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ESCOLA DE COMUNICAÇÃO DA UFRJ

LEONARDO BOTELHO DÓRIA

DRE: 114153329

JOGOS VORAZES E A PERSPECTIVA POLÍTICA: ANÁLISE DOS FILMES SOB


OS CONCEITOS DE MARX E GRAMSCI

Rio de Janeiro,
Julho de 2015
1. Introdução

Há tempos o cinema vem sendo considerado uma importante e expressiva ferramenta


de comunicação, além, é claro, de manter o seu reconhecido título de ser a Sétima Arte. No
que tange a sua função, entretanto, existe uma grande discussão entre os teóricos, pois uma
produção cinematográfica pode simplesmente buscar reproduzir a realidade (ou criar uma
nova), trazer ao público humor, proporcionar ao espectador sentimentos variados ou até
mesmo ser uma forma de apresentar, através das imagens, uma ideologia individual ou
coletiva. Portanto, o cinema discute, conforme descreve Ismail Xavier (2005, p. 14), “as mais
diferentes posturas estético-ideológicas que foram assumidas ao longo de praticamente
sessenta anos (da Primeira Guerra Mundial ao início da década de 1970”.

Inicialmente surgiu como apenas mais uma inovação tecnológica do século XIX, cujo
objetivo era filmar coisas simples e curtas, sendo conhecido como “cinema das atrações”.
Contudo, passou a se desenvolver muito rapidamente, aumentando o interesse por filmes de
ficção ou produções que conseguissem despertar o interesse do público, trazendo histórias
mais longas, bem estruturadas e melhor desenvolvidas. É exatamente por isso que o cinema é
considerado um dos tipos de arte que mais evoluiu ao longo dos anos, superando os aspectos
modernistas – cujo objetivo era representar o social – e passando a ter um viés pós-
modernista, onde a imagem e o estímulo dos sentidos e da percepção passaram a ser mais
valorizados.

Muitos consideram que o cinema pós-modernista deixa de ser arte e passa a ser um
mero objeto da indústria de entretenimento. Esse tipo de pensamento surge porque diversos
autores consideram que a sociedade pós-moderna é movida pelo consumismo e, portanto, o
cinema se apresenta como um dos mecanismos do sistema capitalista. Através dele consegue-
se ditar comportamentos e tendências, alcançar muitas pessoas e movimentar uma grande
quantidade de dinheiro. Agora, boa parte dos filmes perdem o seu caráter artístico, buscando
somente em atrair público para serem massivamente comercializados. Portanto, estando
submerso em uma cultura do consumo, é preciso conseguir atrair cada vez mais o público
consumidor e, para isso, utiliza-se de estereótipos e/ou representações sociais para criar uma
relação mais próxima com estes.

É nesse sentido que entendemos os personagens e as narrativas dos filmes como um


tipo de representação de um determinado grupo social. Seus comportamentos, suas
roupas, os ambientes onde convivem etc., representam o jovem na sociedade. No
caso específico da representação visual, esse conceito refere-se ao primeiro domínio
da imagem proposto por Santaella e Nöth, em que as imagens são objetos materiais,
signos que representam o nosso meio ambiente visual. (CARDOSO; SANTOS;
VARGAS, 2014, p. 272).

É exatamente por essas especificidades que o cinema foi escolhido como a peça de
comunicação a ser explorada nesse trabalho. Como proposta, busca-se analisar três filmes que
obtiveram grande sucesso de público, dando ênfase principalmente no discurso ideológico
presente neles. Assim, escolheu-se fazer uma análise dos filmes que integram a trilogia Jogos
Vorazes, responsáveis por ser um sucesso mundial que atrai jovens e adultos das mais
variadas idades, além de ter sido a maior bilheteria de 2014 nos Estados Unidos 1. As
produções analisadas foram: Jogos Vorazes (2012), Jogos Vorazes: Em Chamas (2013) e
Jogos Vorazes: A Esperança – Parte 1 (2014).

O Cinema não foge à condição de campo de incidência onde se debate as mais


diferentes posições ideológicas, e o discurso sobre aquilo que lhe é específico é
também um discurso sobre princípios mais gerais que, em última instância, orientam
as respostas a questões específicas. (XAVIER, 2005, p.10).

