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EDUCAÇÃO SUPERIOR
Resumo:
O relato de experiência aqui entitulado “A escrita acadêmica: desafio do ato de escrever na
Educação Superior”, objetiva aprofundar sobre a escrita acadêmia superior, bases teóricas e a
realidade de como os alunos ingressam ao IFPR – Campus Palmas, nos aspectos dos
conhecimentos básicos das normas da ABNT, nas normas técnicas de elaboração de trabalhos,
estruturação do pensamento e outros. Objetiva também dar o suporte técnico e a possibilidade
da reescrita no processo de aprendizagem, com a possibilidade de reestruturação do texto de
trabalhos técnico-científicos. Esta experiência é fruto de um projeto permanente de extensão
que está sendo efetivads no IFPR – Campus Palmas, intitulado: “Escrita/Reescrita Acadêmica
na Educação Superior: processo em construção permanente”, fruto dos desafios encontrados
em sala de aula. A produção acadêmica faz parte da formação do estudante, sendo uma prática
que necessita ser valorizada e incentivada e, desta forma, surgem as sequintes questões: quais
são as condições ofertadas para a produção da escrita na universidade? Como isto se efetiva?
Como os universitários realizam suas produções? Quais são os critérios seguidos para a
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Mestre em Engenharia da Produção: Área de Concentração em Mídia e Conhecimento pela Universidade
Federal de Santa Catarina - UFSC. Professora do Instituto Federal do Paraná – Campus Palmas (IFPR).
Pesquisadora dos grupos de pesquisa pelo IFPR, Trabalho, Educação e Formação Profissional e UDESC,
Didática e Formação Docente – NAPE. E-mail: jussara.stockmanns@ifpr.edu.br.
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Especialista em Língua Portuguesa e Literaturas pela Faculdade Estadual de Filosofia, Ciências e Letras de
União da Vitória - FAFI. Graduada em Letras Português/Espanhol pela Faculdade Estadual de Filosofia,
Ciências e Letras de União da Vitória - FAFI. Graduanda em Biblioteconomia pela Universidade Comunitária da
Região de Chapecó - UNOCHAPECÓ. Técnica Administrativa do Instituto Federal do Paraná – Campus Palmas
(IFPR). E-mail: viviane.pereira@ifpr.edu.br.
ISSN 2176-1396
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Introdução
O relato de experiência do projeto “Escrita/Reescrita Acadêmica na Educação
Superior: processo em construção permanente” vem ao encontro das expectativas do IFPR,
visando promover a qualidade das ações de ensino, pesquisa e extensão da educação superior.
Objetiva colaborar nos atributos da produção acadêmica dos acadêmicos do IFPR – Palmas,
com atividades de escrita e reescrita de produções dos alunos, dando o suporte técnico das
normas da ABNT e sugestões de melhorias em diversos aspectos, especialmente coesão e
coerência textual. O referido projeto efetiva suas atividades articuladas parcialmente com o
CELIF (Centro de Línguas do IFPR-Palmas) e com o NEPLLI (Núcleo de Ensino e Pesquisa
em Língua e Literatura) e ações com acadêmicos do Colegiado de Letras. Pretende-se
estimular os acadêmicos na produção e publicação de seus trabalhos em revistas com
temáticas relacionadas às diversas áreas abrangentes em educação.
Proporcionar a escrita e reescrita de um texto é conhecer o sujeito que a produz, suas
ideias, suas crenças, seus valores, seu contexto histórico-cultural e de que forma manifesta seu
pensamento. Com isso, o ato de escrever passa por mudanças estruturais constantes, pois a
língua não é estática e nem homogênea, é heterogênea, evoluindo ao longo do tempo como
resultado da maneira como os falantes a utilizam, já que a língua vive pelo fato de existirem
sujeitos que também constroem e desconstroem seus elementos linguísticos (escrita, oralidade
e interação discursiva).
Desta forma, a produção escrita revela seres inseridos em um contexto sócio-
histórico, um objetivo pelo qual se escreve e um direcionamento a quem se escreve.
