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Programa de Apoio à Produção de Material Didático

Eliete Maria Gonçalves


Vanilda Miziara Mello Chueiri

FUNÇÕES REAIS DE UMA VARIÁVEL REAL

São Paulo
2008
©Pró-Reitoria de Graduação, Universidade Estadual Paulista, 2008.

Gonçalves, Eliete Maria


G635f Funções reais de uma variável real / Eliete Maria
Gonçalves [e] Vanilda Miziara Mello Chueiri. – São Paulo :
Cultura Acadêmica : Universidade Estadual Paulista, Pró-
Reitoria de Graduação, 2008
233 p.
ISBN 978-85-98605-62-3
1. Funções de variáveis reais. I. Título. II. Chueiri,
Vanilda Miziara Mello.

CDD 515.83

Ficha catalográfica elaborada pela Coordenadoria Geral de Bibliotecas da Unesp


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PROJETO GRÁFICO
PROGRAMA DE APOIO
À PRODUÇÃO DE MATERIAL DIDÁTICO

Considerando a importância da produção de material didático-


pedagógico dedicado ao ensino de graduação e de pós-graduação,
a Reitoria da UNESP, por meio da Pró–Reitoria de Graduação
(PROGRAD) e em parceria com a Fundação Editora UNESP (FEU),
mantém o Programa de Apoio à Produção de Material Didático de
Docentes da UNESP, que contempla textos de apoio às aulas, material
audiovisual, homepages, softwares, material artístico e outras mídias,
sob o selo CULTURA ACADÊMICA da Editora da UNESP, dis-
ponibilizando aos alunos material didático de qualidade com baixo
custo e editado sob demanda.
Assim, é com satisfação que colocamos à disposição da comu-
nidade acadêmica mais esta obra, “Funções Reais De Uma Variável
Real”, de autoria das Professoras Dra. Eliete Maria Gonçalves e
Dra. Vanilda Miziara Mello Chueiri, da Faculdade de Ciências do
Campus de Bauru, esperando que ela traga contribuição não apenas
para estudantes da UNESP, mas para todos aqueles interessados no
assunto abordado.
SUMÁRIO
A pres entaç ão....................................................................... 09
1 Definiç ões e terminologia..........................................................11
2 F unç ão do 1o grau....................................................................... 35
3 Inequaç ão do 1o grau.................................................................. 47
4 E quaç ão do 2o grau..................................................................... 53
5 F unç ão do 2o grau....................................................................... 57
6 Inequaç ão do 2o grau.................................................................. 73
7 F unç ão polinomial....................................................................... 79
8 F unç ão potênc ia........................................................................... 97
9 F unç ão rac ional..........................................................................111
10 Módulo de um número real................................................... 119
11 F unç ão modular....................................................................... 123
12 E quaç ão modular.....................................................................135
13 Inequaç ão modular..................................................................139
14 F unç ão exponenc ial................................................................147
15 E quaç ão exponenc ial............................................................. 153
16 Inequaç ão exponenc ial.......................................................... 155
17 L ogaritmo...................................................................................165
18 F unç ão logarítmic a................................................................. 175
19 E quaç ão logarítmic a............................................................... 193
20 Inequaç ão logarítmic a............................................................201
21 F unç ões hiperbólic as............................................................. 207
22 R eferênc ias B ibliográfic as....................................................231
S obre as A utoras................................................................233
APRESENTAÇÃO

Ao longo dos últimos anos, vem-se constatando que muitos alunos


ingressantes nos cursos superiores da área de Ciências Exatas têm
apresentado falhas de formação matemática, tanto conceituais, quan-
to de raciocínio lógico ou de traquejo algébrico. Assim, o processo
de ensino e aprendizagem fica prejudicado, especialmente nas disci-
plinas do primeiro ano desses cursos. Nestas, as deficiências apre-
sentadas pelos alunos quanto aos conteúdos matemáticos fundamen-
tais têm causado sérios problemas. Tem-se constatado que grande
parte dos calouros tem falhas ou desconhece esses conceitos funda-
mentais e, por conseqüência, outros relacionados. Com o objetivo de
auxiliar os alunos no estudo das principais funções elementares, as
quais são abordadas, predominantemente, no Ensino Médio, desen-
volveu-se esse texto, apresentando conceitos básicos sobre tais fun-
ções (com exceção das funções trigonométricas, que são tratadas em
outro texto), com exemplos comentados e representação geométrica.
Com a apresentação de exercícios detalhadamente resolvidos, obje-
tivou-se mostrar ao estudante estratégias de resolução e encaminha-
mento, chamando a atenção para os erros mais freqüentes, usando
todo o mecanicismo necessário para que ele atente a todas as “pas-
sagens”, ou seja, todo o “algebrismo” utilizado que ele, muitas ve-
zes, desconhece. Em suma, pretende-se que o aluno, revendo objeti-
vamente esses conteúdos já tratados anteriormente no Ensino Médio,
“revisite” os conceitos e domine as técnicas de que necessita para
bem acompanhar o que é discutido nas disciplinas de seu curso de
graduação.
A decisão de reunir em um único texto todas as principais funções
elementares (com exceção, como já se disse, das funções trigonomé-
tricas) deve-se ao fato de que nos livros utilizados no Ensino Médio
elas são apresentadas em três ou mais volumes. Isso faz com que o
aluno, muitas vezes, não se anime a consultar vários livros diferen-
tes para tirar suas dúvidas. Embora a apresentação em um único tex-
to o torne extenso, com uma grande quantidade de conteúdo e in-
formações, também é verdade que o torna mais prático para a con-
sulta do estudante, que tem todas as informações de que necessita
em um único volume.
Assim, este é um texto de acompanhamento para as disciplinas dos
cursos da área de Ciências Exatas que utilizem os conceitos aqui a-
bordados, que pode ser consultado pelo aluno sempre que necessitar.
1 DEFINIÇÕES E TERMINOLOGIA

O conceito de função é um dos mais importantes em toda a Mate-


mática e fora dela. A função pode expressar uma relação de interde-
pendência, uma relação de causa e efeito ou uma correspondência
bem definida.
As leis de Engenharia, de Economia e de outras Ciências se expri-
mem, freqüentemente, através de funções, o que as torna instrumen-
to de trabalho permanente. Independentemente do ramo considera-
do, quase sempre se verifica que os objetos principais de investiga-
ção são funções. Portanto, dominar este assunto é condição primária
para um desenvolvimento científico sério e eficaz.
Apresentam-se, aqui, as principais definições sobre funções, com
exemplos e gráficos, quando possível. Não há, aqui, a pretensão de
se apresentar um texto completo sobre o assunto, mas sim, um texto
objetivo, que estimule o estudante estudar os conceitos fundamen-
tais.
Esses conceitos são apresentados por itens. Os exemplos resolvidos
e comentados têm o objetivo de proporcionar ao estudante uma as-
similação segura dos conceitos apresentados. Não se trata, portanto,
de problemas de adestramento mecânico, mas sim de exercícios que
levem o aluno a trabalhar corretamente, dando todos os passos in-
dispensáveis e fundamentando todas as operações, de acordo com a
teoria que foi exposta.
O conceito de função oferece a perspectiva de compreender e rela-
cionar fenômenos naturais por meio de um instrumental matemático
de grande poder. É tão importante que é preciso deixá-lo claro, sem
qualquer possibilidade de confusão. Há exemplos de função que ex-
primem fatos puramente matemáticos, outros que exprimem fenô-
menos físicos ou, ainda, de outra natureza.

Exemplos:

1) A área de um círculo de raio r é dada por A = π.r2. Assim, A é um


número que depende do valor atribuído a r. Diz-se, então, que A é
função de r.
Este exemplo exprime um fato puramente matemático.

2) Considerando a aceleração da gravidade constante e igual a


g = 9,8 m/s2, tem-se que o peso p de um corpo depende de sua mas-
sa m, ou seja, p é função de m: p = f(m).
12
Este exemplo mostra uma função que representa um fenômeno físi-
co.

3) De acordo com a lei de Poiseuille, a velocidade do sangue percor-


rendo o eixo central de uma artéria do corpo humano de raio r é da-
da por v = C ⋅ r 2 , onde C é uma constante. Logo, a velocidade v do
sangue é função do raio r da artéria.
A função deste exemplo exprime um fenômeno biológico.

4) Se P reais forem investidos com uma taxa de juros anual j e os ju-


ros forem capitalizados anualmente, o saldo S, após t anos, será da-
do por: S = P ⋅ (1 + j)t reais. Vê-se, assim, que S é função de t.
Neste exemplo tem-se uma função que representa um fato econômi-
co.