Pode-se dizer que toda produção cinematográfica traz consigo uma ideologia de base
e, sendo uma linguagem, acaba por reproduzir o discurso ideológico, transpondo para o
público suas ideias através das entrelinhas. Por isso, tendo os objetos de análise definidos,
procurar-se-á perceber os aspectos filosóficos, sociológicos e políticos presentes neles, que
muitas vezes passam despercebidos por grande parte dos espectadores. O objetivo do trabalho
consistirá em relacionar tais aspectos com o conceito de ideologia proposto por Karl Marx
(1818 – 1883) e também com o conceito de hegemonia proposto por Antonio Gramsci (1891
– 1937), bem como os subconceitos oriundos destes.

A proposta apresenta-se como critério de avaliação da disciplina de Teoria da


Comunicação II trazendo como objetivo estimular o pensamento crítico do aluno ao pensar a
ideologia como um problema teórico da comunicação. Busca-se, dessa forma, aliar a teoria
com a prática, trazendo os conceitos trabalhados em sala de aula para a vida cotidiana,
mostrando a relação direta existente entre eles.

2. A trilogia Jogos Vorazes

Os filmes da série Jogos Vorazes são baseados nos livros homônimos da autora
americana Suzanne Collins. Os três livros rapidamente tornaram-se best-sellers e foi um dos
principais motivos que levaram a Lions Gate Entertainment – uma produtora de cinema e

1
Cf. ADOROCINEMA. Jogos Vorazes: A Esperança – Parte 1 é a maior bilheteria de 2014 nos Estados
Unidos. Disponível em: <http://www.adorocinema.com/noticias/filmes/noticia-111387/>. Acesso em: 9 jul.
2015.
televisão – a torná-los em produções cinematográficas. O primeiro filme (Jogos Vorazes)
começou a ser planejado em 2009, com a própria autora auxiliando Gary Ross e Billy Ray a
escrever o roteiro. O filme só veio a ser lançado 3 anos depois, em 2012, conseguindo ainda
na primeira semana o terceiro maior lucro de filmes da América do Norte2. O sucesso foi
tanto que no mesmo ano a produtora já começava se preparar para o segundo filme, que foi
lançado no ano seguinte, em novembro de 2013.

Apesar do enredo parecer ser direcionado para o público infanto-juvenil, a autora


conseguiu chamar atenção de um público diverso, exatamente pela forma em que a história
consegue ser construída. Inicialmente, aparenta ser apenas mais um romance adolescente
composto por um triângulo amoroso, recebendo comparações com outras sagas nesse estilo,
tais como Harry Potter e Crepúsculo. Entretanto, Suzanne Collins consegue trazer uma
complexidade para o enredo, que apenas com um olhar crítico consegue-se perceber muito
além de um romance jovem.

Embora seja uma trilogia pelo fato de ser três livros escritos, a produtora Lionsgate
decidiu dividir a terceira história (A Esperança) em duas partes, onde a primeira foi lançada
em novembro de 2014 e a segunda tem previsão de lançamento para novembro de 2015,
totalizando, portanto, quatro filmes da série.

2.1 Jogos Vorazes

A história do primeiro filme se passa em um futuro pós-apocalíptico – uma distopia –


numa região que anteriormente se localizava a América do Norte, mais especificamente os
Estados Unidos e que agora se chama Panem. Essa nação constitui-se por uma cidade central,
intitulada Capital, detentora do poder, sendo rodeada por outros 12 distritos inferiores da qual
comanda, que são responsáveis em produzir tudo que é necessário para sustentar os
moradores da cidade central. Quanto mais distante da Capital, maior é o número do distrito,
assim como sua pobreza e desigualdade.

