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PSICOMOTRICIDADE, MOVIMENTO

PSICOMOTRICIDADE, MOVIMENTO E RECREAÇÃO

E RECREAÇÃO

INSTITUTO WALLON EDUCACIONAL 1


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PSICOMOTRICIDADE, MOVIMENTO E RECREAÇÃO

Prezado (a) Aluno (a);

Henri Wallon nasceu na França em 1879. Antes de chegar à psicologia passou


pela filosofia e medicina e ao longo de sua carreira foi cada vez mais explicitada à
aproximação com a educação. Em 1902, com 23 anos, formou-se em filosofia pela
Escola Normal Superior, cursou também medicina, formando-se em 1908. Viveu num
período marcado por instabilidade social e turbulência política.
Henry Wallon além de elaborar uma teoria sobre o desenvolvimento humano,
em virtude de sua preocupação com a educação, escreveu também sobre suas ideias
pedagógicas apontando bases que a psicologia pode oferecer à atuação pedagogia e
o uso que a pedagogia pode fazer dessas bases, além de se nutrir da experiência
pedagógica.
Wallon deixou-nos uma nova concepção ao da motricidade, da emotividade, e
da inteligência humana, sobretudo, uma maneira original de pensar a Psicologia
Infantil e reformular os seus problemas. Dessa forma, o INSTITUTO WALLON, não
apenas faz uma homenagem a este tão importante ícone da educação, mas, também,
reforça a necessidade de buscarmos uma educação cada dia melhor.
Você está recebendo este material didático, na certeza de contribuirmos para
sua formação acadêmica e, consequentemente, propiciando oportunidade para
melhoria de seu desempenho profissional. Todos nós, da equipe WALLON,
esperamos retribuir a sua escolha, reafirmando o compromisso desta Instituição com
a qualidade, por meio de uma estrutura aberta e criativa, centrada nos princípios de
melhoria contínua.
O presente material didático foi produzido criteriosamente, por meio de
coletâneas, compilações e pesquisas, pelos Professores e Coordenadores do Instituto
Wallon, para que os referidos conteúdos e objetivos sejam atingidos com êxito.
Esperamos que este seja-lhe de grande ajuda e contribua para ampliar o horizonte do
seu conhecimento teórico e para o aperfeiçoamento de sua prática. Leia com muita
atenção as orientações a seguir e um ótimo estudo!
Abraços!
Direção Geral

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Sumário

Unidade 1 - Psicomotricidade na Educação ... ................................................... 4


Unidade 2 - O Desenvolvimento Psicomotor e Aprendizagem ......................... 14
Unidade 3 - Recreação na Educação Infantil ................................................. ..35
Unidade 4 - Jogo no Desenvolvimento Infantil...................................................57
Referências Bibliográficas........................................................................ .. ..... 81

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UNIDADE 1 – PSICOMOTRICIDADE NA EDUCAÇÃO

História da psicomotricidade
O processo histórico da Psicomotricidade está vinculado à história do corpo.
Esta vinculação baseia-se na valorização que os antigos povos davam ao corpo
humano, por meio da exposição de um físico musculoso , que na época representava
a força da masculinidade.
Este percurso histórico foi marcado pelas diferentes concepções que o homem
tinha a respeito de um tecido de membros que protegia a alma e o espírito do homem.
As transformações sobre a ideia de corpo perpassaram desde a civilização
oriental até a ocidental, tendo ainda como parte deste contexto a civilização grega e a
idade média, com discussões sobre a cultura do corpo, entendendo sua importância
e dando destaque para o corpo nos grandes eventos em estádios, nos mármores
lapidados e nos altares de culto da época.
O filósofo Platão em suas defesas de educação do espírito e do corpo afirmava
que havia uma separação entre corpo e alma. Porém apontava ser o corpo apenas
um lugar de transição do mundo real, ou seja morada para uma alma imortal.

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Para Aristóteles o corpo era o lugar da matéria


lapidada pela alma, tendo como tarefa apenas colocar o
corpo em movimento. Nesta linha de pensamento, também
defendia a ideia de que a alma tinha a forma do corpo, sendo
este o primeiro estudo sobre o aspecto psicomotor. Estudo
este que trazia a ginástica como prática de atividade física
que tinha como objetivo promover o desenvolvimento do corpo. A melhoria então daria
ao espírito maior plenitude, graça e vigor. Assim de acordo com suas ideias, os
exercícios físicos deveriam ser praticados até a adolescência de forma leve para não
prejudicar o desenvolvimento do espírito.
É no século XVIII, que Descartes traz em suas pesquisas alguns princípios
sobre corpo, com uma dualidade de corpo. Diferenciado na definição de a matéria
corpo como algo somente externo e alma como parte mais substancial, pensante
reflexivo e que não seria participante das atividades que o corpo executava.
No século XIX, com as contribuições de estudos sobre neurofisiologia,
percebeu-se que seria impossível haver uma disfunção física séria, sem uma lesão
localizada no cérebro. Nestas evoluções sobre a temática abordada, são descobertos
distúrbios na atividade gestual como parte de uma área do sistema nervoso, surgindo
então às primeiras pesquisas sobre o campo psicomotor ligado ao aspecto
neurológico.
O francês Dupré, no ano de 1907 trouxe muitas contribuições a partir de seus
estudos clínicos, principalmente com a definição de debilidade motora composta por
sincinesias (movimentos involuntários), paratomias (incapacidade de relaxar a
musculatura voluntariamente) e as inabilidades sem danos ou uma lesão
extrapiramidal. As pesquisas trouxeram pressupostos que esclarecem que os
aspectos neurológicos e as perturbações motoras infantis o conhecimento que
direciona para a noção de psicomotricidade relacionada com o desenvolvimento da
inteligência e afetividade.
O médico, psicólogo e pedagogo Henri Wallon (1879-
1962) marcou de forma veemente estudos sobre a
psicomotricidade e como parte da construção do psiquismo.
Wallon relacionou o movimento como parte do afeto, da
emoção, ao meio ambiente e aos hábitos do indivíduo.

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Defendia em seus estudos o entendimento de que o movimento é o pensamento em


ação, sendo que a linguagem e o pensamento caminham juntos e são indissociáveis.
As obras de Piaget(1896-1980) se preocupou com estudos sobre as inter-
relações sobre a percepção e a psicomotricidade por meio das experiências. Seus
relatos apontam que o período sensório motor é de suma importância para o
desenvolvimento da motricidade e consequentemente estimula a inteligência.
Nesta contextualização histórica, por volta de 1960, Ajuriaguerra, juntamente
com Wallon e Piaget deixam um legado substancial para outros autores que dão a
psicomotricidade uma redefinição sobre o seu objeto de estudo. Estas definições
enfatizaram especialmente a interrelação, a emoção e o movimento do sujeito como
um todo. Definições que influenciam também na formação dos conceitos do campo
da psicanalise relativo à afetividade.
Na década de 70, surgem definições sobre a psicomotricidade como uma
motricidade de relação. A definição aponta para a delimitação do campo, fazendo
diferença entre a postura reeducativa e a postura terapêutica. Aconteceu aí, uma
despreocupação com as técnicas que lançavam mão do uso de instrumentos
padronizados, para a preocupação com o corpo como parte do sujeito pensante. Com
a definição sobre psicomotricidade houve uma diferenciação e assim passou a não
mais ser vista como uma disciplina, mas com uma especificidade, fundamentada de
forma clara que os transtornos psicomotores perpassam entre o aspecto neurológico
e o psiquiátrico.
Portanto, a narrativa histórica sobre a Psicomotricidade e o seu
desenvolvimento parte das contribuições daqueles que se lançaram na construção de
definições e conceitos. Tais definições dão a Psicomotricidade suas principais áreas
de atuação definidas como: educação, reeducação e terapia psicomotora com
características próprias em cada um deles.

1.1 - O SURGIMENTO DA PSICOMOTRICIDADE NO BRASIL

A história da psicomotricidade no Brasil vem acontecendo de maneira


semelhante à história mundial. Os primeiros documentos registram seu nascimento
na década de 50. Gruspun, psiquiatra da infância, mencionava atividades
psicomotoras indicadas no tratamento de distúrbios de aprendizagem e enfatizaram o
movimento para os processos terapêuticos da criança excepcional.

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Em Porto Alegre/RS, segundo a Sociedade Brasileira de Psicomotricidade (


SBP), foi criado serviço de Educação Especial, dentro da Secretaria de Educação do
Estado, dirigido por Rosat, psicóloga, inserindo no atendimento a Ortopedia mental e
a Educação Física para os excepcionais.
No Rio de Janeiro/RJ, em 1951 foi criado o primeiro curso de formação de
professores para deficientes auditivos, onde eram incentivadas as atividades de
Educação Física com jogos, dramatizações, mímica, rítmica e dança.
A princípio, a psicomotricidade foi introduzida nas escolas especializadas como
um recurso pedagógico que tinha como objetivo corrigir distúrbios e preencher lacunas
de desenvolvimento das crianças excepcionais. Portanto a Educação Especial foi o
elo de surgimento e ligação da psicomotricidade na Europa e no Brasil.
Considera-se que a partir de 1968, é que realmente foi difundida no Brasil,
através de cursos e cadeiras de psicomotricidade em universidades de diversos
estados brasileiros. Em 1970, a primeira formação acontece no Rio de Janeiro com a
vinda, da França, de Mademoiselle Ramain Thiers e Germain Farjado. Posteriormente
iniciaram-se os cursos de formação pelos franceses André Lapierre e Francoise
Desobeau.
Foi fundado em 1977 o GAE, Grupo de Atividades Especializadas, que veio
apromover a partir de 1980 vários encontros nacionais e latino-americanos. O 1º
Encontro Nacional de psicomotricidade foi realizado em 1979. O GAE é responsável
pela parte clínica e o ISPE, Instituto Superior de Psicomotricidade e Educação,
destinado a formação de profissionais em psicomotricidade, se dedica ao ensino de
aplicações da psicomotricidade em áreas de saúde e educação.
A Sociedade Brasileira de Psicomotricidade foi fundada em 19 de abril de 1980,
e teve presidente Beatriz do Rego Saboya com a participação de Francoise
Desobeau, conseguindo que fosse integrada a Sociedade Internacional de
Psicomotricidade, que era sediada em Paris/França, entidade de caráter científico
cultural sem fins lucrativos.
Em 1982, a Sociedade Brasileira de Psicomotricidade (SBP), organizou seu
primeiro congresso no Rio de Janeiro. Nessa época começaram a surgir as primeiras
publicações brasileiras na área da psicomotricidade.

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Em 1983,no Rio de Janeiro, aconteceram o curso de Pós Graduação em


Psicomotricidade, na Universidade Estácio de Sá e no Instituto Brasileiro de Medicina
de Reabilitação IBMR.
Foi aberto o curso de formação de Psicomotricista em julho de 1984, com
duração de quatro anos, em nível de graduação, hoje já aprovado pelo MEC.
Ocorreram no Brasil, vários congressos promovidos pela Sociedade Brasileira
de Psicomotricidade abordando diversos temas, sendo o mais recente o X Congresso
com o tema “Interfaces da Psicomotricidade”, em 2007, realizado em Fortaleza/CE.
A Sociedade Brasileira em Psicomotricidade (1999), define psicomotricidade
como ciência que tem, como objetivo de estudo, o homem através do seu corpo em
movimento em relação ao seu mundo interno e externo, bem como suas
possibilidades de perceber, atuar, agir com o outro, com os objetos e consigo mesmo.
Está relacionada ao processo de maturação, onde o corpo é a origem das aquisições
cognitivas, afetivas e orgânicas.
Portanto, a evolução da Psicomotricidade Brasileira foi norteada pela escola
francesa e se deu como na França, com a reeducação psicomotora, e mais tarde com
a educação, terapia e clínica psicomotora.
Neste processo evolutivo, o trabalho com a Educação Especial foi o elo entre o
surgimento da psicomotricidade na Europa e no Brasil. Hoje este tema tem relevância
nos cursos de graduação, Pós Graduação, e cursos de pequena duração e em
especial neste, o curso de práticas pedagógicas.

1.2 – NOÇÕES E CONCEITOS DE PSICOMOTRICIDADE

Como vimos anteriormente na trajetória histórica da Psicomotricidade,


encontramos várias definições acerca de sua definição. Percebemos que seu estudo
está em constante discussão e evolução. O termo evoluiu seguindo uma trajetória
primeiramente teórica, depois prática, até chegar a um meio-termo entre essas duas,
estabelecendo pouco a pouco seu marco conceitual e de atuação prática.
A evolução da Psicomotricidade, teve em seu início um foco no aspecto motor
e neurofisiológico da criança, partindo da análise da relação entre o atraso do
desenvolvimento motor e o atraso intelectual. Os estudos também se seguiram em
torno das habilidades e aptidões motoras em função da melhoria do desenvolvimento
motor, relacionando a idade cronológica até chegar a posição atual a

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psicomotricidade. Aspecto que permite o entendimento de que a psicomotricidade


ultrapassa os problemas motores e direciona também a relação entre o gesto e a
afetividade associada a investigação destes.
Neste sentido, a psicomotricidade relaciona de forma globalizada os
aspectos sociais afetivos cognitivos e motores como resgate da qualidade de vida.
Alguns conceitos de Psicomotricidade:

CONCEITO É a ciência que tem como objeto de estudo o homem através


do seu corpo em movimento e em relação ao seu mundo
interno e externo. Está relacionada ao processo de maturação,
onde o corpo é a origem das aquisições cognitivas, afetivas e
orgânicas... (Sociedade Brasileira de Psicomotricidade)

CONCEITO É a relação entre Motricidade e Inteligência permitindo


relacionar o movimento ao afeto, à emoção, ao ambiente e os
hábitos da criança. (Wallon - 2005).

CONCEITO É uma terapia que, agindo por intermédio do corpo sobre as


funções mentais perturbadas, considera a pessoa na sua
totalidade, melhorando as qualidades de atenção,
representação e relacionamento visando, pelo movimento, uma
organização mental cada vez maior. (Victor Fonseca - 2008).

Segundo André Lapierre (1989), a psicomotricidade considera o ser físico e


social em transformação permanente e em constante interação com o meio,
modificando-o e modificando-se. Na psicomotricidade é trabalhado a vivencia
corporal, o campo semiótico das palavras e a interação entre objetos e o meio para
realizar uma atividade. (Apud BUENO, 1998 p19).

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O desenvolvimento psicomotor acontece num processo conjunto de todos os


aspectos (motor, intelectual, emocional e expressivo), iniciando no nascimento e
completando-se maturacionalmente1 por volta dos oito anos de idade.

1.3 - CORPO

O corpo é o meio de comunicação,


expressão, movimento e ação por onde o homem
exprime toda a sua capacidade emocional e
intelectual baseadas em suas experiências
vividas.
Segundo Fonseca (2008, p. 410), O
corpo surge, portanto, mais uma vez, como o
componente material do ser humano, que, por
isso mesmo, contém o sentido concreto de todo o comportamento sócio histórico
da humanidade. O corpo não é, assim, o caixote da alma, mas o endereço da
inteligência. O ser humano habita o mundo exterior pelo seu corpo, que surge como
um componente espacial e existencial, corticalmente organizado, no qual e a partir do
qual o ser humano concentra e dirige todas as suas experiências e vivencias.
É através do corpo que a psicomotricidade tem seu material de estudo, sobre
onde acontecem as representações corpóreas, que se modificam seguindo um ritmo
e por sua vez fazendo com que cada sujeito tenha uma vivencia corporal significativa.

1.4 – MOVIMENTO

Movimento é uma noção muito complexa que designa uma realidade


sumamente diversificada, e cujos diferentes aspectos só se articulam em torno desta
definição: chama-se movimento todo o deslocamento de um corpo ou de um objeto
no espaço. Para o corpo humano, trata-se de todo e qualquer deslocamento de um
ou vários segmentos, ou do corpo em seu conjunto.

O movimento assim considerado permite ao indivíduo


“sentir-se” e “situar-se”, a fim de melhor aplicar o

1
Maturacionalmente: Desenvolvimento do ser humano a partir de experiências vividas e/ou adquiridas ao longo
da vida.

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investimento da sua corporalidade face ao espaço, ao


tempo e ao mundo dos objetos. (Fonseca)

Os comportamentos que a situação escolar exige, porém


em destaque a inseparabilidade da motilidade e da
inteligência, já que é pelo movimento que o pensamento
se vai estruturando. (Fonseca)

Portanto, a ausência do movimento e da experiência corporal da criança


compromete a organização do cérebro.

1.5 - COGNIÇÃO

Cognição é a aquisição de um conhecimento, que permite a compreensão e


estabelece o conhecimento intelectual. É por meio dos processos e estruturas
cognitivas que se elabora e torna efetiva a aprendizagem. Essa será formada uma
parte pela carga genética e uma parte pela influência do meio, desta estrutura é que
favorece a inteligência. Bruno – Neto (2007, p. 160) escreve “que a inteligência é o
produto da exploração de inúmeras informações visuais, táteis, auditivas, olfativas
e gustativas processadas e armazenadas pelo cérebro”.
A inteligência fornece coerência interna ao processo de pensamento, e é
preciso ressaltar que as emoções atuam fortemente sobre a vida cognitiva. Os
processos cognitivos estão intrinsecamente ligados à vida emocional e social dos
indivíduos a partir de suas vivencias.
Bruno-Neto, (2007, p 161), sugere-se que a inteligência deve ser influenciada
pela experiência. E pode-se dizer que pessoas educadas em ambientes estimulantes
maximizariam seu desenvolvimento intelectual, e as pessoas criadas em ambientes
empobrecidos não atingiriam seu potencial intelectual.