Definição. Dados dois conjuntos não vazios A e B, considere-se o


produto cartesiano de A por B, denotado por A x B:
A × B = {(a , b ) / a ∈ A e b ∈ B}.
Todo subconjunto R de A x B é denominado uma relação de A em
B.
Notação. Se o par (a, b) é um elemento de R, ou seja, se a está na re-
lação R com b, denota-se por aRb.

Definição. Dados dois conjuntos não vazios A e B, a relação f de A


em B é uma função (ou aplicação) de A em B se, para todo elemen-
to x de A, existe um único elemento y de B tal que (x, y) ∈ f.

FIGURA 1
13
Define-se, em geral, uma função f de A em B mediante uma lei que
associa a cada elemento de A um único elemento de B, através da
seguinte notação:
f :A → B
.
x  y = f(x)
A representação gráfica é apresentada na Figura 1.

Exemplo: Se A = {− 2,−1,0,1,3} e B = {0,1,2,3,4} , a correspondência


f que associa a cada elemento x de A o elemento y de B tal que
x 2 = y 2 tem a representação gráfica mostrada na Figura 2.

FIGURA 2

A relação f é uma função de A em B, pois, para cada elemento x de


A, existe um único elemento y de B tal que x 2 = y 2 .

Nomenclatura e notações

O conjunto A é chamado domínio de f . Notação: D(f).


Então, D(f ) = {x ∈ A / f é definida em x}, ou seja:
D(f ) = {x ∈ A / f (x ) ∈ R} .
O conjunto B é o contra-domínio de f . Notação: CD(f ) .
As variáveis x e y são, respectivamente, a variável independente e a
variável dependente. Então, diz-se que y é função da variável x ou
que y depende de x.
O conjunto imagem de f é dado por:
14
Im(f ) = {y ∈ B / ∃ x ∈ A, com y = f (x )} .
Uma vez que a função f é uma relação, tem-se que f pode ser re-
presentada por um conjunto de pares ordenados, isto é:
f = {(x , y ) / x ∈ A e y = f (x )} .
Na Figura 1, tem-se: f = {(a , q ), (b, q ), (c, r ), (d, s )} .
Então:
D(f ) = {a , b, c, d} ; CD(f ) = {p, q, r, s, t}; Im(f ) = {q, r, s}.
Na Figura 2, tem-se: f = {(− 2,2), (− 1,1), (0,0 ), (1,1), (3,3)} .
Assim:
D(f ) = {− 2,−1,0,1,3}; CD(f ) = {0,1,2,3,4} ; Im(f ) = {0,1,2,3} .
Em geral, tem-se Im(f ) ⊂ CD(f ) .
Usualmente, trabalha-se com funções em que os conjuntos domínio
e contra-domínio são subconjuntos de R , isto é:
f :A ⊆ R → B⊆ R
.
x  y = f (x )
Nesse caso, f é uma função real de uma variável real.
Quando a variável dependente y está isolada, diz-se que a função é
dada na forma explícita: y = f (x ) .
Se a variável y não está isolada, a função está dada na forma implíci-
ta: F(x, y) = 0.

Observação: dada uma função na forma implícita, nem sempre é


possível colocá-la na forma explícita, como, por exemplo, no caso
da função dada por sen (x ⋅ y ) + x − y = 0 .

Igualdade de funções

Dadas duas funções f e g , diz-se que f = g se, e somente se, são sa-
tisfeitas as condições: D(f ) = D(g ) = A e f (x ) = g (x ) f(x) = g(x), pa-
ra todo x do domínio.

Exemplo: a função f (x ) = x + 2 tem domínio A = R . Considerando


a função g(x ) = x + 2 , com a restrição de que x > −2 , conclui-se
que as duas funções, embora definidas pela mesma expressão analí-
tica, são diferentes, já que seus domínios são diferentes.
15
2
x −4
Tomando-se, agora, a função h ( x ) = , seu domínio é o con-
x−2
junto D(h ) = {x ∈ R / x ≠ 2} .
Para todo x ≠ 2, pode-se escrever:
x2 − 4 ( x − 2)( x + 2)
h (x) = ⇔ h(x ) = ⇔ h(x) = x + 2 .
x−2 x−2
Importante: h (x ) é equivalente à função x + 2 somente para os va-
lores de x ≠ 2.
x2 − 4
Conclusão: as funções f (x ) = x + 2 , g(x ) = x + 2 e h ( x ) = ,
x−2
embora tenham expressões analíticas equivalentes, são diferentes
entre si, pois têm domínios diferentes:
f (x ) = x + 2 : D(fh ) = R
g(x ) = x + 2 : D(g ) = {x ∈ R / x > −2}
x2 − 4
h (x) = : D(h ) = {x ∈ R / x ≠ 2}
x−2
Essas funções assumem o mesmo valor, para todo x > -2 e x ≠ 2, já
que têm expressões equivalentes. Por exemplo, se x = 3, tem-se que
f(3) = g(3) = h(3) = 5.
As funções f e h assumem o mesmo valor, para todo x ≠ 2. Por
exemplo, se x = -4, tem-se que f(-4) = h(-4) = -2.

Conseqüências da definição de função

Com freqüência, as funções surgem de relações algébricas entre va-


riáveis. Uma equação envolvendo x e y determina y como função de
x se tal equação for equivalente a uma fórmula que exprima univo-
camente y em termos de x.

Exemplo: a equação 6.x + 2.y = -3 pode ser resolvida para y, isto é,


− 6⋅ x − 3 3
pode ser escrita na forma y = = −3 ⋅ x − , que define y
2 2
como função de x.
Nesse caso, pode-se exprimir também x em função de y:
− 2⋅ y − 3 1 1
x= = − ⋅ y − , que define x em função de y.
6 3 2
16
Também se podem ter outras variáveis envolvidas numa equação,
sendo que cada uma delas pode ser explicitada em relação à outra.

Exemplo: considere-se a fórmula de conversão da temperatura da es-


C F − 32
cala Fahrenheit à escala Celsius: = . Pode-se escrever:
5 9
5 ⋅ (F − 32)
• C como função de F: C = ;
9
9⋅C
• F como função de C: F = + 32 .
5
Assim, para saber, por exemplo, quantos graus Celsius correspon-
5 ⋅ (212 − 32)
dem a 212 graus Fahrenheit, faz-se: C = = 100 o C .
9
Para saber quantos graus Fahrenheit correspondem à temperatura de
9 ⋅ 25
25oC, faz-se: F = + 32 = 77 o F .
5
Em muitos casos, o processo de resolução para y leva a mais de um
valor de y.
Exemplo: se y 2 = x , então: y 2 = x Ÿ y = x Ÿ y = x ou
y=− x .

FIGURA 3

Assim, a equação y 2 = x não determina y como função de x. Sepa-


17
radamente, cada uma das fórmulas y = x e y = − x define y co-
mo função de x, de modo que, de uma equação, obtêm-se duas fun-
ções. As Figuras 3 e 4 mostram os gráficos de y 2 = x e das funções
y= x e y=− x.

FIGURA 4

Cuidados com a definição de uma função: é preciso compreender a


fórmula, ou a lei que define uma função.

Exemplos:

1) Considere-se f (x ) = x 2 + 1 ; quer-se calcular f (x + h ) .


Um erro muito comum que se observa é escrever:
2 2 2
f (x + h ) = x + h + 1 , ou, ainda, f (x + h ) = x + h + 1 . O erro está
na interpretação do símbolo f (x ) = x 2 + 1 . Quando se escreve, por
exemplo, f (3) , o número 3 está no lugar de x; então:
f (3) = 3 2 + 1 = 10 .
Quando se escreve f (x + h ) , a expressão (x + h ) está no lugar de x;
então:
f (x + h ) = (x + h )2 + 1 = x 2 + 2 ⋅ x ⋅ h + h 2 + 1 .
Assim:
18
( ) ( )2
• f x 2 + 1 = x 2 + 1 + 1;
2
§ 1 · § 1 · 1
•f¨ ¸=¨ ¸ +1 = + 1 , para x ≠ -1;
© x +1¹ © x +1¹ (x + 1)2
• f (#) =# 2 +1 .
1
2) Considere-se f ( x ) = (x ≠ 0); então:
x
1
• f (1 − a ) = , com a ≠ 1;
1− a
1
• f (x + h) = , x ≠ -h;
x+h
§ 1 · 1
•f¨ ¸= = x + 1 , com x ≠ -1;
© x +1¹ 1
x +1
1 1 x − (x + h) −h

f (x + h ) − f (x) x + h x x ⋅ (x + h) x ⋅ (x + h ) 1
• = = = =−
h h h h x ⋅ (x + h)
sendo h ≠ 0 e x ≠ -h.