Há muito tempo atrás uma rebelião entre os distritos ocorrera, sob liderança do extinto
Distrito 13, pois encontravam-se em estado de extrema pobreza e desigualdade, por isso
decidiram ir contra à Capital. Sem muito sucesso, o 13° Distrito acabou sendo destruído como
forma de punição e os demais distritos, como parte dos termos de rendição, teriam que enviar

2
Cf. WIKIPEDIA. The Hunger Games (filme). Disponível em:
<https://pt.wikipedia.org/wiki/The_Hunger_Games_(filme)>. Acesso em: 9 jul. 2015.
todo ano um garoto e uma garota com idades entre 12 e 18 anos para participar dos Jogos
Vorazes. A escolha é feita através de sorteio numa espécie de celebração que ocorre no Dia da
Colheita e assim 24 nomes são selecionados para participar da competição. Esses jovens são
confinados em uma arena e objetivo é ser o último sobrevivente, matando todos os outros
concorrentes. O evento é televisionado e exibido para todos os distritos para que toda a
população assista, sendo uma forma de lembrá-los que estão sendo punidos por tentarem se
rebelar contra a Capital.

Katniss Everdeen acaba sendo a representante do Distrito 12 – o mais pobre de todos –


após se voluntariar em competir no lugar de sua irmã, sendo toda a história descrita através do
seu ponto de vista. Juntamente com ela, Peeta Mellark é o outro competidor do distrito e nota-
se o surgimento de um romance que tende a se aflorar ao decorrer da história. Durante grande
parte da competição os dois se mantém distantes um do outro, mas após ocorrer uma mudança
nas regras onde é anunciado que caso dois tributos (como os escolhidos eram chamados) de
um mesmo distrito fossem os últimos sobreviventes, ambos se consagrariam vencedores. A
partir daí Katniss vai à procura de Peeta para que possam sair vivos e os dois acabam se
tornando os últimos sobreviventes. Enquanto comemoram a vitória, as regras são modificadas
novamente, tornando possível apenas um único vencedor, para espanto de todos. Peeta se
oferece para morrer, mas Katniss, de forma estratégica, sugere que os dois cometam suicídio
comendo amoras venenosas, não tendo vencedores para a 74ª Edição dos Jogos Vorazes,
sabendo que a Capital provavelmente não permitiria isso. O seu plano acaba dando certo e os
dois se consagram vencedores, mas Katniss passa a ser agora um alvo político por ter
desafiado o poder e autoridade do presidente publicamente, o que pode estimular os outros
distritos a também desafiarem a Capital.

2.2 Jogos Vorazes: Em Chamas

Katniss e Peeta, após a vitória inédita nos Jogos Vorazes, passam a ter grande
popularidade em Panem. Entretanto, o presidente Snow está descontente com toda a situação,
ainda mais com os distritos agitados e dando sinais de que uma revolta contra a Capital é
iminente. Katniss passou a ser vista como um símbolo nacional de resistência ao autoritarismo
existente no país e por isso começa a ser vigiada pelo presidente, que a responsabiliza pelo
clima de revolta que permeia o país.

Diante disso, Snow obriga que Katniss finja ter um relacionamento com o Peeta para
que eles possam fazer um tour pelos distritos tentando amenizar as possíveis rebeliões contra
a Capital. Sem muito sucesso, o presidente procura um meio de tentar prejudicá-la e acaba
encontrando uma solução com a ajuda de Plutarch, o presidente do Torneio. Durante o
anúncio da 75° Edição dos Jogos Vorazes, a Capital informa que esta seria uma edição
especial do Massacre Quaternário (que ocorre a cada 25 anos), onde dessa vez os participantes
serão selecionados entre os vitoriosos vivos de cada distrito. Sendo a única mulher vitoriosa
do Distrito 12, Katniss é obrigada a participar mais uma vez da competição, juntamente com
Peeta, que ao não ser sorteado, decide se voluntariar.

Mais experientes, o casal já entra na arena com uma aliança formada e após
sobreviver às diversas armadilhas, os participantes restantes encontram-se em duas alianças
opostas. Um dos aliados de Katniss tem um plano para destruir com os adversários, mas
durante a execução, algo dá errado e faz com que a jovem não tenha muito tempo para agir,
permitindo apenas que consiga atirar uma flecha no raio que está se formando próximo a ela.
Com isso, a cúpula que os envolvia explode, fazendo-a desmaiar, acordando já dentro de um
avião onde é informada que tudo fazia parte de um plano e eles estariam seguindo para o – até
então extinto – Distrito 13, tendo em vista que o Distrito 12 tinha sido destruído pela Capital.

