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CRIANÇA E NATUREZA:
Uma relação de sensibilidade e encantamento
São Paulo
2011
ANA CAROLINA THOMÉ PIRES
CRIANÇA E NATUREZA:
Uma relação de sensibilidade e encantamento
São Paulo
2011
Autor: ANA CAROLINA THOMÉ PIRES
Título da monografia: CRIANÇA E NATUREZA – uma relação de sensibilidade e
encantamento.
TERMO DE APROVAÇÃO
BANCA EXAMINADORA
NOME ASSINATURA
1.Rita Mendonça
2.Celine Lorthiois
3.Ricardo Ghelman
À minha família, todo o meu percurso até aqui só foi possível pela
educação, formação e experiências que tive junto dela.
À minha amiga, Patrície, companheira de trabalho, estudos, viagens,
diversão. A conclusão desta pós não seria a mesma se nós não estivéssemos juntas!
À minha amiga e sócia no blog Aprendendo e Construindo, Bárbara
Trovão, pelas reflexões e conversas sobre educação.
À minha orientadora Rita Mendonça, atenciosa, sábia e sabida!
À todos os lúdicos, que tornaram cada momento deste curso único e
inefável.
Às pessoas que ajudaram diretamente ou indiretamente para que este
trabalho fosse possível.
Muito obrigada!
RESUMO
O presente trabalho tem como foco de estudo a relação entre criança e natureza. O
estudo foi desenvolvido por meio de revisão bibliográfica e pesquisa de
campo. Início descrevendo sobre ser criança: o desenvolvimento infantil, a
experiência de brincar e o brincar com a natureza. Continuo aprofundando sobre a
relação entre natureza e criança pequena: a interação com o mundo como ele é, sobre
a presença e a ausência do contato com a natureza e sobre políticas públicas em prol
deste contato. Finalmente, conto os resultados desta pesquisa de campo, na qual pais
e professores foram entrevistados sobre sua infância e a infância dos filhos, a relação
entre elas e o que pensam sobre brincar com a natureza. Estas respostas mostraram
que a realidade deste tema está no nosso cotidiano. Finalmente, menciono o que esta
pesquisa me ensinou.
1. Introdução 7
1.1 Ponto de partida 7
1.2 Conhecendo meu caminho neste trabalho 12
5. Considerações iniciais 63
6. Referências 65
7. Anexos 67
7
1. INTRODUÇÃO
Na escola, enquanto professora, fui ameaçada por uma mãe de aluno que
disse que ele não poderia brincar na areia pra não tomar friagem e assim ficar doente.
Outra mãe reclamou do horário do parque, pois é um horário que venta muito. Então
eu comecei a me questionar: Será que essa criança fica doente por brincar na areia ou
8
por não brincar? Será que esta criança adoece por estar exposto ao vento ou por não
se expor? Comecei a pensar sobre o meu percurso até hoje.
E este é um hábito que eu preservo até hoje, esteja onde eu estiver: sou
amante de um nascer ou um pôr do Sol e coleciono fotos do céu.
Mudei de emprego, para uma escola maior, associada a uma grande rede
de escolas de São Paulo. A escola era grande, um espaço enorme, e todo coberto com
gramado sintético. Havia um lago com carpas todo cercado de grades. Durante um
período eu fiquei responsável por uma turma de período integral. A sala ficava
localizada no fundo da escola, e poucas pessoas iam até lá. As crianças adoravam
brincar com água, afinal para a maioria era uma novidade poder se molhar! Até o dia
que a psicóloga da escola disse que era um absurdo brincar com água, além das
crianças correrem o risco de ficar doentes, brincar com água era um grande
desperdício!
A floresta dentro da sala foi um aprendizado e tanto: mais para mim que
para as crianças. A importância da relação entre criança e natureza deu suas pistas
entre as observações das criações e das constatações das crianças que somada às
reclamações das mães configuraram as perguntas que permearam meu trabalho: Qual
a importância do contato com a natureza na primeira infância? Como este contato
deve acontecer? Quando ele acontece?
Parceiro de caminhada está aí pra caminhar junto, rir junto, chorar junto,
passar pelas pedras do caminho junto. Chegar ao final da viagem com muitas coisas
para contar, muitas experiências para relembrar e se dar conta do quanto aprendeu e
cresceu.
