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LAUDO NEUROPSICOLÓGICO

Segundo o Código de Ética Profissional do Psicólogo, artigo 1 (g e h) é um dever do Psicólogo: “Informar, a quem de
direito, os resultados decorrentes da prestação de serviços psicológicos, transmitindo somente o que for necessário para
a tomada de decisões que afetem o usuário ou beneficiário”; e, “orientar a quem de direito sobre os encaminhamentos
apropriados, a partir da prestação de serviços psicológicos, e fornecer, sempre que solicitado, os documentos pertinentes
ao bom termo do trabalho”.

1. IDENTIFICAÇÃO DO PROFISSIONAL

xxxxxxxxxxxxxxxxx
Psicóloga – Conselho Federal de Psicologia do Regional xxxxxxxxxx
Neuropsicóloga (xxxxxxxxxxx), Especialista em
Telefone: (11) xxxxxxxxxx
Email: xxxxxxxxxxxxxxxxx

2. IDENTIFICAÇÃO DO PACIENTE

Nome: XXXXXX

Data de nascimento: 22 de dezembro de 2017

Idade Cronológica atual: 1 ano e 1 mês

Naturalidade: São Paulo, SP, Brasil

3. JUSTIFICATIVA DA AVALIAÇÃO

Esta avaliação neuropsicológica foi solicitada pela neurocirurgiã Dra.


XXXXXXXXXXX, em decorrência das queixas familiares acerca de atrasos nos
marcos do desenvolvimento neuropsicomotor do paciente. Aos 8 meses o
paciente ainda não sentava e apresentava sinais de atraso do desenvolvimento.
Em consulta com neuropediatra, foram solicitados exames de imagem que
indicaram a presença de um cisto aracnoide. No exame de ressonância
magnética realizado em novembro de 2018, foram apontados sinais de
alargamento dos espaços aracnoides no aspecto anterior das fossas cranianas,
porém sem efeito expansivo, podendo estar relacionado com cisto de aracnoide.

Até o presente momento, o paciente encontra-se em investigação


diagnóstica com geneticista a fim de verificar se estes agravos se configuram
como parte de uma síndrome genética, pois a mãe apresenta diagnóstico clínico
e molecular de Coréia de Huntington (com 52 repetições de CAG). Outros
familiares maternos, como a avó materna, duas tias-avós maternas, bisavô,
tataravô e três tios-bisavôs maternos também apresentaram sintomas
sugestivos do diagnóstico de Coréia de Huntington. Atualmente, o paciente
também faz acompanhamento com equipe de neurocirurgia, neuropediatra,
fisioterapeuta, fonoaudiólogo e terapeuta ocupacional, mas não faz uso de
nenhuma medicação atualmente.

A literatura científica aponta que a Coréia de Huntington é uma doença


genética neurodegenerativa com sintomas psiquiátricos, cognitivos e motores. A
idade típica de manifestação dos sintomas é acima dos 21 anos de idade. Seus
sintomas e diagnóstico são de fácil reconhecimento no paciente adulto, mas a
manifestação de sintomas antes dos 10 anos de idade corresponde a apenas
1% dos diagnósticos, sendo, portanto, uma rara condição (1,2).