Definições e Gráficos

A imagem geométrica de R é uma reta orientada, como mostra a


Figura 5.

FIGURA 5

Há uma correspondência biunívoca entre os números reais e os pon-


tos da reta, isto é, a cada número real x, corresponde um ponto P da
reta orientada e a cada ponto P da reta, corresponde um número real
x.
Denota-se por R 2 (ou seja, R x R ) o conjunto dos pares ordenados
de números reais:
R 2 = {(x , y ) / x ∈ R e y ∈ R} .
19
2
A imagem geométrica do R é um plano de coordenadas cartesia-
nas ortogonais. Existe uma correspondência biunívoca entre pares
ordenados de números reais e pontos do plano (Figura 6).

FIGURA 6

O eixo Ox é chamado eixo das abscissas e o eixo Oy, eixo das or-
denadas. O plano, munido do sistema aqui descrito é, usualmente,
chamado plano coordenado ou, simplesmente, plano Oxy.
São dadas, nos sub-itens seguintes, algumas definições importantes
sobre funções reais de uma variável real, isto é, funções do tipo:
f :A ⊆ R → B⊆ R
,
x  y = f (x)
com representações geométricas no plano coordenado.

Gráfico de uma função f. Uma vez que a função f pode ser repre-
sentada por um conjunto de pares ordenados, seu gráfico é um sub-
conjunto de R 2 , isto é,
Gr (f ) = {(x , y ) / x ∈ D(f ) e y = f (x )} ,
ou, equivalentemente,
Gr (f ) = {(x , f (x )) / x ∈ D(f )} .
O conjunto domínio da função está situado no eixo das abscissas do
plano coordenado (Ox) e o contradomínio, no eixo das ordenadas
(Oy). A cada x em D(f), corresponde um único número real
y = f (x ) , o qual é um elemento do conjunto Im(f) (Figura 7).
20

FIGURA 7

Lembrando que uma relação f é uma função se, e somente se, a ca-
da elemento x de seu domínio corresponde um único y, conclui-se
que para que um gráfico represente uma função, somente um ponto
(x, y ) do gráfico pode ter abscissa x (Figura 7). Logo, cada reta ver-
tical intercepta o gráfico de f em apenas um ponto.
Alguns exemplos de gráficos que não representam funções: circun-
ferências, elipses e parábolas com eixo de simetria horizontal (Figu-
ra 8).

FIGURA 8
21
Zeros e sinais de funções

Quando se tem a representação gráfica de uma função y = f (x ) , de-


termina-se facilmente o seu sinal:
• se o ponto (x , f (x )) do gráfico situa-se acima do eixo Ox, o valor
de f em x é positivo;
• se o ponto está abaixo do eixo Ox, o valor da função é negativo em
x;
• se o ponto está sobre o eixo Ox, o valor da função em x é zero.
Os pontos do gráfico da função que interceptam o eixo Ox são do ti-
po (x ,0 ) , ou seja, y = f (x ) = 0 , e, portanto, são as soluções da equa-
ção f (x ) = 0 .
Os valores de x tais que f (x ) = 0 são as raízes da equação, também
chamados de zeros da função f .
Mostram-se, a seguir, gráficos de uma função y = f (x ) interceptan-
do o eixo Ox em três pontos distintos, ou seja, a função f tem três
zeros x1, x2 e x3 (Figura 9), em dois pontos coincidentes (Figura 10)
e em ponto algum (Figura 11).

FIGURA 9

Observe, na Figura 9, que, quando o gráfico da função atravessa o


eixo Ox, ela muda de sinal, isto é, passa do negativo para o positivo
e vice-versa. Têm-se os seguintes sinais para f :
• negativa, nos intervalos (− ∞, x 1 ) e (x 2 , x 3 ) ;
22
• positiva, nos intervalos (x 1 , x 2 ) e (x 3 , ∞ ) .
No gráfico da Figura 9, mostra-se uma função com três zeros distin-
tos; há, entretanto, funções que possuem zero duplo e funções que
não têm zeros, como nos gráficos das Figuras 10 e 11, respectiva-
mente.

FIGURA 10

O gráfico da função f da Figura 10 mostra que f (x ) ≥ 0 , ∀ x ∈ R ;


no caso da função da Figura 11, tem-se que f (x ) > 0 , ∀ x ∈ R .

FIGURA 11

( )
Exemplo: seja f ( x ) = x ⋅ x 2 − 1 . Para algum a < 0, determine o sinal
de f (−1 + a ) ⋅ f (0,3) . Em seguida, verifique se existe algum zero de
f no intervalo [− 1 + a;0,3] .
Tem-se:
23
( 2
) ( 2
f (−1 + a ) = (−1 + a ) ⋅ (−1 + a ) − 1 = (−1 + a ) ⋅ 1 − 2 ⋅ a + a − 1 = )
= a ⋅ (a − 1) ⋅ (a − 2 ) ;
( )
por outro lado: f (0,3) = 0,3 ⋅ 0,32 − 1 = 0,3 ⋅ (0,09 − 1) .
Assim, vem:
f (−1 + a ) ⋅ f (0,3) = a ⋅ (a − 1) ⋅ (a − 2) ⋅ 0
,3 ⋅ (0,09 − 1) ,
   
<0 <0 <0 >0 <0
ou seja, f (−1 + a ) ⋅ f (0,3) > 0 .
Observou-se, acima, que f (−1 + a ) < 0 e que f (0,3) < 0 , ou seja, a
função f não muda de sinal no intervalo [− 1 + a;0,3] . Assim, a fun-
ção pode não ter zeros neste intervalo ou, se tiver, terá um número
par de zeros no intervalo, isto é, dois zeros, no caso da função estu-
dada. É fácil ver, neste exemplo, que os zeros de f são os números
reais -1, 0 e 1 e que os dois primeiros pertencem ao intervalo
[− 1 + a;0,3] .
Função composta

Dados os conjuntos não vazios A, B e C e as funções


f :A → B g:B → C
e ,
x  y = f (x) y  z = g ( y)
chama-se função composta de g com f a função g  f : A → C ,
definida por: (g  f )(x ) = g (f (x )) .
A representação gráfica da definição é mostrada nas Figuras 12 e 13.

FIGURA 12
24
Observações: a composição de g com f , denotada por g  f , é lida
g composta com f ou, então, g bola f . Não se trata, evidentemen-
te, do produto de g por f , denotado por g ⋅ f . Além disso, como se
mostrará no Exemplo 2, tem-se, em geral, que (g  f )(x ) ≠ (f  g )(x ) ,
ou seja, g composta com f é diferente, em geral, de f composta
com g .

FIGURA 13

Exemplos:

1) Considerem-se os conjuntos A = {2,3} , B = {1,2,3} e C = {2,4,6}


e as funções definidas por:
f :A → B g:B → C
e .
x  y = x −1 y  z =2⋅y

FIGURA 14

Então, as funções f e g são dadas pelos seguintes conjuntos de pa-


res ordenados: f = {(2,1), (3, 2 )} e g = {(1,2), (2, 4 ), (3, 6 )}.
25
A representação gráfica dessas funções é mostrada na Figura 14.
Note que a função composta de g e f é a função:
h = g  f : A → C , definida por:
h (x ) = (g  f )(x ) = g(f (x )) = g (x − 1) = 2 ⋅ (x − 1) = 2 ⋅ x − 2
∴ (g  f )(x ) = 2 ⋅ x − 2 .
Assim, tem-se, por exemplo, que (g  f )(2 ) = 2 ⋅ 2 − 2 = 2 . Conforme
se pode observar na Figura 14, o elemento x = 2 ∈ A é levado, pela
f , no elemento y = 1 ∈ B, que, por sua vez, é levado, pela g , no e-
lemento z = 2 ∈ C. Ou seja:

FIGURA 15

A função composta h = g  f leva o elemento x = 2 ∈ A diretamen-


te ao elemento z = 2 ∈ C. Analogamente, (g  f )(3) = 2 ⋅ 3 − 2 = 4 .

