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Abordagem Morfofuncional Do Sistema Nervoso PDF
Abordagem Morfofuncional Do Sistema Nervoso PDF
INTRODUÇÃO
1
Biomédica. Doutora em Ciências Médicas, área de concentração Neurociências pela Universidade Estadual de Campinas.
Professora do departamento de anatomia da Universidade Federal do Paraná
2
Médica Radiologista. Membro Titular do Colégio Brasileiro de Radiologia. Doutora em Ciências, área de concentração
Anatomia Morfofuncional pela Universidade de São Paulo. Mestre em Medicina, área de concentração Radiologia pela
Universidade Federal do Rio de Janeiro. Professora da Universidade Tecnológica Federal do Paraná do curso Superior de
Tecnologia em Radiologia.
As informações recebidas podem ser distribuídas para várias regiões do corpo,
onde células nervosas motoras são estimuladas e novos impulsos nervosos são
gerados. Estes são, então, encaminhados a estruturas efetuadoras, tais como
células musculares e secretoras endócrinas.
O sistema nervoso central é formado pelo encéfalo e pela medula espinhal, que
estão contidos dentro da cavidade craniana e do canal da coluna vertebral,
respectivamente. Ele funciona como um sistema controlador e integrador do SN,
recebendo impulsos sensitivos do SNP e formulando respostas para estes impulsos.
Componente eferente
Dividido em sistema nervoso somático (SNS) e sistema nervoso autônomo (SNA).
O SNS é conhecido também como sistema nervoso voluntário porque sua função
motora é controlada conscientemente. Ele possui células nervosas motoras
somáticas que levam impulsos do SNC aos músculos estriados esqueléticos.
O SNA, também conhecido como sistema nervoso involuntário, é composto por
células nervosas motoras viscerais que transmitem impulsos para a musculatura lisa
e para o músculo cardíaco, por exemplo. O SNA pode ser divido, funcionalmente,
em sistema nervoso autônomo simpático (SNAS) e sistema nervoso autônomo
parassimpático (SNAP).
Funções do SNA
As fibras pré-ganglionares dos neurônios do SNA simpático e parassimpático e as
pós-ganglionares do parassimpático são denominadas fibras colinérgicas porque
liberam o neurotransmissor acetilcolina. Essa mesma substância é secretada,
também, pelos neurônios motores somáticos.
As fibras pós-ganglionares simpáticas secretam noradrenalina e, por isso, são
denominadas adrenérgicas. As fibras pós-ganglionares simpáticas que inervam as
glândulas sudoríparas são uma exceção, pois secretam acetilcolina.
A maioria dos órgãos corporais é inervada por neurônios das duas divisões do SNA.
Há exceções, tais como as glândulas sudoríparas, os músculos eretores dos pelos,
as paredes vasculares e a medula supra-renal, que são inervados apenas pelo SNA
simpático.
Os neurotransmissores secretados em uma terminação nervosa do SNA se ligam a
receptores específicos nas células efetuadoras, causando uma mudança
conformacional na proteína receptora, parte integrante da membrana celular,
excitando ou inibindo a célula. Isso pode ocorrer por meio de dois mecanismos:
1. Mudança na permeabilidade da membrana celular abrindo ou fechando um
canal iônico.
Exemplificando:
- Olhos: as divisões simpática e parassimpática possuem ações antagônicas. A
primeira, quando estimulada, produz midríase e a segunda miose.
- Glândulas nasais, lacrimais, salivares e muitas glândulas gastrintestinais são
estimuladas pela divisão parassimpática do SNA, resultando em secreção aguda
abundante.
- Glândulas sudoríparas secretam grande quantidade de suor quando os nervos
simpáticos são excitados. Não respondem aos estímulos parassimpáticos.
- Coração: quando o SNA simpático é estimulado, há aumento da frequência
cardíaca e da força de contração. Desta maneira, o trabalho cardíaco é aumentado.
O SNA parassimpático atua antagonicamente ao simpático nesse órgão; assim,
quando estimulados, diminuem tanto a frequência, quanto a força de contração
cardíaca.
