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SUMÁRIO

1 AUTISMO........................................................................................... 3

1.1 Etiologia ................................................................................... 3

1.2 Incidência ................................................................................. 4

1.3 Quadro clínico .......................................................................... 5

1.4 Definição .................................................................................. 5

1.5 Fisioterapia............................................................................. 11

2 TERAPIAS ....................................................................................... 11

2.1 Método de Doman .................................................................. 11

2.2 Holding Terapy ....................................................................... 13

2.3 Hipoterapia ............................................................................. 15

2.4 Musicoterapia ......................................................................... 16

3 TRANSTRONOS GLOBAIS DO DESENVOLVIMENTO .................. 18

4 TRANSTORNO AUTISTA ................................................................ 19

4.1 Prevalência ............................................................................ 19

4.2 Distribuição por sexo .............................................................. 20

5 ETIOLOGIA E PATOGÊNESE ......................................................... 20

6 FATORES PSICOSSOCIAIS E FAMILIARES ................................. 20

7 FATORES BIOLÓGICOS................................................................. 21

8 FATORES GENÉTICOS .................................................................. 21

9 FATORES IMUNOLÓGICOS ........................................................... 22

10 FATORES PERINATAIS .............................................................. 22

11 FATORES NEUROANATÔMICOS ............................................... 22

12 FATORES BIOQUÍMICOS ........................................................... 23

13 CARACTERISTICAS FISICAS ..................................................... 23

14 CARACTERÍSTICAS COMPORTAMENTAIS............................... 23
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15 TRANSTORNOS DA COMUNICAÇÃO E NA LINGUAGEM ........ 24

16 COMPORTAMENTOS ESTERIOTIPADO .................................... 24

17 SINTOMAS COMPORTAMENTAIS ASSOCIADOS ..................... 25

18 DOENÇA FISICA ASSOCIADA .................................................... 25

19 FUNCIONAMENTO INTELECTUAL ............................................. 26

20 DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL .................................................... 26

21 RETARDO MENTAL COM SINTOMAS COMPORTAMENTAIS .. 27

22 AFASIA ADQUIRIDA COM CONVULSÃO ................................... 27

23 SURDEZ CONGÊNITA OU PREJUIZO AUDITIVO GRAVE ........ 27

24 CURSO E PROGNÓSTICO ......................................................... 28

25 TRATAMENTO ............................................................................. 29

26 HISTÓRICO DA EXCLUSÃO ....................................................... 30

26.1 Conceito de exclusão ............................................................ 34

27 INCLUSÃO DA CRIANÇA AUTISTA ............................................ 38

BIBLIOGRÁFIA ...................................................................................... 47
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1 AUTISMO

Fonte: www.boaformaesaude.com.br

A palavra autismo se origina do grego "auto” que significa "próprio". A


criança autista parece em si mesma, pouco reagindo ou respondendo ao mundo
que a rodeia. O autismo significa que o mundo não faz sentido. O mundo não
forma os padrões necessários de símbolos interligados que torna a vida
compreendida para essas crianças. As experiências sensoriais chegam à sua
mente a toda hora como uma língua estranha que ela nunca ouviu.

1.1 Etiologia

A etiologia é desconhecida, mas acredita-se em alteração orgânica


metabólica.
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Fonte: wwwportalpedagogico.blogspot.com.br

1.2 Incidência

De 10.000 crianças há de 4 a 5 casos com menos de 12 ou 15 anos.


Com retardo mental severo, a taxa pode subir para 20 casos em 10.000 crianças.
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E é 4 vezes mais comum em meninos do que em meninas; porém as meninas
são mais seriamente acometidas.

1.3 Quadro clínico

Fonte: biolugando.blogspot.com.br

1.4 Definição

O autismo é uma síndrome de etiologia puramente orgânica, para qual


existem, presentemente, três definições que podemos considerar como
adequadas:
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 A da ASA - American Society for Autism (Associação Americana
de Autismo)
 A da Organização Mundial de Saúde, contida na CID-10 (10a.
Classificação Internacional de Doenças) de 19991;
 A do DSM-V - diagnostic and Statistical Manual of Mental
disorders (Manual Diagnóstico e estatístico dos distúrbios
Mentais), da Associação Americana de Psiquiatria.

Fonte: www.boaformaesaude.com.br

A definição da ASA desenvolvida e aprovada em 1997, por uma equipe


de profissionais conhecidos pela comunidade científica mundial, por seus
trabalhos, estudos, pesquisas na área do autismo é resumidamente, a seguinte:
1 - “O autismo é uma inadequacidade no desenvolvimento que se
manifesta de maneira grave por toda a vida. Acomete cerca de vinte entre cada
dez mil nascidos e é quatro vezes mais comum entre meninos do que em
meninas. Não se conseguiu até agora provar nenhuma causa psicológica, no
meio ambiente destas crianças, que possa causar a doença”.
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Os sintomas, causados por disfunções físicas do cérebro, são verificados
pela anamnese ou presentes no exame ou entrevista com o indivíduo. Incluem:
1o - Distúrbios no ritmo de aparecimentos de habilidades físicas, sociais
e linguísticas.
2o - Reações anormais às sensações. As funções ou áreas mais
afetadas são: visão, audição, tato, dor, equilíbrio, olfato, gustação e maneira de
manter o corpo.
3o - Fala ou linguagem ausentes ou atrasados. Certas áreas específicas
do pensar, presentes ou não. Ritmo imaturo da fala, restrita compreensão de
ideias. Uso de palavras sem associação com o significado.
4o - Relacionamento anormal com os objetos, eventos e pessoas.
Respostas não apropriadas a adultos ou crianças. Uso inadequado de objeto e
brinquedos. "

Fonte: www.craeditgdincluso.com.br

2 - Segundo a CID-10, é classificado como F84-0, como "Um transtorno


invasivo de desenvolvimento, definido pela presença de desenvolvimento
anormal e/ou comprometimento que se manifesta antes da idade de 3 anos e
pelo tipo característico de funcionamento anormal em todas as três áreas: de
interação social, comunicação e comportamento restrito e receptivo. O
]
transtorno ocorre três a quatro vezes mais frequentemente em garotos do que
em meninas. "

