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Cálculo I

Profa. Dra. Lilian Milena Ramos Carvalho

Universidade Federal de Mato Grosso do Sul

2010
2
Sumário

1 Limites de Funções e Continuidade 7

1.1 Tangentes, Áreas e Limites . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7

1.1.1 A Tangente de uma Curva . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8

1.2 Limites de Funções . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16

1.2.1 Limites que Não Existem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21

1.2.2 Exercícios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23

1.3 Denição Formal de Limite . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26

1.3.1 Exercícios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33

1.4 Propriedades de Limite . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33

1.4.1 Exercícios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43

1.5 Limites Laterais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44

1.5.1 Denição Formal para Limites Laterais . . . . . . . . . . . . . 47

1.5.2 Exercícios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49

1.6 Continuidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51

1.6.1 Continuidade em Intervalos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56

1.6.2 Denição Alternativa de Continuidade . . . . . . . . . . . . . 58

1.6.3 Teorema do Valor Intermediário . . . . . . . . . . . . . . . . 60

1.6.4 Exercícios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62

3
4 SUMÁRIO

2 A Derivada 65
2.1 A Derivada como uma Função . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65

2.1.1 Propriedades da Derivada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 68

2.1.2 Exercícios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 70

2.2 Regras para Calcular Derivadas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 71

2.2.1 Notação Alternativa de Derivada . . . . . . . . . . . . . . . . 71

2.2.2 Exercícios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 75

2.3 A Derivada como Taxa de Variação . . . . . . . . . . . . . . . . . . 77

2.3.1 Velocidade como Medida pela Derivada . . . . . . . . . . . . 77

2.3.2 Exercícios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 82

2.4 Derivada das Funções Trigonométricas . . . . . . . . . . . . . . . . . 83

2.4.1 Exercícios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 86

2.5 Regra da Cadeia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 87

2.5.1 Exercícios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 90

2.6 Diferenciação Implícita e Função Potência Racional . . . . . . . . . . 92

2.6.1 Resumo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 93

2.6.2 Exercícios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 96

2.7 Derivada de Ordem Superior . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 99

2.7.1 Aceleração . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 101

2.8 Limites quando x → ∞ e quando x → −∞ . . . . . . . . . . . . . 105

2.9 Funções Limitadas e Ilimitadas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 107

2.10 Regra de L'Hospital . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 111

3 Aplicações da Derivada 117


3.1 Problemas Aplicados de Máximo e Mínimo . . . . . . . . . . . . . . 132

3.2 O Teorema do Valor Médio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 138


Sumário 5

3.3 Funções Crescentes e Decrescentes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 145

3.4 Signicado da Derivada Segunda: Concavidade . . . . . . . . . . . . 158

3.5 Teste da Derivada Segunda . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 163

3.6 Comportamento em Larga Escala: Assíntotas . . . . . . . . . . . . . 168

3.7 Técnica para Avaliar Limites Innitos . . . . . . . . . . . . . . . . . 172

3.8 Limites Innitos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 173

3.9 Assíntotas Verticais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 176

3.10 Esboço de curvas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 182


6 Cálculo I
Capítulo 1

Limites de Funções e Continuidade

1.1 Tangentes, Áreas e Limites

Dois problemas:

1. O Problema da Reta Tangente: Encontrar a inclinação da reta l tangente

ao gráco da função f , no ponto P .

Figura 1.1:

2. O Problema da Área: Encontrar a área da região R limitada pelo gráco da

função f e o eixo-x para a ≤ x ≤ b.

7
8 Cálculo I - Limite

Figura 1.2:

O Cálculo Diferencial analisa a taxa de variação de uma função. Portanto,

resolve o problema 1.

O Cálculo Integral envolve um processo de soma generalizada que resolve o

problema 2.

1.1.1 A Tangente de uma Curva

O primeiro passo ao atacar o problema da reta tangente é denir claramente o que

signica reta tangente ao gráco de f no ponto P ".

Da geometria sabemos que se o gráco de f é um arco de uma circunferência

então a tangente no ponto P pode ser denida como a única reta que intercepta

circunferência apenas no ponto P .

Esta denição é perfeitamente adequada para arcos de circunferências, mas fra-

cassa para curvas mais gerais. Por exemplo, a gura (a) mostra várias retas inter-
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ceptando o gráco de f apenas no ponto P , mas nenhuma delas é uma tangente. A

gura (b) mostra a tangente a P interceptando o gráco de f em outros pontos.

Figura 1.3:

Existe um outro meio, entretanto, de denir a tangente a uma circunferência que

tem uma generalização satisfatória para as curvas mais gerais.

A gura a seguir ilustra que um segundo ponto Q sobre a circunferência determina

uma secante que liga os pontos P e Q.

Figura 1.4:

Quando o ponto Q se move em direção a P ao longo da circunferência, a reta

secante gira tendo o ponto P xo.


10 Cálculo I - Limite

Vamos usar esta idéia para denir a tangente de forma mais geral.

Denição 1.1 Sejam P e Q pontos sobre uma curva C . A reta tangente à curva
C no ponto P , se existir, é a posição limite da reta secante que passa por P e Q,

quando Q se aproxima de P ao longo da curva C .

Figura 1.5:

Vamos agora determinar como denir a inclinação da reta tangente ao gráco de

uma função f em um ponto P , de tal modo que seja consistente com esta noção de

tangente a uma curva.

Considere a gura abaixo:

A inclinação da reta secante é:

∆y f (x0 + h) − f (x0 )
=
∆x h

À medida que o ponto Q se aproxima de P ao longo do gráco de f , o número

h 6= 0 se aproxima de zero.
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Figura 1.6:

Então, a tangente ao gráco de f em P , é a posição limite da secante por P e

Q quando h se aproxima de zero, ou seja, a inclinação da tangente a P é igual ao

valor limite da inclinação da reta secante quando h se aproxima de zero, e isto é igual
f (x0 +h)−f (x0 )
ao limite quando h se aproxima de zero de h
.

Exemplo 1.1 Encontre a inclinação da reta tangente ao gráco de f (x) = x2 no


ponto (2, 4).

Solução.

Tabela 1.1:

h -1 -0.1 -0.01 -0.001 0.001 0.01 0.1 1


f (2+h)−f (2)
h
3 3.9 3.99 3.999 4.001 4.01 4.1 5

Quando h se aproxima de zero para estes valores, a inclinação das secantes parecem
12 Cálculo I - Limite

Figura 1.7:

aproximar-se de 4. De fato;

f (x + h) = f (2 + h) = (2 + h)2 = 4 + 4h + h2

e,

f (x0 ) = f (2) = 22 = 4.

Assim,

f (x0 + h) − f (x0 ) (4 + 4h + h2 ) − 4
= = 4 + h, h 6= 0.
h h

A inclinação da reta tangente é portanto,

m = lim (4 + h) = 4.
h→0

¦
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Figura 1.8:

Denição 1.2 A inclinação da reta tangente ao gráco da função f no ponto (x0 , f (x0 )),
se existir, é o número
f (x0 + h) − f (x0 )
m = lim .
h→0 h

Exemplo 1.2 Encontre uma equação para reta tangente para o gráco de f (x) =
x3 + 3x − 2 no ponto (1, 2).

Solução.

f (1) = 13 + 3 − 2 = 2

f (1 + h) = (1 + h)3 + 3(1 + h) − 2 = h3 + 3h2 + 6h + 2.

A inclinação da reta secante que passa por (1,2) é:

f (1 + h) − f (1) (h3 + 3h3 + 6h + 2) − 2


= = h2 + 3h + 6, h 6= 0.
h h

A inclinação da reta tangente é portanto,

¡ ¢
m = lim h2 + 3h + 6 = 6.
h→0
14 Cálculo I - Limite

Uma equação para a reta tangente que tem a inclinação m = 6 e passa pelo ponto

(1,2) é:

y − 2 = 6(x − 1).

Exercícios

1. Use a denição 1.2 para encontrar a inclinação da reta tangente ao gráco de f

no ponto dado.
(a) f (x) = 3x − 2, P = (2, 4).
(f) f (x) = x4 , P = (−2, 16).
(b) f (x) = 2x2 , P = (3, 18).
(g) f (x) = ax3 + bx2 + cx + d, x = 1.
(c) f (x) = 2x2 + 3, P = (1, 5). 1
(h) f (x) = , P = (−2, 1).
x+3
(d) f (x) = 3x2 + 4x + 2, P = (−2, 6).
4
(i) f (x) = , P = (2, 1).
x2
(e) f (x) = x3 + 3, P = (2, 11).

2. Encontre uma equação para a reta tangente ao gráco da função f (x) = 3x2

no ponto (−1, 3).

3. Encontre uma equação para a reta tangente ao gráco da função f (x) = ax2

no ponto (1, a).

4. Encontre uma equação para a reta tangente ao gráco da função f (x) = 2x2 +x

no ponto onde x = 1.

5. Usando uma calculadora podemos aproximar a inclinação da reta tangente ao

gráco de f em (x0 , f (x0 )) calculando a inclinação da secante

f (x0 + h) − f (x0 )
h
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para h pequeno.

(a) Aproxime a inclinação da reta tangente ao gráco de f (x) = x3 − 3x no

ponto (2, 2) completando a tabela 1.2.

(b) Use o método dos exemplos 1.1 e 1.2 para calcular a inclinação da reta

tangente ao gráco de y = x3 − 3x no ponto (2, 2). Compare com a

parte (a).

Tabela 1.2:
f (x0 +h)−f (x0 )
x0 h h

0.1000

0.0100

0.0010

0.0001

-0.0001

-0.0010

-0.0100

-0.1000

6. Use a Tabela 1.2 para aproximar a inclinação da reta tangente ao gráco de

y = sen x no ponto (0, 0).

Aplique o método dos exemplos 1.1 e 1.2 para obter uma expressão para o limite

que deve ser calculado a m de obter a inclinação da reta tangente.

7. Mostre que a inclinação da reta tangente ao gráco de f (x) = x2 + 6x + 1

no ponto onde x = a é m = 2a + 6. Use esta informação para encontrar o

número x onde a inclinação da tangente ao gráco é zero.


16 Cálculo I - Limite

8. Use o método do exercício 7 para encontrar os pontos sobre o gráco de f (x) =

x2 − 3x + 1 onde a inc1inação da tangente ao ponto é igual à coordenada y do

ponto.

9. Encontre os números a, b e c tal que o gráco de f (x) = ax2 + bx + c

tem intercepto-y (0, 5), contém o ponto (1, 2) e tem tangente com inclinação

3 quando x = 2.

10. Demonstre que a reta tangente ao gráco de f (x) = x3 no ponto (x0 , f (x0 ))

é sempre paralela à reta tangente a este gráco no ponto (−x0 , f (−x0 )).

11. Seja f (x) = |x|. Complete a Tabela 1.2 para o ponto (0, 0). A função valor

absoluto tem uma tangente no ponto (0, 0)?

1.2 Limites de Funções

A armação

L = lim f (x)
x→a

signica que os valores f (x) estão tão próximos de L quanto desejarmos para todo

x 6= a, mas suciente próximo de a.

Esta armação não é uma denição rigorosa porque as frases tão próximas de L

quanto desejarmos e suciente próximo de a são, de algum modo, imprecisas.

Exemplo 1.3 Seja f (x) = 2x + 1. Então

lim f (x) = 7.
x→3

Para ver como esta função satisfaz a denição intuitiva de limite dada acima, anali-

saremos duas escolhas diferentes de tão próximo de f (x) para L = 7.


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Por exemplo, vamos supor que f (x) esteja próximo de 7 com uma precisão de

0.5, isto é,

6.5 ≤ 2x + 1 ≤ 7.5.

Mas,

6.5 ≤ 2x + 1 ≤ 7.5 ⇐⇒ 5.5 ≤ 2x ≤ 6.5 ⇐⇒ 2.75 ≤ x ≤ 3.25.

Assim, para obter a precisão desejada de ±5 em torno de L = 7, restringimos x

ao intervalo 2.75 ≤ x ≤ 3.25.

Agora, se quisermos que f (x) esteja próximo de 7 com uma precisão de 0.1, temos

6.9 < 2x < 7.1

ou

5.9 < 2x < 6.1

ou

2.95 < x < 3.05

Portanto, se 2.95 < x < 3.05, então, f (x) está próximo de 7 com uma precisão

de 0.1.

Em geral, dada qualquer precisão desejada de f (x) para 7, podemos encontrar

um intervalo aberto I centrado em 3 tal que, se x pertence ao intervalo I, então o

valor f (x) difere de 7 por não mais do que a precisão prescrita . Assim dizemos que

lim (2x + 1) = 7.
x→3

Exemplo 1.4 A função f (x) = sen x


x
não é denida em x = 0. Entretanto, o limite

sen x
lim = 1.
x→0 x
18 Cálculo I - Limite

Tabela 1.3:
sen x sen x
x x
x x

0.8 0.896695 -0.005 0.999996

0.5 0.95885 1 -0.005 0.999996

0.2 0.993347 -0.02 0.999933

0.08 0.998934 -0.05 0.999583

0.05 0.999583 -0.08 0.998934

0.02 0.999933 -0.2 0.993347

0.005 0.999996 -0.05 0.958851

0.002 0.999999 0.8 0.896695

Observe a tabela:

Esta evidência numérica é consistente com o gráco de f (x).

Figura 1.9:

(x + 1)3 − 1
Exemplo 1.5 Calcule lim .
x→0 x
(x+1)3 −1
Solução. A função f (x) = x
não é denida para x = 0.
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Mas observando a tabela 1.4 vemos que quando x está se aproximando de zero, o

valor f (x) se aproxima de L = 3.

Tabela 1.4:
(x+1)3 −1 (x+1)3 −1
x x
x x

2.0 13.0000 -0.001 2.9970

1.5 9.7500 -0.01 2.9701

1.0 7.0000 -0.1 2.7100

0.5 4.7500 -0.2 2.4400

0.2 3.6400 -0.5 1.7500

0.1 3.3100 -1.0 1.0000

0.01 3.0301 -1.5 0.7500

0.001 3.0030 -2.0 1.0000

Os dados sugerem que

(x + 1)3 − 1
lim = 3.
x→0 x

Podemos vericar este limite utilizando uma álgebra simples. De fato,

(x + 1)3 − 1 (x3 + 3x2 + 3x + 1) − 1 x3 + 3x2 + 3x


= = = x2 +3x+3, x 6= 0.
x x x
(x+1)3 −1
Concluímos, portanto que as funções f (x) = x
e g(x) = x2 + 3x + 3

tem os mesmos valores, exceto para x = 0, em que f (0) não é denida. Assim, os

limites quando x se aproxima de zero destas duas funções devem ser os mesmos.

Nosso limite pode ser calculado como segue:

(x + 1)3 − 1 ¡ ¢
lim = lim x2 + 3x + 3 = 0 + 0 + 3 = 3.
x→0 x x→0

¦
20 Cálculo I - Limite

Figura 1.10:

x2 − 3x + 2
Exemplo 1.6 Calcule o limite: lim
x→2 x2 + x − 6

Solução. Primeiro observemos que para x = 2 obtemos o quociente:

22 − 3 · 2 + 2 4−6+2 0
= = ,
22 +2−6 4+2−6 0

que não está denido.

Portanto, devemos fatorar o numerador e o denominador, obtendo para x 6= 2,

x2 − 3x + 2 (x − 2)(x − 1) x−1
= = .
x2 + 2 + 6 (x − 2)(x + 3) x+3

Assim,
x2 − 3x + 2 x−1 2−1 1
lim = lim = = .
x→2 x2 + x − 6 x→2 x+3 2+3 5

sen 2 x
Exemplo 1.7 Calcule lim
x→π 1 + cos x

Solução. Primeiro observemos que sen 2 π = (sen π)2 = 0 e 1 + cos π =

1 + (−1) = 0.
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Assim, numerador e denominador são ambos iguais a zero quando x = π . Temos,


sen 2 x
então, de encontrar uma expressão equivalente para 1+cos x
, isto é,

sen 2 x 1 − cos2 x (1 − cos x)(1 + cos x)


= = = 1−cos x, se cos x 6= −1.
1 + cos x 1 + cos x 1 + cos x

Assim,
sen 2 x
lim = lim (1 − cos x) = 1 − (−1) = 2.
x→π 1 + cos x x→π

1.2.1 Limites que Não Existem


|x|
Exemplo 1.8 O limite lim = não existe. Para ver porque, utilizamos a denição
x→0 x
de módulo, 

 x se x ≥ 0
|x| =

 −x se x < 0

|x|
Para reescrever a função f (x) = x
como:


 x
x
se x > 0
f (x) =

 −x
x
se x < 0

Se x está próximo de zero e for positivo, f (x) = 1. Mas, se x está próximo de zero

e for negativo, f (x) = −1.

Para que o limite exista quando x → 0, os valores de f (x) devem se aproximar

de um número L, quando x se aproxima de zero por qualquer um dos lados.

Como não é o que acontece nesse exemplo, o limite não existe.


µ ¶
1
Exemplo 1.9 lim = sen não existe.
x→0 x
¡ ¢
De fato, os valores f (x) = sen x1 não se aproximam de um único número L

quando x → 0.
22 Cálculo I - Limite

As tabelas 1.5, 1.6 e 1.7 a seguir ilustram as oscilações se f (x) numericamente.

A tabela 1.5 sugere que o limite seria 1, a tabela 1.6 sugere que o limite seria 0 e a

2
tabela 1.7 sugere que o limite seria 2
.

Tabela 1.5:
¡1¢
x sen x

2/π 1

2/5π 1

2/9π 1

2/13π 1

2/17π 1

Tabela 1.6:
¡1¢
x sen x

1/2π 0

1/4π 0

1/6π 0

1/8π 0

1/10π 0
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Tabela 1.7:
¡ ¢
x sen x1

4/π 2/2

4/9π 2/2

4/17π 2/2

4/25π 2/2

4/33π 2/2

1.2.2 Exercícios

1. Para cada uma das funções dadas pelos seus grácos, indique se:

(i) lim f (x) existe e é igual a f (a).


x→a

(ii) lim f (x) existe mas não é igual a f (a).


x→a

(iii) lim f (x) não existe.


x→a

(a) ?

Figura 1.11:

(b) ?
24 Cálculo I - Limite

Figura 1.12:

Figura 1.13:

(c) ?

2. Para cada uma das funções denidas gracamente, determine se lim f (x)
x→a

existe. Se não existir, explique porquê.

3. Calcule o limite, se existir:


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Figura 1.14:

x2 − 2x − 3
(a) lim (3x + 7) (h) lim
x→2 x→−1 x+1
(3 + x)2 − 9 sec x · cos x
(b) lim (i) lim
x→0 x x→π/2 x
h2 − 1 x3 + 3x2 − x − 3
(c) lim (j) lim
h→0 h−1 x→−1 x2 − 1
x2 − x − 6 x3 − 7x + 6
(d) lim (k) lim
x→−2 x+2 x→−3 x2 + 2x − 3
1 − cos2 x x13/4 − 2x9/4
(e) lim (l) lim
x→0 sen x · cos x x→2 x5/4 − 2x1/4
sen (2h) √
(f) lim 3− 9+h
h→0 sen h (m) lim
h→0 h
1
(g) lim sen (2x) · cosec x x
−1
x→π/2 (n) lim
x→1 x−1
4. Esboce o gráco de y = f (x) e determine o limite de f (x) quando x → 0, se

existir. Se o limite não existir explique o porquê.



 
 x + 2 se x < 0 
 (x + 2)2 se x < 0
(a) f (x) =

 2x + 2 se x > 0 (b) f (x) =

 (x − 2)3 se x > 0

(c) f 
(x) =

  x2 + 1 se x < 0
 x2 − 3x + 3 se x < 0
(d) f (x) =

 sen x

 (x−1)3 +1 se x > 0
x
se x > 0 x

5. Para cada função especicada, preencha a tabela 1.8. Com evidencia numérica,
26 Cálculo I - Limite

faça uma previsão do limite de f (x) quando x → 0.


x2
(a) f (x) = 1−cos x
1−cos x2
(c) f (x) = x4
x−sen x
(b) f (x) = x3

Tabela 1.8:

x f (x) x f (x)

1.000 -0.005

0.500 -0.010

0.100 -0.050

0.050 -0.500

0.0 10 -1.000

0.005



 sen x
2x
se x < 0
6. Seja f (x) denida por f (x) =

 (x + c)2 se x > 0

Encontre o(s) valor(es) de c tal que limite de f (x) exista. Neste caso, qual é o

limite de f (x) quando x → 0?

7. Uma função f e um número a são dados, plote os pontos (a + h, f (a + h))

para h = ±1, h = ±0.1, h = ±0.01, h = ±0.001, h = ±0.0001,

h = ±0.00001. Então, prediga o limite de f (x) quando x → a.


2x2 + 5x − 12 sen x
(a) f (x) = , a = −4 (b) f (x) = , a=0
x+4 3x

1.3 Denição Formal de Limite

Na seção anterior denimos o limite de uma função de maneira informal, dizendo que

L = lim f (x).
x→a
Profa. Dra. Lilian Milena Ramos Carvalho 27

Signicando que os valores f (x) estão tão próximos de L quanto desejarmos, para

todo x 6= a, mas sucientemente próximo de a.

Do ponto de vista da precisão matemática, esta noção informal de limite é pro-

blemática. A diculdade repousa no uso da frase próximo de a". Uma armação

matemática precisa pode envolver constantes, variáveis, sinal de igual, desigualdades,

expressões aritméticas, e assim por diante, mas não referências vagas como proximi-

dade".

Para recuperar nossa noção intuitiva de limite com uma linguagem precisa, pro-

cedemos da seguinte forma:

1. Em lugar da frase os valores f (x) estão tão próximos de L quanto desejarmos ,

usamos a desigualdade

|f (x) − L| < ε (1.1)

2. Em lugar da frase para todo x 6= a, mas sucientemente próximo de a , usamos

a desigualdade em que δ é um número positivo pequeno.

0 < |x − a| < δ (1.2)

A razão para a parte esquerda da desigualdade é que não queremos x = a.

3. Para ligar estas duas frases na forma desejada, dizemos que, não importa que

número ε seja dado, podemos encontrar um número δ tal que se x satisfaz a

desigualdade (1.2), então f (x) satisfaz a desigualdade (1.1). Isto é, queremos

dizer que

|x − a| pequeno garante que |f (x) − L| é pequeno.

Estas convenções nos permite fazer a denição formal de limite.


28 Cálculo I - Limite

Denição 1.3 Seja f (x) denida para todo x em um intervalo aberto contendo a,
exceto possivelmente em a. Dizemos que o número L é o limite da função f quando

x se aproxima de a, e escrevemos

L = lim f (x),
x→a

se, e somente se, dado qualquer número ε > 0, existe um número correspondente

δ > 0, tal que se 0 < |x − a| < δ , então |f (x) − L| < ε.

Em outras palavras, L = lim f (x),, signica que os valores f (x) estão tão
x→a

próximos de L quanto desejarmos (dentro de ε unidades) para todo x 6= a, mas

sucientemente próximo de a.

Exemplo 1.10 Demonstre usando a denição 1.3, que lim (2x + 1) = 7.


x→2

Solução. De acordo com a denição 1.3, L = 7 e a = 3. Além disso, as seguintes

desigualdades são equivalentes:

Dado qualquer número pertencente a ε,

|(2x + 1) − 7| < ε (1.3)

|2x − 6| < ε

2|x − 3| < ε

ε
|x − 3| < (1.4)
2
Ainda, de acordo com a denição 1.3, devemos encontrar uma distância δ aceitável

para cada precisão ε > 0 dada, am de provar que o limite é 7.

A equação (1.4) obtida a partir de (1.5) é a chave para isto.