13
Começo este trabalho com uma pergunta a você leitor: “Quais foram suas
conquistas no último ano? Você consegue lembrar?” E se eu fizer a mesma pergunta
para uma criança de 1 ano de idade? Quantas conquistas ela teve durante seu
primeiro ano de vida? Ela nasceu, abriu os olhos, chorou, e então, no primeiro
trimestre ela começou a dominar os movimentos de cabeça e pescoço. O domínio se
estendeu para braços e mãos, no segundo trimestre. No terceiro trimestre as pernas
são descobertas e ela dá início às primeiras tentativas de ficar em pé e então ao final
do quarto trimestre, aproximadamente, ela arrisca os primeiros passos. A partir de
então ela domina seu corpo, afinal, para que um movimento aconteça todos os outros
músculos estão envolvidos. (König,1997)
Pare e reflita: O que significam estas conquistas pra você hoje? Estas
ações e conhecimentos que fazem parte do seu cotidiano hoje foram adquiridas ao
longo dos primeiros anos de vida, e não exclusivamente durante os três primeiros
anos, mas durante os seis primeiros anos.
17
VIGOTSKI, 2007: 98
compõe seu mundo, seu meio ambiente geram intercâmbios de informações entre
sujeito e meio. (SEBER, 2006).
discussão sobre os valores morais e a construção dos seus próprios. Neste período,
alcançamos o padrão intelectual que permanece na vida adulta.
Ainda segundo Pearce (1987), uma inteligência madura deveria ser capaz
de interagir a três níveis que se originam de estágios do desenvolvimento biológico.
Sob esta ótica, fortalecer a base biológica da criança permite que ela se
desenvolva com segurança e confiança, preparando-se para se lançar num mundo de
experiências e descobertas.
21
1 2
Figura 4 - Brinquedo para bebê Figura 5 - Menino com celular
3
Figura 6 - Bonecos Antroposóficos
1
Disponível em: http://www.fisher-price.com/br/infanttoys/product.asp?s=bulnl&id=57144
2
Disponível em:
http://2.bp.blogspot.com/_SXAoaztR3BU/TRfEl7dlgSI/AAAAAAAAAVk/_zs9twVcxig/s1600/child+ipho
ne_star94.jpg
3
Disponível em: http://www.artesnatela.com.br/file/produtos/grande/0wo3wp07uulcubjtg-
DSC07644.JPG
23
4
Figura 7 - Observando com Lupa
Brincar, para a criança, implica muito mais que a própria ação. Durante o
ato de brincar podemos conhecer a criança, suas emoções, a maneira como ela
interage com seus colegas, seu desempenho físico-motor, seu estágio de
desenvolvimento, seu nível linguístico, e sua formação moral. Sendo assim, estamos
reafirmando a sábia frase de Platão5 “Você pode descobrir mais a respeito de uma
pessoa numa hora de jogo do que num ano de conversação.”
5
Frase de Platão citada na aula da pós graduação em Educação Lúdica, pelo professor Jean Pasteur,
no módulo “O lúdico nas relações interpessoais”
25
6
Disponível em: http://michaelis.uol.com.br/moderno/portugues/index.php Acesso em: 23/06/2011
26
LIMA, 2007:5
7
Palestra com José Pacheco, realizada em 27 de Maio de 2011. Áudio disponível em:
http://veracruz.edu.br/?frame=paginas.php&id=111&unidade=5 Acesso em:23/06/2011
27
MENDONÇA, no prelo)
CAPRA, 2006:25
29
CAPRA, 2006:25
8
Chefe Seattle. Carta ao homem branco. Em anexo a carta na íntegra.
30
CAPRA, 2006:231
SANTOS, 2009:23
Para as crianças a partir de sete anos, este estágio permite que elas
estruturem sua energia durante a atividade. Após atrair sua atenção neste estágio ela
estará preparada para um refinamento da percepção em atividades mais sutis. Cabe
ao mediador avaliar o grupo e sentir a atividade que será mais adequada para cada
experiência.
Cornell, 1997:39
Para explicar o quarto estágio, Cornell faz uso de uma frase de Goethe
“A alegria compartilhada é alegria dobrada”. O último estágio propõe que os
participantes compartilhem suas experiências. Esta troca aproxima o grupo e
reafirma sua capacidade de admiração.
KELLEMAN, 2001:26
Se eu me fecho lá em casa,
Numa tarde de calor,
Como eu vou ver uma abelha
A catar pólen na flor?
BANDEIRA, 2001
O que Cornell busca em suas atividades pode ser definida por uma
palavra com a qual me deparei algumas vezes durante o levantamento bibliográfico
para a realização desta pesquisa, logo que entrei em contato com alguns sites e
autores internacionais. Awe, de acordo com dicionário, significa sentimento de
veneração e respeito originado pelo maravilhamento e encantamento e sua pronuncia
soa como “OH!”. Esta palavra remete-me a uma frase do poeta brasileiro Manoel de
Barros:
que a importância de uma coisa não se mede com fita métrica nem
com balanças nem barômetros etc. Que a importância de uma
coisa há que ser medida pelo encantamento que a coisa produza
em nós.