Fonte: www.craeditgdincluso.com.br

3 - O DSM-V apresenta o seguinte critério de diagnóstico:


A. Déficits persistentes na comunicação social e na interação social em
múltiplos contextos, conforme manifestado pelo que segue, atualmente ou por
história prévia (os exemplos são apenas ilustrativos, e não exaustivos; ver o
texto):
1. Déficits na reciprocidade socioemocional, variando, por exemplo, de
abordagem social anormal e dificuldade para estabelecer uma conversa normal
a compartilhamento reduzido de interesses, emoções ou afeto, a dificuldade para
iniciar ou responder a interações sociais.
2. Déficits nos comportamentos comunicativos não verbais usados para
interação social, variando, por exemplo, de comunicação verbal e não verbal
pouco integrada a anormalidade no contato visual e linguagem corporal ou
déficits na compreensão e uso gestos, a ausência total de expressões faciais e
comunicação não verbal.
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3. Déficits para desenvolver, manter e compreender relacionamentos,
variando, por exemplo, de dificuldade em ajustar o comportamento para se
adequar a contextos sociais diversos a dificuldade em compartilhar brincadeiras
imaginativas ou em fazer amigos, a ausência de interesse por pares.
B. Padrões restritos e repetitivos de comportamento, interesses ou
atividades, conforme manifestado por pelo menos dois dos seguintes,
atualmente ou por história prévia (os exemplos são apenas ilustrativos, e não
exaustivos; ver o texto):
1. Movimentos motores, uso de objetos ou fala estereotipados ou
repetitivos (p. ex., estereotipias motoras simples, alinhar brinquedos ou girar
objetos, ecolalia, frases idiossincráticas).
2. Insistência nas mesmas coisas, adesão inflexível a rotinas ou padrões
ritualizados de comportamento verbal ou não verbal (p. ex., sofrimento extremo
em relação a pequenas mudanças, dificuldades com transições, padrões rígidos
de pensamento, rituais de saudação, necessidade de fazer o mesmo caminho
ou ingerir os mesmos alimentos diariamente).
3. Interesses fixos e altamente restritos que são anormais em intensidade
ou foco (p. ex., forte apego a ou preocupação com objetos incomuns, interesses
excessivamente circunscritos ou perseverativos).
4. Hiper ou hiporreatividade a estímulos sensoriais ou interesse incomum
por aspectos sensoriais do ambiente (p. ex., indiferença aparente a
dor/temperatura, reação contrária a sons ou texturas específicas, cheirar ou
tocar objetos de forma excessiva, fascinação visual por luzes ou movimento).
C. Os sintomas devem estar presentes precocemente no período do
desenvolvimento (mas podem não se tornar plenamente manifestos até que as
demandas sociais excedam as capacidades limitadas ou podem ser mascarados
por estratégias aprendidas mais tarde na vida).
D. Os sintomas causam prejuízo clinicamente significativo no
funcionamento social, profissional ou em outras áreas importantes da vida do
indivíduo no presente.
E. Essas perturbações não são mais bem explicadas por deficiência
intelectual (transtorno do desenvolvimento intelectual) ou por atraso global do
desenvolvimento. Deficiência intelectual ou transtorno do espectro autista
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costumam ser comórbidos; para fazer o diagnóstico da comorbidade de
transtorno do espectro autista e deficiência intelectual, a comunicação social
deve estar abaixo do esperado para o nível geral do desenvolvimento.

Fonte: www.oficinadalinguagem.com

O Autismo pode ocorrer isoladamente ou em associação com outros


distúrbios que afetam o funcionamento do cérebro, tais como Síndrome de Down
e epilepsia. Os sintomas mudam e alguns podem até desaparecer com a idade.
O Q.I de crianças autistas, em aproximadamente 60% dos casos,
mostram resultados abaixo dos 50,20% entre 50 e 70 e apenas 20% tem
inteligência maior do que 70 pontos.
O Portador de Autismo tem uma expectativa de vida normal.
Formas mais grave podem apresentar comportamento destrutivo,
autoagressão e comportamento agressivo, que podem ser muito resistentes às
mudanças.
O Autismo jamais ocorre por bloqueios ou razões emocionais, como
insistiam os psicanalistas. As causas são múltiplas. Algumas já têm sido
relacionadas, como: fenilcetonúria não tratada, viroses durante a gestação,
principalmente durante os três primeiros meses (inclusive citomegalovirus),
toxoplasmose, rubéola, anoxia e traumatismos no parto, patrimônio genético,
etc.
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1.5 Fisioterapia

Fonte: www.boaformaesaude.com.br

A atuação fisioterápica só é dada as crianças autistas com atraso motor,


onde são trabalhadas todas as fazes motoras até a marcha livre, estimulando as
etapas do desenvolvimento normal, prevenindo deformidades e dando
orientação familiar. Caso contrário existe algumas terapias na qual a criança
deve se identificar.

2 TERAPIAS

2.1 Método de Doman

A forma de trabalhar uma criança pode seguir muitos métodos distintos.