1.6 - AFETIVIDADE

A afetividade é um estado psicológico do ser humano que pode ou não ser


modificado a partir das situações. Segundo Piaget, tal estado psicológico é de grande
influência no comportamento e no aprendizado das pessoas juntamente com
o desenvolvimento cognitivo. Faz-se presente em sentimentos, desejos, interesses,
tendências, valores e emoções, ou seja, em todos os campos da vida.
Diretamente ligada à emoção, a afetividade consegue determinar o modo com que as

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pessoas visualizam o mundo e também a forma com que se manifesta dentro dele.
Todos os fatos e acontecimentos que houve na vida de uma pessoa traz recordações
e experiências por toda a sua história. Dessa forma, a presença ou ausência do afeto
determina a forma com que um indivíduo se desenvolverá.
Alguns transtornos ocorrem devido à ausência ou pouco recebimento de afeto,
onde os mais evidenciados são depressão, fobias, somatizações e ansiedade
generalizada. Pessoas com recordações e experiências ruins e/ou tristes se tornam
apáticas, ou seja, pessoas que excluem a afetividade de sua vida e que se tornam
frias e ausentes de emoção.
Afetividade influencia no desenvolvimento geral, ou seja no comportamento e
no desempenho cognitivo, pois é uma sensação de estrema importância para todos
os seres humanos.

1.7 – ÁREAS DE ATUAÇÃO DA PSICOMOTRICIDADE

Reeducação psicomotora
O trabalho da reeducação privilegia a princípio, três situações: o alívio do
problema, a redução do sintoma e a adaptação ao problema, através de jogos e
exercícios psicomotores.
Na redução deve-se privilegiar a expressão livre e harmoniosa do corpo.
A metodologia se apoia na sistematização, no nível de idade e nos riscos –
reforço do problema.
As conclusões, ou seja, os resultados do exame dependem dos sintomas
apresentados e da qualidade da relação estabelecida.

Educação psicomotora
É dirigida basicamente a crianças normais pretendendo favorecer ao máximo,
o desenvolvimento psicomotor e evitar as desviações da personalidade.
É uma atividade preventiva que através da prática psicomotora propicia o
desenvolvimento das capacidades básicas, sensoriais, perceptivas e motoras,
favorecendo a uma organização mais adequada ao desenvolvimento global.
Segundo Lapierre: “A atividade espontânea é uma porta aberta à criatividade
sem fronteiras, à expressão livre das pulsões, ao imaginário e simbólico, ao
desenvolvimento livre da comunicação.”

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Uma atividade através do movimento, visando um


desenvolvimento de capacidades básicas – sensoriais,
perceptivas e motoras, propiciando uma organização
adequada de atitudes adaptativas, atuando como agente
profilático de distúrbios da aprendizagem. (Regina Morizot
– 1979 – p16)

Terapia psicomotora
Tem como objetivo a utilização do corpo, com seus movimentos e sua
expressividade, através de uma linguagem pré-verbal, que mostram os conflitos e
dificuldades na relação EU – OUTRO – OBJETO, a serem resolvidos ou minimizados.
É através do corpo e seus movimentos, que se diagnosticam os
atrasos psicomotores, ou disfunções apresentados pelo sujeito. É uma terapia a nível
corporal que tende a modificar uma organização psicopatológica.
O cliente vive situações afetivas e emocionais. É abordado o sintoma
diretamente, o sujeito revive situações passadas através de jogos regressivos, no
corpo a corpo através da ludicidade e dos jogos simbólicos, o trabalho acontece no
contexto relacional e afetivo – verbal, corporal, corporal-verbal, vivenciado.
O relaxamento também é usado como práticas terapêuticas, assim como
atividades livres, lúdicas e ordenadas.
A Terapia Psicomotora é destinada a indivíduos normais ou portadores de
deficiências físicas ou mentais que apresentam dificuldades de comunicação, de
expressão corporal e de vivência simbólica (Fonseca, 2008).
Objetivos da Terapia psicomotora: Atingir a pessoa em sua globalidade,
aprimorando as predicados de atenção, representação e relacionamento, apontando,
pelo movimento, um arranjo intelectual cada vez mais acrescentada; Melhorar a
atividade mental que preside à elaboração, transmissão, execução e controle do
movimento; Promover a consciência e integração do corpo; Afirmar a lateralidade;
Autocontrole corporal, orientação espaço temporal; Inibir as pulsões motoras;
Melhorar a representação do movimento; Valorizar o aspecto simbólico e expressivo
do movimento; Educar o movimento/ desenvolvendo as estruturas cognitivas e
afetividade;
Depois de conhecer a história e conceitos da Psicomotricidade, vamos agora
entrar no tema desenvolvimento psicomotor e aprendizagem.

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UNIDADE 2 – O DESENVOLVIMENTO PSICOMOTOR E


APRENDIZAGEM

Para falar em desenvolvimento psicomotor e aprendizagem, teremos que falar nos


aspectos que se distinguem pelo aparato biológico individual que cada criança traz na
sua carga genética e por outros que são adquiridos pela intenção com o meio do qual
se faz parte. Serão abordados aspectos motores, sensoriais, perceptivos, cognitivos
e afetivos, presentes no desenvolvimento psicomotor da criança.
Estes aspectos quando estimulados e combinados entre si, levam a aquisição
de competências indispensáveis a aprendizagem escolar e da vida diária.

O que você entende por aprendizagem?

Aprender é modificar o cérebro com a experiência. Quanto mais você esforça,


mais aprende e melhor fica naquilo que pratica. Portanto, segundo Ohweiler (2006) -
aprendizagem é processo complexo que resulta em modificações estruturais e
funcionais permanentes do Sistema Nervoso Central. Representa uma das fases da
memória: aquisição.

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Segundo Piaget (1987) “...as crianças não nascem com conhecimento, nem o
conhecimento é lançado sobre elas, mas a criança deve construir arduamente sua
formas de conhecimento ao longo do tempo.”
A prática de exercícios pode resultar numa melhora do desempenho cognitivo.
Os exercícios aprimoram uma série de habilidades valorizadas nos ambientes de
ensino.

2.1 – ASPECTOS MOTORES

Aspectos sensoriais
Antes do nascimento a criança já percebe os estímulos sensoriais dentro do
útero materno. O que permite a sua adaptação ao novo meio. Assim, os sentidos
tornam-se os canais condutores desses estímulos, que podem ser:
Exteroceptivo - Este Sistema sensorial tem seus órgãos sensoriais localizados
na periferia corporal (olhos, orelhas, pele, nariz e boca). Agem a partir das informações
transmitidas por células sensitivas que por sua vez, são estimuladas por sensações
que ocorrem no ambiente circundante, isto é, fora do corpo (ex.; estímulos visuais ou
auditivos).
Proprioceptivo – Este sistema é que direciona as informações relacionadas
aos movimentos corporais e a posição do corpo. Os receptores proprioceptivos
localizados nos músculos (fuso neuro-muscular), no tendão, nas cápsulas articulares
(complexos de Golgi) e no labirinto (sistema vestibular). Fornecem informações
referentes à posição e ao movimento dos membros do corpo (Fonseca, 2008, p. 577).
Interoceptivo – O sistema sensorial rege as informações emocionais ligadas
ao controle de todo equilíbrio fisiológico. Este sistema sensorial permite que o
indivíduo se aproprie das estimulações recebidas dos aparelhos digestivos,
respiratório e circulatório.
A criança aprende desde o nascimento por meio dos sentidos de seu corpo, a
conhecer o mundo a sua volta e a se mover nele. Alguns dos canais sensoriais mais
utilizados pela espécie humana são:

Visão

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É pela motricidade e pela visão que a criança descobre o


mundo dos objetos, e é manipulando-os que ela muda
(Ajuriaguerra, 1983, p. 210)).

È considerado o mais eficiente canal sensorial, é veloz, preciso e perfeito na


comunicação e relacionamento com o outro. A criança nasce com a visão difusa.
Primeiro ela explora o objeto com a mão e, mais tarde, com a visão, acontecendo a
interação com o meio. Com a maturação cerebral e o ajustamento da visão binocular,
a informação visual será controlada e categorizada com a informação motora.
A criança conhece o mundo dos objetos e das pessoas, por meio da
estimulação visual, ela vai criando imagens do mundo.

Audição
É por meio da audição que se percebe uma gama infinita de sons,
principalmente das vozes humanas. Representa um canal importante de
aprendizagem. É determinante para o conhecimento do mundo, discriminando choros,
risos, tosses, balbucio, expressões, localizações, entre outros. A audição é um
sistema sensorial básico para a compreensão da fala humana, indispensável à
estruturação simbólica.

Tato
O tato é um sentido que é percebido pela pele. Percebe a temperatura, pressão,
dor, postura, movimento, entre outros. São processados por sensores táteis e
cinestésicos, levando os seres humanos a percepção e discriminação de estímulos se
tornando num importante meio de comunicação.
O bebê quando ainda rodeado pelo líquido amniótico, já recebe uma infinidade
de estímulos e, mais tarde, sua pele se condicionará como órgão de comunicação e
de interação. É pelo tato, que o bebê começa a exploração do meio externo, através
dos cuidados que recebe e, também, ele próprio, com o seu corpo e com seu Tato. È
um sentido que possui uma grande superfície corporal voltada para o exterior, sendo
receptor de vários estímulos.
Quando o bebê é amamentado, quando suga o peito, provoca na mãe a
liberação de hormônios de prazer (ocitocina e prolactina), há neste momento uma
interação e uma comunicação tátil, que ficará marcada e projetada no
desenvolvimento emocional dessa criança.

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Olfato
Este sentido associado a situações de prazer e desprazer torna-se um
importante meio de comunicação. O olfato tem o nariz como principal órgão receptor
dos estímulos, é responsável por sentir os odores, os cheiros.
Contribui na orientação espacial quando a visão não puder ser utilizada. O bebê
reconhece sua mãe pelo olfato e a discrimina de outras pessoas.

Paladar
É pelo paladar que reconhecemos os gostos das substâncias colocadas sobre
a língua. Na língua estão localizadas as papilas gustativas, que são estruturas
compostas por células sensoriais que nos permitem identificar os gostos básicos: o
amargo, o azedo, o salgado, e o doce. O paladar também é influenciado pelo olfato,
auxiliando o cérebro a reconhecer a discriminar os sabores dos alimentos levados à
boca.
Durante a alimentação acontece uma interação não só nutritiva, mas afetiva e
emocional. Este momento pode determinar em um importante canal de comunicação
e aprendizagem.

Cinestésico
Este sentido depende de receptores dos músculos, tendões, cápsulas,
ligamentos e articulações. Ele registra a posição do corpo e ajuda a equilibrar os
movimentos, o posicionamento, a velocidade e a força das partes do corpo durante o
movimento. É um sentido com ações voluntárias, pois se alguém se move é porque
assim deseja. Se fecharmos os olhos e mexermos os membros, o sentido cinestésico
nos torna consciente do movimento.

Aspectos perceptivos
Quando os bebês nascem, já possuem uma boa quantidade de mecanismos
perceptivos e cognitivos para enfrentar o mundo. Durante o primeiro anos de vida, sua
ação motora é ainda mais limitada, através da percepção vai assimilando o meio que
a cerca. Por meio do sistema sensorial, o bebê vai recebendo dados vindos do meio
exterior (exteroceptivos), por meio dos músculos, tendões e articulações em
movimento (proprioceptivos) e vindos também dos órgãos internos (interoceptivos),

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levando-os a desenvolver uma capacidade de reconhecimento e identificação das


informações – percepção – para, assim, compreender e se relacionar com o meio que
o envolve.
A percepção é de grande relevância no processo de aquisição de competências
indispensáveis nas aprendizagens escolares, pois desde muito cedo, a criança é
colocada em situações que propiciam o contato com o mundo das sensações, sendo
estimuladas em seu meio, transformando experiências em aprendizagem e, esta, em
inteligência. Com base nisso, Bee (2003, p. 168) escreve:

De fato, conseguir que a colher entre com segurança na


boca não é tarefa fácil para a criança pequena, Isso
obviamente envolve habilidades motoras, uma vez que
ela precisa agarrar a colher e mover a mão e o braço em
direção a boca. (...) Ela também precisa utilizar uma
ampla variedade de informações perceptivas. Acriança
tem de enxergar a colher e\ou senti-la em sua mão,
calcular a distancia em relação à boca e determinar a
trajetória apropriada, enquanto coordena as informações
visuais e cinestésicas conforme vai prosseguindo, a fim de
mudar de direção caso precise. (Bee - 2003, p. 168)

A aprendizagem acontece em um ambiente complexo, cheio de estímulos e


sensações vividas da interação com o meio familiar, onde o bebê lança mão de um
mundo sonoro, visual, tátil-cinestésico, para melhor percebê-lo e compreendê-lo.
Alguns canais perceptivos mais disponíveis e utilizados nas aprendizagens
infantis são:

Percepção visual
É um meio de interação entre o homem e seu ambiente. É por meio da
percepção visual que se percebe os sensações captadas do mundo e do próprio corpo
e ainda as discrimina, seleciona e identifica, relacionando-as com as experiências
anteriores reconhecendo-as. A percepção visual representa primeiro degrau das
funções cognitivas, pois constitui um dos principais meios de estimulação cognitiva
garantindo a representação mental, que analisa a distancia, a visão e o
reconhecimento do objeto.
Algumas capacidades psicomotoras devem ser estimuladas, como:

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Coordenação visomotora– É a capacidade de coordenar à visão com a


produção da escrita (representação gráfica), do desenho, da cópia, e até mesmo, das
atividades lúdicas de manipulação e de jogos que utilizam objetos como bolas, tacos,
bambolês e bastões, utilizando a coordenação olho e ação motora.
Figura fundo – É a capacidade de distinguir uma figura em espacial dentro de
um fundo de outras informações. Esta competência é essencial para análise e síntese
dos estímulos, sejam eles auditivos ou visuais. É importante para a distinção entre
palavras, na leitura e escrita, e nas mais variadas atividades.
Posição no espaço – É a habilidade em reconhecer e perceber qualquer
forma, em qualquer posição no espaço. É a capacidade adquirida com a consciência
da lateralização do espaço corporal. Esta habilidade permiti a diferenciação, a
discriminação, a seleção e distinção de igual e diferente, mesmo que em posições
invertidas, revertidas ou rodadas, por exemplo: b,d,q e p.
Relações espaciais: É a capacidade em reconhecer e perceber as posições
espaciais como, na frente\trás, embaixo\ em cima,\entre\ao lado de, em objetos,
figuras, pontos, letras e números entre si, em sua relação com o indivíduo. a escrita é
utilizada para reconhecer uma sequência de letras em uma palavra ou uma sequência
de palavras em uma frase.
A percepção visual deve-se processar antes das primeiras exigências gráficas.
Com uma estimulação psicomotora adequada, pode-se desenvolver todas as
competências de uma forma lúdica e prazerosa, tornando a aprendizagem integrada
e contextualizada.

Percepção auditiva
A percepção auditiva tem como atender a direções verbais, processar e
discriminar as ordens verbais, ajustando-se a situação e respondendo motoramente
ou não a elas. Permite Integrar, memorizar e reproduzir ritmos e também a traduzir
músicas em movimentos, diferenciar os variados sons de instrumentos de percussão,
reter e integralizar sons, timbres e volumes, mudar expressões motoras de acordo
com o som. Pode promover a integração intersensorial auditivo-motora.

Percepção tátil-cinestésica

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É o meio pelo qual o indivíduo projeta, registra, analisa, armazena e integra no


cérebro as informações captadas pelos receptores táteis e cinestésicos, isso acontece
por manipulação e experimentação do movimento no espaço ao redor de si próprio. É
facilitada principalmente pelos receptores localizados em toda pele e pela percepção
da modalidade muscular, provocada pela reação de músculos, tendões e articulações.
O verdadeiro conhecimento corporal se dá pelas sensações do movimento (percepção
cinestésica) que atingem o corpo; mover é sentir e sentir é saber. Esta percepção
quando eficiente propicia à criança o ajuste automático as situações posturais,
espaciais, temporais e coordenativas necessárias e exigidas para as competências
escolares e da vida diária.

Aspectos cognitivos

O que o bebê tem ou faz que permita perceber


que ele “pensa”ou “sabe” algo sobre a coisas?

As funções cognitivas representam o processo pelo qual um organismo recebe


informações e as elabora para pautar seu comportamento.
Por meio do movimento e atuando no ambiente, o bebê vai vivendo e criando
novas experiências para si mesmo, estas experiências são atraentes e interessantes
ao bebê, pois vão além do que ele pode compreender no momento. Os seus esforço
vão se consolidado em aprendizagens, em acúmulos de novos entendimentos. O
prazer em realizar novas ações que vão sendo significativas pelo outro experiente, as
quais vão sendo reforçadas, leva o bebê a repetir a ação, repetir a incerteza, repetir
incontáveis possibilidades de ação novamente e, finalmente apropriar-se deste
conhecimento e melhorando os níveis de cognição.

Seu tipo de cognição é inteiramente inconsciente, não


simbólica e não simbolizável (pelo bebê); é o tipo de

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inteligência que exibimos quando realizamos ações que


são caracteristicamente não simbólica e não pensantes,
em virtude de terem sido tão aprendidas e automatizadas,
como por exemplo, escovar os dentes, (FLAVEL; MILLER
& MILLER, 1999,p.44).