2) Considerem-se as funções
f :R → R g:R → R
e .
x  f (x ) = x + 1 x  g(x ) = x 3
Tomando, por exemplo, x = 1, tem-se:
( )
(f  g )(1) = f (g(1)) = f 13 = f (1) = 1 + 1 = 2 .
Equivalentemente, pode-se fazer:
(f  g )(x ) = f (g(x )) = f (x 3 ) = x 3 + 1 ∴ (f  g )(x ) = x 3 + 1
e, portanto, vem:
(f  g )(1) = 13 + 1 = 2 ,
valor esse obtido através da composição de f e g .
Por outro lado, considerando-se, novamente, x = 1, tem-se:
(g  f )(1) = g(f (1)) = g(1 + 1) = g(2) = 23 = 8 .
Observe que a composição de g com f é dada por:
(g  f )(x ) = g(f (x )) = g(x + 1) = (x + 1)3 ∴ (g  f )(x ) = (x + 1)3 ,
26
ou seja,
(g  f )(1) = (1 + 1)3 = 23 = 8 .
Esse exemplo deixa claro que, em geral, tem-se
(g  f )(x ) ≠ (f  g )(x ) .

Função par e função ímpar

A função f é dita par se satisfaz a relação f (x ) = f (− x ) , para todo


ponto x de seu domínio. Se for satisfeita a relação f (x ) = −f (− x ) ,
diz-se que f é ímpar. É claro que, para que seja possível determinar
se f é par ou ímpar, deve-se ter –x pertencente ao domínio da fun-
ção, para todo x de seu domínio.
Graficamente, as funções pares e ímpares apresentam a seguinte
propriedade:
• se f é par, seu gráfico é simétrico em relação ao eixo Oy;
• se f é ímpar, seu gráfico apresenta simetria em relação à origem
do plano cartesiano.
Os gráficos das Figuras 16 e 17 ilustram essas definições.
Para se determinar analiticamente se a função é par ou ímpar, toma-
se a expressão da função e substitui-se x por –x, se possível.

FIGURA 16

Exemplos:

1) Se f (x ) = 2 ⋅ x 2 + 3 , então:
27
2 2
f (− x ) = 2 ⋅ (− x ) + 3 = 2 ⋅ x + 3 = f (x ) ∴ f é par.

FIGURA 17

2) Se g(x ) = 3 ⋅ x 5 − 2 ⋅ x 3 , então:
g(− x ) = 3 ⋅ (− x )5 − 2 ⋅ (− x )3 = −3 ⋅ x 5 + 2 ⋅ x 3 = g (x ) ∴ g é ímpar.
3) Se h (x ) = 3 ⋅ x 4 − 5 ⋅ x + 1 , então:
h (− x ) = 3 ⋅ (− x )4 − 5 ⋅ (− x ) + 1 = 3 ⋅ x 4 + 5 ⋅ x + 1 ∴ h não é par,
nem ímpar, já que não satisfaz nenhuma das duas definições.

Observação: como se disse acima, para que seja possível estudar a


paridade de uma função f , é preciso que –x pertença ao domínio da
função, para todo x de seu domínio. Isso indica que nem sempre se
pode efetuar esse estudo da paridade. Além disso, mesmo que se
possa, é freqüente que se conclua que a função não é par, nem ím-
par.

Função crescente e decrescente

Se existe uma dependência funcional entre as variáveis x e y = f (x )


e sendo essas variáveis ordenadas, é possível que y cresça com x ou
28
decresça, conforme x cresce. Assim, tem-se:
• y = f (x ) é crescente se x 1 ≤ x 2 Ÿ f (x 1 ) ≤ f (x 2 )
• y = f (x ) é decrescente se x 1 ≤ x 2 Ÿ f (x 1 ) ≥ f (x 2 )
As representações gráficas dessas definições são mostradas nas Fi-
guras 18 e 19.

FIGURA 18

FIGURA 19

Função bijetora

Conceitos importantes no estudo de funções são os de função injeto-


ra e função sobrejetora. Para uma dada função f , define-se:
• y = f (x ) é injetora se:
f (x 1 ) = f (x 2 )Ÿ x 1 = x 2 , ou seja, y1 = y 2 Ÿ x 1 = x 2 .
Isto significa que cada y pertencente ao conjunto Im(f) é imagem de
um único x do domínio de f . Equivalentemente, tem-se:
29
x 1 ≠ x 2 Ÿ f (x 1 ) ≠ f (x 2 ) . Assim, elementos distintos do domínio de
f têm imagens diferentes.
Por outro lado, tem-se:
• y = f (x ) é sobrejetora se ∀ y ∈ CD(f ) , ∃ x ∈ D(f ) / y = f (x ) , isto
é: Im(f ) = CD(f ) .
Isto significa que todo elemento do contra-domínio de f é imagem
de pelo menos um x do domínio de f .
Se f é uma função de R em R , tem-se, graficamente, que:
• se f é injetora, toda reta horizontal que intercepta o gráfico de f
o faz em um único ponto;
• se f é sobrejetora, toda reta horizontal intercepta o gráfico de f
em pelo menos um ponto.
Assim, para que f seja ao mesmo tempo injetora e sobrejetora, toda
reta horizontal deve interceptar o gráfico de f em um único ponto
(Figura 20).

FIGURA 20

É fácil ver que uma função que é sempre crescente ou sempre de-
crescente em seu domínio é injetora. A Figura 21 mostra uma fun-
ção que não é injetora, nem sobrejetora.
Quando a função é, ao mesmo tempo, injetora e sobrejetora, diz-se
que ela é bijetora. Assim, uma função é bijetora quando cada ele-
mento do contra-domínio é imagem de um único elemento de seu
domínio.
30

FIGURA 21

Função inversa

Se uma função f é bijetora, ela admite inversa, ou seja, é inversível.


Isto acontece porque se cada y ∈ CD(f ) é imagem de um único
x ∈ D(f ) , então entre os valores de x e de y se estabelece uma rela-
ção biunívoca. Assim, interpretando os valores de y como valores da
variável independente e os valores de x como valores da função, ob-
tém-se x como função de y: x = g (y ) . Esta função chama-se inversa
da função y = f (x ) .
Notação: f −1 ∴ x = f −1 (y ) .

FIGURA 22
31
Logo, como conseqüência imediata, tem-se que o domínio de f
passa a ser a imagem de f −1 e a imagem de f torna-se o domínio de
( ) ( )
f −1 : D f −1 = Im(f ) e Im f −1 = D(f ) (Figura 22).
Para se determinar analiticamente a inversa de uma função dada f ,
utiliza-se o seguinte procedimento:
• isola-se a variável x na expressão dada de f ;
• troca-se y por x e x por y.
Os gráficos de f e de f −1 são simétricos em relação à reta y = x.

Exemplos:

1) A função dada pela expressão analítica y = f (x ) = 2 ⋅ x + 1 tem


D(f) = R e CD(f) = R . Além disso, f é crescente em R e, portan-
to, é injetora. Como todo y de R é imagem de algum x do domínio,
isto é, Im(f) = CD(f) = R ; conclui-se que f é sobrejetora e, portan-
to, bijetora. Assim, é possível determinar sua inversa.
Utilizando-se o procedimento indicado, tem-se:
y −1
• isola-se x: y = 2.x + 1 Ÿ x = ;
2
x −1
• trocam-se as variáveis x e y: y = .
2

FIGURA 23
32
x −1
Logo, a função inversa da função dada é: y = f −1 ( x ) = . Os
2
gráficos de f e de f −1 são indicados na Figura 23.

2) Seja a função dada por:


f :R → R
.
x  y = x2
Com o objetivo de obter a função inversa de f , é necessário verifi-
car se ela é injetora e sobrejetora. Observe que:
• f não é sobrejetora, pois, por exemplo, y = −2 ∈ CD(f ) e não é a
imagem de nenhum x ∈ D(f ) . Genericamente: todo y < 0 não é i-
magem de nenhum elemento x ∈ D(f ) . Para que f seja sobrejetora,
é necessário fazer: CD(f ) = Im(f ) = R + . Logo, redefine-se a função,
escrevendo-a da seguinte maneira:
f :R → R+
.
x  y = x2
Essa função é, agora, sobrejetora.
• f não é injetora, pois cada y ∈ R + é imagem de x e de –x ∈ R .
Logo, é necessário também fazer uma restrição no domínio de f .
Por exemplo, pode-se fazer D(f ) = R + , isto é, pode-se redefinir a
função mais uma vez:
f :R+ → R+
.
x  y = x2
Dessa forma, f é, agora, injetora e sobrejetora, isto é, f é bijetora;
pode-se, finalmente, determinar sua inversa: y = x 2 Ÿ x = y ∴
y = x é a função desejada.
A Figura 24 mostra os gráficos de f (depois de feitas as restrições
no domínio e no contra-domínio) e de f −1 .
Outra forma: pode-se obter uma outra função inversa da função dada
inicialmente fazendo D(f ) = R − e CD(f ) = Im(f ) = R + . Ou seja, re-
definindo a função da seguinte maneira:
33
− +
f :R → R
,
x  y = x2
o que torna a função f , como anteriormente, bijetora. Então:
y = x2 Ÿ x = − y ∴ y = − x .