O método adequado depende muito do terapeuta e também das condições e
capacitações da criança.
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Fonte: www.innovaeducativa.com.br

Uma observação inicial que pode ser feita é que assim como a flor nasce,
o peixe nada e os pássaros cantam, a criança deve engatinhar andar e falar,
nesta sequência. São seus impulsos naturais. Quando ela falha no seu
desenvolvimento está também deve ser a sequência a ser seguida no seu
trabalho terapêutico, segundo apreciação do Dr. Doman, notável especialista
americano, que depois de trabalhar, durante anos, com crianças deficientes,
segundo os métodos então tradicionais, chegou a uma conclusão absolutamente
espantosa: "As crianças que tinham permanecido sem tratamento estavam
incomparavelmente melhores do que as tratadas por nós".
Buscando razões deste fracasso, através da observação, que as mães
que não lhe deram ensejo de imobilizar os filhos pelo tratamento, levaram-nos
para casa, puseram-nos no chão e permitirá que eles fizessem o que lhes
aprouvesse. Estas crianças, por instinto, passaram a rastejar, engatinhar,
obtendo melhoras consideráveis.
O seu método nasceu daí e visa estimular a evolução natural da criança.
Este método tem muito seguidores no Brasil, prevê um programa de exercícios
que chega a ser extenuante, mas que tem se revelado eficaz.
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2.2 Holding Terapy

Fonte: www.silviareginasimoes.wordpress.com

A terapia do abraço vem sendo empregada e defendida com crescente


entusiasmo por um grupo bastante numeroso. A revista Communication da
National Autistic Society de junho de 89 apresentou um artigo de Michele
Zappella (Psiquiatra) e John Richer (Pediatra) que resumimos a seguir.
O holding é uma forma de intervenção intrusiva cujo objetivo é reduzir o
isolamento social, aumentar a comunicabilidade e desenvolver laços de união.
O holding deve ser sempre parte de um pacote maior de terapias, mas parece
ser uma eficiente terapia para desenvolver as condições da maioria das crianças
autistas e de remover comportamentos indesejáveis. Welch desenvolveu esta
forma de terapia como parte de uma ampla abordagem.
Ainda não está claro como o Holding atua, porque a eficácia depende de
quem a aplica e qual a inter-relação com as demais terapias aplicadas
simultaneamente. O fato é que se obtêm resultados, independente de gravidade
do autismo. Vamos dar um exemplo:
"Uma criança com 1 ano e meio foi diagnosticada como autista e colocado
em um programa de um hospital escola, onde ficava a maior parte do dia com
outras crianças autistas. Depois de dois anos ela se apresentava seriamente
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retardada e com comportamento fortemente autístico, com péssimo prognóstico.
Foi submetida então a tratamento envolvendo interações físicas acentuadas,
com Michele Zappella. Depois de 6 meses o comportamento social da criança
estava dentro da faixa normal da idade. Este exemplo é uma ilustração e não
pode, evidentemente, ser apresentado como evidência."
Deve ser lembrado. Inicialmente, que existem muitas variações de terapia
do abraço. De um modo geral, porém são elementos comuns:
 O adulto mantém a criança abraçada mesmo que ela se oponha
e lute para se livrar, até que ela se acalme e relaxe.
 O adulto deve manter o controle da criança

Uma seção atípica apresenta os seguintes passos:


 Inicialmente a criança pode ficar quieta, mas a seguir começa a
se debater. Os pais continuam a abraçá-la.
 A criança se debate mais e mais e ocasionalmente começa a
gritar. O pai mantém o abraço.
 Os ciclos de luta, gritos e aquietamentos podem de estender até
por mais de uma hora.

Fonte: www.monsanto.interdinamica.com.br
]
Durante, em especial, as seções iniciais, a criança se enraivece mais,
então soluça, depois relaxa e se amolda ao corpo dos pais. A partir de então a
criança se torna mais comunicativa, aconchegante e aberta.
A insistência em confrontar a criança é uma importante característica do
HOLDING. A intervenção é realizada mantendo a criança em contato estreito,
fixando-lhe o olhar, beijando-a e falando com ela (Alguns usam um fundo
musical).
Zappella aplicou a terapia a 50 crianças autistas, com idade de 3 a 15
anos, envolvendo a família e tendo como base a terapia do abraço. Ela registra
que 12% se normalizaram após dois anos, 18% perderam o comportamento
autístico e 44% apresentaram progressos moderados e 26% não demonstraram
resultados. J. Prekop, na Alemanha reportou resultados similares. Ela também
comparou o desenvolvimento destas crianças com outras que não tinham sido
submetidas ao HOLDING, concluindo que, relativamente, fizeram maior
progresso.

2.3 Hipoterapia

Fonte: www.ominho.com.br
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Essa atividade ajuda a fornecer balanço e força e requer o uso de suas
mãos, portanto minimiza os movimentos estereotipados das mãos e aumenta o
uso das mesmas.
O autista ganha controle, trazendo confiança e satisfação.

2.4 Musicoterapia

Fonte: www.ehow.com.br

A musicoterapia é um método muito eficaz. A música promove o


relacionamento entre o paciente e o terapeuta, que aproveita, na terapia tudo
que possa provocar algum ruído, som ou mesmo movimento.
A musicoterapia também utiliza o próprio corpo do paciente. No início, o
terapeuta espera que o autista se expresse de algum modo, um piscar de olhos,
um som, um gesto qualquer. O terapeuta, então, repete o gesto ou emite o
mesmo som, tentando estabelecer uma comunicação com o paciente. Ao
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mesmo tempo, procura mostrar ao autista que ele será aceito, não importa a
maneira como aja.

Fonte: www.indianopolis.com.br

Se o autista retribui a mensagem, a primeira comunicação está feita. Ele


começa a se comunicar com os outros. Ele, agora, vê o mundo e o compreende.
 Crescimento da independência escolhendo músicas e atividades
 Comunicação (atividades musicais através de símbolos).
 Desenvolvimento da autoimagem e da autoestima.
 Estimulação pelo contato expressivo dos olhos.
 Desenvolvimento da vocalização através da música.
 Aumento do uso proposital das mãos enquanto toca os
instrumentos
 Aumento da socialização através da participação

A musicalidade induz ao relaxamento que facilita na liberdade de


movimentos e expressão.
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Nem todo autista tem um atraso motor, mas o que tiver deve-se trabalha
esse atraso até a marcha livre.

3 TRANSTRONOS GLOBAIS DO DESENVOLVIMENTO

Os transtornos globais do desenvolvimento incluem um grupo de


condições nas quais há atraso ou desvio no desenvolvimento de habilidades
sociais, linguagem, comunicação e repertório comportamental.

