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Pa r t e 1

Introdução e
Contabilidade Nacional
C apítulo 1
Introdução
D ESTAQUES DO C APÍTULO

• Todos os capítulos começam com “Destaques do Capítulo”,


que fornece ao leitor um guia dos pontos mais importantes do capítulo.
Neste capítulo, enfatizamos três modelos ligados que, em conjunto,
descrevem a macroeconomia.

• O comportamento da economia no muito longo prazo


é o domínio da teoria do crescimento, que enfoca o crescimento
da capacidade produtiva.

• Ao longo de horizontes de tamanho moderado, a capacidade


produtiva da economia pode ser tratada como praticamente fixa.
O produto é, dessa forma, determinado pela oferta agregada,
e os preços dependem tanto da oferta agregada quanto da demanda
agregada. A inflação em grande escala é sempre o resultado de
mudanças na demanda agregada.

• No curto prazo, o nível de preços é essencialmente fixo e as


mudanças na demanda agregada geram modificações no produto,
resultando em expansões e recessões.
Capítulo 1• Introdução 3

Em 2006, nos Estados Unidos, os empregos eram relativamente abundantes e tudo


caminhava bem. Em 1933, as filas para comprar pão eram comuns. Sete décadas depois,
uma ligação em um telefone público custa 50 centavos de dólar. Uma ligação em 1933
custava 10 centavos de dólar (se você tivesse a sorte de ter 10 centavos). Por que os
empregos são abundantes em alguns anos e escassos em outros? O que eleva os preços ao
longo do tempo? Os macroeconomistas respondem a essas questões à medida que
procuram compreender o estado da economia – e buscam métodos para melhorar
a economia para todos nós.
A macroeconomia está relacionada ao comportamento da economia como um todo – com
as expansões e as recessões, o produto total de bens e serviços da economia, o crescimento do
produto, as taxas de inflação e desemprego, o balanço de pagamentos e as taxas de câmbio. A
macroeconomia trata tanto do crescimento econômico no longo prazo quanto das flutuações no
curto prazo que formam o ciclo econômico.
A macroeconomia enfoca o comportamento econômico e as políticas econômicas que afe-
tam o consumo e o investimento, o dólar e a balança comercial, os determinantes de mudanças
nos salários e preços, as políticas monetária e fiscal, o estoque de moeda, o orçamento federal,
as taxas de juros e a dívida interna.
Além disso, a macroeconomia trata das questões econômicas mais importantes e dos pro-
blemas cotidianos. Para compreender essas questões, temos de reduzir os detalhes complicados
da economia a pontos essenciais que sejam administráveis. Esses pontos essenciais são as in-
terações entre bens, trabalho e mercados de ativos da economia, e as interações entre econo-
mias nacionais que fazem comércio entre si.
Ao tratar dos pontos essenciais, vamos além dos detalhes do comportamento das unidades
econômicas individuais, como famílias e empresas, ou a determinação de preços em mercados
específicos, que são o assunto da microeconomia. Na macroeconomia, devemos nos ocupar do
mercado de bens como um todo, tratando todos os mercados dos diversos bens – como os mer-
cados de produtos agrícolas e de serviços médicos – como um único mercado. Da mesma
forma, devemos nos ocupar do mercado de trabalho como um todo, abstraindo das diferenças
entre os mercados de, por exemplo, trabalho não qualificado e doutores. Devemos nos ocupar
do mercado de ativos como um todo, abstraindo das diferenças entre os mercados de ações da
IBM e das telas de Rembrandt. O benefício da abstração é que ela facilita uma compreensão
melhor das interações mais importantes entre os mercados de bens, trabalho e ativos. O custo
da abstração é que os detalhes omitidos às vezes são importantes.
Questionar sobre como fazer que a macroeconomia tenha um desempenho melhor está
somente a poucos passos de estudar como a macroeconomia funciona. A questão fundamental
é: o governo pode e deve intervir na economia para melhorar seu desempenho? Os grandes
macroeconomistas sempre tiveram enorme interesse na aplicação da teoria macroeconômica à
política econômica. Isso era verdade no caso de John Maynard Keynes e é verdade para os
líderes norte-americanos da área, incluindo membros da geração mais idosa laureados pelo
Prêmio Nobel como o saudoso Milton Friedman da Universidade de Chicago e da Hoover
Institution, o saudoso Franco Modigliani e Robert Solow do MIT, e o também saudoso James
Tobin da Universidade de Yale. Os líderes da próxima geração, como Robert Barro, Martin
Feldstein e N. Gregory Mankiw da Universidade de Harvard, o laureado pelo Prêmio Nobel
Robert Lucas da Universidade de Chicago, Olivier Blanchard do MIT, o presidente do banco
central norte-americano Ben Bernanke, Robert Hall, Paul Romer e John Taylor da Universi-
dade de Stanford, e Thomas Sargent da NYU, apesar de serem mais – e em alguns casos com-
pletamente – céticos quanto à sabedoria das políticas governamentais ativistas, possuem
posições fortes acerca de questões de política econômica.
4 Parte 1• Introdução e Contabilidade Nacional

Como a macroeconomia está fortemente ligada aos problemas econômicos cotidianos, ela
não oferece grandes recompensas àqueles cujo interesse principal é abstrato. A teoria macroe-
conômica é um pouco confusa na fronteira. Mas, então, o mundo é um pouco confuso próximo
às fronteiras. Este livro utiliza a macroeconomia para esclarecer eventos econômicos desde a
Grande Depressão até o início do milênio. Fazemos sempre referências aos eventos do mundo
real para elucidar o significado e a relevância do material teórico.
Há um teste simples para determinar se você compreendeu o material neste livro: você
pode aplicar o material para compreender as discussões atuais sobre a economia nacional e a
economia internacional? Macroeconomia é uma ciência aplicada. Raramente é bela, porém é
inegavelmente importante para o bem-estar das nações e dos povos.

