o atualizam. Por exemplo, a
expressão Saldo do Estoque > 0, impediria a existência de um saldo
negativo.

3. Controle de transação: nenhuma atualização de registros em disco é


interrompida no meio do processo. Ou grava tudo ou não grava nada. Este
conjunto de atualizações é definido no programa por um begin e um end
transaction. Se houver um problema durante a transação, o Banco volta à
situação original dos arquivos, permitindo um processo de retomada
seguro.

Figura 2.2 Controle de transações.

4. Acesso multiusuário: controle que permite várias estações acessarem a um


mesmo registro simultaneamente, sem que haja perda de informação.
Quando dois ou mais usuários tentarem atualizar simultaneamente um
mesmo registro a partir de uma estação, pode-se ou bloquear (lock) o seu
acesso enquanto perdurar o processo, o que de certa forma degrada o
sistema ou fazer um refresh antes da segunda atualização de forma que a
primeira não seja perdida. Neste caso também há o lock, mas somente
durante alguns milisegundos.

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52 TEORIA DO ERP

Figura 2.3 Multiusuário.

5. Segurança dos Dados: Senhas de autorização de acesso, métodos de


gravação em disco, back-up automático e on-line e log das atualizações são
mecanismos que garantem a privacidade de acesso e evitam perdas ou
duplicações de registros.

6. Stored Procedures e Gatilhos (triggers): Rotinas desenvolvidas pelo


usuário e armazenadas no próprio Banco fornecem um processo mais
seguro e, via de regra, mais rápido, pois independem do programa que faz
a movimentação. O gatilho difere da stored procedure, pois sua execução é
automática a partir de um evento (inclusão, alteração ou deleção no
Banco), enquanto a stored procedure é lançada via programa.

Estes recursos caracterizam a arquitetura Cliente-Servidor, pois aliviam o


processamento na estação (cliente), transferindo-o para o Servidor. No entanto,
sobrecarregam muito o Banco de Dados e muitos processos tiveram a desagradável
surpresa de, após sua implantação, ficarem extremamente lentos devido à entrada
de uma quantidade acima do previsto de estações remotas.

Figura 2.4 Cliente servidor.

Os principais Bancos de Dados disponíveis no mercado são o Oracle Database, o


MySQL, que também é da Oracle, mas tem versões gratuitas, o SQL Server da
Microsoft, o DB2 da IBM, o PostgreSQL (software livre), e o InterBase da Borland.
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53 TEORIA DO ERP

2.2 Microinformática
No início da década de 80 tivemos a revolução da microinformática. Com recursos
limitados, pouca memória, lentos e pouco espaço para armazenagem de dados,
sistemas operacionais CP/M e depois DOS e linguagens como Basic e Assembly, os
primeiros microcomputadores foram questionados por todos que trabalhavam nos
equipamentos de grande porte e nos modernos minicomputadores nacionais
(Cobra, Labo, Edisa, SID e Sisco, entre outros), frutos da Reserva de Mercado que se
instalara no país. Foi o surgimento do PC-IBM (Personal Computer), em 1983, que
possibilitou verdadeiramente o processo de downsizing, ou seja, a transferência de
grandes sistemas em mainframes para os micros.
E para tal não se podia pensar em fazer todo o processo em um único micro, ou
mesmo em um conjunto deles, mas totalmente desconectados entre si. Até que
houve tentativas deste tipo, fazendo-se a transferência de dados através do
transporte físico em disquetes. Mas foram as Redes que definitivamente
resolveram estes problemas. Inicialmente pensou-se no mais óbvio. Simplesmente
conectar-se os micros através de cabos, cada um armazenando parte dos dados,
mas todos acessando os vários discos espalhados pela rede. Era a rede peer-to-
peer, que ainda apresentava a vantagem de uma escalabilidade gradual, pois
bastava acrescentarem-se novas máquinas com discos à medida que aumentassem
as necessidades. Mas esta descentralização de dados não deu certo. Bastava uma
máquina parar e toda rede ficava prejudicada. Em cada uma era preciso ter todos
os controles de I/O (input e output) de dados armazenados, o que consome muitos
recursos de memória e processamento e era impossível coordenar todos os
arquivos do aplicativo, espalhados pela rede. Amplus e Novell foram às empresas
que mais investiram nesta solução, econômica, porém altamente instável.

A alocação de um Servidor dedicado foi a próxima solução. Reserva-se uma única


máquina, no máximo uma segunda para espelhamento de dados, para gerenciar e
manter toda a base de dados. As estações ficam com o processamento e controle
de teclado e tela, o Servidor armazena os dados. O Clipper, da Nantucket/CA e
sucessor do Dbase, foi quem se sobressaiu nesta época, que se iniciou em 1987
com a versão Summer e só teve sua trajetória interrompida com a chegada do
Windows, da Microsoft, já em meados da década de 90, depois de uma sofisticada
Versão 5, ainda DOS, e que continha comandos e recursos agora já bem
comparáveis aos velhos mainframes. E até com uma pincelada de Windows, através
do Five-Win, biblioteca espanhola, que dava ao Clipper funções gráficas de extremo
bom gosto.

2.3 Windows
Windows é um sistema orientado a eventos. É gráfico, portanto o desenvolvimento
é visual. Além disso, as linguagens disponíveis são orientadas a objeto.
Contrariamente ao que ocorre com a programação procedimental, onde a seqüência
das ações é controlada pelo programa, em Windows, quem controla esta seqüência
é o usuário, através do mouse. Com ele é possível clicar qualquer botão ou campo
habilitado na tela e a resposta tem que ser específica para aquele evento. Windows
envia ao programa uma mensagem, comunicando-lhe sobre o evento. Tratado o
evento, o programa devolve o comando para o Windows. Windows pode,

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54 TEORIA DO ERP

grotescamente, ser considerado uma super aplicação enquanto que os programas


são meras sub-rotinas que estão sob seu controle.
O fato de ser gráfico faz com que boa parte dos programas sejam desenvolvidos de
forma Visual, ou seja, ao invés de escrever-se código fonte, insere-se os
componentes na tela a partir de uma janela de CLASSES. Os componentes criados
são os OBJETOS, instancias das Classes. Customiza-se os Objetos alterando-se suas
propriedades e métodos. É a OOP – Object-Oriented Programming (Programação
Orientada a Objetos). A partir deste trabalho é gerado um código fonte, que pode
ou não ser modificado. Mas a programação Visual resolve apenas parte dos
problemas de uma aplicação: telas, controles, menus, relacionamentos, etc. A parte
de procedimentos, ou seja, as regras de negócios precisam ser escritas na forma
tradicional.

Em Windows, programar o que é simples é muito fácil, mas o que é complexo é


exponencialmente mais difícil. O Visual Basic, da própria Microsoft, o Delphi, da
Borland e o Visual Object, pretensioso sucessor do Clipper, da Computer
Associates, foram às primeiras linguagens que despontaram neste ambiente. Mais
tarde e já na mira de oferecer alternativas ao Windows, veio o Java. Junto com ele o
Linux, sucessor do Unix, eterno rival do DOS e ameaça ao próprio Windows.

Vejamos sua evolução:

Windows 1.0 - 1985


Dez anos depois da fundação da Microsoft por Bill
Gates e Paul Allen, a empresa lança o Windows. Em
1987, a Microsoft começa a vender o Windows 1.0. Em
vez de digitar comandos no MS-DOS, primeiro sistema
da empresa, basta mover o mouse, apontar e clicar
sobre as janelas. São lançados com ele o Paint, o Writer
e o Notepad.

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55 TEORIA DO ERP

Windows 2.0 - 1987

Com suporte a gráficos melhorado, é possível sobrepor


janelas, ajustar a visualização e usar atalhos de teclado
para acelerar o trabalho.

Windows 3.0 – 1990

Tem 16 cores e ícones aperfeiçoados. Uma nova onda de PCs


386 ajuda a impulsionar a popularidade do software, instalado
com disquetes que vêm em grandes caixas com manuais de
instrução difíceis. Três anos depois, a empresa se volta para o
mercado empresarial, com o Windows NT 3.1, de 32 bits, uma
plataforma de negócios estratégica que suporta os mais
avançados programas técnicos e científicos.

Windows 95 – 1995
Tem funções multimídia. Surge a barra de tarefas do menu
Iniciar, e os botões minimizar, maximizar e fechar em cada
janela. Comerciais com os Rolling Stones cantando "Start Me
Up" turbinam o sucesso da Microsoft. Surge o primeiro
navegador Internet Explorer.

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56 TEORIA DO ERP

Windows 98 – 1998
A maior novidade desta versão era a completa integração do
sistema operacional com a internet utilizando o Internet
Explorer 4. Introduziu o sistema de arquivos FAT-32 e começou
a introduzir o teletrabalho (só foi possível devido à integração
da Web). Melhorou bastante a interface gráfica e incluiu o
suporte a muitos monitores e ao USB. Mas, por ser maior do
que o Windows 95 e possuir mais funções, era também mais
lento e mais instável.

Windows 2000 ou Windows ME – 2000


Microsoft oferece o Windows Millennium Edition (ME), com
melhorias em música, vídeo e rede. O software traz o
Windows MovieMaker e o Windows Media Player 7 para
mídias digitais. Aparece o recurso de restauração do sistema.
No mesmo ano, o Windows 2000 Professional é projetado para
substituir o Windows 95, o Windows98 e o Windows NT. O
sistema simplifica a instalação de hardware, inclui dispositivos
de rede e sem fio avançados, suporte a dispositivos USB,IEEE
1394 e infravermelhos.

Windows XP – 2001

Em duas versões, Home Edition e XP Professional, o sistema foi


redesenhado com suporte a 25 idiomas e navegação pelo
menu Iniciar, barra de tarefas e painel de controle mais
intuitiva. O Windows XP teve várias edições: XP 64-bit Edition
(2001), XP Media Center Edition (2002) e XP Tablet PC Edition
(2002).

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57 TEORIA DO ERP

Windows Vista – 2007


Windows Vista é apresentado, com design mais bonito, nova
barra de tarefas e bordas mais desenhadas em torno das
janelas. Lançado em 35 idiomas, recebeu críticas negativas e
teve lenta adoção pelas empresas.

Windows 7 – 2009
O sistema recebe boas críticas, o que ajuda a superar a má
impressão causada pelo Vista. Muitos consumidores e
empresas passam diretamente do Windows XP para o
Windows 7. Melhorias para a barra de tarefas incluíram a
visualização em miniatura.

Windows 8 – 2012
De olho no mercado de dispositivos móveis, a Microsoft lança
o Windows 8 e o seu próprio hardware de tablet, o Surface.

2.4 Redes
Mas voltando às redes, um grave problema ainda persistia. O fato de praticamente
todo o processamento ser realizado na estação e o servidor ser um mero
repositório de dados fazia com que fosse intenso o tráfego na rede. Razoável em
redes locais – LAN (Local Area Networks), onde a velocidade de transmissão logo
atingiu 10 mega bits por segundo (mbps), mas extremamente lenta quando
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58 TEORIA DO ERP

utilizava as linhas telefônicas, a no máximo 9,6 kbps. O processamento remoto


exigia uma série de soluções alternativas, como o Metaframe e o Cisasync, que por
serem complexas, não resolviam todos os problemas. O Metaframe simula uma
estação local escrava do terminal remoto, usando para isto um servidor de
comunicação e o Cisasync faz o espelhamento de dois servidores remotos,
mantendo-os atualizados, e cada um atendendo as estações de sua localidade.

Por outro lado, a arquitetura cliente-servidor caminhava a passos largos


impulsionada pelo progresso e, principalmente, pelo barateamento das soluções
SQL. Oracle, IBM, Sybase, Borland pressionadas pela agressiva entrada do SQL
Server da Microsoft, também baixavam seus preços e viabilizaram a arquitetura
para a microinformática. Processamento centralizado com servidores robustos e
estações leves, por vezes disk-less, ou seja, sem discos de alta capacidade, já
pensando na multiplicidade de novos e simples dispositivos de acesso, lembrando
as antigas configurações de mainframes com seus terminais burros. Mas as Stored
Procedures do SQL ainda não eram a solução perfeita.

Incompatíveis entre si, trabalhosas em seu código e sobrecarregando o Servidor de


Dados forçaram mais um desmembramento. Surgia o Servidor de Aplicações que
forma, juntamente com a Estação e o Servidor de Dados, a arquitetura de 3
camadas (3-thiers) depois expandida para multicamada (multi-thier) com o
desmembramento dos Servidores de Aplicação. Cada um cuidando de uma parte da
aplicação, sendo que neles pode-se programar em qualquer linguagem. É o inicio
de uma forte tendência para a distribuição de carga do processamento denominada
computação de grade (OGSA – Open Grid Services Architecture).

Figura 2.5 Evolução da comunicação dos computadores.

Houve também uma evolução no hardware das máquinas, passando de 8 bits,


depois para 16, 32 e agora 64 bits. O Windows acompanhou esta evolução,
conforme surgiam novas versões, conforme visto acima.
As principais diferenças para o usuário e o programador que esta evolução traz são
as seguintes:
Nas arquiteturas de 16 bits havia a restrição de páginas de memória de até 64k.
Isto gerava a necessidade de segmentação dos programas em overlays de até 64k,
além da restrição de espaço de variáveis também de 64k. Estes problemas
deixaram de existir a partir das arquiteturas de 32 bits.
Outro problema encontrado nas arquiteturas de 16 bits era o fato de poderem
trabalhar com multitarefa, porém não de forma preemptiva. Isto significa que o
próprio processo era o responsável por sinalizar o Windows, na versão 3.1, que o
seu tempo de processamento acabou podendo ocasionar o travamento de todo o
sistema caso um processo estivesse, por exemplo, em looping.

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59 TEORIA DO ERP

A alocação da memória era outro fator que poderia ocasionar o bloqueio de todo o
sistema no caso de um determinado processo tentar invadir o espaço de memória
reservado para outro processo.

Com a versão do Windows para 32 bits estes problemas foram solucionados. A


alocação da memória deixou de ser realizada através de páginas de 64k,
possibilitando uma alocação integral da memória. A partir desta versão, o Windows
passou a ser um sistema multitarefa preemptivo e incorporou um recurso para a
proteção da memória que não permite a alocação de espaços reservados. A
proteção de memória passou a gerar os conhecidos erros GPF (tentativa de invasão)
apenas para o processo que tentasse alocar um espaço de memória já reservado,
preservando a execução dos demais processos.

2.5 Orientação a Objetos


Com as novas versões do Windows e a distribuição do processamento, a
Programação Orientada a Objetos ganhou força. Uma boa definição para Objeto
seria: é um conjunto de Propriedades e Métodos herdados de uma Classe. No
fundo, uma forte evolução das antigas Funções, visando estruturar cada vez mais o
trabalho de programação, aumentando sua eficiência e qualidade através da
reusabilidade e do encapsulamento.
Os dados de um Objeto são suas propriedades e as rotinas e funções seus métodos.
Por exemplo, as propriedades de uma janela ou um botão ou um campo são a sua
cor, tamanho, tipo de fonte, borda, fundo, etc. Os métodos são as rotinas que
exibem a janela, a escondem, avançam ou retrocedem um registro, atualizam um
registro, fazem um cálculo, etc. Os métodos são funções ou procedimentos, mas
com uma diferença. Os métodos estão sempre amarrados a uma Classe. O fato é
que se pode ter dois métodos com o mesmo nome em uma única aplicação com
procedimentos diferentes. É claro que ao evocá-lo menciona-se o nome do objeto.
A partir da Classe é que se gera um Objeto. A Classe em si não é executada. É como
se fosse uma planilha vazia. Para executar uma classe, gera-se antes, a partir dela,
um Objeto, ou seja, uma Instância da Classe. O Objeto gerado passa a dispor dos
mesmos Métodos e Propriedades da Classe. Pode-se então alterá-las de acordo com
as necessidades.
Da mesma forma, em determinadas linguagens, pode-se criar uma nova Classe
herdada de outra já existente. Muda-se então uma determinada Propriedade ou um
determinado Método, e ela passará a trabalhar de forma diferente. É o mesmo
Método, porém alterado e válido desta forma para os objetos herdados desta
última classe. O exemplo do celofane explica bem como isto funciona. Tem-se um
documento original e sobre ele colocam-se novos celofanes, de modo que se vê
todos os tópicos do primeiro. Ao escrever-se uma alteração sobre este último
celofane tem-se uma nova visão, onde se herdou tudo do primeiro, mas
adicionaram-se as alterações do último. E assim vai-se criando uma hierarquia de
classes, cada uma delas herdando as propriedades e os métodos de suas
antecessoras. A esta característica de um Método, com um mesmo nome trabalhar
de forma diferente, dependendo da Classe a que pertence, é que se dá o nome de
Polimorfismo, que significa “aquele que apresenta muitas formas”.
Por outro lado um Método somente altera as propriedades do Objeto a que
pertence. Isto para tornar o processo mais seguro e independente, ou seja, uma
vez que um Objeto está funcionando dificilmente terá problemas por interferência
externa. Por vezes esta mudança na forma de programar torna-se mais trabalhosa,
mas o esforço compensa. É o que se chama Encapsulamento.

A Programação Orientada a Objetos nem sempre é bem compreendida e um dos


motivos são os inúmeros termos usados pelos autores de livros para a mesma
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60 TEORIA DO ERP

entidade. Assim a palavra Classe é chamada por vezes de Componente, Modelo,


Protótipo, Abstração. A palavra Objeto é substituída por Instância, Componente,
Filho da Classe, Substantivo. A palavra Propriedade por Variável, Atributo,
Característica, Dado, Adjetivo, Especificação, Entidade ou Valor. Método por
Procedure (Procedimento), Função, Rotina, Comando, Verbo, Ação, Seletor.

Um exemplo de OOP (Object Oriented Programming) seria o caso de um sistema de


Faturamento, onde temos para cada Estado do Brasil um cálculo diferenciado do
ICMS. Provavelmente a rotina CalculaICMS será evocada em vários pontos do
sistema e na programação tradicional em cada um deles deveria haver uma
seqüência de desvios condicionais, ou seja comandos “IFs”, para definir qual
função deveria ser acionada, já que é necessária uma para cada Estado. Na OOP, já
teríamos, de início, uma facilidade na criação dos 27 objetos diferentes, pois pelo
recurso da herança, apenas as partes diferentes é que teriam que ser codificadas e
o que fosse igual seria herdado. No sistema, em sua abertura, em uma única
seqüência de desvios condicionais, se determina qual o objeto/Estado que deve ser
evocado ao se chamar, nos vários pontos do sistema, CalculaICMS. Se surgir um
novo Estado, basta criar uma nova Sub-Classe e alterar o sistema em um único
ponto.

2.6 Segurança e Internet


Uma das conseqüências da Internet é a preocupação cada vez maior de assegurar a
privacidade dos internautas. A verdade é que em troca dos acessos aos milhões de
sites ao redor do mundo e envio e recebimento de e_mails, a Internet é um
processo bastante vulnerável e o que temos a fazer é nos proteger com as
ferramentas disponíveis.

Senhas, criptografia, assinatura digital, firewall, programas específicos e


dispositivos de hardware é o que há de disponível.
A senha nada mais é do que um código definido pelo usuário ou pelo próprio
sistema e que é comparado a cada vez que é feito o primeiro acesso. É importante
entender que a senha transita pela rede criptografada, ou seja, cada dígito é
trocado com base em um algoritmo de modo que se alguém interceptá-la não
conseguirá identificá-la. Da mesma forma ela é gravada no sistema, impedindo que
alguém a descubra acessando os arquivos de senhas. Estes algoritmos são somente
de ida e para alguém descobri-lo é preciso fazê-lo por tentativa e erro, o que pode
levar anos.

CERTIFICADO DIGITAL
O processo da Assinatura Digital, obtido através de um Certificado, tem como
objetivo comprovar que um determinado texto não foi alterado no seu caminho e
que foi enviado pelo proprietário ou representante da empresa e é conhecedor da
chave privada. Ao terminar de editar o texto é calculado um hash do documento,
que é um conjunto de bytes bem menor que o texto original, o que torna o
processo de decifrar mais rápido. Junto com a chave privada é criada a assinatura,
uma string cifrada suficientemente longa que torna impossível obtê-la
aleatoriamente.
O cálculo do Hash do documento é feito através de um algoritmo com base nos
valores de cada dígito do texto. Em princípio nunca se repete e qualquer mudança
no texto, mesmo a inserção de um espaço em branco, o altera. O texto em si não é
cifrado. Junto com a chave privada é criada a assinatura, uma string cifrada
suficientemente longa que torna impossível obtê-la aleatoriamente. Esse conjunto
de bytes é a assinatura desse documento.
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Cada certificador tem seus próprios algoritmos e ninguém tem acesso a ele. Por
isso o cálculo da Assinatura é feito nos computadores da Certificadora. Quando o
documento chega ao seu destino são feitas duas verificações. Primeiro se o
documento não foi alterado, verificando se o Hash está correto. Por outro lado,
cada usuário, armazena em um órgão certificador, que pode ser uma entidade do
Governo ou uma empresa de fé pública, a sua chave pública. Ela está relacionada
com a chave privada, pois através de um algoritmo consegue, juntando o Hash do
documento com a chave pública obter a Assinatura e assim verificar se ela bate
com aquela enviada no documento. Se não bater, algo está errado. Salvo pedido
expresso do emitente, qualquer pessoa tem direito de pedir a chave pública de
quem enviou o texto. Por isso é importante guardar-se junto com o documento o
seu Hash (na NF-e ele está sempre presente) e não divulgar a ninguém a sua chave
privada.
Um exemplo hipotético: imagine o hash AC e a chave privada 5. Suponha que o
algoritmo considere que cada letra equivale à sua posição no alfabeto, logo 1 e 3,
que a chave privada é 5 e o cálculo que ele faz é simplesmente somar tudo. Logo a
assinatura seria 9, ou seja 1+3+5. Chegando ao destino o cálculo a ser feito será a
soma dos dígitos mais a chave pública multiplicado por -1. Logo a chave publica
deste usuário seria (-13), pois (1+3-13)*-1=9. Tanto a assinatura como o hash são
strings longas, o que dificulta ainda mais a fraude. As Autoridades Certificadoras
(AC) atualmente homologadas no Brasil são a Certsign, Serasa, Caixa Econômica, PR
e SRF todas elas filiadas ao ICP Brasil.

Tanto o sistema de senhas como o de assinatura digital perdem seu efeito caso o
usuário permita que a senha ou a chave privada caia nas mãos de pessoas
indesejáveis. Isto considerando que a chave pública é fácil de ser obtida. Pode-se
restringir a distribuição da chave pública, ou seja, o certificador somente a entrega
para quem o usuário determinar, reduzindo com isto o risco de fraude.

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A Chave Privada pode ser fornecida de duas formas: A1 ou A3. O A1 é mais prático,
pois a Chave é armazenada no Servidor de onde saem os documentos. Neste caso a
segurança depende do acesso ao sistema, que é protegido por senha.
O A3 é um cartão magnético semelhante a um cartão de crédito. Se perdê-lo é
preciso cancela-lo. O cartão é lido pela máquina de onde estiver o usuário, através
de um dispositivo apropriado.
O Certificado Digital tem prazo de Validade. Uma vez expirado precisa ser refeito.
Vencido o prazo, não se consegue emitir novas assinaturas. Porem assinaturas
geradas dentro do prazo de validade podem ser recebidas mesmo depois de
vencido o prazo do certificado.

O sistema de Assinatura Digital também pode ser utilizado para verificar a


autenticidade de programas e arquivos, evitando que pessoas desautorizadas o
alterem. É usado, por exemplo, no sistema do Voto Eletrônico.

OUTROS MECANISMOS DE PROTEÇÃO


Para impedir o acesso aos arquivos de sua máquina, a ação vai depender se ela está
conectada diretamente a um provedor ou se ela faz parte de uma rede local na
empresa. No caso da rede, o servidor de comunicação deve fazer o trabalho de
proteção, dando acesso apenas a usuários que fazem parte da tabela de
autorizados.
As páginas da Internet que são lidas por sua máquina podem conter, além dos
textos e das imagens, rotinas de programas. São os Active X, Java Scripts, VB
Scripts, Applets e Java Beans e são elas que podem “espionar” sua máquina,
enviando a informação a um determinado destino. Esta rotina pode se hospedar em
sua máquina e de lá enviar informações como quais programas e dados constam de
seus arquivos, quais procedimentos você operou ou que páginas são mais
acessadas. Os Spywares, por exemplo, podem até apresentar páginas de produtos
concorrentes em sua tela toda vez que for acessado determinado site.
Também sistemas ou programas adquiridos seja via download, seja via CD ou
disquete, podem conter funções que uma vez instaladas em sua máquina podem
acessar a base do fabricante do software e verificar se o registro e os pagamentos
estão em dia. Caso negativo o programa poderia, por exemplo, autodestruir-se.
A Internet tem como mecanismo básico para o seu funcionamento o endereço IP.
Trata-se de um número de 12 dígitos, formado por 4 blocos de 3 dígitos cada . Ex:
200.250.100.120. Este número é controlado por organismos nacionais e
Internacionais, ICANN, a nível mundial; FAPESP a nível nacional (para a Ásia é a
Apnic, para a América do Norte é a Arin, para a Europa e África a Ripe e Latnic para
a América Latina). Os endereços de IP definem cada ponto da grande rede. A nova
tendência são os endereços dinâmicos, alterados a cada acesso.
Já os Domínios são os nomes dados aos sites armazenados nos milhões de
provedores espalhados pelo mundo. Ex: tieducacional.com.br , onde a primeira
parte identifica seu proprietário, o segundo o tipo de entidade (.com para
empresas, .gov para governo, .org para outras instituições, .edu para universidades
e escolas, etc.) e o terceiro, o país de origem (.br para Brasil, .uk para reino unido e
sua ausência indica que a origem é norte-americana).
Cada página do site tem seu próprio nome, colocado após uma barra
(tieducacional.com.br/índice é o nome da primeira página deste site). Pode-se
acessar diretamente uma página, caso se digite seu nome completo. A URL
(Uniform Resource Locator) contém além do nome do domínio do site também o seu
Protocolo, como prefixo. Http:// para as páginas convencionais, FTP:// para
arquivos que podem ser lidos e descarregados (downloads), Https:// para as
paginas seguras e por fim o e_mail (mailto:) que tem em seu endereço o nome do

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usuário proprietário seguido da sigla @ (de at em inglês que significa onde) e o


domínio do provedor ou de sua empresa se tiver um domínio próprio.

2.7 Web Services


Uma nova tecnologia muito utilizada são os Web Services. Web Services são
serviços, pagos ou não, oferecidos na Internet onde uma determinada aplicação
pode receber de outra uma informação requerida. Para tornar esta comunicação
versátil entre aplicativos escritos, não só por empresas diferentes, mas em
linguagens e plataformas desiguais, criou-se um protocolo padrão denominado
XML.
O XML é um formato onde cada campo ou informação é precedido e sucedido de
seu nome entre os caracteres < e >, sendo que o posterior tem uma barra antes do
nome. Esse conjunto chama-se tag. Exemplo:
<proprietario> João </ proprietario>
<endereco> Rua Tupi 765 </endereco>
<peso> 75 </peso>
Neste caso, por exemplo, o fato do peso estar em quilos e não em libras já está pre-
determinado pelos analistas envolvidos em ambos os sistemas, ou seja, ambas
aplicações precisam estar sincronizadas nesta troca de informações.
Além das informações do aplicativo propriamente dito, numa mensagem XML são
também enviados metadados que dão a ela segurança e consistência, como
endereços de origem e destino, formato dos campos, qual deve ser o retorno,
regras do conteúdo. É a WSDL (Web Services Description Language) que define este
formato.
Alguns exemplos de Web Services que estão disponíveis na Internet:
1. Ao se enviar um CPF para o site da Receita Federal recebe-se como resposta
o nome da pessoa e sua situação perante o Imposto de Renda.
2. Ao site do Banco Central, a cotação do dólar naquele momento.
3. À Bovespa, a cotação de ações de empresas.
4. A posição de estoque de um determinado produto em determinada
empresa.
5. A situação de um pedido de compra, de um pagamento, de uma ordem de
produção.
6. Informações Comerciais.
7. Dados Cadastrais.

O Web Service também pode ser enviado para atualizar uma tabela.

E uma forma mais moderna de se fazer essa comunicação entre diferentes


sistemas são as API – Application Programming Interface, onde se atualiza e
consulta dados de outra aplicação praticamente como se estivéssemos dentro
de nosso próprio ambiente. Mas antes disso é preciso que essas APIs sejam
desenvolvidas.

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2.8 Hoje vivemos online!


As novas tendências levam as organizações a terem a maior possibilidade de
divulgação e acesso às suas informações de interesse, bem como, permitir aos seus
colaboradores que façam parte de ciclo de comunicação.

Fazer uma boa e eficaz gestão depende diretamente de informações e resultados


vindos das principais áreas da empresa, porém dados estes que garantam
confiabilidade, segurança, objetividade para que a tomada de decisão seja a mais
assertiva possível.

Redes sociais, aplicativos, dispositivos eletrônicos e de comunicação, são recursos


indispensáveis para que a interação e ação possam acontecer. A isso chamamos
MOBILIDADE!

Surge em função disso um novo termo: ERP SOCIAL. Esse modelo conecta as
informações antes tratadas somente no conceito ERP Tradicional, com informações
da internet, das redes sociais ou internas da corporação, a fim de alimentar com
dados consistentes e atualizados a base de dados da empresa, podendo assim
conhecer as preferências de seus clientes, ter acesso às informações relacionadas a
fornecedores, concorrentes, necessidades do mercado, permitindo que ajustes,
melhorias ou alterações ocorram em seus processos e também que esses dados
possam ser compartilhados com outras empresas.

Isso gera entre as empresas maior conectividade e compartilhamento permitindo a


realização de uma gestão colaborativa.

O ERP SOCIAL utiliza a computação convencional juntamente com a social (redes


sociais) criando internamente nas empresas uma maior sinergia, conectando
diferentes áreas e processos.

Por outro lado a computação em nuvem se tornou uma forte tendência, pois
possibilita a redução de custos nos projetos de implantação de sistemas e permite
que a pequena e média empresa possa ter ferramentas de gestão.

Este cenário de PMEs (Pequenas e Médias Empresas) vive um momento parecido


com o que ocorreu no passado com as grandes empresas. A busca por boas
ferramentas de controle para gestão, capacitação profissional, desenho de
processos com base em metodologias aplicadas e utilização de softwares que
sejam reconhecidos no mercado sem que tenham que continuar a fazer seus
controles em planilhas ou softwares de prateleira.

Costuma-se dizer que vivemos a era “i” (leia “ai”)...

IPad, IPhone, IPod, Itunes ... produtos da Apple Inc. Mas existem outros fabricantes,
como a Samsung, LG, Motorola, Xiaomi, Sony, Nextel, entre outros, que também
oferecem esses equipamentos.

Vamos conhecer um pouco sobre cada um desses equipamentos.

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2.9 Tablet

Figura 2.6Exemplo de um Tablet.

Em português, Tablete, é um dispositivo, para acesso a Internet e uso pessoal, com


formato semelhante a uma prancheta. Também é comum seu uso para organização
de fotos, vídeos e bastante utilizado para leitura de livros, jornais e revistas e
jogos. Os primeiros modelos utilizavam uma caneta especial para o acesso aos
aplicativos e arquivos, os modelos atuais possuem a tecnologia sensível ao toque
da mão (touchscreen).

Não tem a complexidade de um computador, mas tem praticamente as mesmas


funcionalidades. Rodam com sistema operacional Android1 e Windows 82, ou seja,
se assemelham mais ao smartphone do que aos computadores (notebooks e
desktop).

Android é um sistema operacional baseado no núcleo do Linux. O núcleo do Linux


é um dos exemplos mais proeminentes de software livre, pois pode prover alicerce
para o desenvolvimento e execução de outros softwares livres para dispositivos
móveis, desenvolvido pela Open Handset Alliance, liderada pelo Google e outras
empresas.

Windows8 é um sistema operacional da Microsoft para computadores pessoais,


portáteis, Netbooks e Tablets. É o sucessor do Windows7. Segundo a empresa, este
sistema operacional será um sistema para qualquer dispositivo, com uma interface
totalmente nova, adaptada para dispositivos sensíveis ao toque.

2.10 IPad

Figura 2.7Exemplo de um IPad.

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O IPad é um tablet que foi desenvolvido e fabricado pela Apple Inc., lançado em
janeiro de 2010.

Tem funções análogas ao iPhone pois também utiliza o sistema operacional IOS.
Com o avanço da tecnologia os novos modelos apresentam processadores com
maior autonomia e recursos mais ricos para as câmeras.

2.11 MacBook

Figura 2.8 Exemplo de um MacBook.

É um modelo de Notebook da Apple, cujo sistema operacional é o Mac OS X


Leopard. Possui várias configurações, sendo todos equipados com
microprocessadores da Intel, como o Core 2 duo. Nos EUA, por exemplo, é muito
utilizado nas instituições de ensino.

2.12 Smartphone

Figura 2.9 Exemplo de um Smartphone.

Smartphone ou telefone inteligente. Possui recursos bastante avançados através de


configurações em seus sistemas operacionais que permitem ao usuário configurar
aplicativos e acesso a redes sociais. Possuem GPS integrado, bem como, câmeras
para foto e vídeo, editores de texto, planilhas eletrônicas e podem inclusive
monitorar uma corrida ou caminhada, controlando tempo, distância, velocidade,
simultaneamente permitindo que o usuário ouça suas músicas preferidas.

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2.13 iPod

Figura 2.10 Exemplo de iPod.

iPod é uma marca registada da Apple Inc., e tem como funcionalidade o áudio
digital.Os aparelhos que formam a família iPod oferecem ao usuário uma interface
bastante simples, centralizada no uso de uma roda que pode ser acionada com
clicks. O modelo iPod Classic tem maior capacidade de armazenamento de mídia,
possui um disco rígido acoplado. Outros modelos utilizam uma memória chamada
flash. Como a maioria dos tocadores portáteis digitais, ele também pode servir
como armazenador de dados, quando conectado a um computador.

2.14 Computação em Nuvem

Figura 2.11Modelo de funcionamento da Computação em Nuvem.

A computação em nuvem (cloudcomputing) nada mais é do que, através da


Internet, rodar-se um sistema nos computadores de um DataCenter. O que mais
identifica a computação em nuvem é que o recursos do DataCenter são
disponibilizados sob demanda. Isso significa que o usuário só paga o diferencial de
recursos, como memória, máquina ou espaço em disco se utilizá-lo. O DataCenter
tem grande capacidade, e faz a distribuição para quem a necessita naquele
momento. Com isso sistemas que tem picos decorrentes de uma alta demanda
esporádica não tem problemas de lentidão ou insuficiência de hardware para
atender seus usuários. E seu custo é proporcional a essa demanda.

As principais vantagens da computação em nuvem:

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Boa parte das atualizações dos softwares são feitas de forma automática, pela
própria equipe técnica do DataCenter;

O compartilhamento e acesso a arquivos corporativos se tornam mais ágeis e


fáceis, pois tudo está no mesmo lugar;

O acesso a softwares e dados pode ocorrer a qualquer hora, de qualquer lugar, pois
é raríssima a queda do sistema no DataCenter. Os dados são espelhados,
normalmente em outros locais;

Diminuição de manutenção de softwares e troca e manutenção de hardware, já que


as grandes manutenções ficam a cargo do DataCenter;

Vale salientar ainda que há uma diferença entre computação na nuvem e um


sistema tipicamente web. Um sistema web roda no navegador (Internet Explorer,
Firefox, Chrome, etc.), não necessitando que nenhum plug-in (programas que
fazem a ponte entre a aplicação e a maquina que a está interpretando) seja
instalado na estação do usuário. E a instalação de plug-ins nem sempre é
autorizada em computadores de uso público, pois gera riscos de ataques que
podem corromper os dados ou acessar dados indevidos. Nem todos os APPs dos
smarthphones são aplicações web. Boa parte deles rodam independentemente de
uma conexão com um servidor. E um sistema também pode ser considerado web,
sem rodar no navegador, mas neste caso é preciso de um plug-in.

2.15 DataCenter

Figura 2.12 DataCenter doFacebook em Prineville, Estados Unidos.

É um local onde estão centralizados, equipamentos, softwares e aplicativos


diversos, meios de conectividade, processos de segurança para que
processamentos e armazenamentos de dados, de uma, ou de diversas empresas
possam ser realizados.

São projetados para serem extremamente seguros, abrigam milhares de servidores


e o volume de processamento de dados é gigantesco, tudo isso dentro de um
padrão internacional .

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A segurança obrigatoriamente tem que ser física e lógica, pois as empresas que
contratam os seus serviços alocam ali o seu maior patrimônio, que é a sua
informação.

Possuem piso elevado, para que todo cabeamento (elétrico e de dados) fique
resguardado, os próprios racks, onde os equipamentos são montados e alocados
para que esse ambiente tenha total controle e segurança.

Figura 2.13 Interior de um DataCenter em Tampa, Estados Unidos.

Em questão de segurança, há sistemas inteligentes para detecção de fumaça,


extinção de incêndios, inclusive de gás inerte, para não colocar em risco os
equipamentos.

O acesso ao seu interior, por porta eclusa, ocorre por biometria, ou cartões
eletrônicos.

Além de energia convencional, fornecida por uma concessionária, eles tem


geradores de energia próprios, com alta capacidade e transmissão ininterrupta.
Dispõe de tanque de óleo diesel que lhes dá uma autonomia de energia por vários
meses.

O ar condicionado precisa manter a temperatura estável, para resfriamento dos


equipamentos, com constante monitoramento.

E principalmente tem todo o seu conteúdo “espelhado”, ou seja, duplicado em


outro local físico (normalmente bem distante do local original e muitas vezes em
outro país). Assim, mesmo nos casos de incêndios, terremotos, vandalismos ou
outras tragédias, o conteúdo é preservado. Até hoje, não existe um caso sequer de
perda de dados em DataCenters. Nem a Amazon, nem a Google, por exemplo,
informam em qual DataCenter os dados estão armazenados e nem mesmo onde
eles se localizam fisicamente. Tudo em nome da segurança.

As normas da Associação das Indústrias de Telecomunicações (AIT) são as mais


utilizadas, especificamente a norma AIT 942 que estabelece a classificação de
segurança Padrão TIER de 1 a 4.

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2.16 Opções de Conexão

Existe uma anedota que diz que a Pirâmide de Maslow foi alterada. Se antes ela
pregava que as sete necessidades básicas do ser humano eram alimentação,
segurança, saúde, um certo conforto, reconhecimento social e outras coisinhas
mais, agora a mais importante de todas é a disponibilidade de uma conexão Wi-Fi.
Sem ela não dá pra viver!

O Brasil avançou bastante, mas ainda há muito que fazer. Principalmente para as
empresas, que nem conseguem mais faturar se não houver internet. A NF-e, as
cobranças, as vendas, as informações, o SPED, tudo depende da rede.

Existem basicamente três formas de acesso: cabo, 3G e satélite. A rede a cabo,


presente hoje em praticamente todas as cidades, aproveitou a estrutura da
telefonia e da energia elétrica (postes, torres e tubulações subterrâneas) para sua
expansão. Inicialmente utilizando cabos coaxiais, agora fibras óticas, muito mais
rápidas e seguras. Uma vez atingido o prédio da empresa, o acesso aos
computadores depende da estrutura interna. Via de regra o cabo ou a fibra chega a
um roteador que distribui a internet no prédio através de cabos RJ45 (normalmente
de cor azul) que são plugados nos computadores de cada pessoa.

O Wi-Fi nada mais é do que um prolongamento desta estrutura, que propaga o sinal
recebido através de access points (antenas) estrategicamente localizados. Em
lugares públicos a estrutura é semelhante e quanto mais access points houverem
maior é a possibilidade de se ter um bom sinal edm todo o prédio. Cada access
point atinge equipamentos localizados a no máximo 60 metros e isso depende
inclusive da existência dos obstáculos (paredes, portas, etc). Para utilizar uma rede
Wi-Fi normalmente é exigido a digitação de uma senha, pois seu proprietário paga
pela sua utilização e quanto mais pessoas a acessarem mais lenta fica a conexão. O
principal fornecedor deste tipo de rede são a NET e a Embratel, parceiras da Claro e
a GVT, parceira da Vivo.

Para locais mais distantes, onde a estrutura física não chega, a solução é o sinal de
Radio. Este chega por antenas maiores, que o recebem de outras antenas, estas sim
ligadas à estrutura central, os chamados Backbones, ligados à rede mundial. O
problema é que essa comunicação depende de “visada”, ou seja, a antena receptora
precisa “enxergar” a antena emitente. A distância não é problema. O destino do
sinal é, da mesma forma, o roteador da empresa.

A outra forma de conexão é a 3G e em breve a 4G. Ela existe devido aos celulares,
essa maravilhosa invenção que transformou nossas vidas. O 3G tem como base
suas antenas espalhadas por todo o país. É totalmente wireless, ou seja, não tem
cabeamento. O sinal vai de antena em antena até chegar ao seu destino e mesmo
que o dispositivo receptor se mova, uma outra antena lhe dá suporte. A distância
entre as antenas varia em média de 5 a 10 quilómetros. Cada provedora de 3G
(atualmente são 4 empresas disputando o mercado: Vivo, Claro, TIM e Oi) tem suas
próprias antenas, o que é incompreensível. Ainda são poucas as antenas
compartilhadas, o que evidentemente aumenta os custos. É o resultado da acirrada
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71 TEORIA DO ERP

concorrência. De qualquer forma hoje vivemos bem com o uso dos celulares. São
poucos os lugares onde não temos nenhum sinal. Mas o sinal 3G para o uso da
Internet não é o mesmo sinal de voz. O sinal da Internet necessita de um IP,
convertido para um endereço de email (ernesto@tieducacional.com.br, por
exemplo) que depois se conecta a um conjunto de dispositivos. Já o sinal de voz
utiliza o numero do telefone. O email, as demais aplicações, em especial o
navegador e tudo mais, funcionam com IP. Já o WhatsApp funciona com o sinal de
voz, depende apenas de um numero de telefone. ???

Para acessar o sinal 3G no computador é necessário um modem. Esse pode ser um


dispositivo semelhante a um pendrive, plugado numa entrada USB ou um modem
mais robusto, que pode ser usado simultaneamente por vários usuários. A conexão
modem-computador pode ser até por cabo, melhorando a transmissão.

E finalmente a conexão por Satélite. A SKY domina esse segmento utilizando sua
estrutura de TV. É lenta, devido à distancia do satélite e funciona precariamente
quando o céu está carregado de nuvens. Mas sem dúvida é a melhor solução para
lugares ermos. Na empresa, a estrutura é semelhante ao cabo e ao 3G.

VELOCIDADE e CUSTO

Como já falamos a concorrência é acirrada. São grandes empresas multinacionais,


com altíssimos investimentos (gastam mais em marketing do que na estrutura
propriamente dita) e querem um rápido retorno financeiro. E o usuário sofre!

Ao adquirir uma conexão veja primeiro em que local você se encontra. Cada
provedor é melhor em determinadas regiões. Assim você será melhor servido se
escolher corretamente. Isso não vale, é claro, se você estiver adquirindo uma
conexão 3G e viaja muito.

A velocidade depende do numero de pessoas que estão acessando aquele canal. E


lembre-se que uma coisa é a velocidade de conexão. Outra é a velocidade da
resposta que você tem ao fazer uma consulta. Esta depende do programa chamado,
que acessa Banco de Dados, faz inúmeros cálculos, enfim processa a informação.
Aí é com o programador! E com o volume de dados.

A velocidade de conexão tem o seu preço. Quanto mais rápida, mais cara. Garantia?
Esquece. E depende também da sua rede interna, a chamada última milha, que as
vezes inclui a conexão da sua rua até um ponto mais central da rede. É que nem o
trânsito. Se você mora longe do aeroporto...não adianta ter um jatinho!

A velocidade é diferente também para upload e download. Upload é o envio de


dados. Download é a recepção. E isso depende do que você está fazendo.

Os preços oferecidos estão vinculados a uma velocidade. Mas a operadora só


garante 10% dessa velocidade. Na hora do pico a velocidade é menor. A noite é
mais rápida.

10 mega....... $ 39,00

20 mega .......$

O preço também depende da quantidade de megabytes que você pode transferir.


Se ultrapassar a quantidade paga-se um adicional.

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72 TEORIA DO ERP

Um link dedicado é mais caro e garante um trafego mais livre, ou seja a operadora
lhe reserva uma faixa exclusiva. É o que o prefeito Hadad fez para os ônibus,
criando as faixas preferenciais.

Opções de Telecomunicação para obter a melhor conexão


com a Internet.

Existe uma anedota que diz que a Pirâmide de Maslow foi alterada. Se antes ela
pregava que as sete necessidades básicas do ser humano eram alimentação,
segurança, saúde, um certo conforto, reconhecimento social e outras coisinhas
mais, agora a mais importante de todas é a disponibilidade de uma conexão Wi-Fi.
Sem ela não dá pra viver!

E claro, logo abaixo dela, bateria! Quem nunca sentiu aquele frio na barriga por ver
o sinal vermelho sinalizando que a bateria está acabando, estando na metade do
caminho para o cliente e o Waze (aplicativo que emula um GPS) sugeriu uma rota
completamente diferente da que você faria?