Richard Louv, em seu livro Last child in the woods (2008), refere-se à
natureza como nutriente para a criatividade. Nos contextos atuais, a natureza é
colocada para as crianças de maneira abstrata. Ela está presente na falas de educação
ambiental, porém colocam-na fora do alcance das crianças. Sob esta visão, a natureza
está sempre longe, dificultando esta aproximação. No entanto, por mais que
tenhamos o sentimento de estarmos separados na natureza, nós humanos, fazemos
parte dela e todos os elementos da natureza estão disponíveis fora e dentro de nós.
A criança até os sete anos de idade é programada pela natureza para fazer
suas coisas: estruturar um conhecimento de mundo tal como ele é, e por outro,
brincar com este mundo tal como ele não é. (PEARCE, 1987: 123)
PEARCE, 1987:123
Para que a criança experimente o mundo como ele é, o adulto tem uma
tarefa importante: Pearce afirma que a maior dificuldade para os pais é apresentar o
mundo como ele é, sem acrescentar seus valores.
PEARCE, 1987:126
Apresentar um mundo sem valores não é tarefa nada fácil, logo que os
valores estão intrínsecos no nosso cotidiano. No entanto, já falamos sobre a quebra
de paradigmas: da transição de um antigo paradigma (one cada parte é separada do
todo e exerce uma função independente), para um novo paradigma (no qual o mundo
é interligado e todas as partes são interdependentes). (CAPRA, 2006) Porém a
ausência de valores é intrínseco para a criança, ela nasce livre deles. Para o adulto
livrar-se dos valores é uma necessidade deste tempo e se faz fundamental para que
novos mundos floresçam, novas ideias apareçam e os paradigmas sejam vivos:
estejam em constante movimento e transformação.
39
9
C&NN é uma rede criada para encorajar e dar suporte à pessoas e organizações que trabalham em
todo o mundo para reconectar a criança com a natureza.
40
Louv (2008) evidencia que não basta discursar sobre o assunto. Para
atingirmos as crianças ações são necessárias.:
10
Tradução livre da autora
41
11
Figura 9: Tirinha de Quino.
Para Pearce (1987) os pais são como um porto seguro para a criança. Eles
devem deixar as crianças livres e sozinhas para que ela explore o ambiente, uma
fonte principal de conhecimento inicial do mundo. Os pais cuidam da sobrevivência
da criança durante os anos de formação, esta é a razão da longa dependência humana.
Livre da preocupação com sua sobrevivência, a criança poderá construir um
conhecimento do mundo livre de valores.
11
Disponível em: http://2.bp.blogspot.com/_-
J4WdqdwQ0A/TJIkuykGM0I/AAAAAAAAAGU/Y7XAJNDBLyE/s1600/Somos+mais+do+querem+que+s
ejamos.JPG Acesso em: 13/07/2011
42
Cada criança tem seu tempo para entrar na experiência, até que ela se
sinta segura para conhecer as possibilidades ao seu redor. Na Educação Infantil é
bastante comum que crianças passem a integrar o grupo durante o ano letivo. Uma
destas crianças mostrou-me todo este processo de espera, segurança e conquista:
PEARCE, 1987:130
PEARCE, 1987:136
12
O workshop Baby-art para educadores aconteceu no dia 12 de Agosto de 2011, no Centro Cultural
São Paulo
45
BUITONI, 2006:41
PEARCE, 1987:131
46
Segundo a rede Children & Nature Network, nos Estados Unidos houve a
tentativa de criação de uma legislação nacional que dispunha recursos em prol da
Educação Ambiental e do contato com a natureza para estudantes do Elementary and
Second Education. Esta legislação, chamada No Child Left Inside13, está em seus
primeiro passos para ser aprovada pelo senado americano. O texto desta legislação
prevê verba para escolas públicas incentivarem a educação ambiental em seu
currículo preferencialmente em espaços abertos. No entanto, o texto não menciona a
primeira infância.
13
Texto disponível em: http://www.govtrack.us/congress/billtext.xpd?bill=h112-2547
50
BRASIL, 2009
O texto traz nove itens que, segundo a autora, garantem o contato com a
natureza. No entanto, será que eles estão realmente garantindo este direito? Alguns
deles são tão vastos, um tanto quanto subjetivos e distante da criança. Muito
diferente do que já foi discutido neste trabalho. Por exemplo:
BRASIL, 2009
4.1. As respostas
6%
94%
Ao falarem sobre a infância dos filhos, os pais citaram que maior parte
do seu tempo a criança está na escola, possuem poucos amigos (normalmente da
escola, ou do condomínio), muitos brinquedos e presença intensa da tecnologia no
cotidiano. Grande parte dos pais disse brincar com seus filhos enquanto estão em
casa, ou aproveitar trajetos entre casa e escola para conversar, brincar e cantar.
54
33%
67%
Sim Não
Cada criança está imersa em uma família, uma sociedade, uma cultura diferente e, no
entanto o desenvolvimento é semelhante. O filme Babies, de Thomas Balmès (2010)
ilustra esta questão.