Fonte: www.slideplayer.com.br

Crianças afetadas exibem interesse intenso idiossincrático em uma


estreita gama de atividades, resistem à mudança e não respondem de maneira
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adequada ao ambiente social. Esses fatores se manifestam cedo na vida e
causam disfunção pertinente.

4 TRANSTORNO AUTISTA

O transtorno Autista (historicamente chamado de autismo infantil precoce/


autismo da infância ou autismo de Kanner) é caracterizado por interação social
recíproca anormal, habilidades de comunicação atrasadas e disfuncionais e um
repertório limitado de atividades e interesses.

Fonte: www.jusro.com.br

4.1 Prevalência

A taxa é de cinco casos por 10 mil crianças. O início do transtorno ocorre


antes dos 3 anos de idade, ainda que possa não ser reconhecido até a criança
ser muito mais velha.
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4.2 Distribuição por sexo

É 4 a 5 vezes mais frequente em meninos do que em meninas. Meninas


com transtorno autista têm maior probabilidade de apresentar um retardo mental
grave.

5 ETIOLOGIA E PATOGÊNESE

Segundo Kanner poderia ser consequência de mães muito “geladeiras”,


porém não há validade de tal hipótese.

Fonte: www.conhecendo-o-transtorno-do-espectro-autsticocom.br

6 FATORES PSICOSSOCIAIS E FAMILIARES

Essas crianças podem responder com sintomas exacerbados a


estressores psicossociais, incluindo discórdia familiar, nascimento de um novo
irmão ou mudança familiar.
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7 FATORES BIOLÓGICOS

Cerca de 75% das crianças afetadas apresentam um retardo mental. Um


terço tem retardo mental leve a moderado e perto da metade tem retardo mental
grave ou profundo (essas crianças apresentam déficits mais importantes no
raciocínio abstrato no entendimento social e em tarefas verbais do que em
tarefas de desempenho).
Podem apresentar também:
 Convulsões;
 Aumento ventricular;
 Anormalidades eletroencefalográficas.

8 FATORES GENÉTICOS

Entre 2 e 4% dos irmãos de crianças autistas também tinham transtorno


autista, uma taxa 50 vezes maior do que na população geral.

Fonte: www.clinipam.com.br
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9 FATORES IMUNOLÓGICOS

Incompatibilidades imunológicas (anticorpos maternos transferidos ao


feto) podem contribuir para o transtorno autista. Os linfócitos de algumas
crianças autistas reagem com anticorpos maternos, o que levanta a possibilidade
de que tecidos neurais embrionários ou extraembrionários possam ser
danificados durante a gestação.

10 FATORES PERINATAIS

Uma incidência de complicações perinatais mais alta que o esperado


parece ocorrer em bebês mais tarde diagnosticados como autistas.
Sangramento materno após o primeiro trimestre. No período neonatal, estas têm
uma alta incidência de síndrome de sofrimento respiratório e anemia neonatal.

11 FATORES NEUROANATÔMICOS

Fonte: www.socialspirit.com.br
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Estudos de RM comparando indivíduos autistas e controles normais
demonstraram que o volume cerebral total era maior entre os primeiros, embora
crianças com um retardo mental grave em geral tenham cabeças menores. O
volume pode sugerir: neurogenese aumentada, morte neuronal diminuída e
produção aumentada de tecido cerebral não neuronal, como células gliais ou
vasos sanguíneos. Acredita-se que o lobo temporal seja uma área crítica de
anormalidade cerebral no transtorno autista.

12 FATORES BIOQUÍMICOS

Em algumas crianças autistas, altas concentrações de ácido homovanílico


(principal metabólito da dopamina) no liquido cerebrospinal (LCS) estão
associados a aumento do retraimento e estereotipias.

13 CARACTERISTICAS FISICAS

Crianças com transtorno autista costumam ser descritas como atraente e


a primeira vista, não apresentam nenhum sinal indicando o problema. Podem
apresentar malformações das orelhas, uma vez que a formação das orelhas se
dá quase ao mesmo tempo em que a formação de porções do cérebro. Também
apresentam uma incidência mais alta de demartoglifia anormal (impressões
digitais) do que a população em geral.

14 CARACTERÍSTICAS COMPORTAMENTAIS

 Apresentam prejuízos qualitativos na interação social: não


apresentam sinais sutis com os pais e outras pessoas.
 Não apresentam contato visual ou o mesmo é muito pobre.
 Não reconhecem ou não diferenciam as pessoas mais
importantes em sua vida.
 Podem apresentar ansiedade extrema quando ocorre alguma
mudança em sua rotina.
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 Há um déficit notável no brincar, seu comportamento social pode
ser desajeitado ou inadequado.
 Incapazes de interpretar a intenção do outro (não desenvolvem a
empatia).

15 TRANSTORNOS DA COMUNICAÇÃO E NA LINGUAGEM

Fonte: www.WagnerdaMatta/psicolingustica.com.br

Os autistas têm dificuldade marcante em formar frases significativas


mesmo quando dispõem de vocabulários amplos.

16 COMPORTAMENTOS ESTERIOTIPADO

 Em seus primeiros anos de vida não explora o ambiente (ou


pouco).
 Os brinquedos são manuseados de formas ritualísticas, com
poucos aspectos simbólicos.
 Suas atividades tendem a ser rígidas, repetitivas e monótonas,
muitas com retardo mental grave, exibem anormalidades no
movimento.
 Costumam ser resistentes a transição e mudança.
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17 SINTOMAS COMPORTAMENTAIS ASSOCIADOS

 Hipercinesia é um problema de comportamento comum entre


crianças autistas.
 Agressão e acessos de raiva são observados, em geral induzidos
por mudanças e exigências.
 Comportamento automutilador (inclui bater a cabeça, morder,
arranhar e puxar o cabelo).
 Período de atenção curto.
 Baixa capacidade de focalizar-se em uma tarefa.
 Insônia.
 Enurese.
 Problemas de alimentação.

Fonte: www.inspiradospeloautismo.com.br

18 DOENÇA FISICA ASSOCIADA

 Tem uma incidência mais alta do que o esperado de infecções do


trato respiratório superior e de outras infecções menores.
 Constipação e aumento do transito intestinal.
]
 Convulsões febris.

