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DENTAL CERÂMICAS
Weider Silva
Gil Montenegro
Tarcisio Pinto
INTRODUÇÃO
A crescente valorização de um sorriso esteticamente agradável tem levado os profissionais e
pacientes a buscar cada vez mais alternativas de tratamento para modificar a aparência
dental.1 Charles Pincus, em 1930, foi o precursor da técnica de laminados. Contratado
pela indústria cinematográfica de Hollywood para modificar os dentes dos artistas, Pincus
confeccionou laminados de resina e cerâmica, que eram colados diretamente sobre os dentes,
sem preparo protético.
ESQUEMA CONCEITUAL
SISTEMA METALOCERÂMICO
Apesar do sucesso clínico comprovado das peças metalocerâmicas, estas exigem um grande
desgaste dentário, uma vez que necessitam espaço para colocação de dois materiais; ale.
Além disso, apresentam uma estética com tom acinzentado, devido ao metal utilizado como
base, ou com tom esbranquiçado, devido à grande quantidade de revestimento opaco utilizado
na tentativa de esconder o metal.
Nos casos em que ocorrer recessão gengival, o halo acinzentado do metal fica exposto.
Ainda como desvantagem do sistema, pode se verificar as fraturas dentárias, devido ao metal
ser um material extremamente rígido, o qual não absorve cargas de estresse elevado, sendo
a carga transmitida em sua totalidade ao remanescente dental.9,17,18
Em 1903, Charles Henry Land utilizou as cerâmicas puras, entretanto, sua utilização ficava
restrita a dentes anteriores e necessitava de desgastes dentários significativos, pois não existiam
sistemas adesivos na época.2,12
Desde então, a busca por cerâmicas puras estéticas e resistentes não cessou. Hoje em dia,
encontram-se à disposição as cerâmicas adesivas reforçadas com cristais de leucita ou dis-
silicato de lítio. Estas aliam perfeitamente essas propriedades, além de não necessitarem de
preparos dentários com espessuras e formas pré-definidas.
Outro grupo de cerâmicas puras são as reforçadas com óxidos, as quais apresentam como
principais constituintes a zircônia e a alumina. Apesar da grande resistência mecânica, esses
óxidos conferem prejuízo estético e não permitem uma adequada adesão. Assim, necessitam
preparos dentários com o desenho adequado de retenção e estabilidade para resistir às forças
de deslocamento da peça protética.2,8,9,12,17-21
As cerâmicas reforçadas com óxidos possuem praticamente as mesmas indicações das cerâmi-
cas adesivas, com exceção das lentes, entretanto, são mais bem indicadas para coroas múltiplas
posteriores ou quando o resultado estético de excelência não seja prioridade.12,17,18,23
Entende-se por lente de contato dental quando uma fina lâmina de cerâmica pura,
com espessura média de 0,5mm, é fixada a um substrato dental, que apresenta
mínima alteração de tamanho, forma, posição e/ou cor.
Na maioria dos casos, os preparos dentários são dispensados para sua utilização. Para os
casos de grandes alterações dentais, lâminas mais espessas são indicadas. Com isso, a no-
menclatura lentes passa a ser substituída por facetas laminadas convencionais, uma vez
que serão necessários preparos.
O preparo dentário que irá receber uma restauração direta ou indireta antigamente possuía
formas e medidas pré-definidas, pois, em caso de agentes cimentantes e materiais restaurado-
res frágeis ou sem adesão à estrutura dental, essas peças se deslocavam com facilidade. Com
o advento dos materiais cimentantes adesivos e dos condicionadores ácidos dos dentes e das
peças, o custo biológico passou a ser mínimo frente à sua alta eficácia adesiva.
Os dentes aptos a receberem as lentes de contato dental – ou seja, dentes bem posicionados
com mínima ou nenhuma alteração de cor, forma ou tamanho – não necessitam de preparos
protéticos, uma vez que, com base nas técnicas adesivas, os parâmetros geométrico e mecâ-
nico do preparo dentário são de importância secundária, o que oportuniza a máxima preser-
vação da estrutura dentária.2
Nos casos em que as incisais possuam ângulos bem definidos ou pequena alteração de textura
superficial vestibular, uma mínima suavização (asperização) é realizada com discos abrasivos.