Figura 10 Os bebês de Babies (em sentido horário): Japão, Namíbia, Estados Unidos e Mongólia
A liberdade para brincar foi um fator que apareceu nas respostas dos
professores. Eles falaram sobre a diferença na intenção da brincadeira atualmente. Na
infância deles a brincadeira era mais livre e autônoma, enquanto hoje as brincadeiras
são predominantemente dirigidas, os brinquedos possuem muitas funções que não
permitem que a criança crie, como já comentamos acima.
7%
93%
Sim Não
14
Rusty Keeler é australiano e seu trabalho está disponível no site: http://www.earthplay.net
60
15
Figura 11 Espaços naturais para brincar
15
Imagens disponíveis em: http://progressiveearlychildhoodeducation.blogspot.com/
61
10. Direito à poesia: Toda criança tem o direito de ver o sol nascer
e se pôr e de ver as estrelas e a lua.
ALVES, 2011
7. CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Quando comecei a fazer este trabalho não tinha ideia do que ele
significaria para mim. É meu terceiro trabalho acadêmico, desde a conclusão da
minha graduação.
Quando fui escolhida por este tema para o trabalho não imaginei o
tamanho de sua importância. No entanto, neste momento de finalização não consigo
imaginar um final e para isto há uma razão: não existe final, pois este é um começo.
Foi triste, em meio a tantos dados das pesquisas, encontrar o Brasil entre
os países que as mães afirmam que as crianças exploram a natureza com menos
frequência. E foi isso que eu vi na minha pesquisa, mesmo os pais acreditando serem
importantes, estas oportunidades raramente acontecem.
64
6. REFERÊNCIAS
CAPRA, Fritjof. A teia da vida: uma nova compreensão cientifica dos sistemas
vivos. São Paulo: Cultrix, 2006.
http://www.anped.org.br/rbe/rbedigital/RBDE19/RBDE19_04_JORGE_LARROSA_
BONDIA.pdf Acesso em: 17/03/2011
LAMEIRÃO, Luiza Helena Tannuri. Criança brincando! quem a educa? São Paulo:
Editora João de Barro, 2007.
LIMA, Elvira de Souza. Brincar para quê? São Paulo: Editora Inter Alia, 2007.
LOUV, Richard. Last child in the Woods: saving our children from nature-deficit
disorder. Updated and Expanded. New York: Algonquin Paperbacks, 2008.
7. ANEXOS
"O grande chefe de Washington mandou dizer que quer comprar a nossa terra. O
grande chefe assegurou-nos também da sua amizade e benevolência. Isto é gentil de
sua parte, pois sabemos que ele não necessita da nossa amizade. Nós vamos pensar
na sua oferta, pois sabemos que se não o fizermos, o homem branco virá com armas
e tomará a nossa terra. O grande chefe de Washington pode acreditar no que o chefe
Seattle diz com a mesma certeza com que nossos irmãos brancos podem confiar na
mudança das estações do ano. Minha palavra é como as estrelas, elas não
empalidecem.
Como pode-se comprar ou vender o céu, o calor da terra? Tal idéia é estranha. Nós
não somos donos da pureza do ar ou do brilho da água. Como pode então comprá-los
de nós? Decidimos apenas sobre as coisas do nosso tempo. Toda esta terra é sagrada
para o meu povo. Cada folha reluzente, todas as praias de areia, cada véu de neblina
nas florestas escuras, cada clareira e todos os insetos a zumbir são sagrados nas
tradições e na crença do meu povo.
Sabemos que o homem branco não compreende o nosso modo de viver. Para ele
um torrão de terra é igual ao outro. Porque ele é um estranho, que vem de noite e
rouba da terra tudo quanto necessita. A terra não é sua irmã, nem sua amiga, e depois
68
de exaurí-la ele vai embora. Deixa para trás o túmulo de seu pai sem remorsos.
Rouba a terra de seus filhos, nada respeita. Esquece os antepassados e os direitos dos
filhos. Sua ganância empobrece a terra e deixa atrás de si os desertos. Suas cidades
são um tormento para os olhos do homem vermelho, mas talvez seja assim por ser o
homem vermelho um selvagem que nada compreende.
Não se pode encontrar paz nas cidades do homem branco. Nem lugar
onde se possa ouvir o desabrochar da folhagem na primavera ou o zunir das asas dos
insetos. Talvez por ser um selvagem que nada entende, o barulho das cidades é
terrível para os meus ouvidos. E que espécie de vida é aquela em que o homem não
pode ouvir a voz do corvo noturno ou a conversa dos sapos no brejo à noite? Um
índio prefere o suave sussurro do vento sobre o espelho d'água e o próprio cheiro do
vento, purificado pela chuva do meio-dia e com aroma de pinho. O ar é precioso para
o homem vermelho, porque todos os seres vivos respiram o mesmo ar, animais,
árvores, homens. Não parece que o homem branco se importe com o ar que respira.
