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Laudo realizado de acordo com a Resolução 004/2019 do Conselho Federal de Psicologia (CFP) que Institui regras para a elaboração de documentos
escritos produzidos no exercício da profissão, estabelecendo enquanto dever do Psicólogo: “Informar, a quem de direito, os resultados decorrentes da
prestação de serviços psicológicos, transmitindo somente o que for necessário para a tomada de decisões que afetem o usuário ou beneficiário”; e,
“orientar a quem de direito sobre os encaminhamentos apropriados, a partir da prestação de serviços psicológicos, e fornecer, sempre que solicitado,
os documentos pertinentes ao bom termo do trabalho
1. IDENTIFICAÇÃO DO PROFISSIONAL
xxxxxxxxxxxxxxxxxx
Psicóloga – Conselho Federal de Psicologia do Regional xxxxxxxxxxxxxxxx
Neuropsicóloga (xxxxxxxxxxxxxx)
Especialista em
Telefone: (11) xxxxxxxxxxxxx
Email: xxxxxxxxxxxxxxx
2. IDENTIFICAÇÃO DO PACIENTE
Nome: XXXXXXXXXXXXX
Escola: XXXXXX
Solicitantes: Pais
3. JUSTIFICATIVA DA AVALIAÇÃO
Esta avaliação neuropsicológica foi solicitada por iniciativa dos genitores
de XXXXX por causa de queixas relacionadas com dificuldade de fluência da fala
e da hipótese diagnóstica de gagueira. O paciente vem sendo acompanhado por
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fonoaudiólogo há poucos meses, e a família relata dúvidas quanto ao
funcionamento global da linguagem expressiva e receptiva.
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dos relacionamentos interpessoais da criança que se inicia com o nascimento,
principalmente na relação do bebê com a mãe, que quando estabelecida de
forma inadequada ou atravessada por intercorrências pode ser prejudicial pro
desenvolvimento psíquico do bebê. Isso significa que as palavras da mãe
apresentam um efeito sobre o ser do bebê, o que concebe a implantação da
linguagem no ser. O abastamento das marcas prosódicas que circunscrevem o
manhês, quer seja exacerbação da entonação e do timbre da voz, linha
melódica, lentificação, silabação e inflexão à fala e proeminência das vogais,
parecem fazer face à frugalidade da sintaxe e do léxico gramatical dessa fala
maternante. Na sintaxe, as frases curtas e independentes, paradas durante o
enunciado, a repetição de palavras, as características lexicais, a simplificação
morfológica, a reduplicação, a multifuncionalidade das palavras e uso de
diminutivos. Tudo isto acompanhado de expressão corporal do agente materno,
como um olhar particularizado à criança, abundância de gesticulação e
expressões faciais, movimentos rítmicos, o toque corpo a corpo com o bebê.
Quando o bebê grita ou faz expressões de emoções, ele está comunicando um
desconforto que embora seja resolvido pelo Outro, é acompanhado de um gesto
de afeto e significação, o que permite não só restabelecer o equilíbrio de
saciedade do bebê, mas também de prover acolhimento para sua sensação de
desamparo inicial. É este o germe psicológico da linguagem como comunicação.
Por isto, crianças acometidas por agravos podem sofrer rompimentos da sua
constituição subjetiva.
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Desta forma, procedeu-se com avaliação neuropsicológica do paciente
XXXXX. A avaliação neuropsicológica permite averiguar a ocorrência de
distúrbios cognitivos relacionados com as queixas e a capacidade do indivíduo
de ser habilitado para um desenvolvimento saudável. Por meio dela, é possível
refletir sobre as possibilidades de estratégias interventivas para delimitar as
modificações ambientais necessárias para a melhor adaptação do paciente às
suas condições cognitivas. Portanto, disponibiliza-se para a comunidade
científica, clínica e escolar, os resultados da avaliação neuropsicológica do
paciente XXXXX, de forma quantitativa, qualitativa e descritiva.
4. METODOLOGIA
Para uma avaliação neuropsicológica, são utilizados os 4 pilares: aplicação de
testes cognitivos, realização de entrevistas, execução de observação
comportamental e utilização de escalas e técnicas de avaliação de sintomas.