O Brasil avançou bastante, mas ainda há muito que fazer. Principalmente para as
empresas, que nem conseguem mais faturar se não houver internet. A NF-e, as
cobranças, as vendas, as informações, o SPED, tudo depende da rede.
Quem for um pouquinho mais das antigas (nascidos na década de 80 para trás),
deve se lembrar do irritante barulho do modem lá de sua casa fazendo aquela
conexão com a Internet. Dava para saber se tinha dado certo ou não pelo som.
28.8kbps era a velocidade máxima de cada conexão, velocidade esta permitida pela
tecnologia dos modens da década de 90. Raramente, entretanto, as conexões eram
fechadas nesta velocidade: às vezes 14.4, às vezes 19.2, e porque isto? Porque
basicamente estas conexões usavam a linha telefônica como meio de conexão e
muitas vezes, dependendo do local onde morávamos, estas linhas estavam sujeitas
a infiltrações de água, centrais telefônicas antigas, o que gerava muito, mas muito
ruído.
Mas... 28.8kbps? É isso mesmo? Não tem algo errado? A resposta é: Não. Para se ter
uma idéia, os primeiros provedores de Internet do Brasil possuíam uma conexão
com o Backbone da Embratel que era de 64kbps. Esta conexão era feita através de
um rádio que geralmente ocupava uma parede inteira de uma sala e custava a
bagatela de aproximadamente R$45.000,00 por mês (sim, era o preço da época).

E era assim que tudo funcionava em meados da década de 90. As conexões


residenciais até os provedores sendo feitas somente por linhas telefônicas
discadas e os provedores se conectando à Embratel (que ainda era uma estatal)
através de equipamentos gigantescos!

Mas isto tudo ficou bem para trás em um passado muito distante. Hoje
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73 TEORIA DO ERP

existem hoje várias formas de acesso e tecnologias disponíveis no Brasil. Ainda


não somos o Japão nem a Coréia do Sul, mas nos avançamos bastante neste
quesito.

Hoje já é possível obter planos de diversos provedores diferentes que usam as


mais diversas tecnologias e meios físicos para acesso: Linha Telefônica (mas agora
em uma conexão dedicada, ou seja, constante sem precisar fazer discagem), Cabo,
satélite, telefonia celular, fibras-óticas, rádios dedicados e até pela rede elétrica. E
outros meios de acesso estão sendo estudados constantemente. O Google possui
um projeto onde ele pretende lançar balões no céu para que sejam pontos de
distribuição de conexão. É fácil imaginar o porquê disto tudo, em uma cidade como
São Paulo, por exemplo, temos abundância de fornecedores e por consequência
diferentes meios de acesso, mas como deve ser nas cidades mais distantes em
Manaus ou no Tocantins? E em outros países cuja infraestrutura é muito menos
favorecida?

Assim, através de suas redes e de sua “expertise” inicial, os principais


fornecedores que se estabeleceram e sem mantêm no mercado hoje são: A Net,
cujo serviço utiliza-se da tecnologia de Cabos (originalmente pensada para sinal de
Televisão). A ViVo, empresa do Grupo telefônica, que herdou os serviços do
“Speedy” e hoje oferece acesso à Internet também através da sua rede de Celular
(originalmente pensada para conversas de voz) para tráfego de dados utilizando-se
das modernas tecnologias 3G. A Embratel que possui uma ampla rede de rádios e
satélites e possui serviços privados utilizando-se de linhas dedicadas (geralmente
utilizado por empresas de maior porte) de valores mais altos. A GVT, que montou
uma estrutura espelho à operadora Telefônica e possui uma vasta rede de fibras-
óticas para servir os seus clientes de serviços de telefonia e também de acesso à
Internet. A SKY, que montou sua estrutura baseada na distribuição de pequenas
antenas residenciais, que se conectam aos seus serviços através de satélites
(Originalmente a rede foi pensada para servir sinais de televisão, mas que hoje
também já oferece serviços de telefonia e acesso à Internet). Existem outras
inúmeras opções, como as operadoras de telefonia celular Claro e Tim, a Intelig
que se assemelha à Embratel e à GVT além de provedores regionais ou locais.
O que chama a atenção é que estamos vivendo um momento de total “convergência
digital”, onde um determinado fornecedor oferece uma gama ampla de serviços
que geralmente já incluem: Acesso à Internet, Telefonia Fixa e Televisão. Em
muitos casos, até a telefonia celular entra no pacote. Isto faz com que tenhamos
cada vez mais serviços de melhor qualidade a um preço cada vez mais justo e
acessível. Além é claro, da gama de opções de conexão, mesmo em regiões mais
distantes.
O que possibilitou isto tudo foram avanços nas tecnologias associadas aos
chamados protocolos e serviços TCP-IP (cujos quais são a base de todo o
funcionamento da Internet). Não vamos entrar em muitos detalhes sobre isto (o
assunto é longo, e é tema de outro MBA), mas o importante é que saibamos que
vivemos em um mundo aonde as conexões são todas baseadas em uma única
linguagem (o tal do TCP-IP). No futuro (não muito distante) todos os nossos objetos
também estarão conectados.
O ponto mais importante então para a escolha do seu provedor de Internet está
relacionado à tecnologia que ele utiliza e é claro, à disponibilidade que ele possui
em sua região. Tecnologias como cabo e fibras-óticas que são, do ponto de vista de
meio físico as melhores, não estão presentes em todos os lugares. As tecnologias
baseadas em telefonia celular estão evoluindo muito, porém, também devemos nos
preocupar com as possíveis oscilações que estes sinais podem sofrer (pense que a
qualidade do sinal vai ser semelhante à qualidade que você possui ao falar no seu
telefone celular, se a ligação cai constantemente, assim vai ser a sua internet). O
Acesso à Internet através de satélite deve levar em consideração qual o tipo de
aplicação que irá trafegar na rede: Um pulso elétrico leva em média 250ms para
subir da terra até a órbita e mais 250ms para voltar. O trajeto completo então faz
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74 TEORIA DO ERP

com que as coisas fiquem um pouquinho mais lentas. Assim, aplicações como
acesso à Internet ou download de e-mails, que enviam pequenos pacotinhos de
requisição e que não nos incomodamos em esperar alguns segundinhos para
receber as mensagens ou para ler o conteúdo de nossas páginas, vão bem. Mas se
estamos pensando em utilizar, por exemplo, um sistema na Internet, que envia
muitas informações para o servidor, esta demora pode ser impactante: Imagine
uma pessoa que precisa digitar 100 notas fiscais por dia, com vários itens por
nota, alguns atrasos de segundos podem causar desconforto nos usuários. Este
fenômeno é conhecido como taxa de latência e é muito simples de medir:

Ao acessar o computador, digite em um prompt de comando o seguinte comando:


Ping <endereço de destino> aonde endereço de destino é um endereço válido de
internet. Por exemplo: ping WWW.erpflex.com.br. Este comando retornará algo
semelhante á isto:

Microsoft Windows [versão 6.3.9600]


(c) 2013 Microsoft Corporation. Todos os direitos reservados.

C:\Users\Usuário>ping www.erpflex.com.br

Disparando erpflex.com.br [186.202.132.17] com 32 bytes de dados:


Resposta de 186.202.132.17: bytes=32 tempo=16ms TTL=51
Resposta de 186.202.132.17: bytes=32 tempo=18ms TTL=51
Resposta de 186.202.132.17: bytes=32 tempo=13ms TTL=51
Resposta de 186.202.132.17: bytes=32 tempo=23ms TTL=51

Estatísticas do Ping para 186.202.132.17:


Pacotes: Enviados = 4, Recebidos = 4, Perdidos = 0 (0% de
perda),
Aproximar um número redondo de vezes em milissegundos:
Mínimo = 13ms, Máximo = 23ms, Média = 17ms

Neste caso, note que o tempo de resposta oscilou entre 16ms e 23ms. Este tempo
foi o resultado de um pacote enviado da nossa rede até o provedor onde fica
hospedado o ERPFlex. Um tempo excelente de latência, o que nos garante que
nossa conexão está adequada para acesso ao sistema.

Basicamente então, o meio físico vai impactar em três coisas: Na largura de banda
(Que vai permitir mais usuários acessando pelo mesmo local), neste fator de
latência (que vai garantir uma melhor percepção das aplicações que acessaremos) e
na qualidade do sinal (que pode sofrer oscilações ou ruídos, dependendo do meio).

Quando falamos em largura de banda, estamos falando de basicamente do que os


provedores anunciam como: Taxas de download e taxas de upload. Para elucidar o
que significa cada uma delas, voltemos ao nosso exemplo anterior: Ao acessar uma
página da Internet, enviamos um pequeno pacote para o site que desejamos ver
(este pacote é um pequeno upload solicitando os textos e imagens a serem lidos),
depois disto, vem uma enxurrada através de um download (Textos, imagens e
muitas vezes até vídeos). A mesma coisa acontece quando queremos obter nossos
e-mails (uma pequena mensagem para o servidor: “Me mande meus e-mails” e uma
chuva de mensagens através de downloads). Nestes dois casos, a taxa de download
é o mais importante.
Agora, quando acessamos uma aplicação, um ERP, como é o caso do ERPFlex,
vamos lembrar que para a emissão de uma nota fiscal ou um orçamento, são
requisitados vários dados, que são digitados na tela pelos usuários e enviados para
o servidor. Neste caso, precisamos muito da taxa Upload.
O importante aqui é que, os provedores oferecem basicamente serviços com uma
alta taxa de download e uma baixa taxa de upload. A proporção geralmente gira em
torno de 10% de Upload, ou seja, um link de 10Mbps de Download possui uma taxa
de Upload de 1Mbps. É importante ter em mente a taxa de Upload como o fator
limitador no caso de um uso de um sistema como o ERPFlex. Vamos supor uma
banda de 100kbps para cada usuário (com bastante folga para um bom acesso),
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75 TEORIA DO ERP

teríamos a limitação de 10 usuários simultaneamente para a garantia da qualidade


do acesso
Ou seja, na hora de contratar um provedor, tenham em mente estes pontos e façam
alguns questionamentos para saber se a tecnologia oferecida atenderá os requisitos
básicos para um bom funcionamento dentro de suas necessidades.

Uma forte tendência gira em torno da adoção da telefonia celular uma vez que seu
meio físico é de longe o mais abrangente hoje e o que atinge a maior parte da
população. Dados recentes mostram que o país possui hoje algo em torno de 277
Milhões de aparelhos celulares.
O que permite este uso de dados através da rede celular é, mais uma vez, os
avanços tecnológico. A famosa rede 3G já estabelecida e a promessa da adoção do
padrão 4G.

Dependendo da região e da rede a qual se encontram conectados, os displays dos


smartphones exibem uma das quatro siglas: GPRS, EDGE (geralmente representada
apenas pela letra "E"), 3G ou 4G. Elas correspondem a diferentes protocolos de
comunicação celular - e consequentemente diferentes velocidades de transmissão.
A mais antiga é a GPRS, que significa Serviço de Rádio de Pacote Geral (em inglês,
General Packet Radio Service).
Dentro dessa tecnologia, a velocidade de transferência de dados gira em torno de
40Kbps.

Depois do GPRS, a evolução nos trouxe a tecnologia EDGE que, na prática, apenas
representou um aumento de velocidade em relação ao GPRS. Dentro da tecnologia
EDGE, a velocidade de conexão gira em torno de 128 Kbps.

As velocidades de conexão só começaram a alcançar padrões mais altos a partir da


tecnologia 3G, que pode alcançar até 7 Mbps de velocidade (na prática, as
velocidades ficam em torno de 1 Mbps no Brasil e começamos falando em 64kbps
para um provedor de Internet na década de 90, hein?). Só que quando se fala em
3G, estamos, na verdade, falando de várias tecnologias diferentes.
Embaixo do "guarda-chuva" 3G, as operadoras usam diferentes tecnologias e
protocolos de transmissão de dados. Os principais são: UMTS, HSPA, HSDPA,
HSUPA, W-CDMA, EVDO). Assim, não estranhe se, ao entrar numa rede 3G, o seu
celular mostrar uma letra "H" em algum lugar da tela: esses protocolos que
começam com "H" estão entre os mais recentes da tecnologia 3G.

O padrão 4G já está por aí. E dá para dizer que ele é o primeiro a realmente
oferecer velocidades decentes de comunicação de dados. Com o 4G, algumas
operadoras já planejam transmitir até mesmo a voz via dados, abandonando os
canais tradicionais, e transmitindo a voz de um jeito similar ao que acontece nas
ligações do Skype, por exemplo. A exemplo do 3G, o 4G também é mais um nome
comercial que uma tecnologia propriamente dita. A tecnologia, nesse caso, recebe
o nome de LTE (Long Term Evolution) - por isso, pode ser que você veja essas
letras no seu visor. No LTE, as velocidades de transmissão de dados podem
alcançar até 100 Mbps de download e 50 Mbps de upload. Na prática, no Brasil, elas
têm girado em torno dos 10 Mpbs de download e 4 Mpbs de upload (o que já é uma
excelente banda de acesso para um ERP por exemplo, que suportaria 40 usuários
simultâneamente).

A diferença básica destes padrões está que para que as operadoras possam
oferecer os serviços é necessário uma renovação de seus equipamentos, de forma
constante.

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76 TEORIA DO ERP

2.17 Tecnologia voltada à Gestão e ao ERP

Falaremos agora de algumas tendências tecnológicas totalmente aplicadas no dia a


dia de grandes corporações, que precisam associar a conectividade, segurança,
agilidade, acessos e principalmente o gerenciamento de suas informações e
processos.

A tecnologia utilizada supre as necessidades de sistemas altamente sofisticados


que permitem o total controle da gestão dos negócios, dos processos e das
informações que alimentam as organizações. Como os sistemas integrados ERP.

A sigla ERP foi criada pelas empresas internacionais (Baan, Oracle, People Soft e
SAP – BOPS) que aqui chegaram na década de 90, após a queda da Reserva de
Mercado (1976 a 1991).

A IBM começou com o BOOMP, PICS (Planning Inventory Control System), COPICS de
Comunication. E hoje, quem lidera esse mercado no âmbito nacional é a brasileira
Totvs.

A evolução vem do avanço de processos industriais que geraram os primeiros


controles voltado a processos.

A indústria sempre foi tida como modelo nos processos organizacionais e foram os
sistemas MRP II (Manufactoring Resource Planing) que deram origem ao ERP
(Enterprise Resource Planing), ou seja, o sistema passou a controlar toda a empresa
e não apenas a fábrica ou manufatura.

2.18 Big Data

É um novo conceito que trata do grande volume de dados que são tratados hoje
por todo o universo de equipamentos de T.I. espalhados pelo mundo.

Pode-se dizer que é uma estratosférica quantidade de dados e informações geradas


por infinitas fontes e colocadas à disposição de quem a elas tem acesso.

Para que se tenha uma ideia, em apenas quinze minutos, a humanidade gera o
triplo de informação disponível no acervo da Biblioteca do Congresso Americano,
que é a maior do mundo.

A grande questão é que 98% de todo esse volume de informação ou de dados é


descartado por ser considerado lixo.

Porém, com base em opiniões de grandes especialistas, todo esse “lixo” representa
uma grande possibilidade de “negócio”, de transformação.

Eles atribuem que os dados resultantes de processos que são fielmente finalizados,
são “dados estruturados”, como por exemplo, uma compra num site de e-
commerce, ou seja, acesso ao site através do login e senha do cliente, identificação
do produto a ser comprado, confirmação do pedido, geração do número do pedido
de venda, envio do Workflow para o e-mail do cliente confirmando a compra e já
indicando a previsão de entrega, bem como a forma de pagamento escolhida.
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77 TEORIA DO ERP

Já, os chamados “dados não estruturados” partem desses mesmos acessos aos
sites de e-commerce, porém não tiveram a finalização da compra. Foram apenas
consultas ou visualizações. Inclusive entram nessa classificação mensagem
trocadas no Facebook, acessos ao Google buscando informações através de
palavras selecionadas, e-mails enviados, filmes ou musicas baixados, etc.

É neste momento que pode, por exemplo, ser aplicado o conceito do Data Mining,
ou seja, detectar e perceber aquilo que é a exceção.

Em um volume gigantesco de dados, muitas vezes, numa análise será óbvio o olhar
à grande massa, ao que realmente prevalece. Porém neste conceito há a
necessidade da percepção pelo não óbvio, pela exceção.

Um exemplo é diante de uma orquestra, ter a percepção, de quando um único


instrumento está desafinado ou fora do ritmo;

Quando num determinado seguimento de vendas, um item não convencional


naquela rede, passa ser o mais vendido em uma de suas unidades;

Ou seja, o grande desafio do BIG DATA é interpretar os dados de forma a detalhar a


informação e utilizar-se dela com a máxima inteligência. E para cumprir essa tarefa
existem hoje sistemas especialistas que são usados pelas grandes empresas. Com
isso conseguem resultados surpreendentes e que geram ações altamente
lucrativas.

2.19 Mercado ERP no Brasil

A fundação Getúlio Vargas soltou recentemente a Pesquisa Anual do Uso de TI, na


qual mostra bem como está situado o mercado brasileiro de ERP.

Figura 2.14Mercado ERP no Brasil

O gráfico mostra a superioridade da TOTVS (Microsiga, Logocenter, RM, Datasul e


muitas outras empresas de menor porte) no mercado atual, com o total de 38% do
mercado brasileiro, seguido pela SAP que detém 28%, Oracle com 16% e outras
empresas que somam 18% do mercado.

Em relação ao nicho de mercado das três maiores fornecedoras de ERP atual no


Brasil, a TOTVS tem 53% do mercado de pequenas empresas, 40% de médias
empresas e 21% de grandes empresas. Já a SAP, detém 28% do mercado das
pequenas empresas, 8% de médias empresas e 51% das grandes empresas e a
Oracle fecha com 8% do mercado de pequenas empresas, 18% de empresas médias
e 21% das grandes empresas. O Brasil é um dos únicos países do mundo em que
uma empresa local domina o mercado de T.I.

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78 TEORIA DO ERP

Capítulo 3
A Gestão Empresarial e o Papel do Governo
Objetivos do aprendizado

Mostrar o funcionamento básico da economia, os diversos mecanismos que o Governo dispõe para
a condução da política econômica e como a tecnologia da informação oferece elementos
fundamentais para a gestão empresarial em um processo de globalização de mercados.

Palavras-chave

Gestão Empresarial, Globalização, Barreiras Alfandegárias, Taxa de Câmbio, Balança Comercial,


Superávit Primário, Acordos Multilaterais, Taxa de Juros, Mercado de Capitais, Tecnologia da
Informação, Sistemas de Gestão, Tributação, Mercado Internacional.

Antes de estudar Gestão Empresarial é preciso analisar quais são os objetivos de


uma empresa. Uma empresa é um conjunto de pessoas e recursos que geram uma
receita, produzindo e vendendo seus produtos e serviços, através do trabalho, a
um determinado mercado.
Para sobreviver, essa receita precisa ser maior que as despesas gastas nesse
processo. O que sobrar, ou seja, o lucro é distribuído aos investidores,
proprietários ou acionistas da empresa ou ainda pode ser reinvestido para
alavancar o seu crescimento.
Estes por sua vez, ao investirem seu capital na empresa esperam ter um retorno no
mínimo tão bom quanto aquele obtido em outras aplicações financeiras, na
verdade um pouco mais, pois uma empresa tem um fator de risco bem maior. É o
ROI – Return On Investment - ou - Retorno Sobre o Investimento.
Não há bom negócio que seja eterno.

Um “Negócio da China” logo é copiado por outras pessoas. Surge a concorrência e


com ela a pressão para uma melhoria do produto, e também, uma redução na
margem e nos preços. O lucro cai e os investidores começam a procurar
alternativas.
A taxa de “mortalidade” de empresas, em especial nos primeiros anos de vida, é
muito maior do que se imagina. O fracasso nem pode mesmo ser considerado uma
incompetência de seus gestores. Mantê-la viva demanda que uma série de fatores
positivos ocorram simultaneamente. E nem sempre isto é possível.
De qualquer forma um fator é indispensável nos dias atuais, em que a concorrência
é cada vez mais acirrada e cada centavo é importante no seu sucesso: ter um bom
sistema de gestão.
Há vários tipos de empresas. Públicas (estatais), privadas, comerciais, industriais,
de serviços, filantrópicas, associações, igrejas, clubes, condomínios, fundações,
cooperativas, consórcios, ONGs, OSCIPS, Sociedades Anônimas, Sociedades Civis
Limitadas, Micro Empresas, Empresas de Pequeno Porte, Micro Empreendedor ou,
até mesmo o Autônomo, que não deixa de ser uma empresa. Na verdade, você
também é uma empresa. Mesmo se a receita for apenas a sua mesada ou o seu
salário e a despesa o gasto com a alimentação, roupas, escola e a casa onde você
mora.
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79 TEORIA DO ERP

E independente do tipo de empresa, para sobreviver, a equação R > D (Receita


maior que Despesa) deve estar sempre presente. Afinal vivemos em um país
capitalista. Mas este é apenas um dos Indicadores ao qual o executivo deve estar
atento. A boa tomada de decisão depende de muitos outros, mesmo os intangíveis.
O BI (Business Intelligence) e o BSC (Balanced Scorecard) estão aí para ajudar nesta
tarefa.
E, é claro, uma boa dose de empreendedorismo é necessária: visão, ousadia,
iniciativa, disciplina, ética, liderança, foco, competitividade, estratégia, percepção,
pioneirismo, espírito de equipe, respeito, inovação. E isto a própria escola da vida
nos ensina.
Mas as decisões mais acertadas são tomadas à luz de aspectos exatos, lógicos e
bem definidos. O uso de Modelos Matemáticos e boas Regras de Negócios aliadas
ao intensivo uso da Tecnologia da Informação – soluções ERP, CRM, BI, BSC, SCM,
e_business - aumentam a possibilidade de sucesso.
E agora também há de se considerar a crescente onda de Globalização. Que
também só viabilizou-se da forma como veio devido aos avanços tecnológicos –
comunicações, facilidades de transporte, informática, eletrônica, Internet. A
Globalização, em última análise, nada mais é do que a queda das barreiras
alfandegárias e a internacionalização das empresas.

3.1 O Papel do Governo


A concorrência é mundial, mesmo se a empresa vende e produz um item em uma
remota cidade do interior. Logo, sua gerência deve ser tão eficiente quanto a mais
eficiente empresa de seu setor.
E aí entra também o papel do Governo. Sua ação política afeta diretamente os
custos da empresa. E há de se considerar que as diferenças são grandes, mesmo
entre países vizinhos, o que evidentemente leva as multinacionais a selecionarem
cada vez com mais critério o local de suas fábricas que alimentarão o resto do
mundo com seus produtos.
Ou seja, o sucesso de uma empresa depende, também, das políticas do Governo
onde ela atua.
Por sua vez, o próprio papel do Governo é de alguma forma, semelhante ao de uma
empresa, no sentido que ele deve dar condições de desenvolvimento ao país, ao
mesmo tempo em que necessita de recursos que só podem ser obtidos no seio de
sua sociedade através de impostos, taxas e contribuições.
Antes de criticar ou elogiar este ou aquele Governo, vamos entender melhor como
funciona sua economia.

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80 TEORIA DO ERP

3.2 Contas Nacionais e Internacionais


Uma diferença fundamental entre empresa e governo é que o Caixa do Governo
trabalha com duas moedas: o Real e o Dólar, ou outras moedas, mas desde que
sejam estáveis. O Real para as transações internas e o Dólar para as transações
externas. Em princípio somente o Banco Central deveria manipular dólares, ou seja,
as transações de importação e exportação de uma empresa privada são por ele
convertidas, utilizando-se a Taxa de Cambio do dia. Na prática, no entanto, uma
boa parte da moeda estrangeira é negociada livremente por bancos e mesmo
pessoas físicas, e a taxa de câmbio, que agora no Brasil é flutuante, tem seu valor
definido pela sua oferta e procura baseada nos fatores que veremos a seguir.

Figura 3.1 Contexto geral de entradas e saídas das contas em R$ e em US$.

Assim, a cada exportação que uma empresa faz, os dólares pagos pelo comprador
externo são recebidos pelo Banco Central que os converte para Real, pagando para
a empresa exportadora. Da mesma forma, quando uma empresa no Brasil importa
produtos, paga o seu valor em Real ao Banco Central, que após convertê-lo, envia
os dólares ao vendedor estrangeiro. Fica fácil perceber que se tivermos um
aumento nas importações e uma redução nas exportações faltarão dólares no
Banco Central, pois mais dólares terão que ser remetidos ao exterior, comparando-
se com as entradas provenientes das vendas ao exterior. E o Governo não tem
como emitir dólares. Este poder, infelizmente, é de exclusividade do governo
norte-americano.

3.3 Taxa de Cambio


Por outro lado, o que influi basicamente no volume de exportações e importações é
o próprio valor da Taxa de Câmbio. Subindo a taxa, o exportador recebe mais por
cada dólar vendido no exterior, tendo assim maiores possibilidades de negociação.
O importador, por sua vez, pagará mais caro por seus produtos, preferindo, se
houver, o similar nacional. E vale lembrar que os preços dos produtos em dólar são
praticamente estáveis, variando apenas quando ocorre uma forte alteração em sua
oferta ou procura.
Ocorre que há produtos estrangeiros indispensáveis para o nosso
desenvolvimento, não disponíveis no mercado interno e caso sejam comprados
com a taxa de câmbio elevada provocam aumento de preços, gerando,
conseqüentemente, um processo inflacionário. É o caso de componentes
eletrônicos, software, trigo, perfumes, veículos e peças, tecidos, químicos e muitos
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81 TEORIA DO ERP

outros, mesmo que, em alguns casos, tenhamos aqui um similar, por vezes de
melhor qualidade e preço mais baixo. Só que é nacional!
Existem ainda outras fontes de entradas e saídas de dólares no caixa do Banco
Central. Serviços de frete, turismo, captações de empréstimos e investimentos e,
saindo, seus resgates e amortizações, pagamentos de juros, royalties e dividendos
de multinacionais.
A Reserva Internacional é o saldo em dólares (as chamadas divisas, hoje também
formadas pelo Euro criado pela Comunidade Europeia) do Banco Central e quando
este zera a única saída é a moratória. O Brasil já utilizou este expediente em 1982 e
a conseqüência é sempre um completo isolamento do país devedor. O México, em
1994, provocou o “efeito tequila”. Em 1997 foi a vez do Sudeste Asiático e em 1998
a Rússia. A Argentina também passou por um momento destes, conseqüência da
fixação da taxa de câmbio em níveis abaixo do necessário.

3.4 Protecionismo
Uma forma de barrar as importações é através de medidas protecionistas, tais
como tarifas alfandegárias, impostos sobre importações, criação de cotas,
embargos sanitários, leis anti-dumping ou o próprio aumento artificial da taxa de
câmbio. Há até a medida extrema de criar taxas diferenciadas de acordo com o
produto ou ainda proibir a importação daqueles em que houver similar nacional. O
consumidor normalmente reclama destas medidas, pois não acha justo arcar com
ineficiências que, em sua opinião, são de responsabilidade do empresariado
nacional. A Reserva de Mercado no setor de informática, tão criticada por alguns e
elogiada por outros, que pairou entre nós de 1976 a 1991, é um bom exemplo do
que estamos falando.

Do outro lado, o da exportação, o problema é o mesmo e a questão chega


freqüentemente aos tribunais internacionais, seja na OMC – Organização Mundial
de Comércio – seja nos acordos multilaterais criados por países de mesma índole
ou homogêneos. Assim, temos o MERCOSUL, União Europeia, Nafta, ALCA, Asean,
União Africana, entre outros. São subsídios que beneficiam o exportador que vão
desde a isenção de impostos, financiamentos privilegiados e apoio logístico até a
obrigatoriedade do equilíbrio comercial, na base do “só compro de seu país se o
seu país comprar do nosso”.

O saldo da Balança Comercial brasileira vive de altos e baixos. Iniciou o milênio


2.000 com excelentes perspectivas, mas nos últimos anos, os resultados não tem
sido tão positivos.

Entradas Saídas
Exportação 114.516 Importação 117.516
Figura 3.2 Dados anuais relativos à entradas e saídas internacionais. Valores em US$ Milhões.

Às vezes é a China que reduz seu crescimento, outras são os preços de nossos
produtos que caem ou ainda ações do governo que prejudicam nossa capacidade
de concorrer. A briga não é fácil!

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82 TEORIA DO ERP

3.5 A Carga Tributária e o Crescimento Econômico

Do outro lado, temos as contas governamentais em Reais. É aqui que se trava a


grande luta pelo superávit. O resultado de um déficit é sempre o aumento da Carga
Tributária e esta por sua vez inibe o crescimento econômico, com empresas e
consumidores arcando com impostos e contribuições cada vez mais onerosos.
Também aqui temos uma polêmica, pois é claro que muito do que o Governo gasta
vai para obras sociais, serviços de infraestrutura e em empresas que, se
privatizadas, não cumprem com o papel que a sociedade necessita, ou seja, um
serviço público eficiente a um custo acessível e disponível para todas as classes
sociais. É o caso da Educação, Saúde, Energia, Segurança, Transporte, Saneamento,
Correios, Telecomunicações, Habitação e muitos outros, embora a iniciativa
privada também participe hoje da maioria desses setores.

O balanço das contas do Governo é o reflexo das entradas provenientes da


cobrança de impostos e, caso estas sejam insuficientes, de empréstimos obtidos
com a venda das Letras do Tesouro Nacional (LTN). Há ainda a possibilidade da
emissão de papel moeda, medida altamente inflacionária, pois aumenta a base
monetária sem um aumento correspondente da produção de bens e serviços,
criando uma demanda que pressiona o aumento dos preços.

As saídas por sua vez são representadas pelos gastos, que podem ser correntes
(folha de pagamento, aluguéis, serviços, enfim despesas de expediente),
investimentos em obras e empresas, geridos normalmente pelos ministérios,
gastos sociais, pagamento aos aposentados e o incômodo pagamento de juros e
financiamentos que se vencem.

Um balanço anual pode ser resumido no quadro ilustrado na figura 3.3

Demonstrativo de Arrecadação e Gastos em Bilhões de Reais

IRPJ 104.01
IRPF 85.02
IPI 35.17
COFINS 116.16
PIS 30.99
IOF 24.26
FGTS 52.91
CSSL 51.30
INSS 203.63
II (IMPORTAÇÃO) 21.54
CIDE 10.30
ICMS 226.68
Outros Estaduais 42.08
Municipais 51.50
Outros 46.01

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83 TEORIA DO ERP

Figura 3.3 Balanço das Contas do Governo


Além de analisar cada número isoladamente, é importante verificar sua tendência e
o porcentual em relação ao PIB – Produto Interno Bruto.
O diagrama da figura 3.4 representa o ciclo econômico:

Figura 3.4 A economia brasileira: de onde viemos, onde estamos e o que esperar do futuro.
(fonte: Leite Antonio Dias).

Este diagrama estabelece a relação existente entre as pessoas, as empresas, o


exterior e o governo. As linhas serrilhadas representam o fluxo de dinheiro e as
contínuas referem-se aos produtos e ao trabalho.
O PIB é o valor de bens e serviços produzidos pelo país. Considerando que um país
tem normalmente um aumento populacional, é fácil entender que a qualidade de
vida do povo e a taxa de emprego, só irão melhorar se o crescimento do PIB for
maior que o demográfico. Isto descontando a inflação.
O Governo, por sua vez, dispõe de armas limitadas para provocar o aumento do
PIB.
A forma de consegui-lo é incentivar as exportações, gerar condições para captação
de recursos externos, desestimular as importações substituindo-as por produtos
nacionais e distribuir melhor a renda reduzindo a carga tributária para que haja
um aumento no consumo privado. Tudo isso sem perder a popularidade e sem
provocar inflação.
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84 TEORIA DO ERP

Equilíbrio de suas contas, melhor distribuição de renda, certo planejamento


familiar nas camadas de menor renda e melhores condições para a produção local
são objetivos óbvios que o Governo persegue a cada medida.

3.6 Taxa de Juros


E é a definição da Taxa de Juros que remunera a venda das LTN, o principal
calibrador que ao mesmo tempo provoca o crescimento do PIB e por outro lado
evita a volta da inflação. Isto porque, quando aumenta, reduz o Consumo Privado,
já que as compras a prazo tornam-se mais caras, reduzindo preços e o próprio
volume de importações, ao mesmo tempo em que incentiva a venda de novas LTNs.
Também faz crescer as exportações, pois os produtos aqui fabricados não
encontram demanda no mercado interno.
Quando baixa, por sua vez, aquece a economia, desestimulando o investidor que
aplica em LTNs, lançando-o ao Mercado, ou seja, investir na produção e em novas
empresas; aumenta as compras a prazo, pois os Bancos acompanham a redução
nos seus financiamentos e com isso incrementa as importações e desestimula as
exportações. Enfim, o aumento do Consumo Privado pressiona a demanda e, caso
não haja um rápido crescimento da produção, gera mais importações ou provoca
um aumento de preços. É a volta da inflação - que ninguém quer - pois além de
promover a desigualdade social, cria um ciclo cuja única saída é uma nova e forte
ruptura no processo de crescimento, ou seja, não é sustentado e provoca a volta da
recessão.
Existem outros mecanismos alternativos para o controle da taxa de juros, tais
como a obrigatoriedade dos Depósitos Compulsórios que os Bancos devem fazer
no BC, cujo aumento reduz a liquidez e diminui a disponibilidade de
financiamentos. Outra forma é a própria retenção de empréstimos públicos.
É nesse universo que trabalha a empresa privada e com a globalização aumenta a
responsabilidade do Governo, pois para ela é cada vez mais fácil fechar uma
fábrica aqui e abrir outra num país que lhe ofereça melhores condições. E quem se
beneficia é a população, mesmo que o país sirva como “quintal” do mundo,
recebendo investimentos em função de sua farta e barata mão-de-obra, para
reexportar aos países ricos através das empresas multinacionais que lá se instalam.
Cabe ao país saber aproveitar essa oportunidade e desenvolver seu próprio parque
e sua própria tecnologia. Afinal é preciso dar emprego à sua população.

3.7 Principais Impostos no Brasil

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85 TEORIA DO ERP

Os impostos pagos hoje pela empresa brasileira podem ser resumidos no seguinte:

Figura 3.5 Principais impostos no Brasil em porcentual sobre o valor mencionado.

A ME-Micro Empresa não pode ter faturamento superior a R$ 360.000,00 por ano. A
EPP-Empresa de Pequeno Porte pode faturar de R$ 360.000,00 a R$ 3.600.000,00.
Podem optar pelo regime do SIMPLES.
Em relação ao IRPJ, a opção pelo LP-Lucro Presumido é possível desde que a
empresa não seja uma Sociedade Anônima e que seu faturamento não seja superior
a R$ 78 milhões por ano.
Os percentuais entre parênteses na linha IRPJ, no caso do Lucro Presumido,
referem-se ao Faturamento. Assim, para empresas de comércio optantes do LP, o
IRPJ considera que o Lucro é de 8% sobre o Faturamento, ou seja, o IRPJ é de 1,2% a
2% sobre Faturamento, já que a alíquota é de 15% (até$ 20.000/mês) e 25% (acima).
Para as empresas de Serviço, o Lucro Presumido é de 32%, o que dá um IRPJ de 4,8%
a 8% sobre o Faturamento. O mesmo para a CSSL.
A sigla nc/c significa não cumulativo/cumulativo, ou seja, no não cumulativo é
permitido o crédito dos insumos na base de cálculo, isto é, o imposto é sobre valor
agregado.
No caso do SIMPLES, há municípios que incluem o ISS na alíquota geral, tornando-a
mais alta. No caso de não incluí-la, esta é mais baixa. Depende também do valor do
faturamento e do segmento de atividade. São os Anexos que definem as alíquotas.

Figura 3.6 Exemplo de Tributação em uma Empresa no regime Lucro Real.

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86 TEORIA DO ERP

O PIB Brasileiro representa a 6ª economia mundial, conforme o ranking


demonstrado na figura 3.7.

Ranking País Produto Interno Bruto

1 Estados Unidos $15,524,180,000,000 ($15.5 trilhões de dólares)

2 China $7,700,370,000,000

3 Japão $6,108,630,000,000

4 Alemanha $3,701,100,000,000

5 França $2,932,040,000,000

6 Brasil $2,618,760,000,000

7 Reino Unido $2,601,680,000,000

8 Itália $2,381,070,000,000

9 Rússia $2,146,280,000,000

10 Índia $2,001,140,000,000

Figura 3.7 PIB dos países

Segue uma breve descrição sobre cada um dos impostos e contribuições acima
elencados, lembrando que no Brasil temos mais de sessenta tributos:
IRPJ Imposto de Renda Pessoa Jurídica. Pago sobre o lucro das empresas. Até
um lucro de R$ 20.000,00 para cada mês do respectivo período de
apuração a alíquota é de 15%. Daí para cima é de 25%. No Lucro Presumido
o Lucro é um percentual do faturamento, entre 8% e 32%.
IRPF Imposto de Renda Pessoa Física. Pago sobre a renda do assalariado e
qualquer renda auferida por um indivíduo. Uma tabela em cascata de
alíquotas que chega a 27,5% tributa a renda dentro do princípio de quem
ganha menos tem uma alíquota menor.
CSSL Contribuição Social Sobre o Lucro Líquido. Similar ao IRPJ tem sua
destinação pré-determinada para os gastos com a Previdência. A alíquota é
de 9% sobre o Lucro.
COFINS Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social. É taxado sobre o
faturamento, sendo que para as com Lucro Presumido é cumulativo, com a
alíquota de 3%. Para as demais empresas a taxa é maior, 7,6%, mas não é
cumulativo, ou seja, pode-se deduzir da base de cálculo todas as notas de
compra de materiais e serviços vinculadas às receitas. A COFINS taxa as
importações e não taxa as exportações. Dependendo do segmento, mesmo
empresas que estão no regime de Lucro Real, pagam a COFINS no regime
cumulativos. São empresas de serviços que não tem despesas que geram
créditos. A folha de pagamento, embora esteja vinculada às receitas não
gera crédito, pois sobre ela não é cobrada a contribuição.
PIS Programa de Integração Social. É taxado praticamente da mesma forma que
a COFINS, tendo, porém uma alíquota menor, ou seja, 0,65 e 1,65
respectivamente.
Para alguns segmentos (combustíveis, bebidas, medicamentos, veículos,
etc) o PIS e COFINS tem ou um valor fixo por unidade (pauta) ou
alíquotas diferenciadas. A cobrança Monofásica cobra apenas o primeiro
elo da cadeia, de forma semelhante à Substituição Tributária do ICMS (que
também existe no PIS/COFINS)

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87 TEORIA DO ERP

IPI Imposto sobre os Produtos Industrializados. É um tributo federal que recai


sobre o faturamento, mas não é cumulativo, pois permite a dedução do IPI
pago sobre as compras de matéria-prima. O valor do IPI é cobrado
adicionando-se o seu valor ao total da nota. Tem alíquotas diferenciadas de
acordo com o produto.
INSS Instituto Nacional de Saúde e Seguro. O INSS é cobrado sobre praticamente
todos os rendimentos recebidos na folha de pagamento. Quem não for
registrado pela CLT recolhe o carnê. A taxa é de 20% sobre a folha, além de
outras, cobradas de acordo com a atividade da empresa: Sesi, Senai, Sesc,
Senac, Sebrae, Salário Educação, Funrural, etc., que somadas chegam a mais
de 5%.
Há ainda a cobrança da parte do funcionário, que varia de 9% a 11%, mas
incide apenas sobre o Salário Contribuição cujo teto é de R$ 2.668,15.
FGTS Fundo de Garantia por Tempo de Serviço. O valor do FGTS é pago pela
empresa, 8,5% sobre a Folha, mas esse dinheiro não pertence ao Governo. É
do funcionário que pode sacá-lo ao ser demitido sem justa causa ou em
outras circunstâncias especiais. No caso de dispensa sem justa causa, há
ainda a multa de 40% sobre o saldo depositado, que também vai para o
funcionário. O adicional de 0,5% no valor mensal é da Caixa Econômica.
IOF Imposto sobre Operações Financeiras. Esse imposto recai sobre operações
de financiamento, remessas ao exterior, aplicações e leasing. A taxa é de
1,5%.
II Imposto sobre Importações. Esse imposto serve como uma proteção aos
produtos similares nacionais. Tem taxa que varia de 10% a 35%.
ICMS Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços. É um imposto
estadual e é cobrado no faturamento de mercadorias e dos serviços, como
telecomunicações, comunicações e transporte intermunicipal. Incide
também sobre Energia Elétrica, que, curiosamente, é considerada uma
mercadoria. Não é cumulativo, mas permite apenas a dedução das entradas
de matéria-prima que façam parte do processo produtivo. O ICMS tem taxas
de 7%, quando a mercadoria se destina ao norte do país, 12% quando se
destina aos estados do sul e 17% ou 18% quando for para dentro do estado.
Há ainda outras alíquotas que podem chegar a 25%, como por exemplo, na
taxação dos serviços de eletricidade. O ICMS é incluído no preço. Cada
Estado tem sua própria legislação do ICMS, o que tem provocado uma forte
guerra fiscal entre eles.
IPVA Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotivos. É variável de acordo
com o ano e o tipo de veículo.
ISS Imposto sobre Serviços. É um imposto municipal e a alíquota varia de 2% a
5%. Em alguns casos, é cobrado no município onde o serviço é efetivamente
prestado, independente da localidade do prestador.
IPTU Imposto sobre Propriedade Territorial e Urbana. É cobrado sobre os
imóveis, com taxa variando de acordo com o seu valor e categoria.
CIDE Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico. Incidente sobre a
comercialização de petróleo e seus derivados, sobre o gás natural e seus
derivados bem como sobre álcool etílico combustível e também sobre
remessas de royalties ao exterior.

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88 TEORIA DO ERP

ITBI Imposto sobre Transmissão de Bens Imóveis. É um imposto cobrado no ato


da lavratura de contrato ou promessa de compra e venda ou mesmo após a
quitação final, caso conste no próprio contrato de compra e venda que a
emissão de posse seja realizada após a quitação final.
TFE Taxa de Fiscalização de Estabelecimentos. É uma taxa municipal recolhida
anualmente e que depende do porte da empresa variando de R$ 50,00 a R$
4.000,00.
TFA Taxa de Fiscalização de Anúncios. É o antigo CADAN cobrado por metro
quadrado de anúncios de cartazes e out doors.

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89 TEORIA DO ERP

Capítulo 4

Suporte à Decisão (SAD)


Objetivos do aprendizado

Mostrar os principais conceitos e técnicas utilizadas em BI (Business Intelligence) e como essas


técnicas ajudam na Gestão da Empresa.

Palavras-chave

BI - Business Intelligence, EIS – Executive Information System, DataWarehouse, OLAP, CUBO, Workflow,
Balanced Scorecard- BSC, Portal do Executivo.

4.1 BI – Business Intelligence

Depois de citar todas essas tecnologias e funcionalidades do ERP, chegamos ao


Business Intelligence, mais conhecido como BI. O BI é voltado para os altos
executivos das empresas. O BI é a ponta do iceberg de uma Solução ERP e tem
muito a ver com DSS, Decision Support System - metodologia que, como o próprio
nome diz, dá suporte ao processo decisório. Para executivos e administradores de
empresas, o BI é o que realmente interessa, pois proporciona o suporte e o apoio
necessários à tomada de decisões.
De modo geral, podemos classificar o BI como uma evolução de todas as
possibilidades de consultas que um ERP oferece. No passado, era muito difícil
vermos um executivo à frente de um computador. Era praticamente consenso que o
primeiro escalão da companhia não deveria operar computadores. Pensava-se: a
entrada e saída de dados são responsabilidade do pessoal burocrático. Além disso,
as consultas eram muito lentas, muito detalhadas, pouco dinâmicas e pouco
flexíveis. Assim, os executivos recebiam apenas os principais relatórios solicitados
e trabalhavam com base nestas informações. Ainda há executivos que agem desta
maneira: usam o computador apenas para ler e-mail ou as últimas notícias nas
páginas gratuitas.
O BI veio facilitar esse processo de consulta e, conseqüentemente, integrar o
executivo à tecnologia. Por meio do BI, a Solução ERP consegue fornecer
informações relevantes com rapidez, sem um irritante “prazo de entrega”. Além
disso, o BI é muito flexível no levantamento das informações.
Isto está relacionado com o que os americanos costumam chamar de friendly.
Friendly é a terceira característica do BI e significa, neste caso, fácil de usar; ou
usabilidade, como dizem os técnicos. Todo o procedimento de definir ou alterar
uma consulta pode ser feito sem a ajuda de um programador. Resumindo, são três

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90 TEORIA DO ERP

os objetivos do BI: rapidez nas consultas, flexibilidade e facilidade de uso, ou


amigável.
Há pessoas que dizem que o Windows proporcionou toda essa “frescura” de
oferecer gráficos coloridos e enfeitados para ilustrar as estatísticas da empresa.
Apesar dos comentários, esse”floreamento” é muito interessante e positivo para
quem faz as consultas. O fato é que uma das finalidades do BI é mostrar dados sob
a forma de gráficos e tabelas.

Figura 4.1Gráficos Amigáveis

BI e data warehouse, workflow, BPM,BSC e Data Mining são componentes do


suporte e apoio à decisão.

