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Arte Conceitual
Arte Conceitual
Arte Conceitual
Joseph Kosuth. Intitulado (Arte como idéia como idéia) [Sentido] 1967
Como convém a uma arte do pensamento, “arte conceitual” propõe problemas desde o ínicio. O que foi?
Quando ocorreu? (Estará ainda sendo criada, hoje em dia, ou já será coisa do “passado”?) Onde ocorreu?
Quem a produziu? (Devemos considerar ”X” um artista conceitual ou não?) E enfim a pergunta central: por
quê? Por que produzir uma arte visual baseada na destruição das duas principais características da arte tal
como ela chegou até nós na cultura ocidental, ou seja, a produção de objetos que pudessem ser vistos e o
olhar contemplativo propriamente dito? [fig.1]
Não está de modo algum claro onde se devem fixar os limites da arte conceitual, quais os artistas e quais
as obras a serem incluídos. Se observadas a partir de um determinado ângulo, a arte conceitual acaba por
se assemelhar um pouco ao gato da Alice no País das Maravilhas de Lewis Carrol, que aos poucos se
dissolve, até que nada mais reste a não ser um sorriso, ou seja: um punhado de obras feitas num período
de poucos anos por um número restrito de artistas, o mais importante dos quais logo se pôs a fazer outras
coisas.
E, no entanto, quando observada sob um outro aspecto, a arte conceitual pode assomar como o eixo em
torno do qual o passado se transformou em presente: o passado modernista da pintura vista como a arte
por excelência, o cânone que se estende de Cézanne a Rothko, contraposto ao presente pós-moderno em
que espaços contemporâneos de exposições estão repletos de tudo e qualquer coisa, de tubarões a
fotografias, de pilhas de lixo a vídeos de telas múltiplas – repletos ao que parece, de tudo, exceto de
pintura modernista.
Seu próprio estilo consistia em ver a natureza segundo as suas formas fundamentais: a esfera, o cilindro e o cone.
Cézanne, artista considerado pós-impressionista, preocupava-se mais com a captação destas formas do que com a
representação do ambiente atmosférico.
Para a arte conceitual, vanguarda surgida na Europa e nos Estados Unidos no fim da década de 1960 e
meados dos anos 1970, o conceito ou a atitude mental tem prioridade em relação à aparência da obra. O
termo arte conceitual é usado pela primeira vez num texto de Henry Flynt, em 1961, entre as atividades do
Grupo Fluxus. Nesse texto, o artista defende que os conceitos são a matéria da arte e por isso ela estaria
vinculada à linguagem. O mais importante para a arte conceitual são as ideias, a execução da obra fica em
segundo plano e tem pouca relevância. Além disso, caso o projeto venha a ser realizado, não há exigência
de que a obra seja construída pelas mãos do artista. Ele pode muitas vezes delegar o trabalho físico a
uma pessoa que tenha habilidade técnica específica. O que importa é a invenção da obra, o conceito, que é
elaborado antes de sua materialização.
Ou seja, em meados da década de 60, teve início um vale-tudo em arte que durou cerca de uma década.
Este vale-tudo, conhecido como arte conceitual, ou de ideias, ou de informação – junto com um certo
número de tendências afins rotuladas variadamente como arte corporal, arte performática e arte narrativa
- , fazia parte de uma rejeição geral desse artigo de luxo único, permanente e, no entanto, portátil (e assim,
infinitamente vendável) que é o tradicional objeto de arte. No lugar dele, surgiu uma ênfase sem
precedentes nas ideias: ideias em, sobre e em torno da arte e de tudo mais, uma vasta e desordenada
gama de informação, de temas e de interesses não facilmente contidos num só objeto, mas transmitida
mais apropriadamente por propostas escritas, fotografias, documentos, mapas, filme e vídeo, pelo uso que
os artistas faziam de seus próprios corpos e, sobretudo, da própria linguagem.
O resultado foi uma espécie de arte que tinha, independente da forma que adotou (ou não adotou), sua
existência mais completa e mais complexa nas mentes dos artistas e de seu público, o que exigia uma nova
espécie de atenção e de participação mental por parte do espectador, ao desprezar a consubstanciação (a
união de dois elementos em um) no objeto artístico singular. A Arte Conceitual buscava alternativas para o
espaço circunscrito da galeria de arte e para o sistema de mercado do mundo da arte.
Devido à grande diversidade, muitas vezes com concepções contraditórias, não há um consenso que possa
definir os limites do que pode ou não ser considerado como arte conceitual.
Segundo Joseph Kosuth, em seu texto Investigações, publicado em 1969, a análise lingüística marcaria o
fim da filosofia tradicional, e a obra de arte conceitual, dispensando a feitura de objetos, seria uma
proposição analítica, próxima de uma tautologia. Como, por exemplo, em Uma e Três Cadeiras, ele
apresenta o objeto cadeira, uma fotografia dela e uma definição do dicionário de cadeira impressa sobre
papel.