A Coréia de Huntington apresenta um padrão de transmissão dominante


causado pela expansão do CAG em 50 regiões do gene HTT. A repetição normal
do CAG é de 6 a 35, e pacientes que apresentam de 36 a 39 repetições
apresentam penetrância reduzida. Aqueles que carregam acima de 40
repetições apresentam os sintomas característicos da Coréia de Huntington. A
idade de início dos sintomas está relacionada com aumento da quantidade de
transmissão de repetições de CAG, em particular quando a herança é paterna.
Pacientes menores de 21 anos tendem a ter mais de 60 expansões de CAG (2).
Os sintomas da Coréia de Huntington em crianças são diferentes, pois
elas demonstram frequentemente convulsão, distonia, rigidez, disfunção oral
motor, distúrbios comportamentais, demência e tremores. A epilepsia e síndrome
cerebelar são condições pouco frequentes em adultos, no entanto, mais
presentes em crianças (1).
Estudos de neuroimagem de pacientes crianças com diagnóstico de
Coréia de Huntington mostraram que três subestruturas cerebrais – núcleo
caudado, putâmen e globo pálido – apresentavam redução em tamanho em mais
de 3 desvios padrões da média. O tamanho dos lobos cerebelares, da massa
cinzenta do cerebelo e do córtex cerebelar também apareceu reduzido em 2
desvios padrões. A atrofia cerebelar foi mais predominante no lobo posterior.
Todos os pacientes desta pesquisa apresentaram transmissão paterna de larga
expansão – de 43 a mais de 100 repetições de CAG. Estas crianças
apresentaram sintomas motores, incluindo ataxia, o que está relacionado com a
atrofia cerebelar. O atraso nos aspectos da linguagem também foram sintomas
muito proeminentes. Além disto, estas crianças apresentaram sintomas
precoces e severos de epilepsia, especialmente no primeiro ano após os
sintomas iniciais (4).
Um estudo de caso de um bebê de 18 meses com posterior diagnóstico
de Coréia de Huntington mostrou que o seu desenvolvimento neuropsicomotor
apresentou-se normal até 12 meses, com ganho de habilidades motoras e de
linguagem. No entanto, aos 23 meses, este bebê não conseguia mais andar e
nem falar, apresentava baixo peso e perímetro cefálico diminuído. Em exames
neurológicos, os achados mostraram hipotonia axial, hipertonia nos 4 membros,
ataxia, tremor nos 4 membros e na cabeça. Quanto a linguagem, havia produção
de sons, mas não de palavras, com compreensão reduzida de palavras e
expressões verbais. Os exames de imagem mostraram reduzido volume
cerebral, especialmente no vermis. O diagnóstico parecia confuso até que seu
pai começou a apresentar os sintomas da Coréia de Huntington, o que sugeriu
que o bebê pudesse ter herdado a doença. Os exames moleculares confirmaram
o diagnóstico do pai aos 46 anos e do bebê, no entanto, a quantidade de
repetições da expansão do CAG do bebê foi extremamente grande e
heterogênea – 210 a 250.
Outro estudo científico relatou 3 casos de crianças com o diagnóstico de
Coréia de Huntington antes dos 10 anos de idade, apontando que os atrasos na
aquisição das habilidades de linguagem e da comunicação podem ser uma
manifestação precoce, antes mesmo do atraso motor. Além disto, percebeu-se
que os sintomas motores tendem a melhorar mais rápido do que os de
linguagem, que persistem mesmo depois das melhoras motoras e
comportamentais. As dificuldades na linguagem são sobretudo nos aspectos da
linguagem receptiva e sintomas de disartria. Aos 3 anos, as crianças
apresentaram atraso na linguagem expressiva, e não conseguiam desenvolver
sequer uma frase com 3 palavras, o que impactava na habilidade de discurso. A
inserção no contexto educacional ajudou, e as crianças melhoraram as
habilidades de linguagem após a iniciação na escolarização (1).
Como explicitado, o diagnóstico de Coréia de Huntington na criança é
complexo e difere dos adultos tanto na sua apresentação clínica dos sintomas
quanto na decisão de prosseguir com testes genéticos moleculares. Crianças
sem sintomas não são comumente testadas geneticamente por motivos éticos e
psicossociais, e o processo de investigação diagnóstica precisa ser
cuidadosamente realizado, a fim de não provocar mais malefícios do que
benefícios (1).
A busca científica pelas palavras-chave “Huntington” e “arachnoid cyst”
não apresentou resultados, podendo indicar que até o momento não há relatos
científicos de pacientes com o diagnóstico de Coréia de Huntington e com cistos
aracnoides.
Os cistos aracnoides são anormalidades do desenvolvimento
diagnosticadas na infância e representam cerca de 1% de todas as massas
cranianas. A maioria é benigno, assintomático e não requer tratamento cirúrgico,
e a maioria localiza-se na fossa média. Os cistos aracnóides podem causar um
espectro amplo de sintomas clínicos e por isto, a relação clara entre a presença
do cisto aracnóide e os problemas apresentados pelo paciente ainda é difícil de
se estabelecer. No entanto, nos últimos anos, tem se dado atenção aos declínios
cognitivos que acompanham os cistos aracnoides (5).
Um artigo científico relatou um estudo de caso de uma criança de 11 anos,
com cisto aracnoide localizado na fossa craniana média esquerda. Antes do
procedimento cirúrgico, o paciente apresentava declínios cognitivos nas funções
cognitivas, especialmente memória e atenção, e um nível um pouco reduzido do
funcionamento intelectual. Após a cirurgia, o paciente apresentou melhora em
todas as funções cognitivas, bem como funcionamento intelectual mais alto (6).
Outro estudo de caso de um garoto de 13 anos com cisto aracnóide no
hemisfério esquerdo na fossa media e compressão dos lobos cerebrais apontou
que os resultados da avaliação de inteligência com o instrumento WISC antes
da cirurgia foram 86 para Índice de Compreensão Verbal (ICV), 98 para Índice
de Organização Perceptual (IOP) e 91 para Quoeficiente Intelectual Total (QIT).
Apesar destas pontuações serem consideradas normais, a reavaliação deste
paciente após 2 meses de cirurgia, indicou aumento no ICV para 101 e de QIT
para 100. O IOP manteve-se o mesmo. A explicação para melhoria nos testes
cognitivos é de que o cisto pressionava os lobos frontal e temporal esquerdos
(7).