Na visão Piagetiana (1970), a linguagem, por meio da imitação tem sua origem
na função simbólica (no final do estágio sensório-motor), desenvolvendo-se
dependência com a inteligência. Paralelamente às ideias de Piaget, existem outros
estudos que atribuem às aquisições cognitivas da criança, durante p primeiro ano de
vida, como resultado de uma relação com o mundo de objetos e, também, como a
criação da compartilhada de estruturas produtivas em um mundo de pessoas que se
comunicam (Wallon, 2005).
Gera cognição, quanto maior for a estimulação e a interação social e
comunicativa da criança com seu ambiente, maior será sua capacidade de criar
esquemas que antecipem o resultado de sua ação.
Cognição – ato ou ação de conhecer ou adquirir conhecimentos. Explica como
a criança pensa e aprende. Pressupõe a estimulação de:
Percepção e discriminação – capacidade de receber, discriminar, analisar
e interpretar sensações recebidas. Ocorre quando se opera uma estimulação
sensorial.
Memória – capacidade de receber, registrar e fixar estímulos. Envolve:
memória visual, auditiva, viso-motora.
Segundo (Fonseca, 1995), a memória ocupa uma função importantíssima na
aprendizagem. Ao eleger e chamar o conhecimento assimilado e concretizado, o
cérebro combina-a, relaciona-a, classifica-a e organiza-a de uma forma
sequencializada e classificada para resultados de atendimento, de integração e de
expressão.
Atenção – constitui-se no modo como a mente seleciona e fixa determinados
estímulos mantendo as funções de alerta e vigília por um período de tempo.
A atenção depende de outras variáveis como motivação, entusiasmo,
curiosidade para mobilização e estabilização da atenção necessária a aprendizagem
consciente.
Raciocínio – formas de pensar graças às quais busca solucionar problemas.
Raciocínio e pensamentos estão relacionados, pois é através do raciocínio que
o pensamento se organiza.

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Linguagem “Linguagem é todo sistema de signos que serve como meio de


comunicação entre indivíduos e que pode ser percebido pelos órgãos dos sentidos”
(MEC, Diretrizes n. º 2).
Vocabulário – (conjunto de palavras de uma língua) – oferecendo
oportunidade para que o aluno possa ampliar e enriquecer o vocabulário.
Fluência e codificação – (facilidade de expressar e comunicar-se). É através
da expressão e comunicação que a criança irá adquirir o domínio linguístico (ex:
dramatização, música, poesias, histórias etc.).
Compreensão da leitura – Segundo Fonseca para que a criança possa ler é
necessário associar “o símbolo gráfico (que se vê) a um componente auditivo que se
lhe sobrepõe e lhe confere um significado”.
Escrita – É a representação simbólica, gráfica da expressão verbal. “Consiste
em saber o desenho dos símbolos, o que decorre da capacidade de decodificar as
correspondências entre os sinais gráficos – grafemas (entendimentos visual das
palavras na língua escrita) e os fonemas (entendimento auditivo na língua oral)”.

Aspectos afetivos
Quando a criança nasce, ela já esta equipada com um repertório de
condutas afetivas que lhe permite expressar suas necessidades básicas de sono,
alimentação, repouso, entre outras. Portanto, podemos considerar que as primeiras
formas de comunicação estão ligadas aos seus desejos, seus desconfortos, suas
necessidades. Desce muito cedo, a criança já é capaz de interagir afetivamente a
objetos e pessoas, usando sorrisos e outras manifestações de formas reflexas.
A criança se realiza gestos, expressões faciais e sinais linguísticos, como
atitudes voluntárias, se apropria destas ações buscando novas aprendizagens.
Portanto, as condutas afetivas não podem ser consideradas apenas uma
reação a uma experiência; elas também são formadoras de experiências, já que as
trocas entre o bebê e seus pais e os que estão a sua volta, criam situações e
experiência novas para ambos os lados, proporcionando-lhe um diálogo próprio.

É provável que o aspecto mais importante dessas


interações para a compreensão do nascimento da
linguagem, seja referente ao fato das condutas da criança
deixar supor que ela percebe muito cedo que o circulo
humano do qual ela faz parte, é composto por seres
sociais; por sujeitos com intenções, capazes de
experiências e de interpretação dos significados e,

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definitivamente, por agentes autônomos de seu


comportamento. (CHEVRIE-MULHER; NARBONA.
2005,p.77).

A criança vai aprendendo a conhecer as próprias emoções e a identificar os


sentimentos dos outros em relação a ela, reconhecendo antecipadamente, o que
certos comportamentos podem causar aos outros e prevendo, então, experiências
positivas ou negativas.

Desenvolvimento neuropsicomotor
Durante a fecundação, o desenvolvimento da criança prossegue de estágio a
estágio, em uma evolução sequenciada e ordenada, sendo que cada estágio
representa um grau ou nível de maturidade. Cada nível de maturidade diz respeito a
períodos integradores e mudanças fundamentais no foco e nos centros de
organização, demonstrando a progressão do desenvolvimento fisiológico, resultado
da atividade reflexiva, da qual ele dispõe para introduzir-se neste novo meio, Isto é,
fora do útero.
O bebê é frágil, incapaz de resolver suas necessidades básicas de
sobrevivência. Ela é dependente de um espaço acolhedor, representado na figura dos
pais, para sua nutrição, higiene e cuidados pessoais que possam suprir todas as
necessidades urgentes no início de sua vida.
Quanto mais a criança for estimulada a vivenciar experiências novas e
apropriadas para sua faixa etária, tanto maior e melhor será seu desenvolvimento.
Com a maturação e o desenvolvimento neurológico da criança, todas as informações
resultantes de suas experiências ficam registradas no cérebro e se tornam
gradativamente especializadas. Os neurônios comunicam-se cada vez mais eficaz e
rapidamente, por meio do processo de mielinização, isto é, uma bainha formada de
uma substancia gordurosa chamada mielina, que recobre o axônio (prolongamento do
neurônio que leva as informações até o núcleo da célula), isolando-os eletricamente
uns dos outros e melhorando a condutividade. Todas as aquisições requerem uma
atividade completa do Sistema Nervoso. O corpo responde a um estímulo cerebral
voltado a um fim determinado (psicomotricidade). O córtex, por meio das informações
sensoriais e afetivas, realiza a percepção do meio, que só pode ser adquirida com a
ajuda das experiências motoras e que integram o espaço, o tempo e as relações com
o mundo dos objetos e das pessoas.

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A motricidade tem a função de levar as experiências concretas, ao cérebro que


fará a decodificação de cada estímulo sensorial e afetivo e armazenará toda a gama
de informações perceptivas e, mais tarde, simbólicas, que tais vivências trouxeram ao
indivíduo. Finalmente o córtex motor, devolverá, também por meio da motricidade, a
resposta adaptativa, necessários a cada exigência do meio.
Durante o desenvolvimento psicomotor da criança, seu cérebro vai modificando
a estrutura física, em razão de seu aprendizado. O cérebro humano realiza novas
conexões de acordo com as exigências do meio, levando-o a se reorganizar
continuamente. Ele é flexível, capaz de aprender e de se adaptar, de melhorar e
aperfeiçoar as habilidades mais utilizadas em consequência da estimulação.

O desenvolvimento da inteligência é, pois, em grande


medida, função do contexto social e histórico cultural, isto
é, da qualidade e do tipo de interações que os outros
exercem sobre o indivíduo; ou seja, é fruto da
incorporação ou integração do que esta fora dele ou,
melhor dito, de como o extra corporal ou extra biológico
que consubstanciam a cultura são transmitidos pelos
outros mais experientes e são apropriados pelo próprio
indivíduo. (Fonseca, 2008, p.40).

Padrões do desenvolvimento psicomotor


Os dois padrões de desenvolvimento Psicomotor , são:
➢ Lei céfalo-caudal: as partes do corpo que estão mais próximas da cabeça são
controladas antes, sendo que o controle estende-se posteriormente para baixo. A
criança mantém sua cabeça ereta antes do tronco e utiliza-se dos membros
superiores antes dos membros inferiores. Com base nisso, observa-se que o bebê
segura a cabeça, arrasta, senta, vira, engatinha para, depois, colocar-se em pé.
➢ Lei próximo-distal: são controladas primeiro as partes que estão mais próximas do
eixo corporal, em seguida as que se encontram mais afastadas. Percebe o eixo
corporal e seus hemilados, partindo o controle do centro para as extremidades.
Controla primeiro a articulação do ombro, depois do cotovelo e depois da mão e
dedos, que serão os últimos a se especializarem.
O movimento da criança vai integrando e controlando voluntariamente um
maior número de grupos musculares (coordenação global), e vai se tornado
progressivamente mais precisa (coordenação fina), permitindo incorporar repertórios
psicomotores mais especializados e complexos, favorecendo uma maior percepção

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do meio e a busca de maneiras mais ajustadas de agir sobre ele. Com a maturação a
criança vai passando por todas as fases de fortalecimento tônico, até ficar em pé e
equilibrar (céfalo-caudal) e, a partir daí começar a individualizar com a locomoção.
Com a exploração do espaço e dos objetos, a criança incorpora novos esquemas de
ações e coordenações bilaterais, tornando-se conscientes de sua existência e da
interação com o universo ao seu redor (próximo-distal).

De etapa em etapa, a psicogênese da criança mostra,


através da complexidade dos fatores e das funções,
através da diversidade e das oposições das crises que a
assinalam, uma espécie de unidade solidária, tanto em
cada uma como entre elas. É contra a natureza tratar a
criança fragmentariamente. Em cada idade ela constitui
um conjunto indissociável e original. Na sucessão das
suas idades, ela é um único e mesmo ser em curso de
metamorfoses. Feita de contrastes e de conflitos, a sua
unidade será, por isso, ainda mais suscetível de
desenvolvimentos e de novidade. (Wallon, 2005, p.215).

Daí em diante as condições funcionais ideais de estimulação recebida pela


criança é que vai sustentar o seu desenvolvimento cognitivo, motor e emocional.

Desenvolvimentos cronológicos psicomotor


Durante o processo de maturação e desenvolvimento da criança os
ganhos funcionais, cognitivos e relacionais se entrelaçam e se suportam, definindo
um perfil psicomotor individual ao sujeito. Porém, mesmo que existem padrões de
desenvolvimento, os quais definem que certas competências são adquiridas em um
determinado período, as experiências individuais que a criança troca com o seu meio
é que vão definir a qualidade e eficiências destas aquisições. A criança passa por
estágios maturacionais que segundo Piaget (1970), estas aquisições são cumulativas,
ou seja, as habilidades adquiridas nos estágios anteriores não são perdidas a caminho
do novo estágio.
O Recém-nascido: Não realiza movimento voluntário organizado, ele
apresenta reações automático-reflexivas. É necessário perder estes automatismos
para readquiri-los de modo intencional através de informações sensoriais e manobras
exploratórias geradas pelo desejo.

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Ao nascer, os movimentos são de reflexos, alguns


desaparecem e outros evoluem até a adolescência. A
partir do primeiro mês, começa a distinguir cores e
formas e até mesmo o olhar do outro. É capaz de parar
de chorar quando alguém se aproxima, havendo uma reação entre a criança e o
ambiente humano, fazendo com que a socialização seja situada precocemente.

O deslocamento de pessoas é percebido pelo bebê aos dois meses, fazendo-


o sorrir. Faz brincadeiras com as mãos examinando-as e com isso surge o interesse
pelas pessoas e por si mesmo.
Aos três meses, mantém a cabeça ereta quando sentada, involuntariamente
sacode um chocalho, por fazer sorri para o outro e seus sons vocálicos são mais
prolongados estabelecendo a primeira comunicação através do sorriso recíproco e sai
do estágio de reflexo mesmo se ainda não faz gestos intencionais.
Aos quatro meses: Consegue tocar objetos, aproximando-os, ri alto, esconde
o rosto nos lençóis e já se volta com a cabeça quando alguém o chama, fazendo com
que sua orientação espacial seja trabalhada e conseguida.
Com cinco meses: tendo um objeto que ela consegue pegar, manipula-o. Com
apoio, conserva-se sentada. A exploração espacial começa a constituir-se e consegue
ver o conjunto do corpo do outro, portanto, a apreensão é desenvolvida.
Aos seis meses: a criança passa à alimentação sólida e usa a colher. Ela
utiliza o seu corpo e os objetos.
No oitavo mês: provoca os objetos caídos e começa a brincar de esconde-
esconde e de jogar para longe os objetos. Reage negativamente à ausência da mãe
ou mesmo a um rosto estranho quando não a satisfaz. Sua mãe já é personalizada e
identificada.
Aos nove meses: mantém-se em pé com apoio. Sua linguagem é composta
de uma palavra de duas sílabas e essa palavra serve para dar nome a tudo.
Colocando-se em pé sozinha bebendo com um copo, repetindo um som escutando e
parando o que faz, ao ouvir uma ordem, acontece aos dez meses.

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Com um ano : a criança anda com ajuda e sua linguagem passa a ser
constituída por três palavras. Mais tarde, com um ano e três meses anda sozinha, seu
vocabulário passa a ser de nove palavras, sendo uma linguagem de ação. As frases
são construídas, adquire a noção de totalidade corporal dando nome a duas imagens,
com um ano e nove meses, isto é adquirido.
Aos dois anos: começa a realizar exercícios diariamente, conseguindo a
fixação através deles e, mais tarde, o funcionamento dos movimentos aprendidos
recentemente como, por exemplo, o andar e a habilidade manual. Articula palavras e
frases e há o controle dos esfíncteres, continuam os movimentos associados,
manifestando as sincinesias manuais e digitais. São marcados pelo fortalecimento da
posição de pé, e depois o andar. Durante este período, é normal que ocorra
imprecisão geral de movimentos e de controle manual deficientes.
Com dois anos e dois meses: já consegue nomear as partes do corpo através
de um desenho.
Aos três anos: a coordenação dinâmica manual está progredida e existe
exatidão nas atividades manuais, como segurar o lápis com preensão e os gestos
mais diversificados, permitindo o aperfeiçoamento da coordenação visomotora. A
criança já consegue imitar um desenho sem muitos traçados e tenta fazer um boneco
mais aperfeiçoado.
A coordenação ocular desenvolvida torna possível à criança com esta idade
construir uma ponte com três cubos ou uma torre com mais cubos com equilíbrio no
movimento fino.
Com quatro anos: o conhecimento da criança para vestir-se e despir-se
sozinha, manusear a tesoura, o lápis abotoar e desabotoar, amarrar e desamarrar o
sapato e dar laços já é evidenciado. Os movimentos de preensão ocorrem em forma
de pinça, mas não há ainda a dissociação manual.
Esses movimentos de pinça são alcançados através de tarefas onde os dedos
são mais valorizados. Essa tarefas são bem realizadas na pré-escola, onde ocorre a
maturação intelectual e motora, na qual se apoiam as duas funções esboçadas nos
três primeiros anos.
A criança de quatro a cinco anos, no começo do pré-escolar, adquire a
precisão de movimentos lentamente, e é através de atividades de pouco

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deslocamento. Por si mesma, a criança de cinco a seis anos inicia a realização de


certas tarefas, independentemente, adquirindo assim um sentido de responsabilidade.
Já há controle nos exercícios complexos, pois através dos movimentos exigidos
solicitará dela um esforço enorme de caráter psicomotor. A atenção será importante
neste momento, onde facilitará a capacidade motora de uma acomodação postural
para o ato da escrita e o manejo bimanual dos movimentos que deve usar. Nesse
momento, as dissociações manuais e digitais já se afirmam e a flexibilidade dos
músculos da mão, juntamente, com a dissociação manual permite o manejo
simultâneo e correto do lápis e do caderno.
Esses mecanismos são desenvolvidos com a integração da coordenação
visomotora, da dinâmica manual e da atenção estabilizada ao nível suficientemente
para poder fixar e sustentar a aprendizagem, permitindo à criança realizar
complicadas aquisições, naturalmente, e desenvolvendo os aspectos intelectuais e
motor. Um ritmo normal em todos os movimentos e uma precisão marcada dos gestos
é percebido quando a criança está no final dos seis anos.

Estágios do desenvolvimento psicomotor

O ato de conhecer é tão vital como o ato de comer ou


dormir, e se eu não posso comer nem dormir por alguém...
assim a busca do conhecimento não é preparação para
nada, e sim para a vida, aqui e agora”. (FREIRE, M., 1983,
p.15).

Contribuições de alguns autores:


Para Piaget (1983) a cada ocasião que alguma pessoa ensina prematuramente
a uma criança algo que a criança poderia deparar por conta própria, essa criança está
perdendo a ocasião de cumprir a sua capacidade criadora e de envolver totalmente o
que foi instruído.
Cognitivista que mostrou necessariamente a concepção entre um princípio vivo
e seu espaço, e que o elemento para tal relação existir é o equilíbrio.
Qualquer organismo vivo deve produzir alterações tanto de seu desempenho
(adaptação) como de sua estrutura interna (organização) para continuar a ser estável
e não desaparecer. “Esta categoria se dá tanto a nível biológico como no equilíbrio
entre o sujeito e o meio”. (Apostila organizada pelos Prof. de Psicomotricidade da
UCB- 2004/2005).

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O homem constrói seu conhecimento?

Gênese do conhecimento
A própria ação não é continuidade ou ponto final do conhecimento: A ação é a
primeira etapa para a fase da abstração reflexiva.
O conhecimento é a estrutura da ação: O processo de cognição nada mais é
que como a criança aprende, conhece e atribui significado ao real. Caracteriza o
conhecimento como a compreensão do modo de construção ou transformação de
objetos e acontecimentos.
A essência do processo cognitivo é como uma reequilibração com novas
combinações, cujos elementos são retirados do sistema anterior, que se caracteriza
como uma abstração reflexiva.
A estrutura da ação é generalizante antecipadora: A partir do aprendizado de
qualquer ação está se reproduz sempre (a partir da recepção de uma bola, recebe-se
qualquer objeto);
A mesma estrutura, ex: lançar ou receber um objeto pode ser feito através de
diferentes ações. Com a repetição a criança antecipa sua ação sabendo o que deve
fazer para realizar o desejado. Na construção do espaço, primeiramente, o que vê e
toca é a referência da existência do objeto no espaço. Vai atrás do objeto e descobre
a sua existência, até que generaliza e antecipa onde o objeto irá parar.
Piaget também diz que todo conhecimento começa, tem sua origem em uma
ação – ação objetal. O sujeito constrói um modelo (esquema, estrutura) mental das
ações – quebrar e recriar os objetos – realidade.
Generalização – após a construção das estruturas mentais você tem várias
possibilidades de orientação e atuação.
Antecipação – modelar o resultado de uma ação antes do seu acontecimento.