Como um moribundo, ele é insensível ao mau cheiro.
pelos bosques, sobrará para chorar, sobre os túmulos, um povo que um dia foi tão
poderoso e cheio de confiança como o nosso.
2. Entrevistas
PAI 1
Idade: 29 anos
Quando você era criança, como era sua brincadeira? (Onde, com
quem, quando, por quanto tempo)
Como seus filhos brincam? (Onde, com quem, quando, por quanto
tempo)
Nós temos pouco espaço onde moramos, a casa é menor que a da minha
infância e não temos quase espaço no quintal, que dirá uma arvore para subir, terra
para manipular, folhas, frutas para apanhar. Os brinquedos de hoje são todos
industrializados, prontos, e o tempo dedicado ao brincar é outro. Eles querem um
adulto por perto, acho que pela falta de mais crianças. Eu estimulo elas a desenharem
no chão do quintal, coloco texturas diferenciadas: farinha de trigo, fubá, até terra
vermelha, mas é limitado. Não se brinca na chuva, ou fora de casa nos dias mais
frios, e a televisão é solicitada sempre que há pausa na brincadeira. A grande maioria
são brinquedos de plástico, prontos, com detalhes demais. Elas estranham quando
pegam uma boneca que não tenha o rosto desenhado, porque estão tão habituadas a
ver os detalhes que não são estimuladas a imaginar, criar.
Minhas filhas passam boa parte do tempo na escola, creio que este seja o
momento em que mais brincam, em casa, exploram objetos de encaixe, utilizam
tintas, lápis. Aos finais de semana, andamos de bicicletas, vamos a parques, e elas
exploram outras texturas, sementes, folhas.
grupo, aprendermos a lidar com as frustrações, éramos responsáveis por nos mesmos,
e pelos outros do grupo.
PAI 2
Idade: 35 anos
Quando você era criança, como era sua brincadeira? (Onde, com
quem, quando, por quanto tempo)
Como seus filhos brincam? (Onde, com quem, quando, por quanto
tempo)
Eu noto que para a minha filha, brincar é subir nas coisas, ter desafios,
correr quando saímos de casa. Isso sem falar nos parques que ela ama. Escorregador
tem sido o seu desafio preferido.
tive sorte de algum vizinho ou amigo dos meus pais passarem por ali, perceberem
que estava sozinha e me levarem de volta pra casa. E isso era tão habitual, que um
dia um policial me achou e me ajudou a encontrar o caminho de casa. Hoje, eu
honestamente faço de tudo para impedir que minha filha faça o mesmo! Chego a me
arrepiar quando penso nas minhas aventuras. Além de tudo, acho que para brincar,
antes a gente se virava com o que tinha e hoje as crianças precisam de ferramentas
para tudo. Talvez também por que o adulto não tenha tanto tempo para dedicar às
descobertas do mundo junto com as crianças pequenas.
O que dizer... Minha vida era o quintal dos 2 aos 6 anos... Lá a gente
brincava muito com terra, com os frutos da árvores, mesmo que ainda verdes, com
sementes, com água. Minha mãe vinha colher frutas e voltava com suco natural do
nosso quintal. Hoje eu morro de medo de cachoeira, rio e mar; mas e acredito que
esse medo tenha sido construído com a experiência e alguns escorregões de gelar a
barriga e ralar a bunda. Mas eu brincava muito em cachoeiras. Parece que a gente se
colocava nas mãos daquele poder e deixava a coisa acontecer. Hoje eu também tenho
pânico desses lugares que passaram a ser perigosos para mim. Tenho medo que
minha filha brinque também da maneira livre e desprotegida como eu brinquei. Não
sei se isso é bom ou ruim
PAI 3
Idade: 40
Quando você era criança, como era sua brincadeira? (Onde, com
quem, quando, por quanto tempo)
75
Como seus filhos brincam? (Onde, com quem, quando, por quanto
tempo)
PAI 4
Idade: 40
Quando você era criança, como era sua brincadeira? (Onde, com
quem, quando, por quanto tempo)
Como seus filhos brincam? (Onde, com quem, quando, por quanto
tempo)
Com 10 meses e morando em prédio, fica mais difícil brincar. Como ela
já esta andando, eu brinco de bola: eu jogo e ela vai buscar e joga pra mim,. Ela anda
de motoquinha, que é um cavalinho que ela anda e também tem balanço. Nós
77
Consigo brincar com ela das 18:00 ate às 19:30... Depois vem o jantar e
brinco mais uns 40 minutos antes do ritual de soninho. Pela manhã brinco das 7h até
as 9h. De fim de semana fico mais tempo... junto com ela e com meu marido.
Acho que o tempo mudou... Hoje a minha filha tem brinquedos que eu
não tinha na idade dela, que ajudam bastante no desenvolvimento e crescimento dela.