Profa. Dra. Lilian Milena Ramos Carvalho 29

De fato, os cálculos acima mostram que

ε
|(2x + 1) − 7| < ε ⇐⇒ |x − 3| < .
2

ε
É exatamente esta equivalência que nos mostra como escolher δ . Com δ = 2
,
ε
sabemos que se 0 < |x − 3| < δ , então a desigualdade |x − 3| < 2
é verdadeira e,

portanto, a desigualdade (1.3).

Formalmente, a demonstração é:

Seja ε > 0 dado. Vamos escolher δ = 2ε . Segue, então, que se 0 < |x − 3| < δ ,

então

|(2x + 1) − 7| = |2x − 6|

= 2|x − 3| < 2δ, pois |x − 3| < δ


¡ ¢
= 2 2ε

= ε

Ou seja, se 0 < |x − 3| < δ , então |(2x + 1) − 7| < ε, como exigido pela

denição 1.3.

Figura 1.15:
30 Cálculo I - Limite

Exemplo 1.11 Prove que lim (4x + 3) = 11.


x→2

Solução. Neste caso, f (x) = 4x + 3, L = 11 e a = 2.

Temos as seguintes desigualdades equivalentes:

|f (x) − L| < ε

|(4x + 3) − 11| < ε

|4x − 8| < ε

4|x − 2| < ε
ε
|x − 2| <
4

Dado ε > 0, escolhemos δ = 4ε . Segue, então, que se 0 < |x − 2| < δ , então

|(4x + 3) − 11| = |4x − 8|

= 4|x − 2|

< 4δ

= 4 4ε

= ε

ε
Assim, com δ = 4
temos que se 0 < |x − 2| < δ , então |(4x + 3) − 11| < ε. ¦

¡ ¢
Exemplo 1.12 Prove que lim x2 − 4x + 7 = 3.
x→2

Solução. Neste caso, temos que f (x) = x2 − 4x + 7, a = 2 e L = 3. Assim, se


Profa. Dra. Lilian Milena Ramos Carvalho 31

ε é um número positivo dado, as seguintes desigualdades são equivalentes:

|f (x) − L| < ε

| (x2 − 4x + 7) − 3| < ε

|x2 − 4x + 4| < ε

|(x − 2)2 | < ε



|x − 2| < ε

Se tomarmos δ = ε, segue que se 0 < |x−2| < δ , então |(x2 − 4x + 7) − 3| <

ε.
¡ ¢
Isto prova que lim x2 − 4x + 7 = 3, de acordo com a denição 1.3. ¦
x→2

Exemplo 1.13 Prove que lim x2 = 4.


x→2

Solução. Neste caso, f (x) = x2 , a = 2 e L = 4.

Examinaremos, então,

|x2 − 4| = |(x + 2)(x − 2)|

= |x + 2| |x − 2| .

O fator |x − 2| é a quantidade desejada |x − a| na denição 1.3. O que fazemos

então, com o fator |x + 2|? Como x se aproxima de 2, então, x + 2 se aproxima de

4.

Portanto, substituímos x + 2 por uma constante próxima de 4.

Mais precisamente, se |x − 2| < 1, então, |x + 2| < 5. Então, temos neste caso:

|x2 − 4| = |x + 2| |x − 2|

< 5 |x − 2| .

Usaremos, portanto, |δ = 5ε | e lembraremos que devemos ter |x − 2| < 1.

A prova formal é a seguinte:


32 Cálculo I - Limite

© ª
Dado ε > 0, seja δ o menor dos números 1, 5ε . Então se 0 < |x − 2| < δ ,

temos ambos
ε
|x − 2| < 5
e |x + 2| < 5.

Assim,
|x2 − 4| = |x + 2| |x − 2|

< 5|x − 2|
¡ ¢
< 5 5ε

= ε
Isto mostra que |x2 − 4| < ε sempre 0 < |x − 2| < δ .

Assim, lim x2 = 4. ¦
x→2

Exemplo 1.14 Prove que lim sen x = 0.


x→0

Solução. Neste caso, f (x) = sen x, a = 0 e L = 0.

Para fazer esta demonstração vamos utilizar a seguinte desigualdade:

|sen x| ≤ |x|.

Assim, se ε é um número positivo dado, a desigualdade |f (x) − L| < ε é

|sen x − 0| < ε.

Considerando que |sen x| ≤ |x| podemos concluir que se |x| ≤ ε, então,

|sen x − 0| = |sen x| ≤ |x| < ε (1.5)

Como, neste exemplo, |x − a| = |x − 0| = |x|, a desigualdade (1.5) mostra que

se tomarmos δ = ε, segue que

se 0 < |x − 0| < δ , então |sen x − 0| < ε.

Isto prova que lim sen x = 0. ¦


x→0
Profa. Dra. Lilian Milena Ramos Carvalho 33

1.3.1 Exercícios

1. lim (2x + 5) = 9.
x→2

(a) Mostre que |(2x + 5) − 9| < ε, se e somente se, |x − 2| < 2ε .

(b) Encontre um δ apropriado para ε = 2, 0.4, 0.05.

2. lim (x2 − 1) = 3.
x→0


(a) Mostre que |(x2 + 3) − 3| < ε, se e somente se, |x| < ε.

(b) Encontre um δ apropriado para ε = 2, 1, 0.3.

x2 − 1
3. lim = 2.
x→1 x−1
Encontre um δ apropriado ε = 2, 0.8, 0.05.

4. Use a denição 1.3 para provar que:


(a) lim (x + 3) = 6
x→3
(e) lim (x2 − 2x + 4) = 3
x→1
(b) lim (7 − 3x) = −5
x→4 √
2
(f) lim x=2
h −9 x→4
(c) lim =6
h→3 h−3
(g) lim (x2 − 2x + 2) = 2
x→2
(d) lim x2 = 9
x→3

5. Prove usando a técnica do exemplo 1.14 para provar que lim sen 2x = 0.
x→0

6. Use a desigualdade trigonométrica |sen x| ≤ |x| para provar que lim xsen x =
x→0

0.

1.4 Propriedades de Limite

1. lim c = c , c = constante.
x→a
34 Cálculo I - Limite

2. lim x = a.
x→a

A armação 1 diz que o limite da função constante f (x) = c é sempre o número

c, independente de quem seja a.

A armação 2 diz que o limite da função linear g(x) = x quando x se aproxima

de a é o valor da função em a, isto é, g(a) = a.

O teorema que segue estabelece uma álgebra dos limites, pela qual limites de

somas, produtos e quocientes de funções podem ser calculados a partir de limites de

termos individuais.

Teorema 1.1 Suponhamos que lim f (x) = L e lim g(x) = M , existem. Seja c
x→a x→a

um número qualquer. Então, cada um dos seguintes limites existem com os valores

indicados:

(i) lim [f (x) + g(x)] = lim f (x) + lim g(x) = L + M .


x→a x→a x→a

h i
(ii) lim [cf (x)] = c lim f (x) = c · L.
x→a x→a

h i h i
(iii) lim [f (x) · g(x)] = lim f (x) · lim g(x) = L · M .
x→a x→a x→a

f (x) lim f (x) L


x→a
(iv) lim = = , desde que M 6= 0.
x→a g(x) lim g(x) M
x→a

Demonstração. Faremos à demonstração das partes (i) e (ii). As duas últimas,

embora similares às duas primeiras são logicamente mais complexas.

(i) Queremos mostra que, dado ε > 0, existe um δ > 0 tal que

se 0 < |x − a| < δ , antão, |(f (x) + g(x)) − (L + M )| < ε.

Para isto, consideremos as hipóteses dadas do problema:


Profa. Dra. Lilian Milena Ramos Carvalho 35

 Dado ε > 0, como lim f (x) = L, então existe um número δ1 > 0 tal
x→a

que se 0 < |x − a| < δ1 , então, |f (x) − L| < 2ε .

 Da mesma forma, dado ε > 0, como lim g(x) = M , então, existe um


x→a

número δ2 > 0 tal que se 0 < |x − a| < δ2 , então, |g(x) − M | < 2ε .

Consideramos, então, δ como sendo o menor dos números δ1 e δ2 , isto é, δ =

min(δ1 , δ2 ). Então, se 0 < |x − a| < δ2 são satisfeitos.

Assim, utilizando estas informações, temos:

|(f (x) + g(x)) − (L + M )| = |(f (x) − L) + (g(x) − M )|

≤ |f (x) − L| + |g(x) − M |
ε ε
< +
2 2
= ε

Isto demonstra que lim [f (x) + g(x)] = L + M , ou seja,


x→a

O limite da soma é a soma dos limites .

(ii) Primeiro observemos que se c = 0, então, lim cf (x) = c · L é exatamente


x→a

lim 0 = 0, que é obviamente verdadeiro.


x→a

Vamos supor, então, que c 6= 0. queremos provar que dado ε > 0, existe δ > 0

tal que se 0 < |x − a| < δ , então, |cf (x) − cL| < ε.

 Mas, por hipótese, temos que dado ε > 0, existe δ > 0 tal que se 0 <
ε
|x − a| < δ , então, |f (x) − L| < (lembre-se que c 6= 0).
|c|

Assim, dado ε > 0 existe um δ > 0 tal que se 0 < |x − a| < δ , então,
ε
|cf (x) − cL| = |c(f (x) − L)| = |c||f (x) − L| < |c| |c| < ε.

Isto mostra que lim cf (x) = c · L.


x→a
36 Cálculo I - Limite

¡ ¢
Exemplo 1.15 Calcule lim 3x2 + 6 .
x→2

Solução.

lim (3x2 + 6) = lim (3x2 ) + lim 6 (i)


x→2 x→2 x→2

= 3 lim x2 + lim 6 (ii)


x→2 x→2
³ ´³ ´
= 3 lim x lim x + lim 6 (iii)
x→2 x→2 x→2

= 3·2·2+6

= 18

µ ¶
2x + 3
Exemplo 1.16 Calcule lim .
x→−1 1 + x2

Solução. Como o limite do denominador é:

lim (1 + x2 ) = lim 1 + lim x2 (i)


x→−1 x→−1 µ x→−1 ¶ µ ¶
= lim 1 lim x lim x (ii)
x→−1 x→−1 x→−1

= 1 + (−1)(−1)

= 2

O qual é diferente de zero, podemos aplicar a parte (iv) para calcular que
µ ¶ lim (2x + 3)
2x + 3 x→−1
lim = (iv)
x→−1 1 + x2 lim (1 + x2 )
x→−1
µ ¶
2 lim x + lim 3
x→−1 x→−1
= (i) e (ii)
2
2(−1) + 3
=
2
1
=
2
Profa. Dra. Lilian Milena Ramos Carvalho 37

Extensão do teorema 1.1 para potências inteiras de x e funções potências.

Teorema 1.2 Suponhamos que lim f (x) = L. Para qualquer inteiro positivo n =
x→a

1, 2, 3 . . . vale que:

(i) lim xn = an .
x→a

h in
(ii) lim [f (x)]n = lim f (x) = Ln .
x→a x→a

Exemplo 1.17 Calcule lim (3x4 + 7x2 + 4x).


x→2

Solução.
³ ´ ³ ´ ³ ´
lim (3x4 + 7x2 + 4x) = 3 lim x4 + 7 lim x2 + 4 lim x
x→2 x→2 x→2 x→2

= 3 · 24 + 7 · 22 + 4 · 2

= 84

¡ ¢
Exemplo 1.18 Calcule lim x−3 − 3x−2 + 5x3 .
x→−2

Solução.
µ ¶
¡ ¢ 1 −3
lim x−3 − 3x−2 + 5x3 = lim + + 5x 3
x→−2 x→−2 x3 x2
1 −3
= (−2)3
+ (−2)3
+ 5(−2)3
−327
= 8

3
Exemplo 1.19 Calcule lim (x3 − 7x + 1) .
x→2
38 Cálculo I - Limite

Solução.
h i3
3 3 3
lim (x − 7x + 1) = lim (x − 7x + 1)
x→2 x→2
3
= [23 − 7 · 2 + 1]

= (−5)3

= −125
¦

Teorema 1.3 Sejam m, n inteiros positivos. Então,


n/ n/
(i) Se m é par, lim x m
=a m
, para 0 < a < ∞.
x→a

n/ n/
(ii) Se m é ímpar, lim x m
=a m
, para −∞ < a < ∞.
x→a
³ √ −3 /
´
Exemplo 1.20 Calcule lim 3 x + x 2
.
x→4

Solução. Usando os teoremas 1.1 e 1.3, temos:


³ √ −3 /
´ ³ 1 −3 /
´
/2
lim 3 x + x 2
= lim 3x + x 2
x→4 x→4
1/ 1
= lim x 2
+ 3/ Teorema 1.1
x→4 lim x 2
x→4
1/ 1
= 3(4) 2
+ Teorema 1.3
(4)3 /2
1
= 3·2+ 8
49
=
8
¦

Teorema 1.4 (Sanduíche) Suponha que o limite de g(x) e o limite de h(x) existam
quando x → a, e que lim g(x) = L = lim h(x).
x→a x→a

Se a função f satisfaz a desigualdade g(x) ≤ f (x) ≤ h(x) para todo x em um

intervalo aberto contendo a (exceto possivelmente para x = a),então,

lim f (x) = L.
x→a
Profa. Dra. Lilian Milena Ramos Carvalho 39

Interpretação Geométrica:

Figura 1.16:

Exemplo 1.21 Mostramos que lim sen x = 0, usando a denição formal de limite
x→0

e a desigualdade trigonométrica

|sen x| ≤ |x|.

Se supormos que |x| → 0 quando x → 0, então, podemos calcular lim sen x


x→0

usando o teorema do sanduíche.

De fato, pela desigualdade trigonométrica acima,

−|x| ≤ sen x ≤ |x|.

Como,

lim −|x| = 0 = lim |x|,


x→0 x→0

pelo teorema do sanduíche, lim sen x = 0.


x→0

1
Exemplo 1.22 Use o teorema do sanduíche para mostrar que lim x sen = 0.
x→0 x
40 Cálculo I - Limite

Solução. Sabemos que |sen x| ≤ 1, para todo x. Assim, podemos escrever a

segunda desigualdade:
¯ ¯ ¯ ¯
¯ 1 ¯ ¯ 1 ¯
0 ≤ ¯¯x sen ¯¯ = |x| ¯¯ sen ¯¯ ≤ |x| · 1 = |x| .
x x

Portanto,
¯ ¯
¯ 1 ¯¯
¯
0 ≤ ¯x sen ¯ ≤ |x| , x 6= 0.
x

Como lim |x| = 0 = lim 0, segue do teorema do sanduíche que


x→0 x→0

1
lim x sen = 0.
x→0 x

Exemplo 1.23 Prove que lim cos x = 1.


x→0

Solução. Considere a triângulo P QR na gura abaixo:

Figura 1.17:

2 2 2
Então, P R + QR = P Q .
Profa. Dra. Lilian Milena Ramos Carvalho 41

Como P Q ≤ arc P Q = x:

2
sen 2 x + (1 − cos x)2 = P Q ≤ x2 .

Nesta equação todos os termos são não negativos.

Assim,

sen 2 x ≤ x2 e (1 − cos x)2 ≤ x2 .

Conseqüentemente , extraindo a raiz quadrada obtemos

0 ≤ |1 − cos x| ≤ |x|.

Como lim |x| = 0 = lim 0, pelo teorema do sanduíche, lim |1 − cos x| = 0 =


x→0 x→0 x→0

lim (1 − cos x) = 0.
x→0

Este último resultado é equivalente a

lim cos x = 1.
x→0

sen x
Exemplo 1.24 Mostre que lim = 1.
x→0 x
π
Solução. Suponhamos, primeiro que 0 < x < 2
, na gura a seguir, observemos

que:

Área do triângulo OAC ≤ Área do setor OBC ≤ Área do triângulo OBD .

Como,
1
Área do triângulo OAC = cos x sen x
2
³ 2
´
Área do setor OBC = 12 x, 2πx
πr 2 = xr2 , com r = 1
1
Área do triângulo ABD = 2
tan x.

Portanto, a desigualdade acima torna-se:

1 1 1
cos x sen x ≤ x≤ tan x.
2 2 2
42 Cálculo I - Limite

Figura 1.18:

Multiplicando por 2 e dividindo pelo sen x temos:

x 1
cos x ≤ ≤ .
sen x cos x

Invertendo todos os termos, obtemos:

1 sen x π
≥ ≥ cos x, 0 < x < .
cos x x 2

Para − π2 < x < 0, a desigualdade acima também se mantém. Portanto, podemos


sen x 1
aplicar o teorema do sanduíche com g(x) = cos x, f (x) = x
e h(x) = cos x
,

pois g(x) ≤ f (x) ≤ h(x).


1
Como lim cos x = 1 = lim , temos, pelo teorema do sanduíche que
x→0 x→0 cos x
sen x
lim = 1. ¦
x→0 x

sen 2x
Exemplo 1.25 Calcule lim .
x→0 x
Profa. Dra. Lilian Milena Ramos Carvalho 43

Solução. Usando a identidade sen 2x = 2sen x cos x, temos:

sen 2x 2sen x · cos x


lim = lim
x→0 x x→0 x
· µ ¶ ¸
sen x
= lim 2 cos x
x→0 x
µ ¶
sen x ³ ´
= 2 lim lim cos x
x→0 x x→0

= 2·1·1=2

1.4.1 Exercícios

1. Use os teoremas 1.1 - 1.3 para calcular o limite.


√3/
x+2 x 2
(a) lim (3x − 7) (f) lim 5 / √
x→3 x→4 x 2 + x
x2 + 3x tan x
(b) lim (g) lim
x→2 x−3 x→0 sen 2x
√ ¡ ¢ 2/
(c) lim x 1 − x2 x 3
−x
x→4 (h) lim 5/
x→−8 x 3

¡ √ ¢
(d) lim 9x9 − 3 x x−4
x→1 (i) lim √
x→4 x−2
x2 − 2x − 3 ³ 7 ´2
(e) lim 2
x→3 x−3 (j) lim x /3 − 2x /3
x→−1

2. Nas questões (a) e (b) suponha que lim f (x) = 2, lim g(x) = −3. Calcule o
x→a x→a

limite especicado.
6 · f (x) − 4[g(x)]2
(a) lim 3 · f (x) · g(x) (b) lim
x→a x→a g(x) − 4 · f (x)
sen x
3. Use o fato de que lim = 1 para calcular o limite:
x→0 x
sen x (c) lim x2 cot x
(a) lim x→0
x→0 2x
tan x sen x
(b) lim (d) lim √
x→0 5 x
x→0 4x
44 Cálculo I - Limite

4. Suponha que 1 − x2 ≤ f (x) ≤ 1 + x2 para todo x. Calcule lim f (x).


x→0

5. Use a denição formal de limite para demonstrar que

lim x = a.
x→a

1 − cos x
6. Mostre que lim = 0.
x→0 x

1.5 Limites Laterais

Considere o gráco de uma função f (x)

Figura 1.19:

Este gráco tem a propriedade de que quando x é escolhido próximo de a, mas à

direita de a, os correspondentes valores da função f (x) estão próximos ao número.

Este é o conceito de limite à direita, cuja notação é:

lim f (x) = L
x→a+
Profa. Dra. Lilian Milena Ramos Carvalho 45

Analogamente escrevemos

lim f (x) = M
x→a−

signica que os valores de x estão próximos de M se x está próximo de a pela

esquerda.

Intuitivamente, a expressão

L = lim f (x)
x→a+

signica que os valores f (x) estão tão próximos de L quanto desejarmos para todo

x > a, mas sucientemente próximo de a. Similarmente a expressão

M = lim f (x)
x→a−

signica que os valores f (x) estão tão próximos de M quanto desejarmos para todo

x < a mas sucientemente próximo de a.

√ √
Exemplo 1.26 Como f (x) = x não é denida para x < 0, o limite de x

quando x → 0 não existe. Entretanto, podemos escrever que lim x = 0.
x→0+

Exemplo 1.27 Para a função f (x) = |x|


x
quando x → 0, como já concluímos
|x|
lim não existe. Entretanto, seus limites laterais existem. De fato,
x→0 x
|x| x
(a) Para x > 0, lim = lim = lim 1 = 1.
x→0+ x x→0+ x x→0+

|x| −x
(b) Para x < 0, lim = lim = lim (−1) = −1.
x→0− x x→0− x x→0−

Exemplo 1.28 O gráco a seguir corresponde à função maior inteiro, denida


por:

[[x]] = maior inteiro n com n ≤ x.


46 Cálculo I - Limite

Figura 1.20:

Por exemplo, [[2.5]] = 2, [[ − 1.2]] = −2, [[π]] = 3, [[7]] = 7, etc.

Embora lim [[x]] não exista, ambos os limites laterais existem. Por exemplo,
x→n

lim [[x]] = 2 ; lim [[x]] = 1 ;


x→2+ x→2−

lim [[x]] = −3 ; lim [[x]] = −2 ;


x→−2− x→−2+

Teorema 1.5 lim f (x) existe, se e somente se, ambos os limites laterais existem e
x→a

são iguais. Isto é, lim f (x) = L se, e somente se, lim f (x) = L = lim f (x).
x→a x→a+ x→a−

Exemplo 1.29 Dada a função




 4x − 3, x ≥ 1
f (x) =

 2 − x2 , x < 1

demonstre que lim f (x) = 1.


x→1

Solução. A estratégia que utilizamos é a de examinar os limites laterais individu-

almente.
Profa. Dra. Lilian Milena Ramos Carvalho 47

Para mostrar que lim f (x) = 1, observemos que se x > 1, então, f (x) =
x→1+

4x − 3. Portanto, pelo teorema 1.1 (aplicado os limites laterais),


µ ¶
lim (7x − 3) = 4 lim x − 3
x→1+ x→1+

= 4 · 1 − 3 = 1.

Analogamente, se x < 1, então, f (x) = 2 · x2 . tal que,


µ ¶2
2
lim (2 − x ) = 2 − lim x
x→1+ x→1+

= 2 − (1)2 = 1.

Como lim f (x) = lim f (x) = 1, pelo teorema 1.5,


x→1+ x→1−

lim f (x) = 1.
x→1

1.5.1 Denição Formal para Limites Laterais

Para formalizar a noção intuitiva de limites laterais, modicamos a condição 0 <

|x − a| < δ da denição formal de limite (denição 1.3) para outra condição, isto é,

0<x<a+δ (Limite à direita)

ou

a−δ <x<a (Limite à esquerda)

Denição 1.4 Dizemos que L é o limite da função f quando x se aproxima de a


pela direita, e escrevemos

L = lim f (x)
x→a+

se, e somente se, para todo ε > 0 existe um correspondente número δ > 0 tal que
48 Cálculo I - Limite

Figura 1.21:

se a < x < a + δ , então, |f (x) − L| < ε.

Analogamente, dizemos que M é o limite de f quando x se aproxima de a pela

esquerda, e escrevemos,

M = lim f (x)
x→a−

se, e somente se, para todo ε > 0 existe um correspondente número δ > 0 tal que

se a − δ < x < a, então, |f (x) − M | < ε.


Exemplo 1.30 Use a denição 1.4 para provar que lim+ x = 0.
x→0


Solução. Neste caso, f (x) = x, L = 0 e a = 0.

Assim,

√ √ √
|f (x) − L| = | x − 0| = | x| = x < ε =⇒ x < ε2 .

Então, escolhemos δ = ε2 . Portanto, suponha ε > 0 dado. Vamos escolher δ = ε2 .

Logo,

√ √ √
se 0 < x < δ , então, |f (x) − L| = x < δ = ε2 = ε.
Profa. Dra. Lilian Milena Ramos Carvalho 49

Assim, pela denição 1.4,



lim x = 0.
x→0+

1.5.2 Exercícios

Considere as guras abaixo:

(i) ?

Figura 1.22:

(ii) ?

Figura 1.23:
50 Cálculo I - Limite

Figura 1.24:

(iii) ?