19 FUNCIONAMENTO INTELECTUAL

Capacidades cognitivas ou Visio motoras incomuns ou precoces ocorrem


em algumas crianças autistas. São chamadas de funções fragmentadas ou ilhas
de precocidade.
Memórias de hábitos ou capacidades de cálculos muitas vezes superiores
aos seus pares normais.
Hiperlexia e boa leitura (embora não possam entender o que leem.)
Memorização e recitação, bem como capacidades musicais (cantar ou tocar
melodias e reconhecer notas musicais).

Fonte: www.veja-as-noticias-que-marcaram-o-ano-de-2013.com.br

20 DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL

Os principais diagnósticos diferenciais são esquizofrenia com início na


infância, retardo mental com sintomas comportamentais, transtorno misto de
linguagem receptivo-expressiva, surdez congênita ou transtorno auditivo grave,
privação psicossocial e psicose desintegrativa (regressivas).
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21 RETARDO MENTAL COM SINTOMAS COMPORTAMENTAIS

Crianças com retardo mental tendem a relacionar-se com adultos e outras


crianças de acordo com sua idade mental, usam a linguagem que tem para
comunicar se e exibem um perfil de prejuízos relativamente uniforme, sem
funções fragmentadas.

22 AFASIA ADQUIRIDA COM CONVULSÃO

Afasia adquirida com convulsão é uma condição rara, às vezes difíceis de


diferenciar de um transtorno autista e transtorno desintegrativo na infância.

23 SURDEZ CONGÊNITA OU PREJUIZO AUDITIVO GRAVE

Visto que crianças autistas com frequência são mudas ou apresentam um


desinteresse seletivo na linguagem falada, costumam ser julgada surda.

Fonte: www.vivamelhoronline.com
]
Os fatores de diferenciação incluem o seguinte: bebês autistas podem
balbuciar com pouca frequência, enquanto bebês surdos têm história de balbucio
relativamente normal, que vai diminuindo e pode parar entre 6 meses e 1 ano de
idade. Crianças surdas respondem a apenas sons altos, enquanto autistas
podem ignorar sons altos ou normais e responder a sons suaves ou baixos.
As crianças mesmo surdas gostam de se relacionar com seus pais,
buscam sua afeição e gostam de ser seguradas enquanto bebês, diferentemente
do autista.

Fonte: www.casadedavid.net.br

24 CURSO E PROGNÓSTICO

O transtorno autista costuma se uma condição para toda a vida com um


prognóstico cauteloso. Crianças autistas com um QI acima de 70 e aquelas que
usam linguagem comunicativa nas idades de 5 a 7 anos tendem a ter melhores
prognósticos.
As áreas de sintoma que não parecem melhorar com o tempo foram
àquelas relacionadas a comportamentos ritualísticos e repetitivos.
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Em geral, estudos do resultado em adultos indicam que cerca de dois
trecos dos adultos permanecem gravemente incapacitados e vivem em
dependência completa ou semidependência com seus parentes ou em
instituições de longo prazo.
O prognóstico melhora quando o ambiente ou lar é sustentador e capaz
de satisfazer as necessidades extensivas dessas crianças. Embora os sintomas
diminuam em muitos casos, automutilação grave ou agressividade e regressão
podem desenvolver em outros.

25 TRATAMENTO

Os objetivos do tratamento de criança com transtorno autista são


aumentar o comportamento socialmente aceitável e pró-social, diminuir sintomas
comportamentais bizarros e melhorar a comunicação verbal e não verbal.

Fonte: www.autismoinfantil.com.br

Além disso, os pais muitas vezes confusos necessitam de apoio e


aconselhamento. No momento intervenções educacionais e comportamentais
são mais indicadas. Treinamento em sala de aula estruturada em combinação
com métodos comportamentais é o mais efetivo para muitas crianças autistas.
Não há medicamentos específicos para tratar os sintomas centrais do
autista, entretanto, a psicofarmacoterapia é um tratamento adjunto valioso para
melhorar sintomas comportamentais associados.
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Foi relatado que ela atenua sintomas como agressividade, acesso de
raiva grave, comportamentos automutiladores, hiperatividade, comportamento
obsessivo compulsivo e esteriotipias. A administração de medicamentos
antipsicoticos pode reduzir o comportamento agressivo e automutilador.

26 HISTÓRICO DA EXCLUSÃO

Fonte: www.apape.com.br

Nos anos 60 e 70, a marginalidade era vista como pobreza, uma


consequência das migrações internas que esvaziavam o campo da região
nordeste, do norte e “incharam” as cidades como Rio de Janeiro e São Paulo.
Entendia-se na época, que os problemas urbanos de moradia (favelas),
mendicância, delinquência etc., poderiam ter suas raízes nesses processos
migratórios.
Inicia-se aí a exclusão, onde competidores teriam a mesma chance na
luta pelo espaço, sendo que os mais aptos ganhariam melhores posições nesse
ambiente construído e disso resultariam zonas segregadas, onde os mais pobres
excluíam-se dos anéis urbanos e imediatamente passariam para o próximo e
gradativamente, os melhores lugares estariam ocupados pelos “vencedores”.
]
Nos anos 70, existia o dualismo: atrasado x moderno, não integrado x
integrado, rural x urbanos e os estudiosos passaram a ver as relações
econômicas e sociológicas inerentes ao capitalismo como constitutivas do
sistema produtivo. As populações marginais aparecem, nesse contexto, como
consequência da acumulação capitalista, um exercício industrial de reserva
singular.
Nos anos 80, na chamada “década perdida”, ao contrário dos anos 60 e
70, quando se chamava a atenção para os favelados e para a migração como
figura emblemática dos excluídos na cidade, pelo aumento da pobreza e da
recessão econômica, ao mesmo tempo em que se vivia a chamada “transição
democrática”, chama-se a atenção para a questão da democracia, da
segregação urbana (efeitos perversos da legislação urbanística), a importância
do território para a cidadania, a falência das ditas políticas sociais, os
movimentos sociais, as lutas sociais.