Respeitando estas normativas, esta avaliação foi realizada em 15 atendimentos
de 40 minutos cada, cuja metodologia utilizada foi:
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Tabela 1. Relação entre Função Cognitiva e Testes Neuropsicológicos
FUNÇÃO COGNITIVA TESTE
Memórias THCP ; TIME-R
Atenção THCP;
Quoeficiente Intelectual SON-R; COLUMBIA; RAVEN;
Habilidades acadêmicas THCP; TENA;
Funções executivas THCP; SON-R;
Percepção visual THCP; SONR; BENDER;
Linguagem THCP; TENA
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5. RESULTADOS
5.1 DADOS DO DESENVOLVIMENTO NEUROPSICOMOTOR
De acordo com os relatos coletados na anamnese com os genitores, não houve
intercorrências pré, peri ou pós-natais que se configurem como fatores de risco
pra declínios cognitivos. Até o momento, vem alcançando todos os marcos do
desenvolvimento dentro do tempo esperado. Porém, exibe dificuldades para
atividades que envolvam a psicomotricidade fina, como comer sozinho. Pais não
referem dificuldades na psicomotricidade grossa, informando que XXXXX sabe
correr, pular, jogar bola.
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dificuldades de integrar o palito à atividade, e por isto, ele precisou de ajuda
individual da professora, que calma e pacientemente instruiu ele. No momento
da atividade, não foi percebida agitação: não se levantou da carteira,
permaneceu sentado corretamente, bem posicionado, trabalhando com atenção
e com ambas as mãos. É importante apontar que o posicionamento das carteiras
de frente pra parede pode ajudar na concentração na atividade, mas interfere na
socialização, já que os alunos sentem necessidade de compartilhar frente a
frente. Por causa disto, todos os alunos viraram frequentemente para trás, a fim
de olharem uns pros outros e compartilharem suas atividades.
O grupo do qual XXXXX fez parte não foi estimulado a se organizarem entre si,
a fim de alcançarem a meta com maior eficácia e eficiência. A professora
precisou mediar os alunos, já que eles não foram estimulados a se organizarem
para que cada um buscasse uma letra e em seguida pudessem se unir para
formar a palavra. Percebeu-se que as professoras estimulam demasiadamente
a
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competição, por exemplo, através de uma atividade em que um aluno de cada
grupo ia competir entre eles. As crianças que ficaram do lado de fora da
brincadeira ficaram torcendo pelos seus colegas, mas ao mesmo tempo e
preocupadas e ansiosas para a vez delas.
XXXXX buscou a avaliadora com frequência pra contar coisas diferentes, uma
delas acerca do filme do Rei Leão, um tema que foi bastante abordado em
consultório. Será que ao ver a avaliadora, XXXXX lembrou-se das histórias que
foram compartilhadas com ela mesmo que não tenha se lembrado
especificamente dela?
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pouca autonomia para o autocuidado. A escola trabalhou estas dificuldades ao
longo do ano e XXXXX pareceu exibir melhora muito significativa, à exceção das
atividades em que precisa empregar a psicomotricidade fina, como recortes.
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Conseguiu permanecer focado no estímulo selecionado, mas não foram
verificados mecanismos adaptados para afastar os distratores internos e
externos. Isto significa que os desejos, as lembranças, as expectativas de
XXXXX conseguem distraí-lo durante a atividade e por isto apresentam a
capacidade de interferir na sua execução da atividade. Em tarefas de atenção
dividida, XXXXX denotou desempenho inferior, com tempo atencional mais
curto, o que indica que mais energia é empregada para a realização da atividade,
e por isto, consegue manter-se engajado por menor tempo.
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o que caracteriza respectivamente a memória imediata e a memória de longo prazo. Posteriormente, as informações
passam por uma consolidação, quando os conteúdos podem ser armazenados temporariamente ficando mais estável e
resistente à degradação ao longo dos dias e anos subsequentes ao armazenamento. A evocação ou recuperação é a
habilidade de reproduzir ou construir uma ideia percebida e guardada de forma consciente. Participam das redes
neuroanatômicas da memória: as porções dos lobos temporais mediais – córtices entorrinal perirrinal / para-hipocampal,
a amígdala, hipocampo, regiões pré-frontais, ligação da região pré-frontal à região do hipocampo, regiões para-
hipocampais e o córtex entorrinal.
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cada nova visita, permitindo inferir quanto a uma boa capacidade de priming e
ambientação.