Dilatação
Brônquios Constrição
Diminuição do
Canal alimentar peristaltismo Aumento do peristaltismo
Vasoconstrição Vasodilatação
Glândulas salivares
Redução do volume Aumento do volume da secreção
da secreção
Aumento da fluidez da secreção
Aumento da
viscosidade da
secreção
Pupila Midríase (dilatação da Miose (constrição da pupila)
pupila)
Glândulas sudoríparas Secreção copiosa Inervação ausente
Figura 5 - Segmento distal do saco dural com cauda equina e filamento terminal.
Na região cervical há oito pares de nervos cervicais, embora existam somente sete
vértebras cervicais.
O 1° par (C1) emerge entre a primeira vértebra cervical, o atlas, e o osso occipital,
sendo que o último par, o 8º nervo (C8), emerge entre a 7ª vértebra cervical e a 1ª
vértebra torácica.
Na região torácica há doze pares de nervos torácicos. O 1º par (T1) emerge entre a
1ª e a 2ª vértebras torácicas.
TOPOGRAFIA VERTEBROMEDULAR
O tronco encefálico (TE) é uma estrutura constituída por três partes distintas: o bulbo
ou medula oblonga, situado caudalmente; a ponte, com posição média; e
cranialmente, o mesencéfalo (Figura 6).
Fonte: Acervo da UFPR
Há doze pares de nervos cranianos (I ao XII pares). Com exceção dos dois primeiros
pares, os dez últimos (III ao XII pares) apresentam sua origem na extensão do
tronco encefálico (Figura 7).
Grupo constituído tanto por fibras nervosas sensitivas quanto por motoras e, por
isso, é denominado grupo nervos cranianos mistos.
São eles: o nervo trigêmeo (V par, responsável pela inervação dos músculos da
mastigação e do músculo tensor do tímpano), nervo facial (VII par, responsável pela
inervação dos músculos mímicos da face, do ventre posterior do músculo digástrico
e do músculo estapédio), nervo glossofaríngeo (IX par, responsável pela inervação
do músculo estilofaríngeo e do músculo constritor superior da faringe), nervo vago (X
par, responsável pela inervação dos músculos constritores da faringe e músculos
intrínsecos da laringe) e nervo acessório (XI par, responsável por auxiliar o nervo
vago na inervação dos músculos do palato mole). A inervação sensitiva desses
nervos cranianos está exposta no quadro 1.
ANATOMIA DO CEREBELO
O verme (ou vermis cerebelar) é uma estrutura mediana, com formato da letra “C“
(Figura 11).
Fonte: Acervo da UFPR
DIENCÉFALO
O diencéfalo é uma região do cérebro constituída pelo tálamo, hipotálamo, epitálamo
e subtálamo.
O tálamo está situado profundamente nos hemisférios cerebrais, sendo limitado
lateralmente pela cápsula interna. É constituído por duas massas ovóides de
substância cinzenta (Figura 12). Estas duas estruturas formam as paredes laterais
do terceiro ventrículo e estão ligadas pela aderência intertalâmica, uma pequena
ponte que atravessa o terceiro ventrículo. Possuem mais de 20 núcleos
(agrupamentos de corpos celulares) separados funcionalmente. Por analogia,
podemos dizer que o tálamo funciona como uma estação de retransmissão sensitiva
e centro integrador do encéfalo.
SULCOS INTERLOBARES
São sulcos, frequentemente constantes, utilizados para a separação ou divisão dos
hemisférios em lobos distintos.
Sulco lateral
Situado nas faces inferior e superolateral dos hemisférios cerebrais. Serve como
limite entre os lobos temporal, frontal e parietal (Figura 16).
Na face superolateral, esse sulco divide-se em três porções desiguais: dois ramos
curtos dirigindo-se para o lobo frontal, denominados de ramo ascendente e de ramo
anterior do sulco lateral. O terceiro ramo, muito longo, representa a verdadeira
continuação do sulco lateral, dirigindo-se obliquamente para trás e para cima,
recebendo o nome de ramo posterior do sulco lateral.
Sulco central
Situado na face superolateral. Divide os lobos frontal e parietal (Figura 16).
Sulco Parietoccipital
Situado nas faces superolateral e medial dos hemisférios cerebrais. Melhor
identificado na face medial do cérebro. Representa o limite entre os lobos parietal e
occipital (Figura 17).
Sulco Calcarino
Possui início no pólo occipital, dirigindo-se anteriormente, até encontrar o sulco
parietoccipital medialmente (Figura 17).
Sulco do Cíngulo
É o mais longo dos sulcos da face medial dos hemisférios cerebrais. Apresenta
disposição paralela ao corpo caloso (Figura 17).