1. Para a função cujo gráco é o da gura 1.22, calcule os limites, se existirem

(a) lim f (x)


x→1−
(c) lim f (x)
x→0
(b) lim f (x)
x→1

2. Para função cujo gráco é o da gura 1.24, calcule os limites, se existirem

(a) lim f (x)


x→−2
(c) lim f (x)
x→2+
(b) lim f (x)
x→2−

3. Considere o gráco de f (x) mostrado na gura 1.23. Para que números a,

temos:

(a) lim f (x) = f (a)? (c) lim f (x) existi?


x→a− x→a

(b) lim f (x) = f (a)? (d) lim f (x) existi e é igual a f (a)?
x→a+ x→a

4. Calcule o limite, se existir.


Profa. Dra. Lilian Milena Ramos Carvalho 51


(a) lim x−2 (f) lim x[[x]]
x→2+ x→3−
³ ´ √
(b) lim
5/
x 2
− 5x
3/
2 x−4
x→0+
(g) lim
x→4+ x+2
x2 − 4x + 4 [[x − 7]]
(c) lim (h) lim
x→2− x−2 x→3+ [[x + 4]]
√ 1/
x+x 3

(d) lim 3/
(i) lim [[2 − x2 ]]
x→0+ 6−x 4 x→0+

(e) lim [[1 + x]] (j) lim [[2 − x2 ]]


x→3− x→0



 cos x, x ≤ 0
5. Seja f (x) =

 1 − x, x > 0

(a) Calcule lim f (x)


x→0−
(c) lim f (x) existe?
x→0
(b) Calcule lim f (x)
x→0+



 x + 2, x<3
6. Seja f (x) = . Prove que lim f (x) = 5.

 2x − 1, x > 3 x→3





 2, x ≤ −1


7. Seja f (x) = −x, −1 < x ≤ 1





 −x2 , 1<x

(c) lim f (x) existe? Por quê?


(a) Esboce o gráco de f x→1

(d) Demonstre qualquer limite que


(b) lim f (x) existe? Por quê?
x→−1
exista nas partes (b) e (c).

1.6 Continuidade

Quando denimos limite de f (x) quando x tende para a, enfatizamos que este limite

não é necessariamente igual a f (a). De fato, f (a) pode nem mesmo ser denida. A
52 Cálculo I - Limite

partir de agora voltaremos nossa atenção para o caso em que

lim f (x) = f (a).


x→a

Se isto ocorrer, dizemos que a função f é contínua em x = a.

Denição 1.5 Suponhamos que a função f é denida em um intervalo aberto con-


tendo o número a. Então f é contínua em a, se

lim f (x) = f (a).


x→a

Caso contrário dizemos que f é decontínua em a.

Observação 1.1 1. A denição de continuidade exige duas coisas: Primeiro que

lim f (x) exista, e segundo que a função f seja denida no número a.


x→a

2. A denição 1.5 é uma denição de continuidade no número a para funções que

são denidas sobre um intervalo aberto em torno de a.

Para cada uma das funções cujos grácos aparecem a seguir é descontínua em a.

Geometricamente continuidade é uma propriedade que garante que o gráco de f não

terá uma interrupção (ou será quebrado) em (a, f (a)).

Figura 1.25:
Profa. Dra. Lilian Milena Ramos Carvalho 53

Figura 1.26:

f (x) não é denido.

lim f (x) 6= lim f (x)


x→a− x→a+

lim f (x) não existe.


x→a

Figura 1.27:

f (a) 6= lim f (x).


x→a

x2 −4
Exemplo 1.31 Calcule os números x para os quais f (x) = x−2
é contínua.

Solução. Como x − 2 = 0 para x = 2, então, o valor de f (2) não é denido.

Dizemos então, que a função é descontínua para x = 2.


54 Cálculo I - Limite

Para todos os números a 6= 2 temos

x2 − 4 a2 − 4
lim f (x) = lim = = f (a).
x→a x→a x−2 a−2

Assim, f é contínua para todo x 6= 2. ¦

Figura 1.28:

A descontinuidade no número 2 no exemplo 1.31 é chamada de descontinuidade

removível, pois podemos eliminar (remover) a descontinuidade em x = 2 denindo

f (2) = lim f (x) = 4.


x→2

Em outras palavras acrescentamos x = 2 ao domínio de f denindo a nova função




 x2 −4 , se x 6= 2
fˆ(x) =
x−2
.

 4, se x = 2

A função fˆ é, então, contínua para todo x, e concorda com f para x 6= 2

Exemplo 1.32 Outra função com uma descontinuidade removível é

sen x
f (x) = .
x

Embora f (0) é indenida, já mostramos que

sen x
lim = 1.
x→0 x
Profa. Dra. Lilian Milena Ramos Carvalho 55

Podemos, portanto, remover a descontinuidade para x = 0, denindo.




 sen x , para x 6= 0
fˆ(x) =
x
.

 1, para x = 0

A função fˆ é, então, contínua para x = 0.

Teorema 1.6 Se a função f e g são contínuas para x = a e se c é um número real


qualquer, então, as seguintes funções são também contínuas em x = a:

(i) f + g

(ii) c · f

(iii) f · g

f
(iv) g
, desde que g(a) 6= 0

Demonstração.

(i) Observamos que (f + g)(a) é denida e dada por f (a) + g(a), pois, por

hipótese f e g são contínuas em x = a. Além disto, lim f (x) e lim g(x)


x→a x→a

existem.

Então

lim (f + g)(x) = lim [f (x) + g(x)] (⇒ denição de f + g)


x→a x→a

= lim f (x) + lim g(x) (⇒ teorema 1.1)


x→a x→a

= f (a) + g(a) (⇒ continuidade de f e g em a)

= (f + g)(a) (⇒ denição de f + g)

As demonstrações de (ii), (iii) e (iv) são deixadas como exercício. ¤

Teorema 1.7 Para cada inteiro positivo n = 1, 2, 3 . . .,


56 Cálculo I - Limite

(i) a função f (x) = xn é contínua para todo x.

(ii) Se a função g é contínua em x = a, a função f (x) = (g(x))n é contínua em

x = a.

Demonstração. Deixada como exercício. Ela segue do teorema 1.2. ¤

Observação 1.2 A combinação dos teoremas 1.6 e 1.7 mostra que qualquer polinô-
mio é contínuo para todo x, e qualquer função racional é continua para todo x dife-

rente daquele que anula seu denominador.

Por exemplo:

(i) O polinômio f (x) = x3 − 2x2 + 7 é contínuo para todo x.

(ii) A função racional


x3 + x + 7
g(x) =
x−6
é contínua para todo x 6= 6.

(iii) A quarta potência de g(x)


µ ¶4
4
x3 + x + 7
h(x) = g(x) =
x−6

é contínua para todo x, com x 6= 6.

1.6.1 Continuidade em Intervalos

Denição 1.6 (i) A função f é contínua no intervalo aberto (a, b) se for contínua

em cada x ∈ (a, b).

(ii) A função f no intervalo fechado [a, b] se for contínua em (a, b), e, além disso

lim f (x) = f (a) e lim f (x) = f (b)


x→a+ x→b−
Profa. Dra. Lilian Milena Ramos Carvalho 57

A continuidade é denida de modo análogo em intervalos tais como (a, b], [a, ∞)

e etc.

Figura 1.29:

A função f é contínua em (a, b], mas não em [a, b].


Exemplo 1.33 A função f (x) = x á contínua no intervalo [0, ∞). Em outras

palavras
√ √
lim x = a, a > 0 (teorema 1.3)
x→a


lim x = 0 = f (0)
x→0+

Teorema 1.8 Sejam m e n inteiros positivos. A função f (x) = x


n/
m
é

(i) contínua em [0, ∞) se m é par;

(ii) contínua em (−∞, ∞) se m é ímpar.

Exemplo 1.34 Utilizando os teoremas 1.6 - 1.8 podemos concluir que as seguintes
funções são contínuas nos intervalos dados


(a) f (x) = x2 − 3 x em [0, ∞)
58 Cálculo I - Limite

2/
x2 − x 3

(b) f (x) = em (−∞, 1) e (1, ∞)


1−x
2/ 3/
6x 3
+ 5x 2

(c) f (x) = em (0, 2) e (2, ∞).


x(x − 2)(x + 3)

1.6.2 Denição Alternativa de Continuidade

Teorema 1.9 Seja f uma função denida em um intervalo aberto contendo o número
a. Então, f é contínua em a se, e somente se,

lim f (a + h) = f (a).
h→0

Demonstração. Seja h = x − a. Então, x → a, se, e somente se, h → 0. Além

disso, a + h = a + (x − a) = x, tal que f (a + h) = f (x) e

lim f (a + h) = lim f (x).


h→0 x→a

Portanto, lim f (a + h) = f (a) é equivalente a


h→0

lim f (x) = f (a),


x→a

que é a denição de continuidade (denição 1.5). ¤

Exemplo 1.35 Mostre que a função f (x) = sen x é continua para todo x.

Solução. A função f (x) = sen x é denida para todo x.

Então,

lim f (a + h) = lim sen (a + h)


h→0 h→0

= lim (sen a cos h + cos a sen h)


h→0
h i h i
= (sen a) lim cos h + (cos a) lim sen h
h→0 h→0

= [(sen a) · (1)] + [(cos a) · (0)]

= sen a

= f (a).
Profa. Dra. Lilian Milena Ramos Carvalho 59

Teorema 1.10 Seja f uma função contínua em um intervalo aberto contendo o nú-
mero L. Se o limite

lim g(x) = L
x→a

existe, então,
h i
lim f [g(x)] = f lim g(x) = f (L).
x→a x→a

Este teorema arma que se a função de fora na função composta f ◦ g é contínua,

podemos passar o limite para dentro da função f .

h i
Exemplo 1.36 2 2
(a) lim sen (π + x ) = sen lim (π + x ) = sen (π + 0) =
x→0 x→0

sen π = 0, neste caso, f (x) = sen x e g(x) = π + x2 . Verique!


r r r r √
sen x sen x 1 sen x 1 2
(b) lim = lim = lim = = ,
x→0 2x x→0 2x 2 x→0 x 2 2

neste caso, f (x) = x e g(x) = sen 2x
x
. Verique, calculando f ◦ g .

Teorema 1.11 Seja g uma função contínua em um intervalo aberto contendo o nú-
mero a, e seja f uma função que é contínua em um intervalo aberto contendo o

número g(a). Então, a função composta f ◦ g é contínua em a.

Demonstração. Pelo teorema 1.10,

h i
lim (f ◦ g)(x) = f lim g(x) .
x→a x→a

Como g é contínua em a, concluímos que

lim (f ◦ g) = f [g(a)].
x→a

¤
60 Cálculo I - Limite


Exemplo 1.37 A função composta y = 4 − x2 é contínua no intervalo −2, 2),

pois,

(a) A função de dentro g(x) = 4−x2 é contínua em (−2, 2) com correspondentes

valores no intervalo (0, 4]; e


(b) A função de fora f (u) = u é contínua no intervalo (0, ∞), o qual contém

o intervalo (0, 4].

Calculando os limites laterais,

p √
lim 4 − x2 = 4 − 4 = 0 = y(−2)
x→−2+

e
p √
lim 4 − x2 = 4 − 4 = 0 = y(2)
x→2−

vemos que y = 4 − x2 é contínua no intervalo fechado [−2, 2].

1.6.3 Teorema do Valor Intermediário

Teorema 1.12 Seja f contínua no intervalo [a, b] com f (a) 6= f (b). Seja d um
número qualquer entre f (a) e f (b). Então, existe, no mínimo, um número c ∈ (a, b)

tal que f (c) = d.

O teorema do valor intermediário é um teorema de existência. ele simplesmente

garante que, no mínimo, um número c existe que satisfaz a condição f (c) = d.

Entretanto, não nos diz como encontrara este número.


Exemplo 1.38 A função f (x) = x3 + 1 é contínua no intervalo [0, 2], como

resultado dos teoremas 1.6, 1.7, 1.8 e 1.11. Como f (0) = 1 e f (2) = 3, o teorema do

valor intermediário garante que se d é qualquer valor intermediário com 1 < d < 3,
Profa. Dra. Lilian Milena Ramos Carvalho 61

Figura 1.30:

5
existe um número c ∈ (0, 2) com f (c) = d. Em particular se d = 2
, então,

5
f (c) = 2
. Portanto,

√ 5 1 1
c3 + 1 = =⇒ c3 = =⇒ c = √ .
2 4 3
4

Exemplo 1.39 Como a função seno é contínua para todo x e como sen (0) = 0 e
¡π¢ √
3
sen 6
= 2
, o teorema do valor intermediário garante que existe, no mínimo um
π
número x entre 0 e tal que
6 √
3
sen x = .
4
Sem o teorema do valor intermediário não temos meios de saber se a equação acima
π
tem uma solução x entre 0 e 6
.

O teorema do valor intermediário também nos ajuda a resolver desigualdades da

forma f (x) > 0 ou f (x) < 0, porque este teorema implica que os valores de uma

função contínua não trocam de sinal sem que passe pelo zero da função.

Exemplo 1.40 Use o teorema do valor intermediário (teorema 1.12) para resolver a
62 Cálculo I - Limite

desigualdade x3 − 4x2 > 5x.

Solução. Primeiro, converta a desigualdade na forma f (x) > 0.

x3 − 4x2 − 5x > 0.

Assim, seja f (x) = x3 − 4x2 − 5x. Como f é um polinômio f é contínua em

(−∞, ∞). Os zeros de f são: f (x) = x3 − 4x2 − 5x = x(x2 − 4x − 5) =

x(x + 1)(x − 5), tal que f (x) = 0 para x = −1, 0 e 5. A tabela a seguir (tabela

1.9) mostra o sinal de f em cada intervalo

Tabela 1.9:

Intervalo x f (x) Conclusão

(−∞, −1) x = −2 f (−2) = −14 < 0 f (x) < 0 em (−∞, −1)


¡ ¢
(−1, 0) x = − 12 f − 12 = 11
8
>0 f (x) < 0 em (−1, 0)

(0, 5) x=1 f (1) = −8 < 0 f (x) < 0 em (0, 5)

(5, ∞) x=6 f (6) = 42 > 0 f (x) > 0 em (5, ∞)

A solução da desigualdade é, portanto, (−1, 0) ∪ (5, ∞). ¦

1.6.4 Exercícios

1. Dê os intervalos sobre os quais a função é contínua:


(a) f (x) = 1 
x−1

 1 − x, x ≤ 2
(f) f (x) =
(b) f (x) = sec x 
 x − 1, x > 2

(c) f (x) = x cot x 


 −x, x ≤ −1


(d) f (x) = x+2 (g) f (x) 4 − x2 , −1 < x ≤ 2
x2 −x−2 




 1 x − 1, x > 2
2/ −2 / 2
(e) y = x 3
−x 3
Profa. Dra. Lilian Milena Ramos Carvalho 63

2. A função dada tem uma descontinuidade removível em x = a. Determine como

denir f (a) tal que a função seja contínua em a.


x2 − 1 cos2 x − 1
(a) f (x) = , a=1 (b) f (x) = , a=0
x−1 sen x

3. Calcule a constante k que torne a função contínua em x = a.




 xk , x≤2
(a) y = , a=2

 10 − x, x > 2


 (x − k)(x + k), x ≤ 2
(b) h = , a=2

 kx + 5, x>2

4. Use o teorema 1.10 para calcular o limite.


√ √
(a) lim (1 + 5)5
3 9
x→8
(c) lim (3x − 3
x)6
x→1

(b) limπ cos(π + x) (d) lim cos π(x + |x|)


x→ 2 x→0

sen a x
5. Use o fato de que lim = a para calcular o limite.
x→0 x
2x
(a) lim
x→0 sen x (c) lim xcosec 3x
x→0
sen x
(b) lim
x→0 sen 3x
6. Resolva a desigualdade f (x) > 0 ou f (x) < 0 usando o teorema do valor

intermediário (teorema 1.12).


(a) x(x + 6) > −8
(c) x4 − 9x2 > 0
(b) x3 + x2 − 2x > 0
7. Mostre que a equação x + sen x = 4 tem, no mínimo uma solução no intervalo

[π, 2π].
64 Cálculo I - Limite
Capítulo 2

A Derivada

2.1 A Derivada como uma Função

Já denimos que a inclinação da reta tangente ao gráco da função f no ponto

(x0 , f (x0 )), se existe, é o limite

f (x0 + h) − f (x0 )
m = lim . (2.1)
h→0 h

Sejam,

∆f = f (x0 + h) − f (x0 )

∆x = (x0 + h) − (x0 ).

O quociente

∆f f (x0 + h) − f (x0 ) f (x0 + h) − f (x0 )


= = (2.2)
∆x (x0 + h) h

é chamado quociente da diferença.

Denição 2.1 A derivada da função f em x0 é o número


f (x0 + h) − f (x0 )
f 0 (x0 ) = lim , (2.3)
h→0 h

65
66 Cálculo Diferencial e Integral I - Derivada

desde que este limite exista.

Figura 2.1: O quociente da diferença 2.2 é a inclinação da secante. Derivada f 0 (x0 )

2.3 é a inclinação da tangente em (x0 , f (x0 )).

• Dizemos que a função f é diferenciável em x0 se o limite f 0 (x0 ) na deni-

ção 2.1 existe. Esse processo de calcular a derivada f 0 (x0 ) é conhecido como

diferenciação da função f .

• Quando f 0 (x0 ) existe para todo x0 em um intervalo I , o processo de diferen-

ciação produz uma nova função f 0 , denida no intervalo I , com valores f 0 (x),

x ∈ I.

Denição 2.2 A derivada da função f no intervalo I , denotada por f 0 , é a função


com valores
f (x + h) − f (x)
f 0 (x) = lim
h→0 h
Profa. Dra. Lilian Milena Ramos Carvalho 67

desde que este limite exista para todo x ∈ I .

Exemplo 2.1 Para a função linear f (x) = mx + b, a derivada é


f (x + h) − f (x)
f 0 (x) = lim
h→0 h
[m(x + h) + b] − [mx + b]
= lim
h→0 h
[mx + mh + b] − [mx + b]
= lim
h→0 h
mh
= lim
h→0 h
= lim m
h→0

= m

• Portanto, para a função linear f (x) = mx + b, a função inclinação (derivada)

f 0 é a função constante f 0 (x) = m.

• Forma equivalente do quociente da diferença 2.2: denindo x = x0 + h, então

h = x − x0 . Assim, quando h → 0, x → x0 . Obtemos, então:

f (x0 + h) − f (x0 ) f (x) − f (x0 ) ∆f


f 0 (x0 ) = lim = lim = lim
h→0 h x→x0 x − x0 ∆x→0 ∆x

Exemplo 2.2 A derivada da função f (x) = x2 é:


f (x) − f (x0 )
f 0 (x0 ) = lim
x→x0 x − x0
x2 − x20
= lim
x→x0 x − x0
(x + x0 )(x − x0 )
= lim
x→x0 x − x0
= lim (x + x0 )
x→x0

= x0 + x0

= 2x0 .

Por exemplo, f 0 (0) = 0, f 0 (2) = 4, f 0 (−3) = −6 e f 0 (π) = 2π . Em outras

palavras, a derivada de f (x) = x2 é a função f 0 (x) = 2x.


68 Cálculo Diferencial e Integral I - Derivada


Exemplo 2.3 A derivada da função f (x) = xé

f (x0 + h) − f (x0 )
f 0 (x) = lim
h→0 √ h√
x+h− x
= lim
h→0 Ã
√ h √ ! Ã√ √ !
x+h− x x+h+ x
= lim √ √
h→0 h x+h+ x
(x + h) − x
= lim ¡√ √ ¢
h→0 h x+h+ x
h
= lim ¡√ √ ¢
h→0 h x+h+ x
1
= lim √ √
h→0 x+h+ x
1
= √ .
2 x

Por exemplo, f 0 (4) = 41 , f 0 (9) = 16 , f 0 (27) = 1



2 27
, mas f 0 (0) não é denida.

2.1.1 Propriedades da Derivada

Teorema 2.1 Se as funções f e g são diferenciáveis em x e c é um número real


qualquer, então, as funções f + g e cf são também diferenciáveis em x, e

(i) (f + g)0 (x) = f 0 (x) + g 0 (x),

(ii) (cf )0 (x) = cf 0 (x).

Demonstração. Exercício. ¤


Exemplo 2.4 Para h(x) = 3x2 + 4 x, encontre h0 (x).

Solução. Esta função tem a forma

h(x) = 3f (x) + 4g(x)


com f (x) = x2 e g(x) = x.
Profa. Dra. Lilian Milena Ramos Carvalho 69

Usando os resultados do teorema 2.1 e dos exemplos 2.2 e 2.3, temos


µ ¶
0 0 0
1 2
h (x) = 3f (x) + 4g (x) = 3(2x) + 4 = 6x + √ .
2π x

Teorema 2.2 Seja f denida em um intervalo aberto contendo x0 . Se f 0 (x0 ) existe,


então f é contínua em x0 .

Demonstração. Para provar que f é contínuo em x0 , devemos mostrar que

lim f (x) = f (x0 ).


x→x0

Como, por hipótese, f 0 (x0 ) existe, temos:

lim f (x) − f (x0 ) = lim (f (x) − f (x0 ))


x→x0 x→x0
· ¸
f (x) − f (x0 )
= lim · (x − x0 )
x→x0 x − x0
· ¸
f (x) − f (x0 )
= lim · lim (x − x0 )
x→x0 x − x0 x→x0

= f 0 (x0 ) · 0

= 0.

O que prova que

lim f (x) = f (x0 ).


x→x0

Observação 2.1 A recíproca do teorema 2.2 não é verdadeira. Isto é, uma função
pode ser contínua no número x = a, mas não ser diferenciável em a. Um exemplo

disso é a função valor absoluto f (x) = |x| para x = 0


70 Cálculo Diferencial e Integral I - Derivada

Exemplo 2.5 A função f (x) = |x| não é diferenciável em x = 0. Para mostra isto,
, escrevemos o quociente da diferença em 0.



f (0 + h) − f (0) |h| 1, se h > 0
= = .
h h 
 −1, se h < 0

|h|
Assim, a função valor absoluto seria diferenciável em 0 se lim existisse. Entre-
hh→0

tanto, já vimos que este limite não existe. Conseqüentemente, a função valor absoluto

não é diferenciável em 0.

Isto ocorre porque o gráco de f (x) = |x| tem um canto no ponto 0, 0).

Portanto, o gráco não tem uma reta tangente bem denida em (0, 0).

2.1.2 Exercícios

1. Use a denição 2.2 para calcular f 0 .


(a) f (x) = 6x + 5.
1
(f) f (x) = √ .
√ x+1
(b) f (x) = x + 1.
1
(g) f (x) = .
1 x2
(c) f (x) = √ .
x+1
(h) f (x) = (x + 3)3 .
1
(d) f (x) = .
2x + 3 1
(i) f (x) = √ .
√ x+5
(e) f (x) = x + 1.

1
2. Encontre uma equação para a reta tangente ao gráco de y = 2x+3
no ponto
¡ 1¢
0, 3 .

3. Uma normal a uma curva no ponto P é uma reta que passa por P e é per-

pendicular à tangente. Encontre uma equação para a normal ao gráco de

f (x) = x2 − 7 no ponto P = (3, 2).


Profa. Dra. Lilian Milena Ramos Carvalho 71

4. Calcule a tal que o gráco de y = 2 − ax2 tem tangente com inclinação 6 em

x = −1.

5. Encontre as constantes a e b tal que o gráco de y = ax2 + b tem tangente

y = 4x no ponto P = (1, 4).

6. Para f (x) = cos x, estime f 0 (x) para x = 0, π4 , π2 , 3π


4
. . . , 2π calculando

o quociente da diferença com h = ±0.5, ±0.1, ±0.05 e ±0.01. Compare

estas estimativas com os valores de g(x) = sen x para os mesmo ângulos. Que

relação você observa?

7. Seja 

 x2 − x, x ≥ 1
f (x) =

 2x − 2, x < 1

(a) f é diferenciável em 1? Por que?