Em outro estudo, relatou-se o caso de 2 irmãos diagnosticados


sucessivamente com cisto aracnóide de fossa posterior. Antes do procedimento
cirúrgico, ambas crianças apresentavam prejuízos cognitivos e visuo-motores
com atrasos acadêmicos. As lesões foram drenadas e após o procedimento,
ambos irmãos demonstraram melhora nas funções visuo-motoras e no
comportamento. Também houve melhora na disartria e no atraso acadêmico,
com melhora progressiva da cognição e especialmente do funcionamento
intelectual e da linguagem. Apesar das habilidades motoras finas terem
melhorado, ainda permaneceram inferiores do que a média e as habilidades de
escrita mostraram-se limitadas (5).

Um estudo de três casos de crianças com diagnóstico de TDAH e com


cisto aracnóide na fossa craniana esquerda mediana e envolvido no aspecto
medial do lobo temporal demonstrou que estes pacientes apresentavam dores
de cabeça, episódios sugestivos de convulsão parcial ou tremores e sinais
neurológicos anormais. Seus resultados de eletroencefalogramas mostraram
foco epileptiforme ou anormalidades de ondas lentas nas regiões temporais
esquerdas e correlação com a localização da lesão estrutural da fossa temporal.
A cirurgia não foi indicada e as dores de cabeça se resolveram após intervenções
dietéticas ou quando a medicação de metilfenidato para TDAH foi
descontinuada. Não foi possível estabelecer a relação do cisto aracnóide com
as dores de cabeça, mas uma associação causal com o TDAH foi considerada
plausível, em virtude das coincidências das dificuldades de aprendizado e dos
prejuízos de linguagem que podem ser explicados pela patologia no lobo
temporal e na região silviana (8).

Um estudo com 35 crianças com cisto aracnoide e idade entre 3 e 15 anos


de idade mostrou que o quoeficiente intelectual medido pelas escalas Wechsler
destes pacientes não diferem daquele de crianças sem cisto aracnoide. No
entanto, os pacientes apresentaram mais sintomas de desatenção em
impulsividade, numa taxa de 35,7% e 39,3% mais alta. Esta problemática foi
ainda mais saliente em pacientes que apresentem compressão do lobo frontal.
As habilidades de memória aparecerem preservadas, mas quanto às funções
executivas de pacientes com histórico de trauma pequeno, os achados
demonstram que estes pacientes incorrem em maior quantidade de erros e
perseveração, medidas pelo teste Cartas de Wisconsin. Contudo, apresentaram
menos sintomas de desatenção e impulsividade do que os pacientes que não
apresentaram episódios de trauma. Também apresentaram mais sintomas de
ansiedade, imaturidade social, delinquência e comportamento agressivo,
principalmente em pacientes com cistos do lobo frontal. O nível de ansiedade de
pacientes com cisto no hemisfério esquerdo também foi mais alto do que aqueles
com cisto no hemisfério direito (9).

Os estudos dos benefícios neurocirúrgicos para a cognição são mais


frequentes em pacientes adultos. Uma pesquisa com 13 adultos com cistos
aracnóides sintomáticos na fossa temporal esquerda, nos quais foram realizados
7 procedimentos interno de shunt durante anestesia local e 5 tratados com
craniotomia com fenestração do cisto até as cisternas basais relata que os testes
de assimetria cerebral relacionados com a linguagem e a memória verbal antes
da operação mostraram prejuízo na recuperação de informações, com piora da
recuperação de informações do ouvido direito, e desempenho pobre numa prova
de atenção. Após a cirurgia, todos os pacientes apresentaram alívio dos
sintomas, redução do volume do cisto em 11 pacientes, e melhoras nas
habilidades perceptivas e na memória. Esta melhora já estava presente apenas
4 horas após a cirurgia (10).

Por causa disto, sugeriu-se uma investigação cuidadosa para um


diagnóstico precoce, a fim de indicar medidas que possam estimular o
desenvolvimento cognitivo. Assim sendo, nesta avaliação, investigou-se as
habilidades do neurodesenvolvimento de XXXXXX, a fim de compreender a
dinâmica das funções cognitivas, e disponibiliza-se à comunidade científica,
clínica e escolar dados sobre o seu funcionamento neuropsicológico, com
sugestões terapêuticas para um prognóstico mais favorável.

