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O BALANÇO, 1767

JEAN-HONORÉ FRAGONARD 1732-1806

Esta alegre cena foi pintada no início da


carreira de Jean-Honoré Fragonard,
logo depois de ele se tornar um membro
da Academia, quando sua obra estava
começando a ser admirada no Salão de
paris. Um cortesão anônimo o abordou
discretamente com a proposta de uma
encomenda. O jovem queria um retrato
de si mesmo com sua amante. Ele
deveria ser mostrado como o namorado
secreto dela, escondido entre a
vegetação densa, enquanto um bispo
empurrava a moça num balanço.
Fragonard recusou o elemento
anticlerical, com medo de que isso
pudesse arruinar sua carreira, e
convenceu seu patrono a substituir o
bispo por um marido traído.

À primeira vista, esse encontro


amoroso parece estar acontecendo numa clareira no meio da floresta. Os utensílios de jardinagem,
as estátuas e os detalhes arquitetônicos por trás da mulher deixam claro que o cenário pretendido é
uma luxuosa propriedade privada. As exuberantes cercanias são resquícios dos jardins da Villa d’Este,
em Tívoli na Itália, onde o artista passou o verão de 1760.

Esse tipo de pintura erótica foi pensado para ser exposto a um público restrito, e tais peças
saíram de moda depois da Revolução Francesa de 1789. Seu primeiro proprietário conhecido, o
administrador de Pressigny, foi guilhotinado em 1794, e a obra foi confiscada pelas autoridades.
Posteriormente, já em 1859, o Louvre recusou a pintura, que acabou comprada por um colecionador
inglês. O quadro só foi exibido ao público em 1860.
Detalhes da obra

1 – Estátua de cupido

Fragonard gostava de usar elementos acessórios e os arranjava de modo que


participassem da ação. O cupido é um símbolo do amor e extremamente adequado
a uma cena amorosa. Aqui ele age como um cúmplice silencioso, levando o dedo
aos lábios para reforçar o sigilo do encontro entre os amantes.

2 – Sapato da mulher

Artista rococó se deleitavam com o erotismo. O gracioso sapato


rosa que sai voando pelo ar resume bem a atmosfera de flerte da tela. Em
antigas obras de cunho moral, um sapato perdido era usado para sugerir
que a mulher perdera a virgindade. A mulher também levanta a saia para
que o amante possa ver suas pernas.

3 – Mulher no balanço

Pinturas de jovens em balanços eram comuns durante o período


rococó. O balanço representa a inconstância e é o meio ideal de retratar a
infidelidade marital. O marido parece controla-lo com duas cordas
compridas, mas na realidade jamais seria capaz de impulsionar o balanço
com sucesso.

4 – Cachorrinho

Quase escondido ao pé da imagem está um animado cachorrinho


observando os acontecimentos. Sua presença é irônica, já que os
cachorros são geralmente incluídos em retratos duplos como símbolos da
fidelidade conjugal. Ele salta e late como se estivesse alertando para a
relação ilícita, mas nenhum dos participantes o nota.

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