(b) f é contínua em 1? Por que?

8. Seja f (x) = sen x. Calcule f 0 (0) diretamente da denição 2.1.

9. A função f tem a seguinte propriedade:

f (x1 + x2 ) = f (x1 ) + 2x1 x2 + 3x2 + x22

qualquer que sejam x1 , x2 . Use a denição de derivada (denição 2.2) para

calcular f 0 (x).

2.2 Regras para Calcular Derivadas

2.2.1 Notação Alternativa de Derivada


d df
f (x) e → Notação de Leibniz.
dx dx
72 Cálculo Diferencial e Integral I - Derivada

Lê-se: derivada de f com relação a x.


Denição 2.3 (Denição Alternativa de Derivada)
df ∆f
= lim .
dx ∆x→0 ∆x

Se y = f (x), podemos denotar a derivada por:

dy
y0 e
dx

para representar a função derivada f 0 (x).

Teorema 2.3 Seja f uma função constante com valores f (x) = c para todo x.
Então, f 0 (x) = 0, para todo x.

Demonstração. Exercício. ¤

Teorema 2.4 (Regra da Potência) Seja n um inteiro não nulo qualquer. A fun-
ção f (x) = xn é diferenciável para todo x e f 0 (x) = nxn−1 .

Isto é,
d
xn = nxn−1 ; n = ±1, ±2, . . . .
dx

Exemplo 2.6 (a) Para f (x) = x27 , f 0 (x) = 27x26 .

dy
(b) Para y = x−4 , dx
= −4x−5 .

Exemplo 2.7 Usando a regra da potência (teorema 2.4) e os teoremas 2.1 e 2.3,
obtemos:
(a)

d d d
dx
(3x5 + 4) = dx
(3x5 ) + dx
(4)
d d
= 3 dx (x5 ) + dx
(4)

= 3 · 5x4 + 0

= 15x4 .
Profa. Dra. Lilian Milena Ramos Carvalho 73

Ou seja, para f (x) = 3x5 + 4, f 0 (x) = 15x4


(b)

d d d
dx
(7x4 − 5x−3 ) = 7 dx (x4 ) − 5 dx (x−3 )

= 7(4x3 ) − 5(−3x−4 )

= 28x3 + 15x−4 .

Ou seja, para f (x) = 7x4 − 5x−3 , f 0 (x) = 28x3 + 15x−4 .

Exemplo 2.8 Para f (x) = 6x5 − 3x4 − 2x3 + 4x2 − 6x + 5,

f 0 (x) = 6(5x4 ) − 3(4x3 ) − 2(3x2 ) + 4(2x) − 6(1)

= 30x4 − 12x3 − 6x2 + 8x − 6

Teorema 2.5 (Regra do Produto) Sejam f e g diferenciáveis em x. Então, a


função produto f g é diferenciável em x e

(f g)0 (x) = f 0 (x) · g(x) + f (x) · g 0 (x)

Exemplo 2.9 Para f (x) = (2x + 7)(x − 9), calcule f 0 (x).

Solução.

• f (x) = (2x + 7)(x − 9) = 2x2 − 11x − 63

Então,

f 0 (x) = 4x − 11.

• Outra abordagem é aplicando a regra do produto.

£ d
¤ £d ¤
f 0 (x) = dx
(2x + 7 (x − 9) + (2x + 7) dx (x − 9)

= 2(x − 9) + (2x + 7) · 1

= 4x − 11.
74 Cálculo Diferencial e Integral I - Derivada

Exemplo 2.10 Para a função f (x) = (3x3 − 6x)(9x4 + 3x3 + 3), é mais fácil
usar a regra do produto para calcular a derivada:
£ d
¤ £d ¤
f 0 (x) = dx
(3x3 − 6x) (9x2 + 3x2 + 3) + (3x3 − 6x) dx (9x4 + 3x3 + 3)

= (9x2 − 6)(9x4 + 3x2 + 3) + (3x3 + 6x)(36x3 + 9x2 )

= 189x6 + 54x− 270x4 − 72x3 + 27x2 − 18.

Teorema 2.6 (Regra do Quociente) Sejam f e g diferenciáveis em x, com g(x) 6=


0. Então, o quociente fg é diferenciável em x e
µ ¶0
f f 0 (x) · g(x) − f (x) · g 0 (x)
(x) = .
g [g(x)]2
3x2 +7x+1
Exemplo 2.11 Calcule f 0 (x) para f (x) = 9−x3
.

Solução. Pela regra do quociente, temos:


£ d
¤ £d ¤
0 dx
(3x2 + 7x + 1) (9 − x3 ) − (3x+ 7x + 1) dx (9 − x3 )
f (x) =
(9 − x3 )2
(6x + 7)(9 − x3 ) − (3x2 + 7x + 1)(−3x2 )
=
(9 − x3 )2
3x4 + 14x3 + 3x2 + 54x + 63
= .
x6 − 18x3 + 81
¦

Exemplo 2.12 Prove a regra da potência diferenciando f (x) = x−n , em que n é


um inteiro positivo e x 6= 0.

1
Solução. Escrevendo f (x) = xn
e aplicando a regra do quociente e a regra da

potência para n > 0, temos:

0
0 · xn − 1 · nxx−1
f (x) = = nxn−1−2n = nx−n−1 .
x2n

¦
Profa. Dra. Lilian Milena Ramos Carvalho 75

Exemplo 2.13 Encontre uma equação para reta tangente ao gráco de y = x2 +x−2
no ponto (1, 2).

Solução. Para f (x) = x2 + x−2 , temos que f 0 (x) = 2x − 2x−3 . Então,

f 0 (1) = 2 − 2 = 0. Portanto, a reta desejada é horizontal. Como ela tem inclinação

0 e contém o ponto (1, 2), sua equação é y = 2. ¦

2.2.2 Exercícios

1. Encontre a derivada da função:


(a) f (x) = 8x3 − x2 . x4 + 4x + 4
(h) f (x) = .
1 − x3
(b) f (x) = ax3 + bx. (i) f (x) = 5x−3 − 2x−5 .
x2 + 5 ¡ ¢
(c) f (x) = . (j) f (x) = (x − 2) x + x1 .
2

(d) f (x) = (x − 1)(x + 2). ¡ ¢2


(k) f (x) = 1 + x3 .
µ ¶2
(e) f (x) = (x3 − x) .
2 x+1
(l) f (x) = .
x−1
3 4
(f) f (x) = 5x2 + 2x + − . (m) f (x) = (x5 + x−2 )(x3 − x−7 ).
x x2
6 x−3 − x4
(g) f (x) = . (n) f (x) = .
3−x x5
2. Encontre f 0 de dois modos: Primeiro, pela regra do produto; depois, expandindo

para eliminar os parênteses.


µ ¶µ ¶
(a) f (x) = (x2 + 2)(x2 − 2). 1 1
(c) f (x) = .
x+1 x+2
(b) f (x) = (x3 + 7)(3x4 + x + 9). (d) f (u) = (u2 +u+1)(u2 −u−1).
3. Use a regra do produto para estabelecer a seguinte fórmula para a derivada do

produto de três funções:

(f gh)0 (x) = f 0 (x) · g(x) · h(x) + f (x) · g 0 (x) · h(x) + f (x) · g(x) · h0 (x)
76 Cálculo Diferencial e Integral I - Derivada

4. Utilize o resultado do exercício 3 para calcular a derivada.

(a) f (s) = (2s − 1)(s − 3)(s2 + 4).


µ ¶µ ¶µ ¶
1 1 1
(b) f (x) = .
x x+1 x+2
3
(c) f (x) = (2x3 − 6x + 9 .

5. Use a regra do produto e o resultado do exercício 3 para estabelecer as seguintes

regras de diferenciação:

0
(a) (f 2 ) (x) = 2f (x)f 0 (x) , [f 2 (x)] = [f (x)]2 .

0
(b) (f 3 ) (x) = 3f 2 (x)f 0 (x) , [f 3 (x)] = [f (x)]3 .

6. Use o resultado do exercício 5 para calcular f 0 (x).


1
(a) f (x) = . µ ¶
(x − 6)3 x−1 3
(c) f (x) = .
x
(b) f (x) = (x + 2)(x − 1)2 .

7. Encontre uma equação para a reta tangente ao gráco da função dada no ponto

dado:

x−1
(a) f (x) = x+1
no ponto (1, 0).
¡ ¢2
(b) f (x) = 1 − x1 no ponto (1, 0).

8. Encontre uma equação para a reta tangente ao gráco da função dada no ponto

dado:

(a) f (x) = 2x3 + 1, (1, 3).

2
¡ ¢
(b) f (x) = x2
, no ponto 2, 12 .

b
9. Encontre a constante b se o gráco de y = x2
tem tangente 4y − bx − 21 = 0

quando x = −2.
Profa. Dra. Lilian Milena Ramos Carvalho 77

10. Use o resultado do exercício 5 para encontrar uma fórmula para derivada de

f (x) = 3 x. (sugestão: Use o fato de que f (x) · f (x) · f (x) = x).

2.3 A Derivada como Taxa de Variação

Até agora temos interpretado a derivada como a inclinação da reta tangente ao gráco

de uma função. Existe, entretanto, uma outra interpretação que é extremamente

importante - a interpretação da derivada como taxa de variação.

Por exemplo, se a(t) é a área da superfície de um cubo de gelo que derrete no

tempo t, então, veremos que a0 (t) representa a taxa na qual a área da superfície está

variando.

2.3.1 Velocidade como Medida pela Derivada

Imagine um objeto que se mova ao longo de uma reta, tal como, por exemplo, um

automóvel sobre uma pista. Na física, denimos a velocidade de tal objeto pela

equação
V ariac0 ão na P osic0 ão
V elocidade = . (2.4)
V ariac0 ão no T empo

O signicado da equação (2.4) é que ela representa uma velocidade média para o

período de tempo em questão. De fato, muitas vezes durante o percurso a velocidade

do objeto pode assumir valores diferentes.

Existe uma situação especial na qual podemos utilizar a teoria da derivada para

denir a velocidade de um objeto em cada instante, ao invés de ter apenas a velo-

cidade média em um intervalo de tempo nito.

Primeiro, o movimento do objeto deve ser ao longo de uma reta (movimento reti-

líneo), ao invés de ao longo de uma curva geral. segundo, devemos ter uma função
78 Cálculo Diferencial e Integral I - Derivada

posição s que fornece a localização s(t) do objeto ao longo da reta para cada tempo
t.

Para denir a velocidade de um objeto no tempo t0 (velocidade instantânea no

tempo t0 ), observamos que se h 6= 0, então s(t0 + h) − s(t0 ) é a mudança (variação)

na posição do objeto correspondente ao intervalo de tempo com pontos nais t0 e

t0 + h.

Assim, a expressão

s(t0 + h) − s(t0 )
V elocidade M édia = (2.5)
h

é precisamente a velocidade (média) como denida pela equação (2.4).

Quando h → 0 a velocidade média corresponde ao intervalo de tempo que vai

diminuindo fornece uma medida precisa da velocidade no instante t = t0 . Pior esta

razão, denimos a velocidade no tempo t = t0 como sendo o valor limite destas

velocidades médias, isto é,

s(t0 + h) − s(t0 )
v(t0 ) = lim = s0 (t0 ) (2.6)
h→0 h

se este limite existir.

A equação (2.6) simplesmente nos diz que a velocidade é a derivada da função

posição.

Denição 2.4 Se a função diferenciável s fornece a posição no tempo t de um objeto


que se move ao longo de uma reta, então a velocidade v(t) no tempo t é a derivada

v(t) = s0 (t).

Isto é,
d
v(t) = s(t).
dt

Exemplo 2.14 Iniciando no tempo t = 0, uma partícula move-se ao longo de uma


reta tal que sua posição no tempo t segundos é s(t) = t2 − 6t + 8 metros.
Profa. Dra. Lilian Milena Ramos Carvalho 79

(a) Calcule sua velocidade no tempo t.

(b) Quando sua velocidade é zero?

Solução.

(a) De acordo com a denição 2.4, a velocidade no tempo t é:

v(t) = s0 (t) = 2t − 6 metros por segundo.

(b) Fazendo v(t) = 0, temos que 2t − 6 = 0, tal que t = 3. Portanto, a partícula

tem velocidade zero para t = 3 segundos.

Figura 2.2:

Observação 2.2 A partícula no exemplo 2.14 inicia seu movimento em s(0) = 8


meros da origem no tempo t − 0. Quando t aumenta de zero a 3, s(t) decresce de

8 metros para s(3) = −1 metros. Como a partícula move-se ao longo de uma reta,

então, ela move-se para esquerda no intervalo 0 ≤ t < 3.


80 Cálculo Diferencial e Integral I - Derivada

Figura 2.3:

A velocidade v(t) é negativa para t < 3. Para t > 3, a posição s(t) aumenta

quando t aumenta, tal que v(t) > 0. Em t = 3, a partícula inverte o sentido.

Exemplo 2.15 Uma pedra é solta de uma janela a 100 metros acima do chão. En-
contre sua velocidade e o módulo da velocidade quando ela atinge o chão.

Solução. O movimento da pedra é ao longo da uma reta vertical. Vamos considerar

que o movimento para cima é positivo (convenção). Também, tomamos a origem do

movimento como sendo na altura da janela.

No tempo tsegundos, a pedra que cai livremente tem posição s(t) = −4.9t2 metros.

A pedra atingirá o solo quando,

s(t0 ) = −4.9t20 = −100m

ou, quando
r
100
t0 = =4.5s.
e
4.9
A função velocidade é

v(t) = s0 (t) = −9.8t m/s.

Assim, a velocidade no tempo de impacto t0 será

v(t0 )=v(4.5)
e = −(9.8)(4.5) = −44. m/s.
Profa. Dra. Lilian Milena Ramos Carvalho 81

O módulo da velocidade é

|v(4.5)| = | − 44.1| = 44.1 m/s.

Exemplo 2.16 Um objeto é lançado verticalmente para cima, a partir do nível do


chão, com uma velocidade inicial de 72 m/s. Sua função posição t segundos após

é s(t) = 72t − (4.9)t2 metros. de acordo com esta função posição,

(a) Quando o objeto para de subir?

(b) Qual é a sua altura máxima?

Solução.
(a)

d
v(t) = (72t − 4.9t2 ) = 72 − 9.8t.
dt

Fazendo v(t) = 0,

72
72 − 9.8t = 0 ⇒ t = =7.35s.
e
9.8

(b) A altura máxima é

s(7.35) = 72(7.35) − 4.9(7.35)2 = 264.5 m.

Exemplo 2.17 Suponha que um balão esférico é inado, tal que, no tempo t (em
segundos) seu raio é 2t centímetros. Qual é a taxa média de variação da área de

sua superfície de t = 1 a t = 2? Qual é a taxa instantânea da variação de t = 2?


82 Cálculo Diferencial e Integral I - Derivada

Solução. A área da superfície de uma esfera de raio r é 4πr 2 . Como r =

2t centímetros, então, a área da superfície a(t) é dada pro:

a(t) = 4πr 2 = 4π(2t)2 = 16πt2 .

A taxa média de variação da área da superfície de t = 1 até t = 2 é

a(2) − a(1) 64π − 16π


= = 48π cm2 /s.
2−1 1

Para determinar a taxa instantânea de variação da área da superfície quando

t = 2, calculamos a derivada a0 (t).

a0 (t) = 32πt.

Para t = 2,

a0 (2) = 64π cm2 /s.

2.3.2 Exercícios

1. Calcula a taxa média de variação da função dada no intervalo de tempo dado.

Então, calcule a taxa instantânea de variação no tempo t0 especicado.

(a) s(t) = (1 + t)2 , 2 ≤ t ≤ 3, t0 = 2s .



(b) f (t) = t(1 − t3 ), 0 ≤ t ≤ 1, t0 = 1 .

2. A função s fornece a posição de uma partícula que se move ao longo de uma

reta. Calcule a velocidade v(t); o tempo t ≥ 0 para qual a velocidade é zero e

os intervalos em [0, ∞) sobre os quais a velocidade é positiva.


(a) s(t) = 3t − 2. (c) s(t) = t3 − 92 + 24t + 10.
1
(b) s(t) = . (d) s(t) = t3 − 6t2 + 9t + 7.
1+t
Profa. Dra. Lilian Milena Ramos Carvalho 83

3. Uma partícula move-se ao longo de uma reta tal que sua posição no tempo t é
t2 +2
s(t) = t+1
unidades. Calcule sua velocidade no tempo t = 3.

4. Uma bola de neve esférica cujo raio inicial é 10, 16 cm inicia seu derretimento,

de forma que seu raio decresce de com a fórmula r = 4 − t2 , t medido em

minutos.

(a) Qual a taxa média de variação de seu volume nos intervalos de tempo

0 ≤ t ≤ 1 e 1 ≤ t ≤ 2?

(b) Qual é a taxa instantânea da variação de seu volume em t = 1?

5. se uma parábola é projetada verticalmente para cima a partir do solo, com uma

velocidade inicial v0 , sua altura após tsegundos é s(t) = v0 t−4.9t2 metros.

Suponha que v0 = 98 m/s.

(a) Qual a velocidade da partícula no tempo t?

(b) Em que tempo a partícula atinge sua altura máxima?

(c) Qual é a altura máxima?

(d) Qual sua velocidade quando ela atinge o chão?

2.4 Derivada das Funções Trigonométricas

Teorema 2.7 A função f (x) = sen x é diferencial para todo x, e f (x)0 = cos x.
A função g(x) = cos x é diferenciável para todo x, e g 0 (x) = −sen x. Isto é,

d
sen x = cos x
dx

e
d
cos x = −sen x.
dx
84 Cálculo Diferencial e Integral I - Derivada

Demonstração. A demonstração deste teorema usa os limites:

sen h 1 − cos h
lim =1 e lim = 0.
h→0 h h→0 h

d sen (x + h) − sen x
dx
sen x = lim
h→0 h
(sen x cos h + cos xsen h) − sen x
= lim
h→0 h
sen x(cos h − 1) + cos xsen h
= lim
h→0 h
· µ ¶ µ ¶¸
cos h − 1 sen h
= lim sen x + cos x
h→0 h h
µ ¶ µ ¶
cos h − 1 sen h
= sen x lim + cos x lim
h→0 h h→0 h

= [(sen x) (0)] + [(cos x) (1)]

= cos x

d cos(x + h) − cos x
dx
cos x = lim
h→0 h
(cos x cos h − sen xsen h) − cos x
= lim
h→0 h
cos x(cos h − 1) − sen xsen h
= lim
h→0 µ h ¶ µ ¶
cos h − 1 sen h
= cos x lim − sen x lim
h→0 h h→0 h
= [(cos x)(0)] − [(sen x)(1)]

= −sen x

Exemplo 2.18 Para y = x3 sen x, a derivada é

d d d
dx
(x3 − sen x) = dx
(x3 ) · sen x + x3 dx sen x

= 3x2 · sen x + x3 · cos x.


Profa. Dra. Lilian Milena Ramos Carvalho 85

Exemplo 2.19 Para a função f (t) = sen π t, a taxa média de variação no intervalo
£1 1
¤
,
4 2
é:
∆f sen ( π
2)
−sen ( π
4)
∆t
= 1
−1
2 4

1− 22
= 1
4

= 4−2 2

=
e 1, 17.
1
A taxa instantânea de variação em t = 4
é:

¡π¢ ¡π¢
f0 4
= π cos 4

π 2
= 2

=
e 2.22

Exemplo 2.20 Calcule dy


dx
para y = 2−cos x
2+cos x
.

Solução.
dy (2+cos x)·[ dx
d
(2−cos x)]−(2−cos x)·[ dx
d
(2+cos x)]
dx
= (2+cos x)2
(2+cos x)[−(−sen x)]−[(−sen x)(2−cos x)]
= (2+cos x)2

4sen x
= (2+cos x)2

Exemplo 2.21 Calcule a derivada de y = tan x, onde ela for denida, e determine
para quais valores de x a função y = tan x é diferenciável.

Solução.
d d
¡ sen x ¢
dx
tan x = dx cos x
d d
cos x· dx sen x−sen x· dx cos x
= 2
cos x

cos2 x+sen 2 x
= cos2 x

1
= cos2 x

= sec2 x.
86 Cálculo Diferencial e Integral I - Derivada

A tan x e a sec x são diferenciáveis para todos os valores de x em cos x 6= 0,


¡ ¢
x 6= π2 + nπ, n = 0, 1, 2 . . . . ¦

Tente mostrar que:

d
dx
cot x = −cosec 2 x.

d
dx
sec x = sec x · tan x.

d
dx
cosec x = −cosec x · cot x.

Exemplo 2.22 Calcule f 0 (x) para f (x) = sec x tan x.

Solução.

d
¡ d
¢ ¡d ¢
dx
(sec x · tan x) = dx
sec x · tan x + sec x · dx tan x

= (sec x · tan x) · tan x + sec x · (sec2 x)

= sec x(tan2 x + sec2 x)


¦

2.4.1 Exercícios

1. Calcule f 0 (x).
(a) f (x) = 4 cos x (f) f (x) = sec x · tan x

x
(b) f (x) = x3 tan x (g) f (x) = 2+sen x

sen x−cos x
(c) f (x) = (x3 − 2) cot x (h) f (x) = 1+tan x

x2 +4 cot x
(d) f (x) = sen x · sec x (i) f (x) = x+tan x

3cosec x
(e) f (x) = x cos x − xsen x (j) f (x) = 4x2 −5 tan x

2. Encontre uma equação para a reta tangente ao gráco de y = xsen x, no ponto

(π, 0).
Profa. Dra. Lilian Milena Ramos Carvalho 87

3. Para que números x no intervalo [0, 4π] é a tangente do gráco de y = sec x

horizontal?

4. A gura 2.4 mostra um bloco preso a uma mola sobre uma superfície horizontal

sem atrito. Se o bloco oscila ao longo superfície, tal que no tempo t sua posição

é dada por s(t) = 20 + 6sen t cm, calcule.

(a) Sua velocidade no tempo t,

(b) Sua velocidade em t = π segundos,

(c) O tempo para o qual o bloco muda de sentido.

Figura 2.4:

2.5 Regra da Cadeia

Antes de denir a regra da cadeia, consideremos o caso especial de uma potência g n

de uma função g .

Se g é uma função diferenciável de x, a regra do produto pode ser aplicada para

calcular a derivada de seu quadrado:

0
(g 2 ) (x) = (g · g)0 (x)

= g 0 (x) · g(x) + g(x) · g 0 (x)

= 2g(x) · g 0 (x).
88 Cálculo Diferencial e Integral I - Derivada

Generalizando, podemos obter a Regra de Potência para Funções:

Se u = g(x) e y = un = g n (x), temos:

dy du
= nun−1 = n [g(x)]n−1 · g 0 (x).
dx dx

Exemplo 2.23 Calcule h0 (x), se h(x) = (x4 − 6x2 )3 .

Solução. Seja g(x) = x4 − 6x2 . Então, g 0 (x) = 4x3 − 12x.

Portanto,
2
h0 (x) = 3(x4 − 6x2 ) (4x3 − 12x).

³ ´9
Exemplo 2.24 Para y = x−3
x3 +7
, calcule dy
dx
.

Solução.
x−3
g(x) =
x3 + 7

0
(x3 + 7)(1) − (x − 3) · (3x2 ) −2x3 + 9x2 + 7
g (x) = = .
(x3 + 7)2 (x3 + 7)2

Então,
³ ´8 ³ ´
dy x−3 −2x3 +9x2 +7
dx
= 9 x3 +7 (x3 +7x2 )2
9(−2x3 +9x2 +7)(x−3)8
= (x3 +7)10
¦

Exemplo 2.25 Calcule dy


dx
para y = sen 2 x.

Solução. Seja g(x) = sen x. Então, g 0 (x) = cos x.