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Generalização e antecipação definem o que é conhecimento. Conhecer é


construir um modelo, uma estrutura mental generalizada e antecipatória.
Para Piaget, a inteligência refere-se ao modo como o ser humano constrói seu
conhecimento e assim se adapta a situações novas, onde para a criança ser capaz
de fazer abstrações, é necessário, entre outras coisas, que ela tenha experiências
concretas acerca das coisas, por isso o movimento será de grande importância para
a cognição.
Existem dois mecanismos básicos que são importantes na adaptação do ser
humano ocasionando mudanças de comportamento.
São eles:
➢ Assimilação: através da organização dos atos, assimila os componentes motores
das diversas situações oferecidas pelo meio;
➢ Acomodação: tentativa de se ajustar a uma nova experiência ou a um novo objeto,
modificando esquemas já existentes.

Estágios do desenvolvimento segundo Piaget

Sensório-motor (0 a 2 anos) - A partir de


reflexos neurológicos básicos o bebê começa a
construir esquemas de ação para assimilar o meio. A
inteligência é prática. As noções de espaço e tempo,
por exemplo, são construídos pela ação. O contato
com o meio é direto e imediato, sem representação ou
pensamento. O pensar e agir estão estritamente
ligados entre si. Os objetos só podem ser
reconhecidos na medida em que o indivíduo pode lidar
com os mesmos, agindo.
Pré-operatório (2 aos 7 anos) - A criança se torna capaz de
representar mentalmente pessoas e situações. Já pode agir por simulação, “como se”.
Sua percepção é global, sem discriminar detalhes. Deixa-se levar pela aparência, sem
relacionar aspectos. É centrado em si mesmo, pois não consegue colocar-se
abstratamente, no lugar do outro. O período Pré-operatório é caracterizado pela
interiorização dos esquemas de ações construídas no estágio anterior, aperfeiçoados

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e transformados em manipulações internas das realidades, dando lugar,


progressivamente à inteligência representativa. A criança passa a atingir domínio do
simbolismo, associando sempre um objeto a alguém ou a alguma coisa. É este
simbolismo que capacita a criança a desenvolver a linguagem matemática e a
linguagem verbal. O estágio em que a criança está muito voltada para si mesma.
Operatório (7 aos 12 anos) - Nesta fase a criança é capaz de relacionar
diferentes aspectos e abstrair dados da realidade. Não se limita a uma representação
imediata, mas ainda depende do mundo concreto para chegar a abstração.
Desenvolve também a capacidade de refazer um trajeto mental, voltando ao ponto
inicial de uma determinada situação. A criança já consegue usar a lógica para chegar
às situações de maior parte dos problemas concretos. Entretanto sua dificuldade
aumenta quando se trata de lidar com problemas não concretos. A sequência da
maturação e a influência do ambiente físico e social levam a criança a uma importante
acomodação: a operação. Mesmo que as ações externas tenham grande importância
neste estágio, a criança enriquece profundamente a capacidade de ação interna. Uma
das características da ação é a reversibilidade. A criança acompanha a ação com um
trabalho mental sendo capaz de tirar suas próprias conclusões. Neste estágio
raciocina a partir de ângulos diversos e está dentro do quadro geral de flexibilidade
que caracteriza a inteligência operacional. É capaz de colocar objetos em série,
classificá-los, etc.... O desenvolvimento ocorre a partir do pensamento pré-lógico para
as soluções lógicas de problemas concretos.
Formal (acima de 12 anos) - A representação agora permite abstração total. A
criança não se limita mais a representação imediata, nem somente as relações
previamente existentes, mas é capaz de pensar em todas as relações possíveis
logicamente. A operação formal realiza-se através da linguagem, sem relação
necessária com o dado concreto, apenas através do raciocínio. O indivíduo independe
dos recursos concretos ganhando tempo e aprofundando o conhecimento. O
pensamento lógico já consegue ser aplicado a todos os problemas que surgem, o que
não significa que todo adolescente é totalmente lógico nas ações.

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As principais contribuições de Wallon

“Wallon inicia seus estudos pela cócega


promovida pelo outro. Esta gargalhada leva a uma
descarga de energia de tal forma que o indivíduo
responde através do: tremor, lassidão muscular,
rigidez, incerteza, distúrbio de julgamento e
espasmos viscerais”.
A emoção tem a capacidade de contaminar o
outro. No momento do perigo o automatismo
antecipa a emoção, o indivíduo reage e passada a
reação deixa-se levar pelos sintomas da emoção, ou
a emoção supera o automatismo e não deixa o indivíduo reagir. (Apostila organizada
pelos Prof. de Psicomotricidade da UCB-2004/2005).
Wallon dizia que o desenvolvimento do pensamento não é organizado, ele é
conflituoso e regressivo.
Ele organizou vários estudos sobre a importância da tonicidade no
desenvolvimento do ser humano. Um deles foi o estudo sobre o diálogo tônico entre
a mãe e o bebê, onde o estado de fusão entre ambos dependerá das modulações
tônicas de seus corpos além da respiração. O bebê e a mãe se comunicam através
desse diálogo.
“Segundo Wallon, o movimento é o elemento primordial que contribui para a
elaboração do pensamento da criança. O movimento é de natureza social, pois é por
ele e através dele que se processa, provoca e detona a maturação do sistema
nervoso. A motricidade humana começa pela atuação sobre o meio social para depois
modificar o meio físico”. (Apostila organizada pelos Prof. de Psicomotricidade da UCB-
2004/2005).
Wallon dividiu em estágios o desenvolvimento psicomotor:
Corpo vivido - estágio impulsivo expressivo emocional (0 – 3 meses), existe
a dependência total em relação a família; O bebê apresenta descargas ineficientes de
energia muscular através de espasmos movimentos desorganizados.

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Corpo percebido - estágio emocional – (3 – 9 meses): A emoção é o meio de


comunicação do bebê. É o período da relação afetiva mais contundente
desempenhando papel importante para a comunicação.
Corpo representado - estágio sensitivo-motor – (1 - 3 anos): A criança descobre
o mundo dos objetos e com o simbolismo, ela transforma esse objeto em uma
imaginação. Surge a marcha, a imitação e a linguagem são ampliadas.
Para o estágio projetivo - (faixa etária aproximada não definida pelo autor): A
criança age sobre o objeto, projetando-se nas coisas para se perceber.
Na participação em diferentes grupos, ela assume vários papeis facilitando sua
entrada no meio social.
E no estágio da adolescência, a afetividade será o centro de interesse e a
maturidade virá com o acesso aos valores sociais e morais, inicialmente abstratos
numa preparação para a vida social do adulto.

As principais contribuições de Jean Le Boulch

Le Boulch formulou uma teoria geral


do movimento, a Psicocinética, a partir da
qual propõe aos educadores meios práticos
para utilizar o movimento como uma das
bases fundamentais da educação global da
criança. Na educação infantil e no ensino
fundamental a Psicocinética toma a forma de uma verdadeira educação psicomotora
fundada sobre o conhecimento das leis do desenvolvimento, qualificando a ação
educativa global e integradora. A educação psicomotora deve ser considerada como
uma educação básica para a escola primária. Ela condiciona todas as aprendizagens
pré- escolares e escolares, estas não podem ser conduzidas a bom termo se a criança
não tiver conseguido tomar consciência de seu corpo, lateralizar-se, situar-se no
espaço, dominar o tempo, se não tiver adquirido habilidade suficiente e coordenação
de seus gestos e movimentos.
A Psicocinética considera o ser humano em um ser em situação num meio físico
e cultural, abandonando a idéia do corpo como objeto.

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A obra “O corpo na escola no século XXI”, escrita por Jean Le Boulch é o


resultado de 40 anos de pesquisa desse estudioso francês, que dedicou seu trabalho
à compreensão da motricidade humana, sua complexidade, suas especificidades e de
suas demais relações com o desenvolvimento e a aprendizagem.
Le Boulch é professor de Educação Física, doutor em Medicina, especialista
em Reabilitação Funcional e Psicomotricidade.

As principais contribuições de Vitor da Fonseca


É especialista em
psicomotricidade pela
Organização Internacional de
Psicomotricidade (OIP) e pela
Associação Ibero-americana de
Psicomotricidade Infantil, em
dificuldades de aprendizagem e
em programas cognitivos,
nomeadamente no Programa
de Enriquecimento Instrumental,
de R. Feuerstein, no Programa
PASS, de J. Das, J. Naglieri e J. Kirby e no Programa de Desenvolvimento Cognitivo
para a Pré-Escola Bright Start, de Haywood, onde desenvolve trabalhos de pesquisa
e de formação de mediatizadores. Fonseca (2003,2008), pontuou que para cada
unidade funcional Luriana, algumas bases psicomotoras são adquiridas,
isto acontece a cada fase do desenvolvimento infantil de 0 a 7 anos.

O homem é seu corpo e ao mesmo tempo um espírito,


todo um corpo e todo um espírito. As duas experiências
são inseparáveis: eu existo subjetivamente e eu existo
corporalmente, é uma só e mesma experiência. (Fonseca,
2008, p.125).

Para Vitor da Fonseca a Psicomotricidade é a evolução das relações


recíprocas, incessantes e permanentes dos fatores neurofisiológicos, psicológicos e
sociais que intervêm na integração, elaboração e realização do movimento humano.

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UNIDADE 3 – RECREAÇÃO NA EDUCAÇÃO INFANTIL

INTRODUÇÃO
A presente apostila pretende apresentar a importância da recreação na
educação infantil para as crianças do ensino fundamental, pois a recreação ainda é
vista como um simples passatempo na vida da criança, sem que tenha nenhuma
importância para seu desenvolvimento integral, uma vez que ajuda no
desenvolvimento motor, emocional, cognitivo e social, bem como na formação de
caráter, recriando situações de forma livre e espontânea, resultando em prazer e
satisfação pessoal.

O QUE É RECREAÇÃO?

A palavra recreação vem do latim “recreare” e


significa "criar novamente" no sentido positivo,
ascendente e dinâmico. (FERREIRA, 2003) De acordo
com BRAGA (1977), “recreação é qualquer atividade, física ou mental, da qual

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depende ou não diretamente a nossa subsistência, que se pratica espontaneamente,


do que nos advém prazer e satisfação física e ou psíquica.”
Segundo GUERRA (1996), “a recreação compreende todas as atividades
espontâneas, prazerosas e criadoras, que o indivíduo busca para melhor ocupar seu
tempo livre. Deve principalmente atender aos diferentes interesses das diversas faixas
etárias e dar liberdade de escolha das atividades, para que o prazer seja gerado.”
WAJSKOP (1995) diz que “quando as crianças brincam ao mesmo tempo em que
desenvolvem sua imaginação, as crianças podem construir relações reais entre elas
e elaborar regras de organização e convivência.” Essas transferências de relações
fazem com que elas expressem até mesmo sem preocupar com o receio do adulto.
Silva 1959, informa que a definição de recreação pode ser achada no termo
inglês "PLAY" significado que o homem encontra uma verdadeira satisfação e alegria
no que esta fazendo. Representa uma atividade que é livre e espontânea na qual o
interesse se mantém por si só, sem nenhuma compulsão interna ou externa de forma
obrigatória ou opressora.
Para Mian 2003 recreação significa satisfação e alegria naquilo que faz retrata
uma atividade que é livre e espontânea e na qual o interesse se mantém por si só,
sem nenhuma coação interna ou externa de forma obrigatória ou opressora, afora e
prazer.
SCHMIT apud FRIETZEN define a recreação como sendo o relaxamento
do organismo e da mente. É diversão, renovação, recuperação. È a atividade
livremente escolhida exercida nas horas de lazer ativa ou passiva, individualmente ou
em grupo, organizada ou espontânea.
A recreação tem o objetivo de criar condições ótimas para o desenvolvimento
integral das pessoas, promovendo a sua participação individual e coletivas em ações
que melhorem a qualidade de vida a preservação da natureza e afirmação dos valores
essências da humanidade.
Segundo Gouvêa 1963 recrear é educar, pois a recreação permite criar e
satisfazer o espírito estético do ser humano ricas possibilidades culturais, permite
escapar do desagradável, utilizando excesso de energia ou diminuindo tensão
emocional; é experiência, complementa atividade compensadora, descarrega
impulsos agressivos, fuga de pressão social que provoca frustração, monotonia ou
ansiedade.

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Já Kishimoto (1997) define recreação como atividade física ou mental a que o


indivíduo é naturalmente impelido para satisfazer as necessidades físicas, psíquicas,
ou sociais, de cujas realizações lhe advém prazer, e que é aprovada pela sociedade.
O entretenimento em si mesmo não é, sempre recreação. Muitas diversões,
muitos passatempos catalogados ou tidos como recreadores, não passam de
atividades destruídas, nocivas a formação do caráter, responsáveis por grande
número de problemas morais e sociais. A verdadeira recreação contém todos os
elementos citados - entretenimento, diversões, passatempos e distração- mas em um
nível construtivo. Atividades feitas apenas com o sentido de "matar o tempo" não
podem ser classificadas como recreação relata Silva 1959.
Infelizmente, nossas crianças na maioria das escolas recebem regras prontas,
não significações. Elas devem aceitá-las para poder transformar num bom adulto. E o
mesmo acontece com os professores. (Mian 2003).
Nem todo passatempo é recreação, nem toda diversão é uma atividade
recreativa cita Ferreira 2003.
É hoje pacífico que a recreação constitui um processo eficiente de educação:
Higiênica, porque o jogo ao ar livre é condição indispensável ao seu
desenvolvimento físico;
Intelectual, porque servindo para lhes dar hábitos de cálculo, reflexão e
previdências, constitui para formação de sua mentalidade; e
Social, porque, estreitando o convívio de crianças de varias origens, tem por
fim eliminar-lhes o preconceito de classes, despertarem nestas o amor e respeito
pelos humildes, e naquelas o hábito e as maneiras das que já foram beneficiadas
pela educação no lar e nas escolas.
De acordo com Vinicius Ricardo Cavallari e Vany Zacharias as principais
características das atividades recreativas são: (2007)
Deve ser desenvolvida de forma espontânea, sem esperar resultados e
benefícios específicos. Para tanto a opção por sua prática deve ser livre, atendendo
os interesses de cada indivíduo;
A prática das atividades recreativas deve levar as pessoas a “estados
psicológicos positivas”, se realizando em um clima e com uma atitude
predominantemente alegre e entusiasta;

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Deve ser um estímulo para a criatividade, um benefício para a formação


pessoal e para as relações sociais, dando lugar à liberação de tensões da vida
cotidiana, resgatando os valores essenciais para uma auto realização.
A atividade recreativa tem sua essência na organização própria dos jogos e
brincadeiras, segundo KISHIMOTO (2005), o jogo, aqui entendido em seu sentido
amplo, ou seja, também denominado como brincadeira, tem por excelência duas
funções:
➢ Função lúdica: propicia diversão, prazer e até o desprazer, quando escolhido
voluntariamente;
➢ Função educativa: ensina qualquer coisa que complete o indivíduo em seu saber,
seus conhecimentos e sua apreensão do mundo.

O DESENVOLVIMENTO INFANTIL
O desenvolvimento nos acompanha durante toda vida, não só enquanto
mudamos de estatura, mas também quando nos desenvolvemos no decorrer da vida.
“O desenvolvimento psíquico, que começa quando nascemos e termina na idade
adulta, é comparável ao crescimento orgânico: como este, orienta-se, essencialmente,
para o equilíbrio.” (PIAGET,1967).
Segundo PIAGET (1967), o desenvolvimento possui seis estágios, entre eles,
há um que diz que a criança de dois a sete anos tem uma inteligência intuitiva,
sentimentos interindividuais espontâneos, ou seja, que agem pelo momento e
que suas reações sociais são de submissão ao adulto. Essa fase constitui a segunda
fase da “primeira infância”. Cada estágio possui características diferentes, já que há
sempre uma necessidade de melhora para continuar organizando e se adaptando as
situações vividas e futuras.
PIAGET (1967) fala que as crianças de 2 a 7-8 anos, “começam o pensamento
com linguagem, jogo simbólico, imitação diferenciada, imagem mental e outras formas
de função simbólica.” Conforme MANNING (1987), a criança nesse período da
infância, tem um maior desenvolvimento motor. Ela consegue aprender várias
habilidades, sem esquecer as anteriores, aumentando sua “memória motora”.
A questão do sexo influencia o aumento das habilidades a serem
experimentadas e armazenadas nessa memória, onde alguns movimentos que
precisam de força e outras habilidades podem ser de maior facilidade para os

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meninos. Pode-se dizer que o fator social influencia a questão motora a ser vivenciada
pelas crianças, já que alguns movimentos e brincadeiras são dados como exclusivos
para um sexo ou outro. O exemplo clássico é o futebol e o brincar de casinha, onde
com essas práticas, os meninos têm vantagens por participarem de ações motoras,
afetivas, cognitivas e sociais diferentes por estarem juntos, correndo e montando
estratégias de jogo, enquanto as meninas dificilmente se expõem motoramente, não
tendo essa oportunidade de vivência de diversos movimentos, por muitas vezes,
serem alvo de preconceito, inclusive dos próprios adultos.
Ainda bem que isso está mudando, através da evolução em nossa sociedade,
com a aceitação de igualdade em oportunidades, gerando uma melhora na qualidade
de vida da criança e na sua vivência.