2.3 Jogos Vorazes: A Esperança – Parte 1

Após ser resgatada do Massacre Quaternário, Katniss passa a viver no Distrito 13


junto com sua família, embora continue muito abalada após os últimos acontecimentos. A
presidente Coin e Plutarch querem que ela assuma o papel do Tordo, ou seja, o símbolo da
revolução contra a Capital, aquela que todos deviam seguir, mas a jovem acaba recusando.
Após visitar o que restou do Distrito 12, Katniss fica bastante abalada, percebendo a dimensão
e gravidade do que estava ocorrendo no país. Retornando para o Distrito 13, depois de uma
conversa com sua irmã, a jovem reflete e percebe a importância de ser o Tordo.

A protagonista aceita ser o Tordo desde que Peeta, Johanna e Annie sejam resgatados,
tendo em vista que foram capturados pela Capital. A partir daí começa uma campanha muito
grande em torno da Katniss, mostrando-a como um símbolo capaz de unir os distritos para
lutar contra a Capital. O presidente Snow, por sua vez, mostra-se cada vez autoritário e
decreta que todos aqueles que tiverem qualquer símbolo de tordo serão executados por
traição. O terror aumenta, muitos são mortos em praça pública e ataques são feitos nos mais
diversos distritos, matando muitas pessoas inocentes.
Depois de um plano muito bem pensado, os reféns da Capital conseguiram ser
resgatados e Katniss finalmente poderá se reencontrar com Peeta. Para sua surpresa (e do
público), o jovem rapaz, ao vê-la, tenta matá-la por estrangulamento. O final acontece com
Katniss acordando após ter sido estrangulada por Peeta e seguindo em direção ao local onde
ele está “amarrado” por ser considerado perigoso, ao mesmo tempo, intercala-se com cenas da
presidente Coin informando que os prisioneiros da Capital foram salvos e que a guerra já pode
começar. A cena final se dá com Katniss observando Peeta, deixando a imaginação e
curiosidade do espectador para a segunda parte do filme que será lançada em breve.

3. Análise dos Filmes

Não é preciso assistir os filmes de forma bem apurada para perceber o viés crítico que
eles apresentam em relação à política e à sociedade. É exatamente por isso que acompanhar a
trilogia torna-se interessante, pois a autora consegue mesclar o entretenimento com a reflexão
crítica, tentando fazer com que o seu público alvo principal – os jovens – consigam perceber
muito além de um simples romance adolescente. Suzanne Collins parece abordar uma visão
foucaultiana quando representa uma “paz” pautada no poder, obtida através de um esquema
de contrato-opressão e também guerra-repressão, criando uma relação entre luta e submissão.

E, se é verdade que o poder político para a guerra, faz reinar ou tenta fazer reinar
uma paz na sociedade civil, não é de modo algum para suspender os efeitos da
guerra ou para neutralizar o desequilíbrio que se manifestou na batalha final da
guerra. O poder político, nessa hipótese, teria como função reinserir perpetuamente
essa relação de força, mediante uma espécie de guerra silenciosa, e de reinseri-la nas
instituições, nas desigualdades econômicas, na linguagem, até nos corpos de uns e
de outros. (FOUCAULT, 2010, p. 15)

A escolha da região onde atualmente encontra-se os Estados Unidos para ser Panem, o
governo totalitário, a pobreza extrema, o controle rígido sobre a população, a ditadura, a
opressão, a coerção, entre outros. São tantos temas abordados que muitas vezes não se parece
tratar de uma obra de ficção, mas sim de um relato da história mundial, tendo em vista a
proximidade com muitos fatos da realidade. A partir desses pontos e de alguns outros não
mencionados, este trabalho visa relacionar aspectos do filme que podem ir de encontro com
alguns conceitos descritos por Marx e por Gramsci, através de uma análise mais minuciosa
das obras.