Portanto,
dy
= 2 · sen x · cos x
dx
. ¦
Profa. Dra. Lilian Milena Ramos Carvalho 89

Teorema 2.8 (Regra da Cadeia) Se g é diferenciável em x e f é diferenciável em


u = g(x), então, a função composta f ◦ g é diferenciável em x, e

(f ◦ g)0 (x) = f 0 [g(x)] · g 0 (x).

Isto é,
d
f (g(x)) = f 0 [g(x)] · g 0 (x).
dx

Na notação de Leibniz: Se y = f (u) e u = g(x), então,

dy dy du
= · .
dx du dx

Exemplo 2.26 Para y = 1


(6x3 −x4
, calcule dy
dx
.

1
Solução. Seja u = 6x3 − x. Então, y = u4
= u−4 .
dy du
Portanto, dx
= −4u−5 e dx
= 18x2 − 1.

Assim, pela Regra da Cadeia (teorema 2.8),

dy dy du
dx
= du
· dx

= −4u−5 (18x2 − 1)

= −4(6x3 − x)−5 (18x2 − 1)


−4(18x2 −1)
= (6x3 −x)5
.

Exemplo 2.27 Calcule dy


dx
para y = sen (6x2 − x).

Solução. Podemos olhar esta função como uma composição de em que a função
dy
de fora é y = sen u, com dx
= cos u. A função de dentro é, u = 6x2 − x, com
du
dx
= 12x − 1.
90 Cálculo Diferencial e Integral I - Derivada

Então, pela Regra da Cadeia,

dy dy du
dx
= du
· dx

= cos u · (2x − 1)

= (12x − 1) · cos(6x3 − x).

Exemplo 2.28 Calcule dy


dx
para y = tan2 (4x3 − 1).

Solução. Temos que usar a Regra da Cadeia duas vezes.

Seja y = u2 , em que u = tan(4x3 − 1). Pela regra da potência,

dy du
= 2u .
dx dx

du
Para calcular dx
, seja v = 4x3 − 1. Aplicando novamente a regra da cadeia,

temos:
du dv
= (sec2 v), = (sec2 v)(12x2 ).
dx dx

Portanto,
dy £ ¤ £ ¤
= 2 tan(4x3 − 1) · sec2 v · (12x2 ).
dx

2.5.1 Exercícios

1. Forme a função composta y = f [g(x)] com u = g(x). Então, calcule


dy dy du
dx
= du
= dx
usando a regra da cadeia (teorema 2.8):
(a) f (u) = u3 + 1, g(x) = 1 − x2 (c) f (u) = tan u, g(x) = 1 + x4

1 1
(b) f (u) = u(1 − u2 ), g(x) = x
(d) f (u) = 1+u
, g(x) = sen 2 x
Profa. Dra. Lilian Milena Ramos Carvalho 91

dy dy du
2. Determine a função f (u) tal que y = f (u). Então, calcule dx
= du
= dx

usando a regra da cadeia:


³ ´4
(a) y = sen (x2 + x), u = x2 + x (c) y = 3x+7
, u= 3x+7
3x−7 3x−7

³ ´4
1+sen x
(b) y = 1−sen x
, u = sen x (d) y = 3x+7
, u = 3x
3x−7

dy
3. Calcule dx
usando a regra da cadeia:
3
(a) y = (x2 + 4) .
(i) y = x cos(1 − x2 ).
(b) y = (cos x − x)6 .
tan2 x+1
(j) y = 1−x
.
(c) y = sen (x3 + 3x).
x
(k) y = (x2 +x+1)6
.
(d) y = tan(x2 + x).
³ ´4
ax+b
(l) y = cx+d
.
3
(e) y = x(x − 5) . 4

1
(m) y = 1+cos3 x
.
1
(f) y = (x2 −9)3
.
1
(n) y = (1+x4 )3
.
(g) y = (3 tan x − 2)4 .
³ ´4 (o) y = tan(6x) − 6 tan x.
x−3
(h) y = x+3
.

4. Aplique a regra da cadeia duas vezes, se necessário, para calcular:


h i6
4
(a) y = sec3 4x. (d) y = 1 + (x2 − 3) .
³ ´
(b) y = tan2 (π − x2 ). (e) y = cos2 1+x
1−x
.
h i2
2
(c) y = (sen πx − cos πx)4 . (f) y = 1 + 1 + (1 + x2 ) .

5. Encontre uma equação para a reta tangente ao gráco de y = f (x) no ponto

P:
³ ´4
x
(a) y = x+1
, P = (0, 0). ³π ´
−x
(c) y = tan 1+x
4
, P = (0, 1).
(b) y = x cos(π +x2 ), P = (0, 0).
92 Cálculo Diferencial e Integral I - Derivada

6. Suponha que f (1) = 1, g(1) = 2, f 0 (1) = −2, f 0 (2) = 5 e g 0 (1) = 2.

Calcule:

(a) (f ◦ g)0 (1). (b) (g ◦ f )0 (1).

7. Suponha que um balão esférico está sendo inado tal que seu raio está crescendo

a uma taxa de 0.5polegadas/s. Com que velocidade seu volume cresce quando

seu raio é 5 polegadas?

2.6 Diferenciação Implícita e Função Potência Raci-

onal

Muitas equações em x e y não podem ser manipuladas algebricamente em formas ex-

plícitas como y = f (x) ou x = g(y). A despeito disso o gráco de uma tal equação

pode ainda ter uma reta tangente em qualquer ponto (x0 , y0 ). Para encontra equa-

ções para estas tangentes, necessitamos calcular suas inclinações. Estas, se existirem,

podem ser obtida utilizando uma técnica chamada de diferenciação implícita.

Quando diferenciamos implicitamente, supomos que y é uma função de x e obte-


dy
mos dx
diferenciando ambos os lados da equação sem resolver explicitamente para y .

Entretanto, quando diferenciamos um termo envolvendo y , devemos lembrar a supo-

sição de que y é uma função de x. Usamos, então, a regra da cadeia para calcular a

derivada apropriada.

2 2
Exemplo 2.29 Calcule a inclinação da reta tangente ao gráco da elipse x16 + y9 = 1,
³ √ ´
no ponto 2, 3 2 3 .

Solução. diferenciando ambos os lados da equação com relação a x e vendo y como


Profa. Dra. Lilian Milena Ramos Carvalho 93

uma função não especicada de x, temos:

2x 2y dy
16
+ 9 dx
= 0
dy 9x
dx
= − 16y , y 6= 0.
³ √ ´
No ponto 2, 3 2 3 , temos:

dy 9·2 3
= − √ = − .
dx 16 · 3 3 4
2

2.6.1 Resumo

A técnica de diferenciação implícita pode ser resumida como se segue:

1. Suponha que a equação dada implicitamente dena y como uma função dife-

renciável não especicada de x.

2. Diferencie ambos os lados da equação dada com relação a x, lembrando que o


dy
fator dx
ocorrerá na diferenciação de qualquer termo envolvendo a função y .

dy
3. Resolva a equação resultante para dx
.

Exemplo 2.30 Usando a diferenciação implícita, calcule dy


dx
para a equação y 2 +

x2 y = 3x2 , e encontre a inclinação da reta tangente ao seu gráco no ponto (2, 2).

Solução.
dy dy
2y dx + x2 dx + 2xy = 6x
dy
dx
(2y + x2 ) = 6x − 2xy
dy 6x−2xy
dx
= 2y+x2
.
Para x = 2 e y = 2, temos

dy 6·2−2·2·2 1
= =
dx 2·2+2·2 2
94 Cálculo Diferencial e Integral I - Derivada

que é a incli9nação desejada. ¦

Exemplo 2.31 Encontre uma inclinação da reta normal ao gráco de y 3 − x2 = 7


no ponto (1,2).

Solução.

dy
3y 2 dx − 2x = 0
dy 2x
dx
= 3y 2
.

No ponto (1,2) a inclinação da tangente é

2·1 2 1
m1 = = = .
3· 22 12 6

Assim, a inclinação da normal, que é perpendicular à tangente, é

1
m2 = − = −6.
m1

Uma equação para reta normal é

y − 2 = −6(x − 1).

Exemplo 2.32 Encontre a inclinação da reta tangente ao gráco da equação

sen (xy) = x2 cos y

¡ ¢
no ponto 2, π2 .
Profa. Dra. Lilian Milena Ramos Carvalho 95

Solução.

d d
dx
(sen xy) = cos(xy) · dx
(xy)
¡ dy
¢
= cos(xy) · y + x dx
d dy
dx
(x2
cos y) = 2x cos y − x2 sen y dx
¡ dy
¢ dy
cos(xy) · y + x dx = 2x cos y − x2 sen y dx
dy
[x cos(xy) + x2 sen y] dx = 2x cos y − y cos(xy)

ou
dy 2x cos y − y cos(xy)
= .
dx x cos(xy) + x2 sen y

com x cos(xy) + x2 sen y 6= 0.


¡ ¢
No ponto 2, π2 ,
π
dy 2·2·0− 2
· (−1) π
= = .
dx 2 · (−1) + 4 · (−1) 4

Teorema 2.9 (Regra da Potência para o caso de Expoentes Racionarias) Seja


f (x) = x, em que p, q são inteiros, p 6= 0 e q 6= 0. Então, f é diferenciável e

p p / −1
f 0 (x) = x q
.
q

Na notação de Leibniz:
µ ¶
d ¡ p/ ¢ p p / −1
x q
= ·x q
.
dx q

Exemplo 2.33 Calcule f 0 (x) onde,

p
4
f (x) = x3 − x2 + 3.

Solução.
1/
f (x) = (x3 − x2 + 3) 4
.
96 Cálculo Diferencial e Integral I - Derivada

−3 /
1 d
f 0 (x) = 4
· (x3 − x2 + 3) 4
· dx
(x3 − x2 + 3)
−3 /
1
= 4
(x3
− x2 + 3) 4
(3x2 − 2x)
3x2 − 2x
= √ .
4 4 x3 − x2 + 3
¦

Exemplo 2.34 Calcule a velocidade de um objeto cuja posição no tempo t é


2/ √
s(t) = t 3
sen (1 + t).

Solução. Utilizando a regra do produto, regra da potência e a regra da cadeia,

obtemos a função velocidade,


³ ´ ³ ´ ³ ´ ³ ´
2 −1 /3 1/ 2/ 1/ d 1/
v(t) = s0 (t) = 3
t sen 1+ 2
+ t 3
cos 11 + t 2
· dt
1 + t 2

³ ´ ³ ´
−1 1 2 1 −1
= 32 t /3 · sen 1 + t /2 + t /3 cos 1 + t /2 · 12 t /2
³ ´ ³ ´
−1 1 1 1
= 23 t /3 · sen 1+ /2 + 12 t /6 cos 1+ /2
¦

2.6.2 Exercícios

1. Calcule f 0 (x)
4/
(a) f (x) = (x + 2) 3
2/
(x2 + 1) 3

(h) f (x) = 4
√ (1 − x2 ) /3
(b) f (x) = x + √1
x
√3
(i) f (x) = sen 2 x
2/ −7 /
(c) f (x) = x 3
+x 3 ³ ´
1 4
x /4 x /3 − x
−2 2
(j) f (x) = √ 1/
(d) f (x) = (x2 − 1) (x2 + 1) (sen 3 x − x) 3
³ ´
p √
5
(k) f (x) = sen /2 x /3
2

(e) f (x) = 1+ 3x
√ √ √
3
x (l) f (x) = sen 3
x + 3 sen x
(f) f (x) = √
3
x+x

√ √ √ (m) f (x) = sec 4
3x + 1
(g) f (x) = x + 4 x + 8 x
Profa. Dra. Lilian Milena Ramos Carvalho 97

dy
2. Encontre dx
por diferenciação implícita.
(a) x2 + y 2 = 25
(h) cot y = 3x2 + cot(x + y)
1/ 1/
(b) x 2
+ 2
=4
1
(i) sen (xy) = 2
(c) x = tan y
(j) y 4 = x5
(d) xsen y = y cos x
(k) sen (x + y) + cos(x − y) = 1
1/
(e) (xy) 2
= xy − x
(l) y 2 + 3 = x sec y
(f) x3 + x2 y + xy 2 + y 3 = 15
(m) x = sen 2y

(g) x + y = xy − x

3. Encontre uma equação para a reta tangente ao gráco determinado pela equação

dada no ponto dado.


(a) xy = 9, (3,3) x+y
(c) = 4, (5,3)
x−y
(b) x3 + y 3 = 16, (2,2) (d) y 4 + 3x − x2 sen y = 3, (1,0)

4. Encontre as equações de todas as retas tangentes horizontais e verticais,


(a) x2 + y 2 = 2
(c) x2 + y 2 + 2x + 4y = −4
(b) x2 − y 2 = 1

5. Encontre uma equação para a reta normal à curva 9x2 + 16y 2 = 144 no ponto
³ √ ´
2, 3 2 3 .

6. Determine os pontos sobre a curva 5x2 + 6xy + 5y 2 = 8, onde a tangente é

paralela à reta x − y = 1.

7. Suponha que x e y satisfaçam a equação da hipérbole y 2 − x2 = 1.

(a) Obtenha a equação para duas funções contínuas denidas implicitamente

y = f1 (x) e y = f2 (x).
98 Cálculo Diferencial e Integral I - Derivada

(b) Calcule as derivadas de f1 e f2 .

dy
(c) Calcule dx
diferenciando y 2 − x2 = 1 implicitamente.

(d) Verique que sua resposta na parte (c) concorda com a aquela da parte

(b).
¯ dy ¯
(e) Mostre ¯ dx ¯ < 1 para todos os pontos na hipérbole.
Profa. Dra. Lilian Milena Ramos Carvalho 99

2.7 Derivada de Ordem Superior

Dada uma função diferenciável f , primeiro encontramos sua derivada f 0 . Então, se f 0

é diferenciável, derivamos novamente, isto é,(f 0 )0 = f 00 . Esta nova função é chamada

de derivada segunda de f .

Assim,

f 00 (x) = (f 0 )0 (x)

Na Notação de Leibniz, se y = f (x),


µ ¶
d2 y d dy
= .
dx2 dx dx

O 2 que aparece na notação indica que temos diferenciado a função f duas vezes.

Não é, portanto, um expoente.

Este procedimento pode ser continuado. Assim, se n ≥ 4, f n (x) denota o valor

da n-ésima derivada de f em x.

Exemplo 2.35 Para a função polinomial,

f (x) = x4 − 4x3 + 3x2 − 5x + 3

temos:

f 0 (x) = 4x3 − 12x2 + 6x − 5

f 00 (x) = 122 − 24x + 6

f 3 = 24x − 24

f 4 = 24

f n = 0, para n ≥ 5
100 Cálculo Diferencial e Integral I - Derivada

Exemplo 2.36 Calcule as três primeiras derivadas da função

f (x) = x3 + x. sin x

Solução.

dy
18x + 8y = 0
dx
dy 9x
= −
dx 4y
dy
d2 y 9.4y − (9x).4 dx
=
dx2 16y 2
dy
36y − 36x dx
= −
16y 2
³ ´
36y − 36x. − 9x
4y
= −
16y 2
9 81x2
= − −
4y 16y 3
36y 2 + 81x2
= −
16y 3
9(4y 2 + 9x2 )
= −
16y 3
9.36
= −
16y 3
81
= −
4y 3
Profa. Dra. Lilian Milena Ramos Carvalho 101

2.7.1 Aceleração

Para uma partícula que se move ao longo de uma reta, a aceleração é denida como

sendo a taxa instantânea de variação da velocidade. Assim, se v é uma função da

velocidade diferenciável, a aceleração a(t) é denida como:

v(t + h) − v(t)
a(t) = lim = v 0 (t)
h→0 h

Ou seja, a aceleração é a derivada primeira da velocidade. Lembrando que, se s(t)

é a posição da partícula, então, v(t) = s0 (t), temos que a aceleração é a derivada

segunda de s(t). De fato,

a(t) = v 0 (t) = s00 (t)


dv d2 s
a= =
dt dt2

Exemplo 2.37 Uma particula move-se ao longo de uma reta, tal que no tempo t
segundos sua posição é s(t) = t3 − 6t2 + 7t − 2 m.

(a) Encontre a aceleração a(t) no tempo t.

(b) Encontre a aceleração inicial a(0)

(c) Encontre a velocidade v(t0 ) no tempo t0 para o qual a aceleração é zero.

Solução.

(a) v(t) = s0 (t) = 3t2 − 12t + 7

a(t) = v 0 (t) = s00 (t) = 6t − 12

(b) a(0) = −12 m/s2


102 Cálculo Diferencial e Integral I - Derivada

(c) para encontrar o tempo t0 para o qual a aceleração é zero, resolvemos.

a(t0 ) = 6t0 − 12 = 0

Portanto, t0 = 2 Naquele instante a velocidade é

v(2) = 3(2)2 − 12(2) + 7 = −5 m/s

Exercício 2.1 1. Calcule f 00 (x)


(a) f (x) = 2x3 − 6x
(e) f (x) = tan2 x
(b) f (x) = x5 − 3x−2
(f) f (x) = x − x. sec x
1
(c) f (x) = 1+x
(g) f (x) = (x3 + 1)5
(d) f (x) = sin2 x
d2 y
2. Calcule dx2

(a) y = x−2

dy
(b) dx
= sec x tan x

(c) y = x3 cos x

1
(d) y = 1−x2

3. Calcule a derivada indicada

x
(a) f 00 (x) para f (x) = x+2

d4 y
(b) dx4
para y = (x2 − 1)4
Profa. Dra. Lilian Milena Ramos Carvalho 103

Exercício 2.2 1. Calcule f 0 (x)


4
(a) f (x) = (x + 2) 3
2
(x2 +1) 3
(h) f (x) = 4
√ (1−x2 ) 3
(b) f (x) = x+ √1
x

3
(i) f (x) = sin x2
2 −2
(c) f (x) = x 3 + x 3
1 4
x 4 (x 3 −x)
(j) f (x) = √ 1
(sin3 x− x) 3
(d) f (x) = (x2 − 1)−2 (x2 + 1)2
5 2)
(k) f (x) = sin 2 (x
3
p √
(e) f (x) = 1+ 3x
1 4
x 4 .(x 3 −x)

(l) f (x) = √ 1
3
x (sin3 x− x) 3
(f) f (x) = √
3
x+x

(m) f (x) = sec 4
3x + 1
√ √ √
(g) f (x) = x+ 4x+ 8x
dy
2. Encontre dx por diferenciação implícita.
2 2
(a) x + y = 25
(h) cot y = 3x2 + cot(x + y)
1 1
(b) x + y = 4
2 2

1
(i) sin(xy) = 2
(c) x = tan y
(j) y 4 = x5
(d) x sin y = y cos x
(k) sin(x + y) + cos(x − y) = 1
1
(e) (xy) = xy − x
2

(l) y 2 + 3 = x sec y
(f) x3 + x2 y + xy 2 + y 3 = 15
(m) x = sin 2xy

(g) x + y = xy − x
3. Encontre uma equação para a reta tangente ao gráco determinado pela equação

dada no ponto dado.


x+y
(a) xy = 9, P(3,3) (c) x−y
= 4, P(5,3)

(b) x3 + y 3 = 16, P(2,2) (d) y 4 + 3x − x2 sin y = 3, P(1,0)


104 Cálculo Diferencial e Integral I - Derivada

4. Encontre as equações de todas as retas tangentes horizontais e verticais.

(a) x2 + y 2 = 2

(b) x2 − y 2 = 1

(c) x2 + y 2 + 2x + 4y = −4

5. Encontre uma equação para a reta normal à curva 9x2 + 16y 2 = 144 no ponto

(2, 3 2 3 ).

6. Determine os pontos sobre a curva 5x2 + 6xy + 5y 2 = 8 onde a tangente é

paralela à reta x − y = 1.

7. Suponha que x e y satisfaçam a equação da hipérbole y 2 − x2 = 1.

(a) Obtenha equações para duas funções contínuas denidas implicitamente

y = f1 (x) e y = f2 (x).

(b) Calcule as derivadas de f1 e f2 .

dy
(c) Calcule dx
diferenciando y 2 − x2 = 1 implicitamente.

(d) Verique que sua resposta na parte (c) concorda com aquela da parte (b).

dy
(e) Mostre que dx
< 1 para todos os pontos na hipérbole.
Profa. Dra. Lilian Milena Ramos Carvalho 105

2.8 Limites quando x → ∞ e quando x → −∞

É possível considerar limites de funções no innito, isto é, quando a variável inde-

pendente torna-se ilimitada. Se a variável x cresce sem limites, dizemos que x se

aproxima do innito (positivo) e escrevemos x → ∞. Similarmente, se x decresce

sem limite, dizemos que x se aproxima do innito (negativo), e escrevemos x → −∞.

Se f (x) se aproxima de um número L quando x → ∞, escrevemos

lim f (x) = L
x→∞

Analogamente, escrevemos

lim f (x) = L
x→−∞

Exemplo 2.38 Seja f (x) = 1


x
,ex=0

-4 -2 0 2 4

-1

-2

-3

Figura 2.5:
106 Cálculo Diferencial e Integral I - Derivada

Observando o gráco, vemos que:

•Quando x → ∞, ou quando x → −∞, f (x) assume valores cada vez mais

próximos de zero.

Assim,
1 1
lim = lim =0
x→∞ x x→−∞ x

Exemplo 2.39 Se n é um inteiro positivo xo, então,


1
lim =0
x→∞ xn
De fato,
µ ¶
1 1 1 1
lim = lim . ...
x→∞ xn x→∞ x x x
µ ¶ µ ¶ µ ¶
1 1 1
= lim . lim . . . lim
x→∞ x x→∞ x x→∞ x

= 0.0 . . . 0 = 0

De maneira análoga,
1
lim =0
x→−∞ xn
2
Exemplo 2.40 Calcule limx→−∞ 3x +7x−6
4x2 −3x+6

Solução. Observamos que tanto o numerador quanto o denominador cresce sem

limite quando x → −∞.

Procedemos, então, como segue:

•Dividimos numerador e denominador por x2


6 7
3x2 + 7x − 6 7+
x2 x

lim = lim 3
x→−∞ 4x2 − 3x + 6 x→−∞ 4 − + x62 x
limx→−∞ .(3 + x7 − 6
x2
)
=
limx→−∞ .(4 − x3 + 6
x2
)
1 1
limx→−∞ 3 + 7 limx→−∞ x
− 6 limx→−∞ x2
=
limx→−∞ 4 − 3 limx→−∞ x1 + 6 limx→−∞ x12
3 + 7.0 − 6.0 3
= =
4 − 3.0 + 6.0 4
Profa. Dra. Lilian Milena Ramos Carvalho 107

Em geral, o limite quanto x → ∞ ou quando x → −∞ de qualquer função racional

para o qual o grau do numerador é menor ou igual ao grau do denominador, pode ser

tratado como neste exemplo. ¦

2.9 Funções Limitadas e Ilimitadas

Uma função f é limitada em um intervalo se existe um número K > 0 tal que

|f (x)| ≤ K

ou equivalente,

−K ≤ f (x) ≤ K

para todo x no intervalo ϕ. O intervalo pode ser aberto, fechado, limitado ou

ilimitado.

Se f não for limitada no intervalo, dizemos que f é ilimitada.

Por exemplo, a função f (x) = sin x é limitada em todo intervalo porque


1
| sin x| ≤ 1 para todo x ∈ IR. Por outro lado, a função f (x) = x2
, x 6= 0 é

limitada no intervalo (0, c) para qualquer c > 0 e é também ilimitada em (d, 0)

para qualquer d > 0. Entretanto, em um intervalo tal como (1, 5) a função f é

limitada.
108 Cálculo Diferencial e Integral I - Derivada

1/x2
2

-1
-4 -2 0 2 4
x

1
Figura 2.6: Observe que no intervalo (1, 5), x2
≤1

1
A função f (x) = x2
não tem limite quando x → 0 porque f (x) cresce sem

limite quando x → 0.

