Você está na página 1de 5

Nome: Bruno Roque Younes

Professor: Cauê Kruger e Leonardo Carbonieri Campoy


Curso: Antropologia Cultural
Disciplina: Teorias Antropológicas

RESENHA: LÉVI-STRAUSS, C. “Raça e História” in Antropologia Estrutural II Rio de


Janeiro: Tempo Brasileiro, 1976, capítulo XVIII.
Introdução
O texto escolhido da bibliografia indicada pela disciplina de Teorias
Antropológicas, foi o do autor belga Lévi-Strauss, que fora publicado em 1952 e é
considerado um dos textos mais importantes de suas obras, pois, retrata como foi
entendido, a luz de seus escritos a relação entre a Antropologia e a História, sendo que
ambas ciências discorrem sobre civilizações e sua importância.

Localizando temporalmente este texto na história, sabe-se que este texto foi escrito
em um contexto pós-Segunda Grande Guerra, onde, o mundo ainda estava horrorizado
pelas atrocidades cometidas em nome da busca de uma supremacia racial, defendida por
regimes totalitários, como por exemplo, Nazismo e Fascismo, que foram de longe, os
maiores causadores de danos irreparáveis da história. Portanto, a UNESCO, convidou
diversos autores que estudavam a formação da humanidade para que pudessem escrever
e estudar uma forma de acabar com o temo Raça Humana. O principal objetivo de Strauss
ao escrever este texto foi tentar desarticular o conceito de que existia na sociedade uma
raça superior.

Analisando os principais teóricos evolucionistas, isso foi um problema bem


grande, pois, grande parte dos pensadores do século XIX haviam feito estudos e tentavam
comprovar a existência de raças superiores, como por exemplo, a teoria defendida pela
recém potência industrializada, EUA, que defendiam terem a Missão Civilizadora, dessa
forma, levar uma cultura superior para a América, era necessário.

O texto “Raça e História”, tem por principal foco o posicionamento dos


antropólogos na busca pelo fim da diferenciação entre os humanos. Nesta obra percebe-
se que Lévi buscou mostrar que todos os indivíduos sociais que foram considerados como
inferiores durante a II Grande Guerra deveriam ser usados também para a reconstrução
da Europa pós-guerra, pois, dessa forma, defendia-se um ideal da construção de uma nova
humanidade mais humanitária. Dessa forma, este documento antropólogo é dividido de
forma a atingir todas as pessoas e não apenas aqueles que se dedicam ao estudo da
Ciência Humana.

Raça e Cultural

Na primeira parte do texto, Strauss limita seu entendimento sobre Raça e Cultura
ao dizer que, quando formos analisar quais foram as contribuições que as raças humanas
trouxeram para a humanidade não devemos analisar as características físicas, pois elas
podem nos trazer o estereótipo de uma raça superior, mas sim, as questões geográficas,
históricas e sociológicas, pois, são dessa forma, que uma sociedade/civilização deve ser
estudada. Estudos atuais comprovam que não há nenhuma evidência que nos diz de que
há uma raça superior.

Portanto, ao estudarmos sobre as civilizações, não devemos nos ater a aspectos


físicos que possam nos levar a uma desigualdade de raças, mas, devemos nos ater às
questões como por exemplo, a diversificação de culturas.

Diversidade das Culturas

Na segunda parte de sua obra, percebe-se uma dificuldade em realizar uma


pesquisa de campo através da Diversidade Cultural, pois, Strauss diz que não devemos
comparar as culturas humanas de uma só forma, pois, nós, cientistas da humanidade
temos uma ignorância enorme sobre nossos antecessores, pois não sabemos se quer como
realmente eles sobreviveram, pois nos deixaram vestígios, no entanto, não sabemos como
usá-los para construir uma teoria mais democrática, ou seja, em que todos os objetos que
estão sendo estudados sejam analisados de forma coerente.

As sociedades do passado, hoje são vistas como primitivas em relação a nós, mas,
devemos ter em mente em que elas já foram superioras, por isso, Lévi nos diz que,
nenhuma sociedade deve ser vista como superior ou primitiva e sim, analisada de acordo
com o seu tempo e suas devidas organizações, mesmo porque, não temos acesso a tudo
aquilo que se esconde atrás de um vestígio histórico.

Portanto, Strauss afirma que a diversidade cultura é extremamente grande, pois o


afastamento geográfico acaba fortalecendo tal ideia, assim, segundo o antropólogo,
devemos nos ater mais com as interações sociais do que com os afastamentos, dessa
forma, Strauss nos diz:

Muitos costumes nasceram, não de qualquer necessidade interna ou acidente


favorável, mas apenas da vontade de não permanecerem atrasados em relação
a um grupo vizinho que submetia a um uso preciso um domínio em que nem
sequer se havia sonhado estabelecer leis. Por conseguinte, a diversidade das
culturas humanas não nos deve induzir a uma observação fragmentária ou
fragmentada. Ela é menos função do isolamento dos grupos que das relações
que os unem. (STRAUSS. 1976, p. 3)

Para Lévi-Strauss não há objetivo em discutir o surgimento do termo da Raça


Humana, pois não há interesses na antropologia para o número, mas sim, para as
diferenças de cada grupo social que está sendo analisado, como por exemplo, estudar as
características corporais, sendo que o mais importante é analisar a questão genética dos
indivíduos. No entanto, percebe-se que, no próximo tópico de sua obra, Lévi analisa a
visão etnocêntrica dos grupos sociais.