3.1 Totalitarismo e Ideologia

O início do primeiro filme já se permite ter uma ideia sobre o regime político existente
em Panem. A narração descreve: “Treze distritos se rebelaram contra o país que o amava e
protegia. Então veio a paz, mas a liberdade tem um preço. [...] Quando os traidores foram
derrotados, juramos nunca mais sofrer essa traição. [...] Os distritos escolhem pessoas para
lutarem até a morte. O único vencedor serviria como recordação da nossa generosidade e
clemência. É assim que nós protegemos o nosso futuro”. Pode-se concluir através desse
fragmento a existência de um governo totalitário que, como define Hannah Arendt (1989),
fundamenta-se em duas estruturas: a ideologia e o terror. Nota-se, no filme, a existência de
um governo que a essência está pautada no terror e cuja lógica de ação está no pensamento
ideológico.

Karl Marx considerava a ideologia como um instrumento de dominação que consegue


alienar a consciência humana e mascarar a realidade. Nas três produções isso aparece de
forma bem nítida toda vez que Snow, que representa a Capital e, portanto, toda a classe
dominante, impõe suas vontades para os distritos (a classe dominada) e eles obedecem sem
qualquer tipo de contestação. Assim, segundo Marx, a ideologia constrói imaginários e
lógicas que criam uma espécie de identificação com a sociedade, de tal modo que se consiga
camuflar os conflitos existentes e ocultar a dominação. Isso pode ser comprovado na própria
lógica dos Jogos Vorazes, pois a Capital impõe que eles aconteçam, mas permite que saia um
sobrevivente, do qual será bem recompensado e representará o ato de “generosidade” vindo
do governo, tentando, dessa forma, esconder o caráter dominador do mesmo.

3.2 Naturalização, Universalização e Falsa Consciência

A ideologia tenta, a todo custo, disfarçar a existência de um conflito de classes entre


àquela dominante e àquela dominada. Estes conflitos têm como origem fatores históricos e
econômicos, dos quais há uma preocupação em busca-los esconder. A desigualdade social não
é negada, o que se tenta é não culpabilizar as questões histórico-econômicas por ela e, para
isso, utiliza-se do recurso ideológico conhecido como naturalização. Trata-se de afirmar que
as coisas são daquele modo porque é natural que assim sejam, em outras palavras, atribui
como justificativa as causas naturais. Nos filmes, a desigualdade social é evidente, não
somente entre os distritos e a Capital, mas também entre os próprios distritos. Apresenta-se,
por exemplo, os Carreiristas3, nome dado aos tributos dos Distritos 1 e 2, que recebem um
treinamento rigoroso para os Jogos Vorazes e são mais desenvolvidos que os demais distritos.

3
Cf. POLETTO, E. A transposição do foco narrativo em Jogos Vorazes: os percalços entre linha e tela
[Trabalho de Conclusão de Curso]. Curitiba: Universidade Tecnológica Federal do Paraná, 2014. Disponível em:
<http://repositorio.roca.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/3101/1/CT_COLET_2014_1_11.pdf>. Acesso em: 9 jul.
2015.
A explicação por essas diferenças adota um viés geográfico, onde afirma-se que quanto mais
distante o distrito for da Capital, mais pobre ele é. Por isso, o Distrito 12, do qual vive a
Katniss, é o mais distante da Capital e, portanto, o mais miserável, mas a população encara
isso com naturalidade por acreditar que a causa dessas condições deploráveis está relacionada
ao fato de ser o último distrito.

Um outro aspecto importante refere-se à universalização, ou seja, apresentação do


particular como algo universal. Consiste basicamente no processo em que a classe dominante
transformam suas ideias e/ou interesses em uma verdade universal. Nos filmes, a própria
lógica dos Jogos Vorazes remete a esse aspecto, tendo em vista que a Capital os criou para, na
verdade, mostrar o seu poder e causar medo na população, embora aleguem que tenha sido a
forma mais eficaz de conseguir proteger o futuro do país. Outro momento que exemplifica
bem este conceito encontra-se no segundo filme quando Snow busca uma forma de prejudicar
Katniss e acaba trazendo como regra para o Massacre Quaternário que os selecionados
estariam entre aqueles que venceram os Jogos Vorazes anteriores de cada distrito. De um
interesse particular, o presidente torna a regra universal a fim de alcançar os seus objetivos.