Fonte: Acervo da UFPR
Sulco Colateral
Situado na porção têmporo-occipital da face inferior do hemisfério. Seu início está
localizado no pólo occipital, paralelo ao sulco calcarino e seu término nas
proximidades do pólo temporal. Nesse trajeto, separa o giro parahipocampal
(medialmente) dos giros occipitotemporais, medial e lateral.
LOBOS CEREBRAIS
LOBO FRONTAL
Possui três sulcos irregulares que determinam a sua divisão em quatro giros.
Dois sulcos são paralelos entre si e se originam nas proximidades do pólo frontal,
dirigindo-se para o sulco central e são denominados sulcos frontais, superior e
inferior. Os giros frontais superior, médio e inferior estão localizados entre as bordas
superior e lateral do hemisfério cerebral, entre os sulcos frontais, superior e inferior.
O sulco pré-central delimita, juntamente com o sulco central, o giro pré-central,
responsável pela motricidade somática.
Na face medial, o lobo frontal é delimitado pela borda superior do hemisfério
cerebral, sulco do cíngulo e sulco subcaloso anterior.
LOBO TEMPORAL
O lobo temporal possui dois sulcos paralelos entre si e ao sulco lateral. São
denominados sulcos temporais, superior e inferior. Entre esses dois sulcos estão
delimitados três giros. Estes são denominados, de cima para baixo, de giros
temporais superior, médio e inferior.
Na parte transversa do giro temporal superior está localizada a área do córtex
auditivo primário.
A face inferior do lobo temporal possui um sulco, geralmente irregular, que se
estende em direção ao lobo occipital, denominado de sulco occipital-temporal.
Esse sulco, juntamente com a borda lateral do hemisfério, delimita o giro temporal
inferior.
Entre o sulco occipito-temporal e o sulco colateral delimita-se o giro occipito-
temporal lateral.
Entre o sulco colateral e o sulco calcarino delimita-se o giro occipitotemporal medial.
Entre o sulco colateral e o sulco para-hipocampal delimita-se o giro para-hipocampal.
Esse giro recobre o hipocampo.
O hipocampo, cujo nome está associado ao cavalo marinho, pela semelhança
apresentada nos cortes frontais, situa-se no lóbulo temporal, em posição medial ao
corno inferior do ventrículo lateral.
O hipocampo é uma área cortical, muito antiga, ligada às funções básicas da vida e
à memória de fatos atuais e recentes.
A sua extremidade anterior, alargada e proeminente, é denominada pé do
hipocampo. É envolvido em parte por uma delgada lâmina de substância branca,
denominada de alveus do hipocampo. O alveus continua-se medial e dorsalmente
ao hipocampo por um feixe de fibras nervosas que constituem a fímbria do
hipocampo. Esta tem continuação posterior com a perna do fórnix, estabelecendo a
conexão do hipocampo com o corpo mamilar.
Entre a fímbria e o hipocampo, lateralmente, e o giro parahipocampal, medialmente,
situa-se um giro reduzido caracterizado pelas digitações que apresenta, denominado
de giro denteado.
LOBO PARIETAL
LOBO OCCIPITAL
O lobo da ínsula ocupa a região cortical profunda do sulco lateral. É constituído por
vários giros curtos e um giro longo, o giro da ínsula. Todos esses giros convergem
anteriormente para constituir o limem da ínsula (Figura 19).
Os giros curtos se separam do giro longo pelo sulco central da ínsula.
LOBO LÍMBICO
O lobo límbico é constituído, na face medial dos hemisférios cerebrais, pelo giro do
cíngulo que acompanha o corpo caloso em toda a sua extensão e dele se separa
pelo sulco do corpo caloso.
O giro do cíngulo tem seu início sobre o rostro do corpo caloso e, após acompanhá-
lo, estreita-se próximo ao esplênio do corpo caloso. Nesse local origina-se o istmo
do giro do cíngulo que continua com o giro para-hipocampal da face inferior do
hemisfério. O giro para-hipocampal projeta-se anteriormente até terminar sob a
forma de um gancho, denominado giro do uncus.
São representados por conjuntos de fibras nervosas que ligam áreas corticais
distintas, dentro de um mesmo hemisfério cerebral.
