Você está na página 1de 6

SAÚDE PÚBLICA

Organização Institucional da Saúde no Brasil II


Viu algum erro neste material? Contate-nos em: degravacoes@grancursosonline.com.br

ORGANIZAÇÃO INSTITUCIONAL DA SAÚDE NO BRASIL II

A primeira aula trata sobre a divisão de princípios e diretrizes. Este material tratará sobre
o funcionamento e a organização do sistema de saúde baseados nos princípios e diretrizes
aprendidos.

De acordo com Brasil (2011), desde a VIII Conferência Nacional de Saúde (1986) e a
Constituinte (1987 a 1988), um alto grau de consenso político veio a constituir fator decisivo
para a conformação federativa do SUS. Tal consenso defendeu três teses convergentes:
1. Gestão compartilhada nos âmbitos federal, estadual e municipal, com direção única
em cada esfera de governo;
2. Descentralização que concede papel destacado à gestão municipal;
3. Funcionamento obrigatório do controle social, por meio dos conselhos de saúde.

A partir dessas três teses, houve o estabelecimento de princípios e diretrizes do Sistema


Único de Saúde (SUS), que constituem as bases para o funcionamento e organização do
sistema no país.

Universalidade
• Saúde é direito de cidadania e dever do Governo: municipal, estadual e federal;
• É a garantia de atenção à saúde por parte do sistema, a todo e qualquer cidadão.

A universalidade é o princípio que dá o carimbo do sistema para que ele seja único e de
todos. Por meio desse princípio, claramente traduzido no artigo 196 da Constituição, pode-
-se afirmar que a saúde é um direito de todos e dever do Estado. Dessa forma, é um direito
de cidadania e dever do governo através das suas três esferas: municipal, estadual e fede-
ral e do DF.

Equidade
• É um princípio de justiça social porque busca diminuir desigualdades;
• Isto significa tratar desigualmente os desiguais, investindo mais onde a carência é maior.
ANOTAÇÕES

1 www.grancursosonline.com.br
SAÚDE PÚBLICA
Organização Institucional da Saúde no Brasil II
Viu algum erro neste material? Contate-nos em: degravacoes@grancursosonline.com.br

À medida em que o indivíduo vai adentrando ao sistema, ele vai sendo tratado de uma
forma diferenciada devido ao princípio da equidade. Dessa maneira, ele terá acesso àquelas
situações que, de fato, ele tem necessidade. Isso acontece depois que o indivíduo é escu-
tado pela rede e, assim, ficam cientes de sua carência. A partir de então, é ofertada uma
atenção à saúde equânime e baseada na integralidade.
O SUS é aberto para todos e não é correto se afirmar que é um sistema de saúde ofertado
para pobres. Ele pode, na prática, ser constituído dessa forma justamente porque, em um
país de desigualdades, é preciso privilegiar, em algum momento, aqueles que têm menos.
Por isso que a equidade vem como um princípio doutrinário, não consta no texto da lei.
Para que se alcance a igualdade, presente no artigo 7º da Lei n. 8.080/1990, é preciso
trabalhar com as diferenças e tentar aproximar os grupos. Para ter a igualdade, é preciso tra-
balhar primeiro com a equidade.
5m
No Brasil, a maioria depende totalmente do SUS e uma pequena parte depende parcial-
mente ao usar das vacinas, por exemplo. Essa lógica ajuda a planejar as ações e serviços.
Por isso a importância de conhecer o percentual chamado de “SUS dependência”. Quanto
maior for a SUS dependência, maior é a necessidade de se deixar mais espaços de atenção
e cuidado.
ANOTAÇÕES

2 www.grancursosonline.com.br
SAÚDE PÚBLICA
Organização Institucional da Saúde no Brasil II
Viu algum erro neste material? Contate-nos em: degravacoes@grancursosonline.com.br

ATENÇÃO
Não confundir igualdade com equidade. A equidade pode vir na prova como princípio dou-
trinário, mesmo sem estar na lei, como justiça social e discriminação positiva.

