Os Comentários No Livro do Profeta
Foi nesse período que Naum profetizou,
NAUM
Traduzido de: CALVIN, John. Commentary on the Twelve Minor Prophets: Jonah,
Micah, Nahum. vol.3. Translated by John Owen. Edinburgh: Calvin Translation
Society, 1847. p.411ss.
Sumário
Prefácio de Calvino ao Profeta Naum ................................................................................... 1
Prefácio de Calvino ao Profeta Naum
O tempo no qual Naum profetizou não pode ser definido de modo preciso. Os
hebreus, sempre ousados em conjecturas, dizem que ele exerceu seu ofício de
ensino sob Manassés, e que o nome daquele rei foi suprimido porque foi indigno
de tal honra, ou porque seu reinado foi lamentável, pois ele havia sido levado
cativo. Quando alguém lhes pede alguma razão, eles apenas dizem que isto lhes
parece ser assim. Como então não há razão para tal conjectura, devemos vir ao que
parece ser mais provável.
Aqueles que pensam que ele profetizou sob Jotão estão, sem dúvida, enganados, e
podem ser facilmente refutados, pois ele aqui anuncia a ruína da cidade de Nínive,
porque os assírios haviam devastado cruelmente o reino de Israel, e é por esses
erros que ele anuncia vingança: Mas sob Jotão, o reino de Israel não havia sido
devastado. De fato sabemos que os assírios foram subornados por Acaz, quando
este viu-se incapaz de resistir aos ataques de dois reis vizinhos, o rei da Síria o rei
de Israel. Foi aí então que os assírios entraram na terra de Israel, e com o passar do
tempo, eles devastaram todo o reino.
porque seu objetivo era mostrar que Deus tinha cuidado para com esse reino, por
conta de sua adoção ou pacto. Embora os israelitas haviam se separado de maneira
pérfida do povo de Deus, o pacto de Deus permaneceu em vigor. Então, seu
desígnio foi mostrar que Deus foi o pai e o protetor desse reino. Como esse foi o
objetivo do profeta, é certo que ele ensinou depois da morte de Acaz, sob
Ezequias, ou sobre aquele tempo.1
Ele seguiu Jonas a alguma distância, como podemos facilmente nos inteirar. Jonas,
como já pudemos ver, pronunciou uma ameaça na cidade de Nínive, mas a punição
foi remitida, porque os ninivitas se humilharam, suplicantemente, de modo que a
punição anunciada não lhes sobreveio. Por isso, Deus veio menos disposto a
poupá-los. Embora eles fossem estrangeiros, ainda assim, Deus teve prazer em
mostrar-lhes seu favor, ensinando-os por meio do ministério e labores de Jonas: e
seu arrependimento não foi, de modo geral, fingido. Desde então eles já estavam
dotados com algum conhecimento do verdadeiro Deus, o menos desculpável foi
sua crueldade, quando eles procuraram oprimir o reino de Israel. Eles de fato
sabiam que aquela nação era sagrada para Deus: o que eles fizeram foi, de certo
modo, um ultraje contra o próprio Deus.
Agora compreendemos qual é o provável período no qual Naum realizou seu ofício
como um mestre. Embora não saibamos certamente qual seja a data, como eu disse
no começo, pode-se saber: com base nas afirmações acima é que eu condenei os
rabinos por imprudência neste assunto, porque eles são ousados o suficiente para
levar qualquer coisa adiante como uma verdade, mesmo se tratando de algo que
não há certeza.
Eu já declarei, em parte, o desígnio do profeta. A soma do todo é: Quando os
assírios perturbaram o reino de Israel por algum tempo, o profeta surgiu e exortou
os israelitas a ter paciência, isto é, aqueles que continuaram servindo a Deus, por
1
“Eu concluo a partir de 2.2, que Naum profetizou após o cativeiro das dez tribos. Josefo o
coloca no reinado de Jotão e diz que suas predições aconteceram cento e quinze anos
depois. Ant. IX. xi. 3. Segundo nossos melhores cronologistas, esta data nos levaria ao ano
em que Samaria foi ocupada. E eu concordo com aqueles que pensam que Naum proferiu
essa profecia no reinado de Ezequias, e não muito depois da subversão do reino de Israel
por Salmaneser.” – Newcome.
que Deus não os abandonara completamente, mas se encarregaria de sua causa,
porque eles estavam sob sua proteção.