FIGURA 24
Os gráficos de f (com a nova restrição do domínio) e de f −1 são
mostrados na Figura 25.

FIGURA 25
34
3) Para uma dada função inversível y = f(x), explicar o que signifi-
( )
cam as notações: f −1 (x ) , f x −1 e [f (x )]−1 . É verdadeira a afirma-
( )
ção: f −1 (x ) = f x −1 = [f (x )]−1 ?
Os significados das notações são:
• f −1 (x ) denota a função inversa da função f (x ) ;
( )
• f x −1 denota a imagem, pela função f , do inverso de x. Ou seja,

é a função f calculada no ponto x −1 = : f x −1 = f §¨ ·¸ ;


1 1
x
( )©x¹
• [f (x )]−1 denota o inverso da imagem de x através da função f , isto
é, é o inverso do valor que a função f assume no ponto x:
1
[f (x )]−1 = .
f (x )
Pelos significados explicados acima, fica evidente que a afirmação
( )
de que f −1 (x ) = f x −1 = [f (x )]−1 é falsa. Para exemplificar, considere-
se a função do Exemplo 1: f (x ) = 2 ⋅ x + 1 . Tem-se:
x −1
• a inversa dessa função é y = f −1 ( x ) = ;
2
• pela definição de função, tem-se, para um número real não nulo x:
§1· §1· 2
( )
f x −1 = f ¨ ¸ = 2 ⋅ ¨ ¸ + 1 = + 1 ;
©x¹ ©x¹ x
• pelos conceitos de função e de inverso de um número real não nu-
lo, tem-se:
1 1
[f (x )]−1 = = ,
f (x ) 2 ⋅ x + 1
que está definido para todo número real x tal que 2.x + 1 ≠ 0.
( )
Assim, é evidente que f −1 (x ) ≠ f x −1 ≠ [f (x )]−1 .
Apenas a título de exemplificação, considere-se x = 2. Então:
2 −1 1
f −1 (x ) = f −1 (2 ) = =
2 2
§ 1 · 1
( ) ( )
f x −1 = f 2 −1 = f ¨ ¸ = 2 ⋅ + 1 = 2
©2¹ 2
1 1 1
[f (x )]−1 = [f (2)]−1 = = = .
f (2 ) 2 ⋅ 2 + 1 5
2 FUNÇÃO DO 1o GRAU

Definição. Dados os números reais a  0 e b, chama-se função do 1o


grau (ou função afim) a função de R em R que a cada número real
x associa o valor a.x + b.
Notação:
f :R → R
.
x  y = a⋅x + b
Tem-se, assim: D(f ) = R e Im(f ) = R .

Exemplos: são funções do 1o grau:


f :R → R f :R → R
f :R → R
5 ; ; .
x  y = 0,7 ⋅ x + x  y = −2 ⋅ x x  y = 2 ⋅ x −1
3

Observações:
1) Quando b = 0, tem-se f (x ) = a ⋅ x , que é chamada função linear.
2) Quando a = 0, tem-se f (x ) = b , que associa a cada valor da variá-
vel x a mesma imagem b. Essa função é chamada função constante.

Gráfico da função do 1o grau

O gráfico de uma função do 1o grau é uma reta não paralela nem ao


eixo Ox e nem ao eixo Oy.

Exemplos:

1) Considere-se a função definida pela lei y = f (x ) = 2 ⋅ x + 3 . Pro-


curam-se, em particular, os pontos em que a reta intercepta os eixos
Ox e Oy. Tem-se:
• o ponto no qual a reta intercepta o eixo Ox tem ordenada y = 0.
Então, faz-se:
3 § 3 ·
y = 0 Ÿ 2 ⋅ x + 3 = 0 Ÿ x = − ∴ P ¨ − ,0 ¸
2 © 2 ¹
• o ponto no qual a reta intercepta o eixo Oy tem abscissa x = 0. En-
tão:
x = 0 Ÿ y = 2 ⋅ 0 + 3 Ÿ y = 3 ∴ Q(0,3)
O gráfico dessa função é mostrado na Figura 1.
36

FIGURA 1

FIGURA 2

2) No caso da função constante f (x ) = b , o gráfico é uma reta para-


lela ao eixo Ox, situada acima ou abaixo desse eixo, dependendo do
sinal de b, ou coincidente com ele, quando b = 0, conforme se vê
nos gráficos da Figura 2.
De um modo geral, dada a função y = f (x ) = a ⋅ x + b , tem-se:
• quando a reta intercepta o eixo Ox, tem-se que y = f (x ) = 0 . Logo,
37
vem:
b § b ·
y = 0 Ÿ a ⋅ x + b = 0Ÿ x = − ∴ P¨ − ,0 ¸ ;
a © a ¹
• quando a reta intercepta o eixo Oy tem abscissa x = 0. Então:
x = 0 Ÿ y = a ⋅ 0 + b Ÿ y = b ∴ Q(0, b )

Significado dos coeficientes

Analisar-se-á o significado dos números reais a e b da função do 1o


grau y = f (x ) = a ⋅ x + b , cujo gráfico é uma reta r.
(a) coeficiente b: como se viu anteriormente, o gráfico da função f
intercepta o eixo Oy no ponto (0, b ) . Portanto, b é o valor algébrico
do segmento determinado pela origem do sistema da coordenadas
cartesianas e pelo ponto (0, b ) . O coeficiente b é, por esse motivo,
chamado de coeficiente linear da reta.

FIGURA 3

(b) coeficiente a: considerem-se os pontos P1 (x1 , y1 ) e P2 (x 2 , y 2 )


pertencentes ao gráfico de f , ou seja, pertencente à reta r. Tem-se:
­P1 ∈ r Ÿ y1 = f (x1 ) = a ⋅ x 1 + b
® ;
¯P2 ∈ r Ÿ y 2 = f (x 2 ) = a ⋅ x 2 + b
então:
38
y 2 − y1
y 2 − y1 = a ⋅ (x 2 − x1 )Ÿ a = .
x 2 − x1
Na Figura 3 tem-se a representação gráfica desse quociente. No tri-
ângulo P1 P2 Q , α é o ângulo formado entre a reta r e o semi-eixo
positivo do eixo Ox. Desse triângulo, vem:
P Q y − y1
tgα = 2 = 2 Ÿ a = tgα .
P1Q x 2 − x 1
Por esse motivo, D = WJα recebe o nome de coeficiente angular da
reta r ou inclinação da reta r.

Observação: se a > 0, tem-se que tgα > 0 , ou seja, o ângulo α é tal


π
que 0 < α < . Assim, a função f (x ) = a ⋅ x + b é crescente (Figuras
2
4-(a) e 4-(b)).

FIGURA 4-(a)

π
Se a < 0, então tgα < 0 , ou seja, o ângulo α é tal que <α<π ea
2
função f (x ) = a ⋅ x + b é decrescente (Figuras 5-(a) e 5-(b)).

Exemplo: a reta y = x é denominada bissetriz do 1o e 3o quadrantes,


já que se tem:
a = 1Ÿ tgα = 1Ÿ α = 45 o ;
por outro lado, tem-se b = 0, ou seja, a reta intercepta o eixo Oy no
39
ponto (0, 0) e, portanto, passa pela origem do sistema de coordena-
das cartesianas ortogonais. Seu gráfico é mostrado na Figura 6.