A RECREAÇÃO NA EDUCAÇÃO INFANTIL


No âmbito escolar, as atividades recreativas passaram também a ter
importância, uma vez que o foco passou a ser o desenvolvimento psicomotor do aluno,
que permite a exploração do corpo a fim de oportunizar diversidade de movimentos,
tirando da escola a função de promover os esportes de alto rendimento,
proporcionando vivência de vários movimentos para melhorar a vida da criança, não
só motora, mas também o convívio com os demais e suas evoluções naturais.
Os jogos trazem tudo isso, pois ao interagirem com os colegas, eles devem
respeitar para serem respeitados, buscando sempre a lealdade e discriminando a
violência. A questão da ordem e obediência através da figura de um juiz contribui para
o entendimento da justiça e até da injustiça, já que nem nos jogos mais simples, está
impedida de acontecer. De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais de
Educação Física (PCN), “no primeiro ciclo, em função da transição que se processa
entre as brincadeiras de caráter simbólico e individual para as brincadeiras sociais e
regradas, os jogos e as brincadeiras privilegiados serão aqueles cujas regras forem
mais simples.” Sendo assim, jogos de rua, que eram muito comuns antigamente, como
esconde- esconde, amarelinha, pique pega, bandeirinha ou pique bandeira e outros,
ajudam as crianças a vivenciarem sensações e ações diversas, e entre elas o prazer,
que os move sem deixar que o jogo se torne desinteressante. Ao seguir as regras
combinadas, se aprende compromisso e respeito às leis, gerando um entendimento
entre os participantes. “É característica marcante desse ciclo a diferenciação das

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experiências e competências de movimento de meninos e meninas.” (PCN –


Parâmetros Curriculares Nacionais) Conforme dito anteriormente, não devemos
excluir as crianças de vivências favoráveis em conjunto, separando atividades de
meninos e meninas, e sim combinar suas características e habilidades, gerando uma
troca nos momentos de recreação e no dia a dia.
O PCN também expressa que os jogos e atividades de ocupação de espaço
estejam presentes nos planejamentos até como atividade de destaque, pois permitem
o uso do próprio corpo para compreensão do ambiente e posicionamento no mesmo,
colaborando para o equilíbrio interior e exterior do indivíduo.
As várias ações motoras devem ser abordadas diversificadamente, como
andar, correr, saltar, lançar, receber, rolar, equilibrar-se e equilibrar objetos em
diversas ocasiões.
Nesse estágio da infância, é importante que as crianças tenham contato com
uma variedade de materiais com diferentes texturas e tamanhos como, por exemplo,
bolas, colchonetes, cordas, fitas, entre outros que contribuam para o seu
desenvolvimento. A combinação de habilidades com os materiais disponíveis
formando um circuito colabora bastante para impulsionar um crescimento favorável.

PECULARIEDADES DE CADA FAIXA ETÁRIA DE ACORDO COM A PSICOLOGIA


Tivemos como base para esse estudo literaturas que tenha como referência a
psicologia do desenvolvimento com autores como Helen Bee, Papaila e Olds. Tivemos
como base o link em atividades de lazer em um hotel para dar mais ênfase à vivência.
4 a 6 anos – de acordo com os estudos psicológicos as crianças desta faixa
etária não estão prontas para competições e sim para atividades lúdicas, que
envolvam personagem, histórias e contos. São extremamente dependentes e não se
envolvem por muito tempo nas atividades. Sendo assim devemos respeitar e aplicar
apenas atividades que sejam adequadas a essa faixa etária.
7 a 12 anos – Nessa faixa etária as crianças já necessitam competir, gostam
de desafios, atividades dinâmicas e muita aventura. É um momento da vida de
descobertas, estão deixando de lado a infância e já se acham adultas e procuram ser
respeitadas por isso. Esta necessidade de se tornarem presentes e importantes deve
ser utilizada como forte argumento a ser aplicado como fonte motivadora e envolvente
no grupo.

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Adolescentes - Nessa fase, eles são os chamados “sofredores”, sofrem com as


mudanças físicas (pelos, seios, voz, altura, etc.). Nesse período estão formando seu
caráter, precisam de total orientação e fazem do recreador um exemplo. Procuram
atividades inteligentes, misteriosas, sedutoras e competições do tipo: homens versus
mulheres.

VALORES ESPECÍFICOS DA RECREAÇÃO


Segundo Gaelzer (1979), a recreação apresenta valores para as fases da vida
humana:
Pedagógica, é essencialmente a finalidade na idade infantil e na adolescência;
Formativa, na juventude, recreando e reafirmando os bons hábitos, canaliza
as tendências antissociais, favorece o equilíbrio emocional, age como elemento
integrador e unificador e amplia as oportunidades do desenvolvimento cultural;
Compensadora, na idade madura, levando o indivíduo à praticar
correspondente à suas necessidades; cria estímulos novos, oportuniza e revigora o
sentimento de participação social; encontram na prática regular motivações para a sua
saúde e bem estar geral.
Segundo Cavalcanti (apud Canto – 2004), as atividades recreativas são
inúmeras proporcionando satisfação como:
O prazer da criação – é algo por demais importante. Desde criança o ser
humano demonstra suas tendências para a criatividade. Em seus desenhos, as
crianças procuram externar os seus pensamentos. Realizam coisas interessantes com
areia da beira-mar. Com argila e massa, formam coisas maravilhosas que, tendo
sempre oportunidade de dar trabalho às mãos, tornam-se verdadeiras artistas. E
definem, ou talvez tendam para uma profissão: desenhista, pintor, arquiteto, etc.
É muito comum que os pais fiquem tristes quando tendo ofertado aos seus
filhos, brinquedos caríssimos, e dias depois, veem os mesmos espedaçados. E por
que eles fazem isto? – é o poder da criatividade. Eles querem desmontar o brinquedo
para refazê- lo, se não igual, mas, criando outro tipo. Psicologicamente falando, o
brinquedo surgiu, não para enfeitar a prateleira ou paredes e sim, para as crianças
brincarem. Daí, necessário é que os adultos lhes oportunizem o prazer, a sensação
de criar e recriar. Isto acontece não só com as crianças, mas, dia a dia o adulto se
depara e sente necessidade de tal. Todas as atividades recreativas, mesmo feitas

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individualmente, serão mais completas, se transmitidas, comentadas, do


companheirismo. Este fator recreacional abrange a maior parte das atividades
recreativas nas reuniões comunitárias, nas festas, nos bailes sociais, nos jantares,
nas excursões, nos jogos e até mesmo nas conversações.
O espírito de aventura - é algo sensacional, que tende a levar o homem a obter
novas experiências e ao sucesso. Implica em curiosidade, ansiedade, pelo novo, por
descobertas, conseguindo novos conhecimentos, sempre de utilidades para si e para
humanidade.
Sensação de Realização – Será que existe sensação melhor que a de sentir
o valor de uma vitória, o sucesso em alcançar o desejado? Isto é impulsionado pelo
desejo de vencer, de aprender algo, isto é, de sentir-se realizado, satisfeito com o
conseguido.
Bem estar Físico – Quando o indivíduo se sente fisicamente sadio, a
satisfação de bem estar, é notório e transmissível nos outros. Sim, porque se está
bem disposto, fisicamente, a alegria transparece no semblante e contagia facilmente
ao ambiente onde está. Um exemplo bem prático e real, se alguém praticar alguns
minutos de ginástica logo ao levantar, vai se sentir disposto fisicamente durante o
resto do dia.
Uso das forças mentais – Será que em recreação se emprega tal fator? E por
que razão? A força mental está presente em todas as atividades recreativas, não só
em jogos mentais, porém também em jogos motores e sensoriais. Se for praticado um
jogo, qualquer que seja a mente está em ação. Só quando o jogo não mais é
interessante, então, cessa a força mental.
Experiência Emocional – Se em prática recreativa, qualquer que seja não se
sente satisfação, então é evidente que não houve recreação, pois, se o conceito da
recreação é tudo aquilo que ocasiona sensação de prazer, bem estar pelo qual,
sempre se anseia, então, em caso negativo a recreação deixou de existir.
Prazer da Beleza – O senso do belo é o que proporciona a alegria de viver e
admiração pelo que é bom, é ver mais além, é citar o provérbio popular “Quem ama o
feio, bonito lhe parece”, é o amor, a recreação encontra no amor o estudo da beleza.
Sensação de Utilidade – Quem não se sente bem, feliz, em servir, ajudar, em
ser útil a alguém? Esta sensação também está bem integrada na recreação. Inúmeros
são os exemplos que podem ser citados. Ninguém de bom senso faz alguma coisa

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visando o mal, mas, sim, o bem, este bem, que é beleza, que é revertido em amor
pelo seu semelhante, pela humanidade.
Repouso – Esta sensação recreacional, é tão diversificada, quanto forem os
interesses das pessoas. São preferenciais contraditórias ao trabalho ou descanso, na
total expressão da palavra. Descanso é intervalo no trabalho, repouso, é recuperação
das forças.

CLASSIFICAÇÃO DAS ATIVIDADES RECREATIVAS


Segundo o professor Maurício Leandro (Choquito - 1988), o objetivo da
classificação das atividades recreativas além da padronização, é evidenciar a
funcionabilidade dessas atividades dentro de uma programação ou de um programa
de lazer e recreação.
Para que seja escolhida uma determinada atividade devendo fazer parte de
uma programação, é necessário saber suas características e classificações. De
acordo com os objetivos aos quais é proposto alcançar, ai sim, é escolhida uma
determinada atividade recreativa.
É enaltecido o valor e a importância da leitura e da pesquisa como fonte de
aquisição de conhecimento. Então será abordada aqui uma compilação de
dados, extraídas de boas literaturas, mas sem expressão do seu conteúdo na íntegra,
com isso é importante a leitura, para que se busque nos livros as informações
necessárias e completas.
Segundo Guerra (1988), quanto a Forma de Participação: Recreação Ativa e
Recreação Passiva.
Ativa:
Atividades Motoras - Exigência maior do físico. Ex. Jogos Infantis e Esportes
em Geral;
Atividades Intelectuais - A mente é mais utilizada. Ex. Xadrez e Quebra-
cabeça;
Atividades Artísticas ou Criadoras - Ex. pintura, desenho, carpintaria,
escultura, teatro, música, etc.
Atividades de Risco - Ex. àquela na qual o praticante coloca à prova sua
integridade. Ex. paraquedismo, mergulho profundo, vôo livre etc.
Passiva:

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Atividades Sensoriais - Tem uma participação interativa com a atividade. Ex.


Torcida no estádio - grita, balança os braços, salta participando emotiva e fisicamente.
Atividades Transcendentais - Confunde-se com o Ócio pela participação de
espectador. Ex. Ver pinturas no museu, contemplar o pôr-do-sol, relaxamento
tranquilizante.
Quanto à Faixa Etária as Recreações podem ser:
Adulta - para maiores de 18 anos;
Infanto-juvenil - para crianças de 8 a 12 anos; Juvenil - para Jovens acima de
12 anos; Infantil - para crianças até os 7 anos;
Mista - para várias faixas etárias - como pais e filhos juntos;
Terceira Idade ou Idade Especial - para idosos.
Quanto ao espaço as recreações podem ser internas e externas:
Internas: Salas de Festas; Ginásios Esportivos; Salas de Ginásticas, de
Musculação; de Danças Modernas ou Clássicas; Salas de Música; de Leitura; de
Projeção; Piscinas Térmicas, Saunas, Duchas; Salões de Jogos - sinuca, bilhar, tênis
de mesa, totó, bilhar, boliche; Salões de Jogos de Mesa - buraco, biriba, paciência,
xadrez, dama; Estandes Fechados - tiro ao alvo e arco e flecha; Sala de Jogos
Eletrônicos.
Externas: Campos - Futebol, beisebol, golfe; Quadras poliesportivas – esportes
individuais e coletivos; Playgrounds infantis; Piscinas; Pátios para comemoração de
datas especiais; Pistas de Atletismo; Hortos com pistas diversas, quadras, lagos,
ciclovias entre outros.
Quanto ao ambiente:

Atividades Terrestres;

Atividades Marinhas, Náuticas ou Aquáticas; Atividades Aéreas.

ATIVIDADES RECREATIVAS
Logo abaixo descrevemos algumas dicas de atividades recreativas que podem
ser realizadas com crianças. Dificilmente vamos saber a origem de cada atividade ou
quem as criou. Mas a dica que damos é não se prender ao formato descrito logo
abaixo. Ele está baseado em nossos estudos e, principalmente, em nossas vivências.

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O bom recreador é aquele que consegue Recriar a atividade do seu jeito ou de acordo
com a sua realidade. Para cada atividade recreativas pode se criar pelo menos mais
três ótimas atividades.
Divirta-se.

BRINCADEIRAS 3 A 6 ANOS

PEGOU FOGO NA ESCOLA:

Material: Cadeira

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Descrição: Pegar uma cadeira para cada participante e colocá-las em círculo.


Começa o jogo com uma pessoa no centro da roda. Ela vai dizer alguma coisa
relacionada aos participantes. Exemplo: quem tem olho? Os participantes que tem
olho mudam de cadeira. Quem está no centro da roda tenta sentar no lugar de
alguém. Quem ficar sem cadeira faz o pedido.
Obs: Brincadeira sem vencedor. Dinamize a atividade colocando mais cadeiras
vazias.

PEGA RABO

Material: Tiras de papel colorido ou de jornal.

Descrição: Cada participante receberá uma tira de papel, previamente cortada


podendo ser cortada pelos participantes, e coloca pendurada na bermuda. A
brincadeira é de quem pega mais papel. No final todos recebem o papel e começa o
jogo novamente.
Obs: Para crianças de 3 e 4 anos, quando um rabo for roubado de outro pra
ela. PEGA-PEGA
Material: Nenhum
Descrição: Participante espalhado pelo espaço e um será nomeado o pegador.
Ao sinal, ele irá atrás de outros participantes. Ela pode ter variações. Quando ele
pegar alguém essa pessoa passa a ser o pegador. Outra variação, quem for pego
ajuda.
Obs: Cuidado com crianças menores e limite espaços para correr.

ESCONDE-ESCONDE

Material: Nenhum

Descrição: Participante espalhado pelo espaço e um será nomeado o pegador.


Ele contará ate 50 com os olhos vendados enquanto os amigos se escondem pelo
espaço. Quando terminar a contagem ele vai à procura.
Obs: Limite espaços para se esconder.

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SMITI

Material: Nenhum

Descrição: Mesmo do esconde-esconde, só que um se esconde e os resto dos


participantes procuram.
Obs: Limite espaços para se esconder

CAÇA AS LETRAS

Material: Letras Coloridos de EVA

Descrição: Preparar as letras em EVA e distribuir as letras pelo espaço. Ao


sinal, o recreador pedirá alguma letra ou, depende da idade, até palavras para as
crianças trazerem. Pode ser feito letras de cores diferentes e na hora de pedir uma
letra pedir a cor para dificultar.
Obs: Pode ser feito em formato de caça ao tesouro.

MAMÃE DA RUA (DUAS EQUIPES)

Material: Nenhum

Descrição: Dispor os alunos em um espaço que pareça uma rua, ou seja, com
duas calçadas e uma linha. Dizer alguma coisa relacionada aos participantes.
Exemplo: quem tem olho? Quem tiver olho muda de lado. Quem fica no centro da rua
tenta sentar pegar alguém. Quem pegar ajuda até que todos sejam pegos.
Obs: Cuidado com o local da atividade evitando possíveis acidentes.

ESTÁTUA

Material: Som

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Descrição: Crianças espalhadas pelo espaço e toca-se uma música, toda vez
que parar a música, as crianças ficam sem se mexer. Quem mexer ajuda o recreador
a olhar quem ainda estiver na brincadeira.
Obs: Busque variações para evitar a monotonia.

VIVO OU MORTO MALUCO

Material: Nenhum

Descrição: Brincadeira tradicional de vivo ou morto, quando o recreador dizer


vivo os participantes ficam em pé, quando disser morto ele agacham. Colocam-se
alguns personagens para deixar mais dinâmico, tais como, “macaco louco” imitando
macacos, Leão onde imitam Leão, entre outros.
Obs: Você pode tematizar a atividade de acordo com o que está vivenciando
com as crianças na hora de escolher os personagens.

MÚMIA

Material: Papel Higiênico

Descrição: Escolhe uma criança para ser a múmia. As outras terão que usar
um rolo de papel higiênico para transformá-la em uma múmia. Ganha quem terminar
primeiro a múmia e ficar melhor.
Obs: Busque variar a crianças que será a múmia.

PELA ESTRADA AFORA

Material: Colchonete e obstáculos.

Descrição: Utilizando obstáculos que pode ser cadeira, mesa, escada, entre
outros, e fazemos uma espécie de Siga o Mestre onde o recreador é o mestre e
passará pelos obstáculos e as crianças acompanham.

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Obs: Cuidado com os obstáculos para não haver acidentes.

COELHO SAI DA TOCA

Material: Nenhum.

Descrição: Distribuir os participantes em trio. Dois serão a toca e um o coelho.


A toca é formada com um de frente para o outro de mãos unidas formarão um túnel
acima da cabeça. O coelho fica entre as duas crianças. Um participante fica sozinho.
Ao sinal do recreador: - Coelho sai da toca. Todos deverão trocar de toca e o
participante que ficou sozinho tenta “roubar” a toca de alguém. Marque um tempo e
peça que eles troquem de participantes da toca e coelho.
Obs: Cuidado para uma criança ficar muito tempo sem entrar em uma toca.

MEU MESTRE MANDOU

Material: Nenhum.