O fato de o princípio da equidade não estar na lei, não quer dizer que ele não pode ser
cobrado. Para estudar o SUS, é preciso conhecer a saúde coletiva. A equidade não é um
conceito nascido do SUS. A equidade é um conceito nascido na base da saúde coletiva e
na base do direito, sendo um dos princípios da bioética. Não precisa estar na lei para ser
cobrado, uma vez que, os grandes autores da saúde coletiva traçaram e deixaram claro que
a equidade é um princípio doutrinário.
10m

Integralidade
Integralidade é a garantia do fornecimento de um conjunto articulado e contínuo de ações
e serviços preventivos, curativos e coletivos, exigidos em cada caso para todos os níveis de
complexidade de assistência. Integralidade é um outro princípio doutrinário.

Um exemplo para entender melhor esse princípio é o seguinte:


Imagine a usuária do SUS que vai à Unidade Básica de Saúde para fazer o seu preven-
tivo, coleta do Papanicolau. Ao coletar, o profissional enfermeiro observa que a paciente está
com uma secreção grumosa, e então prescreve um antimicótico. Ao voltar para pegar o resul-
tado, a paciente verá que estava com candidíase e o problema foi resolvido. Dessa forma
houve garantia da integralidade ainda na atenção primária.
Agora, usando a mesma história, porém com o resultado diferente do exame:
A paciente não estava somente com candidíase, mas havia também uma lesão intraepi-
telial de alto grau. Essa lesão não poderia ser resolvida apenas com o nível de atenção pri-
mária que, por sua vez, possui uma baixa densidade tecnológica.
A atenção primária colocará a sua “mão” até onde ela alcança. Nesse caso, vai prescre-
ver, orientar e solicitar consulta para um outro nível do sistema com densidade tecnológica
maior. Nesse segundo caso, não seria possível resolver apenas na atenção primária, porque
não garantiria a integralidade.
ANOTAÇÕES

3 www.grancursosonline.com.br
SAÚDE PÚBLICA
Organização Institucional da Saúde no Brasil II
Viu algum erro neste material? Contate-nos em: degravacoes@grancursosonline.com.br

Não é preciso ofertar todos os níveis para todo mundo. Mas, é preciso ofertar de acordo
com cada caso. No primeiro caso a mulher conseguiu ter seu problema resolvido no nível
primário e a ela foi garantido o princípio da integralidade. No segundo caso foi ofertado o que
a atenção primária pôde dar dentro da sua densidade tecnológica, mas foi necessário que
ela recebesse atendimento em um outro ponto da rede. É possível ser integral ofertando o
primeiro nível ou três níveis, isso dependerá de cada caso.

A integralidade é olhar o indivíduo como um todo e entender que esse indivíduo é um ser
social inserido em um contexto que extrapola a condição clínica. Ele vai para o trabalho anda
de transporte público, pode ter ou não uma família que o apoia, ou seja, não se pode tirar a
pessoa da sua realidade e tratá-la. É preciso olhar com um olhar integral para que se reco-
nheça a necessidade de cada caso e oferte aos indivíduos o que eles realmente necessitam.
15m
A integralidade é o princípio doutrinário mais cobrado em prova e o mais complexo de ser
entendido.

Hierarquização e a Regionalização
A hierarquização deve, além de proceder à divisão de níveis de atenção, garantir formas
de acesso aos serviços que compõem toda a complexidade requerida para o caso, no limite
dos recursos disponíveis numa dada região.

A hierarquização e a regionalização são princípios organizativos e são as formas de fazer


cumprir a descentralização com direção única em cada esfera de governo. Hierarquização
caminha junto com a integralidade. Para que seja possível alcançar o princípio doutrinário
da integralidade, é preciso haver uma estrutura organizada de forma hierarquizada onde os
pontos são igualmente importantes. Mas o que o diferencia é o grau de densidade tecnoló-
gica utilizado para oferta de ações e serviços.