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Resultado: Ao medir a inteligência fluida de XXXXX, foi possível identificar um
percentil 98, o que significa que apresenta altas habilidades para as atividades
que envolvem as operações mentais usadas quando ele está defronte de tarefas
novas que não podem ser executadas automaticamente. Estas operações
mentais incluem o reconhecimento e formação de conceitos, a compreensão de
implicações, resolução de problemas, extrapolação, e reorganização ou
transformação de informações. Ao avaliar a inteligência cristalizada, que é a
capacidade de raciocínio através de informações atravessadas pela linguagem,
cultura e do social, também se identificou percentil superior, denotando alto
potencial para as capacidades de raciocínio verbal. Crianças com um
desempenho em potencial na inteligência cristalizada tendem a ter habilidades
verbais, de vocabulário altamente desenvolvidos.
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O comportamento adaptativo geral avalia as habilidades funcionais diárias de
uma criança, medindo o que ela realmente faz, além do que ela poderia ser
capaz de fazer. O resultado indica que XXXXX apresenta plena execução dos
comportamentos cotidianos do dia a dia.
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Habilidade Teste Percentil Classificação Interpretação
Nomeação Estímulos 66 e 65 Médio Preservado
automática semânticos
(TENA)
Nomeação Estímulos 96 e 78 Superior e Facilidade
automática alfanuméricos Médio Superior
(TENA)
Linguagem Oral
Linguagem Escrita
Leitura Exibiu conhecimento das letras e sílabas, tanto visualmente quanto o som
que produzem. Mostra, no entanto, extrema insegurança, o que interfere
na sua capacidade de leitura.
Escrita – Apresentou prejuízos significativos para segurar o lápis firmemente para
grafia construir as letras e desenhos no papel, denotando imaturidade cognitiva
e insegurança
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perspectiva a respeito de algo, seja de forma espacial, temporal ou interpessoal. Ela depende de um repertório
diversificado de formas de pensar sobre um tópico conceitual e, por isso, está envolvida na seleção e na elaboração de
novas estratégias de ação, de acordo com a disponibilidade de opções de que o indivíduo dispõe. A fluência verbal
fornece informações acerca da capacidade de armazenamento do sistema de memória semântica e a habilidade e
recuperar a informação guardada na memória, também requer o processamento das funções executivas, pela
necessidade de organização do pensamento, e as estratégias utilizadas para a busca de palavras. O controle inibitório
envolve o controle da atenção, do comportamento, dos pensamentos e das emoções, o qual substitui uma forte
predisposição interna ou atrativos externos de fazer algo indevido e, ao contrário, fazer o que é necessário e adequado.
A velocidade de processamento é a rapidez com a qual se executa um raciocínio.
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• Comportamentos disruptivos e desafiadores: não apresentou repertório
significativo de comportamento disruptivo no momento da avaliação, pois
colaborou com as atividades, no entanto, solicitou a introdução de outras
atividades insistentemente, com pouca tolerância para a frustração;
• Estrutura de Ego: imatura, desorganizada e desestruturada;
6. CONCLUSÃO
XXXXX, 5 anos, reside com pai, mãe e irmã, estudante de escola
particular, natural e procedente de São Paulo. Foi trazido para avaliação
neuropsicológica pelos genitores que se queixavam de que o paciente
apresentava alterações de linguagem e distração.
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pela lentidão com a qual suas tarefas são executadas. A lentidão dos processos
acaba exigindo maior nível de energia para engajamento, e por conseguinte,
torna o processamento de informações e toda a manipulação de informações
mais difícil e menos efetiva.
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que poderá comprometer o envolvimento de XXXXX em muitas atividades do dia
a dia.
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meus arquivos profissionais pelo prazo de 5 anos, conforme estabelecido na
Resolução 001/2009 do Conselho Federal de Psicologia.
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XXXXXXXXXXXXXXXX
Psicóloga CRP XXXXXXXXXXXX
Neuropsicóloga (XXXXXXXXXXX)
Especialista em
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7. ENCAMINHAMENTOS
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9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
(4) Rosa, H. R. & Alves, I. C. B. (2003). R-2 Teste não verbal de inteligência para
crianças. Vetor editora. São Paulo.
(6) Duarte, C. P.; Macedo, E. C. & Mecca, T. P. (2018). Teste Infantil de Memória
– Forma Reduzida (TIME-R). Editora Hogrefe cetepp. São Paulo.
(7) Karino, C. A.; Jesus, G. R.; Laros, J. A. &Tellegen, P. J. (2012). Teste Não-
Verbal de Inteligência – SON-R 2½-7[a]. Editora Hogrefe cetepp. São Paulo.
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