.
O grupo Arte & Linguagem, surge inicialmente na Inglaterra entre 1966 e 1967, formado
inicialmente por Terry Atkinson, Michael Baldwin, David Bainbridge e Harold Hurrel. Este grupo
publica em 1969 a primeira edição da revista Art-Language, investigando uma nova forma de
atuação crítica da arte e, assim como Kosuth, se beneficia da tradição analítica da filosofia. O grupo
se expande nos anos 1970 e chega a contar com cerca de vinte membros.
O artista americano Sol Le Witt publicou os seus “Parágrafos sobre arte conceitual” em 1967,
seguidos das “Sentenças sobre arte conceitual” em 1969 .É também deste ano, 1969, a primeira
publicação da revista Art-Language.
Sol Le Witt escreve em 1969 Sentenças sobre arte conceitual, neste texto o artista evita qualquer
formulação analítica e lógica da arte e afirma que "os artistas conceituais são mais místicos do que
racionalistas. Eles procedem por saltos, atingindo conclusões que não podem ser alcançadas pela
lógica".
George Maciunas, um dos fundadores do Fluxus, redige em 1963, uma espécie de manifesto em
que diz:
"Livrem o mundo da doença burguesa, da cultura 'intelectual', profissional e comercializada. Livrem o mundo da arte
morta, da imitação, da arte artificial, da arte abstrata... Promovam uma arte viva, uma antiarte, uma realidade não
artística, para ser compreendida por todos [...]".
A contundente crítica ao materialismo da sociedade de consumo, elemento constitutivo das
performances e ações do artista alemão Joseph Beuys, pode ser compreendida como arte
conceitual.
Sinais de tinta e crayon sobre papel, contendo uma legenda manuscrita em tinta e moldura folheada a ouro.
Duchamp fazia uso de trocadilhos de linguagem em suas obras de maneira irônica: como por
exemplo, sua Monalisa com bigodes tinha a inscrição “LHOOQ”( que se lido em voz alta em
francês, soa como ele a chaud au cull : “ela tem uma bunda quente”) e o nome que ele criou para seu
alter ego feminino Rrose Selavy (eros: c’est la vie; “ eros, a vida é isto aí”)
O dadaísta Francis Picabia, ao produzir uma pintura feita quase que inteiramente de assinaturas,
brincava com a noção de linguagem e de arte visual como sistemas de representação distintos, mas
relacionados.
Francis Picabia. The Cacodylic Eye (L'Oeil cacodylate). 1921. Óleo sobre tela e colagem.
Mais tarde, René Magritte avançou essas questões com a pintura de um cachimbo à qual deu o título Isso
não é um cachimbo.
De modo similar, na sua pintura de um espelho de mão, aparece, em vez de um reflexo de um corpo
humano, o equivalente linguístico Corps Humaine.
Outras considerações sobre Arte Conceitual
Apesar das diferenças pode-se dizer que a arte conceitual é uma tentativa de revisão da noção de obra de
arte arraigada na cultura ocidental. A arte deixa de ser primordialmente visual, feita para ser olhada, e passa
a ser considerada como ideia e pensamento.
Ou seja, existe uma ênfase na linguagem ou em outros sistemas linguisticamente análogos e uma convicção
de que a linguagem e as ideias eram a verdadeira essência da arte. Logo a experiência visual e o deleite
sensorial eram secundários e não-essenciais.
Usavam palavra impressa, falada ou projetada. Jornais, revistas, publicidade, o correio, telegramas, livros,
catálogos, fotocópias tudo se converteu em novo veículo para a arte conceitual.
A arte conceitual também fez uso inteiramente novo da fotografia em arte, assim como do vídeo e do filme,
que se tornou amplamente acessível, pela primeira vez, na década de 1960, com o resultado de que, em
todo o movimento, a imagem visual não-única é quase tão preponderante quanto à linguagem.
Uma experiência emblemática é realizada pelo artista Robert Barry, em 1969, com a Série de Gás Inerte, que
alude à desmaterialização da obra de arte, idéia cara à arte conceitual. Uma de suas ações, registrada em
fotografia, consiste na devolução de 0,5 metro cúbico de gás hélio à atmosfera em pleno deserto de Mojave,
na Califórnia.
De todos os movimentos artísticos do século XX, a arte conceitual foi, talvez, o mais genuinamente
internacional e de mais rápido crescimento. Seria impossível enumerar, classificar ou mesmo tomar
conhecimento de todos os atos cometidos em seu nome. Ao invés do cubismo, do expressionismo
abstrato ou do minimalismo, o conceitualismo não pode realmente se reduzido a um punhado de
“artistas produtivos” neste ou naquele país. É muito difícil apontar com exatidão o seu criador ou
inventor, do modo como podemos citar Braque e Picasso para o Cubismo, ou Stella e Judd para o
minimalismo. Entretanto, os artistas mencionados com maior frequência são Kosuth, Barry, Weiner
e Huebler.