No que diz respeito a Nínive, já declaramos que ela era a capital do império
enquanto os assírios governavam: pois a Babilônia era uma província, isto é, a
Caldeia, cuja metrópole era a Babilônia, uma das províncias do império. Depois o
reino foi tirado de Merodaque-Baladã. Alguns pensam que Nabucodonosor foi o
primeiro monarca da Caldeia, mas eu não me desgastarei nesse assunto. É possível
que Merodaque-Baladã tivesse dois nomes, o que era muito comum. Como
sabemos, os reis do Egito eram chamados de Faraós, então os assírios e os caldeus,
embora tivessem seus nomes originais, podiam tomar um nome real em comum.
Agora, Nínive era tão celebrada que outro reino não poderia ser estabelecido pelos
babilônios sem antes destruir aquela cidade. De fato sabemos que ela era muito
grande, conforme já declaramos ao explicar Jonas, pois possuía, como escritores
profanos registraram, aproximadamente três dias de jornada de circunferência.
Suas muralhas tinham 30 metros de altura e eram tão largas que carruagens podiam
passar uns pelos outros sem se tocar, e também havia mil e quinhentas torres.
Portanto, podemos ver motivo pelo qual, não sem razão, que essa cidade foi tão
celebrada na antiguidade.
Dizem que Ninus foi seu fundador, mas isto é comprovadamente um erro pelo
testemunho de Moisés em Gênesis 10. Eles também imaginam que Semíramis foi a
primeira rainha da Babilônia e que a cidade foi construída por ela, mas isto é uma
fábula. Pode ter sido ela que ampliou a cidade, mas Babilônia já há muitas eras
antes do seu nascimento. Assim, Ninus também pode ter aumentado e adornado
Nínive, mas a cidade foi fundada antes do seu nascimento. Autores profanos a
chamam de Ninus, não Nínive, provavelmente o nome Hebraico foi corrompido
por eles, como frequentemente é o caso. Seja como for, é evidente que, quando
Merodaque-Baladã, ou seu filho que o sucedeu, desejaram fixar a sede do império
na Babilônia, ele estava sob a necessidade de destruir Nínive para impedir a
rivalidade. E foi assim que aconteceu, e a cidade foi inteiramente demolida. Foi
essa destruição que, como veremos, Naum profetizou.
Comentários No Livro do Profeta NAUM
Exposição 99
Capítulo I
1. Onus Nineveh: Liber visionis Nahum Helkosi:
1. O fardo de Nínive. O livro da visão de Naum, o Elcosita.
Embora uma parte do que aqui foi entregue pertença aos israelitas e aos judeus, ele
ainda intitula seu livro tendo como base o seu principal conteúdo, chamando-o de o
fardo de Nínive. Dessa palavra aXm, mesha, nós falamos em outro lugar. Assim
os profetas chamam suas predições, quando denunciam qualquer grave e terrível
vingança de Deus. Como eles frequentemente ameaçaram os judeus, aconteceu que
eles chamaram, por meio do ridículo, todas as profecias por esse nome aXm,
mesha,, um fardo2, no entanto, o significado da palavra é adequado. Isso é a
mesma coisa que Naum disse, que ele foi enviado por Deus como um arauto, para
proclamar guerra aos Ninivitas por causa do seu povo escolhido. Os israelitas
poderia perceber como o verdadeiro e imutável Deus manteve seu pacto, pois ele
ainda manifestou seu cuidado para com eles, embora eles tivessem, por causa de
seus vícios, se alienado dele.
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A palavra vem de aXn,, para suportar, carregar. Alguns consideram esta como a
mensagem da parte de Deus para o povo e que é transmitida ou suportada pelos profetas,
que consequentemente é considerada o mesmo que uma profecia. Outros a consideram
como o julgamento para ser suportado pelo povo a quem foi anunciada tal mensagem. Este
último parece ser o significado aqui, onde se diz: “O fardo de Nínive.” Este foi o
julgamento que lhes foi imposto, e que a cidade haveria de tolerar, suportar e sofrer. – Ed.