4.2 Data Warehouse (DW)

Como precisa ser rápido, o BI trabalha com uma base de dados própria, em lugar
da base operacional. A essa base de dados dá-se o nome de data warehouse, que
significa armazém de dados. Os criadores desta tecnologia foram Bill Ilmnone
Ralph Kimball. Porque se utiliza o datawarehouse e não a base operacional?
Primeiro, porque o DW, muitas vezes, contém informações que não estão na base
operacional. Exemplo: utilizar informações históricas, como uma longa cadeia de
dados de 10 ou 15 anos, mostra melhor uma tendência; conseqüentemente, a
tomada de decisão tem como base uma amostra mais confiável. Se fôssemos
manter esse enorme volume de dados históricos na base operacional, o
processamento se tornaria mais lento.
Por isto, eles são segregados no datawarehouse.
Outras informações que, normalmente, não existem na base operacional são as
relativas à concorrência e ao mercado. Essas informações, obtidas com muita
riqueza e facilidade via Internet ou em bases paralelas, também são acrescentadas
ao datawarehouse.

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91 TEORIA DO ERP

O segundo motivo para utilizar o DW é que nele se permite a redundância de


dados. Utiliza-se uma técnica denominada Star Schema, desenvolvida por Ralph
Kimball: gravam-se, de forma repetida, os indicadores de acordo com o número de
dimensões existentes, mesmo nos níveis sintéticos, como explicados adiante. Isto
faz com que, às vezes, o datawarehouse ocupe mais espaço do que a própria base
operacional. Em compensação, ele não trabalhará com índices ou classificações,
que é a forma - mais lenta- utilizada nas bases operacionais, quando é solicitada
determinada seqüência de leitura dos dados. É o sacrifício de ocupar mais espaço
para obter alta velocidade. Não existe almoço grátis.

4.3 ETL (Extract, Transformand and Load)

O processo de criação e atualização do DW recebe o nome de ETL (Extract


Transformand Load), que significa: Extrair os dados da base ERP e de outras bases
existentes na empresa ou externas. Transformar esse conjunto de dados em um
mesmo padrão, uma vez que as informações extraídas podem estar, por exemplo,
em unidades de medida diferentes, como quilos, libras etc.; e Carregar (Load), que
consiste em trazer esses dados para o DW.

Por conta da quantidade de dados, a carga inicial normalmente é lenta.

Na seqüência, o processo torna-se bem mais rápido, uma vez que iremos apenas
atualizar as informações de acordo com as necessidades e exigências dos
executivos, seja a cada dia, a cada período (manhã e tarde), a cada hora; ou seja, o
suficiente para uma boa tomada de decisão.

4.4 Dimensões, indicadores e drill-down/drill-up

Dimensões, referidas acima, são a forma, a seqüência como estes dados são
apresentados. Ao analisar os dados de faturamento da nossa empresa, por
exemplo, queremos saber quanto faturamos por período, por região, por produto,
por cliente, analítica e sinteticamente. A dimensão pode ser:

 Temporal, que informa o quanto faturamos por ano, mês, quinzena, semana
ou dia;

 Geográfica, quanto foi faturado, no exterior, no Brasil, em cada estado,


cidade, bairro, chegando até o cliente. É possível que este último
detalhamento só exista na base operacional. Nesse caso, o BI irá acessá-la
automaticamente;

 Por produto: por categoria, subcategoria, classe, nível, tipo etc.;

 Outros.

Podemos ter um grande número de dimensões. Todas as possibilidades desejadas,


porém, devem ser especificadas pelo usuário na fase de planejamento e montagem
do datawarehouse. Caso contrário, ao pedir determinada dimensão não prevista,
aquela tão falada e enaltecida flexibilidade não se concretizará. É melhor pecar por
excesso do que se lamentar futuramente.

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92 TEORIA DO ERP

Indicadores são os números apresentados: valor do faturamento, custo das


mercadorias vendidas, comissões de vendas, impostos são os exemplos mais
comuns.

Muita gente, quando fala em BI, só pensa em faturamento. No entanto, não é


apenas para acompanhar o faturamento que o BI é interessante. O sistema pode e
deve fornecer dados referentes à contabilidade, departamento financeiro, RH,
estoque, mercado e, também, o perfil dos clientes: idade, sexo, classe social,
preferências, etc.

O drill-down (drill, em inglês, significa furar) é o detalhamento dos indicadores


segundo qualquer dimensão. A partir do faturamento por estado pode-se, por
exemplo, solicitar o detalhamento das vendas de qualquer estado por mês,
vendedor, produto etc.

Toda essa agilidade permite ao executivo mudar facilmente os indicadores e as


dimensões, fazer os chamados drill-downs, ou seja, “brincar” com os dados. Cria-se
um cenário que o leva a “perceber” melhor o universo de informações da empresa,
induzindo-o a um processo de tomada de decisão mais consistente. Aqui, o BI está
cumprindo a missão de alertar o executivo. É como se o sistema dissesse: Olha, eu
lhe dei a informação rápida e precisa. Agora, faça alguma coisa!

O drill-up é o processo inverso. A partir de um indicador específico, como vendas


por estado, o sistema fornece o total do país.

O conjunto de informações acima ainda permite filtrar dados, criar rankings e


alertas. Exemplos:

• Filtrar dados acima de determinado valor, dados entre duas datas ou selecionar
produtos;

• Classificar os indicadores em ordem ascendente ou descendente (rankings);

• Destacar em vermelho ou outra cor os números que fujam do padrão ou meta


estabelecida (alertas).

É preciso focar a informação. Às vezes, diante de tantos dados, podemos não saber
por onde começar.

Ao se colocar diante de um mundo de informações, talvez o usuário não saiba


extrair os fatos relevantes. Ficará perdido. Podemos dizer que será “muita areia
para o seu caminhão” ou muita informação para a sua cabeça. Por isso, vamos falar
agora sobre o Workflow.

4.5 Workflow

Workflow é o desenho do fluxo dos processos e tem como um dos objetivos indicar
quando deve haver uma ação ou tomada de decisão.
A Solução ERP, a cada segundo, recebe informações e alimenta bases de dados que
serão posteriormente exibidas ao executivo através do BI. Porque não fazermos
com que a informação que acabou de chegar e que provocou a necessidade de uma
ação seja repassada imediatamente ao executivo, sem que ele precise acessar o

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93 TEORIA DO ERP

sistema? O Workflow cumpre essa missão, enviando um e-mail ou mensagem


eletrônica, informando que algo relevante acaba de acontecer e que é preciso
tomar uma atitude. O ERP torna-se proativo. Ele vai até você; você não tem que ir
até ele.
O Workflow pode ser operacional ou gerencial. O Workflow operacional refere-se ao
dia-a-dia: por exemplo, aprovação de pedido de compra ou venda, pagamento de
títulos, autorização de férias, de viagens. A forma como o executivo recebe o e-
mail ou a mensagem é irrelevante: via outlook, smathphone, messenger, rede
social. O executivo pode estar em qualquer lugar e receber a mensagem.
Se, por qualquer motivo, ele não responder em determinado prazo, o sistema
encaminha a mensagem ao seu substituto, e assim sucessivamente, até que chegue
ao sistema a confirmação de recebimento e a tomada de decisão. Assim, a empresa
ganha muita agilidade, pois todos os problemas são imediatamente resolvidos, não
importando hora ou lugar. É evidente que isso aumenta o stress dos executivos.
Mas, afinal, eles ganham - e bem - para isso!
O Workflow gerencial é ainda mais interessante e trata de situações específicas,
onde o executivo poderá tomar uma atitude rapidamente. Por exemplo, uma
mensagem relativa à meta de vendas atingida, com possibilidade de premiação no
ato. O executivo tomará essa decisão onde estiver e o vendedor, que acabou de
fechar o negócio, ainda no cliente, recebe o e-mail da gratificação.
Pelo sistema tradicional, sem o Workflow, o recebimento da informação ea
definição e envio da premiação aconteceriam apenas no final do mês. Em situações
como essa, onde fica a motivação? Onde está aquela sensação, que é a coisa mais
importante numa premiação: o impacto, a surpresa e a satisfação da pessoa
premiada?
É claro que o Workflow gerencial não trata apenas das boas notícias. Poderá
informar, também, a queda de produção na fábrica, solicitações de compra que
superem o budget (orçamento), perdas acima de determinado padrão, vendas
canceladas. Em todos os casos, as respostas e as ações devem ser imediatas.

4.6 BPM

Ferramentas como o data warehouse e o workflow fazem com que os executivos se


tornem mais eficientes e eficazes na administração da empresa e, principalmente,
no acompanhamento e medição do desempenho da companhia.

Esse conjunto de informações nos remete ao conceito de BPM (Business


Performance Management - Gestão da Performance da Empresa): números exatos,
lógicos e bem definidos, em oposição a práticas subjetivas, baseadas em opiniões.

A apresentação dos dados é feita em painéis de gestão, que mesclam indicadores,


gráficos, tabelas, notícias da empresa e da mídia, normalmente colocados em
portais na Internet.

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94 TEORIA DO ERP

Figura 4.2Painel de Gestão

Com a mesma sigla, o BPM também é conhecido no mercado como “Business


Process Management”, e neste caso mais perto do Workflow, pois tem como foco
mapear e desenhar os processos internos das empresas de forma gráfica e
intuitiva.

4.7 BSC

Como fazer a Gestão da Performance da Empresa? Cada empresa pode ter o seu
próprio critério?

Surgiram no mercado várias correntes, cada uma medindo a performance do


negócio de uma forma diferente e, normalmente, baseada apenas nos aspectos
financeiros. Coube aos cientistas Robert S. Kaplan e David P. Norton escreverem
uma coleção de livros (um dos quais denominado: Mapas Estratégicos) e
introduzirem um novo conceito, o Balanced Scorecard (BSC), hoje globalmente
reconhecido. O BSC tornou-se padrão mundial e levou os executivos a agir de
forma homogênea. O conceito ajuda também o benchmarking, permitindo que a
comparação entre empresas seja feita com critérios semelhantes.

Pode-se dizer que o BSC contempla dois tópicos importantes: padronização de


indicadores e indicadores intangíveis, em lugar de indicadores exclusivamente
financeiros, facilmente identificados nos balanços contábeis.

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95 TEORIA DO ERP

4.7.1 As quatro perspectivas


Kaplan e Norton criaram quatro perspectivas, que definem o ambiente de uma
empresa. Para cada perspectiva são estabelecidos objetivos. Para cada objetivo são
estabelecidas metas, que precisam ser controladas e medidas. Para medir cada
meta são definidos indicadores, com prazos de execução e alvos que mostram a
sua posição.

As quatro perspectivas são: perspectiva financeira; perspectiva cliente; perspectiva


processos internos; perspectiva aprendizado e conhecimento dos colaboradores.

A perspectiva financeira é tradicional. No livro Introdução à Análise de Sistemas,


escrito em 1969, já havia uma lista bem completa destes indicadores. São números
baseados no balanço da empresa, como: retorno sobre o investimento, lucro sobre
vendas, margem bruta, liquidez, inadimplência, giro do estoque, passivo sobre
ativo, ativo sobre exigível, patrimônio sobre ativo. Hoje, o EBITDA (Earnings Before
Interest, Taxes, Depreciation and Amortization – em português, “Lucros antes de
juros, impostos, depreciação e amortização”) é o indicador preferido dos gestores
de companhias de capital aberto. Todos esses indicadores definem a performance
da gestão da empresa, ou seja, mostram se ela caminha bem ou não, do ponto de
vista econômico e financeiro.

A segunda perspectiva é a do cliente. Ela parte da premissa de que o cliente é o rei


e precisa sempre estar satisfeito para ser fiel. A empresa não pode perder
faturamento devido à insatisfação ou perda de um cliente. Todos os integrantes da
empresa, do presidente ao porteiro, incluindo o pessoal administrativo e de
produção, devem ter um só objetivo: satisfazer o cliente. Apesar de ser difícil
medir com precisão a satisfação, não é tarefa impossível. Os indicadores, neste
caso, são intangíveis.

A ISO 9000 ajuda nesta questão de métricas, de medição de intangíveis, através de


ações como procedimentos definidos, criação de SAC (Serviço de Atendimento ao
Consumidor), envio de questionários e pesquisas telefônicas. Com estas
ferramentas consegue-se medir e acompanhar o nível de satisfação dos clientes e
analisar a sua evolução através de indicadores como: número de reclamações
mensais, volume de devoluções, visitas de clientes que não reverteram em vendas,
clientes que entraram na loja e não foram atendidos, retorno de clientes,
recuperação de clientes perdidos.

A terceira perspectiva são os processos internos. Aqui a empresa é vista como uma
caixa preta. Uma caixa com recursos, pessoas, máquinas, estruturas, onde o cliente
quer adquirir um produto ou um serviço e ser bem atendido. Estes processos
internos terão que cumprir prazos, apresentar custos razoáveis, assegurar a
qualidade e garantir a oferta daquilo que o cliente quer, sempre buscando atender
às suas necessidades e expectativas. Todos esses processos internos,
evidentemente, têm que ser eficientes. De preferência, devem ser os melhores do
mercado ou, pelo menos, estar próximos disso. Exemplos de indicadores de
processos internos: relação custo próprio/custo do concorrente, prazos de entrega,
defeitos detectados na produção ou durante o prazo de garantia, recalls, o próprio
uso da Tecnologia da Informação.

A quarta perspectiva refere-se às pessoas. Durante muito tempo as pessoas foram


consideradas simplesmente funcionários encarregados de cumprir determinadas

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tarefas obrigatórias. Para ser um funcionário exemplar, o mais importante era não
faltar, chegar e sair na hora, ficar até mais tarde quando necessário e obedecer
rigorosamente às normas e procedimentos.

Hoje, há o enfoque do relacionamento humano: motivar o funcionário, fazer com


que ele participe da empresa. A própria cogestão faz parte desse processo. Ou
também a remuneração, baseada na Meritocracia tão enaltecida no livro Sonho
Grande que conta a história de Jorge Paulo Lemann, Marcel Teles e Beto Sicupira.

É preciso que o funcionário tome decisões, ajude no fortalecimento e no


crescimento da empresa. Antigamente, era apenas um Funcionário. Depois, passou
a ser chamado de Colaborador. Agora, a palavra-chave é Participante. Ou até
mesmo, sócio.

Para que o Funcionário se transforme em Participante, é preciso estar capacitado,


ser treinado, estar satisfeito e motivado. A ferramenta que ajuda na medição dos
indicadores da perspectiva aprendizado e conhecimento dos colaboradores é o KM
(Knowledge Management). Como o próprio nome diz, trata-se da Gestão do
Conhecimento. Através do cadastramento completo, a empresa sabe e acompanha
as habilidades de cada Funcionário. Ops, desculpe! De cada Participante! A partir
dessas informações, ela conhecerá o potencial de cada um, poderá administrar
melhor a substituição do pessoal, traçar planos de carreira e treinamentos mais
eficientes.

Figura 4.3Mapa Estratégico.

O Mapa Estratégico estabelece a relação entre os objetivos das quatro perspectivas.


Mostra como um influencia o outro e ajuda a evitar erros comuns, como o de
criarmos dois indicadores para objetivos dependentes e relacionados. Um único
bastaria. O Mapa indica, na parte de cima, os objetivos maiores da empresa, que
tem como pano de fundo a sua Missão e a sua Visão.

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4.7.2 Dashboard

Dashboard é como os americanos chamam o painel de controle dos veículos, onde


estão instrumentos como velocímetro, relógios, contagiro, etc. O dashboard, painel
de controle, é uma das principais funcionalidades de um software de Balanced
Scorecard. Para cada indicador são estabelecidos os alvos. Verde é a meta atingida,
amarelo a faixa intermediária e vermelho a meta não atingida. Usa-se ainda o azul,
quando a meta foi ultrapassada e, às vezes, o laranja, para discriminar posições
entre vermelho e amarelo.

O dashboard é a visualização gráfica do BSC, assim como os gráficos e tabelas são


a visualização gráfica do datawarehouse.

Quantos indicadores, em média, devem aparecer no dashboard?

Cada uma das 4 perspectivas deve ter, em média, 3 objetivos; cada objetivo, para
ser controlado, deve ter 2 metas; cada meta, de 1 a 2 indicadores.

Logo, teríamos no dashboard:


4 x 3 x 2 x 1,5 = 36 indicadores.
Exemplo de um objetivo
Perspectiva: Processos Internos
Objetivo: Qualidade adequada
Meta: Máximo de 3 devoluções por mês
Indicador: Quantidade de devoluções por mês
Alvos: Vermelho, mais que 8; amarelo, entre 4 e 8; verde, menos que 4 e azul, zero

Figura 4.4 Dashboard ou Painel de Controle

O importante é que todo o processo de BSC crie uma sinergia na empresa e que os
colaboradores estejam sintonizados e sincronizados. Por meio do Dashboard todos
vêm, claramente, quais são os objetivos da empresa e qual a posição atual. No
sistema, estão definidos os responsáveis por cada um dos objetivos, prazos para
atingi-los, custos e recursos necessários, bem como as iniciativas que devem ser
tomadas.
Esses resultados são divulgados abertamente, em painéis na empresa, nas salas e
nos corredores.

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4.8 Painel de Gestão

É como ter para cada executivo de uma empresa, sobre sua mesa um monitor, sem
teclado. Ele é apenas um espectador, e quando surge algum assunto importante,
um bip chama a sua atenção. Esse é, na verdade, um misto de Business Intelligence,
mostrando gráficos e tabelas sobre a situação da empresa, com Workflow e
Balanced Scorecard.

Em determinado momento, pode aparecer uma notícia importante, como uma


grande venda realizada (Workflow). Apresentando, também, indicadores da
empresa (BSC). O monitor não deveria ser colocado apenas nas mesas dos
executivos, mas também em todas as salas da empresa, na recepção para visitantes
e até nos elevadores, para que os freqüentadores do prédio ficassem sabendo
como está àquela empresa lá do 5º andar!

Esse tipo de atitude leva à sinergia e à motivação. Evidentemente, precisa haver


uma seleção de informações, evitando-se as confidenciais e restritas aos
administradores.

O Balanced Scorecard deve estar presente em todos os lugares. Hoje, ele é


freqüentemente apresentado em portais: portal do executivo, portal do cliente,
portal do vendedor, portal do participante. Um portal nada mais é do que
disponibilizar informações na Internet, de forma diferenciada para cada um dos
públicos alvos. Cria-se uma sinergia.

O Balanced Scorecard exige um sistema de medição interno intenso em todas as


áreas.

Em princípio, o Balanced Scorecard nada tem a ver com TI. Os livros de Kaplan e
Norton não falam em software. Porque, no entanto, a Totvs tem o BSC e todos os
fornecedores de ERP têm hoje um módulo de BSC? Porque a primeira
funcionalidade de um software de Balanced Scorecard é apresentar o Dashboard,
armazenar e atualizar todos os objetivos, metas e indicadores. Além disso, o ERP
deverá calcular os valores ou percentuais atingidos pelos indicadores, em tempo
real. Trata-se, então, de um grande sistema de medição.

A interligação entre a filosofia do BSC e a Tecnologia da Informação é um belo


exemplo de como a TI ajuda a gestão das empresas. Muitas usam o Balanced
Scorecard sem recorrer a TI. Resumindo: a tecnologia não é um fim. É apenas um
meio.

E há de se considerar também que existem outros padrões de indicadores


disponíveis no mercado.

4.9 Data Mining

Falamos em Data Warehouse, Workflow, BPM, BSC, quatro componentes do apoio e


suporte à decisão, e agora a pergunta: onde está a “Intelligence,” do Business
Intelligence?

Para começar a responder a esta pergunta, façamos outra: Será que o computador,
o hardware, o chip, juntamente com os programas, o software, enfim, toda essa
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99 TEORIA DO ERP

parafernália eletrônica, é mais inteligente do que nós,seres humanos, que temos


essa maravilha da natureza, criada por Deus,que é o nosso cérebro? Eu diria: Se
não são mais inteligentes, um dia serão ou, pelo menos, chegarão perto. Na
verdade, tudo que dissemos até agora nada teve de Inteligência, com I maiúsculo.
Em termos de solução, explicamos como os sistemas processam e mostram
informações que, na realidade receberam de nós. Apresentar informações não é
inteligência. Inteligência é você saber, entre muitas alternativas, escolher a opção
mais correta, tomar a melhor decisão, mesmo que tenha apenas relativa
probabilidade de dar certo.

É a inteligência que leva algumas pessoas a acertarem mais do que as outras.


Muitos podem dizer que foi sorte, que a pessoa acertou sem querer ou que nasceu
com um dom especial. Mas, não foi nada disso. Também não podemos dizer que a
pessoa nasce com “visão” ou “sente o cheiro das coisas”. Na verdade, para tomar a
melhor a decisão, é preciso fazer previsões e acertá-las, é preciso metodologia,
usar estatística, pesquisa operacional, modelos matemáticos, técnicas que, muitas
vezes, são usadas até de forma subconsciente.

Se antes era complicado o uso destes recursos, hoje, com a tecnologia, tudo ficou
mais fácil, viável, automático, disponível ao mais simples usuário. Por exemplo,
fazer uma previsão de vendas, da valorização de uma ação, do comportamento de
uma pessoa, do clima, do resultado de um jogo de futebol.

Intelligence, então, significaria compreender, prever, decidir corretamente. O


processo de decisão envolve memorização, dedução, instrução, raciocínio e
analogia. É precisamente o que faz o computador. Primeiro, recebe os dados
(memorização); depois, os trata via programa (dedução, instrução e raciocínio); em
seguida, analisa (analogia). A decisão é conseqüência. Ela depende, entre outros, de
dois mecanismos, que estudaremos a seguir: correlação e simulação.

Há um processo, que teve origem no KDD (Knowledge Data Development,


Desenvolvimento do Conhecimento através de Dados), que hoje é chamado
simplesmente de data mining. Essa expressão é bem interessante. Literalmente,
significa mineração de dados: a partir de um grande volume de informações,
identificar o que realmente é importante e relevante para o seu negócio.

Você deve perceber o que está acontecendo e, a partir daí, tomar uma atitude.
Além de tomar uma atitude, é preciso apresentar resultados. O data mining
primeiro explora os dados do sistema, faz um verdadeiro trabalho de mineração, e
seleciona o que é relevante, usando a correlação - percebe. Em seguida, usa a
simulação para tomar uma atitude.

Como todas as alternativas são simuladas, a atitude tomada é a melhor - resultado.

O mercado brasileiro usa pouco o data mining. Pesquisamos vários fornecedores


de sistemas de BI e constatamos que raramente oferecem soluções em data mining.
O data mining utiliza disciplinas já conhecidas, como estatística, pesquisa
operacional e modelos matemáticos. Nas faculdades elas são estudadas, porém
pouco se aplica na prática, especialmente na gestão de empresas.

Talvez pela falta de parâmetros, pelo custo elevado ou mesmo pelas dificuldades
técnicas, a “chutometria” ainda está muito presente. Porém, os recursos
tecnológicos estão aí e o usuário precisa entendê-los e utilizá-los. Mais uma vez,
cabe ressaltar a posição do analista de suporte. Como já disse, é ele o grande
culpado! O analista de suporte precisa saber unir essas três pontas: o problema, as
ferramentas (a tecnologia) e o usuário.
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100 TEORIA DO ERP

Um exemplo, que abrange os problemas mais comuns:

Este case analisa a queda de faturamento de um fabricante de brindes. Imagine que


você é um consultor e a empresa vende dezenas de produtos, para vários estados,
com diversos vendedores, diferentes condições de pagamento e milhares de
clientes. A empresa lhe apresenta, em planilhas, os dados referentes a todas as
transações realizadas nos últimos meses. O diretor lhe diz: “Olha, a empresa não
está legal. Pelo menos um dos indicadores que acompanhamos a trajetória do
faturamento, está caindo muito. Você poderia nos dizer o que está acontecendo e
quais as atitudes que deveríamos tomar para mudar essa situação?”.

Como consultor, você tentará analisar todas as informações referentes aos últimos
meses e apresentar a solução. Talvez seja fácil e rápido visualizar a tendência do
faturamento, colocando os dados em um gráfico. Porém, e os fatos relevantes?
Como identificar o que aconteceu de diferente, o que mudou para comprometer o
resultado da empresa? Para respondera essas questões, seria necessário identificar
tudo que fugiu do padrão, quais os fatos relevantes que ocorreram.

4.10 Correlação

Na estatística, existe uma fórmula chamada correlação. Antigamente, calcular uma


correlação era trabalho para matemáticos e estatísticos. Hoje, no Excel, existe uma
função chamada Correl que faz este cálculo. A partir de números colocados em
duas colunas ou linhas, a função calcula se há ou não alguma correlação. O
objetivo da correlação é mostrar se há dependência entre indicadores, ou seja, se
quando um sobe, o outro acompanha o movimento e sobe também, e em que
proporção. Por exemplo, verificar a correlação entre faturamento e despesas com
propaganda.

Quando as despesas com propaganda aumentam, as vendas crescem também? Em


que proporção? Outro exemplo, na situação oposta: quando um sobe, o outro
desce. Quando o preço aumenta, a quantidade vendida diminui?

Em todos os casos, é preciso sempre confirmar se, de fato, existe a correlação e


verificar qual é a linha de tendência. Quanto maior a população de uma cidade,
tanto maior será o volume de vendas? Quanto maior o salário do vendedor, mais
ele venderá? Quanto maior o consumo de energia elétrica, maior será o PIB do país?
Quanto maior o investimento em educação, maior será o crescimento econômico?
Ou ainda, uma questão polêmica e atual: Quanto maior for a pena, tanto menor
será a criminalidade? Tudo isso é correlação.

Um caso bem típico para ilustrar a correlação é o comportamento dos gastos com
marketing e a trajetória das vendas de determinado produto, como a cerveja. As
empresas gastam em marketing para aumentar as vendas. Certamente, o consumo
cresce e mantém uma tendência de crescimento nos meses subseqüentes. Porém,
em determinado ponto, apesar do elevado gasto com marketing continuar, os
percentuais de crescimento não são mantidos na mesma proporção.

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101 TEORIA DO ERP

Figura 4.5 Linha de Tendência.

Há casos ainda mais complexos, representados por uma parábola. Por exemplo:
vamos comparar o preço em relação ao faturamento. Não podemos esquecer,
entretanto, que o preço também influi na quantidade vendida. Logo, o aumento de
preços inicialmente pode gerar maior faturamento, porém somente até
determinado patamar. A partir daí, as quantidades vendidas podem começar a
diminuir tanto, em função do aumento de preço, que a curva de faturamento
também inverte a tendência e começa a baixar. Neste caso, é preciso observar em
que ponto o faturamento atingiu o pico, o ponto ótimo. Um exemplo, sobre um
assunto muito falado hoje em dia: a questão dos impostos. Se baixássemos a carga
tributária, a arrecadação aumentaria, pois mais pessoas contribuiriam. Todavia, as
alíquotas não poderiam baixar muito, sob pena de a arrecadação diminuir.

O índice de correlação varia de -1 a +1. É -1 quando há um movimento inverso:


preço e quantidade vendida; preço sobe, quantidade cai. O +1 representa uma
correlação total entre dois fatores: um sobe, o outro sobe na mesma proporção. Se
subir mais, teremos uma linha exponencial. Próximo de zero significa que não
existe qualquer correlação entre as duas variáveis. Por exemplo: salário do
contador e as vendas. Nada a ver. Um pode subir e o outro descer; ou não.

Voltando ao exemplo da fábrica de brindes. Com a função Correl verificar-se-ia


primeiro, qual a correlação entre um elemento e o total. Por exemplo, Vendedor x
Produto, ou seja, o mix de vendas de cada vendedor em relação ao mix de todos os
vendedores. A maioria apresenta uma correlação próxima de +1. Mas, não
necessariamente todos. Um ou outro vendedor pode ter feito um mix de venda
diferente, apresentando uma correlação menor. Eles são as exceções, os fatos
relevantes. Agora, utilizando outro recurso do Excel, as tabelas dinâmicas,
verificam-se como agiram estes vendedores diferenciados: quais produtos
venderam mais e quais venderam menos do que o conjunto de vendedores. O

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próximo passo é analisar as causas, entrevistando cada um deles para descobrir


porque isto aconteceu. A partir daí, sim, iremos tirar valiosas conclusões.

Continuando a análise para descobrir porque houve queda de faturamento na


fábrica de brindes, é preciso correlacionar todos os fatores, não apenas Vendedor x
Produto, e analisar as discrepâncias: vendedor x condição de pagamento, vendedor
x mês, vendedor x tipos de clientes e até vendedor x salário. Depois, deve-se
correlacionar também produto x mês, produto x região, produto x condição de
pagamento, produto x tipo de cliente, região x condição de pagamento, região x
mês, enfim, correlacionar todas as combinações possíveis e concentrar a atenção
naquelas onde as correlações indique uma fuga do padrão, uma exceção, um fato
relevante.

Figura 4.6 Visão de fato relevante com tabela dinâmica (A Agenda tem comportamento diferente dos demais)

Isso é um exemplo típico de mineração de dados. O sistema foi lá, coletou todas as
informações, fez as correlações e destacou apenas os fatos relevantes. Por
exemplo, um dos vendedores vendeu com condições de pagamento totalmente
diferentes dos demais; em uma das regiões determinado produto não vendeu nada;
em março, determinado tipo de cliente comprou muito.

Enfim, o data mining ajudou a fábrica de brindes a identificar exceções, padrões,


regras. A partir daí traça-se um plano de ação para recuperar o faturamento.

4.11 Simulação

Até aqui o data mining ajudou bastante, mas não tomou a decisão, apenas ajudou.

Aqui entram as simulações. Trata-se de processo conhecido, mas também pouco


usado. Simular nada mais é do que testar todas as alternativas e escolher a melhor.
Isto pode levar muito tempo. Uma partida de xadrez, jogada pelo computador, é
um exemplo. O programa simula todas as alternativas possíveis e, a partir da
jogada do adversário, verifica qual é a ação com maior probabilidade de ganhar. É
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103 TEORIA DO ERP

necessário estudar mecanismos que diminuam o número de tentativas,


abandonando as simulações que de antemão não levarão ao resultado desejado.

No Excel, há uma função chamada Solver, que é uma rotina de simulação.

O primeiro passo é definir o modelo a ser simulado, colocando-se na planilha suas


fórmulas e valores. A seguir indica-se, na janela do Solver, a célula a ser otimizada,
as células que podem variar e as restrições do modelo. Acionando-se o Solver,
aquela célula é minimizada (no caso de custos), maximizada (no caso de lucro ou
faturamento) ou, ainda, atinge determinado valor especificado, uma meta. Além
das restrições inerentes do modelo, normalmente se restringem a determinado
intervalo os valores das células que serão simuladas. Este tipo de problema pode
ser resolvido de outras formas, estudadas em pesquisa operacional, entre elas a
programação linear ou simplex. Isto é bem mais complicado e trabalhoso.

Todo este processo é feito no ERP, integrando-o com o Excel.

O processo de simulação ajuda muito na tomada de decisões e por isto faz parte
do BI. Para compreender melhor, vejamos um exemplo onde o objetivo é decidir o
preço ideal para se obter o maior lucro, numa feira onde todos vendem o mesmo
produto.

Imagine que você participe com um stand em uma feira, onde há vários outros
stands com o mesmo produto que o seu. Você verifica que, às vezes, o seu stand
está cheio, outras vezes, é o do concorrente e, às vezes, o movimento é igual. Você
logo desconfia: deve ser o preço. Cada um deve estar utilizando um preço
diferente. A primeira atitude que você precisa tomar é verificar se há, de fato, uma
correlação entre preço e vendas.

Pode ser que num stand ao lado esteja uma morena super simpática comandando
as vendas de modo que, mesmo com preço mais alto, o stand continuará vendendo
melhor. Aí não tem jeito, só mesmo arrumando uma morena ainda mais simpática.

Porém, se não for esse o caso, é certo que existirá uma correlação entre preço e
volume de vendas nos stands e, evidentemente, quanto maior o preço, tanto menor
a quantidade vendida.

Você concorda que o aumento do faturamento pode não significar aumento do


lucro? Conforme aumentamos o preço, a quantidade vendida diminui. O
faturamento vai formar uma parábola e chegará um momento em que ele começa a
cair. O mesmo acontecerá com o lucro, principalmente se há custos fixos e
variáveis envolvidos. O lucro máximo será baseado em um preço ótimo, que
precisa ser calculado. Para isso, monta-se a planilha com os dados de todos os
stands, com o cálculo do lucro, considerando o preço, a quantidade vendida, os
custos fixos e variáveis.

Em seguida, é preciso lançar na planilha os preços e as quantidades vendidas em


cada stand.

A função Correl verifica se a correlação preço x quantidade vendida persiste e


calcula a quantidade vendida para cada preço simulado pelo Solver que, por sua
vez, calculará qual deles gera o lucro máximo. Se a correlação não persistir,
abandona-se o modelo.

Dentro de restrições estabelecidas, como, por exemplo, que o preço e a quantidade


devem estar dentro de um intervalo pré-determinado, todas as hipóteses são
testadas, em poucos segundos, mesmo que haja centenas de stands ou que a
variação de preço seja grande.

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104 TEORIA DO ERP

Note que, se seus concorrentes também estiverem up-to-date com a tecnologia e


também dispuser de uma boa massa de dados, você terá que alterar seus preços a
todo instante, porque eles não estarão dormindo no ponto. Nesse caso, é guerra!

A simulação é utilizada de forma análoga na Teoria das Filas: Quantos (minimizar)


guichês preciso manter abertos num pedágio para ter uma fila de, no máximo, três
minutos de espera (restrição), dependente do fluxo de veículos e do tempo de
atendimento? Quantas (minimizar) mesas devo manter num restaurante para ter
uma espera de, no máximo, 10minutos (restrição), com determinado fluxo de
clientes? Também na otimização de rotas, onde se calcula o melhor caminho entre
dois pontos, simulam-se todas as alternativas, identificando-se a mais curta e mais
rápida, considerando, inclusive, a situação do trânsito (integração via webservice
com a CET– Companhia de Engenharia do Tráfego). No caso do Waze os próprios
motoristas informam a situação do trânsito nas principais avenidas e essa
informação é passada a todos os usuários. Com a ajudado GPS, que fornece a
posição atual do veículo, a rota é recalculada sempre que houver um desvio. No
MRP II, também se otimizam as alocações de máquinas e pessoas simulando as
alternativas.

O modelo que usamos no Jogo de Empresas é outro exemplo das vantagens que a
simulação oferece. São mais de 150 mil alternativas de decisões. O simulador
nunca perde. Imagine agora o planejamento global de uma empresa, considerando
todas as suas regras de negócios. Cada vez que ocorresse uma das seguintes
hipóteses: um concorrente mudasse seus preços; o mercado ficasse aquecido ou
retraído; houvesse aumento ou diminuição na taxa de juros ou do dólar; a fábrica
tivesse seus custos alterados; ou ocorresse qualquer outra mudança prevista no
modelo - rodar-se-ia o simulador e ele apresentaria todas as decisões que deveriam
ser tomadas naquilo que é possível para maximizar, a todo o momento, o resultado
da empresa!

Concluindo: a finalidade do BI não é apenas mostrar informações, como bem fazem


o datawarehouse, o workflow, o BPM e o BSC. Sem dúvida, esse é um papel
fundamental e importante, que está sendo muito usado.
Porém, para um efetivo suporte e apoio à decisão é preciso fazer o datamining, a
simulação, usar modelos matemáticos, inteligência.

De manhã, você chega à empresa, liga o computador e ele fará um dos dois sinais
para você: assim, polegar para cima: Positivo! Ou assim, mão direita espalmada
batendo violentamente na mão esquerda cerrada: Você está ferrado! Mas o ERP tem
a solução! SIGA as instruções!

Figura 4.7 Painel de Gestão do Futuro


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105 TEORIA DO ERP

Capítulo 5

Normas de Qualidade no Desenvolvimento e


Implantação de Software
Objetivos do aprendizado

Mostrar as principais metodologias utilizadas para o Desenvolvimento e Implantação de Software


mantendo os mais diversos padrões de Qualidade.

Palavras-chave

TQM - COBIT - ISO9000 - CMMI - MPS - ITIL - PMI - SOX - SPICE - SLA - SIX-SIGMA

Este capítulo trata de um assunto amplamente estudado e com farta literatura


disponível. Trata-se de normas, padrões, metodologias e melhores práticas para o
desenvolvimento e implantação de software, cujo principal objetivo é garantir a
qualidade do produto.

Um programa de computador pode apresentar inconsistências, falhas. Na verdade,


a expressão correta que se usa é não conformidade. As pessoas se conscientizaram
disso e perceberam que, se essa é a situação, é preciso resolvê-la. Assim,
arregaçaram as mangas e começaram a dar uma solução.
A programação exige muita criatividade e as idéias não vêm por encomenda. Então,
quando é solicitado um planejamento, anteprojeto, projeto, análise de requisitos,
orçamento, fica difícil definir e prever, logo de início, todos os detalhes
necessários. As idéias fluem durante o próprio desenvolvimento. O processo de
criação, geralmente, acontece no momento em que está se desenvolvendo. Hoje,
todos pedem redução de prazos, redução de custos, qualidade impecável,
perfeição. Enfim, cada vez mais (funcionalidades) por menos (custos); é o que
todos querem. A programação é uma verdadeira criação artística.
No final da década de 90, os cursos de Ciências da Computação e Sistemas de
Informação começaram a tratar esse assunto de maneira mais séria. Criaram uma
disciplina chamada Engenharia de Software ou Engenharia de Sistemas. O MEC
(Ministério da Educação e Cultura) orientou que a disciplina fosse incorporada às
grades curriculares. Esse movimento ganhou força através de livros, como o
Engenharia de Software, de Roger S. Pressman, editado em português apenas em
1995.
O que impressiona, no entanto, é a profusão de normas, padrões, metodologias e
melhores práticas que começaram a surgir. Hoje temos várias, com características
pouco diferentes. Quase sempre desenvolvidas por institutos americanos e
europeus, estas normas, padrões e metodologias têm um objetivo: o
desenvolvimento de software deve ser feito com a qualidade adequada, de forma
profissional e regulamentada.
O usuário quer cumprimento de prazos e qualidade nos resultados. As principais
normas são as seguintes:

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106 TEORIA DO ERP

5.1 TQM
TQM (Total Quality Management, Gerenciamento com Qualidade Total), é a sigla
mais antiga. O TQM, desde o início, definiu normas relativas aos atributos que
devem ser avaliados para se estabelecer a qualidade do software.
Partiu dos seguintes pontos básicos:
• Facilidade de uso: o usuário precisa navegar no sistema e conseguir se
achar, sem muito treinamento. Além disso, o programa deve ter
conformidade com as necessidades do usuário, estar de acordo com os
requisitos estabelecidos por quem pediu aquele desenvolvimento e conter
muitos helps (ajudas), claros e fáceis de entender;
• Segurança da informação: o sistema deve ter acesso restrito, com senhas. Os
arquivos não podem permitir invasão fácil;
• Flexibilidade: o sistema deve ter facilidade de adequação. Este é um ponto
importante. Flexibilizar sem despadronizar, ou seja, customização,
aderência, flexibilidade. Adequar o sistema às necessidades específicas
daquele usuário;
• Portabilidade: o sistema precisa rodar em vários ambientes, tanto Linux
quanto Windows, numa máquina Macintosh, numa máquina Intel, com
qualquer banco de dados, agora também no smathphone, nos tablets e nos
browses (navegadores da Internet);
• Estabilidade: esse é um dos critérios de avaliação mais importantes.
Quando, por exemplo, o Windows trava, quando perdemos um arquivo sem
saber por que, quando o sistema abenda, encerra o programa, dando um
erro totalmente sem sentido, trata-se de uma falha na estabilidade do
sistema. O processo todo entrou num loop, travou e isso é quase sempre
um erro do software;
• Performance: o último critério avaliado refere-se ao desempenho do
sistema.
Em uma máquina normal, a desculpa de que ela é lenta, e não o sistema, nem
sempre é aceita.
A performance de um software tem sempre que ser analisada dentro de um
hardware equivalente, cada vez mais robusto.
Estas normas do TQM são parecidas com as da ISO 9126. O objetivo é sempre o
mesmo: o cuidado que se deve ter para que esses critérios de avaliação estejam
perfeitamente de acordo com o que foi requisitado e com um projeto pré-
estabelecido. O instituto ou a entidade responsável pela avaliação dificilmente faz
um teste exaustivo do software em si, nem mesmo a ISO 9000.
E como eles avaliam a qualidade, se não testam o produto em si, testam apenas o
processo? Resposta: “Se você faz o processo perfeito, conseqüentemente, o
resultado será um produto bem feito. Mesmo que o produto apresente defeitos, se
os procedimentos que devem ser tomados quando houver um problema, dentro do
critério de avaliação de qualidade, estiverem definidos de forma adequada e bem
documentada, a norma está atendida. Isso é muito importante: parte-se do
princípio de que devem ser estabelecidos procedimentos para o processo de
desenvolvimento. Se esses procedimentos forem seguidos, certamente o produto
final será de qualidade.

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107 TEORIA DO ERP

5.2 COBIT

COBIT (Control Objectives for Information and Related Technology, Objetivos de


Controle para as Informações e Tecnologias Correlatas) é uma metodologia
considerada o guarda-chuva de todo o processo de qualidade na área de TI e
também em outras áreas. O COBIT certifica pessoas. Muito abrangente e genérico,
os principais tópicos do COBIT são:
• Manter os serviços de TI disponíveis;
• Entregar valor: uma solução que agregue algo;
• Redução de custos;
• Ambiente correto;
• Gerenciamento dos riscos, verificando quais são as probabilidades de haver
problemas;
• Recursos;
• Monitoração do desempenho, controles.

5.3 ISO 9000

A ISO 9000 é a norma que mais agitou o mercado. O processo de certificação é feito
por entidades certificadoras, credenciadas por um órgão acreditador, que no Brasil
é o Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial).
A ISO (International Organization for Standardization, Organização Internacional
para Padronização), sediada em Genebra, Suíça, é a responsável pela padronização
e divulgação global de inúmeras normas de qualidade. A ISO 9000 é uma das mais
conhecidas.
Há várias entidades certificadoras no Brasil, como a Fundação Vanzolinie outras.
A ABNT é o órgão brasileiro responsável pelas normas ISO que, na verdade, são um
conjunto de normas. Para software temos: ISO 9000, 9126,12207, 15504, 17799,
20000, 27000. Apesar de cada uma tratar de assunto específico, no fundo, todas
foram estruturadas sob aqueles mesmos pontos básicos que foram vistos acima.
Após a certificação inicial é preciso fazer re-certificações periódicas, a cada seis
meses ou a cada ano. É uma espécie de fiscalização e os auditores são bem
rigorosos. Se a empresa não cumprir as normas, a certificação é cancelada. O ponto
forte exigido pela ISO é a documentação. A empresa precisa documentar tudo,
principalmente as situações que demandem procedimentos de emergência. Se
houver um incidente e existir um plano de ação corretivo e preventivo bem
documentado, incluindo os procedimentos para chegar a uma solução, o incidente
deixa de ser um problema.
Outra exigência importante é a rastreabilidade: como a empresa identifica os fatos
que desencadearam o incidente e como busca as causas.
Apesar de todas as pesquisas, nenhum deles tem suas causas plenamente
conhecidas. A propósito, dizem que o governo americano gastou mais dinheiro

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108 TEORIA DO ERP

para rastrear e descobrir as causas do acidente com a nave espacial Apolo, a


muitos anos, do que com o seu próprio desenvolvimento.

É necessário criar um processo para detectar as causas da falha ou do incidente,


com perguntas e respostas:

• Porque houve a falha?


• Porque o metal era de má qualidade.
• Porque a máquina que o produziu estava sem manutenção.
• Porque o mecânico não recebeu a informação adequada.
• Porque fez um curso com programa defasado...

...e assim sucessivamente. É desta maneira que se atinge a qualidade: corrigindo as


causas dos problemas e aprimorando processos.

Um dos tópicos mais recorrentes destas normas é evitar que o erro se repita.
Controle de inspeção, de ensaios, todas as métricas e dispositivos utilizados, têm
que estar bem calibrados. Isto é um problema sério. Se amanhã houver um
indicador que não esteja correto, a empresa pode achar que está tudo bem, mas na
realidade não está.

Por exemplo, em relação a treinamento, os auditores da ISO 9000 fazem uma


grande vistoria do Departamento de Pessoal. Pedem as fichas dos funcionários,
conferem onde estão alocados e quais os cursos que fizeram. Se não houver
coerência entre a atividade que desempenham e os cursos de que participaram
(pedem até para ver o certificado de conclusão!), isto conta pontos negativos para a
certificação. Assunto importante com relação à qualidade é a pesquisa de
satisfação. Isto responde, em parte, àquela questão dos testes do produto.
Normalmente, o auditor da ISO 9000 responde: "Não é preciso testar o produto. Ele
tem a pesquisa de satisfação." Ao fazer esta pesquisa junto aos usuários testa-se,
de forma indireta, o produto. Deve-se ser muito rigoroso na quantidade de
usuários pesquisados, nas perguntas selecionadas, nos entrevistadores.

Existe também o lado psicológico: nas normas internas são colocados


procedimentos que as pessoas sabem que deveriam seguir, mas que não seguem.