4. METODOLOGIA

Esta avaliação foi realizada em 4 atendimentos. A seguinte metodologia foi


utilizada:

a) Entrevistas de anamnese sobre o desenvolvimento neuropsicomotor;

b) Mensuração das funções relacionadas com o desenvolvimento através dos


seguintes instrumentos:

- Escala Bayley de Desenvolvimento;

- Perfil Sensorial;

c) Observação das sessões de fisioterapia, e discussão do caso com a


profissional;

d) Discussão de caso com geneticista clínica;


5. RESULTADOS

5.1 DISCUSSÃO DE CASO COM A GENETICISTA CLÍNICA

A família buscou atendimento médico com geneticista clínico durante as sessões


de avaliação neuropsicológica, e por não haver finalizado ainda a avaliação, fora
enviado um relatório de resultados parciais, solicitando um relatório quanto o
direcionamento da investigação genética. A profissional XXXXXXXXX (CRM-SP
XXXXXX) referiu que ao exame físico-dismorfológico, o paciente apresentou
sinais importantes, tais como: peso no percentil 10 para a sua idade,
orelhas bem antevertidas com dobras espessadas, mas com orelha direita
simplificada e lóbulos levemente antevertidos; implantação baixa de cabelos
em nuca, lábio inferior fino, retrognatia leve, discreto epicanto bilateral, dedos
fusiformes, pequena mancha filiforme hipocrômica em região escapular direita,
pequena mancha CCL clara e irregular em região lateral de joelho direito,
hipotonia axial e leve apendicular. O seguimento da investigação diagnóstica
considerou “a baixa prevalência da forma infantil de CH, que expansões
significativas do trato CAG usualmente ocorrem na transmissão paterna e não
materna do alelo expandido (˜80%), que os sintomas apresentados por XXXXXX
no presente não são característicos da forma infantil da CH, bem como que o
paciente mais jovem reportado na literatura com forma infantil de CH teve início
dos sintomas com 3.5 anos, é pouco provável que o atraso de XXXXXX esteja
relacionado a seu histórico familiar, ainda que não seja possível excluir de
maneira definitiva esta possibilidade. Ainda, atraso do desenvolvimento
neuropsicomotor é sinal clínico com frequência significativa na população geral
(˜1-3% dos nascidos vivos), podendo ser decorrente de múltiplas causas
ambientais, multifatorias ou genéticas. Em vista disto, e do fato de que não há
cura ou tratamento específico para a coréia de Huntington, optou-se por focar a
investigação etiológica em outras possíveis causas de ADNPM e não se realizar
o teste molecular para CH de XXXXXX no presente. Caso em algum momento
futuro, a evolução do paciente seja altamente sugestiva da forma infantil de CH,
esta questão poderá ser reconsiderada”.
5.2 OBSERVAÇÃO DA SESSÃO TERAPÊUTICA DE FISIOTERAPIA E
DISCUSSÃO DE CASO COM A PROFISSIONAL

Esta sessão ocorreu no dia 25 de fevereiro de 2019, com a observação da


sessão de fisioterapia in loco. Percebeu-se que XXXXXX necessita das
estratégias lúdicas para conduzi-lo para as atividades, levando-o a se engajar e
participar nas tarefas. O paciente apresentou-se participativo e colaborativo, e
não apresentou distração em decorrência dos estímulos distratores no ambiente
terapêutico geral. Em discussão com a profissional, foi referido que o paciente
vem apresentando respostas muito satisfatórias às intervenções, conseguindo já
desenvolver estabilidade e controle do tronco, automatização do movimento de
engatinhar e início da marcha com apoio.

HABILIDADES COGNITIVAS GERAIS

Quanto à avaliação do desenvolvimento sensório-motor e a habilidade de exploração e manipulação, a relação que


XXXXXX estabelece com os objetos, formação de conceitos, memória e processamento cognitivo.

Foi possível constatar:

- Idade de Desenvolvimento: 8 meses

- Percentil: 1

- Classificação: Deficitário

- Discrepância: 5 meses

- Descrição do resultado: XXXXXX apresentou habilidades de


exploração de objetos muito abaixo do esperado para sua idade, com pouca
capacidade de exploração, manipulação e processamento cognitivo.
HABILIDADES DE LINGUAGEM

Comunicação Receptiva

Habilidade que inclui comportamentos pré-verbais, desenvolvimento de vocabulário, capacidade de identificação de


objetos e suas representações em imagens, vocabulário relacionado ao desenvolvimento morfológico, como pronomes
e preposições, compreensão de marcadores morfológicos, como plural, marcações de modalidade verbal (como
gerúndio, passado e pronomes possessivos), referências sociais e compreensão verbal.

Foi possível constatar que:

- Idade de Desenvolvimento: 9 meses

- Percentil: 1

- Classificação: Deficitário

- Discrepância: 4 meses

- Descrição do resultado: XXXXXX apresentou dificuldades acentuadas


para demonstrar compreensão da linguagem, com comportamentos pouco
expressivos quanto à resposta comunicativa tanto verbal quanto não-verbal.
Manteve-se sem resposta para muitas comunicações e comandos realizados.

Comunicação Expressiva

Habilidade que a comunicação pré-verbal, como balbuciar, gesticular, referências conjuntas e vez de falar,
desenvolvimento de vocabulário, como nomear objetos, figuras e atributo (cor e tamanho), desenvolvimento
morfossintático, como uso de vocalização de duas palavras, plurais e tempo verbal.