Brinquedos de encaixe, DVDs criativos mas bastante instrutivos, bonequinhos
coloridos e emborrachados, brinquedos onde você coloca bolachinhas e quando a
criança pega canta uma musiquinha para comer tudo, tem livrinhos de banho...
Eu também andei cedo com 9 meses...mas pelo que minha mãe conta eu
brincava empurrando cadeiras, de boneca e de bola com meu irmão mais velho. Vejo
as crianças no meu prédio brincar de bola, de boneca e de pique-esconde. Acho que o
que vale é não deixar morrer este lado infantil e estas lembranças que nós temos...
Assim podemos passar isso para nossos filhos.
Mas o lado tecnológico de hoje é muito bom para as crianças. Mas tudo
tem que ser regrado, os pais não podem esquecer que tem que impor limites na
questão de celular, computador, TV.
Acho ótimo. Mas como sempre precisamos ter bom senso. Ela adora
passear... Adora ir pra rua. Mas com o clima de São Paulo e a idade dela, ela é muito
78
novinha, fico perto de casa... Caso o clima mude. O tempo em São Paulo muda muito
rápido. Mas as poucas vezes que ela teve contato com a natureza ela adorou. Assim
que ficar mais velha vamos levá-la em parques e fazendinhas próximas de São Paulo
para ela ver tudo o que eu via de graça e a toda hora quando era criança. Todos os
bichinhos, tirar leitinho da vaquinha, essas coisas...
PAI 5
Idade: 31
Quando você era criança, como era sua brincadeira? (Onde, com
quem, quando, por quanto tempo)
Como seus filhos brincam? (Onde, com quem, quando, por quanto
tempo)
Minha filha hoje brinca mais na escola, onde tem o parque ao ar livre,
tem piscina, quadra. Isso no período da manha. A tarde ela brinca no quintal de casa,
na piscina, vai no parque do condomínio ou na casa de amigos. Ela tem bastante
contato com a natureza e brincadeiras ao ar livre.
79
Minha filha tem o privilégio de poder brincar com as mesmas coisas que
eu, porque nós moramos em um condomínio fechado de casas e há a possibilidade de
frequentar parques, ter contato com animais, com a natureza e de brincar na rua.
PAI 6
Idade: 35
Quando você era criança, como era sua brincadeira? (Onde, com
quem, quando, por quanto tempo)
Eu brincava com minhas irmãs e amigas, de Barbie, por horas a fio. Mas
eu também brincava na rua, de esconde-esconde, ou inventava brincadeiras
diferentes - de teatrinho, de dança, de banco, de comidinha.
Como seus filhos brincam? (Onde, com quem, quando, por quanto
tempo)
80
Ah! Sempre eu e meu marido brincamos com eles. Nem que seja um
pouquinho no carro, na cama antes de dormir, na rua ou no chão.
Este ponto eu valorizo muito. Tive sítio na minha infância, e meus filhos
também têm. Podemos conhecer as plantas, pegar frutas no pomar, cuidar de
hortinhas e plantinhas, mexer na terra, se sujar. Fora a relação com animais que é
ótima, cria crianças felizes, saudáveis e seguras. Sem medo. Meus filhos adoram
tanto quanto eu e meu marido adorávamos.
PAI 7
Idade: 33 anos
Quando você era criança, como era sua brincadeira? (Onde, com
quem, quando, por quanto tempo)
Como seus filhos brincam? (Onde, com quem, quando, por quanto
tempo)
82
Minha filha fica na escola período quase integral. Ela entra as 10h e sai
as 18h. Brincamos com ela normalmente dentro de casa, embora eu more em
condomínio fechado de casa e ela consiga brincar na rua andando de bicicleta ou
brincando de bola. A maior parte das brincadeiras são de video game, onde ela passa
praticamente das 19h as 20h nessa atividade. Não há amigos vizinhos, seus amigos
são da escola e filhos dos meus amigos que frequentam nossa casa.
PAI 8
Idade: 38 anos
83
Quando você era criança, como era sua brincadeira? (Onde, com
quem, quando, por quanto tempo)
Como seus filhos brincam? (Onde, com quem, quando, por quanto
tempo)
PAI 9
Idade: 37
Quando você era criança, como era sua brincadeira? (Onde, com
quem, quando, por quanto tempo)
Como seus filhos brincam? (Onde, com quem, quando, por quanto
tempo)
Minha filha tem hoje 8 meses, ela ainda brinca muito sozinha e comigo
ou meu marido. Na escolinha já perguntei e disseram que ela gosta de interagir com
85
as demais crianças da faixa etária 1 a 1ano e meio. Mas acredito que brinque também
sozinha com as monitoras.
Por enquanto acho que está no mesmo. Na verdade acho que é possível
ter o mesmo nível de brincadeiras, estimular que a criança goste de ouvir uma
história e brincar sem brinquedos, tipo corre-corre, esconde-esconde. É algo natural.