5.4 CMMI

Em 2000 surgiu uma nova norma, genericamente chamada CMM ou CMMI


(Capability Maturity Model Integration) para o setor de tecnologia da informação e
software. Difere um pouco da ISO 9000, mas os objetivos são os mesmos.

O CMMI possui cinco níveis. O Brasil perdeu muito terreno, principalmente para a
Índia, por não ter dado a devida atenção a esse assunto. Na Índia, quando apareceu
o CMMI, as empresas, com o apoio do governo e pressão dos clientes, rapidamente
começaram a se certificar.

Com isso, invadiram o mercado de outsourcing mundial. Mesmo hoje, o número de


empresas no Brasil que têm CMMI Níveis 2, 3 ou 4 é muito pequeno. No Nível 5, há
pouquíssimas.

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109 TEORIA DO ERP

O CMMI foi criado nos Estados Unidos para atender as empresas que desenvolvem
algum tipo de projeto específico, com começo, meio e fim.

Na área de tecnologia, o CMMI está menos arraigado em empresas que fazem um


produto padronizado do que em empresas que desenvolvem sob encomenda, como
as que fazem outsourcing e as fábricas de software.

O cliente, quando adquire um produto através de licitação, seja governo ou


empresa privada, seja desenvolvimento de software ou outro projeto, dará
preferência para as empresas qualificadas em um bom nível do CMMI. Na
realidade, os grandes clientes já colocam no edital a exigência de CMMI Nível 3 ou
Nível 4. Se a empresa não tiver, nem participa da concorrência.

Quais são os critérios do CMMI?

Resumidamente, os critérios estão descritos nos cinco níveis:

• Nível 1: inicial, sem avaliação. São criados processos para fins específicos
em empresas pouco organizadas;

• Nível 2: passível de repetição. Processos são projetados para possibilitar a


repetição da qualidade do serviço;

• Nível 3: processo definido. Além de ser possível repetir os processos, eles


estão integralmente documentados, padronizados e integrados. Os
processos passam a ser independentes das pessoas. Se um funcionário sair
da empresa, quem assumir a função no dia seguinte lerá a norma e
procederá da mesma maneira;

• Nível 4: gerenciar. A empresa mensura os resultados e conscientemente os


utiliza para melhorar a qualidade dos serviços. Aqui entra o conceito de
melhoria contínua, também muito citado na ISO: a qualidade nunca está no
seu nível máximo, é sempre possível melhorar. No Nível 4, já existem
algumas métricas que permitem o gerenciamento e a melhoria;

• Nível 5: otimizar. A empresa otimiza conscientemente seus processos e


melhora a qualidade, com novas tecnologias, novos serviços, dentro do
processo de melhoria contínua, deforma natural e sem stress.

Com relação ao Nível 2, procure você, na sua vida particular, fazer processos
repetitivos. Faça um teste. Pela manhã, ao acordar, comece a medir quanto tempo
gasta desde sair da cama até ligar o carro na garagem: tomar banho, café, se vestir
etc. Este processo deve ser aprimorado até o momento em que se consegue manter
sempre o mesmo tempo, evitando qualquer incidente, com a mesma qualidade.
Percebe aonde a norma quer chegar? Se você leva dois minutos para escolher o
terno, não tem porque demorar quatro ou cinco minutos em determinado dia. É
preciso sempre repetir o processo.

O processo de avaliação, em cada Nível, demora entre oito e doze meses e envolve
consultores dentro da empresa. É um trabalho de evangelização dos envolvidos no
desenvolvimento de software, como programadores e técnicos, no sentido de
seguirem o modelo. Cria-se uma campanha de motivação, com camisetas, cartazes,
palestras, tal como foi muito usado na ISO. O objetivo é habituar as pessoas à
cultura do CMMI.

Os auditores são credenciados pelo SEI, Software Engineering Institute, Instituto de


Engenharia de Software, oriundo da Carnegie Mellon University. Há pouquíssimos
credenciados no Brasil, o que pode requerera vinda de auditores do exterior para a
avaliação.
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110 TEORIA DO ERP

5.5 MPS

O MPS (Melhoria de Processo do Software) é um modelo brasileiro coordenado pelo


Softex, órgão vinculado ao Ministério da Ciência e Tecnologia, que define as
normas e faz todo o processo de certificação, sem qualquer interferência
estrangeira.

Há tempos que o Softex, apoiado pela Assespro e outras associações de classe,


vinha trabalhando para criar uma norma brasileira. É difícil obter o
reconhecimento, principalmente internacional, mas o Softex está conseguindo. O
MPS foi baseado na CMMI e mantém semelhança, também, com a ISO 9000. Ele se
ocupa, entre outros objetivos, do fornecimento de software junto ao cliente que vai
comprá-lo, ajudando na avaliação e seleção do desenvolvedor, monitora a
qualidade da aquisição, obediência ao contrato e processo de aceitação. O MPS
certifica empresas de qualquer porte, permitindo que até as pequenas participem
de licitações.

Houve uma licitação em que o Serpro (Serviço Federal de Processamento de Dados)


exigiu que o fornecedor tivesse a certificação ISO 9001 ou a avaliação CMMI Níveis
2 ou 3. O protesto foi grande, porque o número de empresas, principalmente de
pequeno porte, que tinham estas certificações no Brasil era ínfimo. A resposta do
Serpro foi: "Nós, obrigatoriamente, temos que contratar fornecedores que tenham
uma certificação. Caso contrário, perderemos a nossa." Assim, forma-se uma
cadeia: você só mantém a sua certificação se todos os seus fornecedores também a
tiverem.

Subentende-se que, se os seus fornecedores não tiverem, o seu processo não está
perfeito. Foi nesta ocasião que o MPS ganhou força.

Quando uma empresa brasileira, como está acontecendo muito agora, exporta para
os Estados Unidos, a primeira pergunta que o comprador faz é: "Quais são as
certificações ou avaliações que a companhia tem?" Lutamos pelo dia em que a
empresa brasileira possa, orgulhosamente, declarar:

"Nós temos o MPS, Nível tal" (são oito níveis) - e que o americano responda:

"Então está tudo certo."

Muitas empresas brasileiras estão na fase de credenciamento junto ao MPS. É


importante que tenham êxito, principalmente porque os custos de certificação e
avaliação são menores.

5.6 ITIL

O ITIL, uma criação britânica, está atualmente muito em voga no Brasil.

Os europeus sempre procuram encontrar uma alternativa a tudo que é introduzido


pelos Estados Unidos.

ITIL significa Information Technology Infrastructure Library, Biblioteca da


Infraestrutura da TI. De modo geral, o ITIL é mais um conjunto de práticas que
começou a ser exigido. Reúne livros escritos pelos consultores da Central
Computing and Telecommunication Agency, um órgão do governo britânico.

Apresenta as melhores práticas de gestão corporativa para a área de tecnologia da


informação. Os dois livros mais importantes são:

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111 TEORIA DO ERP

Service Support e Service Delivery. A principal diferença com relação a outras


normas e metodologias é que o ITIL é mais focado no desenvolvimento e na
entrega dos serviços e suporte, certificando pessoas, não empresas. Existem três
níveis de certificação: Fundamento, Praticante e Gerente.

5.7 PMI

Vamos agora tratar do PMI (Project Management Institute, Instituto de Gestão de


Projetos), outra organização americana. Para alguns, a citação do PMI neste
Capítulo pode parecer estranha, porque ele trata mais de planejamento e controle
do que de qualidade. As melhores práticas do PMI também estão baseadas em um
livro, o PMBoK (Project Management Body of Knowledge).

O PMI está mais focado na implementação e gerenciamento de projetos,


identificando os pontos críticos. Emite certificações para pessoas, não para
empresas.

O primeiro ponto crítico é Escopo do Projeto. O projeto tem que ser focado e exige
análise de requisitos: definir e documentar claramente o que se pretende fazer,
incluindo as expectativas do usuário e como atendê-las.

Uma vez que isto esteja definido, o projeto deve ser seguido à risca.

O segundo ponto crítico é Gerenciamento do Tempo. É preciso prever a duração


das atividades, incluindo a programação. É o prazo de entrega que deve ser
cumprido. Quantas vezes o programador não fica horas e mais horas sem avançar,
procurando uma causa pelo não funcionamento de uma rotina. Isso tem até um
lado positivo, pois é nestes momentos que ele mais aprende, mas pode impedir
que a entrega ocorra no prazo.

O ponto crítico seguinte é Gerenciamento dos Custos. Orçamento e custo realizado


quase nunca batem. E o custo real é quase sempre maior do que o custo orçado.

É por isso que o gerenciamento dos custos é um exercício tão importante. Hoje em
dia, praticamente todos os projetos são fechados, têm o preço pré-estabelecido. No
passado, eram cobrados por hora. Assim, se houvesse algum problema, como o
aumento do número de horas previstas, o usuário tinha que pagar.

Isso mudou. Antes era por Administração, agora é por Empreitada, comparando-se
com a forma de cobrança das construtoras.

Outros pontos críticos do PMI são:

• Gerenciamento da Qualidade: o PMI considera todos os procedimentos


definidos na ISO 9000;

• Gerenciamento dos Recursos Humanos: recrutamento, treinamento,


certificação de pessoas;

• Gerenciamento das Comunicações: compreende até mesmo o uso de


linguagem adequada e coerente, proporcionando entendimento fácil entre
os envolvidos;

• Gerenciamento dos Riscos: cada vez mais importante, tanto que há uma
norma ISO que trata exclusivamente deste assunto;
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112 TEORIA DO ERP

• Gerenciamento das Aquisições: compra de mercadorias, equipamentos,


componentes relacionados com o projeto; de nada adianta um projeto
muito bem planejado se o que está sendo adquirido para produzi-lo não
tiver qualidade.

5.8 SOX

Com relação ao gerenciamento de riscos, ele é o cerne da Lei Sarbanes-Oxley.


Algumas empresas têm até mesmo o cargo de Gerente de Risco. Hoje, já podemos
incluir a Sarbanes-Oxley (abreviadamente conhecida como SOX ou Sarbox) neste
Capítulo sobre normas, padrões, metodologias e melhores práticas. Tecnicamente,
a Lei Sarbanes-Oxley apresenta um rol de responsabilidades e de sanções,
classificando crimes de colarinho branco, fraudes cometidas por administradores e
auditores. Tenta-se coibiras práticas contábeis que possam expor a empresa a um
risco sem aprovisionamento prévio, coibir empréstimos fictícios para membros do
conselho de administração ou da diretoria e outras anomalias.

A SOX, criada em decorrência dos escândalos da Enron, Tyco e Worldcom, trouxe


alguns conceitos básicos muito importantes, que norteiam as novas exigências do
mercado, a começar pela governança corporativa: maior transparência, forte
disciplina, aprimoramento dos processos e controles internos, gestão de riscos e
apresentação de resultados, como indica a metodologia do COSO (Committe eof
Sponsoring Organizations of the Treadway Comission), a mais adotada pelas
empresas como padrão para controles internos.

Uma das maiores novidades introduzidas pela SOX é a exigência de criação de um


comitê de auditoria nas empresas, com severas punições, inclusive criminais (nos
Estados Unidos existe legislação muito rigorosa a respeito) para os principais
executivos: CEO (presidente), CFO (financeiro), CIO (TI), conselhos, diretores e até
gerentes. Estes executivos devem prestar contas a auditores internos e externos.
Nos Estados Unidos, estão enquadradas na SOX as companhias americanas e não
americanas listadas nas Bolsas de Valores Nyse e Nasdaq com capital acima de
determinado valor. Estas empresas estão sujeitas à fiscalização da SEC (US
Securities and Exchange Commission), equivalente à nossa CVM (Comissão de
Valores Mobiliários), órgão máximo que deverá atestar a veracidade das
declarações financeiras.

No Brasil, estão sujeitas à SOX as companhias de capital nacional listadas nas


Bolsas Nyse e Nasdaq (cerca de 40 empresas) e as subsidiárias de multinacionais de
qualquer origem listadas nestas entidades, a critério de suas matrizes.

O Brasil é o 3º país do mundo em número de companhias listadas na Nyse, atrás


apenas dos Estados Unidos e do Reino Unido.

Isto é um bom sinal! A Lei Sarbanes-Oxley tornou-se a referência mundial para a


governança corporativa. Também está sendo implantada como padrão de
qualidade em companhias brasileiras que não estão listadas nas bolsas americanas,
como as que fazem parte do Novo Mercado e dos Níveis 1 e 2 de Governança
Corporativa da Bovespa.

Estas empresas também vêm sendo observadas bem de perto por administradores
de fundos de investimentos, nacionais e estrangeiros, associações de classe,
sindicatos, ambientalistas. Agora, o resultado financeiro não é uma meta a ser
atingida a qualquer custo. Não dá mais para fazer "mágica", ou cook the books
(cozinhar os livros), como se diz nos Estados Unidos.
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113 TEORIA DO ERP

E o programador, há alguma punição para ele? Ele pode ser um dos elos de um
processo ilícito.

No Brasil, por incrível que pareça, a profissão do programador não é


regulamentada, o que dificulta punições em casos de conluio com o fraudador.

5.9 SPICE, SLA, SIX-SIGMA

São as outras normas, padrões, metodologias e melhores práticas também


importantes.

O SPICE (Software Process Improvement and Capability Determination,


Aprimoramento e Determinação da Capacidade dos Processos de Software) também
é uma norma americana, muito parecida com a ISO 15504. A palavra Determination
corresponde ao E da sigla - parece erro, mas é assim mesmo.

SLA significa Service Level Agreement, Acordo de Nível de Serviço. É uma


metodologia celebrada entre o fornecedor de serviço e o cliente, interno ou
externo. O SLA classifica a severidade dos problemas em vários níveis.

A partir dessa severidade e das conseqüências, define-se o prazo máximo para


correção do incidente. Caso não seja corrigido, o SLA também estabelece qual
procedimento deve ser seguido.

• Nível 1 é (Severidade) Crítica: em empresas de grande porte,como um call-


center, quando ocorre um problema com o software de atendimento, ela
pára. Neste caso, o SLA determina que o defeito deve ser corrigido em, no
máximo, duas horas.
Se não for corrigido, a empresa precisa ter um plano de contingência que
resolva o problema;

• Nível 2 é Alta: o problema é sério, mas existe uma alternativa para solução,
como um processo manual para faturamento,no caso de falha no sistema
informatizado;

• Nível 3 é Média e Nível 4 Baixa: ambos funcionam de maneira análoga aos


outros níveis, com maior tolerância de horas para correção.

No passado, existiam o MTTR (Medium Time To Repair, Tempo Médio para Reparar)
e o MTBF (Medium Time Between Failures, Tempo Médio Entre Falhas). Podemos
dizer que o SLA é uma modernização desses conceitos.

O Six-Sigma (6-Sigma ou Seis-Sigma) tem como base o DMAIC (Definir,


Medir,Analisar, Implementar e Controlar) e procura reduzir a quantidade de
problemas e erros incidentes, até que o processo otimizado seja atingido.

O Six-Sigma estabelece que o número máximo é 3,4 erros em 1 milhão de


oportunidades. É dificílimo chegar lá, mas um setor que consegue, com folga e no
mundo todo, é o aéreo. Dependendo do continente, ocorrem 0,8, 1,0 ou 1,3
acidentes com vítimas fatais em 1 milhão de pousos e de decolagens. O número de
acidentes é bem inferior aos 3,4.

Com todos os pontos descritos podemos dizer que não é fácil chegar à máxima
qualidade em software.
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114 TEORIA DO ERP

O que acontece quando há um erro de software? Hoje, os softwares são utilizados


em todas as atividades humanas, o que não acontecia no passado, quando eram
mais utilizados em aplicações comerciais, onde um erro não tinha tanta
repercussão e conseqüência.

O foguete Mariner1, por exemplo, teve que ser destruído a caminho de Vênus
devido a um erro de software. O foguete francês Ariane 5, menos de um minuto
após o seu lançamento, também teve que ser destruído por conta de erros de
software. Cinco pessoas morreram em instituto de câncer no Panamá devido à
exposição excessiva aos raios-x, em processo controlado por software. Para se ter
uma idéia das conseqüências financeiras, o departamento comercial nacional de
ciência e tecnologia dos Estados Unidos afirma gastar US$ 59 bilhões por ano em
decorrência de erros de software.

Cada vez mais o software substitui o ser humano, nos aeroportos, hospitais e
automóveis. É por isto que a qualidade precisa ser cada vez mais robusta, com um
nível de não conformidades muito pequeno.

O culpado foi o software. Sempre ouvimos falar de erro humano ou de falha do


equipamento. Podemos dizer que, nos incidentes relatados, o erro humano foi
conseqüência de um erro de software? A culpa de um acidente pode estar
relacionada a um erro de software.

Quando afirmamos que o erro foi do software, quer dizer que aquela situação não
foi prevista. Vejamos um exemplo bem simples. Uma pessoa vai ao caixa eletrônico
de um banco e, sem querer, digita o valor de R$ 100 mil como transferência para
outra conta. O sistema aceita e o correntista vai embora. O dinheiro é transferido,
desde que haja fundos. Você concordaria que o erro foi do software? Certamente
não, e argumentaria: a falha foi de quem digitou o valor errado. Mas, falando como
analista de sistemas, o erro foi do software porque não apresentou uma mensagem
alertando: O valor está muito alto, você não costuma fazer isto.

O software deve alertar para situações como esta. Muitas pessoas se irritam com
perguntas, aparentemente óbvias, feitas pelo sistema: Você tem certeza que quer
apagar esses arquivos? Mas quando elas as salvam de uma catástrofe, ficam
aliviadas.

Por outro lado, existe um ponto em que há excesso de mensagens e o usuário acaba
não as lendo.

O software, porém, precisa prever todas as circunstâncias e evitar que o erro


aconteça. Hoje, se você não se lembra de colocar o cinto de segurança e se fere ao
sofrer um acidente, o erro é do software. Nos carros antigos há um alerta, com um
bip intermitente ou uma luz acesa no painel, para avisar sobre o cinto. Nos carros
mais modernos, o motor pode não dar a partida enquanto o motorista não colocar
o cinto. É a sua segurança que está em jogo.

Quando ocorre um erro de digitação, o certo é perdoar quem o cometeu, pois o


erro foi do software. O sistema precisa se preocupar com o processo de digitação
de tal forma que evite erros do usuário. Veja o Word. Corrige até erros gramaticais.

O combo-box, por exemplo, é uma forma de evitar que a pessoa digite uma
bobagem qualquer. Ele só dá as alternativas válidas. Cada vez mais, esta e outras
formas de entrada de dados evitam que entre lixo. E se entra lixo, sai lixo (garbage
in, garbage out). Esta é uma das mais antigas frases usadas no segmento.

É difícil, mas é preciso que se aprimore sempre esse processo. Tanto as


certificações como as normas mencionadas fazem com que a qualidade melhore. O
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115 TEORIA DO ERP

difícil é as pessoas se decidirem a adotar e a gastar energia neste aprimoramento.


No momento em que isto for não apenas uma obrigação, mas também um hábito,
quando houver fiscalização, punição e premiação, todos participarão e irão
melhorar.

Ainda com relação à afirmativa de que o software é sempre o culpado, podemos


insinuar que a atividade de um programador seria uma ciência exata, sem erros?

A programação, o sistema ou o software, como estabelece o próprio Nível 5 do


CMMI, têm que passar por um processo de melhoria contínua. Quando se fala de
gestão de qualidade, o que na verdade quer se dizer é que todos os incidentes que
acontecem - e acontecem mesmo- precisam ser evitados. É um processo de
melhoria contínua e permanente.

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116 TEORIA DO ERP

Capítulo 6

Jogo de Empresas

6.1 Objetivos do Jogo

A inclusão do Jogo de Empresas neste livro visa dar ao leitor mais um conjunto de
princípios administrativos que julgamos úteis a quem convive com Sistemas de
Gestão e especialmente para a realização das dinâmicas de motivação descritas no
Capítulo do Caso do Chaveiro.
O jogo tem como objetivo treinar pessoas da área administrativa, vendas e
empresários na gestão de negócios. É um jogo simples e rápido, mas mesmo assim
completo no que diz respeito aos vários aspectos que interferem na estratégia do
dia-a-dia de uma organização.
O seu desempenho depende de suas decisões e também pelo raciocínio rápido.
Não existe uma fórmula “mágica” para ganhar sempre.

Aconselhamos aos jogadores que antes de cada decisão visualize a ajuda online.
Nesta ajuda, o jogador encontrará a teoria referente à decisão que está em questão,
possibilitando definir uma melhor estratégia.
O objetivo final do jogo não é somente proporcionar momentos de lazer aos
participantes. É também o de mostrar como funciona na prática o mecanismo de
uma empresa e treiná-los a conviver neste ambiente que, se por um lado é exato e
lógico, por outro é subjetivo e estratégico.

6.2 Objetivos dos jogadores

São 5 (cinco) os objetivos dos jogadores:

1. Obter o maior volume de vendas em quantidade;


2. Maior lucro orçado;
3. Melhor administração do caixa, ou seja, não deixá-lo negativo;
4. Maior lucro real;
5. Melhor retorno do lucro sobre o capital inicial.

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117 TEORIA DO ERP

6.3 Decisões

São 10 decisões a serem tomadas, sendo que a maioria demanda cálculos para se
chegar à melhor e algumas dependem um pouco de sorte, poiso aluno toma a
decisão sem saber exatamente qual o cálculo feito pelo jogo. Fatores aleatórios
interferem-no resultado.

6.3.1 Capital Inicial

Nesta primeira decisão você define o Capital Inicial que o seu acionista irá investir
em sua empresa. O jogo oferece 16 (dezesseis) opções de valor para o Capital,
variando de 85.000,00 a 115.000,00.
O Capital servirá para pagar o imobilizado da empresa, que no jogo foi estipulado
em 100.000,00, mais o valor que será necessário para financiar o estoque (Capital
de Giro).
Como todos os desembolsos são feitos somente após os recebimentos do capital e
das receitas, o cálculo utilizado para decidir o Capital Inicial é:
CAPITAL = IMOBILIZADO + ESTOQUE FINAL – LUCRO
Tanto o estoque final quanto o lucro não são totalmente conhecidos neste
momento e dependem da estratégia que será adotada.
Quando o cenário da Capacidade Máxima Produtiva da Fábrica estiver ativo, a
quantidade vendida ficará limitada à quantidade que a fábrica consegue produzir
com o capital que for investido. Este cenário visa dar ao quesito Capital uma
importância maior, influindo não só na taxa de retorno, mas também no tamanho
da fábrica.

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118 TEORIA DO ERP

Figura 6.1Definição Capital Social.

Figura 6.2Escolhendo o valor do Capital Social.

6.3.2 Folha de Pagamento

Nesta decisão você decide o valor a ser investido na Folha de Pagamento. Como
sabemos quem tem boa remuneração presta um bom serviço. Por este motivo, o
valor a ser investido na Folha irá influenciar na qualidade de seu produto e,
conseqüentemente, nas vendas, nas perdas e no custo da mercadoria vendida da
empresa que você está administrando.
O jogo oferece três opções para investir na Folha:

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119 TEORIA DO ERP

Figura 6.3 Opções Folha de Pagamento.

Para cada um destes valores, você terá uma perda de peças do seu produto e um
aumento na quantidade vendida:

Figura 6.4 Impacto da Folha em outras áreas.

Por exemplo, investindo 2.000,00 na Folha, você terá a perda de 1 peça e um


aumento de 10% na quantidade vendida.

Cada peça perdida representa uma queda no faturamento. Por outro lado, quanto
maior o valor da Folha, maior será o Custo da Mercadoria Vendida.

Figura 6.5 Folha de Pagamento.

6.3.3 Publicidade

Na decisão do gasto em Publicidade o jogo oferece 10 (dez) opções, variando de 0 a


4.500,00. Para selecionar o valor pretendido, basta posicionar o mouse na linha
correspondente e a seta indicará o valor selecionado.
Para cada 100,00 (cem) investido em Publicidade você vende 1 (uma) peça a mais.
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A tabela a seguir mostra quantas peças serão vendidas para cada valor da
Publicidade:

Figura 6.6 Opções Investimento em Publicidade.

Caso o cenário Anúncio Não Incluso no Preço estiver ativo, o custo da Publicidade
não entra no preço do produto, alterando a contribuição marginal. Este cenário tem
como objetivo atender a prática empresarial comum. Caso este cenário não esteja
ativado a alteração no valor da Publicidade afeta diretamente o Preço de Venda.

Figura 6.7 Definindo o Investimento.

6.3.4 Percentual de Lucro

Nesta decisão é definida a percentagem de lucro que você deseja sobre o Capital
investido.

O jogo oferece 8 (oito) opções: 1%, 2%, 3%, 4%, 5%, 7%, 9% e 12% ao mês.

O Lucro irá definir o preço de venda do seu produto.

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121 TEORIA DO ERP

Portanto, você deverá basear-se em uma série de fatores. Por exemplo, no Brasil
paga-se hoje, para qualquer tipo de investimento, taxas de juros altas em relação a
outros países, não só para atrair capital externo e equilibrar nossa balança de
pagamentos, mas também para restringir o consumo, evitando assim a volta da
inflação.

A taxa atual é de 11% ao ano, ou seja, um pouco menos que 0,8% ao mês, não
considerando juros compostos.

Você deve basear-se também em outros indicadores de mercado. A poupança, por


exemplo, rende em torno de 0,5% ao mês, um CDB chega a 1%, a Bolsa de Valores é
uma incógnita, o agiota ganha de 6% a 10%, as lojas cobram 3%, um imóvel (risco
baixo) 0,5%. Por outro lado, no exterior, uma taxa de 4% ao ano é considerada alta.
Portanto, seu lucro não pode fugir muito destes patamares.

A sua decisão está relacionada aos parâmetros do sistema, pois ela determinará o
preço de venda que, conseqüentemente, influirá na quantidade vendida.

Assim, se você for muito ambicioso (lucro alto) poderá ter uma decepção nas
vendas, ao passo que, se for conservador demais (lucro baixo) dificilmente ganhará
o jogo, pois o lucro interfere em 3 critérios de pontuação.

É como um jogo de poker ou, se formos mais longe, a realidade da maioria dos
mercados, onde é preciso ser perspicaz e “adivinhar” a decisão dos concorrentes,
definindo assim o melhor índice, não só quanto ao lucro, mas também na decisão
seguinte que trata da quantidade prevista de venda.

Com o cenário do Preço de Venda ativo, o preço é informado pelo jogador ao invés
de ser calculado pelo jogo. Assim sendo, não terá a decisão da Taxa de Lucro, que é
um dos itens que formam o preço de venda.

Este cenário tem como objetivo atender a uma tendência de mercado, ou seja,
define-se o preço independente do lucro desejado, o que sem dúvida não é a
melhor prática empresarial, mas é a nova ordem, em função da globalização e da
forte concorrência.

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Figura 6.8 Definindo o percentual de lucro.

6.3.5 Previsão de Vendas

Nesta decisão o jogo oferece 15 (quinze) opções para a Quantidade Prevista de


Vendas do seu produto.

Figura 6.9 Quantidade Prevista de Vendas.

Para tomar esta decisão, você necessita um pouco de feeling, pois não sabe qual é
o preço dos seus concorrentes definido pelos parâmetros do sistema. E o preço é
um dos fatores que mais influi na quantidade vendida.
No jogo, será apurada a diferença entre o seu preço e o maior preço dos
concorrentes. Para cada percentual de diferença, você venderá 1 (uma) peça a mais.
Exemplo:
Preço mais alto 635,00 (calculado pelo jogo)
Seu preço 381,00 (calculado pelo jogo)
Quantidade que você irá vender a mais:
(635 / 381) - 1) x 1 = 66
Influem também na quantidade vendida os gastos com Publicidade e Folha de
Pagamento.
Além disso, pelo simples fato de existir, sua empresa vende uma quantidade inicial
mínima de 20 (vinte) peças.

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Figura 6.10 Previsão de Vendas.

Figura 6.11 Definindo Previsão de Vendas.

6.3.6 Redução dos Gastos Gerais de Fabricação


Nesta decisão você necessita de raciocínio rápido para analisar as fórmulas que
serão apresentadas ao clicar no botão do personagem e descobrir as que resultam
num valor maior.
No prazo de 20 (vinte) segundos, você deverá clicar nas 3 (três) que resultem num
valor mais alto, cuja soma será a redução nos gastos gerais de fabricação da sua
empresa.
Originalmente, o GGF é de 2.000,00, sendo que, em alguns casos, a redução poderá
suprimir totalmente ou até zerar esta despesa.

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Figura 6.12 Exibição das fórmulas.

Figura 6.13 Analisando as fórmulas.

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Figura 6.14 Escolhendo as fórmulas.

6.3.7 Matéria-Prima

O Jogo oferece 5 (cinco) opções de valores de matéria-prima que variam de 103,00


a 115,00.
Nesta decisão você faz a função de um representante do fornecedor de matérias-
primas, oferecendo um preço aos seus concorrentes. Ao vender matéria-prima, sua
empresa ganha uma comissão equivalente à quantidade de peças compradas pelo
seu cliente, multiplicada pelo valor ofertado menos 100, que é o preço mínimo
estipulado. Cada empresa compra uma quantidade de matéria-prima igual à de
Produtos Acabados Vendidos. Lembre-se que você está fazendo o papel de
representante, logo esta oferta é independente do material que você está
comprando.

6.3.8 Política de Compras

Você pode adotar uma Política de Compras de matéria-prima para o consumo de 1,


2 ou 3 meses.

Cada peça consome uma unidade de matéria-prima. A quantidade de meses que


você comprar menos 1, que será consumido na fabricação dos produtos, ficará no
estoque final.

Comprando em grandes quantidades, se ganha descontos com o fornecedor,


porém, ao término do jogo, sua empresa precisa financiar o saldo em estoque.

Por outro lado, se adotar uma política de compras Just-In-Time, ou seja, apenas
para 1 mês, você não precisa de capital para financiar o estoque (que será zero),
porém deixa de receber o desconto de seu fornecedor.
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Veja abaixo a tabela de descontos:

Figura 6.15 Tabela de Descontos.

Quando o cenário de Compras estiver ativo, a quantidade de matéria-prima


comprada será igual à quantidade prevista de venda. Portanto, esta será a
quantidade máxima possível de ser vendida. Caso a venda real seja menor que a
prevista, a diferença ficará no estoque, mesmo tendo comprado para apenas um
mês. Este cenário tem como objetivo evitar que se jogue uma Previsão de Vendas
baixa com o único objetivo de aumentar o preço e também simular uma situação
onde a compra de matéria-prima demanda um prazo de entrega maior, dificultando
a compra de última hora.

Figura 6.16 Política de Compras.

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Figura 6.76 Política de Compras.

6.3.9 Controle de Qualidade

Nesta etapa do jogo você está envolvido com a qualidade do seu produto.

Figura 6.18 Controle de Qualidade.

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Figura 6.19 Controle de Qualidade.

Dica: Clicar na lâmpada que não pisca, o mais rápido que puder, para que sejam perdidas
menos peças possível.

6.3.10 Abatimento

Esta é a última decisão do jogo. Aqui se simula a negociação de um abatimento a


ser concedido ao seu cliente.
Ele sempre reclama de alguma coisa e exige um abatimento na quitação da dívida.
O tempo disponível para a negociação é aleatório, variando de 7 a 45 segundos.
A taxa inicial é de 15%. À medida que o tempo passa, o cliente vai cedendo e o
abatimento vai diminuindo, podendo chegar até a 0%.
Quando achar que o abatimento está razoável, clique no botão ACEITO.
Mas, se o tempo esgotar e a negociação não tiver sido concluída, a taxa de
abatimento será a que foi definida inicialmente, ou seja, 15%.
Após esta decisão é apresentado o resultado final com todos os valores envolvidos
no jogo e a pontuação que define a classificação geral das empresas.

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Figura 6.20 Abatimento.

Figura 6.21 Abatimento.

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Figura 6.22 Abatimento.

6.4 Resultado Final

Figura 6.23 Comparativo – Resultado Final.

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Figura 6.24 Comparativo – Resultado Final.

Figura 6.25 Comparativo – Resultado Final.

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Capítulo 7

Contabilidade
Objetivos do aprendizado

Descrever os principais conceitos de contabilidade aplicados em um sistema de gestão integrada.

Palavras-chave

Débito, Crédito, Rateios, Lançamentos Contábeis, Contabilidade Gerencial e Demonstrativos.

O principal objetivo da Contabilidade é controlar e fornecer informações sobre a


situação econômico-financeira da empresa.
Seu inventor foi o frade Luca Pacioli, em 1494, que criou o método da partida
dobrada, que basicamente significa: para cada entrada existe uma saída.
O princípio deste método estabelece que uma empresa, desde o momento que ela é
criada, tem Bens e Obrigações. Estes Bens e Obrigações chamam-se na linguagem
contábil ATIVO e PASSIVO. Desta forma temos sempre duas colunas de valores: Do
lado esquerdo, o Ativo e do lado direito, o Passivo.
O método da partida dobrada faz com que o Ativo seja sempre igual ao Passivo,
pois como já falamos, a cada entrada (DEBITO) corresponde uma saída (CREDITO).
Isto do lado do Ativo. No Passivo é o inverso. O relatório que apresenta estes
valores é o Balanço e é por causa desta igualdade que ele leva este nome.
A Contabilidade não considera suposições ou fatos incertos. Apenas fatos reais e
sacramentados e que afetem os Bens ou Obrigações da empresa, ou seja, seu
Patrimônio. Assim uma Nota Fiscal é um fato contábil, mas um Pedido não. Um
pagamento, recebimento ou a assinatura de uma nota promissória são. Mas a
assinatura de um contrato ou a contratação de um funcionário, não. Uma
requisição ao almoxarifado é, assim como a produção de um item e mesmo uma
perda se houver, mas o envio de um título para o banco cobrar, não.
Houve tempos em que eram criadas as Contas de Compensação, que tinham o
objetivo de controlar estes fatos não contábeis. Hoje se utiliza apenas o recurso da
Provisão para dar à contabilidade o máximo de transparência em relação à
realidade dos fatos.
Estes fatos são contabilizados através de Lançamentos Contábeis. Um lançamento
ou aumenta ou diminui o Ativo e Passivo ou transfere o valor de uma conta para
outra no Ativo ou no Passivo, isto é, debita e credita contas.
Fazem parte do Ativo todos os bens que podem ser convertidos em dinheiro, como
os depósitos bancários, investimentos, títulos a receber, estoques, imobilizados
como máquinas, equipamentos, prédios, veículos, instalações e mesmo bens
intangíveis como marcas e patentes.
Fazem parte do Passivo todas as obrigações que a empresa tem com terceiros e
também com os proprietários da empresa, que nela investiram. Desta forma o
Passivo é dividido em Exigível (obrigações com terceiros, como duplicatas, a folha,
impostos, encargos, financiamentos, etc.) e Patrimônio Líquido (obrigações com os
proprietários, como o Capital inicial, lucros acumulados e reservas).
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133 TEORIA DO ERP

Figura 7.1 Grupos Contábeis.

O Patrimônio Líquido, que é a diferença entre o Ativo e o Exigível, ou seja, tudo o


que a empresa tem menos o que ela deve a terceiros, é na verdade o valor contábil
da empresa, ou seja, o quanto ela vale caso seja colocada a venda ou encerre suas
atividades e vá a leilão. É composto pelo Capital Inicial, colocado pelos
proprietários, que inicialmente teve como contrapartida a conta Caixa (Ativo),
Caixa esta que depois foi usada para adquirir imobilizados, estoques, financiar
vendas, etc. Mas alem do Capital fará também parte do Patrimônio Liquido da
empresa, o Lucro Acumulado, pois nada mais justo do que devolver aos
proprietários o Retorno pelo Capital Investido (ROI).
E é exatamente para gerar este Lucro que a empresa gera Receitas. E não há,
infelizmente, Receitas sem Despesas. As Despesas ficam do lado do Ativo, pois
também constituem um Bem da Empresa, já que de alguma forma ela gera um
Direito de usufruto para a empresa:

 Ao pagar um salário, o Direito de usufruir do trabalho do funcionário.


 Ao pagar um aluguel, o Direito de usufruir do imóvel.
 Ao pagar uma propaganda, o direito de ter seu espaço em uma mídia.

Na verdade, as Despesas têm como finalidade gerar a Receita. E por isso a Receita
fica do lado do Passivo. Assim como a Despesa é um Bem, a Receita é uma
Obrigação. Uma Obrigação para com os proprietários, que arriscaram seu Capital
no Empreendimento. Mas que precisam se conformar que desta Receita sejam
subtraídas as Despesas, de modo que a eles cabe apenas o Resultado, ou seja, o
Lucro. E se ao invés de Lucro, tivermos Prejuízo, que arquem eles com a perda. O
Patrimônio Líquido passa a ser o Capital menos este déficit.
Para calcular o Lucro/Prejuízo é feito, ao final de cada Exercício, o encerramento
das contas de Despesas e Receitas contra a conta de Resultados. Seus saldos são
zerados, debitando-se as Receitas e creditando-se as Despesas em contrapartida
com a conta Resultado do Exercício. O DRE – Demonstrativo do Resultado do
Exercício, demonstra este encerramento, listando as Receitas, as Despesas e
mostrando o Resultado.

7.1 Plano de Contas


O Plano de Contas é a relação que identifica cada Ativo e cada Passivo da Empresa.
Não deve ser muito detalhado, pois fica trabalhosa a classificação dos
lançamentos, nem muito sintético, pois impede que se faça uma análise apurada
dos resultados.

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134 TEORIA DO ERP

Apesar da lei das Sociedades Anônimas estabelecerem regras básicas, dificilmente


se encontra um padrão, na indústria ou no comércio, de Plano de Contas. No
segmento bancário e de seguros, onde há maior controle das instituições, os
planos seguem uma linha bem rigorosa quanto ao modelo a ser seguido.
O exemplo a seguir serve de base para o exercício que será vistos neste capítulo.

Contas Patrimoniais

1. Ativo
2. Passivo
Contas de Resultados

3. Despesas
4. Receitas

Contas Patrimoniais

1.0.00.00.00 Ativo

1.1.00.00.00 Ativo Circulante

1.1.01.00.00 Disponível

1.1.01.01.00 Caixa Geral

1.1.01.01.01 Caixa

1.1.01.02.00 Bancos Conta Movimento

1.1.01.02.01 Banco do Brasil S/A

1.1.02.00.00 Estoque

1.1.02.01.00 Estoque de Produtos Acabados

1.1.02.01.01 Estoque de Mercadorias

1.1.02.02.00 Créditos com Mercadorias

1.1.02.02.01 ICMS a Recuperar

1.1.02.02.02 PIS a Recuperar

1.1.02.02.03 COFINS a Recuperar

1.1.03.00.00 Direitos Realizáveis

1.1.03.01.00 Valores a Receber

1.1.03.01.01 Duplicatas a Receber

1.2.00.00.00 Ativo Permanente

1.2.01.00.00 Bens em Operação

1.2.01.01.00 Bens Tangíveis

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1.2.01.01.01 Imóveis

1.2.01.01.02 Instalações

1.2.01.01.03 Máquinas e Equipamentos

1.2.01.01.04 Veículos

1.2.01.01.05 Computadores

1.2.01.02.00 (-) Depreciação/Amort./ Exaustão

1.2.01.02.01 (-) Depreciação Acumulada

1.4.00.00.00 Ativo Diferido

1.4.01.00.00 Despesas Diferidas

1.4.01.01.00 Seguros

1.4.01.01.01 Seguros a Amortizar

1.4.01.01.02 Seguros Amortizados

1.4.01.02.00 Férias

1.4.01.02.01 Adiantamento de Férias

2.0.00.00.00 Passivo

2.1.00.00.00 Passivo Circulante

2.1.01.00.00 Valores a Pagar

2.1.01.01.00 Obrigações com os Sócios

2.1.01.01.01 Dividendos a Pagar

2.1.01.02.00 Obrigações com Folha de Pagamento

2.1.01.02.01 Salário Líquido a Pagar

2.1.01.02.02 Provisão para 13º Salário

2.1.01.02.03 Salário de Férias Líquido a Pagar

2.1.01.03.00 Obrigações com Terceiros

2.1.01.03.01 Duplicatas a Pagar

2.1.01.03.02 Títulos a Pagar

2.1.01.04.00 Obrigações Fiscais

2.1.01.04.01 ICMS a Recolher

2.1.01.04.02 PIS a Recolher

2.1.01.04.03 COFINS a Recolher

2.1.01.04.04 ISS a Recolher


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2.1.01.04.05 INSS a Recolher

2.1.01.04.06 IRRF a Recolher

2.1.01.04.07 FGTS a Recolher

2.1.01.04.08 IRPJ a Recolher

2.1.01.04.09 Contribuição Social a Recolher

2.2.00.00.00 Patrimônio Líquido

2.2.01.00.00 Capital Integralizado

2.2.01.01.00 Capital dos Sócios

2.2.01.01.01 Capital Social

2.2.02.00.00 Reserva de Capital

2.2.02.01.00 Reserva para Aumento de Capital

2.2.02.01.01 Reserva Legal

2.2.03.00.00 Lucros e Perdas

2.2.03.01.00 Do Exercício

2.2.03.01.01 Resultado do Exercício

2.2.03.01.02 Dividendos a Pagar

2.2.03.02.00 Acumulados

2.2.03.02.01 (+) Lucros ou (-) Prejuízos

Contas de Resultado

3.0.00.00.00 Despesas

3.1.00.00.00 Despesas Operacionais

3.1.01.00.00 Custo das Mercadorias Vendidas

3.1.02.00.00 Despesas com Férias

3.1.03.00.00 Despesas com ISS

3.1.04.00.00 Despesas com Combustíveis

3.1.05.00.00 Despesas com Água

3.1.06.00.00 Despesas com Energia Elétrica

3.1.07.00.00 Despesas com Telefone

3.1.08.00.00 Despesas com Depreciação

3.1.09.00.00 Despesas com Seguros

3.1.10.00.00 Despesas com Salários


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3.1.11.00.00 Despesas com INSS

3.1.12.00.00 Despesas com FGTS

3.1.13.00.00 Despesas com 13º Salário

3.1.14.00.00 Transferência entre Centros de Custos

3.1.15.00.00 Despesa com ICMS

3.1.16.00.00 Despesa com PIS

3.1.17.00.00 Despesa com COFINS

3.2.00.00.00 Despesas Administrativas

3.2.01.00.00 Juros Passivos

3.3.00.00.00 Transferências de Rateios

3.3.01.00.00 Rateios Recebidos

3.3.02.00.00 Rateios Enviados

3.4.00.00.00 Despesas de Vendas

3.4.01.00.00 Despesas com Comissões

3.4.02.00.00 Despesas com Marketing

4.0.00.00.00 Receitas

4.1.00.00.00 Receitas Operacionais

4.1.01.00.00 Vendas de Mercadorias

4.1.02.00.00 Receitas de Serviços

4.2.00.00.00 Receitas Administrativas

4.2.01.00.00 Descontos Obtidos

É importante entender que no Plano temos contas sintéticas e analíticas. Uma conta
sintética é a soma de várias outras, gerando uma hierarquia com níveis e
evidentemente não podem receber lançamentos.
Definido o Plano o próximo passo é a classificação dos Lançamentos.
Tarefa difícil, pois cada lançamento representa um fato contábil e um erro em sua
classificação pode afetar seriamente a veracidade do Resultado da empresa ou sua
situação patrimonial. Há normalmente nas empresas um manual que estabelece os
critérios de classificação para cada situação:
 Quando lançar uma aquisição em despesa e não no imobilizado?
 Como amortizar uma despesa de longo alcance e em quantos meses?
 Como depreciar um imobilizado e em quantos anos?

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138 TEORIA DO ERP

 Como provisionar uma despesa futura, como por exemplo, o 13º salário ou
a despesa com Devedores Duvidosos?
 Como lançar um desconto recebido? Como uma receita ou abatê-lo da
despesa?
 O que considerar como despesa de fabricação, que vai para o custo da
mercadoria vendida e o que considerar despesa administrativa ou de
vendas que é abatida diretamente do resultado?
 Até que ponto lançar um faturamento ou uma despesa antecipada no
Resultado ao invés de deixá-la no Diferido e realizá-la somente quando o
fato realmente ocorrer? E que as vezes nunca ocorre.
 Lançamentos “frios”, ou seja, referentes a fatos que nada tem a ver com a
empresa, como despesas com combustíveis dos diretores em viagens de fim
de semana e outras bem maiores. Ou ao contrário, deixar de registrar
receitas e vendas efetivamente realizadas.