Os dentes que apresentam os seguintes sinais necessitam de preparos dentários convencionais
para facetas laminadas, sendo contraindicada a utilização de lentes de contato:
sinais de bruxismo;
alteração de cor significativa;
posição vestibularizada na arcada dental;
dimensões acentuadas.
Os desgastes com redução dentária irão variar de 0,5mm a 1,5mm, dependendo do diagnóstico
e planejamento individualizado prévio. Assim, os dentes mais vestibularizados e com maior
alteração de cor necessitam de maiores desgastes dentais. Para pacientes com linha de sorriso
alta, a preferência do término cervical é subgengival. Para os demais pacientes, são recomen-
dados términos supra ou no nível gengival.
Já as margens proximais devem ser estendidas até o ponto de contato, a fim de esconder a
linha de união peça/dente quando vista lateralmente. Em relação à redução incisal, esta deve
ser executada apenas nos casos de alteração de cor na região ou necessidade de aumento do
comprimento dental.
A técnica de escolha para cimentação das lentes de cerâmica é a adesiva, uma vez
que além de permitir um excelente vedamento marginal, reforça a estrutura dental
remanescente e permite escolha de cor para o cimento.25-27
Os cimentos resinosos adesivos podem ser classificados de acordo com seu sistema de ativa-
ção em químico, fotoativo e dupla ativação (Quadro 1).
Quadro 1
CLASSIFICAÇÃO DOS CIMENTOS RESINOSOS ADESIVOS
Quadro 2
TÉCNICA DE CIMENTAÇÃO ADESIVA
9. Quando é necessário realizar preparo protético com desgaste dentário para reabilitações
com facetas convencionais cerâmicas?
10. Que técnica e material de moldagem são mais indicados para as lentes de contato dental
cerâmicas?
12. Qual o tipo de cimento mais adequado para cimentação das lentes de contato dental
cerâmicas?
13. Na técnica de cimentação adesiva das lentes de contato, faz-se necessário tratamento
específico do dente e da peça a ser cimentada. Explique o tratamento do dente e da
lente.
CASOS CLÍNICOS
A seguir, serão apresentados três casos clínicos para exemplificar o tema abordado neste
artigo.
Paciente com linha de sorriso alta, expondo grande quantidade de tecido gengival
(Figuras 1A-C).
B C
A B
C D
Figura 2 – A) Modelo de estudo inicial. B) Realização de cirurgia plástica gengival orientada por guia
cirúrgico. C) Guia cirúrgico. D) Preparos dentários realizados para confecção de facetas convencionais.
Fonte: Arquivo de imagens dos autores.
G H
A B
C D
E F
A B
C D
E F
A C
D B E
F G H
I J
A B
C D
B C
A D E
A B
Figura 9 – A) Inserção de duplo fio afastador número 000 sem nenhum desgaste dental. B) Remoção
do fio superficial contínuo e obtenção do molde. C) Verificação da espessura das peças (0,5mm). D)
Condicionamento das peças com ácido fluorídrico 12% por 20 segundos.
Fonte: Arquivo de imagens dos autores.
G H
Figura 9 (continuação) – E) Após lavagem com água, aplicação de silano por 1 minuto. F) Aplicação de
adesivo sem realizar fotopolimerização. G) Condicionamento dos dentes com ácido fosfórico 37% por
20 segundos. H) Aplicação de adesivo sem realizar a fotopolimerização. I) Aplicação do cimento resinoso
fotopolimerizável.
Fonte: Arquivo de imagens dos autores.
A B
Figura 10 – A) Vista frontal final das peças cimentadas. B) Vista lateral direita – close-up. C) Vista
lateral esquerda – close-up. D) Aspecto final do sorriso do paciente.
Fonte: Arquivo de imagens dos autores.
Atividade 2
Comentário: As cerâmicas convencionais (feldspáticas) eram assim denominadas por apre-
sentarem uma quantidade de feldspato maior do que os outros constituintes. Devido à sua
natureza vítrea, elas apresentam excelente estética, biocompatibilidade, adequada solubili-
dade e corrosão em meio bucal, além de serem isolantes térmicas e elétricas. Entretanto,
suas propriedades mecânicas limitam sua utilização em áreas de estresse oclusal, devido à
sua baixa resistência e maleabilidade, aliada à alta friabilidade.