O fato de que o limite não existe é expresso por

1
lim =∞
x→0 x2

De maneira geral, dizemos que uma função f se aproxima de ∞ quando x se

aproxima de c, escrevendo

lim f (x) = ∞
x→c

Similarmente, dizemos que f se aproxima de −∞ quando x se aproxima de c,

escrevendo

lim f (x) = −∞
x→c
Profa. Dra. Lilian Milena Ramos Carvalho 109

Exemplo 2.41 Calcule limx→0+ 2−x


x
, x 6= 0

Solução.
µ ¶
2−x 2
lim = lim −1 =∞
x→0+ x x→0+ x

1
(2-x)/x

-1

-2

-3

-4
-4 -2 0 2 4
x

Figura 2.7:

Similarmente,
µ ¶
2−x 2
lim = lim −1 = −∞
x→0− x x→0− x
Observação. ∞ e −∞ não são números. ¦
110 Cálculo Diferencial e Integral I - Derivada

Exemplo 2.42 Verique se cada um dos limites existe.


Se existir, calcule:

¡1 2
¢
(a) limx→0+ x
− x

¡1 2
¢ ¡ ¢
Solução. limx→0+ x
− x
= limx→0+ − x1 = −∞ ¦

¡ 1 1
¢
(b) limx→0+ x2
− x

¡ 1 1
¢ ¡ 1−x ¢
Solução. limx→0+ x2
− x
= limx→0+ x2
=∞ ¦

£2 ¡2 ¢¤
(c) limx→0+ x
− x
−5

£2 ¡2 ¢¤
Solução. limx→0+ x
− x
−5 = limx→0+ (5) = 5 ¦

Concluímos que uma expressão da forma ∞ − ∞ pode aproximar-se de ∞, −∞ ou

qualquer número nito.



Situações semelhantes ocorrem com as formas indeterminadas ∞
e 0.∞.
Profa. Dra. Lilian Milena Ramos Carvalho 111

Exercício 2.3 Calcule o limite, se existir. Faça o gráco, se necessário.

1+x
1. limx→∞ 1−x


1+x2
2. limx→−∞ x

x3 +2x−4
3. limx→−∞ x2 +1

4. limx→∞ x sin x

−x3 +4x2 +8
5. limx→∞ 2x3 −5x+4

³ ´ 21
22 −x+1
6. limx→−∞ x2 +4

q
1
7. limx→0+ x 1+ x


1− 1−x2
8. limx→0 x2

2.10 Regra de L'Hospital

Suponhamos que f e g sejam diferenciáveis em um intervalo aberto a < x < b, e

que

limx→a+ f (x) = 0 e limx→a+ g(x) = 0

ou

limx→a+ f (x) = +− ∞ e limx→a+ g(x) = +− ∞

em que todas as combinações de sinais + e − nas equações anteriores seja permitido.


f 0 (x)
Suponhamos, ainda que g 0 (x) 6= 0 em (a, b), e que limx→a+ g 0 (x)
= L, em que

L pode ser um número, ∞ ou −∞. Então

f (x)
lim =L
x→a+ g(x)

As armações anteriores são também verdade para x → a− e x → a.


112 Cálculo Diferencial e Integral I - Derivada

¡0¢
Exemplo 2.43 0

sin x
Calcule limx→0 x

Solução. Seja f (x) = sin x e g(x) = x

sin x cos x
Então, limx→0 x
= limx→0 1
=1 ¦

¡0¢
Exemplo 2.44 0

1−cos x
Calcule limx→0 x2

1−cos x sin x
Solução.limx→0 x2
= limx→0 2x

sin x
Como limx→0 2x
ainda é uma forma indeterminada quando x → 0, aplicamos

novamente a regra de L'Hospital.

sin x cos x 1
lim = lim =
x→0 2x x→0 2 2

¡0¢
Exemplo 2.45 0

tan 2x
Calcule limx→0+ x2

0
Esta é uma forma indeterminada do tipo 0
quando x → 0+ . Usando L'Hospital,

temos:
tan 2x 2 sec2 2x
lim = lim
x→0+ x2 x→0+ 2x
pois, sec 2x → 1 quando x → 0.
Profa. Dra. Lilian Milena Ramos Carvalho 113

Exemplo 2.46 ∞

Calcule limx→0− ln x
cot x

1
ln x −sen 2
Solução. limx→0− cot x
= limx→0− x
−cosec 2 x
= limx→0− x

Usando novamente L'Hospital, temos:


−sen 2 x −sen x. cos x
limx→0− x
= limx→0− 1
=0 ¦

Exemplo 2.47 ∞

tan x
Calcule limx→Π (Π−x)2

tan x sec2 x
Solução. limx→Π (Π−x)2
= limx→Π −2(π−x)

A expressão do lado direito não tem limite, pois, quando x → Π seu numerador
tan x
se aproxima de 1, enquanto seu denominador se aproxima de zero. Assim, (Π−x) 2 é

ilimitada quando x → Π.

tan x tan x
De fato, limx→Π− (π−x)2
= −∞ e limx→Π+ (Π−x)2
= +∞ ¦
114 Cálculo Diferencial e Integral I - Derivada

0 ∞
Existem formas indeterminadas que não são do tipo 0
ou ∞
. Por exemplo, ∞−∞

ou 0.∞.
0 ∞
Neste caso, reescrevemos as expressões para deixá-las na forma 0
ou ∞
e, então,

aplicamos a regra de L'Hospital.

Exemplo 2.48 (∞ − ∞)
Calcule limx→0 ( x1 − cosec x)

Solução. Esta expressão é um exemplo da forma indeterminada ∞ − ∞ quando

x → 0.
1 0
Vamos reescrever x
− cosec x para que tenha a forma 0
quando x → 0.

1 1 1 sin x−x
Se x 6= 0 e |x| < Π, temos x
− cosec x = x
− sin x
= x. sin x

0
Esta última expressão é da forma 0
quando x → o. Aplicando L'Hospital, temos:
µ ¶ µ ¶ µ ¶
1 sin x − x cos x − 1
lim − cosec x = lim = lim
x→0 x x→0 x. sin x x→0 sin x + x. cos x

Temos, ainda uma forma indenida do tipo 00 quando x → 0. Aplicando nova-


³ ´ ³ ´
mente L'Hospital, temos limx→0 sincos x−1
x+x. cos x
= lim − sin x
x→0 2 cos x−x. sin x = 0. ¦
Profa. Dra. Lilian Milena Ramos Carvalho 115

Exemplo 2.49 (0.∞)


Calcule limx→0+ x. ln x

Solução. Para usar L'Hospital devemos, primeiro, escrever x. ln x tal que tenha a
0 ∞
forma 0
ou ∞
quando x → 0+ . Então,

ln x
x. ln x = 1
x

e o numerador e o denominador tornam-se innito quando x → 0+ . Usando a regra

de L'Hospital, temos:

1
ln x x
lim x. ln x = lim 1 = lim = lim (−x) = 0
x→0+ x→0+
x
x→0+ − x12 x→0+

¦
116 Cálculo Diferencial e Integral I - Derivada

Exercício 2.4 1. Use a regra do produto e o resultado do exercício 3 para esta-

belecer as seguintes regras de diferenciação:

(a) (f 2 )0 (x) = 2f (x).f 0 (x), (f 2 (x)) = (f (x))2

(b) (f 3 )0 (x) = 3f 2 (x).f 0 (x), (f 3 (x) = (f (x))3 )

2. Use o resultado do exercício 5 para calcular f 0 (x)

1
(a) f (x) = (x−6)3

(b) f (x) = (x + 2).(x − 1)2


¡ x−1 ¢3
(c) f (x) = x

3. Encontre uma equação para a reta tangente ao gráco da função dada no ponto

dado.

x−1
(a) f (x) = x+1
no ponto (1, 0)
¡ ¢2
(b) f (x) = 1 − x1 no ponto (1, 0)

4. Encontre uma equação para a reta normal ao gráco da função dada no ponto

dado.

(a) f (x) = 2x3 + 1, no ponto (1, 0)

2
¡ ¢
(b) f (x) = x2
, no ponto 2, 12

b
5. Encontre a constante b se o gráco de y = x2
tem tangente 4y − bx − 21 = 0

quando x = −2.

6. Use o resultado do exercício 5 para encontrar uma fórmula para a derivada de



f (x) = 3 x.

(Sugestão: Use o fato de que f (x).f (x).f (x) = x)


Capítulo 3

Aplicações da Derivada

Existem muitas situações nas quais desejamos encontrar o valor máximo ou mínimo

de uma função. Por exemplo,

(a) Um engenheiro aeronáutico pode ter necessidade de calcular a velocidade do ar

para o qual uma aeronave trabalha mais ecientemente.

(b) Um químico pode desejar encontrar uma temperatura na qual uma certa reação

química ocorre mais repetidamente.

(c) Uma compania de manufaturação pode desejar determinar a taxa de produção

para o qual seu custo médio por ítem seja um mínimo.

Para resolver problemas aplicados deste tipo devemos primeiro saber como usar o

conceito de derivada para analisar o comportamento de uma dada função.

Os valores extremos de uma função são simplesmente seu maior e menor valor. En-

tretanto, para ser preciso precisamos especicar o conjunto de números sobre os quais

nós estamos maximizando ou minimizando a função. Usualmente, estes conjuntos

serão intervalos ou união de intervalos.

117
118 Cálculo Diferencial e Integral I - Derivada

Denição 3.1 Suponhamos que f seja denida para todo x ∈ S

(i) ϕ valor máximo de f em S é o valor M para o qual

f (c) = M para, no mínimo, um no− c ∈ S ,e

f (x) ≤ M para todo x ∈ S

(ii) ϕ valor mínimo de f em S é o valor m para o qual

f (d) = m para, no mínimo, um no− d ∈ S , e

f (x) ≥ m para todo x ∈ S .

(iii) Por valores extremos de f em S , representamos tanto o valor máximo como o

valor mínimo de f em S .

Figura 3.1: Figura 3.2:

Na Figura 3.1, observe que os extremos M = f (c) e m = f (d) são valores

da função f , enquanto que c e d são números no intervalo [a, b] para os quais estes

valores ocorrem.

É possível, também, que valores máximos ou mínimos ocorram mais de uma vez,

como mostra a Figura 3.2, em que o valor máximo 4 ocorre duas vezes.
Profa. Dra. Lilian Milena Ramos Carvalho 119

Não é necessário que uma dada função tenha um valor máximo ou mínimo em um

conjunto S dado.

Por exemplo, a função f (x) = x2 não tem valor máximo no conjunto (−∞, ∞),

como mostra a Figura 3.3.Analogamente, a função g(x) = x + 1 não tem um valor

mínimo no intervalo aberto (−1, ∞), porque seus valores formam o conjunto de todos

os números reais positivos (0, ∞).

Como não existe o menor de todos os números reais positivos, g não tem um mínimo

em [−1, ∞). Se considerarmos g no intervalo fechado [−1, ∞, então, g tem um

valor mínimo porque g(−1) = 0 e 0 ≤ g(x) para todo x[−1, ∞). Figura 3.4

Figura 3.3: Figura 3.4:

Teorema 3.1 Se uma função f é contínua em um intervalo fechado [a, b], então f
tem um valor máximo e um valor mínimo em [a, b].
120 Cálculo Diferencial e Integral I - Derivada

Observações

A suposição

(i) f é contínua

(ii) ϕ conjunto S é um intervalo fechado [a, b]

são ambas necessárias para garantir a existência de extremos.

Por exemplo, a função f (x) = x sin x denida no intervalo ilimitado [0, ∞) não

possui extremo, pois a suposição (ii) não é satisfeita.

Figura 3.5: A função não tem valor máximo nem mínimo

Considere a função h denida no intervalo [−1, 1], por

h(x) = x1 , x 6= 0 ou 0, x = 0
Profa. Dra. Lilian Milena Ramos Carvalho 121

Figura 3.6:

gráco de uma função descontínua que não tem valor máximo e nem um valor

mínimo.

Neste caso, a suposição (i) não é satisfeita.


122 Cálculo Diferencial e Integral I - Derivada

Teorema 3.2 Suponhamos que f (c) é um extremo de uma função f denida em


um intervalo I . Se c é um ponto interior de I e se f é diferenciável em c, então,

f 0 (c) = 0.

Exercício 3.1 A gura a seguir mostra o gráco da função contínua f (x) = sin x
no intervalo [0, 4Π].

Figura 3.7:

Observemos que:

(a) Os valores máximos f ( Π


2
) = f ( 6Π
2
) = 1 ocorre onde a derivada f 0 (x) = cos x

é igual a zero:
¡ ¢ ¡ ¢
f0 Π 2
= cos Π 2
=0
¡ ¢ ¡ 5Π ¢
f 0 5Π
2
= cos 2
=0

¡ 3Π ¢ ¡ 7Π ¢
(b) Os valores mínimos f 2
=f 2
= −1 ocorrem onde a derivada f 0 (x) =

cos x é igual a zero:


¡ ¢ ¡ 3Π ¢
f 0 3Π
2
= cos 2
=0
¡ ¢ ¡ ¢
f 0 7Π
2
= cos 7Π 2
=0
Profa. Dra. Lilian Milena Ramos Carvalho 123

Exemplo 3.1 A gura a seguir mostra o gráco da função f (x) = 4 − x2 no


intervalo [−3, 3].

Figura 3.8:

ϕ valor máximo de f neste intervalo é f (0) = 4 − (0) = 4.

Como f 0 (x) = −2x, f 0 (0) = 0, o que é consistente com o teorema do valor extremo.

ϕ valor mínimo de f , entretanto, é f (−3) = f (3) = −5.

Observe que não temos f 0 (c) = 0 para c = −3 ou c = 3, pois, f 0 (−3) =

−2.(−3) = 6 e f 0 (3) = −2.3 = −6.

Isto é porque os valores mínimos ocorrem nos pontos nais do intervalo e não em

pontos interiores ao mesmo. Assim, o teorema do valor extremo não se aplica a estes

pontos.
124 Cálculo Diferencial e Integral I - Derivada

Denição 3.2 Seja f uma função denida em um intervalo I e seja c um ponto


interior de I . Então, c é um ponto crítico de f se f 0 (c) = 0 ou f 0 (c)não existe, isto

é, f não é diferenciável em c.

Figura 3.9:

A função cujo gráco é mostrado acima possui cinco pontos críticos x1 , x2 , x3 , x4 , x5 .

A derivada não existe em x4 .

Dizemos que a função, digo, o gráco possui um vértice (ápice, ponta aguda) ali. Nos

outros 4 pontos críticos a tangente ao gráco é horizontal.

Procedimento para encontrar valores máximos e mínimos de uma função contínua

f em um intervalo fechado [a, b].

1. Calcule os pontos críticos.

2. Calcule f (a), f (b) e todos os valores f (c), em que c é um ponto crítico.

3. Escolha o maior e o menor de todos os valores calculados no passo 2.


Profa. Dra. Lilian Milena Ramos Carvalho 125

Exemplo 3.2 Calcule os valores máximos e mínimos de f (x) = 2x3 − 15x2 +


24x + 19 no intervalo [0, 5].

Solução. f 0 (x) = 6x2 − 30x + 24

Fazendo f 0 (x) = 0, temos : 6x2 − 30x + 24 = 0 cuja solução é x = 1 e x = 4.

Como f é uma função polinomial, ela é diferenciável para todo x. Assim, os pontos

críticos x = 1 e x = 4. Os valores de f nos pontos críticos e nos nais do intervalo

são:

f (0) = 19

f (1) = 30

f (4) = 3

f (5) = 14

Portanto, o valor máximo de f em [0, 5] é 30, que ocorre em x = 1. ϕ valor

mínimo é 3, que ocorre em x = 4.

(Faça o gráco de f ) ¦

2
Exemplo 3.3 Encontre o máximo e o mínimo da função f (x) = 2 + 2x − 3 3 no
intervalo [−1, 2].

1
Solução. f 0 (x) = 2 − 2x− 3 . Fazendo f 0 (x) = 0, temos:
1
2 − 2x− 3 = 0, cuja solução é x = 0. Mas

f 0 (x) é indenida em x = 0. Portanto, os pontos críticos de f são x = 0 e x = 1.

¦
126 Cálculo Diferencial e Integral I - Derivada

Examinando f (x) nos pontos críticos e pontos nais do intervalo, temos:

f (−1) = −3

f (0) = 2

f (1) = 1

f (2) = 6 − 3 3 4 ≈ 1, 2378

Concluímos, então, que o valor máximo de f em [−1, 2] éf (0) = 2 e o valor

mínimo é f (−1) = −3.

Figura 3.10: Extremo Relativo


Profa. Dra. Lilian Milena Ramos Carvalho 127

Denição 3.3 Suponhamos que f seja uma função denida em um intervalo I e que
c seja um ponto interior de I .

Então, o valor f (c) é um máximo relativo de f se existe um intervalo aberto J

contendo c tal que

f (c) ≥ f (x) para todo x ∈ J

Similarmente, dizemos que o valor f (c) é um mínimo relativo de f se

f (c) ≤ f (x) para todo x ∈ J

Um extremo relativo é um valor de f que é ou um máximo relativo ou um mínimo

relativo.

Em outras palavras: um extremo relativo f (c) como denida acima é um extremo

(como na denição 3.1) se nós restringirmos o intervalo sobre o qual a função é con-

siderada a um "pequeno"intervalo aberto J contendo c. Às vezes, extremo relativo

é referido como extremo local porque para todo x "próximo"a c, o valor f (c) é um

extremo.

•Usamos a derivada para calcular os extremos relativos da mesma forma que fa-

zemos para calcular extremos absolutos (globais).


128 Cálculo Diferencial e Integral I - Derivada

Teorema 3.3 Teorema do valor extremo (versão relativa)

Sejam f uma função denida em um intervalo aberto I , c um ponto interior de

I e f (c) um extremo relativo de f . Se f é diferenciável em c, então f 0 (c) = 0.

Exemplo 3.4 Considere a função f (x) = x3 − x2 − x + 1 = (x + 1)(x − 1)2

Sua derivada é

f 0 (x) = 32 − 2x − 1 = (3x + 1)(x − 1)

Fazendo f 0 (x) = 0, obtemos dois pontos críticos, isto é, c1 = − 13 e c2 = 1.

Figura 3.11:

Observando o gráco vemos que o valor f (c1 ) é um máximo relativo e o valor

f (c2 ) é um mínimo relativo.

Se f for considerada como uma função denida em todos os números reais, ela

não possui extremos absolutos.


Profa. Dra. Lilian Milena Ramos Carvalho 129

Exemplo 3.5 Considere a função g(x) = x3 . Como g 0 (x) = 3x2 , vemos que g
tem um único ponto crítico c = 0.

Observamos o gráco de g(x) = x3 , vericamos que o valor g(0) = 0 não é um

extremo relativo. A função g denida para todos os números reais não possui extremo

absoluto.

Figura 3.12:

2
Exemplo 3.6 A função f (x) = x 3 tem um mínimo relativo f (0) = 0 em x = 0.
2 1
Este mínimo relativo é também um mínimo absoluto, pois f (x) = x 3 = (x 3 )2 é

positiva para todo x 6= 0.

1
A derivada, entretanto, f 0 (x) = 32 x− 3 = 3
2

3
x
não é denida em x = 0.

Figura 3.13:
130 Cálculo Diferencial e Integral I - Derivada

Resumo

(a) Extremos relativos e absolutos são os valores máximos ou mínimos de uma

função considerada localmente (extremo relativo) ou globalmente (extremo ab-

soluto)

(b) Para localizar os extremos, mostramos que extremos que ocorrem em pontos

interiores correspondem a pontos críticos (Teorema do valor extremo).

(c) Alguns números críticos não correspondem a extremos.

(d) Um extremo pode ocorrer em pontos nais que não são pontos críticos.

Exercício 3.2 1 Para cada questão é dada uma função, um intervalo [a, b] e um

número c onde um valor extremo de f ocorre.

(a) Verique que f 0 (c) = 0

(b) Esboce o gráco de y = f (x) para x ∈ [a, b]

(c) Determine, a partir do gráco, se f (c) é o valor máximo ou mínimo (ab-

soluto) de f em [a, b]

(i) f (x) = x2 − 4x + 3, [0, 4], c = 2

(ii) f (x) = x2 − 7, [−3, 4], c = 0

(ii) f (x) = cos(Πx), [0, 2], c = 1


Profa. Dra. Lilian Milena Ramos Carvalho 131

2 Encontre todos os pontos críticos e os valores máximos e mínimos de f no in-

tervalo dado.

(a) f (x) = x2 (x − 4), x ∈ [−1, 3]

1
(b) f (x) = x(x−4)
, x ∈ [1, 3]

(c) f (x) = x2 (x − 2), x ∈ [−1, 2]

(d) f (x) = 1 − tan2 x, x ∈ [− Π , Π]


4 4

(e) f (x) = sin x + cos x, x ∈ [0, Π]

(f) f (x) = x + x1 , x ∈ [ 12 , 2]

(g) f (x) = sec x, x ∈ [− Π , Π]


4 4

x3
(h) f (x) = 2+x
, x ∈ [−1, 1]
1 4
(i) f (x) = 8x 3 − 2x 3 , x ∈ [−1, 8]

3 Encontre os valores máximos e mínimos de f no intervalo dado.


(a) f (x) = ( x − x)2 , x ∈ [0, 4]

x
(b) f (x) = 1+x
, x ∈ [0, 4]

4 Encontre os números b e c se a função f (x) = x2 + bx + c tem um mínimo

f (3) = −7 no intervalo [0, 5].


132 Cálculo Diferencial e Integral I - Derivada

3.1 Problemas Aplicados de Máximo e Mínimo

Procedimento:

1. Determine a grandeza a ser maximizada ou minimizada. Esta grandeza será a

variável dependente. Denote por x a variável independente.

2. Expresse a variável dependende como uma função da variável independente.

Esboce uma gura e rotule as variáveis.

3. Ache os pontos críticos.

4. Identique os extremos.

5. Interprete os resultados.

Exemplo 3.7 Encontre dois números não negativos que a soma é 10 e a soma de
seus quadrados é máxima.

Solução. Seja x e y estes números. Seja S a soma desejada. Então,

S = x2 + y 2 (equação principal)

sujeita à condição

x + y = 10 (equação secundária)

Portanto, y = 10 − x e S(x) = x2 + (10 − x)2

Como x e y são não negativos, temos que 0 ≤ x ≤ 10. ¦


Profa. Dra. Lilian Milena Ramos Carvalho 133

Queremos o máximo da função S no intervalo [0, 10].

Fazendo S 0 (x) = 0, temos:

S 0 (x) = 2x − 2(10 − x) = 0

tal que x = 5

Como S 0 (x) é denida para todo x ∈ [0, 10], então, x = 5 é o único ponto

crítico. ϕ valor máximo de S ocorre, portanto, entre os seguintes valores:

S(0) = 02 + 102 = 100

S(5) = 52 + 52 = 50

S(10) = 102 + 02 = 100

ϕ máximo ocorre nos extremos do intervalo 0 e 10 fornecendo as soluções (0, 10)

e (10, 0).

Exemplo 3.8 Um fazendeiro tem 200 metros de cerca para construir três lados de
um cercado retangular; um muro longo, retilíneo, servirá como o quarto lado. Que

dimensões maximizarão a área do cercado?

Figura 3.14:
134 Cálculo Diferencial e Integral I - Derivada

variável dependente: A

A = x.y

Devemos escrever a área A como função de x ou y . Como devemos usar todos os

200m de cerca disponível, temos:

2x + y = 200 ⇒ y = 200 − 2x

Assim,

A(x) = x.(200 − 2x) = 200x − 2x2

Devemos achar o domínio desta função. Este domínio precisa ser um intervalo

fechado. Os valores x = 0 e x = 100 correspondem aos cercados "degenerados"de

área zero. Como zero não pode ser o valor máximo de A, não há incoveniente em

considerarmos o domínio da função A como sendo o intervalo fechado [0, 100].