A legislação do Imposto de Renda fiscaliza de um lado para impedir que se reduza


artificialmente o lucro da empresa para diminuir ou as vezes apenas postergar o
seu pagamento. A Comissão de Valores Imobiliários e as empresas de auditoria,
por sua vez, não desejam a apresentação de lucros fictícios que provoquem uma
alta no valor da ação ou mesmo um excessivo pagamento de bônus e dividendos
aos seus diretores e acionistas em função de lançamentos que geram receitas ou
escondem despesas.
A lei Sarbane-Oxlei, nos EUA, veio para impedir que novos casos de fraudes
ocorram mesmo em empresas que eram fortemente auditadas por companhias
internacionais. Ações em alta, em empresas com resultados “brilhantes”, mas que
quebraram alguns meses depois.
Aqui no Brasil, o CRC – Conselho Regional dos Contabilistas – é o órgão
responsável em fiscalizar esta profissão.
De qualquer forma, não somente para evitar fraudes, mas também para facilitar e
agilizar o trabalho de classificação quando se informatiza a contabilidade, um dos
pontos básicos é a criação de lançamentos padronizados. São lançamentos
armazenados em um arquivo próprio, já pré-definidos pelo contador quanto ao seu
débito, crédito, histórico e até o valor a ser considerado. Para cada tipo de
documento e, em uma etapa mais avançada, para cada tela que, ao ser digitada,
gere um fato contábil é criado um registro. Uma vez acionado permite, é claro, que
o usuário faça pequenas alterações como ajustar o histórico ou o valor, mas a base
é padrão.
Os lançamentos podem ser simples ou compostos. Nos simples é feito um débito
para cada crédito, evidentemente no mesmo valor. O lançamento composto faz um
débito para vários créditos, ou vários débitos para cada crédito ou ainda vários
débitos para vários créditos, cada lançamento com o seu próprio valor, mas a soma
dos débitos sempre batendo com a soma dos créditos. Os simples são mais fáceis
de reconciliar, mas no composto se consegue manter na contabilidade os mesmos
valores registrados nos documentos de base. Assim, por exemplo, se uma conta de
energia elétrica deve ser distribuída entre vários centros de custos, o crédito na
conta da fornecedora deste serviço será único, com seu valor de face.

Este exemplo nos leva a entender que para refletir melhor os gastos e mesmo as
receitas da empresa usa-se o rateio de valores, melhor analisados no capítulo que
trata de Custos.

O rateio visa distribuir um determinado valor, utilizando um critério pré-


estabelecido, em diversas contas e freqüentemente em diversos centros de custos.
No exemplo que será visto a seguir existem rateios de uma despesa em vários
centros de custos, de um centro de custo em vários clientes (2. nível) e de um
cliente em vários serviços (3. nível). Tudo em nome de uma análise que permita
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139 TEORIA DO ERP

saber-se exatamente para onde estão indo os gastos da empresa. O importante é ter
rotinas que facilitem esta tarefa, bastante trabalhosa em sistemas manuais.
Os saldos de uma conta também podem ter suas características próprias. É claro
que sempre teremos um saldo em real, que retrate os valores oficiais da empresa. É
comum, no entanto, para fins gerenciais, terem-se saldos paralelos, seja em outras
moedas, seja de valores orçados, empenhados ou gerenciais. Ao se fazer os
lançamentos indicam quais saldos devem ser atualizados.

Feitos os lançamentos, há de se apresentá-los de forma clara e fácil para uma


análise dos números, lembrando ainda que nem sempre a data de fechamento é o
último dia do mês ou mesmo o último mês do ano. Tudo para adequar a entrega
dos relatórios com as datas das reuniões dos gestores da empresa.

Estes relatórios ou consultas podem ser discriminados nos seguintes:

• Diário: é um livro obrigatório e que tem como principal finalidade impedir


que se esconda uma fraude com lançamentos feitos fora de época, ou
seja, somente no momento da chegada da fiscalização. Nele os
lançamentos aparecem em ordem cronológica de dia, mês e ano, em
folhas que são encadernadas e autenticadas na Junta Comercial. Uma
vez cumprida esta obrigação não há como retroagir no tempo. O que
está feito, está feito!

• Razão: reflexo do diário coloca os lançamentos em seqüência de conta e, a


exemplo de um extrato de conta corrente, parte de um saldo inicial e
fecha com o saldo atual, saldo este apresentado no Balancete.

• Balancete: lista as contas sintéticas e analíticas com seu saldo anterior,


movimento a débito, a crédito e o saldo atual. Balancete de Verificação,
de Ajuste e de Encerramento nada mais são do que etapas que ocorrem
no período de fechamento de um exercício.

• DRE Demonstrativo do Resultado do Exercício: antes de se chegar ao


Balanço, que já traz o Resultado consolidado da empresa em uma conta
de Lucro/Prejuízo faz-se o encerramento das contas de Despesas e
Receitas. Processo simples, mas que por vezes necessita de fortes
ajustes antes de chegar ao resultado final. E é exatamente no DRE que se
tem os valores destas contas que foram encerradas, primeiramente as
receitas, depois as despesas e finalmente o lucro ou prejuízo.

• Balanço: é o relatório mais importante, pois retrata a situação financeira da


empresa, detalhando todas as contas do Ativo e do Passivo. Exigido
pelos Bancos para realizar qualquer financiamento e por ele se tem o
valor atual do patrimônio da empresa.

• Demonstrativo das Origens e Aplicações: este relatório tem por objetivo


mostrar de onde veio o dinheiro (do lucro, de uma redução do contas a
receber, de um aumento do contas a pagar, da venda de um
imobilizado, etc.) e para onde ele foi (aumento do contas a receber,
redução do contas a pagar, aquisição de um imobilizado, cobertura de
um prejuízo, aumento do estoque, etc.).

• Demonstrativo de Mutação Patrimonial: mostra como variou o patrimônio


líquido da empresa e as contas que afetaram esta mudança.

Para as Sociedades Anônimas de Capital Aberto há obrigatoriedade, ao final de


cada exercício, a publicação em jornais, do Balanço, da Demonstração do

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140 TEORIA DO ERP

Resultado, do Demonstrativo das Origens e Aplicações e do Demonstrativo de


Mutação Patrimonial.
Outros relatórios podem ainda ser gerados na contabilidade como Comparativo
entre valores orçados e reais, Mapas por Centro de Custo, relatórios com uma visão
gerencial diferente, relatórios com indicadores e muitos outros.

7.2 Rateios
Certas despesas ou mesmo receitas apresentadas no documento como um valor
único podem na verdade pertencer a mais do que um centro de custos. É o caso,
por exemplo, da conta de energia elétrica que, embora apresente um único valor
total consumido pela empresa, precisa ser rateado entre os vários centros de
custos que a utilizam. A questão central é estabelecer qual é o critério a ser
adotado para este rateio. No exemplo citado, o critério a ser adotado poderia ser a
quantidade de KVA instalados em cada centro de custos.
Assim, as porcentagens definidas para cada centro de custos podem ser
cadastradas para facilitar os lançamentos de rateios a ser feitos todos os meses.

7.3 Tipos de Rateios


Independentemente dos métodos de rateios existentes, no sistema informatizado
podem ser utilizados diversos processos para sua realização. Estes processos
estabelecem a maneira pela qual um rateio será operacionalizado no sistema
contábil e podem ser enumerados, basicamente, em três tipos: manualmente no
próprio lançamento, rateios On-Line e rateios Off-line os dois últimos feitos de
forma automática, ou seja, por programa.
O rateio manual é informado diretamente no próprio lançamento digitando-se os
centros de custo, item contábil e classe de valor. Neste caso, o sistema não efetua
nenhum tipo de cálculo para o rateio, ficando a cargo de o próprio usuário
informar os respectivos valores.
O rateio On-Line baseia-se em um cadastro prévio o qual poderá ser utilizado para
lançamentos que envolvam rateios de despesas ou receitas. Neste caso escolhe-se o
tipo de lançamento 5.
Já os rateios Off-Line são feitos no final do mês, distribuindo saldos de contas. Um
exemplo é o rateio dos saldos dos Centros Indiretos nos Centros de Custos Diretos,
sempre baseado em um cadastro previamente digitado e que pode ser feito em
qualquer um dos três níveis da subclassificação.

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141 TEORIA DO ERP

Capítulo 8

Gestão de Custos

Objetivos do aprendizado

Apresentar os conceitos e regras de negócios da área contábil e de custos independente de sua


informatização.

Palavras-chave

Plano de contas, Ativo, Passivo, Despesas, Receitas, Custos, Custo da Mercadoria Vendida, Centro
de Custos, Regime de Competência, Regime de Caixa, Custo Standard, Índices Econômicos, Índices
Financeiros.

Através da Contabilidade, é possível ter-se uma “fotografia” da empresa em seu


aspecto econômico e financeiro.

Todos os fatos que concretizam uma mudança em seu patrimônio são ali
registrados. Por isso, planos ou suposições que ainda não se realizaram ficam fora
da Contabilidade.

É o caso, por exemplo, de pedidos de vendas ou de compras, ordens de produção e


outros, que somente são contabilizados na emissão ou chegada da nota ou no
momento em que a produção se torna real.

O Plano de Contas, que é a relação de todas as contas existentes na contabilidade


da empresa, precisa ser muito bem estudado, pois é o instrumento que permitirá a
análise dos números da empresa através do “Balanço”, “Demonstração de
Resultados”, “DRE”, “Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos” e das
“Mutações do Patrimônio Líquido”.
O Razão apresenta os lançamentos discriminados de cada conta e o Diário em
ordem cronológica.

8.1 Classificação de Contas

As contas precisam ser suficientemente detalhadas, para permitir uma boa análise
e não tão sintéticas, a ponto de impedir que se saiba a origem de seus valores.O
Fisco pode glosar uma Contabilidade caso a empresa não consiga demonstrar a
origem dos valores sintéticos. É preciso que esses valores sejam comprovados com
documentos fiscalmente válidos.

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142 TEORIA DO ERP

As contas contábeis dividem-se em quatro grandes grupos: Ativo, Passivo,


Despesas e Receitas.
Dentro do Ativo, temos em primeiro lugar o Circulante a Curto Prazo. Caixa e
Bancos devem ser discriminados por conta bancária, pois para cada uma delas
recebemos um extrato diferente.
Inclui-se também contas de Aplicações Financeiras, tais como, Fundos de Renda
Fixa e Variável, CDBs, Debêntures, ações negociadas em bolsa etc., onde são
contabilizados os valores investidos. Se esses investimentos forem de baixa
liquidez devem ir para o Imobilizado.
A seguir, temos a conta Títulos a Receber. Uma dúvida é se esta conta deve, na
contabilidade, ser discriminada por cliente. Pelo grande número e pelo fato que
estes já são controlados individualmente no setor financeiro, é praxe aglutinar os
grupos de clientes, discriminando-os apenas em, por exemplo, clientes nacionais e
internacionais, isto evidentemente se a empresa também atuar em exportações.
Neste grupo temos o que chamamos de Contas Redutoras, ou seja, que reduzem o
valor da “conta-pai”.A rigor, deveriam ser colocadas no passivo, pois seu saldo é
sempre credor, mas aqui inseridas permitem uma melhor análise. Estamos falando
da conta Provisão para Devedores Duvidosos.
Debita-se mensalmente a despesa correspondente com um pequeno valor e credita-
se a Provisão. Se um cliente realmente deixar de pagar, debita-se a provisão e
credita-se o cliente, baixando definitivamente a pendência. Assim, evitam-se
impactos no resultado quando alguma dívida grande é considerada incobrável. É
uma espécie de reserva mensal.
Outro exemplo de Conta Redutora de Títulos a Receber é a Perda com a Variação
Monetária, mais usada em tempos de alta inflação.
Continuando ainda no Circulante, temos Outros Créditos de alta liquidez tais
como Promissórias a Receber, Cheques Pré-datados, Créditos de Funcionários,
Estoques a Receber por compras futuras e outros adiantamentos e empréstimos.
Outra conta normalmente colocada no Circulante são os Impostos a Recuperar
(ICMS, IPI, Imposto de Renda, CSLL, PIS, Cofins, ISS e INSS)ou quando geram
créditos ou quando retidos na fonte na venda de serviços.

Encerrando o Circulante temos as contas de Estoque. Estas devem estar


absolutamente coerentes com a classificação dos itens cadastrados para permitir a
integração com aquele módulo.

As Contas de Estoque sintetizam o Kardex. Portanto devemos ter subcontas de


Produtos Acabados, Mercadorias para Revenda, Produtos Intermediários, Matérias-
Primas,Embalagens, Importações em Andamento, Materiais de Consumo,
subdivididos em materiais para manutenção, elétrica, segurança, higiene, copa,
vestuário, escritório, etc. e por último, mas talvez a mais importante, Produtos em
Processo. Esta conta agrega os itens requisitados para as ordens de produção que
ainda não se encerraram, ou seja, que não foram transferidas para o estoque de
Acabados ou para o nível seguinte de Intermediário. Agrega também os itens de
apropriação pelo Standard, do qual falaremos mais tarde. Pode-se ainda colocar
neste grupo a conta de Adiantamento para Fornecedores e em casos especiais uma
Provisão (conta redutora) para estoque obsoleto e perdas.

E entramos no Realizável. Neste grupo classificam-se valores depositados em


investimentos mobiliários de difícil liquidez, como Empréstimos Compulsórios e
investimentos em ações de companhias fechadas.
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Finalizando o Ativo, temos o grupo Ativo Permanente, que na sua parte mobiliária
se confunde com o Realizável e nele podemos colocar investimentos feitos em
empresas do próprio grupo, marcas e patentes, cessão de direitos etc.
Já os Ativos Imobilizados representam os terrenos, edificações, instalações,
veículos, móveis e utensílios, máquinas, ferramentas e computadores. Cabe
também uma conta para obras em andamento.

Como conta redutora, temos a Depreciação Acumulada dos itens que sofrem
desgaste com o tempo e uso.

Os valores desta conta advêm da despesa com depreciações, que descarrega desta
forma no resultado mensal o custo das máquinas e equipamentos. O detalhe desta
despesa é que ela não gera uma saída do caixa, e por isso aparece como entrada,
somada ao lucro, no Mapa de Origens de Recursos e Aplicações.

O Passivo é dividido em Passivo Circulante, Exigível a Longo Prazo e Patrimônio


Líquido. Vale aqui o mesmo argumento, mencionado em clientes, para a conta
fornecedores. Pode ser sumarizado em uma conta, já que no Financeiro o controle
é individualizado.

O Patrimônio Líquido, ou seja, o Ativo menos o Exigível, é constituído pelo


Capital, Reservas e os Lucros Suspensos e do Exercício.

As Reservas são oriundas de valores lançados em despesas ou ativos pendentes


com o propósito de reduzir-se o lucro e a conseqüente distribuição, retendo-se o
recurso para uma determinada finalidade. Reserva para aumento de capital,
reserva legal, reserva para compra de um imóvel, são exemplos que aparecem em
balanços publicados.

O Lucro do Exercício é parte que pode ser distribuída aos acionistas através de
dividendos e parte transferida para Lucros Suspensos.

O Lucro Suspenso representa o resultado da empresa não distribuído aos


acionistas. Tanto as Reservas como o Lucro Suspenso são depois, por decisão da
assembléia, transferidos para a conta Capital, sacramentando assim o aumento do
valor da empresa. Deveria servir de base para definir a cotação de uma ação no
Bolsa de Valores.

Este é um plano de contas sugerido. Adequa-se perfeitamente ao esquema de


Lançamentos Contábeis Automáticos. Nada impede, porém, que a empresa adote
outros modelos. Hoje temos o Plano Referencial do SPED Contábil, uma tentativa
do Governo Federal criar um padrão de Plano de Contas. Mas, por enquanto, não
vingou.

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144 TEORIA DO ERP

8.2 Custos e Despesas

As Contas de Despesa são divididas em 4 grandes grupos:

• Custo da Mercadoria Vendida;


• Despesas Gerais de Fabricação;
• Administrativas;
• Vendas.

O Custo da Mercadoria Vendida (CMV) absorve os custos de Matéria-Prima e todas


as Despesas Gerais de Fabricação. Parte das Despesas Gerais de Fabricação são
apropriadas ao custo das Ordens de Produção através de mecanismos de rateios
que serão estudados a seguir. No caso de Revenda o CMV é o custo de compra do
produto.

Já as Despesas Administrativas e de Vendas são subtraídas diretamente do


Resultado.

Pode-se ainda eleger outros grupos de despesas que, em determinada empresa,


podem não se encaixar nem em administrativa nem em vendas, como Despesas
Financeiras, Despesas de Marketing, Despesas Tributárias, Despesas com
Coligadas, com Novos Projetos, etc.

Voltando às Despesas ou Gastos Gerais de Fabricação, costuma-se dividir este


bloco em 2 subgrupos: Pessoal e GGF.

Em Gastos com Pessoal consideram-se, além dos salários e horas extras, todas as
demais remunerações recebidas pelos funcionários e, é claro, os encargos sociais:
INSS, FGTS, Férias, 13º Salário, Aviso Prévio, Salário Educação, Indenizações, Horas
Paradas, Vale-Refeição, Transporte, Assistência Médica, Seguros, Cursos,
Treinamentos e Viagens.

Em Gastos Gerais considera-se o resto, como depreciações e amortizações, energia


elétrica, água e esgoto, telefone, gás, correios, aluguéis, material de consumo
(manutenção, elétricos, higiene, segurança, alimentação, escritório, etc), perdas,
seguros, fretes, impostos, donativos, contribuições a sindicatos e associações de
classe, manutenção e serviços de terceiros, etc.

Todo este detalhamento de despesas pode ou não ser propagado (rateado) para o
custo individual de cada produto, tornando assim o cálculo do Preço de Venda
mais exato.

O objetivo é um só: distribuir todo o gasto da forma mais coerente possível e


usando um critério que não dê muito trabalho para ser calculado, podendo ser
feito de forma automática.

É válido o trocadilho: há empresas onde o cálculo do custo custa mais que o próprio
produto.
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145 TEORIA DO ERP

O importante é que a empresa não perca mercado por custear de forma incorreta
seus produtos e conseqüentemente, calcule preços irreais.

Um bom exemplo é o caso de uma fábrica que tenha máquinas antigas e novas.
Supondo que o critério adotado foi o de horas e que a depreciação das máquinas
novas seja alta, não seria justo que peças ainda fabricadas nas máquinas antigas,
totalmente depreciadas, mas morosas, recebam um alto custo para cada hora de
trabalho.

Nestes casos o correto é abrir-se dois centros de custo, cada um com taxa horária
própria.

E note que abrir um centro de custo é muito mais do que simplesmente dar um
novo código àquele setor da fábrica. É abrir em cada conta de despesa uma
subconta para controlar os seus gastos. Esta abertura, no Sistema, é feita de forma
automática e de acordo com as despesas que ele faz.

Outro aspecto referente aos Gastos Gerais de Fabricação refere-se à divisão entre
custos Fixos e Variáveis ou Diretos.

Enquanto Matéria-Prima é um custo tipicamente variável, as despesas


administrativas são tipicamente fixas e as de vendas se dividem entre fixas
(salários, certos gastos de promoção, etc.) e variáveis (ICMS, comissões, etc.).

No GGF, esta divisão é mais trabalhosa, pois muitos deles são semi-variáveis, ou
seja, são fixos para determinados intervalos de produção, aumentando ou
diminuindo de forma não diretamente proporcional ao volume produzido.

De qualquer forma a divisão entre fixos e variáveis é importante para se calcular a


Contribuição Marginal de cada produto.

A Contribuição Marginal é o valor faturado menos as despesas variáveis, ou seja, é


quanto à empresa ganha se produzir uma peça a mais. Este valor é muito
importante em certos tipos de decisão, como por exemplo, na concessão de
descontos ou a situação em que nos é oferecido certo tipo de propaganda que,
segundo pesquisas, vende certo número de peças a mais a cada real investido.

À primeira vista poderia se tomar a decisão analisando-se o lucro unitário. Se ele


for maior que o gasto publicitário, positiva-se a publicidade. Em caso contrário,
não.

Esta decisão, no entanto, não é a mais correta, pois se a Contribuição Marginal for
maior que este gasto com propaganda ela já será vantajosa, mesmo que o lucro
unitário seja menor.

Assim, se um produto tem o preço de $1000, custo variável de $500 e um custo


fixo de $300 para certo volume de produção/vendas com um conseqüente lucro de
$200, a propaganda será vantajosa, mesmo que ela custe $400 para proporcionar a
venda adicional de 1 peça, pois a Contribuição Marginal é $500.

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146 TEORIA DO ERP

A divisão do GGF em Fixo e Variável deve ser feita por conta e caso uma
determinada despesa tenha comportamento duplo, deve-se ou dividi-la em duas
contas ou abrir dois centros de custo.

O importante é que esta diferenciação envolva todos os níveis, dos produtos


intermediários até o acabado, transitando assim nos estoques.

Isto significa que tanto os registros de movimentação como Requisições, Produção


e Vendas como aqueles que mantêm o saldo em estoque devem ter campos
separados para o valor da matéria-prima, dos gastos gerais fixos e dos gastos
gerais variáveis. Desta forma, o Custo da Mercadoria Vendida também estará
subdividido nestes três tópicos.

Explorado o tema da estrutura das contas de despesas, vejamos como se faz sua
contabilização e correspondente apropriação.

O fato gerador das despesas é a emissão do documento que torna obrigatório o seu
pagamento. Existem, no entanto dois regimes para se realizar a contabilização:
Regime de Competência e Regime de Caixa.

O Regime de Competência é o correto, em especial do ponto de vista fiscal, onde


as despesas são contabilizadas no mês a que competem, podendo ainda ser
amortizadas por vários períodos.

No Regime de Caixa contabiliza-se a despesa quando do seu pagamento,


principalmente em caso de parcelamentos. É usado, por exemplo, na pseudo
contabilidade que existe no módulo financeiro do sistema. É claro que quando se
adota o regime de caixa para as despesas, este deve ser adotado também para as
receitas.

No caso do Regime de Competência, fortemente defendido pelos contadores, deve-


se inclusive fazer amortizações independente do documento gerador e de seu
pagamento.

Assim, se uma Nota de Seguro for emitida em janeiro, seu prazo de validade for um
ano e o pagamento em 7 parcelas, a contabilização deve inicialmente gerar um
débito na conta de Despesas Pendentes e crédito em Seguros a Pagar. Depois, a
cada mês, um débito na despesa propriamente dita com 1/12 do valor original e
crédito no Pendente.

De forma semelhante, as despesas devem ser apropriadas corretamente a cada


Centro de Custo, o que por vezes é feito através do rateio on-line ou mensal, a
partir de uma tabela de percentuais previamente estabelecida.

Assim, por exemplo, a Conta de Energia Elétrica é lançada pelo seu valor total e o
sistema faz a divisão para cada Centro de Custo.

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147 TEORIA DO ERP

O rateio mensal tem o mesmo efeito, porém baseia-se no movimento completo do


mês reduzindo a quantidade de lançamentos, em especial, nos casos em que há
muitos documentos da mesma despesa no mês.

E finalmente o rateio entre os Centros de Custo.

Como somente os centros produtivos geram produção, apenas eles têm onde
descarregar seus custos, isto é, nas Ordens de Produção.

Mas para tal é preciso transferir o total das despesas dos Centros Indiretos
(almoxarifado, departamento de pessoal, médico, manutenção, serviços gerais,
etc.) para os Diretos.

Também nesta etapa é necessário estabelecer-se um critério justo, transformá-lo


em percentual, e fazer a transferência através de um crédito no Centro de Custo
Indireto e um débito nos Produtivos.

Recomenda-se fazer tal transferência em um grupo de contas separado, como se


fosse uma determinada natureza. Um ponto discutido é se este rateio, chamado de
RKW, deve ser feito em um único lance dos indiretos para os produtivos ou se deve
passar de um indireto para todos os demais, descendo hierarquicamente até os
produtivos.

Assim, por exemplo, as despesas do Centro de Custo Pessoal seriam inicialmente


rateadas para todos os demais, inclusive os outros indiretos, com base na
quantidade de pessoas de cada um, o que certamente é o critério mais justo.

A seguir o de Serviços Gerais com base na área de cada departamento, e assim por
diante.

No sistema, este rateio é feito em um único lance, no caso, as despesas do


Departamento Pessoal são rateadas somente para os centros produtivos.

Um pequeno exemplo mostra que as diferenças não são significativas.

8.3 Sistema RKW tradicional

Figura 8.1 Despesas com energia elétrica.

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148 TEORIA DO ERP

Figura 8.2 Despesas com pessoal.

Figura 8.3 Despesas com depreciação.

Figura 8.4 Despesas de material de consumo.

8.4 Critérios de Rateio

Figura 8.5 Rateio por KWA instalados (Total: 200).

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149 TEORIA DO ERP

Figura 8.6 Rateio por número de pessoas.

Figura 8.7 Rateio por área ocupada.

Figura 8.8 Rateio por pontos de produção.

Figura 8.9 Rateio por centro de custo.


Somatória Figura 8.1 até 8.4

Qual o valor total das despesas da Usinagem e do Acabamento a ser considerado


para cálculo de suas taxas unitárias?

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150 TEORIA DO ERP

Usando o método RKW e respeitando a seqüência dos Centros de Custos de acordo


com o Plano de Contas, e conforme visto nas tabelas das imagens 11.5 a 11.8,
teríamos:

Figura 8.10 Rateio com o método RKW.

Por exemplo, a Central Elétrica tem um gasto total de 2.000 e o total de KWA
instalado é de 200. O CC Pessoal tem 10 KWA. Fazendo um regra de 3:

2000 200
X 10
X = 2000x10 = 100
200

Ou seja, o CC Pessoal recebeu 100 de custos da Central Elétrica.

Taxa unitária da Usinagem: 20150/1000 = 20,15


Taxa unitária do Acabamento: 25150/1350 = 18,63
Caso as transferências fossem feitas em um único lance, como é feito no sistema,
teríamos:
Usinagem:
15900 + 1111 + 280 + 2300 +468 = 20059/1000 = 20,06
Acabamento:
18000 + 889 + 1120 + 4600 + 632 = 25241/1350 = 18,69
Concentradas as despesas nos centros produtivos, o próximo passo é sua
transferência para o Processo onde serão apropriadas às Ordens de Produção.
Assim, a cada lançamento de horas em uma OP faz-se, à semelhança de uma
requisição de matéria-prima, a sua valorização pela taxa horária do Centro de
Custo correspondente e adiciona-se o valor na OP, acompanhado de um
lançamento contábil que debita o Processo e credita as despesas.
Também este crédito deve ser feito em um grupo de despesas à parte.
Este grupo, através dos créditos, indicará o valor apropriado, que nem sempre será
o mesmo que o contabilizado. Isto acontecerá quando o custo for on-line, pois
neste caso usa-se como taxa horária um valor definido no início do mês que nem
sempre será equivalente à taxa real, calculável somente no seu encerramento, após
o fechamento da folha e contabilização de todas as despesas.
Esta diferença de apropriação deve sempre ajustar o resultado do mês, e no caso
de ser muito alta é recomendável o recálculo do custo para que o valor por produto
não fique distorcido.

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151 TEORIA DO ERP

Figura 8.11 Custo da mão-de-obra e gastos gerais.

Para melhor entender todo este processo façamos um pequeno exemplo:


Despesa prevista de Pessoal do centro de custo Acabamento: $10.000
Número de horas previstas: 1.000
Taxa horária prevista: $10

Se os valores reais foram 12.000 de despesa e 800 horas trabalhadas, a apropriação


on-line somou 8.000(800h x $10), ou seja, uma diferença de 4.000, que sem dúvida
teria de ajustar o resultado do mês.
No recálculo, a taxa horária passaria a ser de 12.000/800 = 15 não havendo
diferença de apropriação, pois às 800 horas seriam valorizadas a $15 cada.
Este é um ponto a ser analisado quando se usa custo on-line.
Antes de encerrarmos esta parte de despesas e custos uma explicação de como
funciona a apropriação da matéria-prima nas Ordens de Produção.

Figura 8.12 Apropriação dos custos às ordens de produção.

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152 TEORIA DO ERP

Em princípio esta apropriação é feita com base nas Requisições. É ela que define
em qual OP foi usado determinado material, valorizando-a geralmente pelo seu
custo médio.
Porém, dois detalhes operacionais provocam a necessidade de um tratamento
especial.
O primeiro refere-se ao fato de que muitas empresas simplesmente não fazem
requisições.
O estoque é aberto e o pessoal, quando muito, recebe uma lista do que deve ser
usado naquela OP (picklist) e se utiliza da matéria-prima de acordo com suas
necessidades.
Para esta situação existe no sistema a requisição automática.
As Requisições Automáticas são geradas a partir do empenho que por sua vez é
baseado na estrutura do produto. O momento desta geração pode ser ou quando a
OP se inicia ou no seu encerramento, informado a partir da entrada do produto
produzido no respectivo estoque.
O Empenho pode, por sua vez, ser ajustado caso se perceba que, por um motivo
qualquer, esteja incorreto ou ainda criar requisições ou devoluções adicionais que
ajustem a quantidade realmente utilizada.
No caso de produção parcial o sistema baixa apenas parte do empenho.
As Requisições Automáticas têm o inconveniente de não permitir que o saldo em
estoque do sistema coincida exatamente com o saldo físico, pois é muito difícil
fazer com que as requisições automáticas sejam geradas no momento exato em
que elas ocorrem na fábrica. De qualquer forma se ganha bastante tempo com esta
dispensa de digitação.
O segundo detalhe está relacionado com itens de difícil controle. Rebites, pregos,
tintas, parafusos, graxa, cola, enfim itens de baixo custo, mas que nem por isto
devem ser tratados como material de consumo e que por outro lado, não compensa
que sejam requisitados separadamente para cada Ordem de Produção. Este
controle positivamente não se justifica. São itens baratos e consumidos em
quantidades relativamente grandes.
Assim requisita-se em grandes quantidades sem especificar a que OP se destina. O
destino é o próprio processo e de lá se apropria para as várias ordens com base
nas quantidades definidas na estrutura dos produtos.
Logo, este mecanismo chamado de Apropriação Indireta ou pelo Standard, obriga
que estes componentes de custo mais baixo, também estejam pendurados nas
estruturas dos produtos.
Considerando que o uso destes componentes pode não coincidir com o
estabelecido na estrutura, recomenda-se de tempos em tempos que se faça um
inventário no processo, verificando se o saldo físico bate com o do sistema.
As diferenças devem ser lançadas em uma conta de perdas ou ganhos

Ainda falando em lançamentos contábeis, note que tanto as requisições digitadas


manualmente como as automáticas, e aquelas que terão depois a apropriação pelo
Standard provocam um débito no Processo e um crédito no estoque
correspondente.

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153 TEORIA DO ERP

A apropriação em si feita pelo Standard, no entanto não gera nenhum lançamento,


pois o item não sai do processo.

A produção, por sua vez, é que gera o crédito no Processo, transferindo os seus
custos para o estoque de intermediários ou acabados pelo valor total da OP.

Se a produção for parcial, sua valorização engloba apenas parte do custo da OP.

Se for total, mesmo que a quantidade seja menor que o previsto na OP, todo o seu
custo é incorporado ao item produzido.

E se houver produção de um produto secundário ou sobras de sucatas que serão


reaproveitadas, faz-se uma devolução valorizando-a pelo custo de mercado, pois é
impossível deixar que o sistema tome a decisão de quanto eles devem receber do
valor total da OP.

Há necessidade ainda de se frisar a possibilidade de Ordens de Produção de


Retrabalho, ou seja, aquelas em que há um problema com o produto que pode ser
corrigido sem necessidade de se agregar mais matéria-prima.

Devido a este e outros casos é preciso prever a existência de vários Tipos de


Movimentação, cada uma com um tratamento apropriado.

8.5 Custo Standard

A metodologia do Custo Standard é altamente utilizada fora do Brasil. Seu uso por
aqui tem sido inibido por dois fatores principais:
a) Nossa persistente inflação que durante décadas não permitia
nenhuma comparação a médio ou longo prazo levando-se em
consideração valores contabilizados em nossa moeda.
É certo que a conversão destes valores para uma moeda forte ou para
um índice que refletisse a desvalorização resolveria em parte o
problema, mas o nível de nossas oscilações somadas às próprias
variações das moedas fortes, obrigava o ajuste muito freqüente dos
valores Standard estabelecidos;

b) A Legislação do Imposto de Renda ameaça, em seu código, glosar todo o


sistema de custos se o adotado for Standard e não houver um correto
ajuste para que o lucro da empresa seja corrigido.
Isto complicou ainda mais depois que o recolhimento deste tributo
passou a ser trimestral.
Cabe aqui uma explicação de como este fato pode afetar o lucro da
empresa: quando se adota o custo Standard, todas as movimentações e
conseqüentemente o estoque são valorizados por cifras pré-
determinadas, ou seja, os valores Standard.
As variações por sua vez são descarregadas diretamente contra o
resultado, sejam elas positivas ou negativas.
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154 TEORIA DO ERP

Isto faz com que, se, por exemplo, o estoque, em especial o de


acabados, ficar muito alto no final do mês e as variações forem
significativas e positivas o lucro da empresa naquele período ficará bem
menor e o pagamento do imposto de renda será postergado enquanto se
mantiver esta situação.

Exemplo:

Custo standard do produto acabado: $100


Produtos vendidos: 500
Produção: 1000
Estoque inicial: 0
Variações de custo: -$20.000
(produção ao custo real $120)
Preço de venda: $150

Figura 8.13 Comparativo de resultados pelo custo standard e pelo custo médio.

O que o imposto de renda exige — e isto de acordo com o regime trimestral ou


anual — é que a variação dos custos seja apropriada aos produtos e
conseqüentemente aos estoques, não podendo, como foi feito no exemplo acima,
descarregá-la diretamente contra o resultado. Este procedimento é possível,
embora trabalhoso e conflitante com a filosofia do custo Standard.

O método do custo Standard tem como vantagem nos mostrar onde está o
problema.

Imagine o Diretor de uma empresa perguntando ao gerente responsável qual foi o


custo de nossos produtos neste mês?
No método tradicional do custo médio receberia como resposta:
“Este mês foi $120, contra $100 do mês passado e $150 do mês retrasado.”
E de forma alguma, ou somente com muito trabalho, teria uma explicação razoável
do por que destas diferenças.
Já no Custo Standard, não receberia como resposta o custo do produto em si, pois
este é Standard e já conhecido.
Por outro lado saberia o total das variações de preços de compra de matéria-prima,
do seu consumo no processo produtivo, da eficiência da mão-de-obra, das perdas
entre outras.
E com estes valores certamente tomaria ações muito mais eficazes, pois saberia
quais as reais anomalias que ocorreram dentro da empresa. E somente mexeria no
preço de venda se constatasse que determinada variação não é esporádica, mas

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155 TEORIA DO ERP

sim permanente. Neste caso alteraria o Standard que, automaticamente, levaria a


uma atualização dos preços.
O aliado do Custo Standard é o Sistema de Orçamentos.
Enquanto o Custo Standard fornece as variações ligadas a ações que têm um
padrão, o Orçamento verifica a diferença entre valores reais e valores previstos de
contas que podem ser ou despesas fixas ou metas predefinidas de vendas com
suas conseqüentes despesas variáveis.
E o importante é a ação — rápida e eficaz — a ser tomada pela direção da empresa
quando algo sai dos trilhos. Para tal é fundamental um planejamento que defina
quais os valores orçados a serem respeitados e quais os Standards a serem
adotados para atingir os objetivos.
O sistema foi desenhado de tal forma que, embora toda a contabilização seja feita
pelo custo médio real, obtém-se através de relatórios e consultas todas as
variações obtidas somente quando se usa o Custo Standard.
Para se obter estes números de forma clara e acessível, é preciso montar um
esquema contábil próprio que é apresentado a seguir sob a forma de exercício.
(Este exercício pode ser praticado no Sistema, e por isso há algumas explicações
apropriadas no texto).
Os principais fatores a serem analisados e que afetam a lucratividade de uma
empresa são os seguintes: volume de vendas, preço aplicado, custos diretos e
indiretos e a eficiência do processo produtivo.
Comecemos pelas Vendas. A apresentação destes valores pode ser feita por
produto, grupo ou total geral. São os seguintes:

8.5.1 Variação nas Vendas

Quantidade Vendida x Quantidade Orçada (volume)


Preço Médio Real x Preço Standard
Divergências no Mix de Vendas
Valor Total das Vendas

8.5.2 Variação nos Custos


Um primeiro ponto a ser analisado é que o Custo da Mercadoria Vendida de um
determinado período, que afeta diretamente o lucro, difere do Custo de Produção.
Esta diferença cresce à medida que haja um aumento ou redução dos estoques. A
maioria das variações e índices, no entanto são possíveis somente em cima do
custo da produção. Portanto o impacto que uma variação do custo gera no lucro do
mês é calculado através da proporcionalidade entre o custo da produção e o CMV,
que é na verdade a diferença de apropriação ou, mais corretamente, adotar-se o
esquema completo do Custo Standard. Nele calcula-se o lucro com base no Custo
Standard e todas as variações são aplicadas diretamente contra o resultado do mês.
As variações em relação a um Standard que devem ser analisadas são as seguintes:

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156 TEORIA DO ERP

 Variação nos preços de compras.É a diferença entre o standard


estabelecido e o preço real. A causa pode ser inflação, descontos
especiais, anomalias no processo de compras (fraudes), etc.
 Variação na eficiência da mão-de-obra. É a diferença entre as horas
realmente utilizadas no processo de produção e o padrão estabelecido
na estrutura. Esta variação somente ocorre e está sujeita a uma medição
se houver apontamento.
 Variação no custo da mão-de-obra e dos gastos gerais de fabricação.Este
custo pode variar em função de um aumento no valor (aumento dos
salários, de encargos, dos preços de compra) ou uma redução no
volume de produção provocada por uma queda nas vendas, já que boa
parte desses gastos são fixos. A variação dos valores pode ser medida
com mais detalhes com o comparativo entre os valores orçados e real
de cada despesa por centro de custo. Para ter o valor exato do aumento
do custo provocado pela falta de serviço basta abrir uma ordem de
produção (OP falta de serviço) na qual se aponta especificamente estas
horas. Este valor depois é subtraído do resultado.
 Variação na Perda de Produção. É o valor perdido (ou ganho) em função
das perdas de produção. Note que no cadastro de produtos há uma
previsão de perdas, evidentemente considerada no cálculo da variação.
Por exemplo, suponha que, pelo padrão, a cada 10 Produtos Acabados
bons um é perdido. Ao abrir-se uma OP de 10 PA, o sistema irá
requisitar material para produzir 11, sabendo que um será perdido. Se
esta perda fugir deste padrão teremos a variação. De forma semelhante
temos as perdas que ocorrem durante o processamento (fundições,
processos químicos, operações de corte, etc.). Neste caso para cada
matéria-prima informa-se, na estrutura, o percentual de sua perda e o
sistema gerará uma necessidade que supra esta lacuna.

As seguintes premissas constituem a base do exercício:


• Produto: PA composto de 1 MP e 4 horas de mão-de-obra.
• O Preço Standard da MP é R$100,00, porém subtraindo o ICMS chegou-
se a R$ 82,00.
• A capacidade ideal da fábrica é de 50 PAs/mês.
• O salário total da produção é de R$ 3.500,00.
• O MC é um material de consumo, portanto não entra na estrutura. São
usadas 12 peças/mês.
• Cada MC também custa R$100,00.
• As despesas administrativas são de R$2.000,00.
• O ICMS é de 18%.
• O lucro total desejado é de R$5.000,00 ou R$100,00 por peça.
O exercício terá a seguinte seqüência:

1. Cálculo do Resultado Orçado;


2. Cálculo do Resultado com base no Custo Real On-Line;
3. Cálculo do Resultado com base no Custo Real Mensal;
4. Cálculo do Resultado com base no Custo Standard puro;
5. Análise das Variações no Custo Real On-Line.

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157 TEORIA DO ERP

Os Produtos a serem considerados são: PA, MP e MC.

•PA Tipo PA, Nome Produto Acabado, Unidade PC, Conta 133 (estoque de
Produtos Acabados), Tipo de Saída 501, Alíquota ICMS 18 %, Local 01.
•MP Tipo MP, Nome Matéria-Prima, Unidade KG, Conta 130 (estoque de
Matéria-Prima), Tipo de Entrada 001, Alíquota ICMS 18 %, Custo
Standard 100,00, Local 01.
•MC Tipo MC, Nome Material de Consumo, Unidade PC, Conta 132 (estoque
de Material de Consumo), Tipo de Entrada 004, Alíquota ICMS 18 %,
Custo Standard 100,00, Local 01.

8.6 Resultado Orçado

Figura 8.14 Custo direto do PA.

Cálculo do Custo Unitário da MOD+GGF


Salário: R$ 3.500,00
MC: 12 x R$ 100,00 1.200,00
Total: 4.700,00
Total de horas/mês: 200 (equivalente à produção de 50 PA)
Custo unitário: 4.700,00/200 = 23,50
Ou seja, o Custo Standard da Mão-de-Obra é de $ 23,50
Cálculo do preço de vendas:
Custo direto: 176,00 (Ver quadro acima – 11.14)
Despesa Administrativa: 2.000/50 = + 40,00
Lucro: 5.000/50 = + 100,00
ICMS sobre vendas: + 0.18 de PV
Preço de Venda (PV): 385,36
Portanto o orçamento contábil é o seguinte:
Venda: 50 PAs x 385,36 19.268,00
ICMS: 18 % de 19.268,00 3.468,00
CMV: 50 PAs x 176,00 8.800,00
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158 TEORIA DO ERP

Despesas Administrativas: 2.000,00


Lucro: 5.000,00

8.7 Custo Real On-Line


Os seguintes ‘acidentes’ acontecem no real:
 Os preços da MP e do MC são de R$110,00 cada e não R$100,00;
 São compradas 5 MPs e 3 MCs a mais (55 e 15);
 As vendas são de apenas 45 PAs e não 50;
 O preço de venda é de R$ 360,00 (desconto médio de 25,36);
 São produzidos 48 PAs (3 a mais do que o necessário);
 Um PA é rejeitado no controle de qualidade com perda total;
 São necessárias 4 MPs a mais, portanto 52;
 É apontada 1 hora a mais;
 São consumidos 15 MC e não 12;
 Os salários pagos chegam a R$ 4.000,00 e não R$ 3.500,00;
 As despesas administrativas chegam a R$ 3.000,00 e não R$ 2.000,00.
O Plano de Contas é o seguinte:

Ativo

• Cliente
• Estoque de Matéria-Prima
• Estoque em Processo
• Estoque de Material de Consumo
• Estoque de Produto Acabado
• Diferença de Apropriação

Passivo

• Fornecedores
• ICMS a pagar
• Folha a pagar

Despesas

• Despesa Administrativa
• Despesa com ICMS
• Despesas MOD + GGF

Transferência para Processo

• Custo da Mercadoria Vendida

Receitas

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159 TEORIA DO ERP

• Receitas

8.8 Movimentações e Lançamentos Contábeis


É necessário que os arquivos de Produtos, Saldos, Clientes, Fornecedores, Plano de
Contas, Tipo de Entrada e Saída, Tipo de Movimentações, Lançamentos
Padronizados, Condições de Pagamento, Estruturas e Consumos Médios estejam
disponíveis em seu status inicial adequado. As movimentações são feitas em telas
apropriadas, com geração de lançamentos automáticos.

Figura 8.15 Contabilização.

Compra de 55MP a R$110,00 com recuperação de ICMS

D* Estoque de Matéria-Prima 4.961,00

DICMS a Pagar 1.089,00

CFornecedores 6.050,00
Entrada de uma NF de Compra Tipo N

NF número 000001

Fornecedor 000001/01

Produto MP

Quantidade 55

Preço Unitário $110,00

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160 TEORIA DO ERP

Valor Total $6050,00.

* D é Débito (lado esquerdo) e C é Crédito (lado direito)

O ICMS é calculado automaticamente.

Um segundo produto:

MC
Quantidade 15
Preço Unitário $110,00
Valor total $1650,00.

Pelo Tipo de Entrada este produto não tem crédito de ICMS. A duplicata a pagar e
os lançamentos contábeis são gravados automaticamente.

Compra de 15 MC a R$ R$ 110,00 sem recuperação de ICMS


D Estoque de Material de Consumo 1.650,00
C Fornecedores 1.650,00
Abertura da Ordem de Produção: 48 PA
Empenho de 48 MP e 192 horas

A Solicitação de Compras e o Empenho são gerados automaticamente.


Requisição adicional de 4 MP ao custo médio de R$90,20
D Estoque em Processo 360,80
C Estoque de Matéria-Prima 360,80
A requisição é apropriada na OP do PA e na verdade é uma perda adicional.
Requisição adicional de 1 hora de MOD ao custo de R$23,50
D Estoque em Processo 23,50
C Transferência p/ Processo 23,50
É claro que para detectar que foram consumidas horas a mais que o padrão houve
necessidade de apontamento.
Requisição de 15 MC ao custo médio de 110,00 no centro de custo 0001.
D Despesas com MOD+GGF 1.650,00

C Estoque de Material de Consumo 1.650,00


Produção de 47 peças boas e 1 perda
Requisição automática de 48 MP ao custo médio de R$90.20
D Estoque em Processo 4.329,60
C Estoque de Matéria-Prima 4.329,60

Transferência de 192 horas a 23,50 cada


Veja que 192 é a quantidade Standard de horas para os 48 PA.
D Estoque em Processo 4.512,00
C Transferência p/ Processo 4.512,00
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Produção de 47 PA ao custo unitário 196,296 (9.225,90 / 47)


D Estoque de Produto Acabado 9.225,90*
*(360,80+23,50+4329,60+4512,00)
C Estoque em Processo 9.225,90

Despesa com salários


D Despesas com MOD + GGF 4.000,00
C Folha a Pagar 4.000,00

Venda de 45 PA a R$ 360,00, através de nota fiscal, o que gera os seguintes


lançamentos contábeis:
D Clientes 16.200,00
C Receitas 16.200,00
Pelo custo de 196,296 cada
D CMV 8.833,32
C Estoque de PA 8.833,32
Despesa com ICMS 18% de 16.200,00
D Despesa com ICMS 2.916,00
C ICMS a pagar 2.916,00
Despesas Administrativas:
D Despesa Administrativa 3.000,00
C Fornecedores 3.000,00

Baseado nestas movimentações, o resultado será o seguinte:

VENDA: 45 PAa R$ 360,00 16.200,00


ICMS: 18 % de 16.200,00 2.916,00
CMV: 45 PA a R$ 196,296 8.833,32
Despesas Administrativas 3.000,00
Lucro 1.450,68

Este foi o lucro do mês, considerando o custo unitário da MOD + GGF a R$23,50.
Este, no entanto, não foi o custo real.
Como o processo foi on-line não teríamos como ter o valor real, pois a maior parte
das despesas do mês, em especial a folha de pagamento, somente são processadas
no final do período.
A solução a ser adotada é ajustar-se o custo unitário da MOD+GGF para o mês
seguinte, de tal forma que, no final do exercício anual a diferença de apropriação
esteja próxima de zero.
Este ajuste tem a ver com a análise dos “acidentes” ocorridos no mês, ou seja, se
existe ou não a probabilidade deles ocorrerem novamente no mês seguinte. Enfim,
forammesmo “acidentes” ou fazem parte de uma nova conjuntura?