Relacionando esta concepção de escrita ao contexto da educação superior no qual se trata de
produção acadêmico-científica, é de condição e concordância que os universitários
acompanhem a sua trajetória como estudantes que obtêm a seu favor dois processos que
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A língua é uma das manifestações mais fantásticas da nossa vida, está presente em
muitas de nossas ações, pois os sujeitos estão envolvidos pela interação linguística, já que a
mesma estabelece nossas relações e limites, demonstra quem somos e quem são os outros,
onde estamos, o que faremos e o que já fizemos. É pela linguagem que nos tornamos
indivíduos únicos e portadores de informações e conhecimentos acumulados ao longo de
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nossas vivências, e a representamos por meio da escrita, sendo a mesma definida por
Machado (2000, p.31) como “a ginástica do intelecto, o ápice da atividade intelectual, um ato
essencialmente manual, artesanal.”
Bakhtin (1994) apresenta a língua enquanto meio vivo e concreto, já que a mesma
nunca é única. Cada época histórica, cada geração, cada camada social, cada estabelecimento
de ensino tem a sua linguagem, assim como outros fatores de adequação à comunicação. Ou
seja, toda manifestação verbal que se dá mediante a língua não ocorre em enunciados soltos
sem propósitos, são textos realizados em práticas sociais situadas e históricas.
O ato de escrever fundamenta-se em fatores passíveis de percepção e de consideração:
influências subjetivas, históricas, culturais e de diálogos estabelecidos que o sujeito produtor
de seu texto faça suas inferências com outros autores.
Desde os primeiros anos da vida escolar, o ato de escrever é processado com diversos
objetivos, estendendo-se ao longo dos anos, ainda que superficialmente em alguns momentos,
até a formação universitária. A escrita é um dos mais importantes recursos para a formação
individual, cultural e social de um cidadão, dentro e fora do contexto educacional. Cooper
(1986), citado por Pampillo (2010) apresenta a correlação entre a escrita e a situação social
que a envolve, afirmando que no momento que se escreve não há como separar da situação
social, das condições que o escritor possui ao fazê-la e seus motivos para a produção.
Em se tratando da formação dos discentes, é uma tarefa que requer total interesse
entre ambas as partes (professor e aluno), para que este hábito possa se desenvolver ou
instalar-se nos sujeitos para que o escrever não seja somente nas salas de aula, mas sim,
investigar por motivação de conhecer sempre mais, aprofundar-se em determinado assunto e
também ser um expositor de suas ideias, de seus conceitos e suas vivências, visando uma
formação sócio-educacional. A escrita deve ser orientada para uma produção consciente e
principalmente, criativa, criteriosa, e como argumenta Fernández Bravo (2008, p.161) “ser
vista numa estrutura significativa aliada ao conjunto de ideias acumuladas, privilegiando
sempre a clareza e o rigor metodológico”.
O ensino superior deve oferecer apoio teórico e prático para que determinada função
seja executada visando um melhoramento social e autônomo por aqueles que o frequentam,
propiciando sempre fomentar este processo de participação na construção e registro de
conhecimentos e interagindo no meio social em que vive. Fischer (2009, p.276) afirma que
“[...] a escrita é inata na maior parte das culturas letradas. As sociedades modernas, em toda
parte, são dependentes da palavra escrita para quase todos os aspectos da interação humana.”
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A experiência da escrita é algo que cada pessoa carrega consigo, mas no ambiente acadêmico,
lugar onde os estudantes já estão determinados a um objetivo observa-se que a preparação e a
dedicação completa requerem a especialização, pesquisa e atualização, buscando o
aprofundamento do que se já estudou em sala de aula e instigando o acadêmico a ser um
sujeito produtor de conhecimentos, revelar-se, não apenas ser um anônimo leitor, mas sim um
visível escritor, produtor de conhecimentos e não somente um reprodutor dos mesmos.