Derivamos A(x), temos,


dA
= 200 − 4x
dx
Igualando a zero, obtemos o único ponto crítico: 200 − 4x = 0 ⇒ x = 50

Calculemos A(x) em:

A(0) = 0

A(50) = 5000

A(100) = 0

Portanto, a área máxima é A(x) = 5000m2 .

Vemos, então, que y = 100 quando x = 50. Logo, para que o cercado tenha área

máxima, cada um dos lados perpendiculares ao muro deve ter 50m de comprimento,

e o lado paralelo ao muro deve ter 100m.


Profa. Dra. Lilian Milena Ramos Carvalho 135

Exemplo 3.9 Uma chapa retangular de metal tem 0, 5m de largura e 0, 8m de com-


primento. Cortam-se quadrados coerentes em seus quatro cantos. A chapa resultante

deve ser dobrada e soldada de modo a formar uma caixa aberta em cima (sem tampa),

conforme a gura abaixo. Como se pode obter com este processo uma caixa de volume

máximo?

Figura 3.15:
136 Cálculo Diferencial e Integral I - Derivada

Solução. A grandeza a ser maximizada, a variável dependente, é o volume V da

caixa a ser construída.

A caixa pronto terá altura x, e sua base medirá 0.8 − 2xm por 0.5 − 2xm. Logo,

seu volume será dado por:

V (x) = x(0, 5 − 2x)(0, 8 − 2x) = 4x3 − 2, 6x2 + 0, 4x

O processo descrito aqui somente produzirá uma caixa se 0 < x < 0, 25. De

fato, os valores x = 0 e x = 0, 25 correspondem a caixas "degeneradas"de volume

zero. Assim, consideramos o domínio como o intervalo fechado [0, 0.25].

Derivando V , temos:

V 0 (x) = 12x2 − 5, 2 + 0, 4

Os pontos críticos são obtidos fazendo V 0 (x) = 0, isto é,

12x2 − 5, 2x + 0, 4 = 0 ⇔ 30x2 − 13x + 1 = 0 ⇒


1 1
⇒x= 3
≈ 0, 333... ou x = 10
= 0, 1

Examinando os valores de V nos pontos críticos e nos extremos, temos:

V (0) = 0
¡1¢ 9
V 10 = 500 = 0, 018m3

V ( 14 ) = 0

¡ 1
¢
Portanto, o valor máximo de V (x) em [0, 0.25] é V 10
= 0, 018,3 . Assim, os

quadrados cortados dos quatro cantos da chapa devem ter lado de 0, 1m cada um.

A caixa resultante medirá 0, 6 por 0, 3 por 0, 1, e seu volume será 0, 018m3 ¦


Profa. Dra. Lilian Milena Ramos Carvalho 137

Exercício 3.3 1 A soma de dois números não negativos é 20.

Encontre estes números se:

(a) Seu produto é o menor possível.

(b) A soma de seus quadrados é a menor possível.

2 Um retângulo é inscrito em um triângulo retângulo de lados 6cm, 8cm e 10cm.

Encontre as dimensões do retângulo de área máxima se dois lados do retângulo

repousam ao lado de dois lados do triângulo.

Figura 3.16:

3 Encontre as dimensões e a área do retângulo de área máxima que pode ser

inscrito em uma circunferência de raio 4.


138 Cálculo Diferencial e Integral I - Derivada

3.2 O Teorema do Valor Médio

Este teorema relaciona a taxa média de variação de uma função a um valor particular

da derivada.

Consequentemente ele nos fornece um outro meio de usar a derivada para prever o

comportamento da função. Por exemplo, se você dirige 120Km em duas horas, então,

o teorema do valor médio implica que, no mínimo, uma vez sua velocidade instantânea

deve ser exatamente 60Km por hora.

Teorema 3.4 Teorema do Valor Médio

Seja f contínua em [a, b] e diferenciável em (a, b).

Então, existe, no mínimo, um número c ∈ (a, b) para o qual

f (b) − f (a)
f 0 (x) =
b−a

Figura 3.17:

f (b)−f (a)
O número b−a
que é a inclinação da reta que passa por (a, f (a)) e (b, f (b))

é conhecido como a taxa média de f por unidade de variação em x, no intervalo [a, b].
Profa. Dra. Lilian Milena Ramos Carvalho 139

O teorema do valor médio, portanto, arma que a taxa média de f sobre [a, b] é

dada pela derivada em um ou mais números c.

Exemplo 3.10 Considere um objeto viajando ao longo de uma reta (um automóvel,
por exemplo). Se s(t) representa a posição do objeto no tempo t, então, a velocidade

média do objeto entre t = a e t = b é

∆S s(b)−s(a)
velocidade média = ∆t
= b−a

Denimos a velocidade instantânea do objeto no tempo t como a derivada

s(t + h) − s(t)
v(t) = lim = s0 (t)
h→0 h

Assim, para uma função posição y = s(t) diferenciável, o Teorema do Valor Médio

diz que a velocidade média do tempo t = a a t = b é igual à velocidade instantânea

v(c) = s0 (c) para, no mínimo, um tempo t = c entre a e b.

Por exemplo, se um automóvel viaja 90Km em duas horas e s(t) representa a distân-

cia percorrida após t horas, a velocidade média durante este tempo é

s(2)−s(0) 90−0
velocidade média = 2−0
= 2
= 45Km/h

Podemos concluir, portanto, pelo teorema do valor médio, que o automóvel tem

velocidade v(c) = 45km/h, no mínimo, um instante t = c durante este período.


140 Cálculo Diferencial e Integral I - Derivada

Antes de demonstrar o Teorema do Valor Médio, provamos um teorema equivalente

conhecido como Teorema de Rolle.

Teorema 3.5 Teorema de Rolle


Seja f contínua no intervalo [a, b] e diferenciável em (a, b).

Se f (a) = f (b), então existe, no mínimo, um número c ∈ (a, b) para o qual

f 0 (c) = 0

Demonstração. •Se f for uma função constante em [a, b], f 0 (x) = 0 para todo

x ∈ (a, b). Assim qualquer número c ∈ (a, b) satisfaz a conclusão f 0 (c) = 0.

•Se f não for constante, seja K o valor comum f (a) = f (b). Como f é contínua em

[a, b], o teorema de existência de valor extremo (teorema 3.2) garante que f deve ter

um valor máximo M em [a, b] com M > K . Em qualquer caso, temos a existência

de um valor extremo para f que deve ocorrer em um no c ∈ (a, b). Desde que f 0 (c)

exista, o teorema do valor extremo garante que f 0 (c) = 0. ¤

Figura 3.18:
Profa. Dra. Lilian Milena Ramos Carvalho 141

Geometricamente, o Teorema de Rolle diz que para algum número c ∈ (a, b) a

tangente ao gráco de f deve ser paralela à reta que passa por (a, f (a)) e (b, f (b)).

O Teorema do Valor Médio generaliza o Teorema de Rolle para funções em que

f (a) 6= f (b). As tangentes em P e Q são paralelas à reta que passa por (a, f (a))

Figura 3.19:

e (b, f (b)).

Prova do Teorema do Valor Médio


•Queremos um no c para o qual a diferença vertical d(x) entre o gráco de f e a reta

l que passa por (a, f (a)) e (b, f (b)) é um extremo.

Figura 3.20:
142 Cálculo Diferencial e Integral I - Derivada

Como a reta l contém os pontos (a, f (a)) e (b, f (b)), as coordenadas de um

ponto P = (x, y) sobre l devem satisfazer a equação

y−f (a) f (b)−f (a)


x−a
= b−a
(inclinação de l)

Portanto,
· ¸
f (b) − f (a)
y = f (a) + (x − a)
b−a
A diferença vertical entre o ponto P (x, y) sobre l e o ponto Q = (x, f (x)) sobre

o gráco de f é, então,
µ · ¸ ¶
f (b) − f (a)
d(x) = f (x) − f (a) + (x − a)
b−a

Observemos os seguintes fatos sobre a função d:

(a) Ela é contínua em [a, b] e diferenciável em (a, b) porque f possui estas propri-

edades.

(b) Seja x = a. Então,


³ ´
f (b)−f (a)
d(a) = f (a) − f (a) + b−a
(0) =0

(c) Seja x = b. Então,


³ ´
f (b)−f (a)
d(b) = f (b) − f (a) + b−a
(b − a) = 0

Assim, a função d satisfaz as hipóteses do teorema de Rolle e, portanto, existe um

n◦ c ∈ (a, b) tal que

d0 (c) = 0

Mas,
f (b) − f (a)
d0 (x) = f 0 (x) −
b−a
Profa. Dra. Lilian Milena Ramos Carvalho 143

Substituindo x por c, temos que

f (b) − f (a)
f 0 (x) = =0
b−a

, ou
f (b) − f (a)
f 0 (c) =
b−a
que é a conclusão do Teorema do Valor Médio.
144 Cálculo Diferencial e Integral I - Derivada

Exercício 3.4 1. Verique que a função dada satisfaz as hipóteses do Teorema de

Rolle no intervalo [a, b] especicado. Encontre todos os números c, a < c < b

que satisfazem a equação f 0 (c) = 0.

(a) f (x) = x2 − 2x + 1 em [0, 2]

(b) f (x) = sin 3x em [0, 2Π]

2. Verique que a função dada satisfaz as hipóteses do Teorema do Valor Médio

no intervalo [a, b] especicado. Encontre todos os números c que satisfazem a

desigualdade a < c < b e a equação

f (b) − f (a)
f 0 (c) =
b−a

(a) f (x) = 3x + 1, x ∈ [0, 3]


£Π ¤
(b) f (x) = cos x, x ∈ 4
, 7Π
4

(c) x2 + 2x, x ∈ [0, 4]

(d) x2 + 2x − 3, x ∈ [−3, 0]

(e) f (x) = x3 + x2 + x, x ∈ [1, 3]

3. Mostre que a função dada f não satisfaz a conclusão do Teorema de Rolle no

intervalo indicado. Que hipótese não é satisfeita?

(a) f (x) = 1 − |x|, [−1, 1]

(b) f (x) = x4 + x2 , [0, 1]


Profa. Dra. Lilian Milena Ramos Carvalho 145

3.3 Funções Crescentes e Decrescentes

Denição 3.4 Suponhamos que a função f é denida no intervalo I . Dizemos que


f é crescente em I se, para quaisquer dois números x1 e x2 em I ,

x2 > x1 ⇒ f (x2 ) > f (x1 )

Similarmente, f é decrescente em I se, para quaisquer dois números x1 e x2 em

I,

x2>x1 ⇒f (x2 )<f (x1 )

Figura 3.21:

Teorema 3.6 Suponhamos que f seja contínua no intervalo I e diferenciável no in-


terior de I . Então,

(i) Se f 0 (x) > 0 para todo x no interior de I , então f é crescente em I .

(ii) Se f 0 (x) < 0 para todo x no interior de I , então f é decrescente em I .

Demonstração → exercício
146 Cálculo Diferencial e Integral I - Derivada

Exemplo 3.11 Use o teorema 3.6 para vericar que a função f (x) = 4 − x2 é

(a) crescente em (−∞, 0]

(b) decrescente em [0, ∞)

Solução. Como f 0 (x) = −2x existe para todo x, f é contínua e diferenciável

para todo x, o teorema 3.6 pode ser aplicado como segue:

(a) Para x ∈ (−∞, 0], f 0 (x) = −2x é positiva.

Assim, f é crescente em (−∞, 0). Incluímos o extremo do intervalo 0 porque

f é contínua em (−∞, 0].

(b) Para x ∈ (0, ∞), f 0 (x) = −2x é negativa.

Assim, f é decrescente em [0, ∞)

Figura 3.22:

¦
Profa. Dra. Lilian Milena Ramos Carvalho 147

Exemplo 3.12 A gura abaixo mostra o gráco da função f denida como segue:


 1
x
, quando x 6= 0
f (x) =

 0 , quando x = 0

Figura 3.23:

Observe que f (x) é denida para todo x, mas f é contínua apenas nos intervalos

(−∞, 0) e (0, ∞). Como f 0 (x) = − x12 é negativa para todo x 6=, concluimos que

f é decrescente nos intervalos (−∞, 0) e (0, ∞).

Observação: Não podemos concluir que f é decrescente em (−∞, 0] ou [0, ∞),


porque f não é contínua nestes intervalos.
148 Cálculo Diferencial e Integral I - Derivada

Exemplo 3.13 A função f (x) = x3 é contínua e diferenciável para todo x.


Como x32 > x31 sempre que x2 > x1 , esta função é crescente em (−∞, ∞). Pode-

mos usar o teorema 3.6 para estabelecer esta conclusão em dois passos, como segue:

(i) Para x < 0, f 0 (x) = 3x2 > 0. Como f é contínua em x = 0, podemos

concluir que f é crescente em (−∞, 0].

(ii) Similarmente, f 0 (x) = 3x2 > 0 para x > 0.

Assim, f é crescente em [0, ∞). As armações (i) e (ii) combinadas nos diz

que f é crescente em (−∞, 0] ∪ [0, ∞) = (−∞, ∞). Veja que não podemos

aplicar o teorema 3.6 diretamente ao intervalo (−∞, ∞), pois, f 0 (0) = 0.

O procedimento que segue utiliza pontos críticos para sugerir candidatos a pontos

de transição entre intervalos sobre os quais f é crescente e intervalos sobre os quais

f é decrescente.
Profa. Dra. Lilian Milena Ramos Carvalho 149

Procedimentos para encontrar intervalos sobre os quais f é crescente ou decres-

cente.

1. Calcule todos os pontos críticos de f .

2. Encontre os intervalos no domínio de f determinados pelos pontos críticos e

quaisquer número x para os quais f (x) é indenida.

3. Aplique o teorema 3.6 em cada intervalo.

Exemplo 3.14 Encontre os intervalos sobre os quais a função f (x) = 13 x3 − x2 −


3x + 4 é crescente ou decrescente.

Solução. f 0 (x) = x2 − 2x − 3 = (x − 3)(x + 1)

Os pontos críticos são x = 3 e x = −1. Portanto, não existem números para os

quais f 0 (x) é indenida ou f (x) seja indenida.

A partir da forma fatorada de f 0 (x), podemos ver que:

(i) Se x < −1, x − 3 < 0 e x + 1 < 0.

Assim, f 0 (x) > 0 para x ∈ (−∞, −1) e, portanto, f é crescente em (−∞, −1].

(ii) Se −1 < x < 3, então x − 3 < 0 e x + 1 > 0.

Assim, f 0 (x) < 0 para x ∈ (−1, 3), tal que f é decrescente em [−1, 3].

(iii) Se x > 3, então x − 3 > 0 e x + 1 > 0.

Assim, f 0 (x) > 0 para x ∈ (3, ∞), tal que f é crescente em [3, ∞).

¦
150 Cálculo Diferencial e Integral I - Derivada

(x-3)

(x+1)

f’(x)

-1 3

Figura 3.24:

Figura 3.25:

x2
Exemplo 3.15 Determine os intervalos sobre os quais a função f (x) = x−2
é cres-

cente ou decrescente.

Solução. f 0 (x) =
x(x−4)
(x−2)2
Verique!!!

Assim, f 0 (x) = 0 para x = 0 e x = 4 e, f (2) é indenida. Os candidatos a

pontos de transição são, portanto, x = 0, x = 2 e x = 4. Devemos inspecionar o

sinal de f 0 (x) nos intervalos (−∞, 0), (0, 2), (2, 4) e (4, ∞).

A tabela a seguir mostra os resultados e a conclusão com base no Teorema 3.6. ¦


Profa. Dra. Lilian Milena Ramos Carvalho 151

Intervalo I Número teste t Sinal de f 0 (t) Conclusão


5
(−∞, 0] t = −1 f 0 (−1) = 9
> 0 f é crescente em (−∞, 0]

[0, 2) t=1 f 0 (1) = −3 < 0 f é decrescente em [0, 2)

(2, 4] t=3 f 0 (3) = −3 < 0 f é decrescente em (2, 4]


5
[4, ∞) t=5 f 0 (5) = 9
>0 f é crescente em [4, ∞)

Teorema 3.7 Teste da derivada Primeira

Seja f contínua em [a, b] e suponhamos que c seja o único ponto crítico de f em

(a, b). Então,

(i) Se f 0 (x) > 0 para todo x ∈ (a, c) e se f 0 (x) < 0 para todo x ∈ (c, b), então

f (c) é um máximo relativo.

(ii) Se f 0 (x) < 0 para todo x ∈ (a, c) e se f 0 (x) > 0 para todo x ∈ (c, b), então

f (c) é um mínimo relativo.

(iii) Se f 0 (x) > 0 para todo x ∈ (a, c) ∪ (c, b), então f é crescente em [a, b].

(iv) Se f 0 (x) < 0 para todo x ∈ (a, c) ∪ (c, b), então f é decrescente em [a, b].
152 Cálculo Diferencial e Integral I - Derivada

Exemplo 3.16 Para f (x) = 4x2 (1 − x2 ) encontre e classique todos os extremos


relativos.

Solução. f 0 (x) = 8x(1 − 2x2 )

√ √
2 2
Portanto, os pontos críticos são x = 0, x = − 2
ex= 2
. Não existem outros

pontos críticos, pois, f 0 (x) é denida para todo x. Temos, então que examinar o sinal
³ √ ´ ³ √ ´ ³ √ ´ ³√ ´
de f 0 (x) sobre cada um dos intervalos −∞, − 22 , − 22 , 0 , 0, 22 e 22 , ∞ .

Intervalo I Número Teste t Valor de f 0 (t) Sinal de f 0 (t)


³ √ ´
−∞, − 22 t = −1 f 0 (−1) = 8 +
³ √ ´ ¡ ¢
2
− 2 ,0 t = − 12 f 0 − 12 = −2 −
³ √ ´ ¡ ¢
0, 22 t= 1
2
f 0 12 = 2 +
³√ ´
2
2
, ∞ t=1 f 0 (1) = −8 −

A partir dos resultados da tabela acima e do teste da derivada primeira, concluímos


³ √ ´ ³√ ´
que f − 22 = 1 e f 22 = 1 são máximos relativos, e f (0) = 0 é um mínimo
³ √ ´ ³√ ´
relativo. Observe, no gráco que f − 22 e f 22 são máximos absolutos, mas o

mínimo absoluto não existe. ¦


Profa. Dra. Lilian Milena Ramos Carvalho 153

Figura 3.26:

Exercício 3.5 Encontre o retângulo com área 64pol2 para o qual o perímetro é um
mínimo.

Solução. Sejam x e y a largura e a altura do retângulo, respectivamente. Seu

perímetro é:

P = 2x + 2y

Para expressar P como uma função de uma única variável independente, usamos

a informação de que a área é igual a 64pol2 .

64
De fato, x.y = 64 ⇒ y = x

Substituindo no perímetro, temos

64 128
P = 2x + 2. ⇒ P = 2x +
x x

É esta função, P = 2x + 128


x
, que buscamos o valor mínimo absoluto. O domínio

de P (x) é (0, ∞). Assim, procuramos o mínimo de P (x) em um intervalo ilimitado.


154 Cálculo Diferencial e Integral I - Derivada

Os pontos críticos de P (x) são:

128
P 0 (x) = 2 − = 0 ⇒ x = 8, x = −8
x2

Como P (x) é denido para x > 0, o único ponto crítico para P é x = 8.

sinal de P 0 (x) nos intervalos (0, 8) e (8, ∞): ¦

0 8

Figura 3.27:
Profa. Dra. Lilian Milena Ramos Carvalho 155

P é decrescente em (0, 8] e P é crescente em [8, ∞). Destas observações concluí-

Figura 3.28:

mos que o valor mínimo de P em (0, ∞) corresponde ao mínimo relativo

128
P (8) = 2.(8) + = 32
8

Este valor do perímetro ocorre quando as dimensões do retângulo são x = 8 e


64
y = 8
= 8. Isto é, o retângulo de área 64pol2 com o menor perímetro é um

quadrado de lado s = 8pol.


Exemplo 3.17 Calcule o ponto sobre o gráco de y = x mais próximo do ponto

(4, 0).


Solução. Seja D a distância entre um ponto P = (x, y) sobre o gráco de y = x

e o ponto (4, 0), isto é,

p
D= (x − 4)2 + (y − 0)2


Mas, como y = x, podemos expressar D como função da variável independente

x, apenas. ¦
156 Cálculo Diferencial e Integral I - Derivada

Assim,
q p

D = (x − 4)2 + ( x)2 = x2 − 4x + 16

Como o domínio de f (x) = x é [0, ∞), então queremos obter o valor mínimo

de D neste intervalo.

Então, temos:

D 0 (x) = √ 2x−7
2
Verique !!!
2 x −7x+16

D 0 (x) é denida para todo x ∈ [0, ∞]. Assim, o único ponto crítico para D é

x = 72 .

¡ ¢ ¡ ¢
Sinal de D 0 (x) nos intervalos 0, 72 e 72 , ∞ : Conclusão: D é decrescente em

0 7/2

Figura 3.29:

£ ¤ £ ¢
0, 72 e D é crescente em 72 , ∞ .

¡7¢ q¡ ¢ ¡7¢ √
7 2 15
Assim, D 2
= 2
−7 2
+ 16 = 2
é um mínimo relativo para D em

[0, ∞) e é também o mínimo absoluto para D neste intervalo.


³ q ´
O ponto 72 , 72 é, portanto, o ponto mais próximo de (4, 0) sobre o gráco de

y = x.
Profa. Dra. Lilian Milena Ramos Carvalho 157

Exercício 3.6 1. Encontre os intervalos sobre os quais f é crescente ou decres-

cente. Calcule os extremos relativos para f .

(a) f (x) = x2 − 4x + 6

(b) f (x) = 2x3 − 3x2 − 12x


2
(c) f (x) = 4 + x 3

(d) f (x) = x3 + 4

(e) f (x) = x4 − 1

2
(f) f (x) = x+1

(g) f (x) = 4x3 + 9x2 − 12x + 7

x
(h) f (x) = 1+x

(i) f (x) = x + sin x

2. A função f (x) = a(x2 − bx + 16) tem um extremo relativo em x = 5.

(a) Calcule b.

(b) Determine o sinal de a se (5, f (5)) é um mínimo relativo.

3. Um retângulo de largura e altura variáveis tem um perímetro xo de 24 polega-

das.

(a) Mostre que a área A do retângulo é expressa como uma função de sua

largura x pela equação A(x) = x(12 − x) , 0 ≤ x ≤ 12.

(b) Qual é o maior sub-intervalo de [0, 12] para o qual y = A(x) é uma

função crescente de x?

(c) Qual o valor máximo da função y = A(x) para x ∈ [0, 12]?


158 Cálculo Diferencial e Integral I - Derivada


4 Encontre o ponto sobre o gráco de y = x mais próximo do ponto (2, 0).

3.4 Signicado da Derivada Segunda: Concavidade

Denição 3.5 Seja f contínua em um intervalo I e diferenciável no interior de I .


Dizemos que o gráco de f é

(a) côncavo para cima em I se f 0 é uma função crescente no interior de I .

(b) côncavo para baixo em I se f 0 é uma função decrescente no interior de I .

Figura 3.30:

O próximo Teorema mostra que a concavidade é determinada pelo sinal da derivada

segunda.
Profa. Dra. Lilian Milena Ramos Carvalho 159

Teorema 3.8 Seja f contínua em I e duas vezes diferenciável no interior de I .


Então, o gráco de f é

(a) côncavo para cima se f 00 (x) > 0 para todo x no interior de I .

(b) côncavo para baixo em I se f 00 (x) < 0 para todo x no interior de I .

Denição 3.6 O ponto P = (c, f (c)) é um ponto de inexão para uma função f
se existem números a e b tal que a < c < b, f é contínua em (a, b) e o gráco de

f é

(a) côncavo para baixo em (a, c) e côncavo para cima em (c, b) ou

(b) côncavo para cima em (a, c) e côncavo para baixo em (c, b).