Foi possível constatar que:

- Idade de Desenvolvimento: 3 meses

- Percentil: 1

- Classificação: Deficitário

- Discrepância: 10 meses
- Descrição do resultado: XXXXXX apresentou acentuados prejuízos na
capacidade de expressão da linguagem, com repertório muito insuficiente tanto
de comportamentos verbais como de não-verbais para comunicar suas
necessidades, desejos e intenções. XXXXXX ainda não empreende balbucios
funcionais, a fim de comunicar seus desejos através da fala, o que indica que
ainda não usa a linguagem como discurso. Quando é contrariado, expressa-se
através de choro, permitindo conhecer que suas funções de protesto são ainda
imaturas e atuadas. Empreende arrulhos, que são vocalizações de vogais,
denotando discreta repetição de sons.

HABILIDADES MOTORAS

Motricidade Fina

Habilidade de motricidade fina associada com a preensão, integração perceptiva-motora, planejamento motor e
velocidade motora, desenvolvimento de capacidades de rastreamento visual, de alcance, manipulação e preensão de
objetos, capacidade manual funcional das crianças e respostas a informações táteis.

Foi possível constatar que:

- Idade de Desenvolvimento: 9 meses

- Percentil: 1

- Classificação: Deficitário

- Discrepância: 4 meses

- Descrição do resultado: XXXXXX apresentou grandes dificuldades


para rastreamento e alcance de objetos, sem capacidade de manipulação
funcional dos objetos;

Motricidade Grossa

Habilidade de movimentação dos membros e do tronco, como posicionamento estático, movimento dinâmico, locomoção,
coordenação, equilíbrio e planejamento motor.

Foi possível constatar que:


- Idade de Desenvolvimento: 8 meses

- Percentil: 1

- Classificação: Deficitário

- Discrepância: 5 meses

- Descrição do resultado: XXXXXX apresentou atraso muito significativo


da habilidade motora, com pouco controle para movimentação intencional de
tronco, posicionamento estático e dinâmico, com prejuízos também na
capacidade de coordenação, equilíbrio e planejamento motor;

Idades de Desenvolvimento em meses.


1900ral 1900ral
1900ral 1900ral
1900ral 1900ral
1900ral
1900ral
1900ral
1900ral 1900ral
1900ral 1900ral
1900ral 1900ral
Habilidades Comunicação Comunicação Motricidade Motricidade
Cognitivas Receptiva Expressiva Fina Grossa
Cronológica 1900ral 1900ral 1900ral 1900ral 1900ral
Cognitiva 1900ral 1900ral 1900ral 1900ral 1900ral

Cronológica Cognitiva

HABILIDADES ATENCIONAIS

A habilidade atencional, o aprendizado e a memória são processos cognitivos intimamente relacionados, dentre os quais
a atenção se constitui em um pré-requisito multidimensional para a ocorrência dos demais” (Abrisqueta-Gomez (2012).
Isto significa que a atenção é uma função cognitiva complexa e de grande importância para o funcionamento adequado
das tarefas. A atenção é a capacidade de selecionar e manter controle sobre a entrada de informações externas
necessárias em um dado momento, ou sobre o controle de informações geradas internamente, como nossos
pensamentos, memórias e preocupações ou até cálculos mentais. Sem essa capacidade de seleção, a quantidade de
informações externas e/ou internas seria enorme, a tal ponto de inviabilizar qualquer atividade mental. Para isto, é
necessário que redes cerebrais difusas interajam entre si, permitindo que nos ocupemos com eventos relevantes e
ignoremos os irrelevantes. A orientação da atenção reflete uma competição entre objetivos internos e demandas externas
que podem ser disparadas voluntariamente ou capturadas automaticamente. As redes neuronais da atenção envolvem
estruturas em todos os lobos do córtex, além de estruturas subcorticais. Lesões em diferentes regiões cerebrais podem
levar a uma variedade de deficiências de atenção. Didaticamente, divide-se a atenção em seletiva, alternada e
sustentada. A atenção seletiva é um dos parâmetros tradicionalmente associado à atenção e se refere à seleção de parte
dos estímulos disponíveis para o processamento enquanto os demais se mantém suspensos. Atenção alternada
corresponde à capacidade de ter flexibilidade, alternando entre um estímulo ou conjunto de estímulos e outro, ou entre
um tipo de tarefa e outra. Já a atenção sustentada constitui-se na capacidade de manter o foco atentivo durante uma
atividade contínua duradoura e repetitiva, sendo frequentemente denominada por habilidade de “concentração”.