Escrever é transpor um pensamento carregado de vivências subjetivas e experiências e
possibilitar que o autor seja reconhecido e apreciado em lugares e épocas diferentes, pois se
pretende entender e ser entendido, seja em normas ou diversidades, em história ou emoção,
em arte ou realidade. Desta maneira, “A escrita abre as portas para ser o caminho de
contribuição com a solução de esclarecimentos individuais e coletivos e como suporte para a
inclusão histórico-social no mundo investigativo.” (BIANCHETTI, 2008, p.262)
A educação superior requer qualidade e, ao mesmo tempo, formação profissional e
social, para atender as exigências de um meio que necessita um comportamento qualificado e
instruído. Souza (2001, p.79) em sua obra relaciona a LDB e a educação superior, aponta
alguns artigos,os quais definem exatamente a função desse ensino:
acadêmicos de Letras para futuros corretores de textos com um curso preparatório e como
voluntários na prática de correções de trabalhos.
Este projeto está sendo efetivado com caráter permanente, porém novos acadêmicos
poderão ser incluídos a cada ano letivo, conforme decisões da equipe envolvida no projeto. As
ações permanentes deste projeto consistem em:
Formação inicial: orientações sobre as normas da ABNT e outras normas de submissão
de produções acadêmicas;
Triagem dos acadêmicos participantes: realização de uma seleção de estudantes do
curso de Letras que atuarão como voluntários na correção das atividades dos demais;
Processo seletivo dos estudantes voluntários de Letras: anualmente será realizada uma
sondagem dos estudantes que se disponham em atuar no projeto, e posteriormente será
publicado um edital de seleção de voluntários para participação no projeto;
Oferta de um curso de revisores de textos para os acadêmicos de letras, em média de 20
a 30 vagas;
Trabalho permanente de orientações dos trabalhos acadêmicos: os alunos encaminharão
ao e-mail do projeto os trabalhos que estiverem em produção e necessitando correção para
orientação e correção dentro das normas técnicas dos trabalhos e normas da ABNT.
Participação de aluno voluntário: se efetivará sempre a partir de um processo seletivo
para que haja alunos voluntários que atendam a demanda das produções de cada professor
envolvido com o projeto. Os alunos auxiliarão cada professor na correção dos trabalhos
científicos (artigos, resumos, resumos expandidos e banners).
Pesquisa de campo com ingressantes no Ensino Superior: levantamento com os
acadêmicos do 1º semestre da graduação verificando o nível de compreensão que chegam do
Ensino Médio quanto às normas da ABNT e normas de sistematização dos trabalhos
científicos.
Ações integradas entre ensino pesquisa e extensão: almeja-se que com essa ação, mais
publicações de trabalhos acadêmicos em eventos científicos. Também a equipe envolvida com
o projeto publicará em eventos os relatos desta atividade.
Disseminação dos trabalhos: as produções finais serão disseminadas nos trabalhos
realizados no IFPR Campus Palmas e outros, através da participação em eventos e
publicações da equipe envolvida com o projeto em eventos científicos.
Por fim, este projeto almeja uma ação permanente com os estudantes, qualificando a
produção dos trabalhos acadêmicos e favorecendo o crescimento pessoal e intelectual na
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Fonte: Dados organizados pelos autores, com base no levantamento de dados com estudantes do 1º semestre.
Fonte: Dados organizados pelos autores, com base no levantamento de dados com estudantes do 1º semestre.
Fonte: Dados organizados pelos autores, com base no levantamento de dados com estudantes do 1º semestre.
Considerações Finais
Os estudantes envolvidos no projeto são os beneficiários da ação e todos estão tendo
orientação na escrita de suas produções acadêmicas. O projeto está em fase inicial de
execução, pois houve um levantamento da realidade com os acadêmicos dos primeiros
períodos, gráficos no item das imagens. Pelo levantamento, menos de 50% dos alunos
efetivam seus trabalhos dentro das normas da ABNT, conhecem as normas de elaboração dos
trabalhos acadêmicos, utilizam corretamente os editores de texto. Serão efetuadas as seguintes
ações: curso de revisores para acadêmicos de letras, acompanhamento e correção dos
trabalhos acadêmicos por parte dos docentes e alguns discentes, entre outros.
9 REFERÊNCIAS
BAKHTIN, M.. Estética da Criação Verbal. São Paulo: Martins Fontes, 1994.
PAMPILLO, G.; et al. Escribir: antes yo no sabía que sabía. Buenos Aires: Prometeo Libros,
2010.
SOUZA, P. N. P. de. LDB e educação superior: estrutura e funcionamento. 2.ed. São Paulo:
Pioneira, 2001.