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162 TEORIA DO ERP

De qualquer forma para se chegar ao lucro REAL do mês basta incluir 2


lançamentos contábeis.
Um descarrega a diferença de apropriação no resultado e outro ajusta os estoques
ao seu valor real. Neste caso, se necessário for, o custo da MOD+GGF deve ser
recalculado para o mês seguinte, sem o ajuste acima mencionado, mas refletindo a
nova realidade. É claro que o ajuste dos estoques deve também ser feito nos saldos
de cada item.
O valor da diferença de apropriação a lançar é o saldo da conta sintética de
DESPESA, no caso, R$ 1.114,50, isto é, (4000 + 1650) – 4535,50.
D Diferença de Apropriação 1.114,50
C Transferência p/ Processo 1.114,50

Já o ajuste do estoque é mais complexo. É preciso antes calcular-se o custo real do


PA:
4.690,40 (MP) + 4.000 (salário) + 1.650 (MC) = 10.340,40
10.340,40 / 47 = 220,00 (custo unitário real de cada PA)
Ajuste: (2 x 220,00) – 392,58 = 47,42
(saldo atual da conta de PA)
DEstoque de Produto Acabado 47,42
CDiferença de Apropriação 47,42

Portanto, o lucro REAL do mês foi de:


Lucro on-line 1.450,68
Diferença de apropriação -1.114,50
Ajuste do estoque +47,42
Lucro REAL 383,60
Note que o estoque de MP não precisa ser ajustado, pois ele já está calculado pelo
custo médio real.

8.9 Custo Mensal

Se rodássemos o recálculo agora obteríamos exatamente este resultado. O


Recálculo do custo médio, que geralmente é processado no final do mês, utiliza o
método tradicional de custeio, dentro de 3 alternativas:
1. Mensal — o processamento é feito na seguinte seqüência: trata
inicialmente todas as compras, depois as ordens de produção, do nível
mais baixo para o mais alto (PA) e sempre processando todas as
requisições antes da produção e por último custeando as vendas.
2. Diário — análogo ao anterior, mas dentro do conceito dia.
3. Seqüencial — processa na seqüência em que os movimentos foram
digitados.

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Figura 8.16 Apuração de resultado.

8.10 Regime de Caixa


Veja que, mesmo se fizéssemos o cálculo do lucro pelo Regime de Caixa (mas
considerando o estoque final!), o resultado seria o mesmo.

Figura 8.17 Custo direto do PA.

As desvantagens do Recálculo, embora seja o método mais empregado em função


de sua praticidade, em relação ao custo on-line são as seguintes:
1. Não se tem o lucro da empresa no dia-a-dia, o que muitas vezes
impede ações corretivas rápidas;
2. Impede o cálculo das variações que serão vistos a seguir.
Portanto, o recálculo somente deve ser rodado se a diferença de apropriação for
muito grande e seu cálculo for complexo (isto depende da quantidade deítens, de
contas e de centros de custos).

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8.11 Custo Standard Puro

Neste caso trabalha-se com contas de variações inseridas no próprio plano, de tal
forma que todos os lançamentos são feitos pelo standard e pelo real, refletindo
nestas contas os desvios. O maior ou menor detalhamento destas contas é decisão
do usuário.
O plano de contas seria assim enriquecido pelas seguintes contas:
• Variação no Preço de Compra;
• Variação no Consumo de MP;
• Variação na Eficiência da Mão-de-Obra;
• Variação na taxa horária da MOD;
• Variação pelo Volume de Produção;
• Variação no Consumo de MC;
• Variação pela Perda de PA;
• Variação no Preço de Venda;
• Variação no Volume de Vendas;
• Variação na despesa com ICMS.

Figura 8.18 Custo Standard.

Os movimentos e lançamentos contábeis seriam feitos da seguinte forma:


Compra de 55 MP a R$ 110,00 c/recuperação de ICMS
D Variação no Preço de Compra 4.961,00
D ICMS a Pagar 1.089,00
C Fornecedores 6.050,00

Compra de 15 MC a R$ R$ 110,00 sem recuperação de ICMS

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D Variação no Preço de Compra 1.650,00


C Fornecedores 1.650,00

Compra pelo valor standard 55 MP a R$82,00

D Estoque de Matéria-Prima 4.510,00


C Variação no Preço de Compra 4.510,00
Compra pelo valor standard 15 MC a R$100,00

D Estoque de Material de Consumo 1.500,00


C Variação no Preço de Compra 1.500,00
Abertura da Ordem de Produção 48 PA
Empenho de 48 MP e 192 horas
Requisição de 52MP ao custo standard de R$ 82,00
D Variação no Consumo de MP 4.264,00
C Estoque de Matéria-Prima 4.264,00
Requisição standard de 48 MP a R$ 82,00
D Estoque em Processo 3.936,00
C Variação no Consumo de MP 3.936,00
Requisição standard de 192 hr a R$ 23,50
D Estoque em Processo 4.512,00

C Variação na Eficiência da Mão-de-Obra 4.512,00


Requisição de 193 hr ‘apontadas’ a R$ 23,50
D Variação na Eficiência da Mão-de-Obra 4.535,50
C Variação pelo Volume de Produção 4.535,50
MOD+GGF para a produção planejada (50 PA)
D Variação pelo Volume de Produção 4.700,00
C Variação na taxa horária da MOD 3.500,00
C Variação no Consumo de MC 1.200,00

Pelo valor real da Folha de Pagamento

D Variação na taxa horária da MOD 4.000,00


C Folha a Pagar 4.000,00

Requisição de 15 MC ao custo standard de R$ 100,00

D Variação no Consumo de MC 1.500,00


C Estoque de MC 1.500,00

Produção de 47 peças boas e 1 perda


Produção de 48 PA ao custo standard de 176,00

D Variação pela Perda de PA 8.448,00


C Estoque em Processo 8.448,00

Entrada no estoque de PA de apenas 47 PA bons, a 176,00

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D Estoque de Produto Acabado 8.272,00


C Variação pela Perda de PA 8.272,00

Figura 8.19 Custo standard - vendas.

Venda de 45 PA ao custo R$ 176,00 cada


D CMV 7.920,00
C Estoque de PA 7.920,00
Vendas
Venda de 50 PA a R$ 385,36

D Variação no Volume de Vendas 19.268,00


C Receitas Standard 19.268,00

Venda de 45 PA ao preço standard de R$ 385,36

D Variação no Preço de Venda 17.341,20


C Variação no Volume de Vendas 17.341,20

Venda de 45 PA ao preço real de R$ 360,00

D Clientes 16.200,00
C Variação no Preço de Vendas 16.200,00

Pelo ICMS Standard (18% de 19.268,00)

D Despesa com ICMS 3.468,24


C Variação na Despesa com ICMS 3.468,24

Pelo ICMS real (18% de 16.200,00)

D Variação na Despesa com ICMS 2.916,00


C ICMS a Pagar 2.916,00
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167 TEORIA DO ERP

O resultado será:

Figura 8.20 Resultado após a contabilização.

Para se chegar ao lucro REAL, ainda é preciso um ajuste no estoque. Este ajuste
somente é feito ao final do exercício. É exatamente levar aos estoques o que lhe
cabe das variações.

Figura 8.21 Lucro real.

Para se trabalhar no sistema com o método de Custo Standard puro seria


necessário à elaboração de uma série de lançamentos automáticos específicos, ou
seja, é possível, mas não recomendado e porque não dizer desnecessário. O que se
prega é a utilização do custeio on-line com quantidades reais e custos médios para
a matéria-prima e valor Standard, ajustado a cada mês, para a MOD+GGF, ou seja,
plenamente aceito pelo imposto de renda e propício para o cálculo das variações.

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Há um conjunto de relatórios que fornece as variações calculadas e detalhadas por


produto, matéria-prima, ordem de produção, centro de custo, comprador, cliente e
vendedor.

8.12 Índices Econômicos e Financeiros


São relações entre os números do balanço que indicam a tendência da empresa e
servem como medidas de sua performance e eficiência.

Índices de Liquidez
Medem a disponibilidade financeira do caixa. Considera a liquidez dos
ativos — caixa, bancos, títulos a receber a curto e longo prazo,
estoques, aplicações e por que não dizer imobilizados. Em relação aos
passivos — títulos a pagar a curto e médio prazo, financiamentos e
dividendos.
Índices de Rentabilidade
O lucro em relação às vendas, em relação ao capital próprio ou ao
passivo como um todo. Uma comparação com as taxas de juros do
mercado é importante numa chamada de capital. O valor dos novos
investimentos em relação ao lucro informa para onde está indo o
dinheiro.
Índices de Giro de Estoque
Determina qual o estoque médio em relação às vendas. Quais itens
estão ‘dormindo’ nas prateleiras. Por outro lado, quais vendas deixaram
de ser feitas, provavelmente, por falta de produtos.
Índices de Inadimplência (contas a receber e a pagar)
Valores atrasados em relação ao total a receber, idade dos títulos, risco dos
atrasados e prazos médios de pagamento e recebimento.
Índice de Rotatividade de Mão-de-Obra
Quantidade de admissões e demissões em relação à quantidade de funcionários,
por centro de custo, período, nível salarial, etc.
Estes índices podem ser melhor analisados nos seguintes relatórios:
• Relação dos Produtos Vendidos;
• Relação de Real x Standard;
• Balancetes;
• Posição Geral da Cobrança;
• Comparativo de valores Orçados x Reais;
• Faturamento por prazo;
• Análise dos Estoques;
• Fluxo de Caixa.

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169 TEORIA DO ERP

Capítulo 9

Gestão de Materiais
Objetivos do aprendizado

Fornecer conceitos básicos sobre Lote Econômico e Ponto de Pedido bem como os elementos
fundamentais para a adoção de políticas de administração de suprimentos de materiais.

Palavras-chave

Lote Econômico, Ponto de Pedido, Estoque de Segurança, Regressão Linear, Correlação Simples,
Correlação Múltipla, Tempo de sobreposição, Tempo de desdobramento, Rastreabilidade.

9.1 Lote Econômico

Quando se fala em Planejamento e Controle da Produção, MRP, Ponto de Pedido,


Lote Econômico, Estoque de Segurança no fundo o que se está procurando é
otimizar o processo de Suprimento de matérias-primas, produtos intermediários e
acabados, na forma mais eficiente e econômica.
Todos os sistemas de administração de materiais procuram manter o estoque em
níveis mínimos sem no entanto gerar uma falta do material.

A manutenção dos estoques no nível mínimo (também conhecido como Just in


Time) é feita comprando/produzindo apenas o necessário para atender a demanda
imediata.

Com isso, a quantidade de encomendas cresce, pois sempre, independente da


política adotada, a quantidade consumida ou vendida em um determinado período
de tempo é a mesma.

A principal vantagem de se manter um estoque médio em patamares baixos é


financeira. Estoques baixos demandam menor capital de giro. Não é preciso
recorrer a financiamentos externos e com isso não se paga juros. E se houver
capital próprio, o mesmo é liberado para ser aplicado, oferecendo um rendimento
extra para a empresa.

Há ainda outros fatores que trazem vantagens quando se tem níveis de estoques
reduzidos:

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170 TEORIA DO ERP

• Menor necessidade de espaço para armazenamento;


• Menor risco de obsolescência e deterioração;
• Menor custo de seguro;
• Menor risco de desperdício.

Por outro lado, adquirir materiais em quantidades elevadas também traz suas
vantagens:

 Possibilidade de obtenção de melhor preço e descontos especiais;


 Economia no transporte;
 Menor quantidade de cotações, pedidos, ordens de produção e pagamentos;
 Menor gasto com set-up ou preparação de máquinas;
 Maior disponibilidade e variedade em estoque, o que incrementa vendas e
ajuda na produção;
 Em tempos de inflação o estoque pode ser uma boa aplicação;
 Possibilidade de comprar de melhores fontes, ou seja, do próprio
fabricante, de distribuidores e de atacadistas;
 Menor risco de falta de material por se comprar menos vezes.
O conflito entre as vantagens e desvantagens na quantidade a encomendar a cada
nova compra/produção é resolvido com o cálculo do Lote Econômico.
Para este cálculo existe uma fórmula que estabelece a quantidade na qual a soma
dos custos de aquisição e de manutenção é mínima. Note que o valor total gasto
em certo período com a aquisição do produto não é afetado pelo tamanho do lote.
Parte-se do princípio que o consumo e o preço independem do lote.
A fórmula leva em consideração os seguintes aspectos:

Figura 9.1 Lote econômico.

LE= = = 5

CP= Custo de um Pedido


C= Consumo de Item
I= Custo de Armazenagem
P= Preço Unitário

ICusto de Armazenagem Pode ser usada a taxa de juros mensal corrente no


mercado.
É claro que esta taxa difere bastante se a empresa toma emprestado ou aplica o
excesso do dinheiro necessário para financiar o estoque.
De qualquer forma, como ela inclui também os demais custos (armazenagem,
obsolescência, etc), convém considerar a taxa de juros para empréstimos acrescida
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171 TEORIA DO ERP

de 1 ou 2 pontos percentuais. Assim, por exemplo, a uma taxa anual de 12 % pode-


se considerar um índice igual a 2 como razoável.
Como o índice é aplicado sobre o suposto estoque médio de cada item é preciso
também incluir na fórmula o seu custo unitário, já que o estoque médio é igual ao
lote econômico em valor dividido por dois. Isto porque, desconsiderando-se o
estoque de segurança, o estoque máximo é o próprio lote e o mínimo é zero.
CP Custo de cada pedido ou ordem de produção. Considera-se aqui os valores
gastos pelos setores envolvidos dividido pela quantidade de pedidos e ordens
emitidos no mês. Este valor tem caído bastante nos últimos anos em função da
própria informatização destes setores, da melhor comunicação cliente-fornecedor
e da agilização nos processos de entrega e de preparação de máquinas. O Kanban,
por exemplo, é outra forma de reduzir o custo deste processo. Há de se considerar
também, no caso de compras, que um mesmo pedido pode ser entregue
parceladamente, ou mesmo ser estabelecido um contrato de prazo mais longo.
Neste caso, o lote econômico é a quantidade entregue em cada remessa.

C Consumo médio mensal. É este número, na verdade, o “divisor de águas” entre


as duas políticas básicas existentes no processo de Suprimentos:
Pelo ponto de pedido
Pelo MRP

No “frigir dos ovos” compra-se o que se consome. Portanto, é preciso ter esta
previsão.
Para os itens dependentes o cálculo é feito em cima da previsão de vendas com
base na estrutura de produtos. Se esta previsão estiver correta, pode-se comprar
no momento certo e na quantidade necessária. Somente em casos mais esporádicos
é que se lançaria mão do lote econômico, adquirindo-se uma quantidade superior à
necessária devido à economia obtida.
Mas para os materiais independentes da previsão de vendas, ou seja, aqueles que
não estão pendurados em nenhuma estrutura, a solução é calcular o consumo
médio e estabelecer como momento de compra aquele em que o ponto de pedido
for atingido. Este ponto, por sua vez, também chamado de Ponto de Alerta, de
Encomenda ou mesmo de Estoque Mínimo será o consumo médio dividido pelo
prazo de entrega mais o estoque de segurança. Falaremos do estoque de segurança
mais para frente.

É o consumo médio que determinará quantas vezes um item será comprado ou


produzido por mês de acordo com o lote econômico.
Desta forma teríamos:

Custos de armazenamento: LE.P.I


2
ou seja, estoque médio multiplicado pelo custo unitário do item multiplicado pelo
índice referente ao custo de armazenamento:

Custos dos Pedidos: C .CP


LE

Olhando-se no gráfico pode-se ver que a equação do Custo de Armazenagem gera


uma reta ao passo que a equação do Custo dos Pedidos é uma parábola. A equação

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172 TEORIA DO ERP

que representa a soma de ambas também é uma parábola cujo ponto mínimo
coincide, no eixo dos X, com o ponto onde as duas equações se cruzam.
Logo, o LE será o ideal quando:

LE.P .I = C .CP
2 LE

ou LE . P .I =C .CP
2 LE

ou LE2 = 2 . C .CP ou LE = 2 . C .CP


P.I P.I

Onde:

•LE Lote Econômico;


•C Consumo médio mensal;
• CP Custo de cada pedido;
•P Preço unitário do produto;
•I Taxa de armazenagem (já dividida por 100).
Vejamos um exemplo:

CP = 300
P = 20
I = 0,03
C = 1000
LE = 2 .1000 .300 =600000 = 1000000 = 1000
20.0,03 0,6
ou seja, o lote econômico é de 1.000 peças, equivalendo a 1 compra por mês.

Custo de Armazenagem:
LE Custo
250 75
500 150
1000 300
1500 450
2000 600
2500 750

Custo dos Pedidos


LE Custo TOTAL
250 1200 1275
500 600 750
1000 300 600
1500 200 650
2000 150 750
2500 120 870

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173 TEORIA DO ERP

Na prática, especialmente entre os comerciantes, tem-se adotado o número de


meses para definir a quantidade a adquirir a cada nova encomenda, ou seja, se
compra ou se produz para ½ mês, 1 mês, 1 semana, 6 meses, etc.

E na verdade, é esta freqüência que se informa no sistema para o cálculo do lote


econômico. A fórmula, no entanto, continua sendo o guia desta política.
Normalmente aplica-se a fórmula a um pequeno grupo de materiais e depois se
adota o seu resultado como regra geral.

O primeiro ajuste se refere às classes dos produtos. A fórmula traz resultados


bastante diferentes para itens da classe A,B ou C.
O que significam estas classes? É a classificação dos produtos de acordo com o
gasto mensal total.

Multiplica-se o consumo médio mensal pelo custo unitário e faz-se uma


classificação em ordem descendente destes totais.

Desta forma, itens ou com alto consumo em quantidade ou com custos unitários
mais elevados tendem a ser de classe A. São normalmente as matérias-primas mais
usadas, os materiais de consumo caros, enfim, aqueles que mais merecem nossa
atenção, pois o seu estoque médio tende a ser alto, recebendo assim um forte
impacto da taxa de armazenagem.

O custo do pedido terá pouca influência nestes casos e assim a tendência é uma
compra ou produção mais “picada”, ou seja, com lotes pequenos.

O inverso é verdadeiro para os itens baratos ou de pouco consumo. Não vale a


pena, por exemplo, comprar semanalmente uma quantidade pequena de lâmpadas.

O custo dos pedidos (fazer cotação, emitir o pedido, receber o material, emitir a
ordem de pagamento) seria bem maior do que manter um estoque para pelo menos
três meses de consumo. Assim, itens de classe C tendem a ter lotes econômicos
maiores. Por isso no sistema informa-se uma periodicidade de compra diferente
para cada classe. Ao se fazer a curva ABC há de se considerar ainda qual o
percentual do gasto total a ser atribuído a cada classe. 30%, 30% e 40%
respectivamente para as classes A,B e C são percentuais razoáveis e normalmente
adotados.

Somente quando se tem uma classe A com poucos itens e significativa é que se
muda esta relação colocando-se, por exemplo, 20%, 30% e 50%.

Um segundo aspecto a ser considerado é a divisão, ao se fazer o cálculo da curva


ABC, dos grupos de itens considerados. Não se pode misturar matéria-prima com
material de consumo, pois neste caso certamente todos os materiais de consumo
cairiam para a classe C e todas as matérias-primas ficariam na classe A.

Um terceiro e último ajuste refere-se à disponibilidade financeira.

Não se pode permitir que, de acordo com os critérios adotados, os lotes


econômicos fiquem tão altos que exijam um financiamento externo.

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174 TEORIA DO ERP

Para evitar este fato pode-se estipular qual é o valor máximo que a empresa tem
para financiamento do estoque. Ultrapassado este valor, o sistema “achata” os
lotes econômicos de tal forma que as compras do mês não ultrapassem o valor
determinado.
A vantagem é que este “achatamento” é feito de forma harmônica, não
prejudicando nenhum item em particular. Para o cálculo da disponibilidade
financeira deve-se recorrer ao fluxo de caixa, verificar qual o pior dia do mês, em
termos de saldo de caixa e somar este saldo ao valor médio das compras nos
últimos meses.
Com isto a tendência será, a partir da nova política, aplicar-se até o último centavo
disponível em estoque, mas sem jamais se recorrer a financiamentos externos.
Normalmente o retorno do investimento em estoque é superior ao de uma
aplicação financeira, mas inferior ao custo de um empréstimo.

Sabemos que esta fórmula, pelos próprios fatores vistos, e pelo que ela deixa de
contemplar, não é das mais perfeitas. Mas é a única que existe. Deixa de
contemplar, por exemplo, as variações de preços que ocorrem em função da
quantidade comprada. Neste caso o que resolve é um algoritmo programado.

9.2 Ponto de Pedido

O Ponto de Pedido é o equivalente ao consumo no prazo de entrega mais o estoque


de segurança. Logo a dificuldade em estabelecer o ponto ideal está justamente em
se calcular médias confiáveis para o prazo e o consumo. Tanto em um como em
outro, apela-se para métodos estatísticos, como os que serão vistos a seguir. De
qualquer forma, para evitar faltas de estoque motivadas por consumos ou prazos
acima do previsto, trabalha-se com Estoque de Segurança.

Figura 9.2 Ponto de Pedido.

O Estoque de Segurança é o saldo que teríamos quando da chegada de uma nova


encomenda, caso o prazo e o consumo tenham se mantido na média.
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175 TEORIA DO ERP

Serve justamente como proteção para eventuais anormalidades.

Será tanto mais alto quanto menor forem os índices de confiabilidade, medidos
pelo desvio padrão, das médias apuradas. Influi também o custo da falta do
produto, que pode ser catastrófico ou sem importância, dependendo da existência
de um alternativo, do próprio prazo de entrega e, é claro, das conseqüências que
sua falta trará.

Considere, por exemplo, as 10 últimas entregas:

Prazos de Entrega: 5,3,6,5,8,7,5,4,10,3


Média: 5,6 dias

Consumo diário: 90,110,80,100,90,105,95,109,120,90


Média: 98
Ponto de Pedido: 98 .5,6 = 548,8

Qual o Estoque de Segurança para se ter 100 % de confiança que não haverá falta de
material?

A primeira resposta parece ser 10 * 120 que daria 1.200 para o ponto de pedido e
1.200-549 = 651 para o estoque de segurança, ou seja, considerar-se os valores
máximos de cada série. Mas mesmo com este estoque de segurança não teremos
uma confiança de 100 % que jamais haverá falta de material. Isto porque
estatisticamente é possível e até provável que em algum momento teremos prazos
superiores a 10 dias e consumos diários superiores a 120 peças.

Para que se tenha a probabilidade exata de cada valor é necessário o uso de


complexas fórmulas estatísticas, das quais aqui damos apenas uma idéia geral:
O primeiro conceito é o do desvio padrão. A fórmula de cálculo do Desvio Padrão é:

2
Desvio Padrão = (X i – X)
N- 1

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176 TEORIA DO ERP

Figura 9.3Desvio Padrão

O desvio calculado do prazo de entrega é de 2,2, ou seja, é a soma de


0,36+6,76+0,16+0,36+5,76+1,96+0,36+2,56+19,36+6,76, que são os desvios
elevados ao quadrado dividido por nove, cujo resultado é 4,93 e a raiz quadrada é
2,2.

Usa-se raiz quadrada e potenciação apenas para evitar compensações entre


diferenças positivas e negativas em relação à média, já que qualquer número
elevado ao quadrado é sempre positivo.

Baseado no desvio padrão é feita a Distribuição Normal, cujo cálculo é por demais
complexo para este texto, e que nos dá justamente as porcentagens de confiança
de cada valor.

No caso dos Prazos de Entrega teríamos como Distribuição Normal o seguinte:

Confiança Dias

50 % 5,6 (em 50% dos casos o prazo será menos do que 5,6 dias)
80 % 7,4
90 % 8,4
95 % 9,2
97 % 9,7
99 % 12,4
100 % infinito, ou seja, não se pode jamais garantir um prazo com 100% de
certeza.

Depende como já mencionado, das conseqüências da falta do material, o


estabelecimento do estoque de segurança. Se por exemplo, se queira que em 99 %
das vezes não falte, multiplica-se 12,4 x 98 = 1.215. Isto sem considerar a
distribuição normal do Consumo Médio, que também não garante um consumo de
98 peças.

9.3 Consumo Médio

O cálculo do consumo médio serve na verdade para se apurar qual será o consumo
futuro provável de determinado item. Por isso é válido em casos onde é
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relativamente estável. Caso contrário, em especial quando houver uma tendência


de crescimento ou queda, outros métodos devem ser utilizados. É o caso da
regressão linear, que estabelece uma equação que reflita esta tendência e que pode
assim ser usada para calcular o consumo futuro.
O cálculo da média é feito tomando-se a soma do consumo dos últimos 12 meses
dividido pela quantidade de meses. Pode-se também dar um peso a determinados
meses, para ajuste da média. Se houver sazonabilidade o mais correto é considerar
apenas o mês em questão e de preferência, com uma massa de 3 ou mais anos.

Mas se houver tendência, ou seja, se o consumo estiver aumentando ou abaixando


há necessidade de se fazer uma projeção do futuro. Esta projeção é feita através de
uma Regressão Linear na qual, baseado no passado, estabelece-se uma equação que
representa uma reta e a partir daí chega-se ao consumo dos próximos meses.
Se, por exemplo, o consumo dos últimos meses foi de 2,4,6,8,10,12,14,16,18 peças,
facilmente conclui-se que o consumo do próximo mês será de 20 e não de 10 que é
a média.
Ou seja, a equação Y = AX + B, que representa a reta, neste caso é y = 2x + 0, onde
A indica a inclinação da reta e B o ponto em que a reta cruza Y.
X é o número do mês e Y o consumo.

Figura 9.4 Linha de tendência.

Pelo gráfico tem-se que o consumo no mês 1 é 2, no mês 2 é 4 e assim por diante.
Mas, se o consumo não for regular, sofrendo altos e baixos, mas mesmo assim
seguir uma tendência, o método que calcula os valores de A e B da reta é o dos
Mínimos Quadrados. Com este método é calculada a inclinação (A) e posição (B) da
reta que mais se aproxima dos pontos que representam o consumo no passado.
Exemplo:
Mês Consumo
01 2
02 5
03 6
04 9
05 12
06 11
07 14
08 15
09 18
10 21
Por este método A = Σ(X . Y) – (( ΣX . ΣY) / meses)

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ΣX2 – (( ΣX . ΣX) / meses )

B = ( ΣY / meses) – (A . ( ΣX/meses))
Y = AX + B,

Logo, como

Consumo no próximo mês = A .próximo mês + B

Mês (X) Consumo X.Y X.X


1 2 2 1
2 5 10 4
3 6 18 9
4 9 36 16
5 12 60 25
6 11 66 36
7 14 98 49
8 15 120 64
9 18 162 81
10 21 210 100
55 113 782 385 ( soma)
A = 782 – (( 55 . 113 )/10)
385 – (( 55 . 55 )/10)
A = 782 – 621,5 = 160,5 = 1,94
385 – 302,5 82,5
B = ( 113 / 10 ) – ( 1,94 . ( 55 / 10) = 11,3 – 10,67 = 0,63

Logo, a equação da reta que reflete o passado é:

Y = 1,94 X + 0,63
Consumo no mês 11:
Y = 1,94 .11 + 0,63 = 21,97
Consumo no mês 12:
Y = 1,94 .12 + 0,63 = 23,96
Caso o consumo no passado refletisse uma parábola, a equação que a representa
seria de segundo grau: Y = AX2 + BX + C.
De forma semelhante é feito o cálculo das constantes A,B e C e a partir delas
calcula-se a projeção do consumo.
A regressão linear projeta a tendência sempre baseada unicamente no passado.
Outra técnica estatística permite que se projete a tendência baseada em outros
fatores, fatores estes para os quais nós temos uma certeza maior de que os valores
futuros se tornarão realidade.

Assim, suponha que o consumo teve um determinado comportamento no passado.


Fazendo-se a regressão chegar-se-ia em determinado valor previsto.

Mas vamos supor que na realidade o consumo só ocorre se houver investimento


em propaganda. Assim se não houver propaganda no próximo mês, o consumo
cairá, fato que o método da regressão não detecta.
O que se faz é estabelecer correlações.

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179 TEORIA DO ERP

Relacionar consumo com gastos de propaganda é uma correlação simples. Já


relacionar consumo com mais fatores, como por exemplo, com gastos em
propaganda, crescimento da população e preço aplicado é uma correlação múltipla.
As chances de acertar aumentam.
Mas o importante é fazer a correlação apenas com fatores que realmente têm a
mesma tendência que o consumo. Para tal existe uma fórmula na qual se calcula o
índice de correlação para cada um dos fatores. Quanto mais próximo de 1 for o
índice, mais relacionado ele é. Próximo de zero não existe correlação e próximo de
-1 a correlação é inversa (exemplo: quantidade vendida em relação ao preço).
Ao se fazer depois o cálculo da previsão do consumo, dá-se mais força aos fatores
que têm forte correlação e abandonam-se aqueles em que a relação é fraca.
Deve-se também evitar fatores que possam, apenas por coincidência, ter uma forte
correlação, como por exemplo, consumo de bolas de futebol com o gasto de
energia elétrica. Para que tal não aconteça, a amostra do passado não pode ser
pequena.
Para projetar depois o consumo do item que está sendo estudado, é preciso que se
saiba, de antemão, a previsão dos outros fatores nos meses cujos consumos serão
previstos.
A correlação é tanto maior quanto mais próximo de 1 for o resultado.
Exemplo:
Fator 1: 2, 4, 6 Média = 4
Fator 2: 6, 12, 18 Média = 12
Como se vê, os fatores 1 e 2 são absolutamente correlacionados.
Vejamos o cálculo do índice de correlação:
(2-4) . (6-12) + (4-4) . (12-12) + (6-4) . (18-12) =
(4+0+4) . (36+0+36)
12+0+12 = 24 = 24 = 1
8.72 57624

Notem que os métodos aqui analisados para o cálculo do consumo de determinado


material são usados também e, principalmente, para o cálculo de Previsão de
Vendas.
É importante também mencionar que existe um bom número de softwares no
mercado especializados nestes complexos cálculos estatísticos.

9.4 MRP I – Material Requirement Planning

O MRP tem como objetivo gerar Ordens de Produção e Solicitações de Compras


baseado em uma Previsão de Vendas.
Ao contrário do Ponto de Pedido, onde a ordem é emitida independentemente de
uma demanda futura, o MRP é mais eficiente, pois, se não houver uma previsão de
demanda, nada é gerado, mesmo que o estoque vá à zero.
Por outro lado o MRP só funciona se houver uma Previsão confiável, o que nem
sempre é fácil na prática. A indústria automobilística, por exemplo, trabalha muito
com previsões, mas também é muito sensível a qualquer mudança da política
econômica. E estas mudanças, se feitas em cima da hora e de forma significativa,
causam enormes problemas no processo produtivo.

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Em vista disto o MRP faz algo mais do que a simples explosão dos produtos
acabados e descer nível a nível até chegar às matérias-primas. Muito disto é
conseguido graças a informações adicionais incluídas na estrutura dos produtos,
tais como componentes alternativos, seqüência de montagem, etc.
Façamos um pequeno exemplo para que fique bem claro como funciona este
processo básico de explosão.
Estrutura: PA
PI (1)
MP1 (1)
MP2 (1)

O número entre parênteses indica a quantidade do “filho” em relação ao “pai”, ou


seja, em cada PA é usada uma unidade de PI e uma de MP2, em cada PI uma
unidade de MP1.
No exemplo utilizam-se ainda os conceitos de Lote Econômico e Lote Mínimo. A
rigor estas quantidades mínimas não deveriam ser colocadas em um processo de
MRP, ainda mais se considerarmos a “febre” de Just in Time que existe hoje em dia.
Recordando, LE é a quantidade ideal a ser produzida ou comprada a cada ordem de
produção ou pedido de compras e Lote Mínimo é um múltiplo da quantidade a ser
encomendada seja por questões de embalagem, seja porque determinada máquina
faz mais que uma peça por ciclo. Também se colocou um Estoque de Segurança,
que é assim subtraído do saldo existente no cálculo das necessidades.
O cálculo da necessidade é o seguinte:

(Previsão de Vendas + Empenhos) –


(Saldo Atual – Estoque de Segurança) –
(Pedidos de Compra + Ordens de Produção)

A soma Previsão de Vendas + Empenhos também é chamada de Previsão de Saídas.


A cada abertura de Ordem de Produção tem-se a geração de empenhos para todos
os seus filhos, multiplicando-se a quantidade da Ordem pelas quantidades da
Estrutura.
A soma Pedidos de Compra + Ordens de Produção em aberto também é chamada de
Previsão de Entradas.
A necessidade, por sua vez, é ajustada para cima ou se for menor que o Lote
Econômico ou se não for um múltiplo do Lote Mínimo.

Figura 9.5 Situação atual.

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A solução para este caso é a seguinte:

Figura 9.6 Cálculo das necessidades de materiais.

Como se vê, o que o MRP na verdade faz é uma Projeção do saldo em estoque,
calculando as Previsões de Saída e as Necessidades de acordo com os dados
disponíveis.

Figura 9.7 Ordem de Produção.

Neste primeiro exemplo, não foram consideradas nem as datas, nem as restrições
de recursos para a produção prevista. As datas, para que se saiba quando cada
entrada ou saída devem de fato ocorrer. E as restrições para tornar o plano viável.
Para considerar as datas é necessário conhecer o prazo de produção de cada item
produzido e também o prazo de entrega dos itens comprados.
Com os prazos de produção se calcula a data início das ordens de produção que
são sugeridas pelo MRP. E assim recua-se no tempo, a cada nível que se desce na
estrutura.
Assim, por exemplo, se os prazos dos produtos acima fossem:PA - 10 dias PI - 5
dias e a Previsão de Vendas das 2.000 peças de PA fosse para o dia 30/04, a data
final da OP do PI teria que ser dia 20 e a compra da MP1 teria de chegar no dia 15.
Pelo prazo de entrega de MP1 chega-se à data em que o Pedido de Compra deve ser
realizado. Esta informação consta da Solicitação de Compra.

É claro também que se tivermos um Pedido de Compra com data de entrega


prevista para o dia 20 e surgir uma necessidade para o dia 18, um novo pedido terá
de ser gerado, mesmo que não haja outra necessidade para aquele já colocado.

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Na verdade, o correto em uma situação destas é eliminar todas as previsões de


entrada, sejam pedidos ou ordens de produção, geradas desnecessariamente. É
claro que, em certas situações, em especial quando se tratar de Pedidos de
Compras, este cancelamento não é mais possível.
Outro fator a ser verificado na Projeção de Estoques é a questão de produtos
alternativos. No momento em que existe a possibilidade de usar outra matéria-
prima, disponível no estoque, não há realmente razão para se comprar mais um
lote da original. O que é preciso verificar é se o sistema não irá utilizar produtos
alternativos que depois farão falta em estruturas onde eles são originais. Para tanto
esta decisão é deixada para o final do processamento, quando então é possível
verificar a melhor opção de compra/produção.
Ainda em relação às estruturas temos a opção dos acessórios. Acessórios são itens
que nem sempre são solicitados pelo cliente e, portanto, são agregados à estrutura
no momento do Pedido de Venda.

9.5 Carga Máquina MRP II - Manufactoring Resource Planning


Estabelecido o que deve ser produzido através da abertura das ordens de
produção, o grande problema passa a ser o planejamento de como realizar esta
tarefa.
Uma fábrica é um conjunto de máquinas, pessoas, ferramentas e outros recursos
que trabalham dentro de um determinado horário. As ordens de produção por sua
vez devem ser entregues nas datas estabelecidas pelo setor de vendas. Os vários
componentes de uma estrutura de produtos por sua vez são dependentes entre si,
ou seja, a seqüência de fabricação precisa seguir certa ordem, principalmente na
montagem final.
O primeiro passo é estabelecer os roteiros de operação. Cada componente da
estrutura deve ter o seu. Para cada operação define-se o seu tempo, a máquina
onde é realizada, a ferramenta, o tempo de sobreposição e o tempo de
desdobramento. As operações são numeradas de forma ascendente, respeitando
sua seqüência.
O tempo de operação pode ser estabelecido para um determinado lote, já que é
comum este tempo, se medido para uma determinada peça, ser demasiado
pequeno, mesmo que medido em segundos.
Normalmente o tempo total de operação é proporcional à quantidade de peças,
mas há exceções. Por exemplo, a operação “secar” tem tempo fixo, seja para uma
peça, seja para um conjunto maior delas.
Além do tempo da operação propriamente dito, há ainda o tempo de Setup ou
preparação da máquina. Este tempo, que é fixo, e que por isso afeta o cálculo do
lote econômico, é sempre somado ao tempo variável, independente da quantidade
de peças a produzir. Na prática, este tempo nem sempre é o mesmo, pois muitas
vezes depende da operação anterior. Isto acontece, por exemplo, em gráficas, onde
dependendo da cor anterior fica mais fácil ou mais difícil a limpeza da impressora
para receber a nova tinta. Para otimizar este processo, trabalha-se com grupos de
operações, procurando manter-se aquelas do mesmo grupo, adjacentes.
A operação pode, também, ser feita em máquinas alternativas. Seja uma máquina
idêntica, pois cada uma é tratada individualmente, como semelhante, mas
realizando a tarefa de forma adequada. É claro que para cada tipo de máquina os
tempos de Setup e operação podem variar. Quanto maior o número de máquinas
alternativas, maior flexibilidade terá o processo de carga de máquinas.
Além das máquinas, é possível ter mais recursos escassos. Ferramentas, como
moldes, facas de corte, dispositivos, precisam também estar disponíveis quando a

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máquina for alocada. É fácil perceber que a adição de cada recurso complica
exponencialmente a sua alocação, pois é preciso conciliar em um determinado
momento suas disponibilidades. O mesmo é válido para pessoas.
Também em relação às máquinas, há detalhes a serem considerados quanto à sua
capacidade. Embora a maioria das operações dependa apenas do fator tempo para
serem alocadas, outras como fornos e estufas têm uma capacidade limitada a certa
quantidade de peças e podem, dentro de certas circunstâncias, tratar peças
diferentes simultaneamente.
Como foi falado, as operações seguem uma determinada seqüência. Assim, como
numa rede PERT, uma operação é dependente da anterior. Mas nem sempre a
operação anterior precisa estar totalmente concluída para que a próxima se inicie.
Se o lote for grande, por exemplo, pode-se muito bem transferir um sublote para a
estação seguinte antes que todos eles estejam concluídos. Isto depende da própria
distância entre as estações, de sua natureza e seu tempo total. Por outro lado, não
é muito vantajoso criar-se uma operação para cada etapa do processo quando se
tratar de uma produção em série, pois o controle neste trecho da fabricação é
praticamente impossível e porque não dizer, desnecessário.

De qualquer forma, o tempo de sobreposição ou overlap permite a execução de


duas operações paralelamente. Este tempo, quer seja informado em percentual ou
em valor absoluto, indica a partir de quando pode se iniciar a operação seguinte.
Já o tempo de desdobramento ou split-time, é aquele mínimo em que se pode
“quebrar” uma operação para otimizar a alocação das máquinas. Esta quebra pode
ser feita para alocar uma operação que, por exemplo, levaria 10 horas para ser
realizada, em duas etapas, cada uma de 5 horas, seja usando máquinas diferentes,
seja aproveitando-se 2 tempos livres deste tamanho. Neste caso, a cada etapa é
preciso somar o tempo de Setup.

A questão do tempo disponível de cada máquina tem também uma série de


detalhes a serem analisados.
Inicialmente, o seu calendário, que informa o horário de trabalho em cada dia da
semana, inclusive nos fins de semana e feriados e bloqueios a que ela está sujeita,
em função de uma manutenção preventiva ou mesmo corretiva. É neste ponto que
há a integração com o módulo de Manutenção Industrial, que gera estes bloqueios
automaticamente.
O que o processo de Carga Máquina faz é, a partir das ordens de produção e suas
datas de entrega, alocar as operações, minuto a minuto, nos recursos disponíveis.
Se a máquina estiver ocupada e não for compartilhada, é feita uma navegação no
tempo até encontrar o tempo disponível necessário. Esta navegação pode ser feita
no sentido do início para o fim ou do fim para o começo.
O ideal é fazê-la pelo fim, ou seja, parte-se da data de entrega prevista da ordem de
produção do produto “pai” e daí aloca-se e recua-se no tempo, todas as suas
operações e as operações das ordens de seus componentes. Ideal, pois elimina o
estoque já que entrega a mercadoria no momento exato de sua necessidade.
Por outro lado, se apesar de tudo, o tempo disponível não for suficiente, gerando
um planejamento com datas anteriores à atual, ou mesmo se houver interesse em
se iniciar a produção mais cedo, faz-se a navegação do início para o fim. Parte-se
da disponibilidade das matérias-primas e começa-se o processo o mais cedo
possível, alocando para frente as operações cujos recursos estejam ocupados. Com
isso, a data fim da ordem de produção do produto “pai” será estabelecida pelo
sistema e, se atraso houver, este pode ser contornado, seja avisando o cliente, seja
tomando uma das seguintes medidas:

• reduzir os tempos de operação;


• aumentar as horas disponíveis, via horas extras;

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• aumentar os recursos disponíveis, mesmo que seja através de terceirização;


• otimizar o processo, via redução do tempo de desdobramento ou aumento
da sobreposição.

No Sistema, um relatório que ajuda bastante na eliminação de gargalos dentro da


fábrica é o Mapa de Recuos e Avanços. Este relatório fornece a diferença entre o
momento ideal em que uma operação deveria ser alocada e o momento real que
isto foi possível, em virtude de haverem máquinas ocupadas.

Este processo de navegação é usado quando a carga é finita. No caso de carga


infinita, a navegação não é feita e a resposta do sistema limita-se a informar o
excesso de carga que cada recurso recebeu.

Vejamos um exercício simples de carga de máquina, onde dois produtos


necessitam usar os mesmos recursos e devem ser entregues na mesma data-fim.

Boneco Boneca
Cabeça Cabeça

Roteiro de operações do Boneco e da Boneca

Operação Máquina Tempo Lote


A Lixar Lixadeira 5 hr 10
B Montar Montadora 10 hr 10

Roteiro de operações da Cabeça

Operação Máquina Tempo Lote


A Pintar Estufa 5 hr 10

Disponibilidade de máquinas:

• 2 Montadoras;
• 1 Lixadeira;
• 1 Estufa.

Horário de trabalho: das 8hs às 18hs sem intervalo para almoço e sem fim de
semana.

Previsão de Vendas
30/04 50 Bonecos
30/04 50 Bonecas

Foram abertas 4 Ordens de Produção:

50 Bonecos
50 Bonecas
50 Cabeças
50 Cabeças

A navegação será feita do fim para o início.

Resultado:

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OP Boneco
B Montar Montadora1 Dia 25/4 8hs ao dia 29/4 18 hs
A Lixar Lixadeira Dia 22/4 13 hs ao dia 24/4 18 hs

OP Boneca
B Montar Montadora 2 Dia 25/4 8 hs ao dia 29/4 18 hs
A Lixar Lixadeira Dia 20/4 8 hs ao dia 22/4 13 hs

Esta operação teve que “navegar” para o dia 20, quando o certo seria seu início no
dia 22. Mas neste dia a lixadeira já está ocupada.

OP Cabeça
A Pintar Estufa Dia 20/4 8 hs ao dia 22/4 13 hs
A Pintar Estufa Dia 17/4 13 hs ao dia 19/4 18 hs
A operação que teve que ser recuada – Lixar Boneca – apareceria no mapa de
Recuos e Avanços indicando assim ao usuário que um aumento neste recurso,
melhoraria o balanceamento da fábrica, portanto sua capacidade real, pois trata-se
de um “gargalo”. Normalmente a eliminação de um gargalo gera imediatamente um
novo nas operações adjacentes. É um trabalho de planejamento a eliminação
completa de todos os “gargalos”.