1-1
MACROECONOMIA RESUMIDA EM TRÊS MODELOS
A macroeconomia tem muito a ver com a relação entre fatos e teorias. Começamos com
alguns grandes fatos e então nos voltamos para os modelos que nos ajudam a explicar estes e
outros fatos sobre a economia.
• Pode-se dizer com segurança que ao longo de décadas a economia dos Estados Unidos
cresce a 2% ou 3% ao ano.
• Em algumas décadas, o nível geral de preços permaneceu relativamente estável. Na década
de 1970, os preços praticamente dobraram.
• Em um ano ruim, a taxa de desemprego é o dobro da de um ano bom.
O estudo da macroeconomia está organizado em torno de três modelos que descrevem o
mundo, e cada modelo é mais aplicável em um horizonte temporal distinto. O comportamento
da economia no muito longo prazo é o domínio da teoria do crescimento, que enfoca o cresci-
mento da capacidade da economia de produzir bens e serviços. O estudo do muito longo prazo
está centrado na acumulação histórica do capital e nos aperfeiçoamentos tecnológicos. No
modelo que chamamos longo prazo, tomamos um instantâneo do modelo de muito longo prazo.
Nesse momento, o estoque de capital e o nível de tecnologia podem ser considerados relativa-
mente fixos, embora seja possível a ocorrência de choques temporários. Capital e tecnologia
fixos determinam a capacidade produtiva da economia – denominamos essa capacidade “pro-
duto potencial”. No longo prazo, a oferta de bens e serviços é igual ao produto potencial. Pre-
ços e inflação nesse horizonte são determinados por flutuações na demanda. No curto prazo,
flutuações na demanda determinam quanto da capacidade produtiva é utilizada e, dessa forma,
os níveis de produto e desemprego. Ao contrário do longo prazo, no curto prazo os preços são
relativamente fixos e o produto é variável. É no contexto do modelo de curto prazo que encon-
tramos o papel mais importante para a política macroeconômica.
Praticamente todos os macroeconomistas aceitam esses três modelos, mas as opiniões di-
ferem quanto ao horizonte temporal no qual cada modelo se aplica melhor. Todos concordam
que o comportamento ao longo de décadas é mais bem descrito pelo modelo da teoria do cres-
cimento. Há menos concordância quanto ao horizonte temporal aplicável para o modelo de
longo prazo em comparação com o de curto prazo.
Este capítulo destina-se, em grande parte, a esboçar os três modelos de forma breve.
O restante do livro se concentra nos detalhes.
Capítulo 1• Introdução 5

PIB per capita (milhares de dólares de 2000)


40

35

30

25
24
20 23
15 22
21
10
20
5 19
0 18

1
3

3
0

0
0

8
7

8
9

0
5

9
9

9
8

9
9

1
1

1
1

1
1

(a) (b)

FIGURA 1-1 PIB PER CAPITA DOS Estados Unidos, 1890-2005 (MILHARES DE DÓLARES DE 2000).
O diagrama inclui uma visão expandida do período 1973-1983. (Note que as escalas dos dois
painéis diferem.) (Fonte: U.S. Department of Commerce, Historical Statistics of the United States,
Colonial Times to 1970; e www.economagic.com.)

CRESCIMENTO NO MUITO LONGO PRAZO

O comportamento da economia no muito longo prazo é o domínio da teoria do crescimento. A


Figura 1-1a ilustra o crescimento da renda per capita dos Estados Unidos ao longo de mais de
um século. Podemos observar uma curva de crescimento muito suave, com uma média de 2%
a 3% ao ano. Ao estudar a teoria do crescimento, perguntamos como a acumulação de insumos
– investimento em maquinário, por exemplo – e aperfeiçoamentos tecnológicos levam a um
padrão de vida melhor. Ignoramos recessões e expansões e as flutuações de curto prazo no
emprego de pessoas e outros recursos a elas relacionados. Presumimos que trabalho, capital,
matérias-primas, entre outros, sejam plenamente empregados.
Como um modelo que ignora as flutuações da economia pode provavelmente nos ensinar
qualquer coisa sensata? As flutuações da economia – o sobe-e-desce do desemprego, por
exemplo – tendem a ir para a média ao longo dos anos. Em períodos muito longos, o que im-
porta é a rapidez com que a economia cresce em média. A teoria do crescimento procura ex-
plicar as taxas de crescimento médias ao longo de muitos anos ou décadas. Por que a economia
de uma nação cresce a 2% ao ano enquanto a de outra nação cresce a 4% ao ano? Podemos
explicar milagres do crescimento (como o crescimento anual de 8% do Japão no período ime-
diatamente pós-guerra)? O que explica os fracassos do crescimento (como o crescimento nulo
de Zimbábue) ao longo de muitas décadas?
Os Capítulos 3 e 4 examinam as causas do crescimento econômico e das diferenças en-
tre as taxas de crescimento das nações. Nos países industrializados, as mudanças no padrão
de vida dependem principalmente do desenvolvimento de novas tecnologias e da acumula-
ção de capital – definido de forma ampla. Nos países em desenvolvimento, o desenvolvi-
mento de uma infra-estrutura que funcione bem é mais importante que o desenvolvimento
de novas tecnologias, que, por sua vez, podem ser importadas. Em todos os países, a taxa de
6 Parte 1• Introdução e Contabilidade Nacional

poupança é um determinante muito importante do bem-estar futuro. Países que estão dispos-
tos a fazer sacrifícios hoje terão um padrão de vida mais elevado no futuro.
Você realmente se importa se uma economia cresce a 2% ao ano em vez de a 4%? Ao
longo de uma vida, você se importará muito: ao final de uma geração de 20 anos, seu padrão
de vida será 50% mais elevado em um crescimento de 4% do que em um de 2%. Em cem anos,
uma taxa de crescimento de 4% produz um padrão de vida sete vezes maior que uma taxa de
crescimento de 2%.