FIGURA 4-(b)

FIGURA 5-(a)
40

FIGURA 5-(b)

FIGURA 6

Sinal da função do 1o grau

Estudar o sinal da função do 1o grau y = f (x ) = a ⋅ x + b é determi-


nar quais são os valores da variável x para os quais se tenha
y = f (x ) positivo ou negativo. Para tal estudo, deve-se determinar,
primeiramente, o zero da função f , ou seja, a raiz da equação
f (x ) = 0 . Tem-se:
b
a ⋅ x + b = 0Ÿ x = − .
a
41
b
Assim, x = − é o zero da função f e é a abscissa do ponto de in-
a
terseção do gráfico de f com o eixo Ox, como se viu anteriormente.
Analisam-se, a seguir, os sinais que a função f assume. Conforme
mostra a Figura 4, se a > 0 , a função é crescente e tem-se:
­ b
x < − Ÿy < 0
°° a
® ,
°x > − b Ÿ y > 0
°¯ a
independentemente do sinal de b.
Como se pode ver na Figura 5, se a < 0 , a função é decrescente e
tem-se:
­ b
°°x < − a Ÿ y > 0
® ,
°x > − b Ÿ y < 0
°¯ a
independentemente do sinal de b.

Observações:

1) Analisando-se os gráficos apresentados na Figura 4, em que se


tem a > 0 , ou seja, função crescente, observa-se que, tomando-se
b
valores de x maiores do que o zero da função x = − , tem-se
a
y > 0 , isto é, os valores de y têm o mesmo sinal do coeficiente a.
b
Por outro lado, tomando-se valores de x menores do que x = − ,
a
tem-se y < 0 , isto é, os valores de y têm o sinal contrário ao do coe-
ficiente a. Essas conclusões podem ser representadas através do dia-
grama da Figura 7.

FIGURA 7
42
2) Analisando-se, agora, os gráficos apresentados na Figura 5, em
que se tem a < 0 , ou seja, função decrescente, observa-se que, to-
b
mando-se valores de x maiores do que o zero da função x = − ,
a
tem-se y < 0 , isto é, os valores de y têm o mesmo sinal do coefici-
ente a. Por outro lado, tomando-se valores de x menores do que
b
x = − , tem-se y > 0 , isto é, os valores de y têm o sinal contrário
a
ao do coeficiente a. O diagrama da Figura 8 mostra essas conclu-
sões.

FIGURA 8

Vê-se, assim, que as conclusões sobre os sinais da função são as


mesmas, independentemente do sinal do coeficiente a:
b
• x < − Ÿ y tem o sinal contrário ao sinal de a;
a
b
• x > − Ÿ y tem o mesmo sinal de a.
a
O diagrama da Figura 9 mostra essas conclusões.

FIGURA 9

Exemplos:

1) Estudar os sinais da função y = f (x ) = 2 ⋅ x + 3 .


Fazendo f (x ) = 0 , vem:
3
2 ⋅ x + 3 = 0Ÿ x = − ,
2
3
ou seja, x = − é o zero da função f , ou seja, seu gráfico intercep-
2
43
§ 3 ·
ta o eixo Ox no ponto P¨ − ,0 ¸ . A função f tem coeficiente
© 2 ¹
a = 2 > 0. Então:
3
• x < − Ÿ y tem o sinal contrário ao sinal de a, ou seja, y < 0 ;
2
3
• x > − Ÿ y tem o mesmo sinal de a, ou seja, y > 0 .
2
§ 3·
Assim, a função f é negativa no intervalo ¨ − ∞,− ¸ e positiva no
© 2¹
§ 3 ·
intervalo ¨ − ,+∞ ¸ . O diagrama da Figura 10 mostra essas conclu-
© 2 ¹
sões.

FIGURA 10

FIGURA 11

Além disso, como se viu anteriormente, a reta intercepta o eixo Oy


no ponto Q(0,3) . O gráfico da Figura 11, já mostrado na Figura 1,
ilustra o que se acabou de concluir. Como se vê, para os valores de x
44
3
menores do que − , o segmento de reta se situa abaixo do eixo Ox,
2
ou seja, os valores de y = f (x ) são negativos. Para os valores de x
3
maiores do que − , o segmento de reta se situa acima do eixo Ox,
2
ou seja, os valores de y = f (x ) são positivos.

2) Estudar os sinais da função y = f (x ) = −3 ⋅ x − 1 .


Fazendo f (x ) = 0 , vem:
1
− 3 ⋅ x −1 = 0Ÿ x = − ,
3
1
ou seja, x = − é o zero da função f e, portanto, seu gráfico inter-
3
§ 1 ·
cepta o eixo Ox no ponto P¨ − ,0 ¸ .
© 3 ¹
A função f tem coeficiente a = -3 < 0. Então:
1
• x < − Ÿ y tem o sinal contrário ao sinal de a, ou seja, y > 0 ;
3
1
• x > − Ÿ y tem o mesmo sinal de a, ou seja, y < 0 .
3
§ 1·
Isto é, a função f é positiva no intervalo ¨ − ∞,− ¸ e negativa no
© 3¹
§ 1 ·
intervalo ¨ − ,+∞ ¸ .
© 3 ¹
O diagrama de sinais mostrado na Figura 12 ilustra essas conclu-
sões.

FIGURA 12

No caso da função dada, seu gráfico intercepta o eixo Oy no ponto


Q(0,−1) , conforme se pode ver na Figura 13.
45

FIGURA 13

FIGURA 14

Observações:

1) Uma reta r paralela ao eixo das ordenadas é tal que todos os seus
pontos (x , y ) têm a mesma abscissa x = k e, portanto, esta é sua e-
46
quação. Essa reta pode estar à direita ou à esquerda do eixo Oy, de-
pendendo de k ser positivo ou negativo, ou pode ser coincidente
com este eixo, se k = 0, conforme mostra a Figura 14. É importante
destacar que a equação x = k não representa uma função do 1o grau.
Na verdade, não representa sequer uma função, pois, para um mes-
mo valor de x, há infinitos valores de y, como se vê nos gráficos da
Figura 14.

1
2) A função y = f (x ) = não representa uma função do 1o grau,
x
pois pode ser escrita na forma y = f (x ) = x −1 , o que mostra que o
expoente da variável x é –1. Portanto, seu gráfico não é uma reta,
como mostra a Figura 15.

FIGURA 15
3 INEQUAÇÃO DO 1º GRAU

É toda sentença matemática que exprime uma relação de desigual-


dade do tipo a ⋅ x + b ≤ 0 ou a ⋅ x + b ≥ 0 . Também se podem ter as
desigualdades a ⋅ x + b < 0 ou a ⋅ x + b < 0 que são desigualdades es-
tritas. Nessas desigualdades, a e b são números reais, com a ≠ 0 .
Resolver uma inequação, a exemplo da resolução de uma equação, é
determinar os valores da variável que tornam verdadeira a sentença
matemática. Entretanto, no caso de uma equação do 1º grau, obtém-
se apenas um valor da variável que satisfaz a equação e, no caso de
uma inequação do 1º grau, podem-se obter infinitos valores da vari-
ável que a satisfaçam.

Exemplos:

1) Resolver a inequação x + 1 ≥ 0.
Resolver essa inequação significa determinar quais são os valores de
x para os quais se tem x + 1 ≥ 0. Isso equivale a estudar o sinal da
função y = x + 1, isto é, equivale a determinar quais os valores de x
tornam a função maior ou igual a zero. Lembrando que uma função
somente pode mudar de sinal quando seu gráfico intercepta o eixo
Ox, determina-se, primeiramente, o zero dessa função, para, em se-
guida, determinar os sinais que ela assume, como segue:
x + 1 − 0 Ÿ x = −1 .
Então, a função y = x + 1 pode mudar de sinal apenas no ponto
x = −1 . Tomando-se qualquer valor de x menor do que –1, observa-
se que a função tem sinal negativo. Por exemplo, para x = −2 , tem-
se y = −2 + 1 = −1 < 0 . Da mesma forma, tomando-se qualquer valor
de x maior do que –1, observa-se que a função tem sinal positivo.
Por exemplo, para x = 1, tem-se y = 1 + 1 = 2 > 0 . Tem-se, assim, o
diagrama de sinais para a função y = x + 1 da Figura 1.

FIGURA 1

Verifica-se, na Figura 1, que a função assume valores maiores do


que zero para valores de x maiores do que -1 e que se anula para es-
se valor: x ≥ −1 Ÿ y ≥ 0 . Logo, os valores de x que tornam verda-
deira a sentença x + 1 ≥ 0 são aqueles que são maiores ou iguais a
48
− 1 , ou seja, o conjunto solução da inequação dada é:
S = {x ∈ R / x ≥ −1} , ou seja, S = [− 1,+∞ ) .

2) Resolver a inequação 3 − 2 ⋅ x < 0 .