Fonte: www.saude.umcomo.com.br
]
O componente territorial implica não só que seus habitantes devem ter
acesso aos bens e serviços indispensáveis, mas que haja uma adequada gestão
deles, assegurando indispensáveis, mas que haja uma adequada gestão deles,
assegurando tais benefícios à coletividade. Aponta que o terceiro mundo tem
“não cidadãos” (contraste entre massa de pobres e a concentração de riqueza),
porque se funda na sociedade do consumo, da mercantilização e na
monetarização. Em lugar do cidadão, surge o consumidor insatisfeito, em
alienação, em cidadania mutilada.
A cidadania é também o direito de permanecer no lugar, no seu território,
o direito a espaço de memória. O capitalismo predatório e as políticas urbanas
que privilegiam interesses privados e o sistema de circulação acabaram por
descaracterizar bairros, expulsar moradores como favelados (remoção por obra
pública, reintegração de posse), encortiçados (despejos, remoção, demolições),
moradores de loteamento irregulares, sem teto, num nomadismo sem direito às
raízes.

Fonte: www.fiocruz.br

Pedro Jacobi desenvolve seus trabalhos sobre a questão dos movimentos


sociais urbanos e as carências de habitação, equipamentos de saúde, escolas,
]
lazer, enfim, dos serviços urbanos. Assim a exclusão aparece como não acesso
aos benefícios da urbanização.
Nos anos 90 reeditam o conceito de exclusão como não cidadania,
principalmente a ideia de processo abrangente dinâmico e multidimensional.
O rótulo que parece empurrar as pessoas, os pobres, os fracos, para fora
da sociedade, para fora de suas melhores e mais justas corretas relações
sociais, privando-os dos direitos que dão sentido a essas relações. Quando, de
fato, esse movimento as está empurrando para dentro, para condição subalterna
de reprodutores mecânicos do sistema econômico, reprodutores que não
reivindicam nem protestam em face das privações, injustiças e carências.

Fonte: www.deficenter.blog.br

Neste caso o termo exclusão é concebido como expressão das


contradições do sistema capitalista e não como estado de fatalidade. Através do
consumismo dirigido, gera-se uma sociedade dupla, de duas partes que se
excluem reciprocamente, mas parecidas por conterem as mesmas mercadorias
e as mesmas ideias individualistas e competitivas, só que as oportunidades não
são iguais, o valor dos bens é diferente, a ascensão social é bloqueada. Apesar
]
disso, um bloco de ideias falso, enganador e mercantilizado acena para o homem
“moderno colonizado”, que passa a imitar, mimetizar os ricos e a pensar que
nisso reside à igualdade.
“É a sociedade da imitação, da reprodutividade e da vulgarização, no lugar
da criação e do sonho”. SAWAIA (2009)
Atribui-se a René Lenoir, em 1974, a concepção da exclusão como um
fenômeno de ordem individual, mas social, cuja origem deveria ser buscada nos
princípios mesmos do funcionamento das sociedades modernas. Dentre suas
caudas destacava o rápido e desordenado processo de urbanização, a
inadaptação e uniformização do sistema escolar, o desenraizamento causado
pela mobilidade profissional, as desigualdades de renda e de acesso aos
serviços. Não se trata apenas de um fenômeno marginal, mas de um processo
em curso que atinge cada vez mais todas as camadas sociais.

“E os pobres passam a desconfiar de si próprios, numa culpabilidade


popular: caminhando sobre o chão pavimentado pelo preconceito dos
pobres contra os pobres, as classes dominantes no Brasil começam a
extravasar uma subjetividade antipública que segrega, elabora pela
comunicação imediática uma ideologiantiestatal, fundada no grande
desenvolvimento capitalista, na desindustrialização, na terceirização
superior, da dilapidação financeira do estado e da imagem de um
Estado devedor”. SAWAIA (2009)

26.1 Conceito de exclusão

Fonte: www.clubematerno.net
]
O tema exclusão está presente na mídia, no discurso político e nos planos
e programas governamentais, a noção de exclusão social tornou-se familiar no
cotidiano das mais diferentes sociedades. Não é apenas um fenômeno que
atinge os países pobres.
A concepção de exclusão continua ainda fluida como categoria analítica,
difusa, apesar dos estudos existentes, e provocadora de intensos debates.
Muitas situações são descritas como exclusão, que representam as mais
variadas formas e sentidos advindos da relação inclusão/ exclusão. Sob esse
rótulo estão contidos inúmeros processos e categorias, uma série de
manifestações que aparecem como fraturas e rupturas do vinculo social
(pessoas idosas, deficientes, desadaptados sociais, minorias étnicas ou de cor,
desempregados de longa duração, jovens impossibilitados de aceder ao
mercado de trabalho, etc.). Assim os estudiosos da questão concluem que do
ponto de vista epistemológico, o fenômeno da exclusão é tão vasto que é quase
impossível delimitá-lo.
... “Excluídos são todos aqueles que são rejeitados de nossos mercados
materiais ou simbólicos, de nossos valores” SAWAIA (2009).

Fonte: www.tuasaude.com
]
A ruptura de carência, de precariedade, pode-se afirmar que toda situação
de pobreza leva a formas de ruptura do vínculo social e representa, na maioria
das vezes, um acúmulo de déficit e precariedade. A pobreza não significa
necessariamente exclusão, ainda que possa ela conduzir.
A pobreza e a exclusão no Brasil são faces de uma mesma moeda. As
altas taxas de concentração de renda e desigualdade persistentes em nosso país
convivem como os efeitos perversos do fenômeno do desemprego estrutural. Se,
de um lado cresce cada vez mais a distância entre os excluídos e os incluídos,
de outro, essa distância nunca foi tão pequena, uma vez que os incluídos estão
ameaçados de perder direitos adquiridos.

