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Aspectos da Disfagia 3
sem incapacidades e aqueles em processos agudos, mortes com cuidados de saúde prolongados nos
possuem altos percentuais de alterações dos mar- EUA estão relacionadas à disfagia. Residentes de
cadores do estado nutricional (11) . clínicas geriátricas nos EUA com disfagia e aspiração
Estudos clínicos têm demonstrado uma alta preva- apresentam taxa de mortalidade de 45%.
lência de desnutrição mundial, incluindo pacientes A identificação precoce e suporte nutricional agres-
em cuidados de home care, bem como em cuida- sivo é recomendado para pacientes idosos com risco
dos prolongados e agudos. Mais de 55% de idosos de desnutrição.
hospitalizados estão desnutridos no momento da
admissão (12) .
Idosos têm um risco particular de desnutrição, Requerimentos nutricionais:
associado com várias doenças crônicas, como a Os carboidratos, proteínas e gorduras nos
baixa ingestão protéica que resulta em diminuição alimentos fornecem calorias ou energia necessárias
da função imune, aumentando o risco de infecção para as funções fisiológicas. O fornecimento calórico
como a pneumonia; perda de massa magra, em inadequado resulta em perda de peso, incluindo
particular músculo esquelético e massa óssea, que perda de gordura e massa magra. A necessidade
resultam em fraqueza e fragilidade; diminuição da energética declina com a idade sendo mais difícil
habilidade de atividades normais; aumento do risco garantir ingestão adequada de macro e micronu-
de quedas e fraturas do quadril e diminuição total trientes.
da qualidade de vida. A redução da força muscular A proteína é necessária para a formação mus-
devido à redução da massa muscular (sarcopenia) é cular, matriz óssea, células do sistema imune,
uma parte normal do processo de envelhecimento, fatores sanguíneos, hormônios e enzimas, e
com declíneo de 30% observado após 70 anos. desempenha um papel essencial na reparação
A ingestão inadequada de proteínas leva a uma celular e cicatrização. Proteína adequada tam-
perda de massa magra corpórea que exacerba a bém é necessária na velhice para maximizar a
sarcopenia relacionada à idade, normalmente pre- funcionalidade, independência e qualidade de
sente em idosos. vida. Níveis baixos de proteínas séricas, como
A Incidência de desidratação associada à disfagia albumina, são indicativos de status protéico ina-
é aproximadamente 32% (13) . Tais pessoas possuem dequado e associados com aumento do risco de
um risco maior de desidratação do que a popula- morbidade e mortalidade. Nos pacientes idosos, a
ção de idosos em geral, devido à incapacidade de albumina sérica, pré-albumina e proteína ligadora
engolir e consumir quantidades adequadas de líqui- de retinol são índices utilizados na detecção da
dos. Embora seja considerada uma hospitalização desnutrição. A recomendação do RDA de 0,8 g
evitável, as taxas de hospitalização por desidratação proteínas/kg de peso é inadequada para idosos.
têm aumentado entre os idosos. A desidratação não Uma recomendação segura para esta população
tratada pode desenvolver outros problemas clínicos deverá ser de 1,0 a 1,25 g de proteína de alta
como infecções, constipação, pedra nos rins, pro- qualidade por kg de peso corpóreo/dia (16) .
lapso de válvula mitral, infecções do trato urinário, São recomendadas proteínas completas para o
pneumonia, úlceras por pressão, desequilíbrios suporte nutricional de pacientes desnutridos, pela
metabólicos e hipotensão ortostática, resultando quantidade suficiente de aminoácidos essenciais.
num aumento de quedas (14) . A água também é um nutriente essencial e crítico
A aspiração é definida como a inalação de conte- para ajudar na prevenção de desidratação e cons-
údos gástricos ou orofaríngeos até a laringe e trato tipação nos idosos. As recomendações diárias para
respiratório baixo, cuja consequência clínica mais água são de 30 ml/kg de peso corpóreo atual, ou
comum é a pneumonia. O risco de desenvolvimen- pelo menos 1500 ml de água/dia.
to de pneumonia por aspiração é aumentado Fibras dietéticas ajudam a normalizar a função
quando o paciente é desnutrido, com reflexo de intestinal nos idosos com constipação, sendo ne-
tosse diminuído e imunidade debilitada (15) . cessário também sua adequação na alimentação
As complicações da disfagia, especialmente a pneu- diária.
monia aspirativa estão associadas com o aumento Recomendações atuais das Sociedade Européia de
da mortalidade. Mortes relacionadas diretamente Nutrição Parenteral e Enteral (ESPEN) e da Ame-
com a disfagia refletem de 12 a 13% de todas as ricana (ASPEN), são unânimes em recomendar o
mortes hospitalares nos EUA. Mais de 60% das uso de suplementos nutricionais orais (SNO)
Desafios Nutricionais
Diagnóstico
É necessário entender a importância da textura
A disfagia é um complexo problema clínico que para elaboração das dietas para disfagia, uma vez
requer um adequado suporte nutricional. Quando que ela influencia na aceitação e deglutição do
mal diagnosticada, pode resultar em grave desnu- alimento (28) .
trição calórico-protéica, desidratação e pneu-
Os alimentos devem ser modificados, conferindo
monia aspirativa (26) , esta última muito perigosa e
maciez, como aquela encontrada em purês, min-
responsável pela maior parte das mortes.
gaus e preparações liquidificadas, de acordo com a
capacidade de deglutição do paciente e diagnóstico
fonoaudiológico. Ao mesmo tempo, devem ser atra-
Tratamento Nutricional
entes como uma refeição normal e nutricionalmente
Considerando o desafio que é para o profissional completa.
contornar o sintoma de disfagia, principalmente A National Dysphagia Diet (NDD) (29) , instituiu as
quando a decisão é utilizar a via oral para suprir propriedades reológicas dos alimentos, reconhecen-
total ou parcialmente as necessidades nutricionais, do e identificando a viscosidade e consistência dos
justifica-se a adaptar a consistência e individualiza- alimentos de maior significância terapêutica para
ção da dieta. Leva-se em consideração o grau de pacientes com disfagia. Os alimentos típicos foram
disfagia, estado cognitivo, capacidade de realizar testados, categorizados e definidos em níveis de
manobras compensatórias, grau de independência alimentos de textura líquida: (figura 1).
alimentar, estado nutricional e disponibilidade de A viscosidade, definida como a resistência do líquido
supervisão de profissionais e familiares. ao fluxo, grosseiramente falando, equivale à densi-
A tríade disfagia, desnutrição e idoso merece es- dade do líquido. É medida em centpoiese (ctps ou
pecial atenção dos profissionais da saúde quanto à cP). Os parâmetros estabelecidos pelo NDD servem
manutenção ou melhora do estado nutricional de como base para discussões e análises da prescrição
pacientes sob risco potencial. O tratamento como dietética.
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Figura 1: Tipos de Consistência
Líquidos Sólidos
Consistência tipo Néctar: Textura A - Macio
Líquido espessado. Os alimentos devem ser naturalmente ma-
Pode beber com ajuda de um canudo. cios ou devem ser cozidos ou cortados para
Pode beber diretamente em um copo/ alterar sua textura.
caneca.
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