Resultado: XXXXXX apresentou habilidades insuficientes de selecionar e


manter a sua atenção em apenas um estímulo do contexto avaliativo, sem
conseguir dar manutenção ao seu nível atencional por um longo tempo. A
presença de outros estímulos são distratores e interferem na sua manipulação
da atividade. Isto significa que XXXXXX ainda não consegue realizar controle e
manutenção atencional.

HABILIDADES DE MEMÓRIA

A memória consiste na capacidade individual de adquirir, reter e resgatar informações de forma consciente. Isto permite,
teoricamente, utilizar as experiências anteriores como dados para a tomada de decisão, pois poderá ser capaz de
reconhecer padrões e ter comportamentos coerentes com suas experiências. O registro da informação se dá através do
recebimento da informação por modalidade sensorial, verbal, visuo-espacial, ou motora e em grande parte envolve a
função atencional. Em seguida, as informações precisam ser armazenados, quer por um curto ou longo espaço de tempo,
o que caracteriza respectivamente a memória imediata e a memória de longo prazo. Posteriormente, as informações
passam por uma consolidação, quando os conteúdos podem ser armazenados temporariamente ficando mais estável e
resistente à degradação ao longo dos dias e anos subsequentes ao armazenamento. A evocação ou recuperação é a
habilidade de reproduzir ou construir uma ideia percebida e guardada de forma consciente. Participam das redes
neuroanatômicas da memória: as porções dos lobos temporais mediais – córtices entorrinal perirrinal / para-hipocampal,
a amígdala, hipocampo, regiões pré-frontais, ligação da região pré-frontal à região do hipocampo, regiões para-
hipocampais e o córtex entorrinal, A memória de curto prazo é aquela de memória de informações e dados por um
período breve. A memória explícita constitui as memórias guardadas por um longo período de tempo, que podem ser
categorizadas em episódica – aquelas informações guardadas de experiências únicas que se experimenta - e semântica,
relacionada com o armazenamento de longo prazo de informações de mundo que são atemporais e globais. A memória
operacional refere-se a uma memória de certo número de conteúdos ao mesmo tempo, possibilitando o manejo e
raciocínio destes conteúdos.

Resultado: XXXXXX apresentou reconhecimento de objetos familiares, como


mamadeira e brinquedos, demonstrando capacidade de aprendizagem
preservada, sendo possível inferir que vem desenvolvendo habilidades de
memória episódica apropriada para sua idade.

PERFIL SENSORIAL

Avaliou-se os padrões de processamento sensorial da criança no contexto da vida cotidiana, coletando dados que
proporcionam uma maneira única de determinar como o processamento sensorial pode estar contribuindo ou interferindo
com relação à participação do sujeito na vida.

- Processamento Geral

- Resultado: 26 - Muito mais que outros

- Descrição: Apresentou limiares neurológicos menos sensíveis, o que


indica que uma quantidade maior de estímulos é necessária para uma resposta
de um neurônio ou de um sistema neuronal, indicando que sua consciência de
estímulos importantes está diminuída. Por causa disto, XXXXXX pode
permanecer desatento ao ambiente quando todas as outras crianças
apresentam respostas adequadas;

- Processamento Auditivo

- Resultado: 26 - Muito mais que outros

- Descrição: Apresentou limiares neurológicos menos sensíveis para


estímulos auditivos, o que indica que uma quantidade maior de estímulos é
necessária para uma resposta de um neurônio ou de um sistema neuronal. Isto
também indica que uma quantidade normal de estímulos auditivos pode não
promover a reação desejada. Isto indica que seu processo de sensibilização, ou
seja, de consciência de estímulos auditivos está diminuído;

- Processamento Visual

- Resultado: 20 – Mais que os outros

- Descrição: Apresentou limiares neurológicos menos sensíveis para


estímulos visuais, o que indica que uma quantidade maior de estímulos é
necessária para uma resposta de um neurônio ou de um sistema neuronal. Isto
também indica que uma quantidade normal de estímulos visuais pode não
promover a reação desejada, permitindo entender que seu processo de
sensibilização, ou seja, de consciência de estímulos visuais está diminuído;

- Processamento de Tato

- Resultado: 28 - Muito mais que outros

- Descrição: Apresentou limiares neurológicos menos sensíveis para


estímulos táteis, o que indica que uma quantidade maior de estímulos é
necessária para uma resposta de um neurônio ou de um sistema neuronal,
denotando uma lentificação do SNC. Isto também indica que uma quantidade
normal de estímulos táteis pode não promover a reação desejada, permitindo
entender que seu processo de sensibilização, ou seja, de consciência de
estímulos táteis está diminuído;

- Processamento de Movimento

- Resultado: 25 - Muito mais que outros

- Descrição: Apresentou limiares neurológicos menos sensíveis para


estímulos dinâmicos o que indica que uma quantidade maior de estímulos é
necessária para uma resposta de um neurônio ou de um sistema neuronal. Isto
também indica que uma quantidade normal de estímulos dinâmicos pode não
promover a reação desejada, permitindo entender que seu processo de
sensibilização, ou seja, de consciência destes estímulos está diminuído;