Como se viu no exemplo anterior, é preciso estudar o sinal da fun-
ção y = 3 − 2 ⋅ x ; primeiramente, determina-se o zero da função, ou
seja, a raiz da equação 3 − 2 ⋅ x = 0 . Tem-se:
3
3 − 2 ⋅ x = 0Ÿ x = .
2
3
Logo, a função pode mudar de sinal apenas no valor x = . To-
2
3
mando-se um valor qualquer de x menor do que , por exemplo,
2
x = 0 , vê-se que a função assume valores positivos. Por outro lado,
3
tomando um valor qualquer de x maior do que , por exemplo,
2
x = 3 , vê-se que a função assume valores negativos. Os sinais da
função são os mostrados na Figura 2.

FIGURA 2

Assim, o conjunto solução da inequação dada é:


­ 3½ § 3 ·
S = ® x ∈ R / x > ¾ = ¨ ,+∞ ¸ .
¯ 2¿ © 2 ¹

2⋅ x +1
3) Resolver a inequação ≤0.
3− x
É importante observar que não se trata, aqui, de resolver separada-
mente inequações com o numerador e o denominador da fração. O
que se procuram são os valores da variável x que tornem a fração
menor ou igual a zero. Levando-se em conta que o sinal de uma fra-
ção depende dos sinais de seu numerador e de seu denominador, é
preciso estudar, separadamente, os sinais das funções que compõem
a fração, para depois estudar o sinal do quociente dessas duas fun-
ções. Assim, tem-se:
49
• função do numerador: y = 2 ⋅ x + 1 . Repetindo o procedimento dos
exemplos anteriores, vem:
1
2 ⋅ x +1 = 0Ÿ x = − ;
2
logo, os sinais dessa função são os que se vêem na Figura 3.

FIGURA 3

• função do denominador: y = 3 − x . Repetindo o procedimento dos


exemplos anteriores, vem:
3− x = 0 Ÿx = 3;
a Figura 4 mostra os sinais dessa função.

FIGURA 4

É preciso, agora, determinar os valores de x que tornam a fração


menor ou igual a zero. A maneira mais prática de se fazer isso é co-
locar os dois diagramas apresentados nas Figuras 3 e 4, respeitando
a relação de ordem das raízes das duas funções, e “dividir” os valo-
res de x do numerador pelos do denominador em cada intervalo en-
tre as raízes. Tem-se, então, a Figura 5.

FIGURA 5

Nesta figura, vê-se que:


1
• tomando valores de x menores do que − , os valores da função
2
do numerador são negativos, enquanto que os da função do denomi-
50
nador são positivos. Assim, o quociente entre esses valores é negati-
vo;
1
• tomando valores de x entre − e 3, os valores das duas funções
2
são positivos. Logo, o quociente entre esses valores é positivo;
• tomando valores de x maiores do que 3, os valores da função do
numerador são positivos, enquanto que os da função do denomina-
dor são negativos. Portanto, o quociente entre esses valores é nega-
tivo.
1
Em x = − a fração se anula, pois esse valor anula o numerador da
2
fração. O valor x = 3 deve ser descartado, pois ele anula o denomi-
nador da fração, tornando-a sem sentido. Então, os valores de x que
tornam a fração menor ou igual a zero são aqueles que são menores
1
ou iguais a − ou maiores do que 3, isto é:
2
­ 1 ½ § 1º
S = ®x ∈ R / x ≤ − ou x > 3¾ = ¨ − ∞,− » ∪ (3,+∞ ) .
¯ 2 ¿ © 2¼
Apenas a título de verificação, considere-se um valor de x que seja
1
menor que − , por exemplo, x = −2 . Tem-se:
2
2 ⋅ x + 1 2 ⋅ (− 2 ) + 1 3
= =− <0,
3− x 3 − (− 2) 5
ou seja, esse valor de x satisfaz a inequação proposta. Isso ocorrerá
1
com todos os valores de x menores do que − .
2
Tomando-se, agora, um valor de x maior do que 3, por exemplo,
x = 5 , vem:
2⋅ x +1 2⋅5 +1 11
= = − <0,
3− x 3−5 2
confirmando que a fração terá valor negativo sempre que se toma-
rem valores de x maiores do que 3.
1
Por outro lado, tomando-se um valor entre − e 3, por exemplo,
2
x = 1 , tem-se:
2 ⋅ x + 1 2 ⋅1 + 1 3
= = >0,
3− x 3 −1 2
isto é, a fração será positiva sempre que se tomar x nessa condição.
51
1
É claro que o único valor de x que torna a fração nula é x = − .
2

4) A inequação a ≥ x ≥ b tem solução para quaisquer valores de a e


b?
A expressão a ≥ x ≥ b é equivalente a duas desigualdades simultâ-
neas, ou seja, que devem acontecer ao mesmo tempo: x ≤ a e x ≥ b .
Assim, a única situação em que a expressão a ≥ x ≥ b está correta é
quando a ≥ b . Por exemplo, se a = 4 e b = 2, os valores de x que sa-
tisfazem as desigualdades 4 ≥ x ≥ 2 são aqueles que são maiores ou
iguais a 2 e menores ou iguais a 4, ou seja, são os valores de x que
pertencem ao intervalo [2, 4].
Se a < b , por exemplo, se a = 2 e b = 4, escrever a ≥ x ≥ b , ou seja,
escrever 2 ≥ x ≥ 4 , significa encontrar valores de x que satisfaçam,
ao mesmo tempo, as desigualdades x ≤ 2 e x ≥ 4 . É claro que não
existem valores de x que sejam, ao mesmo tempo, menores ou iguais
a 2 e maiores ou iguais a 4 e, portanto, a inequação a ≥ x ≥ b não
tem solução neste caso.
É claro que tudo o que disse acima também é válido para desigual-
dades estritas, ou seja, para inequações da forma a ≥ x > b , ou
a > x ≥ b , ou a > x > b .
4 EQUAÇÃO DO 2O GRAU

É uma equação da forma a ⋅ x 2 + b ⋅ x + c = 0 , onde, obrigatoriamen-


te, se tem a ≠ 0 . Para se resolver essa equação, escreve-se:
§ b c· b c
a ⋅¨x2 + ⋅ x + ¸ = 0 Ÿ x2 + ⋅ x + = 0 .
© a a¹ a a
Com a finalidade de se obter o quadrado de uma soma no primeiro
membro da expressão, faz-se:
2 2
2 b § b · § b · c
x + 2⋅ ⋅x +¨ ¸ −¨ ¸ + =0Ÿ
2⋅a © 2⋅a ¹ © 2⋅a ¹ a
2
§ b · b2 c
Ÿ ¨x + ¸ − 2
+ =0Ÿ
© 2⋅a ¹ 4⋅a a
b · §¨ b 2 − 4 ⋅ a ⋅ c ·¸
2 2
§ § b · b2 − 4 ⋅ a ⋅ c
Ÿ ¨x + ¸ −¨ = 0 Ÿ ¨ x + ¸ =
© 2⋅a ¹ © 4⋅a2 ¸ © 2⋅a ¹ 4⋅a2
¹
Fazendo ∆ = b 2 − 4 ⋅ a ⋅ c , vem:
2
§ b · ∆
¨x + ¸ = .
© 2 ⋅ a ¹ 4⋅a2
Analisa-se, agora, o sinal de ∆:
• se ∆ > 0, vem:
b ∆ b ∆ −b± ∆
x+ =± 2
Ÿx=− ± Ÿx= ,
2⋅a 4⋅a 2⋅a 2⋅a 2⋅a
isto é, a equação tem duas raízes reais distintas:
−b+ ∆ −b− ∆
x1 = e x2 = ;
2⋅a 2⋅a
b b
• se ∆ = 0, vem: x + =0Ÿx =− , isto é, há duas raízes reais
2⋅a 2⋅a
iguais, isto é, a equação tem uma raiz real de multiplicidade 2, ou ra-
iz dupla;
• se ∆ < 0, a equação não tem raízes reais.
Quando se considera a função quadrática y = a ⋅ x 2 + b ⋅ x + c , pode-
se fazer sua representação gráfica no plano Oxy, que é uma parábo-
la. Para isso, utilizam-se, quando há, os zeros da função (isto é, as
raízes reais da equação a ⋅ x 2 + b ⋅ x + c = 0 ) e as coordenadas do
vértice V, as quais podem ser obtidas a partir dos zeros da função,
utilizando o fato de que esse ponto pertence ao eixo de simetria da
parábola e, portanto, sua abscissa deve ser igual ao ponto médio en-
54
tre eles. Analisam-se duas situações:
−b+ ∆ −b− ∆
• ∆ ≥ 0, quando se têm os zeros: x 1 = e x2 = . En-
2⋅a 2⋅a
tão, vem:
−b+ ∆ −b− ∆ 2⋅b
+ −
x + x2 2⋅a 2⋅a b
xV = 1 = = 2⋅a = − .
2 2 2 2⋅a
Para se obter a ordenada do vértice, substitui-se o valor encontrado
de x V na função y = a ⋅ x 2 + b ⋅ x + c :
2
§ b · § b · b2 b2
yV = a ⋅ ¨ − ¸ + b ⋅¨− ¸+c = a⋅ − +c =
© 2⋅a ¹ © 2⋅a ¹ 4⋅a2 2⋅a
b2 − 2 ⋅ b2 + 4 ⋅ a ⋅ c − b2 + 4 ⋅ a ⋅ c b2 − 4 ⋅ a ⋅ c ∆
= = =− =−
4⋅a 4⋅a 4⋅a 4⋅a
§ b ∆ ·
Assim, tem-se que V¨ − ,− ¸.
© 2⋅a 4⋅a ¹
• ∆ < 0, quando as raízes da equação a ⋅ x 2 + b ⋅ x + c = 0 são com-
plexas:
−b +i⋅ ∆ −b−i⋅ ∆
x1 = e x2 = , onde i = − 1 é a unidade ima-
2⋅a 2⋅a
ginária. Mesmo nessa situação, tem-se:
−b+i⋅ ∆ −b−i⋅ ∆ 2⋅b
+ −
x + x2 2⋅a 2⋅a b
xV = 1 = = 2⋅a = − ,
2 2 2 2⋅a