Fonte: www.lagartavirapupa.com.br

A consolidação do processo de democratização, em nosso país, terá que


passar necessariamente pela desnaturalização das formas com que são
encaradas as práticas discriminatórias, portanto, geradoras de processo de
exclusão.
De acordo com SAWAIA (2009), no livro as Artimanhas da Exclusão, a
inclusão é contraditória, onde a qualidade de conter em si a sua negação e não
]
existir sem ela, isto é, ser idêntico à inclusão (inserção social perversa). A
sociedade exclui para incluir e esta transmutação é condição da ordem social
desigual, o que implica o caráter ilusório da inclusão. Todos estamos inseridos
de algum modo, nem sempre decente e digno, no circuito reprodutivo das
atividades econômicas, sendo a grande maioria da humanidade inserida através
da insuficiência e das privações, que se desdobram para fora do econômico.
Portanto, em lugar da exclusão, o que se tem é a “dialética exclusão/ inclusão”.

Fonte: www.enfrentandooautismo.com

A dialética inclusão/exclusão gesta subjetividade especificas que vão


desde o sentir-se incluído até o sentir-se discriminado ou revoltado. Essas
subjetividades não podem ser explicadas unicamente pela discriminação
econômica, elas determinam e são determinadas por formas diferenciadas de
legitimação social e individual, e manifestam-se no cotidiano como identidade,
sociabilidade, afetividade, consciência e inconsciência.

“Em síntese, a exclusão é processo e multifacetado, uma configuração


de dimensões materiais, políticas, relacionais e subjetivas. É processo
sutil e dialético, pois só existe em relação à inclusão como parte
constitutiva dela. Não é uma coisa ou um estado, é processo que
envolve o homem por inteiro e suas relações com os outros. Não tem
uma única forma e não é uma falha do sistema, devendo ser combatida
como algo que perturba a ordem social, ao contrário, ele é produto do
funcionamento do sistema” (SAWAIA, 2009)
]
SAWAIA (2009) aponta vários estudos acerca da exclusão e todos eles
reforçam a tese de que o excluído não está à margem da sociedade, mas repõe
e sustenta a ordem social, sofrendo muito neste processo de inclusão social,
pois a sociedade opera sobre o homem (social e o psicológico), de forma que o
papel de excluído engole o homem.

27 INCLUSÃO DA CRIANÇA AUTISTA

Muito se tem falado sobre o processo de inclusão, e quase sempre com a


conotação de que inclusão e integração escolar seriam sinônimas. Na verdade,
a integração insere o sujeito na escola esperando uma adaptação deste ao
ambiente escolar já estruturado, enquanto que a inclusão escolar implica em
redimensionamento de estruturas físicas da escola, de atitudes e percepções
dos educadores, adaptações curriculares, dentre outros.
A inclusão num sentido mais amplo significa o direito ao exercício da
cidadania, sendo a inclusão escolar apenas uma pequena parcela do processo
que precisamos percorrer.

Fonte: www.revistavivasaude.uol.com.br
]
Um processo de inclusão escolar consciente e responsável não acontece
somente no âmbito escolar e deve seguir alguns critérios. A família do indivíduo
portador de autismo possui um papel decisivo no sucesso da inclusão. Sabemos
que se trata de famílias que experimentam dores psíquicas em diversas fases
da vida, desde o momento da notícia da deficiência e durante as fases do
desenvolvimento, quando a comparação com demais crianças é frequente.
O ambiente para o desenvolvimento da criança, tanto "normal" quanto
"deficiente", no que tange à organização de suas atividades de vida diária e ao
processo de estimulação, torna-se fundamental compreender como o ambiente
influencia o desenvolvimento das crianças, principalmente daquelas que
apresentam algum tipo de deficiência. Vygotsky (1994) afirma “que a influência
do ambiente sobre o desenvolvimento infantil, ao lado de outros tipos de
influências, também deve ser avaliada levando em consideração o grau de
entendimento, a consciência e o insight do que está acontecendo no ambiente
em questão”.
O microssistema da família não é o único que precisa ser estudado. Há
também o ambiente da escola, que constitui mais um espaço de socialização
para a criança com autismo. Em relação a isso, muito se tem discutido a respeito
da inclusão da criança autista em ambiente coletivo, mostrando a sua
importância e necessidade.

Fonte: www.tempodecreche.com.br

É importante ressaltar a necessidade de mais orientação para as famílias


de crianças autistas, as quais devem ser mais bem informadas sobre este tipo
transtorno e suas consequências para o desenvolvimento da criança, bem como
]
dos recursos necessários para favorecê-lo. Nesse contexto, as políticas públicas
têm um papel muito importante, especialmente para as famílias de baixa renda,
uma vez que o gasto com profissionais e com atendimento especializado se
torna necessário.
O nascimento de um filho com algum tipo de deficiência ou doença, ou o
aparecimento de alguma condição excepcional, significa uma destruição de
todos os sonhos e expectativas que haviam sido gerados em função dele.
Durante a gravidez, e mesmo antes, os pais sonham com aquele “filho ideal” que
será bonito, saudável, inteligente, forte e superará todos os limites; aquele filho
que realizará tudo que eles não conseguiram alcançar em suas próprias vidas.
Além da decepção, o nascimento de um filho portador de deficiência implica em
reajustamento de expectativas, planos para o futuro e a vivência de situações
críticas e sentimentos difíceis de enfrentar.

Fonte: www.todo-dia-aprendo-uma-licao-com-ele-diz-mae-de-crianca-autista.com

Passado o período de luto simbólico, a forma como a família se posiciona


frente à deficiência pode ser determinante para o desenvolvimento do filho.
]
Muitos pais, porque não acreditam que seus filhos possuam potencialidades,
deixam de ensinar coisas elementares para o autocuidado e para o
desenvolvimento da independência. Alguns optam pelo isolamento e outros por
infantilizarem seus filhos por toda a vida, esquecendo que eles não são eternos
e que o portador de necessidades especiais deve se tornar o mais autônomo
possível.
Quando se propõe a inclusão de crianças autistas devem-se respeitar as
características de sua natureza, visando à aquisição de comportamentos sociais
aceitáveis, porém, respeitando as necessidades especiais de cada educando, e,
sobretudo, trazendo os pais para um comportamento mais realístico possível,
evitando a fantasia da cura, tão presente em pais de crianças especiais.