- Processamento da Sensibilidade Oral

- Resultado: 18 - Normal

- Respostas Comportamentais associadas ao processamento sensorial

- Resultado: 9 – Menor que os outros - Descrição: Apresentou menos


respostas comportamentais para os estímulos ambientais, o que indica que uma
quantidade maior de estímulos é necessária para uma resposta comportamental;
6. CONCLUSÃO

XXXXXX, 13 meses, filho único, reside com pai e mãe, natural e


procedente de São Paulo, nascida de parto normal a termo. Não houve
complicações clínicas pré, peri ou pós natais que fossem fatores de risco que
contribuíssem para atrasos no desenvolvimento neuropsicomotor. Após
identificação de cisto aracnoide e queixas de atrasos no desenvolvimento
neuropsicomotor, XXXXXX foi encaminhado para avaliação neuropsicológica
para verificação das suas funções cognitivas.

Foi possível identificar que o paciente apresenta atraso global do


desenvolvimento neuropsicomotor, com uma idade cognitiva estimada em 9
meses, já que todos os domínios investigados, à exceção da linguagem
expressiva, apresentaram resultados condizentes com o de um bebê desta
idade. Quanto a linguagem expressiva, XXXXXX apresentou atraso mais
significativo, com atraso excessivamente aumentado, e condizentes com o de
um bebê de apenas 3 meses.

Resultados coletados sobre o perfil sensorial do paciente indicam que ele


apresenta um limiar elevado para a resposta à estímulos visuais, auditivos, táteis
e dinâmicos, indicando que seu SNC apresenta uma lentificação no
recrutamento neuronal ou mesmo que recrute uma quantidade menor de
neurônios do que o esperado para a sua idade. Quando este processo se
encontra diminuído, como no caso de XXXXXX, o neurônio precisa ter repetidas
e experiências no padrão de estimulação para que desenvolva um padrão
familiar que não precisa mais de atenção. Estes mecanismos são importantes
para a habituação aos estímulos, que é o processo de reconhecimento de
estímulos familiares que não requerem atenção adicional, necessárias para o
neurodesenvolvimento.

O desenvolvimento de um sistema perceptual é necessário para que


XXXXXX elicie estratégias comportamentais adequadas que lhe permitam dar
manutenção à vida, alcançando recursos necessários para a sobrevivência e
afastando-se daqueles ameaçadores à vida. Portanto, a extração eficiente de
informações do ambiente, ou seja, de um processamento sensorial ajustado dos
estímulos ambientais é fundamental. Deste modo, a alteração no processamento
sensorial de XXXXXX vem impactando o seu desenvolvimento neuropsicomotor
de forma global, e dificultando a experiência de interação e adaptação de
XXXXXX com o mundo.

Faz-se importante apontar que durante o processo avaliativo, XXXXXX


estava se submetendo a intervenções com fisioterapia, fonoaudiologia e terapia
ocupacional, e foi possível observar ganhos muito significativos na motricidade
grossa ao longo do curto período da avaliação. Isto permite compreender que o
SNC de XXXXXX mantém neuroplasticidade, o que significa que seu SNC está
apto para mudar, se adaptar e se moldar, tanto a nível estrutural quanto
funcional.

Diante destes achados e dos dados descritos na literatura científica, é


possível perceber que os declínios presentes no perfil do neurodesenvolvimento
de XXXXXX não parecem decorrentes da presença do cisto aracnoide, já que os
declínios em casos de cisto são em domínios isolados e em percentis menos
graves.

Por causa disto, sugere-se fortemente que XXXXXX seja mantido nas
intervenções de fisioterapia, e que as terapias de fonoaudiologia e terapia
ocupacional sejam intensificadas para uma frequência mínima de 2 vezes por
semana. Intervenções com musicoterapia também são fortemente indicadas a
fim de sensibilizar seu sistema auditivo para as diversas frequências sonoras,
podendo se reverter em ganhos muito significativos para o seu processamento
sensorial auditivo e para as habilidades de linguagem.

Os resultados aqui descritos são de caráter dinâmico, não definitivos ou


cristalizados do paciente XXXXXX e referem-se ao presente momento, e por
isso, passível de modificações no decorrer do tempo, principalmente por estar
em fase de neurodesenvolvimento e submetido a intensas e diversas
intervenções. Desta forma, as informações deste relatório referem-se ao padrão
de funcionamento cognitivo atual e o paciente deve ser mantido em
acompanhamento.
Além disso, as informações deste laudo são sigilosas e devem ser
utilizadas somente por profissionais envolvidos no manejo clínico deste paciente.
Desaconselha-se o seu uso fora deste contexto clínico para a proteção do
próprio paciente. O uso que deste material venha a ser feito é de inteira
responsabilidade do requerente.