Acho que isso depende em boa parte dos pais, pois essas brincadeiras são mais
trabalhosas do que deixar a criança em frente a uma televisão, um computador e um
video game. É impossível dizer que minha filha não irá brincar com isso, até porque
isso faz parte da geração dela. Mas vou estimulá-la a se divertir e brincar sem isso
também.
Acho muito saudável. Não quero que minha filha não saiba que existe um
pé de laranja, e que é da vaca que vem o leite, e coisas do gênero.
PAI 10
Idade: 43 anos
86
Quando você era criança, como era sua brincadeira? (Onde, com
quem, quando, por quanto tempo)
Como seus filhos brincam? (Onde, com quem, quando, por quanto
tempo)
Meus filhos não tem tanto acesso a natureza como eu tive, eles ficam
mais é na escola, brincando com os amiguinhos de lá. Com a correria de hoje,
percebo que eu tinha contato com a natureza, não havia a tecnologia comandando
tudo dentro de casa e das escolas. Hoje, minha filha fica no computador, no video
game e quer um celular. Meu filho ainda não aprendeu a acessar estas ferramentas,
mas com o desenvolvimento das crianças nesta marcha acelerada, em breve as
brincadeiras de roda, pião, carrinhos de rolemã ficarão mais esquecidos ainda.
87
PAI 11
Idade:
Quando você era criança, como era sua brincadeira? (Onde, com
quem, quando, por quanto tempo)
Como seus alunos brincam? (Onde, com quem, quando, por quanto
tempo)
Mudou muito, porque hoje minha filha tem brinquedos que eu não tinha,
que nem boneca. Eu sempre quis uma boneca e minha mãe não tinha condição de
comprar. Hoje a situação melhorou e eu compro pra ela. Eu compro tudo que ela
quer.
PAI 12
Idade: 32 anos
Quando você era criança, como era sua brincadeira? (Onde, com
quem, quando, por quanto tempo)
Como seus filhos brincam? (Onde, com quem, quando, por quanto
tempo)
Piorou. Antes era mais construtivo. Brincar com outras crianças é outra
vida.
PROFESSOR 1
Idade: 27 anos
Quando você era criança, como era sua brincadeira? (Onde, com
quem, quando, por quanto tempo)
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Como seus alunos brincam? (Onde, com quem, quando, por quanto
tempo)
PROFESSOR 2
Idade: 36 anos
Quando você era criança, como era sua brincadeira? (Onde, com
quem, quando, por quanto tempo)
Quando eu era bem pequena, eu era filha única, então eu brincava mais
em casa. A casa da minha avó era geminada com a minha. Então eu brincava muito
com a minha avó, ela era minha comadre. Como era só eu e minha mãe, quando ela
cansava de brincar comigo eu ia pra minha avó... Lá a gente fazia cabana, brincava
de comadre. Eu cresci, meu irmão nasceu e eu comecei afazer amizade com as
menininhas da rua. Minha avó chamava elas para ir na sua casa para brincar comigo.
Mas sempre dentro de casa, porque eu ainda era muito pequena.
Como seus alunos brincam? (Onde, com quem, quando, por quanto
tempo)
Hoje? Ai que dó! O espaço que eles tem para brincar é a escola. Não são
todos, mas a maioria mora em apartamento e os pais trabalham, o irmão é mais
velho... Então quase não brincam em casa. Se vê pelas meninas, elas são mais
evoluídas, mais mocinhas, porque não brincam muito em casa... A brincadeira é
outra. Tem famílias que até levam de final de semana para passear para lugar aberto,
mas é minoria e bem raro este tipo de pais.
hoje um jardim. Por mais que no prédio que você more tenha um playground, você
vai olhar é de grama sintética, as àrvores estão em vasos, não pode trepar... Eu acho
que faz falta, por que pra você subir numa arvore, você precisa de uns procedimentos
que só subindo na àrvore se descobre quais são: o seu corpo, o que você tem que
fazer, como se equilibrar. E hoje não se tem isso... Pra que serve a árvore? Ela dá
sombra, ela dá fruto... Quando eu era pequena a gente pegava amora do pé, pegava
cana... É diferente quando você sabe o que a árvore pode te oferecer. A função da
árvore você aprendeu vivendo, ninguém precisou te ensinar. E é assim na natureza
geral... Andar descalço que é tão bom pra energia e hoje é difícil, pois andar descalço
gripa, a saúde é frágil, é a poluição... Hoje o contato com a natureza está tão
fraquinho e ele é tão necessário.