Fonte: www.ensinoinfantilnumclique.com.br

A escola também pode colaborar dando sugestões aos familiares de como


estes podem agir em casa, de maneira que se tornem coautores do processo de
inclusão de seus filhos. Sendo assim, quando uma criança portadora de autismo
é incluída na escola regular, sua família também o é. Com efeito, é provável que
antes da inclusão escolar a convivência com os pais de outras crianças, o
]
planejamento de visitas de coleguinhas na casa da criança e a frequência a
festinhas de aniversário dos colegas de sala eram possibilidades muito distantes
para essas famílias. O objetivo da educação especial é o de reduzir os
obstáculos que impedem o indivíduo de desempenhar completas atividades e
participação plena na sociedade.
Promover a inclusão significa, sobretudo, uma mudança de postura e de
olhar acerca do transtorno. Implica em quebra de paradigmas, em reformulação
do nosso sistema de ensino para a conquista de uma educação de qualidade,
na qual, o acesso, o atendimento adequado e a permanência sejam garantidos
a todos os alunos, independentemente de suas diferenças e necessidades. A
concepção da Educação Especial como serviço segrega e cria dois sistemas
separados de educação: o regular e o especial, eliminando todas as vantagens
que a convivência com a diversidade pode nos oferecer.

Fonte: www.comportese.com.br

É preciso ter claro que para a conquista do processo de inclusão de


qualidade, algumas reformulações no sistema educacional se fazem necessário.
Seriam elas: adaptações curriculares, metodológicas e dos recursos
tecnológicos, a racionalização da terminalidade do ensino para aqueles que não
puderem atingir o nível exigido para a conclusão do Ensino Fundamental, em
]
virtude das necessidades especiais, a especialização dos professores e a
preparação para o trabalho, visando à efetivação da cidadania do portador de
necessidades especiais.

Fonte: www.autismoediversidade.blogspot.com

A escola, por sua vez, para promover a inclusão deve eliminar barreiras
que vão além das arquitetônicas, mas principalmente as atitudinais. São
necessárias algumas adaptações de grandes e pequenos portes, tais como a
adaptação curricular, a adaptação do sistema de avaliação da aprendizagem, de
materiais e equipamentos, a preparação dos recursos humanos e a preparação
dos alunos e pais de alunos que receberão o portador de necessidades
especiais.
Sem as devidas adaptações, um processo de inclusão pode ser mais
segregador que a exclusão declarada, pois entendemos que a inclusão não pode
se restringir à convivência social, mas deve zelar pela aprendizagem da criança
com necessidades especiais. O atendimento educacional a crianças e jovens
portadoras de autismo tem sido realizado, em nosso país, em escolas especiais
ou ainda em clínicas-escolas, provavelmente porque educar uma criança autista
ainda se constitui em um grande desafio em função das características desta
população. Uma desordem aguda do desenvolvimento requer tratamento
especializado para o autista por toda a sua vida.
]
É fato que a inclusão deve ser avaliada em seu custo-benefício para o
aluno em questão. Não podemos perder de vista que “a inclusão é um processo
permanente e contínuo, pois a inclusão sempre deve visar a aprendizagem dos
alunos com necessidades especiais e não simplesmente o convívio social,
habilidade que a criança pode adquirir em muitos espaços e não
necessariamente na escola.

Fonte: www.aliexpress.com

O desenvolvimento fantástico das novas tecnologias, a maneira de se


produzir as coisas e a maneira de se executar os serviços sofreram uma
transformação profunda. Surge o fenômeno da automação, isto é, as novas
tecnologias criam instrumentos que substituem a mão-de-obra humana. Com
isso multidões de pessoas foram dispensadas de seus empregos, e as novas
gerações nem chegam a conseguir um local de trabalho. As relações centrais
que definem nossa sociedade não são mais apenas a dominação e a exploração,
como no modo de produção capitalista, pois são bem menos agora os que
podem ser dominados ou explorados.
]
A consequência do capitalismo é a competitividade, a qual exige a
exclusão. É o confronto, o choque entre interesses diferentes ou contrários, que
vai fazer com que as pessoas lutem, trabalhem, se esforcem para conseguir
melhorar seu bem-estar, sua qualidade de vida, sua ascensão. Podemos tomar
como exemplo o filme exibido em sala de aula - “Como as estrelas na terra, toda
criança é especial”, onde Ishaan era rotulado de burro, preguiçoso e
desinteressado, pois não conseguia acompanhar as exigências do pai, que era
muito rígido. Ishaan não conseguia acompanhar os demais porque era disléxico
e por isso era excluído pela sociedade e pela própria família. Assim também
acontece com a criança autista.

Fonte: www.sitiodaeducacao.blogspot.com.br

Mas essa competitividade vai além da disputa de mercado, trata-se de


uma competitividade que se estabelece entre os seres humanos. O ser humano,
como ser isolado e egoísta, tem de competir para sobreviver, de um lado e de
outro lado, para trazer progresso.
]
“Mas essa competitividade entre os desiguais acaba por excluir os mais
fracos e manter a dominação dos mais fortes” (SAWAIA, 2009).
A educação de uma criança portadora de autismo representa, sem dúvida,
um desafio para todos os profissionais da Educação. A singularidade e a
insuficiência de conhecimento sobre a síndrome nos fazem percorrer caminhos
ainda desconhecidos e incertos sobre a melhor forma de ajudar essas crianças
e sobre o que podemos esperar de nossas intervenções. É necessário ter
humildade e cautela diante do tema, pois para compreender o autismo, é preciso
uma constante aprendizagem, uma contínua revisão sobre nossas crenças,
valores e conhecimento sobre o mundo, e, sobretudo, sobre nós mesmos.
]
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