Descrição: O recreador diz aos participantes que todos terão que fazer o que
ele mandar. Para isso tem um procedimento. O recreador disse: - Meu mestre
mandou, e as crianças respondem: - Fazer o que. Então o recreador diz algo para as
crianças pegarem. Ex: Uma blusa vermelha, um pedaço de PH (Papel Higiênico).
Obs: Pedir coisas possíveis de serem encontradas.
SOPA DE LETRINHA

Material: Nenhum.

Descrição: Vamos utilizar como referência a quadra de futebol. Colocar as


crianças na linha de fundo da quadra. Dizer a elas que sempre que você disser uma
comida que elas gostem, dará um passo a frente e gritarão: – Eba. Quando disser
uma comida que eles não gostem darão um passo para trás e gritarão: – Eca. Quando
o comando for: - Sopa de letrinhas. Todos devem correr ate a linha inicial. Quem você
conseguir pegar te ajuda a pegar o outros.

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Obs: Você pode variar com cores, nome, esporte, etc.

MÚSICAS RECREATIVAS

HISTÓRIA DA SERPENTE (CANÇÃO)

Material: Nenhum
Descrição: Dispor os participantes no espaço e iniciar a música fazendo com
que cada momento um participante entre na fila: Música:
Essa é a historia da serpente
Que desceu do morro
Para procurar um pedaço do Seu Rabo
Ei você aí (Pega uma criança para ficar no final da fileira). Também faz parte
do meu Rabão.
Obs: A música se repete até todos entrarem na fileira.

PINTINHOS E RAPOSA (VARIAÇÃO MÃE DA RUA)

Material: Nenhum

Descrição: Dispor os alunos em um espaço que pareça uma rua, ou seja, com
duas calçadas e uma linha. Um participante ficará no “meio da rua” e representará
uma raposa. Os outros participantes serão os pintinhos. O recreador ensinará os que
eles terão que dizer:
Recreador: pode vir meus pintinhos. Pintinhos: Não, não, tenho medo da
raposa. Recreador: Pode vir que te protejo.
Pintinhos: Mas quem?
Recreador: Pode usar o nome, cor de roupa ou qualquer coisa relacionada aos
participantes.
Quem fica no centro da rua tenta pegar alguém. Quem for pego,
passa a ajudar até que todos sejam pegos.

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PSICOMOTRICIDADE, MOVIMENTO E RECREAÇÃO

Obs: Ficar atendo com a repetição das crianças.

BRINCADEIRAS 7 A 12 ANOS

CANIBAL

Material: Tinta e roupa de canibal.

Descrição: Os recreadores irão separar 5 tipos (vermelho, azul, verde, amarelo


e roxo, por exemplo) de cores diferentes e a cor preta. Um ficará como o canibal e os
outros como estação. Cada participante deverá pegar as cinco cores sem que o
canibal, que estará com a tinta preta, apareça. Caso ele apareça, passará a tinta preta
em cima da marca e as crianças deverão pegá-las novamente. Faça a marca sempre
no braço.
Obs: Usar tinta de rosto, tomar cuidado com crianças alérgicas. NUNCA TRÊS
Material: Nenhum.
Descrição: Dividir o grupo em duplas e cada dupla senta um de frente para
outro. Uma dupla começa como pega e pegador. A pessoa que está sendo pega
correrá e sentará na frente ou atrás de uma dupla que estará no chão. Quando sentar
a pessoa oposta, exemplo se ele sentou na frente da dupla, o de trás que corre, vai
passar a ser o pegador e o pegador vai fugir.
Obs: Tome cuidado para não deixar sempre os mesmos correndo e crianças
fiquem sem brincar.

QUEIMADA

Material: Bola macia.

Descrição: Utilizaremos como exemplo a quadra de vôlei. Dividir em duas


equipes, uma de cada lado da quadra. O objetivo é queimar com a bola as pessoas
da outra equipe. Quando uma pessoa for queimada, ela fica no final da quadra de
vôlei do time adversário.

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Obs: Cuidado com bolas pesadas e faça variações caso a brincadeira fique
muito fácil. Exemplo: Só não é queimado quem segurar a bola.

QUEIMADA AMEBA

Material: Bola macia.

Descrição: Jogadores espalhados pelo espaço e um começará com a bola e


passará a queimar os outros. Quando ele lançar a bola e a mesma bater no chão,
quem tiver mais próximo pode pegar a bola e queimar. Regra: Só pode dar 3 passos
com a bola na mão. Quem for queimado tem que ficar sentado.
Obs: Cuidado com bolas pesadas e faça variações caso a brincadeira fique
muito fácil. Exemplo: Só não é queimado que segurar a bola.

PEGA CORRENTE

Material: Nenhum

Descrição: Participante espalhado pelo espaço e um será nomeado o pegador.


Ao sinal ele irá atrás de outros participantes. Quando ele pegar alguém essa pessoa
passa a ser o ajudar o pegador, dando as mãos, formando uma corrente. Quem for
pego primeiro, será p próximo pegador.
Obs: Cuidado com crianças menores e limite espaços para correr.

CAÇA AO TESOURO

Material: Pista e tesouro.

Descrição: Preparar as pistas distribuí-las pelo espaço. Ao sinal o recreador


iniciará o caça lendo a primeira pista e seguindo até achar o tesouro.
Obs: Se conseguir utilize uma fantasia de pirata.

FUTEBOL DE VASSOURA

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Material: Golzinho, bola de papel e vassoura.

Descrição: Dividir os alunos em duplas e dar para cada integrante uma


vassoura. O objetivo é fazer gol na equipe adversária utilizando as vassouras para
controlar os papéis de bola e as traves. Ganha quem fizer mais gols.
Obs: Para ficar mais dinâmico, faça time do lado de fora para entrar.

HAND NET

Material: Balde e sabonete sólido.

Descrição: Dividir os participantes em duas equipes. Utilizando uma quadra de


esportes como base, colocaremos um balde com água no lugar do gol e usamos um
sabonete no lugar de uma bola. Cada equipe terá que levar o sabonete até o balde
adversário. Regras: Não pode correr com o sabonete na mão, tem que passar para
um colega de time. Ganha quem colocar mais sabonetes dentro do balde adversário.
Obs: Cuidado com o espaço para não ser piso liso, pois pode escorregar.

BASQUETE NA CADEIRA

Material: Cadeira e bola.

Descrição: Dividir os participantes em duas equipes. Cada equipe deverá


escolher uma pessoa para ficar em cima de uma cadeira, que ficará no campo de
defesa do adversário. O objetivo é levar a bola até o companheiro da equipe que está
em cima da cadeira. Regras: Não pode correr com a bola nas mãos, apenas passar a
bola.
Obs: Utilizar se possível, uma bola de basquete. Mas outra pode ser utilizada.

POLÍCIA E LADRÃO

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Material: Nenhum.

Descrição: Dividir em duas equipes. Uma parte será a equipe polícia e outra
equipe ladrão. A equipe policia terá que pegar os integrantes da equipe ladrões.
Quando todos forem pegos, os papéis são invertidos.
Obs: Para dar mais emoção, pode ser delimitado um espaço para ser uma
cadeia.

A CAÇADA

Material: Nenhum.

Descrição: Um dos jogadores será escolhido para ser o caçador, os outros


divididos em quatro grupos de animais, sendo que cada animal tem o seu canto. O
caçador permanece ao centro. Dado o sinal de início, um monitor, gritará o nome de
dois bichos e todos representantes desta espécie deverão trocar de lugar. O caçador
irá persegui-los e todos que forem pegos terão pontos a menos para sua equipe.
Obs: Faremos isso várias vezes, algumas com mais de um caçador, e ao final
contaremos os pontos de cada equipe.

CORRIDA POW

Material: Nenhum.

Descrição: Teremos como base a quadra de futebol de salão. Cada equipe


ficará em diagonal, a outra na quadra entre as linhas lateral e de fundo. Pode ser
dividido entre equipe dos meninos e equipe das meninas. Ao sinal, o primeiro de cada
equipe sairá correndo, passando pela linha lateral e linha central, e quando encontrar
alguém da outra equipe jogará Joqueipow (pedra, papel e tesouro – a pedra ganha da
tesoura, a tesoura ganha do papel e o papel ganha da pedra). Quem ganhar continua
a corrida, quem perder vai para o final da fila. Cada vez que alguém da equipe chegar
à fileira adversária, ganha um ponto.

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Obs: No início da brincadeira, acompanhe o joqueimpow, para que as crianças


possam aprender a jogar.

ROUBA BANDEIRA

Material: Bandeira pode ser desde uma bandeira ou um chinelo.

Descrição: Dividir em duas equipes e delimitar um espaço que fique dois


campos iguais. Dividir duas equipes de número igual de pessoas em cada. O objetivo
de cada equipe é pegar a bandeira da equipe adversária. A bandeira deverá ficar em
um espaço marcado.
Obs: As solicitações podem ser de acordo com o espaço e o local onde será
realizada a atividade.

GINCANA DE SOLICITAÇÃO

Material: Papel e Caneta.

Descrição: Cada recreador providenciará um papel e escreverá algumas


solicitações para entregar aos participantes. Feito isso, divide-se os participantes em
equipes, que podem ser de dupla até de 20 em cada, dependendo da quantidade de
participantes. Cada grupo recebe um papel e realiza as solicitações. Vence quem
trouxer mais rápido as solicitações.
Obs: As solicitações podem ser de acordo com o espaço e o local onde será
realizada a atividade.

VIDA

Material: Bexiga e barbante.

Descrição: Cada participante receberá um pedaço de barbante e uma bexiga.


Cada um enche a sua bexiga e amarra com o barbante, amarrando no tornozelo. Ao

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sinal, cada um deve estourar a bexiga do colega. Quem ficar com a bexiga cheia
ganha.
Obs: Cuidado para que o barbante não fique próximo ao pé e cuidado com
crianças sem sapato ou com sapato alto.

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UNIDADE 4 – JOGO NO DESENVOLVIMENTO INFANTIL

DEFINIÇÕES E HISTÓRIA DOS JOGOS NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Tudo o que se ensina a uma criança, a criança não pode


mais, ela mesma, descobrir ou inventar. (J.Piaget)

Neste capítulo vamos abordar as definições dos jogos voltados para a


educação infantil em suas diversas formas e contextualizando um pouco sobre a sua
história. Pois é nesta fase que consiste a introdução da criança antes da sua entrada
no ensino obrigatório.
Durante esse período a relação ensino/escola consiste basicamente em
atividades lúdicas e jogos, pois é aqui que elas irão desenvolver as suas capacidades
cognitivas e motoras, fazendo as descobertas do mundo em que vivem para então dar
início ao processo de alfabetização.
A definição de jogo segundo o dicionário Houaiss, (2003 p.400);

1 – agitação: movimento, oscilação; 2 – aposta: lance,


mão, parada, partida; 3 – ardil: astúcia, 4 – balanço:
oscilação; 5 – brincadeira: folguedo, folia, reinação; 6 –
coleção: conjunto; 7 – combate: certame, luta, peleja,

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pugna; 8 – diversão: divertimento; 9 – escárnio: grocejo,


motejo, troça, zombaria; 10 – funcionamento: movimento;
11 – inconstância: capricho, instabilidade, irregularidade,
variabilidade, volubilidade, constância, e variabilidade,
regularidade; 12 – joguete: ludibrio; 13 – manejo:
manobra, manuseio; 14 – movimento: destreza,
habilidade, mobilidade; 15 – partida: certame, competição,
espetáculo, peleja, jogo de cartas: carteado.

A palavra jogo apresenta muitas facetas, destacamos a brincadeira, a diversão


e a competição, pois são partes de interesse no que se refere à educação infantil.
Segundo Kischimoto (1997, p.13) “tentar definir o jogo não é tarefa fácil”, pois
é possível sua interpretação de diversas formas como, por exemplo, brincar de
“mamãe e filhinha”, jogar bola, brincar na areia, construir um barquinho. Entretanto,
cada jogo tem suas particularidades, no exemplo citado de brincar de “mamãe e
filhinha” usa se a imaginação da criança este se diferencia do jogo de futebol no qual
há regras a serem cumpridas, que também se torna diferente do brincar na areia, no
qual esta brincadeira o prazer de manipulação de objetos que satisfaz a criança. Por
sua vez todas elas se diferem da construção de um barquinho, pois há a exigência de
um modelo mental e destreza manual para executar atividade. De acordo com Adriana
Friedmann:

[...] acredito no jogo como uma atividade dinâmica, que se


transforma de um contexto para outro, de um grupo para
outro: daí a sua riqueza. Essa qualidade de transformação
dos contextos das brincadeiras não pode ser ignorada.
(1996, P.20)

Friedmann, em seu texto, diz que não se tem uma teoria completa sobre o jogo,
como foi citado acima há varias formas e afirma ainda que é muito difícil esgotar este
assunto, uma vez que cada educador deve ter sua maneira de proceder em cada
situação, Ressalta-se que ao usar o jogo na educação infantil é muito importante
destacar sua qualidade, tendo em seus dobramentos para o processo de ensino e
aprendizagem.
Conforme o autor:

Há jogo a partir do momento em que a criança aprende a


designar algo como jogo; ela não chega a isso sozinha.
Ter consciência de jogar resulta de uma aprendizagem
linguística advinda dos contextos da criança desde as
primeiras semanas de sua existência. (BROUGERE,
1998, p.18)

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Para o autor a criança obtém os seus conhecimentos de acordo com o tempo,


ela não entende o que é jogo por si próprio. É necessário que ela compreenda o que
é jogar, e essa compreensão se dá por meio de um mediador que estará transmitindo
as formas de como executar as atividades de acordo com as regras estabelecidas
pelo jogo. Porém independentemente das regras e das suas particularidades a palavra
jogo não perde a sua denominação, quando pronunciada a palavra sua referência
trata-se do jogo em si e não nas suas particularidades.
Kischimoto, (1997) traz uma coletânea com diversos artigos e um alerta para
os educadores, para que eles possam descobrir a verdadeira importância do jogo na
educação infantil. A autora atenta para que os professores não venham ver o jogo
como um mero momento de distração, pois a educação infantil oferece muito mais do
que um mundo de sonhos e imaginação. É neste momento do jogo que a criança
absorve o máximo de informações.
Para Araújo:

O jogo toma um aspecto muito significativo no momento


em que ele se desvincula de ser meio para atingir a um
fim qualquer. Revendo a história do jogo, certificamo-nos
de que sua importância foi percebida em todos os tempos,
principalmente quando se apresentava com fator
essencial na construção da personalidade da criança.
(1992 p.13).

Para o autor o jogo educativo só passa a ter significado a partir do momento


que se tenha um objetivo ou um alvo a ser atingido, através dessa ideia passará a não
ser uma brincadeira e sim uma atividade que contribuirá com o desenvolvimento
intelectual da criança.
Os jogos educativos são aqueles que contribuem para formação das crianças
e geralmente são direcionados para a educação infantil. São divididos em dois grupos:
os de enredo e os de regras. Os primeiros são chamados de jogo imaginativo como,
por exemplo, as fábulas; essa modalidade estimula o desenvolvimento cognitivo e
afetivo- social da criança, pois elas vivenciam o comportamento do adulto. Quanto o
segundo pode-se citar o jogo de dominó; neste a imaginação esta limitada, pois são
as normas que norteiam o jogo, exigindo atenção para o seu desenvolvimento.
Friedmann, (1996) contempla em seu livro a história dos jogos desde o final do
século XIX, onde neste período se iniciou os estudos, o psicólogo americano Stantey
Hall, foi primeiro a defender a ideia de jogos infantis, segundo ele é na infância que a

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criança recapitula a experiência passada, para que desse modo possam preparar para
o futuro.
No final do XIX e começo do século XX, foi ressaltado a necessidade de se
cuidar dos “costumes” infantis e os acervos lúdicos eram tratados como tesouros.
Desta forma os materiais eram considerados como documentos intocáveis,
distanciando-se da ideia de que os jogos infantis não são acessíveis a todos e a
dinâmica é uma das características fundamentais neste período.
Para Friedmann:

É notória a quantidade e, sobretudo, a qualidade dos


estudos realizados nessa área cultural e da
personalidade: os avanços para a compreensão da
dinâmica do jogo infantil foram muito significativos, e essa
linha de pensamento leva à compreensão contextual da
atividade lúdica. (1996, p. 22)

Para a autora são muitos os registros sobre os estudos dos jogos e que
a qualidade destes estudos são satisfatórios no que se refere a evolução dos mesmos.
Nas décadas de 1930 a 1950, os jogos infantis foram descuidados em relação
ao período anterior, neste momento a atenção esta voltada para os jogos de adultos.
De 1920 até a década de 1960, o jogo era visto como meio de se diagnosticar o
comportamento das crianças e adultos, entre 1960 e 1970 Roberts e Sutton-Smith
realizaram uma analise dos jogos reconhecendo que os mesmos se manifestam de
maneiras diferentes dependendo da personalidade e da cultura que se é aplicado. Na
década de 1950 a 1970 foi destacada a importância da existência de comunicação no
jogo. Garvey e Bernaott (1975) fizeram um estudo sobre a comunicação no jogo e
enumerando os vários tipos de comunicação.
No começo da década de 1950, Piaget, realizou estudos sobre o jogo visando
a sua importância, evidenciando a relação entre compreensão e aprendizagem.
Huizinga (1938) estabeleceu que o jogo apresenta duas faces. Uma em que
determinado momento é tido como atividade não - seria, ou seja, livre e em outro
momento é tido como seria, onde exige da criança certa disciplina para desenvolver
as atividades.
Na década de 1970 em diante foram abordados vários estudos destacando os
jogos como meio de definir o comportamento da criança na educação infantil.
Buscava-se compreender como ela pensa, cria e se comporta diante de uma situação.