A ECONOMIA COM CAPACIDADE PRODUTIVA FIXA

O que determina a taxa de inflação – a variação do nível geral de preços? Por que os preços em
alguns países permanecem estáveis por muitos anos, enquanto os preços em outros países do-
bram a cada mês? No longo prazo, o nível de produto é determinado somente por considera-
ções do lado da oferta. Basicamente, o produto é determinado pela capacidade produtiva da
economia. O nível de preços é determinado pelo nível de demanda em relação ao produto que
a economia pode ofertar.
A Figura 1-2 mostra um diagrama de oferta agregada-demanda agregada com uma curva
de oferta agregada vertical. Pode ser um pouco prematuro pedir que você trabalhe com este
diagrama, já que dedicamos a maior parte dos Capítulos 5 e 6 para explicá-lo. Talvez devesse

P
OA
DA
Nível de preços

P0

Y0 Y
Produto

FIGURA 1-2 OFERTA AGREGADA E DEMANDA AGREGADA: LONGO PRAZO.


Capítulo 1• Introdução 7

QUADRO 1-1  Oferta Agregada e


Demanda Agregada
• O nível da oferta agregada é a quantidade de produto que a economia pode produzir,
dados os recursos e a tecnologia disponível.
• O nível da demanda agregada é a demanda total por bens para consumo, por novo
investimento, por bens comprados pelo governo e por bens líquidos a serem exporta-
dos ao exterior.

pensar no diagrama como uma visão preliminar do que está por vir. Por ora, vamos apresentar
as curvas de oferta agregada e de demanda agregada como relações entre o nível geral de pre-
ços da economia e o produto total. A curva de oferta agregada (OA) retrata, para cada nível
de preços dado, a quantidade de produto que as empresas estão dispostas a ofertar.
A posição da curva de oferta agregada depende da capacidade produtiva da economia. A curva
de demanda agregada (DA) apresenta, para cada nível de preços dado, o nível de produto
em que os mercados de bens e os mercados monetários estão simultaneamente em equilí-
brio. A posição da curva de demanda agregada depende das políticas monetária e fiscal e do
nível de confiança do consumidor. A interseção da oferta agregada com a demanda agregada
determina preço e quantidade.1
No longo prazo, a curva de oferta agregada é vertical. (Os economistas argumentam se
o longo prazo é um período de alguns trimestres ou de uma década.) O produto está atrelado ao
ponto em que essa curva de oferta encontra o eixo horizontal. O nível de preços, por sua vez,
pode assumir qualquer valor.
Desloque mentalmente a curva de demanda agregada para a esquerda ou para a direita.
Você verá que a interseção das duas curvas se desloca para cima e para baixo (o preço muda),
em vez de horizontalmente (o produto não se altera). Segue que no longo prazo o produto é
determinado somente pela oferta agregada e os preços são determinados tanto pela oferta
agregada quanto pela demanda agregada. Esta é nossa primeira descoberta importante.
A teoria do crescimento e os modelos de oferta agregada no longo prazo são intimamente
ligados: a posição da curva de oferta agregada vertical em dado ano é igual ao nível de pro-
duto para aquele ano do modelo de muito longo prazo, como mostrado na Figura 1-3. Como o
crescimento econômico no muito longo prazo é, em média, de poucas porcentagens ao ano,
sabemos que a curva de oferta agregada normalmente se move para a direita em poucas por-
centagens ao ano.2

1 
Você deve ser informado de que a economia por trás das curvas de oferta agregada e de demanda agregada é muito
diferente da economia da oferta e da demanda comuns que você pode se lembrar do estudo da microeconomia.
2 
Às vezes, há choques que temporariamente perturbam a progressão ordenada para a direita da curva de oferta agre-
gada. Esses choques raramente são maiores que poucas porcentagens do produto.
8 Parte 1• Introdução e Contabilidade Nacional

Y P

3
0A
0A

0A

0A
Nível de preços
Produto Y3

Y2
Y1
Y0

0 0
t0 t1 t2 t3 t Y0Y1 Y2 Y3 Y
Tempo Produto
(a) (b)

FIGURA 1-3 DETERMINAÇÃO DA OFERTA AGREGADA: MUITO LONGO PRAZO.

Estamos prontos para nossa segunda conclusão: taxas de inflação muito elevadas – isto
é, episódios com aumentos rápidos do nível geral de preços – devem-se sempre a mudan-
ças na demanda agregada. O motivo é simples. Movimentos da oferta agregada são da ordem
de poucas porcentagens; movimentos da demanda agregada podem ser pequenos ou grandes.
Logo, a única fonte possível de inflação elevada são movimentos grandes da demanda agre-
gada, que se desloca cruzando a curva de oferta agregada vertical. De fato, como normalmente
aprendemos, a única fonte de taxas de inflação realmente elevadas são os aumentos da oferta
de moeda sancionados pelo governo.3
A maior parte da macroeconomia pode ser sintetizada como o estudo da posição e da in-
clinação das curvas de oferta agregada e de demanda agregada. Você sabe agora que, no longo
prazo, a posição da curva de oferta agregada é determinada pelo crescimento econômico de
muito longo prazo e que a inclinação da oferta agregada é simplesmente vertical.