Atividade 3
Resposta: D
Comentário: As melhores indicações para as cerâmicas adesivas são: inlays; onlays; coroas
unitárias, facetas laminadas convencionais; e lentes de contato.
Atividade 4
Comentário: As cerâmicas puras podem ser classificadas em cerâmica pura adesiva e cerâmi-
ca reforçada com óxidos.
Atividade 6
Comentário: Entende-se por lente de contato dental quando uma fina lâmina de cerâmica
pura, com espessura média de 0,5mm, é fixada a um substrato dental, que apresenta míni-
ma alteração de tamanho, forma, posição e/ou cor.
Atividade 7
Resposta: B
Comentário: Em 1955, Buonocore deu início a uma nova geração de agentes cimentantes,
devido à iniciação da técnica do condicionamento ácido de esmalte. A partir disso, Bowen,
em 1962, desenvolveu os sistemas adesivos e, em 1963, modificou substancialmente as
resinas compostas, por meio da introdução da partícula orgânica BIS-GMA.
Atividade 8
Comentário: Os dentes aptos a receberem as lentes de contato dental – ou seja, dentes bem
posicionados com mínima ou nenhuma alteração de cor, forma ou tamanho – não necessi-
tam de preparos protéticos, uma vez que, com base nas técnicas adesivas, os parâmetros
geométrico e mecânico do preparo dentário são de importância secundária, o que oportuniza
a máxima preservação da estrutura dentária. Nos casos em que as incisais possuam ângulos
bem definidos ou pequena alteração de textura superficial vestibular, uma mínima suavização
(asperização) é realizada com discos abrasivos.
Atividade 9
Comentário: Os dentes que apresentam os seguintes sinais necessitam de preparos dentários
convencionais para facetas laminadas, sendo contraindicada a utilização de lentes de conta-
to: sinais de bruxismo, alteração de cor significativa, posição vestibularizada na arcada dental
e dimensões acentuadas.
Atividade 11
Resposta: 2, 3, 2, 1, 3, 1
Atividade 12
Comentário: O profissional deve optar, como primeira escolha de cimentação para as lentes
de contato dental, por cimentos fotoativados, em vez de cimentos de presa química ou dual,
uma vez que estes podem alterar a cor após sua presa final, devido ao componente amina
terciária presente em sua formulação.
Atividade 13
Comentário: O tratamento do dente envolve a profilaxia com pedra-pomes; lavagem com
água até remoção do total do produto; aplicação de ácido fosfórico por 30 segundos no
esmalte e 10 segundos na dentina (caso esta esteja presente, como nos casos de amelogênese
imperfeita, que, mesmo sem a realização de preparos dentários, a dentina exposta já está
presente); lavagem com água por 1 minuto; e aplicação de sistema adesivo fotopolimerizável.
Entretanto, este só será ativado simultaneamente ao cimento aplicado (sua fotopolimerização
prévia poderá ocasionar desadaptação da lente no ato da cimentação, uma vez que não foi
realizado desgaste dental). O tratamento da peça envolve aplicação de ácido fluorídrico de
acordo com o tempo recomendado pelo fabricante (p.ex., 20 segundos para os sistemas
reforçados com dissilicato de lítio); lavagem com água por 1 minuto; ressecamento da peça;
aplicação do agente de união silano (aguardar 1 minuto); aplicação de sistema adesivo
fotopolimerizável, entretanto, este só será ativado simultaneamente ao cimento aplicado
(sua fotopolimerização prévia poderá ocasionar desadaptação da lente no ato da cimentação,
uma vez que não foi realizado desgaste dental); inserção do cimento na peça (a cor do
cimento foi previamente escolhida logo após a profilaxia do elemento dental com pedra-
pomes (alguns kits de cimentos resinosos disponibilizam pastas de prova para uma correta
escolha da cor); remoção do excesso do cimento com o auxílio do fio dental; fotopolimerização;
e refinamento final com borrachas e escovas de polimento.
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