Nesse sentido, é possível concordar com Marx quando ele menciona a “falsa
consciência” como forma de coagir a sociedade. Segundo ele, a ideologia dominante é a
ideologia da classe dominante e, portanto, as classes oprimidas passam a internalizá-la,
adotando-a como visão de mundo. A classe dominante tenta fazer parecer que tudo depende
do esforço individual de cada um, negando a existência de uma contradição entre as classes.
Os dominados, por sua vez, acreditam nisso, criando uma falsa consciência da realidade, não
se mobilizando para reagir, já que estão sendo manipulados pelos dominantes. Além disso, a
falsa consciência também pode ter um caráter funcional, já que, segundo Eagleton (1997, p.
35), “falsa consciência pode significar não que um conjunto de ideias seja realmente
inverídico, mas que essas ideias são funcionais para a manutenção de um poder opressivo, e
que aqueles que as defendem ignoram este fato”. Essa noção falsa da realidade pode ser
melhor compreendida nos dois filmes iniciais, com ênfase maior no primeiro. Percebe-se que
a população tem ciência do estado pobreza em que vivem, mas não reagem e/ou rebelam-se
não só pelo medo, mas também por acreditarem que aquela forma de governo é a melhor para
o país, pois garante a paz e segurança entre os distritos. Dessa forma, a falsa consciência
exerce o seu caráter funcional, pois garante à Capital a manutenção do poder opressivo que
ela pratica nos distritos. O terceiro filme, por sua vez, já apresenta a desconstrução da falsa
consciência, pois é quando a população de Panem consegue perceber que pode mudar aquela
realidade e lutar contra o governo autoritário que possuem. Exatamente por esse fato,
intitulou-se “Jogos Vorazes: A Esperança”, para mostrar a esperança daquela população em
conseguir mudar as condições precárias em que vivem, trazendo a figura da Katniss como o
símbolo da mudança.

3.3 Inversão e Alienação

A ideologia, enquanto falsa consciência, também pode ser pensada como uma inversão
da realidade em prol dos interesses da classe dominante. Ela traz uma captação da realidade,
ao passo que distorce o objeto, ou seja, cria uma espécie de antítese que consiste na captação
do real e também na adulteração dele, apresentando uma realidade de modo inverso àquilo
que ela realmente é. No filme isso pode ser visto através da visão que a Capital tenta passar do
seu país, mostrando-o como um local que agora encontra-se em paz e protegido, onde existe
progresso e desenvolvimento. Os distritos, por sua vez, acreditam nisso e buscam colaborar
com o país, ajudando-o a desenvolvê-lo e progredir através da sua força de trabalho, mas no
cenário interno de cada distrito, o que se pode constatar é uma extrema pobreza, miséria e
fome, que acabam ficando em segundo plano para esses cidadãos.

Diante dessa perspectiva, pode-se constatar o conceito de alienação também abordado


por Marx, podendo ser considerada como um processo de inversão da realidade. Utilizando-se
como exemplo a vida do operário, ele irá dizer que esta se caracteriza quando o produto de
seu trabalho deixa de lhe pertencer, não se reconhecendo, portanto, naquilo que foi criado por
ele próprio. É possível notar uma inversão entre a aparência a essência, que camufla as
relações existentes, o predomínio político de uma classe sobre a outra, bem como a
exploração de trabalho existente entre elas. Quando vende-se a força de trabalho, o
trabalhador já não tem mais controle sobre seu salário, ritmo ou horário, sendo controlado por
outro e, por isso, torna-se alheio, estranho a si mesmo, alienado. Esse processo de alienação
pode ser melhor compreendido no primeiro filme, quando a autora mostra uma contradição no
momento em que apresenta os distritos 10, 11 e 12 como os mais pobres, cuja fome
predomina, ao mesmo tempo em que mostra-os como responsáveis pelo cultivo de grãos,
criação de animais e mineração, ou seja: os distritos que são responsáveis por obtenção de
alimentos, são exatamente aqueles que mais passam fome e precisam buscar meios de adquirir
aquilo que eles mesmos produziram. Explorando ainda mais a questão da fome, mostra-se
Katniss e Gale caçando na floresta para conseguir alimentar suas famílias de modo ilegal,
tendo em vista que Panem proíbe a caça nas florestas, demonstrando, ainda mais, o caráter
perverso do Estado.

