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MÓDULO 1 – AULA 13
Objetivos
• Calcular derivadas direcionais.
Introdução
As funções reais, de várias variáveis, são próprias para descrever deter-
minadas caracterı́sticas de certos meios. Você já viu, por exemplo, que uma
função de duas variáveis z = T (x, y) pode descrever a distribuição de tempe-
ratura de uma chapa de metal. Nesse caso, as curvas de nı́vel são chamadas
isotérmicas.
Podemos usar uma função w = δ(x, y, z) para descrever a distribuição
da massa de um certo corpo. Se a função for constante, por exemplo, dizemos
que o corpo é homogêneo. Podemos chamar δ de densidade de massa.
Veja, essas caracterı́sticas descritas nos exemplos são grandezas escala-
res, que podem mudar de ponto para ponto.
Por essa razão, também chamamos essas funções de campos escalares.
Nesse contexto, os conjuntos de nı́vel são as regiões do ambiente onde
a condição descrita pelo campo escalar, seja temperatura, seja densidade ou
outra qualquer, não se altera.
Além disso, conhecemos a interpretação da derivada de uma função
real, de uma variável real, como uma taxa de variação. Por exemplo, se
x = x(t) descreve a posição de uma partı́cula numa trajetória reta, então
v = x (t) é a função velocidade, que descreve, em cada instante, como a
posição da partı́cula está mudando.
Um dos temas desta aula é a derivada direcional, uma ferramenta que
permite medir essa variação instantânea, no caso dos campos escalares. O
problema é que, no caso de campos escalares planares (funções de duas
variáveis) e no espaço tridimensional, não temos uma direção predetermi-
nada, como é o caso nas funções de uma variável real. Na verdade, no caso
das funções de uma variável real, temos duas direções: da esquerda para a
direita e vice-versa. No entanto, é conveniente considerar apenas a direção
positiva, da esquerda para a direita. Assim, precisaremos escolher uma de-
terminada direção para fazer a derivação no caso dos campos escalares.
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O gradiente e a derivada direcional
Figura 13.1
Uma vez estabelecida a derivada direcional, ela será usada para inter-
pretarmos geometricamente o gradiente.
Antes de prosseguirmos, tente executar a atividade oferecida a seguir.
Ela o ajudará a perceber o sentido das definições que seguirão.
Atividade 13.1.
Seja T (x, y) = 20 + x2 − 2xy − y 2 + 4y − x a função que descreve a
temperatura de uma chapa que se encontra sobre um sistema de coordenadas
com x e y ∈ [−2, 5]. Veja um esboço de suas isotérmicas.
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O gradiente e a derivada direcional
MÓDULO 1 – AULA 13
Figura 13.2
Podemos interpretar
f (t) = T ◦ α(t)
Derivada direcional
Vamos definir a derivada direcional de uma função de duas variáveis,
por uma questão de comodidade, mas essa definição se estende, de maneira
natural, acrescentando mais coordenadas, para as funções de mais do que
duas variáveis.
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O gradiente e a derivada direcional
A equação
α(t) = (a, b) + t u
define uma reta paralela ao vetor u, tal que α(0) = (a, b) e, para valores
suficientemente pequenos de t, α(t) ∈ D.
Veja uma ilustração na Figura 13.3 a seguir.
u
b D
a
Figura 13.3
Se existir o
f α(t) − f α(t)
lim ,
t→0 t
∂f
ele será denotado por (a, b) e chamado derivada direcional de f no ponto
∂u
(a, b), na direção do vetor (unitário) u.
Se u = (u1 , u2 ), com ||u|| = u21 + u22 = 1, então
α(t) = (a + t u1 , b + t u2 )
e
∂f f (a + t u1 , b + t u2 ) − f (a, b)
(a, b) = lim .
∂u t→0 t
Exemplo 13.1
Vamos considerar f (x, y) = x2 + y 2 e calcular as derivadas direcio-
nais de f no ponto (1, 1), nas seguintes direções: u = (3/5, 4/5), v =
√ √
(− 2/2, 2/2), w = (0, −1).
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O gradiente e a derivada direcional
MÓDULO 1 – AULA 13
∂f 1, 1 − t) − f (1, 1)
(1, 1) = lim =
∂w
t→0 t
1 + (1 − t)2 − 2
= lim =
t→0 t
2 − 2t + t2 − 2
= lim =
t→0 t
−2t + t2
= lim = −2.
t→0 t
∂f 14 ∂f ∂f
Note que (1, 1) = > 0, (1, 1) = 0 e (1, 1) = −2 < 0.
∂u 5 ∂v ∂w
Ou seja, na direção u, a função f cresce, enquanto na direção w,
decresce.
Além disso, a derivada direcional nula indica que aquela direção é tangente
a um conjunto de nı́vel da função.
Veja, na figura a seguir, as curvas de nı́vel da função f e os vetores u,
v e w.
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O gradiente e a derivada direcional
v u
Figura 13.4
Atividade 13.2.
Seja f uma função que admite a derivada direcional no ponto (a, b), na
direção do vetor unitário u. Mostre que
∂f ∂f
(a, b) = − (a, b).