CURTO PRAZO

Examine o painel (b) na Figura 1-1. Quando fazemos um exame ampliado da trajetória do pro-
duto, vemos que ela não é exatamente suave. Flutuações do produto no curto prazo são sufi-
cientemente grandes para ter muita importância. Explicar as flutuações do produto no curto
prazo é domínio da demanda agregada.4
A distinção mecânica de oferta agregada-demanda agregada entre o longo prazo e o curto
prazo é imediata. No curto prazo, a curva de oferta agregada é horizontal. A curva de oferta
agregada no curto prazo determina o nível de preços no ponto em que a curva de oferta encon-
tra o eixo vertical. O produto, por sua vez, pode assumir qualquer valor. A hipótese subjacente
é que o nível de produto não afeta os preços no curto prazo. A Figura 1-4 mostra uma curva de
oferta agregada de curto prazo horizontal.

3 
Aumentos temporários de preços de 10% ou 20% podem resultar de choques de oferta – por exemplo, a falha das
monções em chegar a uma economia agrícola. No entanto, aumentos de preços anuais de dois dígitos se devem à emis-
são de moeda em excesso.
4 
Na maior parte das vezes. Choques de oferta – o embargo da Opep é um exemplo – às vezes também são importantes.
Capítulo 1• Introdução 9

P
Nível de preços

P0 OA

DA

Y0 Y
Produto

FIGURA 1-4 OFERTA AGREGADA E DEMANDA AGREGADA: CURTO PRAZO.

Repita o exercício anterior e desloque mentalmente a curva de demanda agregada para a


esquerda ou para a direita. Você verá que a interseção das duas curvas se move horizontalmente
(o produto muda), em vez de para cima e para baixo (o nível de preços não se altera). Segue
que, no curto prazo, o produto é determinado somente pela demanda agregada e os preços
não são afetados pelo nível de produto. Esta é nossa terceira descoberta importante.5
A maior parte deste livro versa somente sobre demanda agregada. Estudamos a demanda
agregada porque, no curto prazo, a demanda agregada determina o produto e, portanto, o de-
semprego. Quando estudamos a demanda agregada separadamente, não ignoramos, na verdade,
a oferta agregada; em vez disso, supomos que a curva de oferta agregada seja horizontal, o que
implica que o nível de preços pode ser tomado como dado.

MÉDIO PRAZO

Precisamos de mais uma peça para completar nosso esboço da forma como a economia fun-
ciona: como descrevemos a transição entre o curto prazo e o longo prazo? Em outras palavras,
qual processo muda a inclinação da curva de oferta agregada de horizontal para vertical?

5 
Como dissemos na nota de rodapé anterior: “na maior parte das vezes”. Este é um exemplo do que queremos dizer
quando afirmamos que a aplicação de um modelo necessita de julgamento. Há certamente períodos históricos em que
os choques de oferta superam os choques de demanda na determinação do produto.
10 Parte 1• Introdução e Contabilidade Nacional

A resposta simples é que, quando uma demanda agregada alta eleva o produto acima do
nível sustentável de acordo com o modelo de muito longo prazo, as empresas começam a au-
mentar os preços e a curva de oferta agregada começa a se mover para cima. O médio é pare-
cido com a situação mostrada na Figura 1-5; a curva de oferta agregada possui uma inclinação
intermediária entre a horizontal e a vertical. A questão “qual é a inclinação da curva de
oferta agregada?” é, na verdade, a principal controvérsia da macroeconomia.
A velocidade com que os preços se ajustam é um parâmetro crítico para nossa compreen-
são da economia. Em um horizonte de 15 anos, quase nada importa a não ser a taxa de cresci-
mento de muito longo prazo. Em um horizonte de 15 segundos, quase nada importa a não ser a
demanda agregada. O que se pode dizer sobre o que acontece entre esses dois casos?
Segue que os preços normalmente se ajustam de forma bem lenta; assim, em um hori-
zonte de um ano, mudanças na demanda agregada fornecem uma boa, embora imperfeita, ex-
plicação do comportamento da economia. A velocidade do ajuste de preços é resumida pela
curva de Phillips, que relaciona inflação e desemprego, como se pode ver na versão apre-
sentada na Figura 1-6.
Na Figura 1-6, a variação da taxa de inflação é colocada em um gráfico com a taxa de
desemprego. Preste muita atenção aos números pertencentes às escalas horizontal e vertical.
Uma queda de 2 pontos no desemprego é uma mudança muito grande. Você pode ver que essa
queda, por exemplo, de 6% para 4%, aumentará a taxa de inflação em apenas cerca de um
ponto em um período de um ano. Logo, em um horizonte de um ano, a curva de oferta agre-
gada será praticamente horizontal e a demanda agregada fornecerá um bom modelo de deter-
minação do produto.

P
Nível de preços

P0

OA

DA

Y0 Y
Produto

FIGURA 1-5 OFERTA AGREGADA E DEMANDA AGREGADA.


Capítulo 1• Introdução 11

5 74

4
79

3 73
Variação da inflação (%)

2 80
87
69 66
00 88 78 84
1 05 89
68 90 03 77
99 70 04 63
0 67 65 95 64
01 93 96 62
61
97
–1 98 72 94 85
71 92
02 91
–2 86
75

–3 81 83
76
–4 82

–5
2 3 4 5 6 7 8 9 10
Taxa de desemprego da população em idade ativa (%)

FIGURA 1-6 DESEMPREGO E A VARIAÇÃO DA INFLAÇÃO NOS Estados Unidos, 1961-2005.


(Fonte: Bureau of Labor Statistics e www.economagic.com.)

1-2
PARA REFORÇAR…
O restante do texto somente fornece os detalhes.
De forma mais séria, praticamente tudo o que você aprenderá sobre macroeconomia po-
derá ser enquadrado no esquema de teoria do crescimento, oferta agregada e demanda agre-
gada. Esse esboço intelectual é tão vital que compensa repetir partes da seção anterior em
palavras ligeiramente diferentes.