Declaro que o presente documento apresenta os resultados do processo de


avaliação neuropsicológica conduzida por mim em sessão de consultório, com a
realização de entrevistas, observação clínica e testagem neuropsicológica. Este
documento, bem como todos os dados desta avaliação, serão mantidos em
meus arquivos profissionais pelo prazo de 5 anos, conforme estabelecido na
Resolução 001/2009 do Conselho Federal de Psicologia.

São Paulo, 24 de março de 2019,

_______________________________________________
xxxxxxxxxxxxxxxxxxx
Psicóloga CRP xxxxxxxxxxxx
Neuropsicóloga (xxxxxxxxxxx)
Especialista em
7. SUGESTÃO DE CONDUTA TERAPÊUTICA

- Orienta-se retorno com a médica solicitante da avaliação neuropsicológica;

- Manter fisioterapia em modalidade intensiva - 3 vezes por semana;

- Intensificar intervenção fonoaudiológica e de terapia ocupacional para


modalidade semi-intensiva - 2 vezes por semana;

- Sugere-se ingresso em atividade física, como natação;

- Adesão à musicoterapia;
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

(1) Yoon, G.; Kramer, J.; Zanko, A.; et al. (2006). Speech and language delay are
early manifestations of juvenile-onset Huntington disease. NEUROLOGY, v. 67,
p. 1265-1267. DOI 10.1212/01.wnl.0000238390.86304.4e.
(2) Gael, N.; Devys, D.; Goldenberg, A.; Maltete, D.; Herv, C.; Hannequin,D. &
Guyant-Marechal, L. (2011). Juvenile Huntington disease in an 18 month-old boy
revealed by global developmental delay and reduced cerebellar volume. Am J
Med Genet Part A, v.155, p. 815–818.
(3) Quarrel, O. W. J.; Nance, M. A.; Nopoulos, P.; Reilmann, R.; Oosterloo, M.;
Tabrizi, S. J.; Furby, H.; Saft, C.; Roos, R. A. C.; Squitieri, F.; Landwehrmeyer,
B. & Burgunder, J. M. (2019). Defining Pediatric Huntington Disease: Time to
Abandon the Term Juvenile Huntington Disease? Movement Disorders. DOI:
10.1002/mds.27640.
(4) Hedjoudje, A.; Gael, N.; Goldenberg, A.; Vanhulle, C.; Dumant-Forrest, C.;
Deverrière, G.; Treguier, P.; Michele, I. ;Guyant-Maréchal, L. ; Devys, D. ;
Gerardin, E. ; Dacher, J. N. & Vivier, P. H. (2018). Morphological features in
juvenile Huntington disease associated with cerebellar atrophy — magnetic
resonance imaging morphometric analysis. Pediatric Radiology.
https://doi.org/10.1007/s00247-018-4167-z
(5) Cuny, M. L.; Pallone, M.; Piana, H.; Boddaert, N.; Sainte-Rose, C.; Vaivre-
Douret, L.; Piolino, P.; Puget, P. (2017) Neuropsychological improvement after
posterior fossa arachnoid cyst drainage. Childs Nerv Syst, Jan;33(1):135-141.
doi: 10.1007/s00381-016-3285-x. Epub 2016 Nov 10.

(6) Kwiatkowska, K.; Hałabuda, A.; Rybus, J.; Kwiatkowski, S. (2017). Cognitive
disorders in a patient with an arachnoid cyst of the sylvian fissure and
improvement after surgical treatment: Case description. Appl Neuropsychol
Child. 2017 Nov 7:1-5.

7) Matsuda, W.; Akutsu, H.; Miyamoto, S.; Noguchi, S.; Tsunoda, T.; Sasaki, M.
& Matsumura, A. (2010). Apparently Asymptomatic arachnoid cyst: postoperative
improvement of subtle neuropsychological impediment. Neuro Med Chir, Tokyo,
v. 50.
(8) Millichap, J. M. (1997). Temporal lobe arachnoid cyst-attention deficit disorder
syndrome: role of the electroencephalogram in diagnosis. Neurology,
May;48(5):1435-9.

(9) Park, Y. S.; Eom, S.; Shim, K. W. & Kim, D. S. (2009). Neurocognitive and
psychological profiles in pediatric arachnoid cyst. Childs Nerv Syst, 25:1071–
1076.

(10) Wester, K. &, Hugdahl, K. (1995). Arachnoid cysts of the left temporal fossa:
impaired preoperative cognition and postoperative improvement. J Neurol
Neurosurg Psychiatry, Sep;59(3):293-8.

*Atenção* com a nova resolução para elaboração de laudos deve ser


descrito também a referência bibliográfica de todos os testes utilizados

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