Em muitos casos as pinturas de datas de On Kawara indicam a própria passagem do tempo, assunto
de suprema importância.
De pé em frente a uma mesa de cozinha coberta com utensílios, Rosler pega cada um deles, em
ordem alfabética, entoando seu nome e fazendo a mímica do seu uso. Ao final, porém, vemos a
artista brandindo a faca e expressando as frustações de uma identidade confinada pelas
tradicionais definições de sexo e de gênero.
Cildo Meireles
O brasileiro Cildo Meireles, que participa da exposição Information, realizada no The Museum of
Modern Art - MoMA [Museu de Arte Moderna] de Nova York, em 1970, considerada como um dos
marcos da arte conceitual, realiza a série Inserções em Circuitos Ideológicos. O artista intervém em
sistemas de circulação de notas de dinheiro ou garrafas de coca-cola, para difundir anonimamente
mensagens políticas durante a ditadura militar.
No Brasil, Cildo refez a tradição do readymade com a sua série, iniciada em 1969, das Inserções em
Circuitos Ideológicos. A operação consistia em retirar objetos de um sistema de circulação,
“interferir” sobre eles e então inseri-los, novamente, no sistema. Um exemplo era constituído de
mensagens políticas estampadas com uma matriz de borracha sobre notas de circulação. O
exemplo mais conhecido, no entanto, alcançou de um modo mais sagaz o efeito pretendido. No
projeto Coca-Cola, de 1970, Meireles apoderou-se de garrafas vazias de Coca-Cola – as quais
seriam, talvez, o símbolo do capitalismo americano de consumo. Nestas garrafas estampou
mensagens políticas, utilizando-se da mesma tinta branca com a qual se escrevem as informações
normais do rótulo. Nesta etapa, as mensagens permaneciam mais ou menos despercebidas.
Meireles, no entanto, reintroduziu as garrafas no sistema. Elas voltaram para a fábrica de forma
usual, onde foram lavadas e novamente preenchidas. Logo que o líquido marrom passava a agir
como pano de fundo para as letras brancas, a mensagem anti-imperialista sobressaía.
O Legado
Várias técnicas e estratégias ligadas à Arte Conceitual difundiram-se, penetrando em todo o âmbito da
Arte Contemporânea. Um exemplo são os trabalhos de Barbara Kruger, artista que utiliza texto e
fotografia. Criação que podemos considerar inconcebível sem a existência anterior da Arte Conceitual, no
sentido mais restrito e específico em termos de período dentro da História da Arte.
“Untitled (I Shop Therefore I Am)” by Barbara Kruger, 1987, courtesy of the artist and Mary Boone Gallery
“ Sem Título ( Eu compro, logo existo, ou, sou)” de Barbara Kruger, 1987.
Bibliografia:
WOOD, Paul. Arte Conceitual. Tradução Betina Bischof. São Paulo: Cosac & Naify, 2002. 80 p., il. p&b. (Movimentos
da Arte Moderna)
STANGOS, Nikos. ,Conceitos de Arte Moderna. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1991.
http://enciclopedia.itaucultural.org.br/termo3187/arte-conceitual
Glossário:
Formalismo
Na teoria da arte, o formalismo é a crença em que os valores estéticos podem, sustentar-se por si mesmos e que o
juízo da arte pode ser isolado de outras considerações tais como as éticas e sociais. Dá-se preponderância às
qualidades puramente formais ou abstractas da obra; ou seja, por exemplo, aqueles elementos visuais que lhe dão
figura: a forma, a composição, as cores ou a estrutura.
Arte computacional é, genericamente, qualquer tipo de arte em que um computador tem papel fundamental
na criação ou na exibição da obra. Tais obras podem ser imagens, sons, animações, vídeos, CDs ou DVDs,
videogames, um site da internet, a aplicação animada de um algoritmo, etc.
Muitas disciplinas tradicionais estão integrando tecnologias digitais e, como resultado, as barreiras entre os
trabalhos tradicionais da arte e novos tipos de mídia, criadas com o uso de computadores, foram rompidas.
Por exemplo, um artista pode combinar pintura tradicional com arte algorítmica, ou outras técnicas digitais.
Definir a arte computacional utilizando seu produto final pode ser muito inconclusivo, já que esse tipo de
arte está sempre em processo de evolução, já que as tecnologias que são usadas estão sempre avançando, e
esse fenômeno afeta diretamente as possibilidades de criação artística.
http://arte1.band.uol.com.br/arte-eletronica/
http://www.emocaoartficial.org.br/pt/artistas-e-obras/emocao-1-0/
https://www.youtube.com/watch?v=TZu9cfH_pDs
http://www.emocaoartficial.org.br/pt/artistas-e-obras/emocao-1-0/
https://www.youtube.com/watch?v=TZu9cfH_pDs