CRESCIMENTO E PIB

A taxa de crescimento da economia é a taxa à qual o produto interno bruto (PIB) cresce.
Em média, a maior parte das economias cresce em poucos pontos percentuais ao ano por
longos períodos. Por exemplo, o PIB real dos Estados Unidos cresceu a uma taxa média de
3,4% ao ano de 1960 a 2005. Mas esse crescimento certamente não é suave, como confirma
a Figura 1-1b.
O que faz que o PIB cresça ao longo do tempo? O primeiro motivo para a variação do
PIB é que a quantidade disponível de recursos da economia muda. Os principais recursos são
12 Parte 1• Introdução e Contabilidade Nacional

QUADRO 1-2  Modelos e o Mundo Real


Modelos são representações simplificadas do mundo real. Um bom modelo explica com
precisão os comportamentos que são mais importantes para nós e omite os detalhes que são
relativamente sem importância. A noção de que a Terra gira em torno do Sol em uma trajetória
elíptica e que a Lua da mesma forma gira em torno da Terra é um exemplo de modelo.
O comportamento exato de Sol, Terra e Lua é muito mais complicado, mas esse modelo nos
permite compreender as fases da Lua. Para esse propósito é um bom modelo. Mesmo que as
órbitas reais não sejam simples elipses, o modelo “funciona”.
Em economia, o comportamento complexo de milhares de indivíduos, empresas e
mercados é representado por uma, duas, uma dúzia, centenas ou milhares de relações
matemáticas na forma de gráficos ou equações ou programas de computador.
O problema intelectual da construção de modelos é que os humanos podem compreender as
interações entre, no máximo, um punhado de relações. Logo, a teoria macroeconômica que
pode ser utilizada consiste em um conjunto de modelos, cada um com duas ou três equações.
Um modelo específico é uma ferramenta baseada em um conjunto de hipóteses –
por exemplo, que a economia está em pleno emprego – que são razoáveis em algumas
circunstâncias do mundo real. A compreensão da macroeconomia requer um conjunto variado
de modelos e a aplicação de julgamentos sadios com relação a quando empregar um modelo
específico. Não temos como enfatizar muito esse ponto: a única forma de compreender o
mundo extremamente complicado em que vivemos é aprender um conjunto de modelos
simplificados e então tomar decisões explícitas sobre qual modelo é mais apropriado para
analisar dado problema.
Como exemplo, considere três questões econômicas muito específicas. (1) Qual será o
padrão de vida de seus netos comparado com o seu? (2) Qual é a causa da grande inflação
da República de Weimar da Alemanha após a Primeira Guerra Mundial (a inflação que
contribuiu para que Hitler subisse ao poder)? (3) O que fez que a taxa de desemprego dos

capital e trabalho. A força de trabalho, que consiste em pessoas trabalhando ou procurando


trabalho, cresce ao longo do tempo e, desse modo, fornece uma fonte de aumento da produ-
ção. O estoque de capital, que inclui edifícios e maquinário, cresce da mesma forma ao longo
do tempo, o que fornece outra fonte de aumento do produto. Aumento da disponibilidade de
fatores de produção – trabalho e capital utilizados na produção de bens e serviços – explicam,
em parte, o aumento do PIB.
O segundo motivo para a variação do PIB é que a eficiência dos fatores de produção pode
mudar. Melhoras de eficiência são chamadas aumentos de produtividade. Ao longo do tempo,
os mesmos fatores de produção podem obter mais produto. Aumentos de produtividade resul-
tam de mudanças no conhecimento, à medida que pessoas aprendem por meio da experiência a
fazer melhor as tarefas familiares.
A Tabela 1-1 compara as taxas de crescimento da renda real per capita em países dife-
rentes. Estudos das fontes de crescimento entre países e ao longo da história procuram expli-
car os motivos pelos quais um país como o Brasil cresceu muito mais rapidamente, enquanto
Capítulo 1• Introdução 13

Estados Unidos, que estava abaixo de 6% em alguns momentos de 1979, atingisse


praticamente 11% no final de 1982? Você pode responder a cada uma dessas questões
aplicando um dos modelos apresentados neste capítulo.

1.  Em um período de duas gerações desejamos um modelo de crescimento de muito longo
prazo. Quase nada importa a não ser o desenvolvimento de novas tecnologias e a acu-
mulação de capital (supondo que você viva em uma economia desenvolvida). A taxas de
crescimento entre 2% e 4%, a renda vai mais que dobrar e menos que quintuplicar dentro
de duas gerações. Seus netos naturalmente viverão muito melhor que você. Certamente não
serão tão ricos quanto Bill Gates é hoje.
2.  Inflações elevadas possuem uma causa: grandes deslocamentos para fora da curva de
demanda agregada provocados pelo excesso de emissão de moeda pelo governo. Pe-
quenas variações do nível de preços podem ter a contribuição de muitos fatores. Porém,
variações muito grandes de preços são domínio do modelo de oferta agregada-demanda
agregada de longo prazo, em que uma curva de oferta agregada vertical permanece
relativamente imóvel enquanto a curva de demanda agregada se desloca para fora.
3.  Grandes variações do nível de atividade econômica e, assim, do desemprego em períodos curtos,
são explicados pelo modelo de oferta agregada-demanda agregada de curto prazo – com uma
curva de oferta agregada horizontal. No início da década de 1980, o Banco Central norte-ame-
ricano (Federal Reserve ou Fed) impôs restrições à demanda agregada, direcionando a economia
para uma recessão profunda. A intenção do Fed era reduzir a inflação – e, no final, foi exata-
mente o que aconteceu. Mas, como o modelo de curto prazo explica, ao longo de períodos muito
curtos, a retração da demanda agregada reduz o produto, o que aumenta o desemprego.