ATENÇÃO
Muitas bancas colocam que o sistema é organizado de forma piramidal e não é. O sistema
é organizado em forma de rede, uma organização oligárquica. Hoje, o que se fala é de uma
organização poliárquica, onde todos os pontos são igualmente importantes e coordenados
pela atenção primária, que é o centro de comunicação.
ANOTAÇÕES

4 www.grancursosonline.com.br
SAÚDE PÚBLICA
Organização Institucional da Saúde no Brasil II
Viu algum erro neste material? Contate-nos em: degravacoes@grancursosonline.com.br

Ao se falar em integração horizontal, se fala de agrupar serviços de mesma densidade tec-


nológica para o usuário. E, ao se falar em integração vertical, que seria a hierarquização,
se fala em agrupar serviços com graus de diferentes densidades tecnológicas.
Portanto, não caia na pegadinha de que o SUS é organizado de forma piramidal. Ele é
organizado de forma regionalizada, hierarquizada em níveis de complexidade crescente. A
lógica é entender que só existirá esse complexo de pontos de atenção diferentes, porque
esses pontos são diferentes. Se todos esses pontos fossem de mesmo grau de densidade
tecnológica, não seria possível alcançar a integralidade.
20m

É preciso entender que todos os pontos são importantes e que esse agrupamento de
pontos com diferentes graus de densidade tecnológica é que permite ter um sistema único e
particular como o SUS. Particular quer dizer que não tem precedentes e que não tem sistema
que sejam melhores quando este é colocado em prática na forma como deve ser.

Descentralização e Comando Único


• Descentralizar é redistribuir poder e responsabilidades entre os três níveis de governo;
• Quanto mais perto estiver a decisão, maior a chance de acerto;
• No SUS a responsabilidade pela saúde deve ser descentralizada até o município.
Regionalizar é trazer o cuidado e a atenção para uma base territorial. Isso facilita o pla-
nejamento das ações e o acesso da comunidade. A descentralização é colocada em prática
através da hierarquização e da regionalização, com ênfase na municipalização.
É bom lembrar que, até antes do SUS, tudo era centralizado no Ministério da Saúde.
Isso dificultava o planejamento, porque o ministério planejava o que era visto no sistema de
informática, como era chamado antigamente, e aquele que ficava mais próximo do problema
ficava apenas com o papel de cumprir tarefa. É importante deixar que, aquele que está pró-
ximo do problema, planeje porque ele vai fazer isso de acordo com o perfil social, cultural e
epidemiológico daquela localidade.
A descentralização tem ênfase na municipalização.
25m

Participação Popular
Como forma de garantir a efetividade das políticas públicas de saúde, bem como forma
de exercício do controle social, devem ser criados canais de participação popular na gestão
do SUS em todas as esferas.
ANOTAÇÕES

5 www.grancursosonline.com.br
SAÚDE PÚBLICA
Organização Institucional da Saúde no Brasil II
Viu algum erro neste material? Contate-nos em: degravacoes@grancursosonline.com.br

Participação popular é um princípio organizativo e um tema transversal, será cobrado


mesmo que não esteja em evidência no edital. Ao se falar no SUS, também se fala da parti-
cipação popular porque é um sistema que permite que a sociedade controle a execução das
políticas e avalie o que está relacionado ao orçamento, onde está sendo alocado o recurso
que foi posto em plano de saúde.
O controle social, previsto em lei, se dá através das conferências de saúde que aconte-
cem a cada quatro anos e os conselhos. Essa participação popular deve ser estimulada pelos
profissionais da saúde porque, quanto mais forte a comunidade é, mais ela luta pela cidada-
nia. Ela vai “correr atrás” do prejuízo e isso ajuda na implementação das políticas públicas
de Estado.
30m

�Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Cursos Online, de acordo com a aula
preparada e ministrada pela professora Natale Oliveira.
�A presente degravação tem como objetivo auxiliar no acompanhamento e na revisão do conteúdo
ministrado na videoaula. Não recomendamos a substituição do estudo em vídeo pela leitura exclu-
siva deste material.
ANOTAÇÕES

6 www.grancursosonline.com.br

Você também pode gostar