Quando as conexões se fazem em áreas próximas, as fibras têm comprimento
reduzido e são denominadas de fibras nervosas curtas.
As demais fibras nervosas são longas e conectam regiões intra-hemisféricas
distantes.
De acordo com a disposição e localização, as fibras nervosas longas são agrupadas
em diferentes tractos ou fascículos:
Fascículo longitudinal superior – é a mais longa das vias de associação.
Conectam os lobos frontal, occipital e temporal.
Fascículo unciforme – em forma de gancho. Contorna o fundo do sulco lateral,
unindo regiões inferiores do lobo frontal à porção anterior do lobo temporal.
Fascículo do cíngulo – situado junto ao giro do cíngulo. Estabelece conexões
entre as regiões situadas sob o joelho do corpo caloso, o hipocampo e
regiões circunvizinhas.
Fascículo longitudinal inferior – estabelece conexão intra-hemisférica entre os
lobos temporal e occipital.
Fibras arqueadas – são responsáveis pela associação entre giros cerebrais
vizinhos.
São representados por grupos bem delimitados de fibras nervosas que cruzam o
plano sagital mediano horizontalmente.
Os principais tractos desse grupo são: o corpo caloso, a comissura anterior, a
comissura do fórnix, a comissura posterior e a comissura das habênulas.
Tractos Nervosos de Projeção
Representam os agrupamentos de fibras nervosas que estabelecem a união entre o
córtex cerebral e as demais estruturas subcorticais do sistema nervoso central.
Estas conexões podem ser de dois tipos:
a) Fibras nervosas de projeção ascendentes que se originam em regiões
inferiormente localizadas do sistema nervoso central e que terminam no
córtex cerebral.
b) Fibras nervosas de projeção descendentes que se originam no córtex cerebral
e se destinam aos centros nervosos subcorticais.
CORPO CALOSO
É a mais importante das comissuras inter-hemisféricas. Possui a forma de um arco
com disposição transversal e concavidade voltada inferiormente. Está localizado no
fundo da fissura longitudinal do cérebro (Figura 21).
COMISSURA ANTERIOR
A comissura anterior está situada superiormente à lâmina terminal. Pode ser dividida
em duas porções: uma porção anterior, constituída por fibras nervosas que se
dirigem lateral e horizontalmente, estando relacionadas à conexão dos bulbos
olfatórios entre si; e a porção posterior, constituída por fibras nervosas que se
arqueiam, para baixo e para trás, conectando áreas dos lobos temporais e corpos
amigdalóides, de ambos os hemisférios cerebrais.
COMISSURAS DO FORNIX
Figura 26 - Vista superior dos hemisférios cerebrais. Destaque para o seio sagital
superior.
A veia cerebral magna recebe quase todo o sangue do sistema venoso profundo.
Este representa um curto tronco mediano formado pela confluência das veias
cerebrais internas. A veia cerebral magna desemboca no seio reto e drena o sangue
de regiões situadas profundamente no cérebro tais como: o corpo estriado, a
cápsula interna, o diencéfalo e grande parte do centro branco medular do cérebro.
As veias do encéfalo são maiores e mais calibrosas que as artérias e não as
acompanham. Drenam o sangue venoso encefálico para os seios da dura-máter em
direção as veias jugulares internas.
Os seios da dura-máter são formados pelos folhetos interno e externo da meninge
dura-máter, e são revestidos internamente por endotélio.
Os principais seios da dura-máter são: o seio sagital superior, o seio sagital inferior,
o seio reto, o seio intracavernoso posterior, o seio intracavernoso anterior, o plexo
basilar, o seio esfenoparietal, o seio cavernoso, o seio petroso superior, o seio
petroso inferior, o seio occipital, os seios transversos e os seios sigmoides.
São três os seios relacionados com a calvária craniana e três com a base do crânio.
Seios da calvária craniana:
Seio sagital superior: situado na borda superior. Acompanha a foice do
cérebro em toda sua extensão.
Seio sagital inferior: ocupa os dois terços posteriores da borda inferior da foice
do cérebro. Está localizado superiormente ao corpo caloso.
Seio reto: situado na junção da foice do cérebro com a tenda do cerebelo.
Seios da base do crânio:
Seio intercavernoso anterior: liga transversalmente os dois seios cavernosos.
Situado na parte superior da sela túrcica (ou sela turca), passando diante e
por cima da hipófise.