Há um lado negativo em saber qual modelo empregar para responder a uma questão:
você também precisa saber quais modelos ignorar. Ao pensar sobre crescimento ao longo de
duas gerações, a política monetária é completamente irrelevante. E, ao pensar sobre a grande
inflação alemã, as mudanças tecnológicas não importam muito. À medida que você estuda ma-
croeconomia, descobrirá que a memorização de listas de equações é muito menos importante
do que aprender a adequar um modelo ao problema a ser tratado.

TABELA 1-1  Taxas de crescimento do PIB real per capita, 1965-2004


(Taxa Média de Crescimento Anual, %)
PAÍS TAXA DE CRESCIMENTO PAÍS TAXA DE CRESCIMENTO
Argentina 0,8 Rep. da Coréia 6,1
Brasil 2,4 Noruega 3,0
China 7,0 Espanha 2,7
França 2,3 Reino Unido 2,1
Índia 2,8 Estados Unidos 2,1
Japão 3,4 Zimbábue 0,1

Fonte: World Development Indicators, Banco Mundial.


14 Parte 1• Introdução e Contabilidade Nacional

o Zimbábue, por exemplo, tem apresentado muito pouco crescimento. A renda per capita do
Zimbábue era menor em 2004 do que em 1965, ao passo que a renda do Brasil mais que do-
brou. Obviamente, valeria muito a pena saber quais políticas econômicas, se houver, podem
elevar a taxa média de crescimento de um país durante longos períodos.

O CICLO ECONÔMICO E O HIATO DO PRODUTO

Inflação, crescimento e desemprego se relacionam através do ciclo econômico. O ciclo econô-


mico é o padrão mais ou menos regular de expansão (recuperação) e contração (recessão)
da atividade econômica em torno da trajetória da tendência do crescimento. Em um pico
cíclico, a atividade econômica está elevada em relação à tendência; em um vale cíclico, atinge-
se o ponto baixo da atividade econômica. Inflação, crescimento e desemprego possuem pa-
drões cíclicos nítidos. Por ora, vamos nos concentrar na mensuração do comportamento do
produto ou PIB em relação à tendência durante o ciclo econômico.
A linha verde na Figura 1-7 mostra a trajetória da tendência do PIB real. A trajetória da
tendência do PIB é a trajetória tomada pelo PIB se os fatores de produção fossem plena-
mente empregados. Ao longo do tempo, o PIB varia pelos dois motivos já mencionados. Em
primeiro lugar, mais recursos se tornam disponíveis: o tamanho da população aumenta, as em-
presas adquirem maquinário ou constroem fábricas, a terra é tratada para o cultivo, o estoque
de conhecimento aumenta à medida que novos bens e novos métodos de produção são inventa-
dos e introduzidos. Essa disponibilidade maior de recursos permite que a economia produza
mais bens e serviços, o que resulta em uma tendência crescente do nível de produto.
Mas, em segundo lugar, os fatores de produção não são plenamente empregados o tempo
todo. Pleno emprego de fatores de produção é um conceito econômico, e não físico. Fisica-
mente, o trabalho é plenamente empregado se todos estão trabalhando 16 horas por dia o ano

Pico

Tendência
Pico
ão
peraç
Produto

Pico
Pico
Recu
ão
peraç
ão

Rece
Rec
peraç

ess

Recu
Rece

ssão
ão
Recu
ssão

Vale Vale

Vale

Tempo

FIGURA 1-7  CICLO ECONÔMICO.


Capítulo 1• Introdução 15

todo. Em termos econômicos, há pleno emprego de trabalho quando todos os que desejam um
emprego podem encontrar um em um intervalo de tempo razoável. Como a definição econô-
mica não é precisa, normalmente definimos o pleno emprego de trabalho por alguma conven-
ção, por exemplo, que o trabalho é plenamente empregado quando a taxa de desemprego é de
5%. O capital, de forma semelhante, nunca é plenamente empregado em um sentido físico;
por exemplo, prédios de escritórios ou salas de aula, que são parte do estoque de capital, são
utilizados somente em uma parte do dia.
O produto não está sempre no seu nível de tendência, isto é, o nível que corresponde ao
pleno emprego (econômico) de fatores de produção. Em vez disso, o produto flutua em torno
do nível de tendência. Durante uma expansão (ou recuperação), o emprego de fatores de pro-
dução aumenta, e isso é uma fonte de aumento da produção. O produto pode aumentar acima
da tendência porque as pessoas fazem horas extras e o maquinário é usado em diversos turnos.
Por outro lado, durante uma recessão, o desemprego aumenta e menos produto é obtido do que
na verdade poderia ser produzido com os recursos e a tecnologia existentes. A linha sinuosa na
Figura 1-7 revela esses desvios cíclicos do produto em relação à tendência. Os desvios do pro-
duto em relação à tendência são chamados hiato do produto.
O hiato do produto mede o hiato entre o produto efetivo e o produto que a economia
poderia produzir no pleno emprego, dados os recursos existentes. O produto de pleno em-
prego também é denominado produto potencial.
Hiato do produto  produto efetivo – produto potencial (1)
O hiato do produto permite-nos medir o tamanho dos desvios cíclicos do produto em re-
lação ao produto potencial ou tendência do produto (utilizamos esses termos como sinônimos).
A Figura 1-8 exibe o produto efetivo e o produto potencial para os Estados Unidos; as linhas
sombreadas representam recessões. 6
A figura indica que o hiato do produto cai durante uma recessão, como em 1982. Mais re-
cursos ficam desempregados, e o produto efetivo cai abaixo do produto potencial. Por outro lado,
durante uma expansão, principalmente na longa expansão da década de 1990, o produto efetivo
aumenta mais rápido que o produto potencial, e o hiato do produto no final se torna até positivo.
Um hiato positivo significa que há sobreemprego, horas extras para os trabalhadores, e mais que
a taxa normal de utilização do maquinário. Vale a pena notar que o hiato é às vezes substancial.
Por exemplo, em 1982, ele chegou a cerca de 10% do produto.