3.4 Divisão Social do Trabalho

Um outro conceito trazido por Marx é o de divisão social do trabalho que, como o
próprio nome revela, diz respeito a uma divisão nas funções exercidas por cada um. Trata-se
de uma estrutura que reafirma a existência de classe dominante e classe dominada, na medida
em que constrói relações sociais de produção. Cria-se, então, uma divisão entre os meios de
produção e a força de trabalho, onde a classe dominante detém destes meios e a classe
dominada é a que possui a força de trabalho, de tal forma que a primeira exerce grande
domínio sobre a segunda e, para isso, utiliza-se da ideologia e alienação para perpetuar seu
poder. Apresentado de maneira sutil, é possível constatar a presença da divisão social do
trabalho em Jogos Vorazes através da relação em que os distritos estabelecem entre si e com a
Capital. Nos filmes isso não é bem explorado, mas nos livros da trilogia consegue-se
descobrir quais funções cada distrito possui, a saber: D1 produz artigos de luxo para a Capital;
D2 é especializado em armamentos; D3 é responsável por eletrônicos e tecnologia; D4 tem
função na produção alimentícia; D5 realiza pesquisas genéticas e manipulações; D6 foca na
pesquisa e manufatura de drogas; D7 é especializada na exploração de madeira; D8 cuida da
indústria têxtil; D9 processa comida para a Capital; D10 é voltado para a criação de animais;
D11 cultiva grãos e D12 é centrado na mineração4. Os distritos dividem suas tarefas e tudo
que produzem são direcionados à Capital, não tendo acesso àquilo que produzem.

3.5 Ideologia, Mídia e Poder

Presente nos três filmes, uma importante ferramenta apresenta-se com papel
fundamental para exercer influência na população de Panem: a televisão. Suzanne Collins
teve um cuidado especial ao escolher este veículo de comunicação para representar o papel da
mídia na trama, pois: livros, jornais ou revistas possibilitariam a reflexão crítica da população;
o rádio, apesar do seu alcance, não traz o mesmo impacto que a TV, já que transmite apenas
sons; o telefone restringe-se aos vencedores dos Jogos Vorazes, como uma forma do governo
ter controle sobre aquele vencedor; a internet, por sua vez, seria o principal meio para a
sociedade poder se expressar e organizar uma rebelião, sendo inviável pensá-la em Panem.
Sobra, portanto, a televisão, que além do seu alcance, consegue impactar a população através

4
Cf. DISTRITO 13. Um estudo sobre o mapa de Panem. Disponível em:
<http://www.distrito13.com.br/conteudo/info/mapa-de-panem/>. Acesso em: 9 jul. 2015.
das imagens e por isso se torna o único veículo presente no país. Toda a programação é
controlada pelo governo, que acaba limitando qualquer informação que chega aos distritos.

Dessa forma, é possível perceber a televisão não somente como um instrumento de


disseminação ideológica da Capital, mas também como uma forma de controlar a população,
manipulá-la e amedrontá-la com a exibição ao vivo dos Jogos Vorazes. Nesse ponto, pode-se
perceber a banalização da violência e abordagem dela como um mero produto da indústria
cultural. Os jogos são transmitidos em tempo real para toda a população de Panem, que os
acompanha numa espécie de reality show, tendo entrevistas, análise dos jogadores e narração
da competição. As massas, por sua vez, são obrigadas a acompanhar e, apesar da sensação
inicial de medo, começam a torcer pelos tributos do seu distrito, revelando a capacidade da
mídia de fazer um massacre parecer algo divertido e camuflando o real objetivo da
competição: perpetuar o poder da Capital.