∂(−u) ∂u
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O gradiente e a derivada direcional
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Teorema 13.1
Seja f : D ⊂ lR 2 −→ lR uma função diferenciável em (a, b) ∈ D, um
aberto de lR 2 , e seja u um vetor unitário. Então,
∂f
(a, b) = ∇f (a, b) · u.
∂u
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O gradiente e a derivada direcional
∂f 6 8 14
(1, 1) = (2, 2) · u = (2, 2) · (3/5, 4/5) = + = ;
∂u 5 5 5
∂f √ √ √ √
(1, 1) = (2, 2) · v = (2, 2) · (− 2/2, 2/2) = − 2 + 2 = 0;
∂v
∂f
(1, 1) = (2, 2) · w = (2, 2) · (0, −1) = 0 − 2 = −2.
∂w
θ u θ
v
∂f
(a, b) = ||∇f (a, b)|| cos θ,
∂u
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O gradiente e a derivada direcional
MÓDULO 1 – AULA 13
Teorema 13.2
Seja f : D ⊂ lR 2 −→ lR uma função diferenciável em (a, b) ∈ D,
∂f
um aberto de lR 2 , tal que ∇f (a, b) = 0. O valor máximo de (a, b) ocorre
∂u
∇f (a, b)
quando u = . Além disso, esse valor máximo é ||∇f (a, b)||.
||∇f (a, b)||
Exemplo 13.2
π y
x
Seja f (x, y) = e sen uma função cujas curvas de nı́vel estão
2
esboçadas na figura a seguir.
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O gradiente e a derivada direcional
Apenas com essa informação visual, não é possı́vel saber muito sobre
a dinâmica de crescimento e decrescimento da função, na medida em que
variamos os valores de x e de y, digamos, a partir de (2, −1).
−1
Figura 13.7
z
y
x
y
x
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O gradiente e a derivada direcional
MÓDULO 1 – AULA 13
Atividade 13.3.
As curvas de nı́vel das funções f (x, y) = x2 +y 2 −1 e g(x, y) = 1−x2 −y 2
são cı́rculos concêntricos na origem. No entanto, cada uma dessas funções
tem uma dinâmica de crescimento diferente. Faça um esboço das curvas de
nı́vel (um para cada função) e marque os versores dos vetores gradientes dos
pontos (1, 1), (2, −2) e (−2, 1). Faça um esboço do gráfico de cada uma
das funções. Compare a dinâmica de crescimento indicado pelos vetores
marcados, tendo em vista os esboços dos gráficos.
Exemplo 13.3
Seja f (x, y, z) = x2 − y 2 + z.
Vamos calcular:
∂f
(a) (2, 2, 1), onde u é o versor do vetor v = (3, 4, 12);
∂u
(b) a direção de menor crescimento de f a partir do ponto (2, 2, 1) e a
derivada de f nesta direção.
v (3, 4, 12) 3 4 12
u = = √ = , , .
||v|| 9 + 16 + 144 13 13 13
∂f
Como f é uma função diferenciável, vamos calcular (2, 2, 1) usando
∂u
a fórmula
∂f
(a, b, c) = ∇f (a, b, c) · u.
∂u
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O gradiente e a derivada direcional
Exercı́cios
Nos exercı́cios 1 a 4, calcule a derivada direcional da função dada, no
v
ponto indicado, segundo a direção do versor u do vetor v . Isto é, u = .
||u||
3) f (x, y, z) = ex+y cos z + ez−x sen y; (a, b, c) = (0, 0, 0); v = (1, −1, 2).
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O gradiente e a derivada direcional
MÓDULO 1 – AULA 13
Exercı́cio 11
A temperatura do ar em pontos do espaço é dada pela função f (x, y, z) =
28 + x2 − y 2 + z 2 . Uma abelhinha se encontra na posição (1, 2, 1) e deseja
esfriar-se o mais rápido possı́vel. Em que direção ela deve voar?
Exercı́cio 12
Em que direção deve-se seguir, partindo da origem, para obter a menor
taxa de crescimento da função f (x, y, z) = (1 − x + y − z)2 ?
Exercı́cio 13
∂f
Seja u = (cos θ, sen θ) um vetor unitário. Calcule (0, 0) para a
∂u
função
x2 y
, se (x, y) = (0, 0);
x2 + y 2
f (x, y) = .
0, se (x, y) = (0, 0)
Exercı́cio 14
Calcule a derivada direcional da função f (x, y) = x2 − y 2 na direção
tangente à curva α(t) = (2 cos t, sen t), quando t = π/4, no ponto α(π/4).
Exercı́cio 15
A temperatura de uma chapa de metal é dada por T (x, y) = ex/2 cos(πy/3).
A partir do ponto (0, 1), determine:
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O gradiente e a derivada direcional
∂f
(e) a taxa de variação (0, 1), onde u faz um ângulo de 60o com o
∂u
eixo Ox.
Exercı́cio 16
∂f
Seja f (x, y, z) = x y 2 + z 2 . Prove que (0, 0, 0) = 0 para todos os
∂u
vetores unitários u.
Exercı́cio 17
Seja f : lR 2 −→ lR um campo escalar diferenciável tal que, para um
∂f
dado vetor unitário u, temos (x, y), para todos os pontos (x, y) ∈ lR 2 . O
∂u
que podemos concluir a respeito de f ?
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