9.6 Rastreabilidade

Imagine um Laboratório que produza remédios recebendo uma informação que um


paciente, ao medicar-se com seu produto, teve uma reação que quase o levou a
morte. Feitos os exames, descobriu-se que a causa foi o uso indevido de uma
matéria-prima, cujo prazo de validade provavelmente estaria expirado.
Como irá o Laboratório descobrir qual o lote de matéria-prima usado na fabricação
do citado medicamento? E mais. Onde estarão todos os demais produtos usados
por este famigerado lote vencido? Esta é a função da rotina de Rastreabilidade,
cada vez mais exigida nos processos de fabricação que atendam aos quesitos de
qualidade exigidos na norma ISO-9000.
O princípio de seu funcionamento é simples.
À medida que chegam os materiais dos fornecedores é dado a eles um número de
Lote. Caso o fornecedor também adote este controle, é claro que o seu número
também é registrado. E aqui já começa o primeiro trabalho adicional. Os saldos de
estoque são controlados por Lote, o que obriga à criação de mais uma tabela com
pelo menos o número do lote, data de entrada, saldo físico e via de regra data de
validade.
Ao serem requisitados para as suas Ordens de Produção, menciona-se também
nesta transação o número do lote. É comum adotar-se, em especial nos casos de
requisições automáticas o critério FIFO (First In First Out).
A produção da OP, por sua vez, também recebe o seu número de lote ao dar
entrada no próximo estágio de estoque.
E assim caminha o processo até o produto acabado permitindo então que na Nota
Fiscal de Venda conste o número do lote referente ao último estágio de produção.
Para amarrar os lotes é criado mais um arquivo que contém o número do lote, da
requisição, da ordem de produção, código do material, quantidade e data,
viabilizando assim as consultas de rastreabilidade.
Basicamente o sistema oferece dois tipos de informações:

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186 TEORIA DO ERP

• Onde determinado lote foi usado;


• Que lotes de matéria-prima foram usados em determinado lote de produto,
OP ou nota de saída, isto em todos os níveis.
Vale salientar que a rotina de rastreabilidade é relativamente simples, embora
trabalhosa, quando para cada ordem de produção se utiliza apenas um lote de
determinada matéria-prima. Torna-se complicada quando, por exemplo, para uma
determinada OP usa-se dois lotes de uma mesma matéria-prima. E esta OP por
questões de fabricação (por exemplo carga em um forno) também gera mais que
um lote.

Exemplo:

Lotes da matéria-prima: A e B
Lotes produzidos: C e D

Ocorre que o lote C precisaria ser subdividido em sublotes C1 e C2, de acordo com
o uso de MP (A ou B). O mesmo para o lote D.
Imagine agora a multiplicidade de combinações que isto pode gerar quando se tem
várias matérias-primas nesta ou em pior situação. Uma solução é “quebrar” a OP
em múltiplos sublotes de produção.

9.7 Supply Chain Management

A Gestão de Materiais ganhou com a Internet a possibilidade de integrar cliente e


fornecedor de forma eletrônica e realizar todo esse processo aqui visto de forma
bastante automática. É o Supply Chain Management (Gestão da Cadeia de
Suprimentos). Nele o Fornecedor recebe instantaneamente as movimentações e
saldos de cada produto de seus clientes e, baseado nas regras de Ponto de Pedido,
Lote Econômico e MRP I, faz o necessário suprimento.

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187 TEORIA DO ERP

Capítulo 10

Gestão Administrativa
Objetivos do aprendizado

Mostrar a importância de uma ferramenta de ERP (Enterprise Resource Planning) na otimização dos
recursos da empresa e na obtenção de informações Financeiras bem como sobre o Ativo Fixo e o
RH.

Palavras-chave

ReturnonInvestiment, Fluxo de Caixa, Desconto, Cobrança,Variação, Monetária, Correção Monetária, FASB,


Correção Integral, Ativo Fixo, Depreciação de Ativo Fixo, Reavaliação de Ativo Fixo, Recursos Humanos,
Folha de Pagamento.

É na administração financeira e RH que se procura otimizar o destino de outros


recursos da empresa, igualmente escassos e difíceis de se obter: dinheiro e gente. E
para tal é preciso saber exatamente onde está cada centavo da empresa, qual sua
liquidez e disponibilidade. Obter um maior Giro e um maior ROI —
ReturnOnInvestment— ou Taxa de Retorno sobre o Capital Investido, somente é
possível com ferramentas de ERP.

Os módulos administrativos cumprem esta tarefa.

10.1 Financeiro
O grande desafio da administração financeira é conseguir uma alta taxa de retorno
do capital. A vida de uma empresa depende da compra e venda de mercadoria e
serviços. Neste processo, ela paga seus fornecedores e recebe de seus clientes.
Entre seus fornecedores estão também os funcionários que de alguma forma
“vendem” seus serviços e recebem os valores correspondentes através da Folha de
Pagamento. E, além dos funcionários, outro credor mais importante ainda são os
acionistas, que recebem seus valores através da distribuição dos lucros, via
dividendos.
Em toda esta movimentação, os detalhes são enormes e podem ser resumidos no
seguinte:
• Negociação de vencimentos de títulos a pagar e a receber;
• Atenção à necessidade de pagamentos “imprevistos”;
• Compensações referentes a adiantamentos;
• Desconto de títulos para suprir o capital de giro ou outros financiamentos;
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188 TEORIA DO ERP

• Melhor aplicação dos recursos disponíveis;


• Moedas e o problema da desvalorização/valorização cambial;
• Controle de crédito e da inadimplência;
• Orçamentos e a “contabilidade” financeira.

10.1.1 Vencimentos

Os títulos, uma vez emitidos, têm uma data de vencimento que é considerada no
Fluxo de Caixa como a data em que o dinheiro estará disponível ou deverá ser
desembolsado.
O Fluxo de Caixa é ferramenta importante para o setor financeiro e é comum
vermos situações complicadas simplesmente porque houve precipitação em um
determinado desembolso e atraso em uma entrada. Assim sendo, é objetivo do
sistema precaver-se contra estas incertezas e procurar acertar de forma exata este
movimento de dinheiro, que hoje, baseado em sistemas informatizados não
permite deslizes que, antes, eram “acertados” pelo gerente da agência bancária
mais próxima.
Assim, no sistema, há tratamento especial para o cálculo efetivo da data de
vencimento.
Este vencimento, chamado de real (nada a ver com a denominação de nossa
moeda), considera inicialmente os fins de semana e feriados, jogando-o para o
próximo dia útil. Considera ainda a retenção bancária, que embora hoje seja cada
vez menor, exatamente em função da T.I., ainda existe quando, por exemplo, um
título é pago pontualmente, porém em outra unidade da federação.
Até mesmo cálculos automáticos de atrasos para clientes que não costumam pagar
seus títulos em dia são levados em consideração para afinar ao máximo os eventos
em suas datas efetivas.

10.1.2 Títulos Provisórios

Da mesma forma que as datas, outra dificuldade de qualquer Fluxo de Caixa é


prever efetivamente todos os valores que irão sair do caixa nos próximos dias ou
meses.
A carteira de títulos a pagar apresenta os boletos implementados na entrada das
notas fiscais de compras. Comissões de vendas guias de impostos e a folha de
pagamento com seus encargos também são implantados automaticamente.
Até mesmo os Pedidos de Compras são, opcionalmente, considerados. A data de
vencimento neste caso é considerada pelo prazo de entrega mais a condição de
pagamento acertada no respectivo pedido.
E qualquer outra previsão de saída de caixa não presente nos tópicos acima é
implementada através dos Títulos Provisórios. Sua finalidade é estar presente no
fluxo de caixa e ser substituído o mais rápido possível por um título real, ou
mesmo pelo seu pagamento direto. Exemplo desta situação são certos aluguéis a
serem pagos via recibo e que muitas vezes pega de surpresa quem trabalha com
sistemas que somente lançam valores baseados em um documento fiscal. Ou
aquela compra que o dono da empresa faz e para agradar o fornecedor liga para o
financeiro pedindo que lhe seja feito um adiantamento, na base do: - Agora, estou
mandando!
Há também uma rotina evitando que estes títulos provisórios fiquem duplicados
quando da chegada do título real. O Sistema avisa sobre sua existência tão logo
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189 TEORIA DO ERP

seja mencionado o código do fornecedor. Tudo isto também é válido para os


títulos a receber.

10.1.3 Compensações

Em um sistema financeiro é importante que haja um controle para se evitar


duplicidade de pagamentos e recebimentos. Isto é bem fácil de acontecer quando
se trabalha com antecipações. Em projetos de prazo mais longo é comum haver
pagamentos antecipados e que depois são descontados do boleto final, que
apresenta o valor total.
O sistema, além de impedir que ocorra, por falta de controle, o pagamento integral
do citado boleto, permite um tratamento contábil da compensação dos valores e
relata, com clareza, no razonete o jogo de valores.
Também em devoluções, seja de vendas seja de compras, há todo um tratamento
de notas de crédito que deduzem os respectivos valores dos títulos originais.

10.1.4 Operações Bancárias

O sistema bancário brasileiro oferece várias opções de financiamento para uma


empresa.
Além dos empréstimos convencionais onde o cliente normalmente assina uma ou
várias notas promissórias com o valor da dívida acrescida de juros e comissões ou
ainda oferece um bem em garantia, a forma mais comum de financiar uma empresa
comercial é trabalhar com os títulos emitidos contra seus clientes.
É uma boa garantia que o Banco tem e fácil de ser conseguida pela empresa. Na
verdade o que o Banco faz é apenas antecipar o valor do boleto para o qual foi
dado um prazo mais longo de pagamento. Dentro desta opção há dois tipos básicos
de financiamentos:
• Desconto simples;
• Cobrança caucionada ou vinculada.

No Desconto Simples a empresa literalmente entrega os títulos ao Banco e este


credita na sua conta o total do valor, já subtraindo os juros e comissões. Mas a
empresa continua respondendo pelo não pagamento do título em seu vencimento,
recebendo, no caso, um débito, normalmente inesperado, em sua conta corrente.
Como vemos o controle não é tão fácil assim. Primeiro é preciso desconsiderar a
entrada dos valores destes títulos em seu vencimento, pois o dinheiro já foi
creditado no ato do desconto. Assim, eles precisam ser desconsiderados no fluxo
de caixa. Por outro lado, não podem ser simplesmente baixados, pois a empresa
ainda responde por eles. Enfim, o que o sistema faz é dar a eles uma condição
especial de modo que não participem do fluxo de caixa.
Situação mais complicada ainda ocorre com os títulos colocados em cobrança
caucionada ou vinculada. Trata-se de um financiamento onde os boletos servem de
garantia, mas dentro de um processo rotativo. Normalmente o valor da garantia é
20% acima do valor do empréstimo.
O contrato é longo, normalmente 1 ano, e durante sua vigência os títulos pagos
podem ser substituídos por novos e, somente aí, o valor recebido é creditado na
conta da empresa.

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190 TEORIA DO ERP

Caso o título não seja pago, o banco pede sua substituição e o mesmo passa para a
cobrança simples. No final do contrato os títulos pagos são retidos exatamente
para cobrir o pagamento do empréstimo e o que sobrar também vai para crédito da
conta corrente.
Este tipo de contrato, além de ter uma taxa de juros menor e ter um prazo maior, é
mais fácil de ser aprovado pelos Bancos do que o Desconto Simples.
É claro que em todos estes casos há necessidade de se analisar cuidadosamente
qual a real taxa de juros que está sendo cobrada.
Para tal a fórmula do valor presente é a melhor entre as muitas disponíveis em
qualquer compêndio de matemática financeira.

10.1.5 Aplicações e Empréstimos

O controle destas operações afeta diretamente o fluxo de caixa e no sistema elas


podem ser simuladas para se atingir a melhor combinação. A diversidade de
aplicações em nosso mercado – CDB, fundos de renda fixa ou variável, mercado de
ações, compra de moedas estrangeiras, a tradicional caderneta de poupança e
muitos outros – provoca a criação de rotinas específicas para elas.

10.1.6 Moedas e as Desvalorizações Cambiais

Apesar da baixa inflação que finalmente parece ser fato consumado em nosso país,
a questão das várias moedas é, ainda, um ponto que deve ser tratado tanto em
sistemas financeiros como na contabilidade. Mesmo porque, uma oscilação entre
as várias moedas do mundo sempre existirá, dependendo da saúde econômica de
um país em relação a outro.
No aspecto financeiro, há de se considerar que alguns bens da empresa, seja papel
moeda, sejam títulos, sejam ativos podem e devem ser gravados em moeda
estrangeira. Com a oscilação do câmbio, no entanto, estes bens mudam de valor
em real e no seu vencimento ou alienação passam por um processo de valorização
ou desvalorização, diferença esta que precisa ser devidamente contabilizada.
No sistema, cria-se para estes casos um campo que indica o tipo de moeda em que
está gravado o valor. Há também um arquivo de moedas que reflete dia-a-dia o
valor do câmbio das moedas estrangeiras em relação ao real. Desta forma, pode-se,
a qualquer momento emitir-se um relatório em qualquer moeda e converter todos
os valores para Real ou Dólar ou Euro ou qualquer outra pré-estabelecida.
Já no sistema de estoque, cada moeda tem seu próprio campo e seus valores são
históricos, ou seja, são convertidos pela taxa do dia do fato. Mas note que apenas a
Entrada do Material proveniente de uma compra é que sofre a conversão.
Daí em diante, o sistema trabalha com a própria moeda estrangeira. Assim, as
requisições que são apropriadas às Ordens de Produção são valorizadas, por
exemplo, pelo custo médio em dólar, que constitui um campo próprio no arquivo
de Saldos.

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10.1.7 Variação Monetária, Correção Integral e FASB

O objetivo do cálculo da Variação Monetária é ajustar o balancete de uma empresa,


em especial com relação à conta de Lucros e Perdas, cujos números são falsos em
decorrência dos efeitos de uma desvalorização da moeda, causada pela inflação.
Muitas empresas chegaram a distribuir dividendos achando que estavam tendo
lucros altíssimos e logo depois quebraram, pois o resultado apresentado era
ilusório.
A questão de como fazer este acerto é polêmica, porque nem todos concordam
quanto ao momento em que se deve fazer o ajuste.
Tomemos um exemplo:
A empresa vende uma mercadoria a prazo para receber o valor em 60 dias.
Imaginando-se que se tenha a previsão de inflação, como deveria ser lançada a
receita: em dólar pela taxa de hoje e lançar o prejuízo no dia do recebimento? Ou
considerá-lo já no dia da venda, deixando para o dia do vencimento apenas o
ajuste do resíduo causado pela diferença de previsão da taxa? Ou ainda, lançá-lo ao
final de cada mês?
É basicamente nestas diferenças de conceitos que surgiram os vários métodos de
correção: a Correção Monetária imposta por lei em 1967 e extinta em 1996, o FASB,
adotado pelas empresas multinacionais, e a Correção Integral, idealizada pela CVM
para as sociedades anônimas de capital aberto.
A Correção Monetária fazia o acerto nos valores em cruzeiros ajustando as contas
que nada perdem com a inflação, ou seja, o imobilizado.
Ela não corrigia o estoque, pois considerava que a empresa somente usufrui o lucro
no ato da venda. Assim, a realização do lucro e sua taxação, ocorre no momento da
venda. Se a empresa corrige o imobilizado é justo também que o Capital e o
restante do patrimônio líquido sejam corrigidos. Afinal o acionista também deve
ser beneficiado, pois é ele o proprietário deste imobilizado. Com isso a empresa
somente pagava imposto de renda sobre a diferença entre a valorização do
imobilizado e do patrimônio.

Já o FASB se preocupa com o balancete em dólar. Partindo do princípio que os


valores ali registrados foram convertidos pela taxa do dia do lançamento, o que se
faz é dividir os valores em reais das contas que exatamente perdem ou ganham
com a inflação pela taxa atual do dólar. Assim, se a conta caixa apresentar um
saldo de R$1.000,00, convertido pela taxa de R$2,00 referente à data de sua
entrada, o saldo em dólar será de US$500,00.

Supondo que hoje, no fechamento, a taxa seja de R$ 3,00, o saldo real em caixa é
de apenas US$333,33, ou seja, se convertêssemos agora os reais para dólar
teríamos realizado uma perda de US$166,66 devido a inflação, e é exatamente isto
que a matriz estrangeira quer saber. Esta despesa é debitada em uma conta “Ganho
e Perdas com a Inflação” e o crédito é feito na própria conta caixa, ou em uma
subconta.
O mesmo raciocínio é válido para todas as contas do Circulante, como a de Clientes
e outros títulos a receber e de forma inversa, no contas a pagar. Nele, cada vez que
o pagamento é postergado há um ganho, pois o valor desembolsado em dólar é
menor.
O FASB pede justamente isto: que se ajuste os valores para o câmbio corrente
lançando em contas apropriadas os ganhos e perdas obtidos. As perdas do caixa
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devem ser debitadas em Despesas Financeiras abatendo-as das Receitas


Financeiras, normalmente altíssimas, porém ilusórias em períodos de inflação. As
perdas do Contas a Receber devem reduzir o valor das Receitas com Vendas, que
assim refletirão os prejuízos obtidos com as vendas a prazo. Por outro lado, os
ganhos obtidos com as contas a pagar de Fornecedores devem ser creditados ao
Custo da Mercadoria Vendida, que será assim reduzido em função dos pagamentos
com prazos dilatados.
O FASB não apresenta um efeito idêntico ao da Correção Monetária, pois cada um
trata o Estoque de forma oposta.

Enquanto a Correção Monetária não corrige o estoque, fazendo com que o lucro da
desvalorização do custo seja realizado somente no ato da venda, o FASB ao não
considerar o Estoque como um item do Circulante, está na verdade considerando
que ele se valoriza com a inflação, o que no fundo é uma realidade (na verdade
este era um “benefício” que o governo concedia às empresas, pois já que a lei
exigia a correção do imobilizado, taxando-a, porque já não corrigir também o
estoque no fechamento do exercício? Certamente nenhum governante da época
percebeu esta “falha”!).
Para talvez igualar os resultados e, porque não dizer, corrigir a “falha”
mencionada, em 1992, a CVM — Comissão dos Valores Mobiliários, autarquia
federal que tem como uma de suas missões proteger acionistas que aplicam suas
economias em empresas de capital aberto —, estabeleceu que as empresas S/A de
capital aberto apresentassem seus demonstrativos segundo novas regras.
Estas regras, denominadas de Correção Integral chegam ao mesmo resultado que o
FASB, mas evidentemente usando os índices de variação da inflação. A ideia era
que este mecanismo viesse a ser adotado posteriormente para efeito de tributação
do imposto de renda, mas com o declínio da inflação e o plano Real, qualquer tipo
de correção oficial foi eliminado a partir de 1996.
O sistema mantém as rotinas de Variação Monetária em seu módulo contábil
através dos seguintes mecanismos, mesmo porque as empresas estrangeiras,
apesar dos baixos índices de inflação, não têm intenções de abandonar o FASB:
1. No cadastramento das contas coloca-se, se ela é sujeita à variação, ou seja,
se é uma conta sujeita aos efeitos da inflação (Caixa, Bancos, Contas a
Receber e a Pagar, enfim todo o Circulante), e a conta que deve ser a
contrapartida de sua perda ou ganho. Exemplos: Conta caixa: receitas
financeiras. Contas a receber: receitas com vendas. Contas a pagar:
custo da mercadoria vendida, etc.
2. Pode-se também mencionar uma conta diferente da própria para servir de
Redutora. Assim, por exemplo, em vez de creditar-se na própria conta
Caixa a sua perda com a inflação, cria-se uma outra específica para este
fim, que sintetizada com a própria, nos dá o novo saldo em moeda
forte. Com isso os valores das variações ficam destacados dos
operacionais.
3. Informa-se qual a conversão que deve ser feita no ato do lançamento para
cada conta: usando-se o dólar do dia, o médio do mês, o da data de
vencimento do título ou um informado pelo usuário no ato do próprio
lançamento. A vantagem de usar a taxa do dia do vencimento (caso de
compras e vendas), embora seja sempre uma previsão, é que neste caso
está se fazendo o tratamento da Variação Monetária de imediato, no
momento do lançamento e com isto, ao final do mês, é feito apenas o
ajuste entre a taxa prevista e a real. Ou seja, antecipa-se ao máximo o
ajuste do resultado.
4. Mantém-se um Plano de Contas para cada moeda, cada um com seu saldo
baseado nos lançamentos convertidos.

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5. Mantém-se um arquivo com as taxas diárias em relação ao Real de cada


moeda, arquivo este que deve prever as taxas futuras caso alguma conta
faça a conversão pela data do vencimento.

6. Ao final do mês, ou do exercício contábil, processa-se a rotina de Variação


Monetária, que faz os seguintes procedimentos:

6.1 Para cada conta do Circulante, ou seja, aquelas para as quais foram
cadastradas contas de Variação Monetária se divide o saldo em Real pela
taxa da moeda correspondente no dia do fechamento.

O resultado é o novo saldo da conta em moeda forte. A diferença, positiva ou


negativa, é debitada ou creditada na conta de Variação e creditada ou
debitada na conta Redutora. As contas de Variação farão parte do resultado
da empresa em moeda forte.

Note que as contas que não sofrem variação como Estoques, Imobilizado e
Patrimônio Líquido (ou seja, quase exatamente aquelas que sofriam os efeitos
da Correção Monetária) permanecem com seus valores históricos em moeda
forte, isto é, convertidos pela taxa do dia do lançamento.

6.2 Para efeito de emissão de um Balancete com Correção Integral


reconvertem-se os saldos em moeda forte para Real, pela taxa atual. O que
ocorre: as contas do Imobilizado e Patrimônio Líquido aumentam de valor. As
contas do Circulante permanecem iguais, pois temos agora uma menor
quantidade de moeda forte, mas multiplicadas por uma taxa maior. Mas as
contas de Estoque, que não sofreram a tal da Variação, têm agora o mesmo
comportamento do Imobilizado, ou seja, têm seu valor aumentado, refletindo
em Real o seu valor atualizado. E o reflexo desta ação é o aumento do Lucro e
a conseqüente tributação, embora os itens ainda não tenham sido vendidos.

Apesar da não obrigatoriedade e dos baixos índices de inflação, muitas


empresas, especialmente as multinacionais, continuam a processar a
Correção Integral de seus balanços.

Analisemos um exercício, onde ainda é considerada uma alta taxa de inflação:

Situação inicial (dia 1):

Taxa do dólar R$ 2
Caixa Saldo Devedor de R$ 1000 e US$ 500
Capital Saldo Credor de R$ 1000 e US$ 500
Dia 15:
Taxa do dólar: R$ 3
Lançamentos:
Receita de Vendas: R$ 2400 US$ 800
Debita Contas a Receber e Credita Receita com Vendas
Receita com Aplicação: R$ 240 US$ 80
Debita Caixa e Credita Receita Financeira
Saldo no final do mês:
Caixa Saldo Devedor de R$ 1240 US$ 580
Contas a Receber Saldo Devedor de R$ 2400 US$ 800
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Capital Saldo Credor de R$ 1000 US$ 500


Receitas Saldo Credor de R$ 240 US$ 80
Financeiras
Receita Saldo Credor de R$ 2400 US$ 800 com Vendas
Resultado antes da Correção $2640
Ativo/Passivo R$ 3640 US$ 1380
Taxa do dólar: R$ 2,6371
Contas com Variação: Caixa e Contas a Receber.
Ajuste de Saldos em dólar:
Caixa: de US$580 para R$1240/2,6371 = US$470,11 isto é, menos US$109,89
Contas a Receber: de US$800 para R$2400/2,6371 = US$909,89mais
US$109,89
Débito em Receita Financeira e Crédito no Caixa: US$109,89
Crédito em Receita com Vendas e Débito no Contas a Receber: US$ 109,89

Resultado em Dólar:
Receita com Vendas: 800 – 109,89 = 909,89
Receita Financeira: 80 –109,89 = - 29,89
Resultado: 880219,78 isto é -660,22
Em Real (Balancete com Correção Integral, só que em dólar):
Caixa: 470,11 .2,6376= 1239,96
C/R: 909,89. 2,6376 = 2.399,92 3640 (ativo)
Capital: 500.2,6376 = 1318
RF : - 29,89.2,6376= - 78,84
RV :909,89.2,6376= 2400 3640 (passivo)
Resultado: 2329,16 e não 2640, isto é, menos 318,84
Ativo/Passivo US$1380 R$3640
Como se vê neste caso, os efeitos de uma Correção Integral são idênticos aos da
Correção Monetária tradicional, baseada na legislação de 1967. No fundo o que
houve foi uma correção do Capital, que perdeu R$ 909,89, ou seja, a variação de 2
para 2,6371 no câmbio, para cada dólar. Como tínhamos US$ 500 de capital, a
perda foi de R$318,84. Na verdade a perda foi em cima do Circulante Líquido, ou
seja, do Caixa + Contas a Receber.

10.1.8 Análise de Crédito e Controle de Inadimplência

A análise de crédito é feita com base em informações comerciais obtidas em outras


empresas que, de preferência, tenham já feitos negócios com o futuro cliente. A
Internet certamente facilita esta tarefa, fornecendo muitas informações difíceis de
obter até pouco tempo atrás.
No sistema, duas rotinas controlam e evitam a venda para clientes que apresentam
algum perigo. Para cada cliente é definido um risco de A a E, risco este que aceita
ou rejeita um pedido dependente do volume de títulos em atraso. O risco é
informado ou pode ser gerado automaticamente de acordo com critérios pré-
estabelecidos.
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195 TEORIA DO ERP

Além do risco há também o Limite de Crédito evitando que, se o pior acontecer,


pelo menos as perdas não sejam muito altas. Também este valor pode ser
calculado de forma automática, inclusive baseado em informações obtidas da rede.
Via Internet o sistema consegue acessar, por exemplo, informações do SERASA ou
do SPC e assim atualizar dados de clientes como títulos protestados, cheques sem
fundos, falências e concordatas.
O controle de inadimplência é feito através de uma reação rápida quando o
primeiro atraso ocorrer. Suspensão de assistência, interrupção de fornecimento,
envio de cartas de advertência e finalmente medidas judiciais são atos que podem
e devem ser acionados via sistema.

10.1.9 Orçamentos e a “Contabilidade” Financeira

A contabilidade é o meio pelo qual se obtém os resultados econômicos de uma


empresa. Mas o fato de trabalhar pelo regime de competência, pelo seu aspecto
oficial e fiscal e por que não dizer, pela sua complexidade no cumprimento das
normas atuárias estabelecidas, fez com que surgissem as chamadas contabilidades
paralelas.
Caracterizam-se por serem simplificadas, tratam os dados do jeito que a empresa
quer e principalmente trabalham em regime de caixa, ou seja, o que vale é a
entrada e saída do dinheiro proveniente de todas as operações realizadas. Assim,
se a venda ou compra for a prazo, interfere no resultado no mês do recebimento
ou pagamento, inclusive se parcelado. O mesmo com as aquisições de ativos e
outras transações que envolvem trabalhosas rotinas de amortização.
Desta forma cria-se no próprio módulo financeiro uma pseudo contabilidade. Nela
a conta é substituída pela natureza e os lançamentos contábeis por movimentações
financeiras e bancárias.
O orçamento para cada natureza possibilita um planejamento e controle muito
mais eficiente do fluxo de caixa, pois permite que se compare a previsão com o
realizado em função das datas de vencimento.

10.2 Ativo Fixo

O controle do Imobilizado de uma empresa teve na complicada legislação da


Correção Monetária o seu motivo para o seu ingresso na tecnologia da informação.
Se formos considerar apenas o controle de bens de uma empresa e o cálculo de sua
depreciação, que sem dúvida, é elemento importante na composição dos custos
das empresas, concluímos que esta parte poderia ser simplesmente uma sub-rotina
da contabilidade. Mas a necessidade que o governo teve, nos anos que convivemos
com a inflação, em complicar o mecanismo da correção fez com que se criassem
softwares especializados em Ativo Fixo.
As manobras para recolher mais impostos de um lado e as reavaliações que as
empresas faziam para supervalorizarem os efeitos da inflação, proporcionou um
sem-número de leis que somente um especialista era capaz de decifrar. E tudo
porque não havia um mesmo índice de inflação aceito por todos. Mas como este
tempo já passou e não deve voltar tão cedo, esqueçamo-lo.É claro que o processo
de depreciação também apresenta seus “poréns”. É um custo que representa o uso
e desgaste que ocorre com um bem de alto valor. Da mesma forma que não seria
certo considerá-lo como uma simples despesa no mês de aquisição, aniquilando o

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lucro do período, não é certo também pensar como alguns ilusionistas: isto não é
despesa, é investimento e jamais subtraí-lo do resultado, a não ser quando da sua
venda ou sucateamento.
O mecanismo da depreciação lembra um conta-gotas. Descarrega em despesas, mês
a mês, o valor de aquisição diluindo o seu custo durante o uso do bem e, o que é
mais importante, guardando o dinheiro necessário à sua reposição. Só que
evidentemente a empresa não vai tirar o dinheiro do caixa e colocá-lo em um cofre
para no final da vida útil do bem fazer a nova aquisição.
O objetivo na verdade é reduzir o lucro impedindo que os acionistas, vendo um
lucro alto, saquem, através de dividendos, este dinheiro que deve ser resguardado.
Assim, a despesa com depreciação é creditada em uma conta chamada Depreciação
Acumulada e seus recursos são usados para reforçar o capital de giro da empresa,
através do aumento do circulante. Circulante este que evidentemente sofre, em
momentos diferentes, o impacto da aquisição, mesmo que ela seja parcelada.
Ao analisar um Mapa de Origens e Aplicações sempre aparece como Origem a
despesa de depreciação do mês, já que ela reduziu o lucro, mas não reduziu o
caixa, e por outro lado, em Aplicações, as aquisições de bens.

10.2.1 Vida útil do bem

Um computador nos dias atuais dura 5 anos? E uma máquina fabril, com o atual
desenvolvimento tecnológico, pode se manter por 10 anos?
Pois estes são os tempos de vida útil estabelecidos pela legislação do imposto de
renda. Vantagem para o acionista que não vê seu lucro diminuído (mas pode estar
sendo enganado e ter surpresas desagradáveis no futuro), desvantagem para a
empresa que paga imposto de renda mais alto hoje, embora se considerarmos o
período todo, o valor seja igual.
No sistema, por exemplo, a taxa de depreciação anual, que no fundo reflete o
tempo de vida útil (10% para 10 anos, 20% para 5 anos e 2% para 50 anos – caso de
edifícios e outros imóveis), pode ser diferente para cada uma das moedas previstas
no sistema. Assim, na contabilidade em Real, é usada a taxa legal, enquanto que
para as demais, em especial em dólar, é usada uma mais realista, já que
normalmente a matriz da multinacional está mais interessada no resultado efetivo
da empresa do que naquele camuflado pela legislação.
Existem também, casos em que a depreciação varia durante a vida útil do bem,
normalmente acelerando o processo. Diante de um laudo emitido por autoridade
competente, pode até ser usado na contabilidade oficial. Os critérios variam, mas
resumem-se nos seguintes:
• A taxa mensal aumenta conforme o bem perde em produtividade;
• A taxa diminui de tal forma que a soma da depreciação mais as despesas de
manutenção, crescentes com o desgaste do bem, fiquem mais ou menos
constantes durante sua vida;
• A taxa é maior porque o bem trabalha 24 horas por dia, fins de semana ou
mesmo em condições desfavoráveis.

10.2.2 Reavaliação

A reavaliação de um bem, usada até pelo governo quando reconheceu que os


índices de inflação oficiais não condiziam com a realidade (lei 8200), é na verdade
usada quando uma empresa quer aumentar seu valor patrimonial, seja em uma
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oferta de venda, seja na busca de uma garantia para um financiamento, seja para
mascarar um prejuízo operacional. É aplicável mais nos casos de imóveis, que por
um motivo qualquer têm seus valores aumentados de forma significativa.
De qualquer forma é um procedimento que foge dos padrões contábeis
estabelecidos, onde um fato só deve ser registrado no ato de sua concretização.
Neste caso, na venda do imóvel, cujo lucro seria contabilizado na conta Lucro na
Venda de Ativos.
Qualquer reavaliação depende de laudo oficial. A reavaliação também é depreciada,
mas via de regra separadamente do valor original e considerando o período que
ainda resta de vida útil.

10.2.3 Baixas

Como já foi dito a depreciação é debitada em despesas e creditada em Depreciação


Acumulada. Embora seja uma conta com saldo credor é ela mantida no ativo,
reduzindo o valor do Imobilizado, que apresenta assim um saldo sintético real, ou
seja, aquele que seria obtido se hoje vendêssemos os bens.
Portanto, ao encerrar a depreciação, ou seja, ao final da vida útil do bem, esteja ele
funcionando ou não, seu valor residual é zero. Por isso não se justifica sua baixa,
pois se ele ainda está em funcionamento, deve constar do balanço da empresa,
refletindo sua existência.
Portanto, a baixa de um bem somente deve ocorrer quando de seu sucateamento,
venda, roubo ou outro tipo de desativação.
Neste caso credita-se a conta do Ativo, debita-se a depreciação acumulada e debita-
se o caixa, se algum valor foi recebido. E, neste caso, pode haver um lucro ou
prejuízo (se houver valor residual), que será então lançado em uma conta de
resultado.
O caso fica um pouco mais complicado se for uma baixa parcial. Se, por exemplo,
for um bem facilmente divisível, como a compra de 100 cadeiras, é comum baixar
parte delas e o cálculo da proporcionalidade é uma simples regra de três. Os
lançamentos contábeis e o valor residual são feitos em cima destes valores.
Exemplo:
100 cadeiras adquiridas a R$ 180,00 cada uma = R$ 18.000,00
Após 12 meses: Depreciação acumulada = R$ 1.800,00
isto é, 18.000 / 120 meses (10 anos) . 12 meses
Venda de 30 cadeiras a R$ 100,00 cada
Caixa: R$ 3.000,00
Depreciação Acumulada: R$ 540,00 (só das 30 cadeiras)
Ativo Móveis e Utensílios: R$ 5.400,00
Prejuízo na venda: R$ 1.860,00
Na verdade cada cadeira deveria ter sido vendida por R$ 162,00, isto é, R$ 180,00 –
R$ 18,00 da depreciação anual, dando o total de R$ 4.860,00.

10.2.4 Ampliações e Reformas

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Da mesma forma, ampliações e reformas de bens já imobilizados podem ou ser


agregadas a ele e ter o valor da depreciação mensal aumentado e o prazo mantido
ou serem considerados itens a parte e ter uma depreciação própria, alongando
assim a vida do bem. A opção pode até ser feita de acordo com o interesse
econômico da empresa, ou seja, sua necessidade de gerar despesa.
Quanto à obrigatoriedade de imobilizar uma aquisição, a regra que manda é o seu
valor. O imposto de renda pode glosar um balanço que apresente grandes
aquisições lançadas em despesas, até mesmo em casos de, por exemplo, um
grande trabalho de consultoria que visou reorganizar a estrutura departamental da
empresa.
E finalizando estes comentários sobre ativo fixo, um resumo de sua real
necessidade de controle:
• Precaver-se de furtos de bens, tão difíceis de comprar e tão fáceis de
desaparecer. Para tal devem-se usar as etiquetas impressas pelo próprio
sistema, que fixadas nos bens e com código de barras, permitem um
rápido e eficiente inventário dos mesmos;
• Responsabilizar pessoas dentro da organização, através de relatórios por
centro de custo;
• Apuração de um custo mais exato, pois é fato comum termos máquinas
caras e com alta produtividade e máquinas velhas e obsoletas mas com
custo baixo. Nem sempre a modernidade é a melhor solução. De
qualquer forma a decisão somente pode ser tomada com um detalhado
controle de custos de depreciação.

10.3 RH — Recursos Humanos

É história que, antigamente, uma empresa poderia se considerar informatizada


quando seus “holerites” estivessem finalmente sendo impressos pelo “cérebro
eletrônico” da empresa.
A folha de pagamento foi sem dúvida o sistema que mais rapidamente se adaptou
aos novos recursos do processamento de dados.
Alto volume de cálculos e dados, periodicidade quinzenal e necessidade de um
processamento rápido — o tempo entre a puxada do cartão de ponto e o
pagamento é no máximo de dois dias – fez com que este setor fosse sempre o
primeiro a ser informatizado e colaborou para êxito de muitos birôs de serviços
independentes.
Mas nossa complexa legislação — a CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) — fez
com que os programas da folhase coloquem entre os mais difíceis de serem
desenvolvidos e mantidos, exigindo sempre um grupo especializado de
programadores.
Mas a evolução deste módulo tem sido enorme nos últimos anos, transformando os
prosaicos sistemas de Folha em completos sistemas de Recursos Humanos. E
agora, o SPED Social confirma essa tendência.
A base do sistema está no cadastro de funcionários, um verdadeiro arsenal de
informações que atende não somente o pagamento mensal, mas também as rotinas
anuais como 13º Salário, férias, RAIS, FGTS, DIRF, entre outros.
Quanto aos vencimentos e descontos normais da folha, o importante é a
flexibilidade de cálculo que deve existir. Esta questão, aliás, toca em um
importante ponto de qualquer software de gestão: a sua flexibilidade.
Até onde podemos customizar uma fórmula? Fazer uma expressão matemática,
utilizando os campos disponíveis nos arquivos é suficiente? E que tamanho

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199 TEORIA DO ERP

poderia ter esta expressão? A verdade é que em muitos casos isto não resolve.
Basta analisar o cálculo do nosso imposto de renda pessoa física. A taxa é variável
de acordo com o total de vencimentos tributáveis, mas dentro de um esquema de
cascata.

Exemplo:
Até R$ 1.710,78 isento
De R$ 1.710,79 a R$ 2.563,91 alíquota de 7,5% deduz R$ 128,31
De R$ 2.563,92 a R$ 3.418,59 alíquota de 15% deduz R$ 320,60
De R$ 3.418,60 a R$ 4.271,59 alíquota de 22,5% deduz R$ 517,00
Acima de R$ 4.271,59 alíquota de 27,5% deduz R$ 790,58
Como o cálculo é em cascata se o valor do vencimento for, por exemplo, R$
5.000,00, o IRRF (Imposto de Renda Retido na Fonte) não será de 27,50% de R$
5.000,00 que daria R$ 1.375,00. O certo é:
Isento até R$ 1.710,78
7,5% de 853,12 (2.563,91 – 1.710,79) = 63,98
15% de R$ 854,67 (3.418,59–2.563,92) = 128,20
22,5% de 853,00 (4.271,59–3.418,60) = 191,92
27,5% de R$ 728,41 (5.000,00–4.271,59) = 200,31
Total do imposto = R$ 584,41

Na tabela do Imposto de Renda são apresentados valores a deduzir que facilitam o


calculo em cascata, pois calcula-se o valor pela alíquota correspondente e depois
subtrai-se a dedução.
Assim chegaríamos ao mesmo resultado: 1.375,00 – 790,58 = 584,42.
Há ainda o valor a deduzir por dependente de R$ 171,97.
Fazer este cálculo em uma única expressão, mesmo usando os valores a deduzir, é
praticamente impossível.

Portanto, é preciso que as fórmulas de cálculo de cada provento ou desconto sejam


customizadas através de verdadeiras rotinas programáveis, com possibilidade de
Ifs, Elses, Whiles, Cases e prolongando-se por dezenas ou mesmo centenas de linhas
de código.

O sistema possibilita esta opção através do uso de um interpretador de código em


Run-Time, ou seja, o usuário escreve a rotina em uma sintaxe pre-estabelecida, dá a
ela um nome e a cita como sendo a fórmula de cálculo de um determinado
provento/desconto. Este recurso é também utilizado nos demais módulos do
sistema.
Outro ponto interessante em sistemas de folha é a questão das Bases. Para cada fim
a base é diferente. Para efeito de FGTS entra Ajuda de Custo, já para Imposto de
Renda, não. Prêmios, comissões, férias, aviso prévio, salário família, auxílios
maternidade e natalidade, adicionais noturnos, insalubridade e periculosidade são
vencimentos que podem ou não participar das bases de INSS, FGTS, 13º Salário,
Férias, Aviso Prévio, Imposto de Renda, Hora Extra e outras.
Benefícios como Assistência Médica, Vale-Transporte, Cesta Básica, Vale-Refeição,
Seguro de Vida e Acidentes e uma série de outros também são tratados na folha,
seja como um vencimento adicional, seja descontando um valor simbólico em
troca de uma vantagem oferecida.
Adiantamentos, cálculo do IRRF, FGTS, INSS, Contribuição Sindical, Férias e seu
Abono, Comissões, Rescisões e Afastamentos, 13º Salário, Troco, Adicional por
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tempo de serviço, DSR, Dissídios, Salário Família são, entre outras, rotinas que
fazem da folha um sistema com nível de complexidade acima do normal.
Em se tratando de relatórios a lista é bastante extensa: recibo de pagamento (nome
correto de “holerite”), cheques, relação de líquidos, a própria folha, relação dos
vencimentos, descontos e tributos, ficha financeira, relação de admitidos e
demitidos são os principais.
O cartão de ponto por sua vez é substituído pelo relógio eletrônico, onde o
funcionário, ou passa o seu crachá, ou simplesmente sua impressão digital e um
smart-card, se for um dispositivo que aceita esta entrada.

O sistema de Folha de Pagamento, no entanto, evoluiu muito. Primeiro passou a ser


um sistema de Gestão de Pessoal e depois um completo sistema de Recursos
Humanos.
Nele incorpora-se:
Terminal de Consulta do Funcionário: possibilita ao funcionário consultar seus
dados através da rede. É claro que um forte esquema de senhas garante o sigilo.
Situação de férias, lançamentos no demonstrativo de pagamento no mês, extrato
de FGTS, marcações de ponto são algumas das consultas disponíveis. Também é
possível que o próprio funcionário atualize seu cadastro como endereço e outros
dados, sempre sob a auditoria do departamento de pessoal.

Recrutamento e Seleção de Pessoal: todo o controle e análise de currículos que a


empresa recebe são tratados por esta rotina. Estes currículos podem ser
preenchidos em uma página pré-formatada da Internet de tal forma que é possível
uma pré-seleção dos candidatos a determinado cargo.

Substituições, promoções e análises de cargos e funções são automatizados


quando se tem no sistema informações sobre todas as características de cada
funcionário.

É claro que um criterioso esquema de pontuação consegue tornar mais exato aferir-
se o nível de qualidade de cada funcionário, pois são considerados cursos e testes
realizados, conhecimento de idiomas, histórico profissional, participação em
seminários, eventos e viagens, etc. Os próprios testes são automatizados e até
corrigidos de acordo com as respostas do candidato.
Controle de exames médicos e do estado de saúde dos funcionários.
Benefícios concedidos aos familiares e suas características.
Apesar de possuir características não tão exatas e bem definidas como os demais
setores da empresa, o RH vem procurando tornar cada vez mais a administração de
pessoal uma atividade altamente técnica e baseada em critérios científicos e
isentos de decisões subjetivas.

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Capítulo 11

Fluxo Sistêmico
Objetivos do aprendizado

Descrever os tipos de integração em um sistema de ERP e como ela atua nos diversos módulos do sistema.

Palavras-chave

Integração, Supply Chain Management (SCM), Lançamentos Automáticos.

11.1 A representação da Integração da Empresa


O fluxo geral do ERP, verdadeiro ícone com o qual ele se identifica, mostra os
pontos de ligação entre os vários departamentos de uma empresa, em especial do
setor industrial.

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Figura 11.1Fluxo Sistêmico

11.2 Lançamentos Automáticos

O ponto mais importante da integração são os lançamentos contábeis automáticos


(L.A.). São rotinas disparadas a partir das telas de entrada dos vários módulos e de
qualquer outra rotina cujos cálculos afetem alguma conta contábil. As contas a
serem movimentadas, bem como o histórico e os valores são parametrizados em
uma tabela-mestre.
Os lançamentos, que são gerados automaticamente, são os seguintes:

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203 TEORIA DO ERP

Figura 11.2 Lançamentos automáticos representados nas contas T.

a) Pelas compras de materiais: débito a Estoque correspondente e crédito a


Fornecedores;
b) Pelas despesas: débito em Despesas e crédito a Fornecedores e outras Contas a
Pagar;
c) Pelas Requisições: débito a Processo ou Despesa com material de consumo e
crédito ao Estoque correspondente;
d) Pelos rateios dos centros de custos improdutivos nos produtivos: débito à
Transferência de Rateio dos Centros Produtivos e crédito à Transferência dos
Centros Improdutivos;
e) Pela absorção dos custos: débito ao Processo e crédito à Despesas Industriais;
f) Pela produção: débito a estoque de Semi-Acabados e Acabados e crédito a
processo;
g) Pelas vendas ao valor de custo: débito ao Custo da Mercadoria Vendida e crédito
a Estoque de Produtos Acabados;
h) Pelas Vendas ao Valor Faturado: débito a clientes e Despesas com ICMS, Cofins e
PIS e crédito a Receitas, ICMS, Cofins, PIS e IPI a recolher;
i) Pelos Recebimentos de duplicatas: débito a Banco e Despesas com descontos
concedidos e crédito a Clientes e Receitas de Juros;
j) Pelo Pagamento das Obrigações: débito a Fornecedores e Despesas com Juros e
crédito a Bancos e Receita com Descontos Obtidos;
k) Pela folha de pagamento: débito às Despesas com Pessoal e Encargos e crédito a
Contas a Pagar, Provisões de Férias, 13º e adiantamentos de salários;
l) Pela depreciação do ativo fixo: débito a Despesas com Depreciação e crédito a
Depreciação Acumulada;
m) Pelo Encerramento das contas de resultado (final do exercício): débito a Receitas
e crédito a Conta Lucro do Exercício, débito a conta Lucro do Exercício e crédito à
Despesas.