O Etnocentrismo
Ao analisar o etnocentrismo, ou seja, uma teoria do século XIX que surgiu com o
principal objetivo de definir uma cultura superior das demais, Lévi-Strauss centraliza sua
ideia no conceito de cultural, ou seja, nesta parte de sua obra, ele tentará mostrar que o
que diferencia os povos asiáticos dos africanos é a diferença cultural e não questões
físicas, no entanto, segundo alguns evolucionistas, alguns povos ainda permanecem como
mais evoluídos do que outros, reforçando a ideia de uma civilização primitiva e outra
superior.

A partir da visão de Strauss, podemos defender uma teoria da cooperação entre as


civilizações, pois não indícios arqueológicos que comprovem tal superioridade ou
inferioridade entre diferentes povos. No entanto, arqueólogos defendem uma ideia de
evolução a partir de aspectos vivenciados, como por exemplo, na Pré-história, onde, a
cada período histórico o homem se adaptava e transformava sua cultura a partir de
métodos que criava para sua própria sobrevivência, assim, se diz que, o tipo de homem
de cada era histórica, condiz com a qualificação de superioridade entre os homos.

Nesta seção do seu texto, Strauss discute sobre as teorias do Evolucionismo Social
e Biológico, sendo que o primeiro nos diz que é inconclusivo, pois não podemos comparar
civilizações através de vestígios arqueológico, totalizando assim em um evolucionismo
falso, já, o Evolucionismo Biológico, é plausível e verificável, pois pode-se ponderar
algumas informações através da análise cultural da determinada civilização que está
sendo pesquisada.

Culturas arcaicas e culturas primitivas

Dando início a esta parte do texto Strauss diz que as culturas podem ser divididas
em 3 categorias: a) Contemporâneas: aquelas que se encontram em outro lugar do
universo; b) Aquelas que se manifestam no mesmo lugar com várias outras culturas e c)
aquelas que existiram em outro tempo histórico e que se encontram em um lugar diferente
onde habitavam no passado. Esta última, Strauss afirma que devemos tomar cuidado,
pois, podemos cometer um grande erro em analisa-la de forma unilateral, ou seja, sem
realmente conhecê-la.

Dessa forma, o antropólogo nos diz que devemos estar sempre atentos ao estudar
uma civilização de forma não deixar escapar nenhuma fonte ou aspectos, pois, podemos
cair um abismo e não sermos capazes, como estudiosos de admitir limites ao teorizar esta
determinada civilização, por isso, há necessidade de avaliar todas informações deste
grupo.

A ideia do progresso

Neste tópico Strauss salienta a importância de entender como se deu a formulação


da teoria evolucionista e etnocentrista que surgiu no século XIX, retomando dessa forma,
alguns pontos que fora dito acima.

Lévi nos diz que há necessidade das civilizações se interagirem, para que dessa
forma não fiquem no estado lamentável, ou seja, congeladas no tempo, dessa forma, é
interessante perceber como civilizações do passado se interagiram para que pudessem
permanecer na história, um dos exemplos que podemos perceber na história era a prática
que Alexandre, o Grande tinha, que era o Helenismo – ao conquistar uma civilização ele
fazia um tipo de mistura, para que assim, não ocorresse sublevações e pudesse assim,
continuar com sua cultura. Para Strauss, a fatalidade de uma cultura é continuar sozinha,
pois dessa forma, ela morrerá e não terá continuidades no âmbito cultural.
História estacionária e História Cumulativa

No início desta seção de sua obra, Strauss já coloca um grande aviso aos
estudiosos da antropologia, dizendo que há um enorme perigo ao dizer que uma cultura
está estacionada, pois, estaríamos novamente colocando o termo civilizada e primitiva
em jogo.

Lévi diz que o etnocentrismo pode estar ligado a esta ideia, sendo que difere
totalmente uma civilização da outra, ou seja, aquela que ficou no passado e aquela que
conseguiu sobreviver, através da teoria do evolucionismo. Aqui, o autor tende a nos
questionar sobre qual seria o critério estabelecido para dizer qual seria a civilização mais
desenvolvida. Assim, ele menciona que, se formos analisar e aspectos físicos e ou
culturais devemos entender que, por exemplo, os Esquimós e Beduínos seriam
contemplados para a análise.

Dessa forma, devemos respeitar cada cultura de acordo com que ela tem a oferecer
e não ficarmos atribuindo o termo desenvolvido ou subdesenvolvido.

Considerações finais

Nas 3 últimas partes do texto, Lévi-Strauss descreve como devemos literalmente


abordar uma cultura nova que estamos estudando, pois estaríamos bem no seio da teoria
dele. Considerando todas as informações aqui discutidas, pode-se afirmar que, há uma
necessidade de perpetuar a diversidade cultural e não buscar uma cultura superior, pois
dessa forma, estaremos prontos para encarar sem supressas as diferenças culturais que
existem no universo que habitamos.

Sua obra, tem como grande respaldo a antropologia, ciência esta que busca
enxergar a humanidade com olhos diferentes de outras ciências, e principalmente, busca
superar tudo aquilo que acontece durante o período da Segunda Grande Guerra, que
mesmo assim, com todas as legislações existentes, os debates sobre, racismo, prevalecem
até os dias atuais.

Você também pode gostar