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Essa análise comportamental era obtida através do jogo, uma vez que a criança era
submetida às regras dos mecanismos lúdicos.
No decorrer da história os jogos educacionais têm sido valorizados na
educação infantil, pois é a partir deste contexto que o jogo voltado para a criança
passa por mudanças tornando-se cada vez mais presente na escola. Assim, esta
ligação começou a ter mais sentido de acordo com os projetos desenvolvidos por
professores e pedagogos.
Todavia, em todos os tempos o jogo foi visto como algo primordial no
desenvolvimento do educando acompanhando a evolução das novas tecnologias e
dos novos recursos que estão sendo disponibilizados. Os meios de aprender
insinuam-se de varias formas e de diferentes linhas pedagógicas, fato que permitiu a
escola ampliar suas perspectivas de ensino.
Os jogos tradicionais são frutos de romances, contos, ritos religiosos e
místicos esquecidos pelo mundo adulto. Na sociedade em que vivemos os jogos
infantis “tradicionais” estão desaparecendo devido à grande influência dos jogos
eletrônicos.
Há inúmeros estudos que mostram a importância dos jogos na educação,
principalmente na educação infantil. Como já foi abordado anteriormente é através do
jogo que a criança consegue construir o seu próprio conhecimento.
Os jogos até a chegada da tecnologia eram realizados nas ruas dos bairros,
apresentando-se sob a forma de futebol, vôlei e bolinhas de gude entre outros.
Atualmente as ruas estão vazias e as crianças trancadas em seu quarto brincando no
computador, neste sentido há a perda da socialização da criança com meio em que
vive.
Os jogos por sua vez possuem várias áreas de interesses no que se referem
ao conhecimento humano, estas são divididas em quatros partes, onde o primeiro é o
antropológico, pois estudam os seus significados e seus contextos. O segundo é o
sociológico, é aqui que se estudam as consequências da sua utilização.
O terceiro é o tecnológico que se refere às tecnologias utilizadas nos jogos. Há
também profissionais como: designer de jogos, pessoa que planeja como criá-los. O
quarto é o comercial onde os jogos são comercializados.

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No capítulo seguinte discutiremos as abordagens dos grandes teóricos, onde


iremos saber como, Piaget, Vygosky e entre outros que realizaram pesquisas sobre o
assunto em foco.

O QUE PENSAM OS TEÓRICOS SOBRE OS


JOGOS?

Ao brincar, a criança assume papéis e aceita as regras


próprias da brincadeira, executando, imaginariamente,
tarefas para as quais ainda não está apta ou não sente
como agradáveis na realidade. (Vygotsky)

Neste capítulo serão abordadas as teorias de pesquisadores que observaram


os estágios da criança na educação infantil e a importância do seu desenvolvimento
nesta fase, pois é através do lúdico que a criança realiza uma aprendizagem
significativa. Seja com jogos, brinquedos ou brincadeiras dentre essas atividades vai
esta possibilitando uma relação entre as coisas e as pessoas. E ao se relacionar a
criança constrói o seu próprio conhecimento baseado naquilo que percebe do
mundo, tanto nos aspectos sociais, culturais e familiares. Propiciando o seu
desenvolvimento cognitivo, social e emocional.

A teoria de Henri Wallon

Ao logo de toda sua vida, ele se dedicou na realização de pesquisas para


conhecer a infância e os caminhos da inteligência, mostrou que a criança não é
apenas cabeça, mas comprova também a existência de um corpo e emoções em sala
de aula.
Para brincar existe um acordo sobre as regras ou uma construção de regras
que são produzidas à medida que se desenvolve a brincadeira e sendo desfeita
quando não é bem aceita pelos participantes.

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Wallon destaca que:

O adulto batizou de brincadeira todos os comportamentos


de descoberta da criança. Os adultos brincam com as
crianças e é ele inicialmente o brinquedo, o expectador
ativo e depois o real parceiro. Ela aprende, a
compreender, dominar e depois produzir uma situação
específica distinta de outras situações. (2004.p.98)

Toda a descoberta da criança se dá através da evolução mediante ao seu


comportamento superando a fase de expectador, para ser tornado um parceiro ativo
do adulto.
Para Vygotsky (1978) e Wallon (1977), o desenvolvimento se da através da
formação da criança, que e objetivado pelo ambiente físico e social esse
conhecimento é compreendido como um processo interrompido, sem limites claros.
Wallon entende por pessoa o “ser total, físico-psíquico e tal com ele se
manifesta pelo conjunto do seu comportamento” (Wallon, 1975, p.131). Ela irá se
formar ao logo do processo de desenvolvimento, sofrendo acentuadas transformações
em sua evolução. Sua configuração, porém, só se torna possível mediante um
processo no qual a criança faz a dissociação do seu eu do “poder de diferenciação,
de crítica e de análise, que é afetivo, mas intelectual” (Wallon, 1979, p.139).
Toda criança tem um determinado tempo para se desenvolver. Depende
somente da idade e do ambiente em que ela esteja para conquista de cada fase, uns
alcança essa transformação antes da idade prevista e outras no tempo determinando.
Neste sentido Piaget-Inhelder, afirma que:

[...] a criança não consegue, como nós, satisfazer as


necessidades afetivas e até intelectual do seu eu nessas
adaptações, as quais, para os adultos, são mais ou menos
completas mais, que permanecem para ela tanto mais
inacabadas quanto mais jovens for. É, portanto,
indispensável ao seu equilíbrio afetivo e intelectual que
possa dispor de um setor de atividade cuja motivação não
seja a adaptação ao real senão, pelo contrário, a
assimilação do real ao eu, sem coações nem sanções ”...
(Piaget- Inhelder, 1980, p.53)

O que Piaget – Inhelder quer dizer que a criança não tem a mesma capacidade
de entender a atividade como um adulto, pois ela não consegue satisfazer as suas
emoções do seu eu somente com adaptação. Quanto mais jovem ela for, mais difícil
será a sua assimilação do seu eu.

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A teoria de Vygotsky

Vygostsky se aprofundou nas investigações no campo da psicologia, sobre


educação de deficiente. Foi um pensador pioneiro na noção de que o desenvolvimento
intelectual que ocorre em função das interações sociais e nas condições de vida do
individuo.
Friedmann relata sobre o pensamento de Vygostsky:

[...] o correto conhecimento da realidade não é possível se


certo elemento de imaginação, sem o distanciamento da
realidade, das impressões individuais imediatas,
concretas, que representam esta realidade nas ações
elementares da nossa consciência (1996, p. 127).

O conhecimento da realidade da criança não é de imediato advindo da


experiência, é um estágio complexo, pois a imagens edificadas pela imaginação que
se articulam uma a outra, por sua vez, uma depende da outra para possibilitar a
criança a compreender sua própria realidade.
Kishimoto relata sobre o pensamento segundo Vygostsky:

[...] Vygostsky chama atenção para o fato de que, para a


criança com menos de 3 anos, o brinquedo é coisa muito
séria, pois ela não separa a situação imaginária da real.
Já na idade escolar, o brincar torna-se uma forma de
atividade mais limitada que preenche um papel específico
em seu desenvolvimento, tendo um significado diferente
do que tem para uma criança em idade pré - escolar.
(1997. P.62.)

De acordo com o autor a criança com menos de três anos ela não tem a
capacidade separa a realidade da imaginação, onde toda brincadeira se torna séria.
Mas na idade escolar o desenvolvimento se torna significativo, pois ela cria uma
relação entre o significado e a percepção visual, ou seja, entre o pensamento e a
situação real. As necessidades das crianças e os incentivos não devem ser ignorados
porque eles são eficazes para colocá-los em ação fazendo-nos entender seus
avanços de estágios de um desenvolvimento a outro.
Vygostsky diz que:

Assim, o brinquedo cria uma zona de desenvolvimento


proximal da criança. No brinquedo, a criança sempre se

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comporta além do comportamento habitual de sua idade,


além de ser comportamento diário. No brinquedo é como,
se ela fosse maior do que é na realidade. (Vygotsky, 1998,
p. 134).

Para Vygostsky, o comportamento da criança ao brinca é diferente ela se


comporta como se tivesse idade além do normal. O brinquedo proporciona uma
realidade irreal ou fantasia que e reproduzida através da vida do adulto da qual ela
ainda não pode participa ativamente. Deste modo, quanto mais rica for á experiência,
maior será o material disponível para imaginação.

A teoria de Johan Huizinga

Johan Huizinga, em 1872 a 1945 foi professor e historiador da Holanda,


conhecido por seus trabalhos sobre a baixa idade média, a reforma e o renascimento.
Definia o jogo como uma brincadeira voluntária desenvolvida denta de determinados
limites de tempo e espaço, com regras aceitas, mas ao mesmo tempo ser tornava
obrigatória, dotada de sentimento, dando ao entende conscientemente diferente do
dia a dia.
De acordo com Huizinga os jogos fazem parte de todas as fases do individuo
não tendo um determinado tempo, seja criança ou adulto ambas tem alguns ponto
iguais no funcionamento dos jogos como, por exemplo: espaço definidos para os
jogadores é como se fosse um campo de batalha, onde os competidores agem de
acordo com as regras.

A teoria de Piaget

Conhecido principalmente por organizar o desenvolvimento cognitivo numa


série de estágios que se divide em quatro estágios.

[...] conseqüentemente, os períodos de desenvolvimento


estão funcionalmente relacionado e fazem parte de um
processo continuo. As faixas etárias para cada período
são idades médias nas quais as crianças geralmente
demonstram as características de pensamento de
período. (Piaget, 1987 p.12).

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O processo do desenvolvimento é continuo de acordo com os períodos


realizados por etapas que se inicia desde o nascimento. E cada etapa vencida através
da evolução adquirida pela criança de um estágio para outro.
Para Piaget (1978), lúdicidade é manifestação do desenvolvimento da
inteligência que esta ligada aos estágios do desenvolvimento cognitivos. Cada etapa
está relacionada a um tipo de atividade lúdica que se sucede da mesma maneira para
todos os indivíduos.

A teoria de Kishimoto

Kishimoto atuou como docente e pesquisadora na área de educação infantil,


coordenadora do laboratório de brinquedos e materiais pedagógicos.
Segundo Kishimoto (1994), o jogo, vincula se ao sonho, á imaginação,
ao pensamento e ao símbolo. É uma proposta para a educação de criança (e
educadores de crianças) com base no jogo e nas linguagens artísticas. A concepção
de Kishimoto sobre o homem com ser símbolo, que se constrói coletivamente e cuja
capacidade de pensar esta ligada á capacidade de sonhar, imaginar e jogar com a
realidade é fundamental para propor uma nova “pedagogia da criança.” Kishimoto vê
o jogar como gênero da “metáfora” humana. Ou, talvez, aquilo que nos torna
realmente humanos.
Para Kishimoto:

O uso do brinquedo/jogo educativo com fins pedagógicos


remete-nos para a relevância desse instrumento para
situações de ensino-aprendizagem e de desenvolvimento
infantil. Se considerarmos que a criança pré-escolar
aprende de modo intuitivo adquire noções espontâneas,
em processos interativos, envolvendo o ser humano
inteiro com cognições, afetivas, corpo e interações
sociais, o brinquedo desempenha um papel de grande
relevância para desenvolvê-la. (1997. p.36).

Kishimoto neste texto mostra que a brincadeira/jogo é instrumento de grande


importância para aprendizagem no desenvolvimento infantil, pois se a criança aprende
de maneira espontânea, o brinquedo passa a ter significado crucial na formação e na
aprendizagem.

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A teoria de Adriana Fridmann

Adriana Friedmannn é doutorada em antropologia pela PUC/SP, mestre em


metodologia do ensino pela Unicamp e pedagoga pela USP. Autora de vários livros
relacionados com o universo da criança e do brincar.
Para Friedmann:

Quando se afirma que este tem a ver com as tradições


popular não se pode cair na ideia de que este seja
“sobrevivência intocada”, que somente foi criativo e
dinâmico no lugar e no grupo onde originou: em qualquer
cultura, tudo é movimento. O ser humano faz, refaz, inova,
recupera, retomo o antigo e a tradição inova novamente,
incorporando o velho no novo e transforma um como
poder do outro. (1996. P. 40).

A autora fala sobre os jogos tradicional popular que não são intocáveis mais
que poder se modificando pelo homem, através da sua criatividade buscando inova
os jogos sem perder a sua essência, incorporando o velho no novo. Esse processo de
modificação se tem através das transformações dos individuo que está relacionado
com o ambiente se vive.

A CONCEPÇÃO DE JOGO E JOGAR

O brincar, a brincadeira e o jogo em determinados momentos se confundem,


pode-se dizer que o jogo é uma atividade livre, pode-se inventar, conforme a
necessidade e a criatividade de quem está brincando. Segundo Kishimoto (apud.
Borges - 2006). A mesma autora afirma que se pode considerar o jogo como:

➢ resultado de um sistema linguístico que funciona em um contexto social;


➢ um sistema de regras; e
➢ um objeto.

A escola, segundo Oliveira (1996), vê o jogo como recurso metodológico capaz


de propiciar uma aprendizagem espontânea e natural, podendo ser reconhecido como
uma das atividades pedagógicas mais significativas.

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Segundo os PCN’s (1997), as situações lúdicas, competitivas ou não, são


contextos favoráveis de aprendizagem. O jogo constitui momentos de interação social
bastante significativo, às questões de sociabilidade constituindo motivação suficiente
para que o interesse da criança pela atividade seja mantido.
Nos jogos, ao interagirem, os alunos podem desenvolver respeito mútuo,
buscando participar de forma leal, sendo fundamental que se trabalhe em equipe, em
que a solidariedade pode ser exercida e valorizada. (PCN´s 1997).
Moraes (apud. Borges - 2006), sustenta que o jogo envolve ordem, tensão,
movimento, mudança, solenidade, ritmo, entusiasmo, características presentes no
jogo didático. Tais características, de atividades como o jogo, denominadas de
lúdicas, manifestam-se em dramatizações, músicas, atividades individuais e/ou em
grupos, possibilitando não só o brincar, mas também o aprender. Nesse sentido, a
pedagogia, utilizando-se de jogos e brincadeiras como recurso, pode ser considerada
como atividade lúdica e oportunidade de aprendizagem.

ASPECTOS GERAIS DO BRINCAR

Brincar, segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais - PCN`s (1998): A


brincadeira é uma ação que pode ocorrer da imaginação. Para brincar é preciso
apropriar- se da realidade e poder atribuir a novos significados, por meio de
articulações entre a imaginação e a imitação no plano das emoções, surgindo ideias
criativas de uma real vivência.
No brincar a criança tem a oportunidade de interagir com pessoas e objetos,
liberar a criatividade, podendo também se beneficiar de uma qualidade de vida.
O brincar faz parte do ser humano, e para a criança a brincadeira representa a
capacidade de compreender a realidade que vive.
Conforme o Referencial Curricular Nacional de Educação Infantil (1998). Desde
muito cedo a criança se comunica por meio de gestos e sons desenvolvendo sua
imaginação. Brincar é uma das atividades fundamentais para o desenvolvimento da
identidade e autonomia.
Na brincadeira as crianças podem desenvolver algumas capacidades
importantes, tais como a atenção, a imitação, a memória, a imaginação. As

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capacidades de socialização da criança amadurecem, por meio da interação e da


utilização e experimentação de regras e papeis sociais.
O brincar representa um dos modos pelos quais a criança pode aprender sem
ninguém ensinar. O adulto deve oportunizar brincadeiras diferentes e variadas
possibilitando que as crianças criem outros tipos de atividades a partir delas. O brincar
pode ser visto como a própria essência da infância, sendo que ação promove o
crescimento, permitindo a criança explorar o mundo e o ambiente do qual faz parte.
A motivação parece ser algo que antecede e mantém o brincar. Pode ser
classificada como: automotivação, que vem dentro da criança e a motivação externa,
que deriva de algo motivador, da curiosidade, do estímulo do adulto, dos
materiais disponíveis, do ambiente. A imaginação da criança é infinita, é fácil
estimulá-la, oferecendo-lhe opções variadas.

A CONCEPÇÃO DO LÚDICO

De acordo com Oliveira (1996) palavra lúdico vem do latim ludus e significa
brincar, incluindo os jogos, brinquedos e divertimentos, sendo também, que brinca e
que se diverte.
O lúdico é muito abrangente, nele estando contidos o jogar e o brincar, nos
quais as relações entre o lúdico são muito próximas. O dia-a-dia, a prática e a literatura
demonstram que os jogos e as atividades lúdicas, não só atraem as crianças, mas
também adultos, pois são atividades necessárias para a constituição psíquica do ser
humano.
Do ponto de vista de Borges (2006), pode-se sugerir a utilização de atividades
lúdicas nas escolas, contribuindo para o melhor rendimento e aproveitamento dos
alunos, auxiliando-os a obter melhores resultados no processo ensino aprendizagem.
O lúdico estabelece uma ponte entre o prazer e a aprendizagem.

O JOGO COMO RECURSO PEDAGÓGICO

A utilização de jogos educativos no ambiente escolar trás muitas vantagens


para o processo de ensino aprendizagem. O jogo favorece a aquisição de condutas

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cognitivas e desenvolvimento de habilidades como coordenação, destreza, rapidez,


força, concentração, etc, contribui para a formação de atitudes sociais.
Através do jogo, a criança obtém prazer, realiza esforço espontâneo e
voluntário para atingir o objetivo.
O jogo é uma atividade que tem valor educacional intrínseco, mediante a qual
a criança constrói a realidade.
Por meio dos jogos é possível exercitar a imaginação, estimular a
independência e a espontaneidade, promover o convívio em grupo e desenvolver
habilidades motoras como equilíbrio, força e flexibilidade.
O jogo é o vínculo que une a vontade e o prazer durante a realização de uma
atividade. O ensino que utiliza o lúdico cria um ambiente agradável e gratificante
servindo como estímulo para o desenvolvimento integral da criança.
De acordo com Passerino (apud José/Saulo/Terezinha – 2004), o jogo é
necessário no processo de desenvolvimento da criança, com a função vital de
proporcionar ao indivíduo forma de assimilação da realidade, além de ser
culturalmente útil à sociedade como expressão de ideias.
Na verdade os jogos não devem ser vistos apenas como pré-condição para o
aprendizado do esporte, pois o mesmo está presente em várias atividades humanas.
Estudos recentes destacam:
BRACHT (1992), FREIRE (1992), MARCELINO (1990), TAVARESA
(1994) destacam que o ensino dos jogos deve assegurar uma aprendizagem que
resgate a história cultural, o lúdico e o significado humano e social do jogo, garantindo
a criança uma prática contextualizada, com origem, fantasia, prazer, alegria, sentido
e significado para sua formação, enquanto construtor e produtor deste saber.
(Meneses) apud Cristina, Mirian e Sheila, graduadas em Ed. Física – UFJF.