INFLAÇÃO E O CICLO ECONÔMICO

Aumentos da inflação se relacionam positivamente com o hiato do produto. Políticas expan-


sionistas da demanda agregada tendem a produzir inflação, a não ser que ocorram quando a
economia apresenta níveis elevados de desemprego. Períodos prolongados de baixa demanda
agregada tendem a reduzir a taxa de inflação. A Figura 1-9 mostra uma medida de inflação
para a economia dos Estados Unidos no período a partir de 1960. A medida de inflação da
figura é a taxa de variação do índice de preços ao consumidor (IPC) dos Estados Unidos (em
inglês, CPI), o custo de dada cesta de bens que representa as compras de um consumidor
urbano típico.

6
A datação do ciclo econômico é feita, no caso dos Estados Unidos, pelo National Bureau of Economic Research
(NBER, www.nber.org/cycles.html). O NBER é uma organização de pesquisa privada sem fins lucrativos sediada em
Cambridge, Massachusetts, Estados Unidos.
16 Parte 1• Introdução e Contabilidade Nacional

12.000

11.000

10.000
Bilhões de dólares de 2000

9.000

8.000

PIB Potencial
7.000

6.000

5.000
PIB Efetivo
4.000

3.000

2.000
1960 1965 1970 1975 1980 1985 1990 1995 2000 2005

FIGURA 1-8 PRODUTO EFETIVO E PRODUTO POTENCIAL DOS Estados Unidos, 1960-2005.


(Fonte: Congressional Budget Office, CBO’s Method for Estimating Potential Output: An Update,
ago. 2001 e www.economagic.com.)

A Figura 1-9 mostra a inflação, ou seja, a taxa de aumento dos preços. Podemos também
examinar o nível dos preços (ver a Figura 1-10). Toda a inflação das décadas de 1960 e de 1970
é somada para um grande aumento do nível de preços. No período 1960-2005, o nível de pre-
ços mais que sextuplicou. Em média, um produto, que custa $ 1 em 1960, custa $ 6,60 em
2005. Grande parte do aumento dos preços ocorreu após o início da década de 1970.
A inflação, bem como o desemprego, é um problema macroeconômico importante. Con-
tudo, os custos da inflação são muito menos óbvios que os do desemprego. No caso do desem-
prego, o produto potencial vai ser desperdiçado, e assim fica claro o motivo pelo qual a
redução do desemprego é desejável. No caso da inflação, não há nenhuma perda óbvia de
produto. Argumenta-se que a inflação perturba as relações de preços conhecidas e reduz a
eficiência do sistema de preços. Quaisquer que sejam os motivos, os formuladores de política
econômica estão dispostos a aumentar o desemprego em um esforço para reduzir a inflação
– isto é, trocar um pouco de desemprego por menos inflação. 7

7 
Para uma explicação muito clara da inflação, ver: Milton Friedman. “The Causes and Cures of Inflation”, em seu li-
vro Money Mischief (Nova York: Harcourt Brace Jovanovich, 1992).
15

Taxa de inflação (CPI, %) 12

0
1960 1965 1970 1975 1980 1985 1990 1995 2000 2005

FIGURA 1-9 A TAXA DE INFLAÇÃO NOS PREÇOS AO CONSUMIDOR DOS Estados Unidos, 1960-2005.
(Fonte: Bureau of Labor Statistics.)

220

200

180

160
CPI (1982–1984=100)

140

120

100

80

60

40

20

0
1960 1965 1970 1975 1980 1985 1990 1995 2000 2005

FIGURA 1-10 ÍNDICE DE PREÇOS AO CONSUMIDOR DOS Estados Unidos, 1960-2005.


(Fonte: Bureau of Labor Statistics.)

17
18 Parte 1• Introdução e Contabilidade Nacional

1-3
ESBOÇO E VISÃO PRELIMINAR DO LIVRO
Até aqui, esquematizamos as questões principais que vamos discutir neste livro. Agora, esbo-
çamos nosso enfoque da macroeconomia e a ordem em que o material será apresentado. Os
conceitos gerais importantes, como observado, são crescimento, oferta agregada e demanda
agregada. O crescimento depende da acumulação de insumos econômicos e de aperfeiçoa-
mentos tecnológicos. A oferta agregada depende principalmente do crescimento, mas também
das perturbações, como as mudanças na oferta do petróleo. A demanda agregada é influen-
ciada pela política monetária, em especial por meio das taxas de juros e das expectativas, e
pela política fiscal.
A cobertura começa no Capítulo 2 com a contabilidade nacional, enfatizando dados e re-
lações que serão usadas repetidamente mais à frente no livro. A questão fundamental de longo
prazo do crescimento é desenvolvida nos Capítulos 3 e 4. O Capítulo 5 apresenta a estrutura de
oferta agregada-demanda agregada e trata da maneira como a oferta agregada e a demanda
agregada interagem para determinar tanto o PIB real quanto o nível de preços. O Capítulo 6
explora a curva de oferta agregada com mais detalhes. O Capítulo 7 examina ainda mais as
causas, os custos e o dilema entre inflação e desemprego. O Capítulo 8 fornece uma descrição
jornalística de como a política monetária é conduzida pelo banco central. Os Capítulos 9 a 11
apresentam os fundamentos da demanda agregada – o modelo IS-LM. O Capítulo 12 acres-
centa o comércio internacional ao modelo de demanda agregada. Os Capítulos 13 a 16 e o
Capítulo 18 examinam os setores individuais que, juntos, formam a economia como um todo.
O Capítulo 17 discute a teoria da política econômica – uma discussão sobre as dificuldade de
caminhar da teoria macroeconômica para a aplicação macroeconômica. O Capítulo 19 examina
as questões subjacentes às inflações realmente grandes e aos déficits públicos realmente gran-
des. O Capítulo 20 amplia a discussão do Capítulo 12 sobre o papel do comércio internacional
na macroeconomia. O Capítulo 21 faz uma viagem paralela ao estudo cuidadoso da economia
para examinar as fronteiras da pesquisa econômica. (A maior parte desse capítulo é material
opcional. Nem todos desejarão trabalhar com ele em uma primeira leitura.)