Quando você era criança, como era sua brincadeira? (Onde, com
quem, quando, por quanto tempo)
Como seus alunos brincam? (Onde, com quem, quando, por quanto
tempo)
PROFESSOR 3
Idade: 30 anos
Quando você era criança, como era sua brincadeira? (Onde, com
quem, quando, por quanto tempo)
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Como seus alunos brincam? (Onde, com quem, quando, por quanto
tempo)
PROFESSOR 4
Idade: 27 anos
Quando você era criança, como era sua brincadeira? (Onde, com
quem, quando, por quanto tempo)
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Como seus alunos brincam? (Onde, com quem, quando, por quanto
tempo)
Eu acho que o que facilita pra eles brincarem com areia é o fato de eu ter
meu olhar pra isso, por que os pais não tem mais essa preocupação de levar na areia.
Leva porque é um espaço grande para brincar, mas não especificamente para brincar
na areia. Eu posso falar que eles tem uma certa relação co as brincadeiras que eu
brincava pois eu possibilito isso.
PROFESSOR 5
Idade: 35 anos
Quando você era criança, como era sua brincadeira? (Onde, com
quem, quando, por quanto tempo)
Outra coisa que eu fazia muito era se maquiar. Só que eu não podia pegar
a maquiagem da minha irmã e eu não tinha de verdade, eu e minha amiga fazíamos
maquiagem com uma planta que chama beijinho. Dela sai um suminho. A gente
espremia e passava em cima do olho, fazia batom. Outras vezes a gente fazia salada
de planta que era parecida com um coração. Segundo minha mãe chamava coração
de professor. A gente lavava na torneira, cortava e a gente comia... Não morria!
Tanto que estou aqui para dar o relato! Inclusive eu me lembro bem desta plantinha,
porque ela estava em cima do meu bolo de aniversário de 6 anos. Fizeram uma
surpresa pra mim na pré-escola. Era meu primeiro ano na escola e minha irmã
chegou com o bolo e cheio das florzinhas que eu adorava... Eu fiquei tão
emocionada!
Uma das coisas que eu coisas que eu gostava de fazer era brincar com
calcário. Uma época começaram a mexer no terreno perto da minha casa para vender,
então o trator arrancava terra. E era muito legar ver as cores da terra. Você já viu?
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Primeiro vinha a amarela, depois a branca e por cima tinha a vermelha. A gente
gostava de pegar a que era mais rara pra gente que era o calcário. A gente pegava um
pouco peneirava com uma peneira que eu “roubei” do meu pai e a gente fazia o bolo
de calcário. A gente fazia o bolo e misturava água com calcário para deixar branco
por cima. Ficava lindo nosso bolo.
Também era muito legal fazer pocinhos. Mas não era de qualquer jeito, a
água tinha que ficar limpinha. Então a gente pegava colher da gaveta da minha mãe,
cavava ou no meu terreno ou no quintal da minha amiga. E tinha uma técnica. Depois
de cavar a gente tinha que procurar essas pedras de construção, que eu chamava de
brita – não sei se chama assim, ai você tem que colocar na parede do poço. Depois
pega uma folha de jornal e socava tudo junto, no fundo também. E quando você
colocar água, ela fica limpa! Era o nosso poço! Experimenta um dia pra você ver! Ai
a gente trazia as bonecas e outras coisas para brincar na água. Só que antes tinha que
fazer todo este processo. Isso foi muito marcante. O mais legal é que depois que você
fez o poço, brincou e foi fazer outra coisa, esqueceu, você volta no lugar o poço
estava seco. Mas se chovia e logo depois você ia ver, o poço já estava cheio denovo.
E a gente adorava brincar! Ficavam uns vermes também na água. Mas a gente nem
ligava! Não sei que bicho era aquele, eram umas minhoquinhas pretas... Se fosse hoje
era dengue! (risos) A gente não ligava, só ficava gritando: “Olha! Tem minhoca no
meu poço!”
Uma coisa frustrante foi nunca ter conseguido fazer um pipa na minha
vida. Porque todos os meninos brincavam e a gente queria também. Mas eles não
ensinavam a gente porque falavam que era coisa de menino. Eu e minha amiga a
gente fez, mas o pipa ficou tão pesado que não subia o pipa. A gente até investigou
porque tinha dado errado e tentar consertar, mas não conseguimos.
Como seus alunos brincam? (Onde, com quem, quando, por quanto
tempo)
Eles brincam mais na escola. Em casa são poucos os pais que param para
brincar com as crianças. E eles falam pra gente que as crianças em casa ficam na
frente da televisão.
As crianças de hoje já tem tudo pronto, pra brincar de alguma coisa elas
não precisam de muito esforço, para fazer os brinquedos... Eles nem tem mais tanto
carinho com os brinquedos. Já que eles tem muitos, não há problemas se quebrar,
logo ele ganha outro!
Mudou muito. É uma pena ver como está a infância hoje. Elas não
brincam com outras crianças, não criam... Antigamente as crianças tinham mais
espaço, não tinha gente em cima o tempo todo, eram mais livres.