Exemplo 3.18 A gura a seguir mostra o gráco de f (x) = sin x no intervalo


I = [0, 2Π]. Para esta função temos:

f 0 (x) = cos x e f 00 (x) = − sin x

tal que f 00 (x) = 0 se − sin x = 0 ⇒ x = 0, x = Π e x = 2Π.

Como f 00 (x) é contínua em I , vericamos a concavidade do gráco de f nos

intervalos [0, Π] e [Π, 2Π], analisando o sinal de f 00 (t) para um n◦ teste t em cada

intervalo (0, Π) e (Π, 2Π) e aplicando o teorema 3.8.


160 Cálculo Diferencial e Integral I - Derivada

Intervalo I N◦ teste t f 00 (t) Conclusão


Π
¡Π¢
[0, Π] t= 2
− sin = −1
2
côncavo para baixo

¡ ¢
[Π, 2Π] t= 2
− sin 3Π
2
=1 côncavo para cima

Assim, o gráco de f é côncavo para baixo em [0, Π] e côncavo para cima em

[Π, 2Π]. Isto signica que o ponto (Π, f (Π)) = (Π, 0) é um ponto de inexão,

conforme a denição 3.6.

Figura 3.31:

Exemplo 3.19 Determine a concavidade do gráco da função f (x) = x4 − 3x2 + 2.

Solução. f 0 (x) = 4x3 − 6x e f 00 (x) = 12x2 − 6


√ √
2 2
Fazendo f 00 (x) = 0 ⇒ x = 2
ex=− 2

Não existem números x para os quais f 00 (x) é indenida. Vamos, pois, determinar o
√ √ √ √
2 2 2 2
sinal de f 00 (x) sobre os intervalos (−∞, − 2
), − 2
, 2
e( 2
, ∞). ¦
Profa. Dra. Lilian Milena Ramos Carvalho 161

Intervalo I N◦ teste t f 00 (t) sinal de f 00 (t) Concavidade



2
(−∞, − 2
) t = −1 f 00 (−1) = 6 + para cima
√ √
2 2
(− 2
, 2
) t=0 f 00 (−1) = −6 + para baixo

( 22 , ∞) t=1 f 00 (−1) = 6 + para cima

Da Tabela e do Teorema 3.8 concluímos que o gráco de f é



2
(i) côncavo para cima em (−∞, − 2
)
√ √
2 2
(ii) côncavo para baixo em (− 2
, 2
)

2
(iii) côncavo para cima em ( 2
, ∞)

³ √ ³ √ ´´
Como a concavidade do gráco de y = f (x) muda em − 22 , f − 22 =
√ ³ √ ³ √ ´´ √
(− 22 , 34 ) e 22 , f 22 = ( 22 , 34 ), ambos os pontos são de inexão.

Exemplo 3.20 Determine a concavidade e encontre os pontos de inexão para o


2 5 2 ¡ ¢
gráco de f (x) = x 3 − 15 x 3 = x 3 1 − x5 .

Solução.

2 1 1 2
f 0 (x) = x− 3 − x3
3 3

2 4
f 00 (x) = − x− 3 (1 + x)
9

2(1 + x)
= − 4
9x 3

¦
162 Cálculo Diferencial e Integral I - Derivada

Assim f 00 (x) = 0 para x = −1 e f 00 (x) é indenida para x = 0. Portanto, o

sinal de f 00 deve ser vericado nos intervalos (−∞, −1), (−1, 0) e (0, ∞).
-1 0
numerador

denominador

f’’

Figura 3.32:

Pelo Teorema 3.8, o gráco é:

(i) côncavo para cima em (−∞, −1)

(ii) côncavo para baixo em [−1, 0] e [0, ∞]

¡ ¢
Portanto, o ponto (−1, f (−1)) = −1, 65 é um ponto de inexão, mas o ponto

(0, f (0)) = (0, 0) não é.

Figura 3.33:
Profa. Dra. Lilian Milena Ramos Carvalho 163

3.5 Teste da Derivada Segunda

Teorema 3.9 Seja f diferenciável em um intervalo aberto contendo o ponto crítico


c, com f 0 (c) = 0.

Suponhamos que f 00 (c) exista.

(i) Se f 00 (c) < 0, então f (c) é um máximo relativo.

(ii) Se f 00 (c) > 0, então f (c) é um mínimo relativo.

(iii) Se f 00 (c) = 0, nada há a concluir.

Demonstração. (esboço informal)

(i) f 00 (c) < 0 ⇒ gráco de f é côncavo para baixo próximo de x = c. Isto

signica que f 0 é uma função decrescente próximo a c.

Como f 0 (c) = 0, ⇒ f 0 (x) > 0 para x < c e f 0 (c) < 0 para x > c. Assim,

pelo teste da derivada primeira, f (c) é um máximo relativo.

(ii) exercício

Exemplo 3.21 f (x) = x3 , f 0 (x) = 3x2 e f 00 (x) = 6x

Assim x = 0 é um ponto crítico e f 00 (0) = 0. Neste caso, f (0) = 0 não é nem

máximo relativo, nem mínimo relativo.


164 Cálculo Diferencial e Integral I - Derivada

Figura 3.34:

Exemplo 3.22 f (x) = x4 , f 0 (x) = 4x3 e f 00 (x) = 12x2 .


Novamente, x = 0 é um ponto crítico , e f 00 (0) = 0. Neste caso, f (0) = 0 é um

mínimo relativo.

Figura 3.35:

Exemplo 3.23 Encontre todos os extremos relativos para a função f (x) = x4 −


3x2 + 2.


3
Solução. f 0 (x) = 4x3 − 6x = 0 ⇒ 2x(2x2 − 3) = 0 ⇒ x = 0 e x = − 2
,

3
x= 2
são pontos críticos.

Vamos usar o teste da derivada segunda para classicar os pontos críticos.

Como f 00 (x) = 12x2 − 6, vericamos que


³ √ ´ ¡ ¢
f 00 − 23 = 12 > 0 ⇒ − sqrt3 2
, − 14 é mínimo relativo.

f 00 (0) = −6 < 0 ⇒ (0, 2) é máximo relativo.


³√ ´ ¡ ¢
f 00 23 = 12 > 0 ⇒ sqrt3 2
, − 14 é mínimo relativo.
Profa. Dra. Lilian Milena Ramos Carvalho 165

Esboce o gráco!!! ¦
166 Cálculo Diferencial e Integral I - Derivada

Exercício 3.7 1. Determine os intervalos sobre os quais o gráco de f é côncavo

para cima ou para baixo. Encontre os pontos de inexão.

(a) f (x) = x2 − 4x − 5

(b) f (x) = |1 − x2 |

(c) f (x) = cos x, 0 ≤ x ≤ 2Π

(d) f (x) = (x + 2)3



(e) f (x) = x+2

x
(f) f (x) = x+1

(g) f (x) = (2x + 1)3

(h) f (x) = 2x3 − 3x2 + 18x − 12

(i) f (x) = x4 + 2x3 − 36x2 + 24x − 6

2. Determine se f tem um extremo relativo para um dado valor de x, usando o

teste da derivada primeira ou o teste da derivada segunda.

(a) f (x) = sin2 x, x = Π


2
; f (x) = 2x3 − 3x2 , x = 1

(b) f (x) = x4 − 4x3 − 48x2 + 24x + 20, x = 4

(c) f (x) = x4 − 4x3 + 6x2 − 4x, x = 1

3. A derivada f 0 de uma função f é especicada. Determine se f tem um extremo

relativo no ponto x dado, usando o teste da derivada primeira ou o teste da

derivada segunda.

x−1
(a) f 0 (x) = x+1
, x=1

(b) f 0 (x) = (x − 1)(x + 2), x = −2


Profa. Dra. Lilian Milena Ramos Carvalho 167

4. Encontre todos os extremos relativos, determine os intervalos sobre os quais o

gráco é côncavo para cima ou para baixo, e esboce o gráco.

(a) f (x) = x3 − 3x2 + 6

(b) f (x) = |9 − x2 |

5. Que condições devem satisfazer as constantes a, b e c a m de que a função

quadrática f (x) = ax2 +bx+c seja côncava para cima, para todo x? Justique

sua resposta.
168 Cálculo Diferencial e Integral I - Derivada

3.6 Comportamento em Larga Escala: Assíntotas

Denição 3.7 A expressão limx→∞ f (x) = L signica que os valores f (x) se apro-
ximam do número L quando x cresce sem limite.

A expressão limx→−∞ f (x) = M signica que os valores f (x) se aproximam do

número M quando x decresce sem limite.

Denição 3.8 A reta y = L é uma assíntota horizontal para o gráco da função f


se L = limx→∞ f (x) ou L = limx→−∞ f (x)

Figura 3.36:
Profa. Dra. Lilian Milena Ramos Carvalho 169

Exemplo 3.24 Um dos limites mais elementares é limx→∞ x1 = 0


Neste exemplo mostramos como usar este limite para obter outros limites no innito.

x+2
¡ ¢
(a) limx→∞ x
= limx→∞ 1 + x2 = 1 − 0 = 1
x+2
Assim, a reta y = 1 é uma assíntota horizontal para o gráco de f (x) = x
.

Figura 3.37:

(b)
µ ¶Ã1!
1−x 1−x x
lim = lim 1
x→∞ 1+x x→∞ 1+x x
à !
1
x
−1
= lim 1
x→∞
x
+1
0−1
= = −1
0+1

1−x
Assim, a reta y = −1 é uma assíntota horizontal para o gráco de f (x) = 1+x
.
170 Cálculo Diferencial e Integral I - Derivada

³ ´³1´
(c) limx→∞ − 2x+1
x+2
= − limx→∞
2x+1
x+2
x
1
³ 1´ x
2+
− limx→∞ 1+ x1 = − 2+0
1+0
= −2
x

Assim, a reta y = −2 é uma assíntota horizontal para o gráco de f (x) =

− 2x+1
x+2
.

0
(-2*x-1)/(x+2)

-2

-4

-6
-4 -2 0 2 4
x

Figura 3.38:
Profa. Dra. Lilian Milena Ramos Carvalho 171

(d) limx→∞ sin x não existe porque sin x oscila periodicamente entre −1 e 1

quando x → ∞.

sin x
(e) limx→∞ x
= 0, pois, | sinx x | = | x1 || sin x| ≤ 1
x
→ 0 quando x → ∞.

sin x
Assim a reta y = o é uma assíntota horizontal para f (x) = x
.

Figura 3.39:

Observação: O termo "assíntota"é comumente usado para descrever uma reta


que está aproximando, ou melhor, que é aproximada mas não é atingida pela curva em

questão. Entretanto a denição 3.7 inclue funções cujo gráco y = f (x) atravessa a

reta y = L.
172 Cálculo Diferencial e Integral I - Derivada

Teorema 3.10 Suponhamos que limx→∞ f (x) e limx→∞ g(x) existam. Então,

(i) limx→∞ [f (x) + g(x)] = limx→∞ f (x) + limx→∞ g(x)

(ii) limx→∞ [c.f (x)] = c. limx→∞ f (x), c constante

(iii) limx→∞ [f (x).g(x)] = [limx→∞ f (x)][limx→∞ g(x)]

f (x) limx→∞ f (x)


(iv) limx→∞ g(x)
= limx→∞ g(x)
, desde que limx→∞ g(x) 6 0

O comportamento no limite de funções potências com potências negativas é resumido

nas seguintes duas equações:

p
Seja r = q
qualquer número racional positivo. Então,
1 1
(i) limx→∞ xr
= 0, se q é par, e (A) (ii) limx→+−∞ xr
= 0 se q é ímpar (B)

3.7 Técnica para Avaliar Limites Innitos

Para calcular limites da forma:


f (x) f (x)
limx→∞ g(x)
ou limx→−∞ g(x)

em que f (x) e g(x) são polinômios, divida ambos f (x) e g(x) pela maior potência

de x presente no denominador. Então use os limites (A) e (B).


Profa. Dra. Lilian Milena Ramos Carvalho 173

Embora a técnica é estabelecida para funções racionais, ela trabalha bem se f (x)

e g(x) envolvem potências fracionárias de x.

Exemplo 3.25 Use a técnica dada para obter os seguintes limites.


7 4
3x2 +7x−4 3+ x −
(a) limx→∞ 1−x2
= limx→∞ 1
x2
−1
=
x2
3+7( 1
limx→∞ x )−4( limx→∞ 12 ) 3+7.0−4.0
x
= = −3
( limx→∞ 12
x
)−1 0−1

1
x−3 − 33
(b) limx→∞ 2x+x3
= limx→∞ x2
2
x
+1
=
x2

0−3.0
2(limx→∞
= =0
1
x2
)+1 2.0+1

1 1
√ √ 1 +1
x+ 3x
(c) limx→∞ 2 = limx→∞ x6 x3
1
1+ 2
=
x 3 +1
µ ¶ µ ¶ x3

limx→∞ 11 + limx→∞ 11
0+0
= µx 6 ¶ x3 = 1+0
=0
1+ limx→∞ 12
x3

3.8 Limites Innitos

Muitas Funções não têm limites quando x → ∞ ou x → −∞. Por exemplo, a

parábola y = x2 , não tem limite nem quando x → ∞, nem quando x → −∞. Ou

seja, estes limites não existem no sentido da denição ??de7).


174 Cálculo Diferencial e Integral I - Derivada

Escrevemos, entretanto,

limx→∞ x2 = ∞ (A')

limx→−∞ x2 = ∞ (B')

signicando que os valores f (x) = x2 crescem sem limite quando x → ∞ ou quando

x → −∞.

Como o símbolo ∞ não representa um número, as equações A' e B' não dizem

que o correspondente limite existe. Ao invés, elas nos dão informações sobre porque

o limite não existe: f (x) = x2 torna-se innitamente grande quando x → ∞ ou

x → −∞.

Resumindo: Para a expressão limx→∞ f (x) uma das três situações ocorre:

(i) limx→∞ f (x) existe no sentido da denição 3.7. Isto é, existe um n◦ L tal que

limx→∞ f (x) = L;

(ii) limx→∞ f (x) não existe, e limx→∞ f (x) = ∞ ou limx→∞ f (x) = −∞,

(iii) limx→∞ f (x) não existe, e nem limx→∞ f (x) = ∞, nem limx→∞ f (x) =

−∞ (é o caso de f (x) = sin x).

Armações correspondentes valem para limx→−∞ f (x).


Profa. Dra. Lilian Milena Ramos Carvalho 175

10x3 −3x2 −4x+1


Exemplo 3.26 Calcule limx→∞ 5x2 −4x

Solução.

4 1
10x3 − 3x2 − 4x + 1 10x − 3 − x
− x2
lim = lim 4
x→∞ 5x2 − 4x x→∞ 5− x

No Numerador temos:
µ ¶
4 1
lim 10x − 3 − + 2 = lim 10x − 3 − 0 + 0 = ∞
x→∞ x x x→∞

¡ ¢
No Denominador, temos: limx→∞ 5 − x4 = 5 − 0

Quando x → ∞, o denominador se aproxima de 5, enquanto que o numerador

cresce sem limite.

Assim,
10x3 − 3x2 − 4x + 1
lim = +∞
x→∞ 5x2 − 4x
10x3 −3x2 −4x+1
Observações: Este limite também pode ser calculado usando divisão, isto é, 5x2 −4x
=
1
2x + 1 + 1 + 5x2 −4x

10x3 −3x2 −4x+1 1


tal que limx→∞ 5x2 −4x
= limx→∞ (2x + 1) + limx→∞ 5x2 −4x
¦
176 Cálculo Diferencial e Integral I - Derivada

1
Como limx→∞ 5x2 −4x
=0
10x3 −3x2 −4x+1
Concluímos que o gráco de y = 5x2 −4x
é assintótico à reta y = 2x + 1

quando x → ∞.

Figura 3.40:

Em geral, o gráco y = r(x) de uma função racional r é assintótico a uma reta

quando x → + − ∞ se a mais alta potência do numerador excede a potência do

denominador em, no máximo 1. Se for assim, e se a assíntota não é horizontal, dizemos

que r tem uma assíntota oblíqua.

3.9 Assíntotas Verticais

Denição 3.9 A armação limx→a = ∞ signica que os valores f (x) crescem sem
limites quando x se aproxima de a.
Profa. Dra. Lilian Milena Ramos Carvalho 177

A armação limx→a+ f (x) = ∞ signica que os valores de f (x) crescem sem

limites quando x se aproxima de a pela direita. Signicados semelhantes são relacio-

nados às armações

lim f (x) = ∞; lim f (x) = −∞


x→a− x→a

lim f (x) = −∞; lim f (x) = −∞


x→a+ x→a−

Denição 3.10 Dizemos que o gráco de y = f (x) tem uma assíntota vertical em
x = a se qualquer um dos limites innitos da denição 3.9 existem.

A técnica para encontrar assíntotas verticais é simplesmente procurar aqueles nú-

meros para os quais o denominador de f (x) torna-se zero.

Exemplo 3.27 Para a função f (x) = 1


(x−2)3
observe que se x − 2 é positivo, então,

(x − 2)3 também é. Se x − 2 é negativo, (x − 2)3 também é.

Assim,

1
(a) Se x → 2+ , (x − 2)3 → 0, isto é, limx→2+ (x−2)3
= +∞

1
(b) Se x → 2− , (x − 2)3 → 0, por valores negativos, isto é, limx→2− (x−2)3
=

−∞
178 Cálculo Diferencial e Integral I - Derivada

O gráco de f tem uma assíntota vertical em x = 2.

Figura 3.41:

x2
Exemplo 3.28 Encontre todas as assíntotas verticais para o gráco de f (x) = 4−x2

e calcule os limites correspondentes.

x2 x2
Solução. f (x) = 4−x2
= (2−x)(2+x)

Portanto, o denominador é igual a zero se x = −2 e x = 2. Estes números

são candidatos a assíntotas verticais. Para calcular os 4 limites laterais devemos

determinar os sinais de cada fator. ¦


-2 2
numerador

denominador:(2-x)
denominador:(2+x)

f(x)

Figura 3.42:
Profa. Dra. Lilian Milena Ramos Carvalho 179

Então, temos:
x2
lim = −∞
x→−2− 4 − x2
x2
lim =∞
x→−2+ 4 − x2
x2
lim =∞
x→2− 4 − x2
x2
lim = −∞
x→2+ 4 − x2
As assíntotas verticais são x = −2 e x = 2.

Figura 3.43:
180 Cálculo Diferencial e Integral I - Derivada

Exercício 3.8 1. Calcule o limite, se existir.


3x2 +2 x(4−x3 )
(a) limx→∞ 10x2 −3x
(b) limx→∞ 3x4 +2x2

1 3x2 +7x
(c) limx→−∞ x− 3 (d) limx→∞ 1−x4

sin x x4 −3 sin x
(e) limx→−∞ x
(f) limx→−∞ 3x+5x5


|2−x2 | x−1
(g) limx→∞ x2 +1
(h) limx→∞ x2

2
x 3 +x
(i) limx→∞ 3 (j) limx→∞ x sin x
1+x 4

1
(k) limx→2+ x−2
(l) limx→ Π − tan x
2

|x|
(m) limx→ Π tan x (n) limx→0− x
2

x2 +1 x2 −25
(o) limx→5− x+5
(p) limx→5− x−5

2. Calcule assíntotas horizontais, se existirem.

1
(a) y = 1+x

2x2
(b) y = x2 +1

2x2
(c) y = (x2 +1)2

sin x
(d) y = 3 + x

(e) y = √ 4−3x 2
(1+2x )
Profa. Dra. Lilian Milena Ramos Carvalho 181

ax+7
3. A função y = 4−x
tem uma assíntota horizontal em y = 3. Calcule a.

4. Calcule as assíntotas verticais

1
(a) limx→2+ x−2

x−7
(b) limx→5− x−5

1
(c) limx→1+ 1
(x−1) 3

Π+axr
5. A função y = 2 tem uma assíntota horizontal em y = −2. Calcule a e r .
1−3x 3

6. A função y = (x2 + ax + b)−1 tem assíntotas verticais em x = 3 e x = 5.

Calcule a e b.

7. Suponha que g é uma função duas vezes diferenciável para todo n◦ real x, exceto

em x = 1 e suponha que é indenida em x = 1. Também, suponha que ela

satisfaz as seguintes 8 condições:

(1) g(x)=0 se, e somente se, x=0

(2) Quando x → ∞, o limite de g(x) é zero

(3) Quando x → −∞, o limite de g(x) é zero

(4) Quando x → 1, o limite de g(x) é ∞

(5) g 0 (x) < 0 para x < −1 e x > 1

(6) g 0 (x) > 0 para −1 < x < 1

(7) g 00 (x) < 0 para x < −2

(8) g 00 (x) > 0 para −2 < x < 1 e x > 1

Esboce o gráco de g . Especique o extremo absoluto, Extremo relativo e pontos

de inexão.
182 Cálculo Diferencial e Integral I - Derivada

3.10 Esboço de curvas

Procedimento:

1. Determine o domínio

2. Se possível calcule os zeros, isto é, resolva f (x) = 0

3. Calcule assíntotas verticais e os limites para + − ∞, se existirem

4. Encontre os pontos críticos, verique se f é crescente ou decrescente nos inter-

valos resultantes e classique os extremos

5. Determine a concavidade e localize os pontos de inexão

6. Calcule os valores da função para alguns números convenientes e localize os

pontos correspondentes no gráco

Exercício 3.9 Esboce o gráco da função f (x) = x4 − 24x2 + 20

1. Como f é um polinômio, f (x) é denida para todo x pertencente aos reais.

2. f (x) = 0 → x4 − 24x2 + 20 = 0

y = x2 → y 2 − 24y + 20 = 0 → y = 0, 93 e y = 4, 81

As 4 raízes são aproximadamente + − 0, 93 e + − 4, 81. Verique!!!


Profa. Dra. Lilian Milena Ramos Carvalho 183

3. Como f é uma função polinomial de grau par cujo termo lider é positivo,

f (x) → ∞ quando x → + − ∞. Assim, não existem assíntotas horizon-

tais.

Não existem assíntotas verticais porque f (x) é denida e contínua em (−∞, ∞).

4. Como f é uma função polinomial, ela é diferenciável em toda parte e sua deri-

vada primeira é f 0 (x) = 4x3 − 48x = 4x(x2 − 12). Assim, os pontos críticos

são x = 0, x = + − 2 3.

√ √
Analise do sinal de f 0 (x): f é decrescente em (−∞, −2 3] e [0, 2 3]

fator (4x)

fator (x+2.3^(1/2))

fator (x-2.3^(1/2))

f’(x)
-2.3^(½) 0 2.3^(½)

Figura 3.44:

√ √
f é crescente em [−2 3, 0] e [2 3, ∞)

Assim, os três pontos críticos produzem os pontos:

√ √ √
(−2 3, f (−2 3)) = (−2 3, −124)

(0, f (0)) = (2, 20)


√ √ √
(2 3, f (2 3)) = (2 3, −124)
184 Cálculo Diferencial e Integral I - Derivada

Então, −124 é o mínimo relativo e f (0) = 20 é um máximo relativo.

5. f 00 (x) = 12x2 −48 = 12(x2 −4). Fazendo f 00 (x) = 0, temos que x = +−2.

Analisando o sinal nos três intervalos determinados por + − 2

Intervalo I N◦ teste t f 00 (t) sinal de f 00 (t) Concavidade

(−∞, −2] t = −3 f 00 (−3) = 60 + para cima

(−2, 2] t=0 f 00 (0) = −48 − para baixo

(2, ∞) t=3 f 00 (3) = 60 + para cima

vemos que o gráco de f é côncavo para cima em (−∞, −2] e [2, ∞) e côn-

cavo para baixo em [−2, 2]. Assim, os pontos (−2, f (−2)) = (−2, −60) e

(2, f (2)) = (2, −60) são pontos de inexão.

Figura 3.45:

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