CLASSIFICAÇÃO DOS JOGOS

Segundo Ferreira (2003), a classificação das atividades é: Grandes jogos -


grande números de participantes. Difícil de ser dominado.
Pequenos jogos - extrai dos participantes características individuais como:
velocidade, destreza, força. Revezamento ou Estafetas - constitui-se pelo

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revezamento dos participantes para a realização de tarefas. É uma atividade em grupo


que preza pelas potencialidades individuais. Indicado para a infância.
Jogos combinados (exigem mais de uma aptidão física), correr, saltar, giros.
Jogos Aquáticos - realizados dentro da água, com excelente valor
terapêutico por diminuir o impacto causado pelo solo.
Jogos sensoriais - utilizam os sentidos (tato, visão, audição, etc). Esses jogos
desenvolvem o pensamento, diminui a tensão.
Jogos Sociais de Mesa - jogos que são realizados na mesa, com caráter
educativo, sem estimular os jogos de azar.
Segundo Veríssimo de Melo (1981), ficariam em:
Jogos de Seleção - utilizada para a separação de equipes e/ou participantes
(par ou ímpar, palitinho);
Jogos Gráficos - realizado em cima de algum desenho ou traçado
(amarelinha, xadrez);
Jogos de Competição - disputa física entre os participantes (pegas, cabo de
guerra);
Jogos de Salão - motricidade fina em locais restritos e/ou fechados (baralho,
quebra - cabeça);
Jogos com Música - com ritmo (catinga de roda, karaokê). Segundo Mian
(2003), os jogos são classificados em:
Pequenos - regras fáceis e em menor quantidade, menor número de
participantes e locais restritos;
Médios - com regras pré-estabelecidas, em locais maiores como quadras ou
piscina;
Grandes - com regras pré-estabelecidas e complexas, em maior quantidade e
em locais grandes e abertos, com maior números de participantes.

CARACTERÍSTICAS DAS CRIANÇAS

A criança de 6 a 7 anos para Ferreira 2003 pode ser definida como estando no
estágio pré-operatório sendo a de 6 a 7 onde aparece à linguagem oral. Pensamentos
egocêntricos, rígidos, centrado em si mesma e com características de animismo
(ciosas e animais). Não possui noção de conservação, quantidade, volume, massa,

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peso e não consegue retornar ao ponto de partida mentalmente (condição básica para
a realização de operações).
No período pré-operatório a assimilação, (isto é, a interpretação de novas
formações baseada em interpretações presentes) é uma tarefa suprema para a
criança. Nesta fase, a ênfase no porquê e no "como" torna-se uma ferramenta básica
para que a adaptação ocorra (GALLAHU e OZMUN, 2005).
Brincar serve como um importante meio de assimilação e ocupa maior parte
das horas que a criança passa acordada. As brincadeiras imaginárias e as paralelas
são importantes ferramentas para o aprendizado. Brincar também serve para
demonstrar as regras e os valores dos familiares mais velhos do indivíduo. A
ampliação do interesse social por seu mundo é característica da fase do pensamento
pré–operatório da criança. Como resultado o egocentrismo é reduzido e a participação
social aumenta. A criança começa a exibir interesse nos relacionamentos entre as
pessoas. A compreensão dos papéis sociais de "mamãe", "irmã" e "irmão" e seu
relacionamento uns com os outros é importante para a criança nesta fase. A criança
pequena demonstra crescente pensamento simbólico pela ligação do seu mundo com
palavras e imagens. A assimilação é avançada usando a atividade física para realizar
os processos cognitivo, cita Gallahue e Ozmun (2005).
Na fase operatória-concreta de 7 a 11 anos para Ferreira (2003) a criança
começa a ter um pensamento mais lógico, menos egocêntrico, ações mentais mais
reversíveis, móveis e flexíveis. Apesar de o pensamento basear-se mais no raciocínio,
ainda precisa de materiais e exemplos concretos. Não pode ordenar, seriar e
classificar.
Nesta fase, as percepções são mais precisas, e a criança aplica a interpretação
dessas percepções ambientais sabiamente. Ela examina as partes para obter
conhecimento do todo e estabelece meios de classificação para organizar as partes
em um sistema hierárquico. A criança brinca para compreender seu mundo físico.
Regras e regulamento são de interesse da criança quando aplicadas a brincadeira. A
criança raciocina logicamente sobre eventos concretos e consegue classificar objetos
de seu mundo em vários ambientes, existindo a reversibilidade com experimentação
intelectual através da brincadeira ativa. (Gallahue e Ozmun 2005).

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O PAPEL DO PROFESSOR NA MEDIAÇÃO DOS JOGOS NA EDUCAÇÃO


INFANTIL
Mestre não é quem sempre ensina, mas quem de repente
aprende. (Guimarães Rosa)

Será abordado o papel do professor na mediação do trabalho em sala de aula,


valorizando a presença do professor no desenvolvimento das atividades de jogos para
ter a oportunidade de intervir sempre que for possível.
O papel do educador é de propor regras, sem impô-las para que a criança tenha
possibilidade de elaborá-las, proporcionando a ela o direito de tomar decisões para
ser trabalhar o desenvolvimento social e político.
Essa participação na elaboração das leis, da á criança possibilidade de analisar
os valores morais, e de elabora regras de acordo com o grupo. É claro que com ajuda
do professor, poderá esta obtendo informações importantes, e ao mesmo tempo
estará ajudando a melhor suas ideias mediante aos objetivos determinado, para no
final obter o devido resultado esperado. É por isso que o professor tem que estar
sempre presente para incentivar os alunos construir o seu próprio conhecimento.
O professor dever esta atenta ao tipo de atividade que se deve aplica, pois a
interpretação pela criança de alguma ideia apresentada só vai ter resultado a partir do
momento que seja baseado nas estruturas que ela tem no momento.
Para Piaget (apud Wadsworth, 1987, p. 130)

[...] a criança pode receber informação valiosa através da


linguagem ou da educação dirigida por um adulto somente
se estiver em um estado em que possa compreender essa
informação.

Isto é, a fim de receber a informação ela precisa ter uma estrutura que a
capacite a assimilar essa informação. Piaget afirmar em seu texto que a criança só
tem capacidade de receber informações a partir do estagio que ela se encontra, para
então poder absorver todo, contudo que o adulto transmitir a ela, essas informações
deverem ser de acordo com capacidade de assimilação de cada uma.
O professor dever possuir característica básica de observação, ter olhos e
ouvidos bem atentos e sensibilidade para perceber as necessidades de seus
alunos. E esta sempre buscando novas descobertas, tendo em sua mente que o
professor nunca para de estuda esta sempre ser inovado.

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Quando o professor delega responsabilidade para uma turma de fazer cumprir


regras ele está possibilitando o desenvolvimento da iniciativa, agilidade e da
confiança. A criança passa dizer o que pensa sem medo de ser ignorado pelos seus
colegas. Apresenta segurança em tudo que vai fazer sei medo de errar. Não há
dúvidas que a pré- escola tem uma grande função pedagógica.
Para Friedmann:

O educador dever definir, previamente, em função das


necessidades e dos interesses do grupo e segundo seus
objetivos, qual é o espaço de tempo que o jogo irá ocupar
em suas atividades, no dia-a-dia. Dever também definir os
espaço físico aonde esses jogos irão se desenvolver:
dentro de sala de aula, no pátio ou em outros locais.
(1996. P.70).

De acordo com Friedmann o educador dever obter todas as informações


possíveis do grupo, deve analisar os pontos negativos e os pontos positivos para que
não venha sair do seu controle a aplicação desse jogo em sua atividade curricular.
Para Piaget (apud Wadsworth, 1987, p.6)

Educar é adaptar a criança a um ambiente social adulto,


em outras palavras, é mudar a constituição psicobiologia
do individuo em termos da totalidade das realidades
coletivas ás qual a comunidade conscientemente atribui
certo valor. Há, portanto, dois termos na relação
construída pela educação: por um lado o individuo em
crescimento: por outro os valores sociais, intelectuais e
morais nos quais o educador está encarregado de iniciar
o indivíduo.

Para Piaget educar é uma forma de possibilitar à criança à socialização, pois a


partir do momento que o indivíduo é inserido em uma escola ela passa a conviver com
outras pessoas, ou seja, todas as ações são executadas na sua maioria
coletivamente.
De acordo com o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil
(1998, p. 39):

O trabalho direto com crianças pequenas exige que o


professor tenha uma competência polivalente. Ser
polivalente significa que ao professor cabe trabalhar com
conteúdos de naturezas diversas que abrangem desde
cuidados básicos essenciais até conhecimento específico
provenientes das diversas áreas do conhecimento.

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O profissional que executa esta função deve ter uma competência simultânea
em relação à aplicação dos conteúdos. Esta formação deverá ser ampla e continua,
pois tem que abranger diversas áreas de conhecimento no que se refere à educação
infantil.
Ressaltado que o profissional deve estar preparado para adquirir novos
conhecimentos, pois assim, ele estará em constante aprendizado. Atualmente muitos
conflitos têm surgido na prática do ensino em que diz respeito às simpatias que alguns
profissionais desenvolvem em relação a algumas crianças, destacando suas
preferências e afinidade.
No entanto o perfil do profissional é de manter uma ralação ampla em que todos
devem ser tratados da mesma forma, como por exemplo, ele não poderá elogiar
somente uma criança, tem que levar em conta as demais, para não despertar o
sentimento de rejeição.
Para Wadsworth:

Parte do papel do professor é verificar se o que a criança


já sabe e como ela raciona a fim de ser capaz de sugerir
atividades e fazer perguntas no momento certo para que
a criança possa desenvolver o seu próprio conhecimento.
(1987. p. 137).

Autor relata que o professor precisa conhecer os seus alunos para verifica o
grau de raciocínio da turma para depois, então, sugerir as atividades que deverá ser
aplicado, para que ele não venha a interferir no desenvolvimento intelectual da
criança.
Para Machado:

Qualquer que seja o raciocínio da criança é fundamental


para ela a comprovação prática, concreta. A diferença aos
cinco / seis anos é que nem sempre o objeto precisa
necessariamente estar á sua frente, pois ela é capaz de
visualizá-lo em pensamento, desde que tenha tido a
oportunidade de manuseá-lo anteriormente,
armazenando a experiência em sua memória. (1991, p.
129).

Autora comenta sobre o raciocínio da criança de cinco a seis anos, que quando
atividade é fundamentada através da prática, não necessário em outro momento

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utilizar o mesmo objeto que foi usado na aula anterior. Pois ela tem capacidade de
visualizá-lo em seu pensamento.
De acordo com Wadsworth:
As crianças de todas as idades precisam ter
oportunidades para selecionar
atividades que as “interessem”. Tecnicamente, o que é
desejável é que as crianças experimentam desequilíbrio;
em outras palavras, elas precisam chegar á percepção de
que, de certo modo, as suas concepções não são mais
adequadas. (1987, p. 96).

Para o autor a crianças precisa está interferindo, na escolha de suas atividades


preferida para ser satisfazer. Dado a ela a possibilidade de adquirir o desequilíbrio,
em entender que a sua escolha no momento não é a mais adequada.
O professor também deve valorizar jogo espontâneo de seus alunos, pois
através dessa atividade o adulto pode está interferindo no momento que ele observa
que pode enrique-lo além de ter a oportunidade de obter prazer junto como a turma.
Para Brougére:

O lugar dos jogos livres em relação aos jogos dirigidos


varia muito de uma creche a outra. Os membros do
estabelecimento organizam atividades dirigidas, trabalhos
manuais, por exemplo, em função de seus interesses e
competências. (1998, p. 184).

O autor menciona sobre os jogos livres em relação com jogos os dirigidos, ele
diz que ambiente é escolhido de acordo com a instituição, não é uma regra definida,
mas que deve ser realizado em relação aos interesses da mesma.
Outro ponto importante na educação é sobre a valorização da comunicação
entre os alunos, levando para o sentido de está ajudando os seus colegas a busca o
seu próprio conhecimento através do diálogo entre eles. É claro que o professor dever
intervir em alguns momentos, para que a atividade não venha toma outro curso além
do esperado. Sem acelerar o desenvolvimento da criança ou apressá-lo de um estágio
para o outro. No entanto o professor dever a assegurar que o desenvolvimento dentro
de cada estágio seja respeitado integralmente e completo.
Para Kishimoto:

Por tratar-se de ação educativa, ao professor cabe


organizá-la de forma que se torne atividade estimule auto
estrutura do aluno. Desta maneira é que a atividade
possibilitará tanto a formação do aluno como a do

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professor que, atento, aos “erros” e “acertos” dos alunos,


poderá buscar o aprimoramento do seu trabalho
pedagógico. (1997, p. 85)

O autor no seu texto menciona que o professor precisa ser


primeiramente organizado se preocupando sempre com a formação do aluno,
buscando a cada dia aprimora mais o seu trabalho como docente.

CONCLUSÃO

Jogos na educação infantil, como um meio de aprendizagem da criança que


por sua vez tem que ser aguçada desde os primeiros anos de vida.
O jogo é considerado uma ferramenta muito importante no que se refere à
aquisição de conhecimento no âmbito escolar. Foi através desse estudo que
compreendemos melhor a ação do jogo no desenvolvimento da criança tanto
cognitivo, social, emocional e físico-motor.
Tivemos a oportunidade de contemplarmos um pouco sobre a definição e a
história dos jogos ao longo período e observamos que ele vem se destacando cada
vez mais no meio educacional, principalmente na educação infantil.
Os conteúdos que mais se destacou nesta pesquisa foram os pensamentos
dos grandes teóricos da história, que em algum momento de sua vida se dedicaram a
entender a utilização do jogo no desenvolvimento da criança, que foram: Wallon,
Vygstsky, Huizinga, Piaget, Kishimoto e Friedmann.
Abordamos um pouco sobre o desenvolvimento da criança segundo Piaget,
destacando os quatros período principais da criança de acordo o com a sua idade e
suas características, mas o foco dessa pesquisa foi o período pré-operatório que se
inicia aos dois e vai até aos seis anos.
Ressaltamos ainda a importância do professor como mediador do processo de
ensino-aprendizagem no que se refere ao jogo, destacando os pontos positivos, ou
seja, como ele deve agir perante as aplicações das atividades em sala de aula, e os
pontos negativos são aqueles que são vistos a todo o momento por professores sem
nenhuma desenvoltura neste contexto.

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JOGOS E BRINCADEIRAS

Pega-Pega

Jogadores dispersos pelo


terreno, havendo um perseguidor. Os
jogadores fugirão ao perseguidor, que
tentar apanhar um. Aquele que for
apanhado passará a ser o perseguidor
(Rabelo e Pimentel, 1991).
Objetivo: Trabalhar a habilidade de correr, desviar, rapidez de reação,

Morto x Vivo

Objetivo
específico: agilidade na
reação, atenção,
obediência, a ordens,
flexibilidade.
As pessoas em
círculo, de costas, com o
professor no centro. As ordens dadas podem ser: "morto", "vivo", ou "sentar",
"levantar" etc... (Ferreira, 2003).

História do meu nome

Todos sentados formando um grande


círculo, o objetivo é que cada participante
conte a história do seu nome. Por que
colocaram o seu nome? Como gostaria de se
chamar? De que nome você mais gosta?

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Vamos criar um nome para o nosso grupo? Que tal utilizarmos as inicias de todos os
nomes do grupo?
Objetivo: integrar-se ao meio social, enfatizar a necessidade de escutar o que
o outro tem a dizer, desinibir e descontrair o grupo (Soler 2003).

Chamada da roda

Os jogadores em
círculo, numerados, um no
centro, com uma bola leve.
O do centro, com a bola na
mão, chama um número e
lança a bola para o alto. O jogador chamado deve apanhá-la, vinda do alto ou picada
no chão, pela primeira vez. Se o conseguir, ganhará um ponto e irá para o centro
repetir a ação do companheiro anterior. A vitória é do que, no final do jogo obtiver mais
pontos (Ferreira 2003).

Gato doente

As crianças dispersas
pelo campo, dado o sinal pelo
professor, uma delas,
previamente indicada para
iniciar o jogo, persiguirá as
companheiras tentando tocá-
las. A que for, por exemplo tocada no ombro, aí colocará a mão esquerda e, aliando-
se a primeira, procurará também alcançar as outras crianças. Todas as que forem
apanhadas "gatos doentes"- deverão correr com a mão no ponto partido, perseguindo
as que acharem ainda livres.
Objetivo: trabalhar a habilidade de correr em grupo, atacar e defender (Rabelo
e Pimentel 1991).

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Pega-Pega

Jogadores dispersos
pelo terreno, havendo um
perseguidor. Os jogadores
fugirão ao perseguidor, que
tentar apanhar um. Aquele
que for apanhado passará a
ser o perseguidor (Rabelo e Pimentel 1991).
Objetivo: Trabalhar a habilidade de correr, desviar, rapidez de reação.

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