Seio intercavernoso posterior: paralelo ao anterior, liga os dois seios
cavernosos, passando por trás e acima da hipófise.
Plexo basilar: é um plexo de canais venosos que se situa no clivo do occipital.
Este plexo desemboca nos seios intercavernoso posterior e petrosos
inferiores (direito e esquerdo).
Seios pares situados na base do crânio:
Seio esfenoparietal: ocupa a borda posterior da asa menor do osso esfenóide.
Seio cavernoso: disposto no sentido ântero-posterior, ocupa cada lado da sela
túrcica.
Seio petroso superior: estende-se do seio cavernoso até o seio transverso,
situado na borda superior da parte petrosa do temporal.
Seio petroso inferior: tem sua origem na extremidade posterior do seio
cavernoso, recebe parte do plexo basilar. Termina no bulbo superior da veia
jugular interna.
Seio transverso: tem sua origem na confluência dos seios e percorre o sulco
transverso do osso occipital até a base petrosa do temporal, onde recebe o
seio petroso superior. Tem continuação com o seio sigmóide.
Seio sigmóide: ocupa o sulco de mesmo nome. Esse faz um verdadeiro "S" na
borda posterior da parte petrosa do temporal. Termina no bulbo superior da
veia jugular interna após atravessar o forame jugular. A veia jugular interna
drena o seio sigmoide. O seio petroso inferior atravessa o forame jugular para
desembocar na veia jugular interna.
Seio occipital: tem sua origem próxima do forame magno. Está localizado a
cada lado da borda posterior da foice do cerebelo.
Sinapse
O termo sinapse refere-se à junção entre dois neurônios.
É por meio de uma sinapse que informações são transmitidas de um neurônio a
outro.
A sinapse é o elemento funcional mais importante do sistema nervoso central (SNC),
uma vez que seleciona o sinal a ser transmitido, por meio de uma propagação
variável de sinais, permitindo a passagem de alguns desses sinais e rejeitando
outros. Dessa maneira, possui papel fundamental na canalização do processamento
da informação nas funções integrativas do sistema nervoso (SN).
ABORDAGEM MORFOFUNCIONAL DE UMA SINAPSE
O neurônio (figura 27), uma das células que constituem o sistema nervoso central, é
composto por um corpo ou soma, dois tipos de prolongamentos, uns mais curtos, os
dendritos e outro mais longo, o axônio. Estes prolongamentos são encontrados
distribuídos pela superfície do corpo neuronal.
Os neurônios se dispõem em cadeias sequenciais contendo diversos pontos de
interconexões, perfazendo sinapses axossomáticas, axoaxônicas, axodendríticas,
entre outras, por onde ocorre a transmissão de sinal unidirecional de uma célula a
outra. Nas sinapses ocorre a transmissão de sinal unidirecional de uma célula a
outra.
Tanto dentro quanto fora da célula temos íons em diferentes concentrações. Isto
leva a uma diferença de potencial elétrico entre esses dois meios, já que íons
possuem cargas elétricas e criam em torno de si um campo elétrico.
O potencial de membrana de uma célula representa a diferença de concentrações
iônicas entre os líquidos intra e extracelular. Na maioria das células, o potencial de
repouso permanece inalterado quando não há influência do meio externo. Nessas
condições, denominamos o potencial de membrana de potencial de repouso.
Para que haja excitação do axônio – e, dessa maneira, o impulso nervoso seja
transmitido - vários botões sinápticos devem ser excitados. Este fenômeno é
denominado “somação”. Dessa forma, vários botões sinápticos liberam
neurotransmissores excitatórios ao mesmo tempo.
Há dois tipos de somação de potenciais excitatórios que podem ocorrer em uma
sinapse:
A) Somação espacial, em que duas ou mais sinapses estão ativas
simultaneamente, ou seja, há um maior número de fibras envolvidas.
B) Somação temporal, que ocorre quando os mesmos botões sinápticos
apresentam dois ou mais ciclos de atividades em intervalos muito curtos, o que
significa dizer que há descargas sucessivas em um mesmo botão sináptico.
Desta maneira, sinais são transmitidos com diferentes intensidades por meio de
combinações espacial e temporal. Assim, temos sinais fortes e sinais fracos.
Um sinal forte é obtido quando muitas fibras são utilizadas (somação espacial) e
cada fibra conduz um grande número de impulsos (somação temporal).