1-4
PRÉ-REQUISITOS E RECEITAS
Ao concluir este capítulo introdutório, temos algumas palavras sobre como utilizar este li-
vro. Note que o material não requer pré-requisitos matemáticos além da álgebra da escola
secundária. Utilizamos equações quando parecem ser úteis, mas elas não são algo indispen-
sável da exposição. No entanto, podem e devem ser dominadas por qualquer aluno sério de
macroeconomia.
Os capítulos ou seções tecnicamente mais difíceis podem ser pulados ou, então, estudados
cuidadosamente. Muitas seções são identificadas como “opcional” para demostrar que se trata
de um material difícil. Ou apresentamos essas seções como material suplementar ou fornece-
mos explicação não técnica suficiente para ajudá-lo a prosseguir sem elas no livro. O motivo
de apresentarmos um material mais avançado é proporcionar uma cobertura completa e atuali-
zada das idéias e técnicas principais em macroeconomia.
Capítulo 1• Introdução 19

O difícil em se compreender nossa economia complexa é tentar seguir a interação de di-


versos mercados e muitas variáveis, já que os efeitos diretos e de realimentação da economia
constituem um sistema extraordinário. Como você pode assegurar-se de que vai progredir de
forma eficiente e com alguma facilidade? O mais importante é formular questões. Pergunte-se,
à medida que formula um argumento: por que esta ou aquela variável deve afetar, por exemplo,
a demanda agregada? O que aconteceria se ela não o fizesse? Qual é a ligação crítica?
Não há em absoluto nenhum substituto para o aprendizado ativo. Há regras simples
para o estudo ativo? A melhor maneira de estudar é usar um lápis e um papel e trabalhar
cada argumento, da seguinte forma: desenhar diagramas, fazer fluxogramas, escrever a
lógica do argumento, trabalhar os problemas no final de cada capítulo e sublinhar as idéias
principais. O uso do Guia de Estudo, que contém resumos de cada capítulo e muitos proble-
mas práticos, vai ajudá-lo em seus estudos. Outro enfoque valioso é discordar de um argu-
mento ou posição, ou explicitar a defesa de determinado ponto de vista sobre questões de
política econômica. Depois de tudo isso, se você ainda estiver com vontade de trabalhar,
estude cada meia página. Se ainda estiver com vontade de trabalhar, volte cinco páginas.
Macroeconomia é uma arte aplicada. Aprenda a relacionar conceitos do livro-texto aos
eventos atuais. Recomendamos a leitura de publicações como a revista The Economist, www.
economist.com. Mas a fonte da Internet para tudo é o site “Resources for Economists on the
Internet”, de Bill Goffe em www.aeaweb.org/RFE. Os dados estão disponíveis em inglês.
Esse website, com patrocínio oficial da American Economic Association, elenca e comenta
mais de mil fontes de dados, publicações, organizações de pesquisa e mesmo empregadores.
Uma opção para fontes de dados brasileiros é o site www.ipeadata.gov.br. Para ter acesso a
mais dados brasileiros, consulte a seção Links para Informações Adicionais Referentes ao
Brasil, no Prefácio.

RESUMO

  1. Modelos são representações simplificadas que procuram capturar somente os elementos


essenciais de como o mundo funciona. Utilizamos alguns modelos para enfocar diversas
questões econômicas.
  2. Usamos os conceitos de teoria do crescimento, oferta agregada e demanda agregada para
enfocar nossa discussão.
  3. A teoria do crescimento explica o comportamento da economia de muito longo prazo por
meio da compreensão de como cresce a capacidade produtiva.
  4. No longo prazo, a capacidade produtiva pode ser considerada como dada. O produto
depende da oferta agregada, e os preços dependem tanto da oferta agregada quanto da
demanda agregada.
  5. No curto prazo, o nível de preços é fixo e o produto é determinado pelo nível da demanda
agregada.
20 Parte 1• Introdução e Contabilidade Nacional

TERMOS-chave
curva de demanda índice de preços curva de Phillips
agregada (DA) ao consumidor (IPC) produto potencial
modelo de oferta agregada- taxa de crescimento recessão
demanda agregada teoria do crescimento curto prazo
(OA-DA) inflação trajetória da tendência
curva de oferta longo prazo do PIB real
agregada (OA) médio prazo muito longo prazo
ciclo econômico hiato do produto

PROBLEMAS
Conceitual
  1. Explique como o produto e os preços são determinados utilizando-se o modelo de oferta agregada-
demanda agregada. O produto vai variar ou permanecer fixo no longo prazo? Suponha que a curva
de demanda agregada permaneça fixa: o que podemos inferir sobre o comportamento dos preços ao
longo do tempo?

Técnico
  1. Suponha que o produto efetivo seja igual a $ 120 bilhões e o produto potencial (de pleno emprego)
seja igual a $ 156 bilhões. Qual será o hiato do produto nesta economia hipotética? Baseado em
sua estimativa do hiato do produto, você espera que o nível de desemprego seja maior ou menor
que o normal?

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