3.6 Hegemonia

A história contida em Jogos Vorazes também permite estabelecer relações com a


questão da hegemonia abordada por Gramsci, que surgiu em meio a uma tradição marxista de
se entender as relações sociais. O conceito, para ele, busca mostrar a forma em que classes
dominantes conseguem instaurar o seu poder através do consenso. Trata-se de uma
combinação que envolve aspectos ideológicos, políticos, culturais, econômicos e morais.
Segundo Almeida (2011), “é uma supremacia exercida através do consentimento e da força,
da imposição e da concessão, de e entre classes e blocos de classes e frações de classe”.
Gramsci vai dizer que a hegemonia se consolida na sociedade civil, onde os “aparelhos
privados de hegemonia” colaboram fortemente para disseminar o pensamento da classe
dominante, favorecendo a construção do consenso. A sociedade política, por sua vez, seria o
aparelho de Estado, caracterizado por uma classe organizada que impõe os interesses dos
dominantes e utiliza-se da coerção para alcançar seus objetivos.

É nesse contexto que surge a Teoria do Estado Ampliado, que traz a ideia do Estado
sendo composto pela combinação da sociedade civil – detentora de organizações responsáveis
por elaborar e difundir ideologias – e da sociedade política – responsável pelos meios de
repressão. Enquanto uma centra no consenso, a outra baseia-se na opressão, portanto, o
Estado no seu sentido amplo seria uma espécie de hegemonia revestida de coerção 5, onde a

5
COUTINHO, E. A comunicação do oprimido: malandragem, marginalidade e contra-hegemonia. Rio de
Janeiro: Intercom, 2009.
busca do consenso é pautado no argumento da força. Essa teoria descrita por Gramsci
consegue caracterizar bem o Estado representado em Jogos Vorazes, tendo vista que ele
utiliza exatamente da combinação entre ditadura e consenso para exercer a sua dominação
sobre Panem. A população vive controlada pela Capital das mais diversas formas e tem a
vigilância constante dos intitulados “Pacificadores” que, na verdade, representam a repressão
policial. Além disso, mais uma vez a televisão demonstra sua importância, sendo a
responsável por conseguir o consenso da população em relação ao posicionamento ideológico
do governo, sendo, portanto, a representação de um aparelho privado de hegemonia.

Gramsci também vai falar sobre uma possível crise de autoridade6, alegando que,
ainda num cenário desse tipo, a classe dominante teria vantagens sobre a classe dominada,
pois possui uma estrutura e organização que a permite articular estratégias capazes de
reestabelecer o controle mais rapidamente do que as classes dominadas. O terceiro filme da
saga, Jogos Vorazes: A Esperança – Parte 1 consegue representar bem esse cenário, pois é
nele que começa a surgir uma crise em Panem e a população dos distritos passa a se organizar
para lutar contra o Estado. Este, por sua vez, consegue manter o controle da situação através
de muita violência e manipulação por meio da televisão, tentando fazer a população desistir
de se rebelar.

4. Considerações Finais

Muito mais do que um produto mercadológico, as produções cinematográficas da


trilogia Jogos Vorazes servem como materiais úteis para analisar aspectos da sociedade
contemporânea. Ainda que se trate de uma história fictícia, traz no seu contexto muitos
acontecimentos reais, o que aproxima o espectador daquilo que está sendo exibido, tentando
estimular o pensamento crítico e reflexivo destes. Direcionado para o público jovem, a autora
consegue abordar temas complexos de modo lúdico, o que facilita a compreensão de assuntos
sérios para as crianças e adolescentes.

O presente trabalho trouxe uma análise por uma perspectiva marxista e gramsciana,
mas as obras são tão ricas em detalhes que permitem analisar diversos outros aspectos, tais
como: o protagonismo feminino, a banalização da violência, a espetacularização da morte,
mídia e seu poder de manipulação, entre outros. Jogos Vorazes é uma grande contradição,
pois mesmo inserido no contexto midiático e capitalista, consegue fazer uma crítica sobre

6
GRAMSCI, A. Maquiavel, a política e o Estado moderno. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1978.
ambos de forma clara e sutil. É por esses e outros simbolismos que os filmes e livros
apresentam-se como um ótimo material de estudo e pesquisa para ser explorado.

5. Referências

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