Um sinal fraco ocorre quando poucas fibras são recrutadas e um pequeno número
de impulsos é transmitido por fibra.
Facilitação Sináptica
Inibição Sináptica
Circuitos Simples
Divergência no mesmo feixe, em que o sinal entra por uma única fibra e estimula
progressivamente um número maior de fibras, e é por isso também conhecido como
circuito amplificador. Um exemplo deste tipo de circuito é o que ocorre na
transmissão de impulsos a um feixe de músculo esquelético. Um neurônio da área
motora do SNC envia sinal para a medula espinhal, onde são estimulados até cem
células do corno anterior da medula. Cada uma dessas células irá estimular cerca de
cento e cinquenta fibras musculares.
Figura 29 - Esquema de grupamento neuronal funcional de um circuito divergente de mesmo feixe.
Divergência de múltiplos feixes (Figura 53), em que sinais que trafegam por uma via
aferente podem ser transmitidos para outras vias. Assim, a mesma informação é
transmitida em diferentes direções ao mesmo tempo. Um exemplo deste tipo de
circuito é aquele em que informações originárias nas articulações e nos músculos
em movimento são transmitidas aos grupamentos funcionais, localizados em
diferentes regiões do SNC, tais como o tálamo, o cerebelo e a medula espinhal.
Figura 29 - Esquema de um grupamento neuronal funcional de um circuito divergente de múltiplos
feixes.
Circuitos Repetitivos
Nestes tipos de circuitos, mesmo quando estimulados apenas uma vez, a célula de
saída transmite uma série de impulsos. Existem dois tipos de circuitos repetitivos: o
reverberativo e o paralelo.
Circuito reverberativo: aquele no qual o sinal estimula um neurônio que, por sua vez,
estimula o segundo e o terceiro neurônios. Ramificações desse tipo de circuito levam
esse impulso de volta ao primeiro neurônio estimulado. A resultante é o percurso
repetido do sinal pela cadeia neuronal que continua circulando, até que um dos
neurônios deixe de responder devido à fadiga sináptica. Um exemplo de circuito
reverberativo é aquele envolvido na marcha.
Circuito paralelo: Neste tipo de circuito, um único sinal de chegada estimula uma
sequência de neurônios. Esse tipo de circuito é útil para atividades que envolvam
tarefas precisas como o cálculo matemático.
A via visual tem seu início com as células ganglionares da retina (receptores
denominados cones e bastonetes, constituídos pelos neurônios I da via óptica),
cujos axônios mielinizados saem do globo ocular por meio do disco óptico para
formarem o nervo óptico. Fibras do nervo óptico seguem posteriormente em direção
ao quiasma óptico (cruzamento parcial do nervo óptico), para em seguida, formarem
o tracto óptico (neurônio II), cujas informações seguem pelos neurônios III, chegando
ao tálamo, mais precisamente no corpo geniculado lateral, no neurônio IV. Em
seguida, formam as vias de saída para as radiações ópticas em direção ao lobo
occipital, área de Broadman 17.
Dentre os sabores amargo, doce, azedo e salgado, cada alimento ativa uma
combinação de estímulos dando ao alimento um paladar único. A gustação e o olfato
determinam – juntos - as sensações provocadas pelos estímulos.
A gustação tem seu início na língua, nas regiões atribuídas a cada um dos sabores.
A língua é recoberta por uma série de receptores gustativos denominados papilas
circunvaladas, papilas foleadas, papilas filiformes, papilas fungiformes. Cada
receptor gustativo possui células gustativas (não são neurônios, mas células
epiteliais) e axônios gustativos aferentes. Embora não sejam neurônios, as células
gustativas são receptores que ativam os axônios aferentes responsáveis pela
despolarização das células nervosas que inervam essa região por meio dos nervos
cranianos VII, IX e X. Os estímulos gustativos seguem para o bulbo (tronco
encefálico - região do núcleo do tracto solitário), seguindo para o tálamo. A partir do
tálamo, a gustação é retransmitida para o córtex cerebral, área 43 de Broadman.
Glossário
1. ELIS, H., LOGAN, B., DIXON, A. Anatomia Seccional Humana. São Paulo,
Editora Santos, 2001.
2. GUYTON AC, Hall JE. Tratado de Fisiologia Médica. 11ª ed. Rio de Janeiro:
Elsevier; 2006.