Com isso é possível manter-se a contabilidade absolutamente atualizada e em


tempo real, além de manter os saldos íntegros com as demais tabelas do sistema.
Considerando que a contabilidade retrata a situação econômica e financeira da
empresa é fácil perceber as vantagens obtidas com este procedimento. Note que no
fluxo tudo aponta para o quadro que mostra o Resultado da Empresa, objetivo
maior de qualquer sistema ERP.

11.3 Supply Chain Management

Outro ponto forte de integração é a geração automática do suprimento. A partir


dos pedidos de clientes ou estatísticas de vendas, abrem-se as ordens de produção
e as solicitações de compras. A partir desta é gerada a cotação de compras, sua
atualização e análise e finalmente o pedido.

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204 TEORIA DO ERP

Figura 11.3 Detalhamento do fluxo para o processo de compras.

A partir do Pedido de Compras é feito o follow-up ou acompanhamento das


encomendas feitas aos fornecedores. Cada vez mais esta distância fica reduzida
chegando-se ao extremo em que o próprio sistema controla o processo de
produção dos fornecedores. Estes passam a ser parceiros, sócios minoritários e
praticamente assumem o papel de subsidiárias.
O Supply Chain Management objetiva esta integração com o propósito de agilizar
a operação de fornecimento. São pontos básicos manter a estrutura e o controle
dos estoques dos fornecedores, uma comunicação on-line por onde transitam os
pedidos de compra e suas alterações e também a quitação de títulos quando esta
não é feita via banco.
Uma cena que será vista brevemente, pode assim ser descrita: feita uma requisição
de material, o ponto de pedido é atingido. Ou ainda, um pedido de vendas é
registrado, gerando uma necessidade de compras.
A partir disto, o sistema gera automaticamente as cotações e via Internet, as envia
aos vários fornecedores credenciados. Para que estes possam recebê-las, via
sistema, uma padronização neste tipo de documento é necessária, recomendando-
se para tal aquela publicada pela ASSESPRO-SP.
Ela permite que sistemas concorrentes conversem entre si seguindo uma
determinada norma. Recebidas as cotações, todas as condições de fornecimento,
inclusive preço, prazo de entrega e condições de pagamento são reenviadas via
Internet ao solicitante.
A própria análise das ofertas recebidas, com a escolha daquela que melhores
condições apresentam pode ser feita de forma automática, principalmente nos
casos onde o preço é fator decisivo.

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205 TEORIA DO ERP

Definido o vencedor da concorrência, emite-se o Pedido de Compra, que é enviado


pela Internet de forma automática e sem intervenção manual, para converter-se em
Pedido de Venda e proceder aos trâmites de despacho. Ou seja, automatiza-se todo
o processo, desde a detecção da necessidade até a efetivação do suprimento.

11.4 Custos

Todo o processo de custos também é feito buscando seus dados em subprodutos


de outros módulos. As requisições e produções, digitadas para atualizarem os
estoques, são valorizadas automaticamente. O mesmo com os itens vendidos. E a
partir destes dados, os lançamentos contábeis.
A integração entre o Recebimento de Materiais e o Faturamento com o Financeiro é
feita a partir de algumas informações adicionais, como condição de pagamento e
moeda, colocadas nas telas que tratam estes tipos de transação.
São óbvias as muitas vantagens obtidas com esta integração:
• Menor volume de digitação;
• Maior transparência nas atualizações;
• Informações on-line;
• Redução de fraudes, pois aumentam as dificuldades;
• Maior integridade de dados.
É claro que esta integração também tem seu custo:
• Necessidade de bons equipamentos, principalmente uma rede estável;
•Conseqüências danosas em casos de falhas sejam quais forem suas
origens.

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206 TEORIA DO ERP

Capítulo 12

SPED
Objetivos do aprendizado

Apresentar os conceitos principais desta forma de escrituração através das definições do Governo
Federal e os processos e obrigações que tramitam entre o Fisco e os Contribuintes.

Palavras-chave

Sped - Sped Contábil - Sped Fiscal - Sped Contribuição - FCONT

12.1 Principais Definições sobre o SPED


O SPED surgiu através do Decreto nº 6.022, de 22 de janeiro de 2007 e significa
Sistema Público de Escrituração Digital. Está incluso no PAC – Programa de
Aceleração do Crescimento do Governo Federal e tem por objetivo informatizar os
processos entre o Fisco e os Contribuintes.
Seu objetivo é modernizar e padronizar o modelo atual, do cumprimento das
obrigações acessórias que são transmitidas pelos contribuintes ao Fisco, usando
uma certificação digital que autentica os documentos eletrônicos, assegurando
assim, a validade jurídica (somente no que diz respeito ao formato digital, não a
qualidade dos dados em si).
Surgiu em cinco projetos: Escrituração Contábil Digital (SPED CONTÁBIL),
Escrituração Fiscal Digital (SPED FISCAL), SPED CONTRIBUIÇÃO, SPED SOCIAL E SPED
IRPJ.
Simboliza a integração entre as três esferas do governo: Federal, Estadual e
Municipal.
Participam do projeto órgãos públicos, associações, entidades civis e conselhos de
classe.
Estabelece Protocolos de Cooperação com empresas do setor privado, que
participam do projeto-piloto para assegurar o desenvolvimento e manter o padrão
estabelecido para os trabalhos conjuntos.
Através dessas parcerias pode planejar, identificar necessidades e soluções
antecipadas, para que o cumprimento das obrigações acessórias atenda a
legislação tributária, mantendo a participação de todos os contribuintes no
desenvolvimento de mecanismos para que estes instrumentos transpareçam um
grau elevado de legitimidade social, o que o torna um modelo novo de
relacionamento, baseado na transparência, gerando pontos positivos para toda
sociedade.

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207 TEORIA DO ERP

12.2 Principais Objetivos


Integração do Fisco a partir da padronização e compartilhamento das informações
contábeis e fiscais com base na legislação.
Simplificar e padronizar as contribuições acessórias para os contribuintes a partir
de uma transmissão única de cada modelo dessas contribuições através dos
diferentes órgãos de fiscalização.
Identificar com mais eficiência os ilícitos tributários, através de controles mais
severos nos processos e acesso mais rápido às informações, com isso mantendo
uma fiscalização mais efetiva através do cruzamento dos dados e a auditoria
eletrônica.

12.3 Premissas (Definição da Receita Federal)


 Propiciar melhor ambiente de negócios para as empresas no País;
 Eliminar a concorrência desleal com o aumento da competitividade entre as
empresas;
 O documento oficial é o documento eletrônico com validade jurídica para
todos os fins;
 Utilizar a Certificação Digital padrão ICP Brasil;
 Promover o compartilhamento de informações;
 Criar na legislação comercial e fiscal a figura jurídica da Escrituração Digital
e da Nota Fiscal Eletrônica;
 Manutenção da responsabilidade legal pela guarda dos arquivos eletrônicos
da Escrituração Digital pelo contribuinte;
 Redução de custos para o contribuinte;
 Mínima interferência no ambiente do contribuinte;
 Disponibilizar aplicativos para emissão e transmissão da Escrituração
Digital e da NF-e para uso opcional pelo contribuinte.

12.4 Principais Benefícios

 Redução de custos com a emissão e armazenamento de documentos em


papel; na racionalização e simplificação das obrigações acessórias; redução
em fraudes,no tempo gasto com auditores fiscais nas instalações do
contribuinte, com custos administrativos e do “Custo Brasil”;
 Eliminação do papel e acesso rápido às informações; melhor qualidade da
informação bem como padronização da informação gerada e enviada às
diversas unidades federadas;
 Permite a troca de informações entre os próprios contribuintes a partir de
um layout padrão; bem como o cruzamento entre dados contábeis e fiscais;

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208 TEORIA DO ERP

 Maior qualidade e mais agilidade no trabalho de auditoria, eliminando


etapas para a coleta de arquivos, resultando em melhoria nos
procedimentos sujeitos ao controle da administração tributária (comércio
exterior, regimes especiais e trânsito entre unidades da federação);
 Disponibilidade de cópias autênticas e válidas da escrituração para usos
distintos e concomitantes;
 Aperfeiçoamento do combate à sonegação;
 Preservação do meio ambiente pela redução do consumo de papel.
 Eliminação de algumas obrigações acessórias definidas no CTN – Código
Tributário Nacional.

12.5 O que é o certificado digital ICP-Brasil?

É um certificado digital emitido de acordo com as regras da infraestrutura de


Chaves Públicas e Privadas (ICP) Brasil, estabelecidas pela Medida Provisória
2200/01.
O certificado digital comprova a identidade de uma pessoa ou de uma empresa na
internet e garante a segurança das transações, bem como da troca de documentos e
dados eletrônicos, com presunção de validade jurídica. Com ele é possível realizar
vários serviços sem sair de casa, entre eles: envio e consulta do imposto de renda,
assinatura de documentos eletrônicos e emissão de procuração eletrônica na
Receita Federal e no Conectividade Social ICP.

12.6 Definição do SPED Contábil


A Escrituração Contábil Digital (ECD) é parte integrante do projeto SPED e tem por
objetivo a substituição da escrituração em papel da contabilidade da empresa pela
escrituração transmitida via arquivo, ou seja, corresponde à obrigação de
transmitir, em versão digital, os seguintes livros:
I - livro Diário e seus auxiliares se houver;
II - livro Razão e seus auxiliares se houver;
III - livro Balancetes Diários, Balanços e fichas de lançamento
comprobatórias dos assentamentos neles transcritos.
Segundo a Instrução Normativa RFB nº 787/07, estão obrigadas a adotar a ECD:
I - em relação aos fatos contábeis ocorridos a partir de 1º de janeiro de
2008, as sociedades empresárias sujeitas a acompanhamento econômico-tributário
diferenciado, nos termos da Portaria RFB nº 11.211, de 7 de novembro de 2007, e
sujeitas à tributação do Imposto de Renda com base no Lucro Real.
II - em relação aos fatos contábeis ocorridos a partir de 1º de janeiro de
2009, as demais sociedades empresárias sujeitas à tributação do Imposto de Renda
com base no Lucro Real.
Portanto, a partir do ano-calendário 2009, estão obrigadas ao Sped Contábil todas
as sociedades empresárias tributadas pelo lucro real.

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209 TEORIA DO ERP

As empresas de Lucro Presumido só estão obrigadas a entregar o SPED Contábil em


2014 caso a distribuição do lucro ou dividendo tenha sido superior à base de
cálculo para fins de IR e CSLL menos os impostos (IR, CSLL, PIS e COFINS).

As sociedades simples e as microempresas e empresas de pequeno porte optantes


pelo Simples Nacional estão, por enquanto, dispensadas desta obrigação.

As regras de obrigatoriedade não levam em consideração se a sociedade


empresária teve ou não movimento no período. Sem movimento não quer dizer
sem fato contábil.

12.6.1 Leiaute do arquivo


O SPED Contábil envia ao Governo a contabilidade da empresa. Todo o processo de
classificação contábil (definição de qual conta é debitada e creditada a cada
movimento), o histórico e os respectivos valores devem ser gerados fora do SPED.
O SPED recebe os lançamentos gravando-os em registros específicos. Quando criou
o SPED Contábil o Governo tentou implementar um Plano de Contas padrão,
denominado Plano Referencial. A empresa poderia usar o seu, mas precisaria
informar a correlação do seu plano com o referencial. A medida é interessante no
sentido que uma padronização facilita, por parte do público e dos investidores, a
análise comparativa entre as empresas. Mas hoje a correlação não é mais
solicitada. A partir dos dados do SPED é possível gerar o Diário, o Razão, o
Balancete, a Demonstração de Resultados do Exercício (DRE) e o Balanço. O próprio
PVA do SPED Contábil contempla essas funcionalidades.

Uma vez que a empresa opta em enviar seus dados via SPED Contábil não pode
mais voltar ao processo tradicional, que consiste em imprimir os citados relatórios,
encardená-los e registrá-los na Junta Comercial ou no Cartório Civil.

Deve ser entregue anualmente, até o dia 30 de junho do ano subsequente.

Um detalhe interessante é que todas as contas analíticas são subdivididas em


Centro de Custos, independente do grupo a que pertencem. Assim nas contas de
Bancos, Clientes, Fornecedores e mesmo produtos e serviços detalha-se o saldo de
cada um, mas sem necessidade de abrir uma conta para tal fim.

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210 TEORIA DO ERP

Os registros do SPED Contábil são os seguintes:

Registro 0000:Contém os dados da empresa.


Registro 0001: Abertura do Bloco 0.
Registro 0007:Contém a Inscrição Estadual.
Registro 0990: Quantidade de registros desse bloco.
Registro I001:Abertura do Bloco I.
Registro I010: Tipo do livro. Coloca-se G – Livro Diário, completo, sem escrituração
auxiliar.
Registro I030: Termo de Abertura do Livro. Natureza do livro, quantidade de
linhas, nome da empresa, inscrição estadual, CNPJ, data.
Registro I050:Contém o Plano de Contas. Caso se utilize o próprio Plano
Referencial é ele que é gravado aqui, completo.
Registro I052: Como no Balanço aparecem todas as Contas com os respectivos
Centros de Custos, indica-se nesses registros à qual conta pertence cada um. Se um
Centro de Custos aparece em duas contas, ele aparece duas vezes nessa seqüência
de registros. Esse registro na verdade serve para aglutinar vários centros de custos.
Registro I075: É a Tabela de Históricos Padronizados. São textos padrões que
facilitam o preenchimento dos históricos nos registros dos lançamentos.
Registro I100:Contém a tabela de Centros de Custos, com seus códigos e
descrições.
Registro I150:Contém a data inicio e fim do período gerado.
Registro I155: Esse registro é importante. Contém para cada Conta/Centro de
Custo o saldo inicial, se é devedor ou credor, o movimento a débito, o movimento
a crédito e o saldo atual. Na prática é um Balancete.
Registro I200: Esse registro encabeça o conjunto de registros I250 que são os
lançamentos em si. Um registro I200 pode encabeçar vários registros I250,
permitindo-se lançamentos compostos, ou seja, um débito com vários créditos. No
registro I200 ainda consta a data do lançamento e o valor debitado/creditado.
Registro I250:Cada um desses registros é, finalmente, uma perna do lançamento.
Contém o código da conta, do Centro de Custo, o valor da Partida, indicador de
débito ou crédito, o número do lançamento, o código do histórico padrão e o seu
texto complementar. Exemplo: histórico padrão “Pagamento de título” e como
complemento o seu número.
Registro I990: Encerra o Bloco I, com a quantidade de registros.
Registro J001: Abre o Bloco J. Esse Bloco é necessário para a impressão do Balanço.
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211 TEORIA DO ERP

Registro J005: Informa a data inicial e final do período.


Registro J100/J150: Balanço Patrimonial. Contém o Código de Aglutinação,o nível
e o saldo, isso em todos os níveis, das sintéticas às analíticas. O J100 apresenta as
contas de Ativo e Passivo. O J150 as contas de Resultado.
Registro J900: Termo de Encerramento.
Registro J930: Dados do Empresário e do Contador, obtidos na tela de entrada.
Registro J990: Contador de registros do Bloco J.
Registro 9900: informa separadamente a quantidade de cada tipo de registro.
Registro 9990: Informa a quantidade de registros 9900.
Registro 9999: Informa a quantidade total de registros no arquivo

12.7 FCONT
Conforme disciplina a Instrução Normativa RFB nº 949/09, o FCONT é uma
escrituração das contas patrimoniais e de resultado, em partidas dobradas,
que considera os métodos e critérios contábeis vigentes em 31.12.2007.

Em termos práticos, no Programa Validador e Assinador da entrada de dados


do FCont devem ser informados os lançamentos que:

 Efetuados na escrituração comercial, não devam ser considerados para


fins de apuração do resultado com base na legislação vigente em
31.12.2007. Ou seja, os lançamentos que existem na escrituração
comercial, mas que devem ser expurgados para remover os reflexos das
alterações introduzidas pela Lei nº 11.638, de 28 de dezembro de 2007, e
pelos arts. 37 e 38 da Lei nº 11.941, de 2009, que modifiquem o critério
de reconhecimento de receitas, custos e despesas computadas na
escrituração contábil, para apuração do lucro líquido do exercício
definido no art. 191 da Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976;
 Não efetuados na escrituração comercial, mas que devam ser incluídos
para fins de apuração do resultado com base na legislação vigente em
31.12.2007.

A seguir, lembramos as principais modificações introduzidas pela Lei 11.638/07:

 Registro, no ativo imobilizado, dos direitos que tenham por objeto os bens
para a perfeita manutenção das atividades, inclusive os que transfiram à
companhia os benefícios, riscos e controles desses bens;

 Modificação do modo de contabilização do diferido (despesas pré-


operacionais e de reestruturação que impactam o resultado de mais de um
exercício);

 Criação do subgrupo "intangível" (ágio, bens incorpóreos e fundo de


comércio);

 Avaliação contínua dos valores constantes no ativo imobilizado, intangível e


diferido;

 Utilização da metodologia “fairvalue” para demonstrar o valor justo de


mercado para instrumentos financeiros;

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212 TEORIA DO ERP

 Ajuste a valor presente em todas as operações ativas e passivas de longo


prazo, além das operações relevantes de curto prazo;

 A rubrica "reserva de capital" não servirá para registrar prêmios recebidos


por debêntures ou doações e subvenções;

 Os critérios para o cálculo de equivalência patrimonial para coligadas e


controladas passam a ser de 20% do capital votante da investida;

 Eliminação das reservas de reavaliação;

 Eliminação da conta de Lucros Acumulados;

 Criação da conta de Ajustes de Avaliação Patrimonial.

 O FCONT será substituído pelo SPED IRPJ, também chamado ECF


(Escrituração Contábil Fiscal).

12.8 SPED Fiscal (EFD)

A Escrituração Fiscal Digital - EFD é um arquivo digital, que se constitui de um


conjunto de escriturações de documentos fiscais e de outras informações de
interesse dos fiscos das unidades federadas e da Secretaria da Receita Federal
do Brasil, bem como de registros de apuração de impostos referentes às
operações de compra e venda de mercadorias praticadas pelo contribuinte.

Praticamente substitui o Modelo I, II, VIII e IX, que controlam os valores


devidos e creditados do ICMS e do IPI, envolvendo as Secretarias de Fazenda
dos Estados.

Este arquivo deverá ser assinado digitalmente e transmitido, via Internet, ao


ambiente Sped.

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213 TEORIA DO ERP

Figura 12.1 Modelo da Escrituração Fiscal

12.8.1 Como Funciona

A partir de sua base de dados, a empresa deverá gerar um arquivo digital de


acordo com layout estabelecido em Ato COTEPE, informando todos os documentos
fiscais e outras informações de interesse dos fiscos federal e estadual, referentes
ao período de apuração dos impostos ICMS e IPI. Este arquivo deverá ser submetido
à importação e validação pelo Programa Validador e Assinador (PVA) fornecido pelo
Sped.

12.8.2 Programa Validador e Assinador - PVA

Como pré-requisito para a instalação do PVA é necessária a instalação da máquina


virtual do Java. Após a importação, o arquivo poderá ser visualizado pelo próprio
Programa Validador, com possibilidades de pesquisas de registros ou relatórios do
sistema. Outras funcionalidades do programa: digitação, alteração, assinatura
digital da EFD, transmissão do arquivo, exclusão de arquivos, geração de cópia de
segurança e sua restauração. O Programa Validador e Assinador(PVA) e o “Ajuda do
Validador” são baixados gratuitamente pela Internet.

12.8.3 Apresentação do arquivo

A periodicidade de apresentação é mensal e será até o 25º dia do mês subseqüente


ao das operações ou prestações.

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214 TEORIA DO ERP

12.8.4 Leiaute do SPED FISCAL EFD ICMS/IPI

Com a EFD ICMS/IPI envia-se ao Governo toda a movimentação das Notas Fiscais de
Compras e Vendas de Mercadorias. Tem os seguintes Blocos:

Bloco 0–Abertura, Identificação e Referências.


Bloco C–Documentos Fiscais I Mercadorias e Energia Elétrica (ICMS/IPI).
Bloco D– Documentos Fiscais II Serviços (Transportes e Comunicações) (ICMS).
Bloco E –Apuração do ICMS e do IPI.
Bloco G –Controle do Crédito de ICMS do Ativo Permanente – CIAP.
Bloco H–Inventário Físico.
Bloco K–Movimentações Internas, mas não está ainda definido se deverá constar a
Ordem de Produção, o que de um lado permitirá um controle mais rígido de
compra e venda sem nota, mas por outro abre a estrutura do produto, considerada
por vezes, segredo inviolável da empresa.
Bloco 1–Outras Informações.
Bloco 9–Controle e Encerramento do Arquivo Digital.

O Guia Prático EFD, com 168 páginas, descreve detalhadamente o leiaute de cada
Registro.
É no Bloco C que estão os registros referentes às Notas. Um ponto importante é a
freqüente observação de que todos os produtos comprados e vendidos devem ser
detalhadamente identificados, evitando-se ao máximo o uso de Descrições do tipo
Diversos ou similares.

O Inventário deve ser informado no SPED de fevereiro com os saldos no estoque


em 31 de dezembro do ano anterior, ou seja, dois meses após o fechamento
contábil.

Os registros do SPED Fiscal são os seguintes:

Registro 0000: Dados da empresa.


Registro 0001: Indicador de movimento no Bloco 0.
Registro 0005: Endereço da entidade.
Registro 0100: Dados do Contabilista.
Registro 0150: Participantes (Clientes e Fornecedores vigentes).
Registro 0190: Unidades de Medida.
Registro 0200: Itens (Produtos).
Registro 0990: Encerramento do Bloco 0.
Registro C001: Abertura do Bloco C.
Registro C100: No Registro C100, se lança o cabeçalho das Entradas e Saídas (SF1 e
SF2), ou seja, os dados gerais da nota, o cliente ou fornecedor, chamado de
Participante e os totais de todos os valores constantes na nota. Para documentos

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215 TEORIA DO ERP

de entrada os campos de valor de impostos e contribuições (ICMS, IPI, PIS e Cofins)


somente devem ser informados se o adquirente tiver direito à credito.
Registro C170: No Registro C170 são gravados os Itens de cada Nota (SD1 e SD2).
Registro C176: Ressarcimento de ICMS em Operações com Substituição Tributária
(modelo 01 e 55).
Registro C190: Totalização nota a nota por CST/CFOP/Alíquota.
Registro C400: Notas emitidas por ECF.
Registro C500/510/590: Contas de Energia Elétrica.
Registro C990: Encerramento do Bloco C.
Registro D001: Abertura do Bloco D.
Registro D100: Nota Fiscal de Transporte (modelos 07, 08, 8B, 09, 10, 11, 26, 27, 57).
Registro D190: Itens da Nota de Transporte.
Registro D500: Nota Fiscal de Comunicação (21) e Telecomunicação (22).
Registro D590: Itens da Nota.
Registro D990: Encerramento do Bloco D.
Registro E001: Abertura do Bloco E de Apuração. No caso da EFD fiscal não há
rotina de Apuração no PVA.
Registro E100: Período do ICMS.
Registro E110: Apuração do ICMS.
Registro E116: ICMS a Recolher, operações próprias.
Registro E200: Período do ICMS-ST.
Registro E210: Apuração do ICMS-ST.
Registro E500: Período do IPI.
Registro E510: Consolidação dos Valores de IPI.
Registro E520: Apuração do IPI.
Registro E990: Encerramento do Bloco E.
Registro G001/G990: Controle de Credito de ICMS do Ativo Permanente (CIAP).
Registro H001: Abertura do Bloco H Inventário.
Registro H005: Totais do Inventário.
Registro H010: Aqui é gravado o Inventário, produto a produto com seu saldo em
Quantidade e Valor.
Registro H990: Encerramento do Bloco H.
Registros K: ainda sem definição.
Registro 1001: Abertura do Bloco 1.
Registro 1600: Total das operações com Cartão de Crédito ou Débito.
Registro 1990: Encerramento do Bloco 1.
Registros 9001,9900,9990,9999:totais de registros.

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216 TEORIA DO ERP

12.9 SPED CONTRIBUIÇÃO

O SPED Contribuição trata do PIS, Cofins e do INSS das empresas desoneradas do


pagamento dessa contribuição pela folha de pagamento (setores têxtil, confecções,
calçados, plásticos, material elétrico, bens de capital mecânico, ônibus, autopeças,
naval, aéreo, móveis, T.I e TIC, hotéis, call-center e design houses.

O PIS e Cofins são cumulativos para as empresas de regime de tributação com base
no Lucro Presumido.

E não cumulativos para as empresas no regime do Lucro Real. Exceto para os


seguintes setores: Bancos, financeiras, seguros, transportes, telecomunicações,
jornal, rádio, construção, hospitais, educação, telefonia, hotéis, correio, agencia de
viagem e informática, que permanecem no cumulativo.

Neste caso (não cumulativo) os créditos são calculados a partir da base de cálculo,
ou seja, subtrai-se do faturamento de produtos e serviços todas a notas de entrada
que dão direito à crédito, e a partir dessa base calcula-se as contribuições. O EDF-
PIS/Cofins controla detalhadamente esse procedimento. A grande questão é saber o
que dá e o que não dá direito ao crédito. Em principio, somente o que está
vinculado às Receitas, ou seja, que entra no processo produtivo. Mas é bem mais
abrangente do que o crédito do ICMS. Além das matérias primas entram todos
materiais de consumo da fábrica, quase todos os serviços tomados, energia
elétrica, aluguéis e muitos outros. Mas a Folha de Pagamento, não . Como disse o
Sr. Gerdau, suas empresas tem 100 funcionários cuja única tarefa é ficar
analisando o que dá direito a crédito (CST 50 a 66) e o que não dá (CST 70 em
diante).

As alíquotas para o regime de cumulatividade (sem direito a créditos) são,


respectivamente, para o PIS e Cofins de 0,65% e 3%. Para o regime de não
cumulatividade, 1,65% e 7,6%.

Todas as empresas de Lucro Presumido passam a ser obrigadas, a partir de julho


de 2012, a entregar o SPED Contribuições. Lucro Real, desde 2009.

No arquivo vão apenas as Notas de Entrada que dão direito a crédito. Assim quem
está no regime cumulativo não as envia e quem está no não cumulativo apenas as
com CST 50 a 66. Tanto as notas de entrada como de saída pode ser consolidadas
(aglutinam-se os itens com mesmo CFOP, CST e alíquota) ou detalhadas item a
item.

O arquivo do PIS/Cofins é composto dos seguintes blocos:

Bloco 0– Abertura, Identificação e Referências.


Bloco A – Bloco das notas fiscais de Serviço.
Bloco C – Bloco das Notas Fiscais de Produtos (Mercadorias e Energia Elétrica).
Bloco D – Bloco das Notas de Serviços que pagam ICMS (Comunicações e
Transporte).
Bloco F –Demais Documentos e Operações. Aqui entram as Receitas de Aluguel e
Financeiras e as Retenções do PIS/Cofins feitas nas Notas de Serviços de Vendas.
As retenções nas compras não entram no SPED.

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217 TEORIA DO ERP

Bloco M– Esse é o Bloco das Apurações dos valores a pagar de PIS/Cofins. Esse
Bloco em principio é gerado automaticamente por uma opção do PVA, mas nem
sempre ela funciona, portanto cada sistema gerador do SPED trata esse ponto com
rotinas próprias.
Bloco P – Esse Bloco trata da Contribuição do INSS devido sobre o Faturamento,.
Foi por isso que esse SPED mudou de nome, de PIS/Cofins para Contribuição. O
Bloco P é da Previdência.
Bloco 1 – Trata saldos de créditos de operações extemporâneas (de outros
períodos). Como o prazo para correção de arquivos foi ampliado, não convém
lançar créditos extemporâneos. O certo é corrigir os arquivos e reenviá-los.
Bloco 9 – Encerramento do arquivo com os totais de registros.

Há a possibilidade de permitir, através do PVA, que o usuário digite manualmente


qualquer registro do arquivo. Assim os casos omissos e erros que não se corrigem
com a alteração dos dados devem ser tratados por essa funcionalidade.

São 181 registros que compõe o SPED Contribuições. Segue um resumo de seus
conteúdos:

Registro 0000–Contém dados da Empresa, como o Nome, CNPJ, UF, Data Inicio e
Data Fim.
Registro 0001– É o registro que indica se o Bloco tem movimento.
Registro 0100– Dados do Contabilista.
Registro 0110– Regime de Apuração da Contribuição Social e de Apropriação de
Crédito. O COD_INC_TRIB indica se o regime de tributação da empresa vai pelo
PIS/Cofins Não-Cumulativo (Lucro Real)->código 1 ou pelo Cumulativo (Lucro
Presumido ou Simples)-> código 2 ou ainda por ambos, código 3 (caso, por
exemplo de empresas que vendem software e ministram cursos). O campo
IND_APRO_CRED indica se o credito do regime Não-Cumulativo é pelo método de
Apropriação Direta (código 1) ou pelo método de Rateio Proporcional (código 2). O
campo COD_TIPO_CONT indica se a contribuição do período é exclusivamente pela
alíquota básica (código 1) ou se é por alíquotas diferenciadas e/ou por unidade de
medida de produto (código 2). E por ultimo o campo IND_REG_CUM indica se a
apuração, no caso do regime cumulativo, é pelo Regime de Caixa (código 1), pelo
de Competência (código 2) ou Competência Detalhada (código 9).
Registro 0111– Tabela de Receita Bruta Mensal para fins de Rateio de Créditos
Comuns: a ser preenchido somente se o campo IND_APRO_CRED do registro 0110
for 2, o que dificilmente acontecerá.
Registro 0140– Tabela de Cadastro de Estabelecimento: dados da empresa. Repete
dados do 0000 como nome e CNPJ.

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218 TEORIA DO ERP

Registro 0150– Tabela de Cadastro do Participante: cadastro de todos os


Fornecedores e Clientes que realizaram operações com a empresa. Não pode entrar
Participante que não teve movimento no período.
Registro 0190– Unidades de Medida, com código e descrição.
Registro 0200– Produtos e Serviços
Os demais registros são semelhantes àqueles do SPED Fiscal.

12.10 Considerações finais

As empresas devem atentar para os seguintes pontos a partir de 1 de julho de 2012


na emissão de suas Notas Fiscais:

1- Todas as notas devem ter o campo do numero da NF-e preenchido.


2- Os campos de CFOP (Código Fiscal das Operações), todos os CSTs (Código de
Situação Tributária do ICMS, IPI, PIS e Cofins) e todas as alíquotas devem ser
preenchidos corretamente, pois são os campos mais criticados pelo PVA.
3- Atenção aos cadastros CLIENTE e FORNECEDORES, pois o campo código do
município é levado para a NFe.
4- O arquivo enviado precisa ser guardado pelo emitente durante cinco anos
juntamente com o Recibo de Transmissão.

Finalizando esse capítulo pode-se dizer que a sonegação em nosso país está com
os dias contados. São três centros de processamento (Distrito Federal, São Paulo e
Rio de Janeiro) controlando todos esses dados, fazendo cruzamentos, detectando
aberrações e autuando eletronicamente as empresas.

O Hardware, denominado T-REX e o Software denominado HARPIA, constitui um


recurso capaz de processar 5,5 bilhões de transações por ano e capacidade de
armazenamento de 24 petabytes, ou seja, qualquer irregularidade será detectada e
cabe à empresa apresentar prova em contrário.

A solução é regularizar todos os procedimentos e atentar para que eles sejam


registrados com exatidão nos vários SPEDs que o Governo criou.

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219 TEORIA DO ERP

Capítulo 13

Gerenciando com Modelos Matemáticos


Objetivos do aprendizado

Mostrar como a utilização de modelos matemáticos tais como correlação simples, correlação múltipla e

mineração de dados podem subsidiar a tomada de decisão. Estes modelos são apresentados em estudos de
caso que envolvem soluções baseadas nesses modelos.

Palavras-chave

Regressão Linear, Correlação Simples, Correlação Múltipla, Teoria das Filas.

13.1 O processo decisório auxiliado por modelos

Hoje podemos dizer que, entre outras, as seguintes ações podem ter soluções mais
“científicas” no processo decisório de uma empresa:
- Maximização de receitas e lucro em situações onde se tem recursos com
diferentes disponibilidades e custos que não obedecem a uma
determinada proporcionalidade. Da mesma forma pode-se minimizar
custos. Estes modelos são compostos de um conjunto de restrições e
um objetivo. São resolvidos através de Modelos de Programação Linear,
de forma gráfica ou matemática e simulações.
- Resolução de solução de Problemas de Transporte ou otimização de rotas.
Baseado em custos de cada trecho da rota e nas muitas alternativas de
traçado, o modelo seleciona a mais econômica.
- Teoria das Filas. Este modelo procura estabelecer a quantidade de
atendentes que leva a um tempo de espera aceitável dentro de um
cenário que envolve um volume de chegada dos usuários e um tempo
médio de atendimento.
- Cálculos específicos que levam também à otimização de certos valores:
- Lote Econômico de Compras e Produção
- Ponto de Pedido

- Preço de Venda

- Gasto ideal em determinada despesa de acordo com o beneficio que ela gera

- Seleção de um funcionário, fornecedor ou equipamento

- Avaliação do valor de uma empresa

- Escolha das aplicações financeiras mais rentáveis

Cabe ainda mencionar que boa parte dos modelos acima descritos dependem de
valores não exatos, ou seja, sua realização ocorre com determinada probabilidade.
Para tanto a regressão linear é o método estatístico mais utilizado, onde baseado
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220 TEORIA DO ERP

no histórico dos valores chega-se a um número mais provável. Em casos mais


complexos a correlação múltipla pode aumentar o índice de confiabilidade da
previsão. Este índice está diretamente relacionado com o nível de conhecimento
que se tem a respeito do objetivo (neste caso, a previsão) e da qualidade dos
recursos disponíveis para alcançá-lo. Um dos recursos mais importantes é a base
de conhecimentos que poderá ser aplicada no cálculo da previsão. Quanto mais
conhecimentos sobre o tema envolvido tiverem sido acumulados, maior será a
probabilidade de obter-se uma previsão mais próxima da realidade. Atualmente, é
comum essas bases de conhecimentos atingirem volumes que somente poderão ser
manipuladas por meios adequados, leia-se, programas de computador. O custo
para se obter o melhor resultado é muito alto, tanto em termos dos recursos
necessários, quanto pelo tempo que se leva. Portanto, na maioria dos casos, se
aceita aquele que possa ser considerado um bom resultado.
Este capítulo tem como objetivo analisar algumas das técnicas disponíveis que
permitem uma tomada de decisão, em especial no campo da gestão de empresas,
baseada em critérios lógicos, exatos e bem definidos.
No CD seguem alguns “cases” desenvolvidos em planilha eletrônica e que fornecem
uma idéia melhor daquilo que estamos tratando:

Case 1: Trata-se de um estudo que verifica qual deve ser a Venda de cada unidade
de uma empresa, usada em casos de definições de Metas e de Previsões de
Vendas.
A previsão é feita sempre com base em uma correlação. A correlação pode ser
simples ou múltipla. A forma que usaremos para verificar se há correlação
entre as vendas e outro fator é o do Mínimo Quadrado. Através dele obtém-
se a equação que define a correlação e há também o cálculo que define se
esta correlação é valida. O índice oscila de -1 a +1. Se -1 a correlação é
inversa, como por exemplo, o preço em relação à venda. Quanto mais alto
ele for menores serão as vendas. Índice +1 indica uma correlação
diretamente proporcional e 0 indica que os pontos estão muito distantes
da reta, ou seja , não há correlação. Há de se dizer também que nem
sempre a correlação representa uma reta. Há casos em que temos uma
parábola, indicando que a correlação é diferente dependendo do ponto em
que se está no eixo x. A parábola pode ter 4 desenhos. A representação da
parábola é uma equação de 2 ou enésimo grau.
Quando se tem uma correlação múltipla, para se chegar ao valor projetado calcula-
se a projeção para cada fator e depois tira-se uma média ponderada cujos
pesos são baseados nos índices de correlações encontrados.

Em nosso exemplo calcularemos a correlação entre as vendas e outros fatores, a


saber: População e PIB da região, Salário do Vendedor, Publicidade e Preço.
Após o cálculo do índice de correlação concluiu-se que:
Há uma fortíssima correlação (1,0) das Vendas com os gastos em Publicidade.
Uma forte correlação (-0,96), mas inversa, com os Preços aplicados.
Uma boa correlação (0,91) com a população.

Baixa correlação (0,77) com o PIB e


Nenhuma correlação (-0,24) com o salário dos vendedores.

Baseado no exposto para se calcular a previsão de vendas de uma região, nova ou


velha, basta obter-se o valor da Publicidade a ser aplicado, o Preço e a sua
População e o modelo calcula a sua mais provável venda.
A solução do case usa a função Correl do Excel, para calcular a Correlação.

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221 TEORIA DO ERP

Case 2: Este case é uma situação típica de otimização com a existência de


restrições, sendo que as restrições são independentes dos resultados
oferecidos. A questão é definir qual deve ser a quantidade a ser produzida
de cada um de 2 produtos que a empresa fabrica. O produto X tem um
lucro unitário menor, mas por outro lado leva menos tempo para ser
produzido e gasta menos material. As restrições são o tempo total
disponível para a produção dos 2 produtos e o total de material a ser
adquirido. Há ainda uma terceira restrição, que é a quantidade mínima a
ser produzida de cada produto. O objetivo é maximizar o Lucro.
A solução do case foi feita usando-se a função Solver do Excel, que é um processo
de Simulação, onde todas as alternativas são examinadas e a melhor é a
escolhida.
Case 3: Este case é uma Simulação que envolve um complicador. Foi desenvolvida
uma rotina em VBA, que é uma linguagem de programação disponível no
Excel, similar ao Visual Basic, mas também pode ser resolvida com o
Solver. Trata-se de se definir um preço de venda que maximize o lucro da
empresa. Ocorre que a quantidade vendida depende deste preço, ou seja,
quanto maior o preço menos se vende. Por outro lado existem os
concorrentes e a quantidade vendida depende da relação do nosso preço e
o preço destes concorrentes. Desta forma a quantidade muda a cada vez
que os concorrentes alteram o seu preço e a fórmula de lucro é recursiva,
ou seja, ela depende do preço e da quantidade, sendo que a quantidade se
modifica quando o preço é alterado. Esta situação é a mesma que
normalmente temos em Jogos de Empresas. No gráfico se nota que a linha
do faturamento e do lucro é uma parábola e o problema é encontrar o seu
ponto mais alto.

Case 4: Este caso é o mais tradicional no uso da matemática na gestão de


empresas. É o cálculo do Lote Econômico de compras. A partir do custo de
armazenagem e do custo de cada pedido calcula-se o lote ideal que deve
ser comprado/produzido em cada encomenda. Seu pouco uso na prática se
deve, sem dúvida, ao fato de que a fórmula apresentada é muito simplória,
no sentido de deixar de considerar uma série de outros fatores que
interferem no problema. Neste exercício é considerado um fator a mais,
que é o desconto obtido no preço de compra de acordo com o tamanho do
lote. Esta simples inclusão inviabiliza o uso da fórmula tradicional e a
solução somente é atingida através de Simulação, ou seja, o Solver.
Case 5: Esta planilha é um estudo de Índices Econômicos e Financeiros. Apresenta
uma série deles, com dados de empresas obtidos na Revista Exame. O objetivo é
realizar uma avaliação destes índices, principalmente no sentido de se chegar ao
valor de uma empresa e conseqüentemente de sua ação na Bolsa com base nestes
indicadores. A verdade é que hoje em dia o valor das ações nas Bolsas de Valores
não segue uma lógica bem definida, muito mais fruto de uma forte especulação do
que uma avaliação mais técnica. Basta dizer que existem empresas cujo valor
atinge a 15 vezes o seu lucro anual, ou seja, são necessários 15 anos para se ter o
retorno do capital empregado, ao passo que em uma aplicação DI, com risco bem
menor, o número de anos cai para menos de 6 (isto considerando-se uma taxa de
juros de 18% ao ano). O argumento é sempre o mesmo: a empresa crescerá muito
nos próximos anos elevando seus lucros e seu valor, ou seja, vive-se da expectativa
e não de um passado consolidado. A crise de 2000 no mercado norte-americano é
conseqüência desta situação.

Case 6: Trata-se de problema de Teoria das Filas, aqui resolvido usando-se


exclusivamente a Simulação. O exemplo é o de um restaurante que, a partir
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222 TEORIA DO ERP

de certas premissas, deseja estabelecer a quantidade mínima de mesas que


forneça um tempo de espera aos seus clientes de no máximo 5 minutos. As
premissas são a quantidade de famílias que vêm ao restaurante, o tempo
médio usado para a refeição, o tempo total do horário de almoço e o
conseqüente intervalo de chegada.
A simulação é feita de forma bastante simples pois não se considerou uma série de
fatores que ocorrem na prática: tanto a quantidade de famílias como o
tempo para a refeição seguem uma distribuição normal, onde os valores
colocados são apenas os mais prováveis. O intervalo também segue uma
distribuição ao longo do horário que, na prática, é mais complexa do que a
aqui considerada.

Case 7: Otimização de Rota. Trata-se de um problema convencional de Pesquisa


Operacional onde se define, entre várias alternativas de ligação entre 2
pontos, qual a mais econômica.

Case 8: Simulação de uma empresa: A simulação de uma empresa pode ser feita a
partir dos seguintes dados de entrada: cadastro de clientes, indicando suas
condições de pagamento, uma previsão dos produtos que eles devem
comprar os descontos, a alíquota do ICMS, dependendo do Estado;
cadastro de produtos, indicando o custo para as matérias-primas, alíquota
de ICMS, IPI, Ponto de Pedido, Estoque de Segurança, Lote Econômico,
Prazo de Entrega e para os Produtos Acabados/Intermediários o seu preço,
ICMS, IPI e Prazo de Entrega. Cadastro de Estruturas com a quantidade de
cada componente, Cadastro de Fornecedores com Condição de Pagamento,
Plano de Contas/Naturezas com a previsão de Despesas, Taxa de Juros
obtida para aplicações e utilização de financiamentos.

A partir destes dados é feita uma simulação para 12 meses com a emissão de
Balancetes, Fluxo de Caixa, Carga da Fábrica, Posição dos Estoques, Relação
das Vendas com CMV e Lucro.

Case 9: Este case é um exercício de Data Mining utilizando fortemente a macro


CORREL do Excel.

A dificuldade para analisarmos uma massa de dados muito grande reside no fato
de que é quase impossível nela acharmos as exceções, a tendência ou o
padrão.
Para acharmos a tendência ou o padrão uma forma é verificar os dados pelos totais
ou mesmo pela média.
Assim, se verificarmos nossa massa de dados do Caso do Chaveiro juntamente com
outros produtos, poderá concluir que a tendência das vendas mês a mês, a
distribuição das vendas por vendedor, produto, região, condição de
pagamento e cliente simplesmente fazendo os gráficos usando a totalidade
dos dados.

Mas como descobrir nesta massa de dados as exceções? Aqueles elementos


(vendedor, produto, região, mês, cliente ou condição de pagamento) que
fugiram da regra, que tiveram um comportamento diferente do restante. E
note que não podemos fazer este cálculo simplesmente pela média pois
estamos tratando de universos diferentes. Assim, por exemplo, as vendas
médias no sul serão maiores que na região central ou um cliente pequeno
compra bem menos que uma grande empresa.
A solução dada neste Case é relativamente simples:
Inicialmente foi desenvolvido um programa que calcula a Correlação de cada
elemento de uma Dimensão com o seu total. Assim, por exemplo, ele
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223 TEORIA DO ERP

calcula a correlação das vendas do Vendedor A em relação aos produtos


com a Venda de todos os vendedores. E assim faz com o Vendedor B, C,
enfim todos eles, concluindo quem vendeu fora do padrão, ou seja, quem
teve um índice de correlação menor que 0,9. A correlação 1 é absoluta, ou
seja, a curva de vendas é idêntica à curva da soma de todos.
No nosso exemplo são listadas várias discrepâncias.
O Resultado do programa deve ser concluído com uma análise nas Tabelas
Dinâmicas do Excel.
A figura 18.1 mostra um exemplo com um conjunto de itens de produtos. Nesse
exemplo podem ser visualizadas as curvas de cada item juntamente com a curva
do total (tracejado) e observarem-se quais curvas que estão fora do padrão em
relação a esse total: a Agenda e a Mochila.

Figura 13.1 Exemplo de gráfico comparativo de itens em relação ao Total.

Enfim, os exemplos já estudados mostram claramente a complexidade que a


Tomada de Decisão feita com base matemática apresenta. As planilhas Excel
desenvolvidas tornam esta tarefa mais fácil, prática e exeqüível permitindo que o
administrador comum se utilize dos modernos recursos que hoje lhe são colocados
a disposição no sentido de incrementar a performance de sua empresa.

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