o que acarreta que y V = − .
4⋅a
Conclui-se, assim, que as coordenadas do vértice da parábola são
§ b ∆ ·
V¨ − ,− ¸ , independentemente da existência ou não de zeros
© 2⋅a 4⋅a ¹
reais, isto é, qualquer que seja o sinal do discriminante ∆.

Exemplos:

1) Dada a equação 2 ⋅ x 2 + 3 ⋅ x − 5 = 0 , tem-se:


−3± 7 5
∆ = 9 + 40 = 49 Ÿ x = Ÿ x = 1 ou x = − .
4 2
55
­ 5 ½
Assim, o conjunto solução da equação, em R, é: S = ®− , 1¾ . Em N,
¯ 2 ¿
o conjunto solução da equação é S = {1} .

2) No caso da equação − x 2 + x − 1 = 0 , tem-se:


1± − 3
− x 2 + x − 1 = 0 Ÿ x 2 − x + 1 = 0 ∆ = 1 − 4 = −3 Ÿ x = .
2
Lembrando que o número complexo i é, por definição, i = − 1 ,
vem:
1 ± (− 1) ⋅ 3 1 ± i ⋅ 3 1− i ⋅ 3 1+ i ⋅ 3
x= = Ÿ x= ou x = .
2 2 2 2
Vê-se, assim, que a equação somente tem solução no conjunto C dos
­°1 − i ⋅ ⋅ 3 1 + i ⋅ ⋅ 3 ½°
números complexos: S = ® , ¾ . Em R, o conjun-
°̄ 2 2 °¿
to solução é vazio: S = Φ .

Observação: pode-se fazer estudo semelhante para determinar os ze-


ros de uma função quadrática com a forma x = a ⋅ y 2 + b ⋅ y + c , on-
de a ≠ 0. Fazendo-se x = 0, obtém-se a equação a ⋅ y 2 + b ⋅ y + c = 0
que é exatamente o mesmo tipo de equação estudado até agora. A-
penas tem-se a variável y ao invés da variável x. Assim, têm-se as
mesmas conclusões:
• se ∆ > 0, há duas raízes reais distintas:
−b+ ∆ −b− ∆
y1 = e y2 = ;
2⋅a 2⋅a
b
• se ∆ = 0, há duas raízes reais iguais: y = − ;
2⋅a
• se ∆ < 0, não há raízes reais.
Nesse caso, as coordenadas do vértice V são tais que a ordenada yv é
b
o ponto médio entre y1 e y2, ou seja, y V = − e, por conseqüên-
2⋅a
cia, a abscissa é o valor de x que se obtém substituindo esse valor de
y na função x = a ⋅ y 2 + b ⋅ y + c :
56
∆ § ∆ b ·
xV = − , ou seja, o vértice é V¨ − ,− ¸.
4⋅a © 4⋅a 2⋅a ¹
5 FUNÇÃO DO 2O GRAU

É uma função definida por:


f :R → R
,
x  y = f (x ) = a ⋅ x 2 + b ⋅ x + c
onde, obrigatoriamente, se tem a ≠ 0 .
Sendo a não nulo, pode-se ter a > 0 ou a < 0. Todos os resultados
provenientes do estudo que será feito a seguir com os coeficientes b
e c para a > 0, são válidos para a situação em que a < 0. O sinal de a
influi no sentido de concavidade do gráfico da função
y = a ⋅ x 2 + b ⋅ x + c , que é uma parábola. Se a > 0, a concavidade es-
tá voltada para cima; se a < 0, a concavidade está voltada para bai-
xo. Assim, considerar-se-á, no que se segue, apenas a situação em
que a > 0.
Para se estudar a função quadrática, deve-se verificar se ela possui
ou não zeros reais, ou seja, deve-se verificar se a equação do 20 grau
a ⋅ x 2 + b ⋅ x + c = 0 tem ou não raízes reais. Como se viu anterior-
mente, a resolução dessa equação se faz de maneira simples com a
utilização da conhecida fórmula de Baskara:
−b± ∆
x= ,
2⋅a
onde ∆ = b 2 − 4 ⋅ a ⋅ c é o discriminante.
A parábola tem um eixo de simetria, no qual se localiza seu vértice
§ b ∆ ·
V, cujas coordenadas são V¨ − ,− ¸.
© 2⋅a 4⋅a ¹
No caso da função quadrática como a que se está estudando, o eixo
de simetria é vertical, isto é, coincidente ou paralelo ao eixo Oy.
Têm-se as possibilidades seguintes:
(1) b = c = 0. Nesse caso, a função dada fica: y = a ⋅ x 2 . Então, sen-
do b = 0, tem-se x V = 0 , o que acarreta y V = 0 . Logo, V (0,0) , o
que significa que o eixo de simetria da parábola coincide com o eixo
Oy, cuja equação é x = 0 . Um gráfico genérico de f é apresentado
na Figura 1.
A "abertura" da parábola depende do valor de a. Considerem-se al-
guns exemplos:
• a = 1 : para x = −1 ou x = 1 , tem-se y = 1 . Logo, os pontos (− 1,1)
e (1,1) pertencem ao gráfico;
58
1 1
• a= : para x = −1 ou x = 1 , tem-se y = . Logo, os pontos
2 2
§ 1· § 1·
¨ − 1 , ¸ e ¨1 , ¸ pertencem ao gráfico;
© 2¹ © 2¹
• a = 2 : para x = −1 ou x = 1 , tem-se y = 2 . Logo, os pontos (-1, 2)
e (1, 2) pertencem ao gráfico.

FIGURA 1

1 2
Os gráficos das funções y = x 2 , y = ⋅ x e y = 2 ⋅ x 2 são mostra-
2
dos na Figura 2. Observa-se que quanto maior for o valor de a, mais
"fechada" é a parábola e quanto mais próximo de zero for o valor de
a, mais "aberto" será o gráfico de f .
Pode-se verificar facilmente que a função f (x ) = a ⋅ x 2 é par, pois:
f (- x ) = a ⋅ (− x )2 = a ⋅ x 2 = f (x ) .
Uma interpretação geométrica interessante que há para a função
f (x ) = a ⋅ x 2 é que esta pode ser vista como a área de um quadrado
de lado  = a ⋅ x , pois a área seria A = ( a ⋅x )
2
= a ⋅ x2 .
59

FIGURA 2

(2) b = 0 e c ≠ 0. Nesse caso, a função dada fica: y = a ⋅ x 2 + c . No-


vamente, sendo b = 0, tem-se x V = 0 , o que acarreta y V = c . Logo,
V(0, c ) , e o eixo de simetria da parábola coincide com o eixo Oy.

FIGURA 3

Como ∆ = b 2 − 4 ⋅ a ⋅ c = 0 − 4 ⋅ a ⋅ c = −4 ⋅ a ⋅ c e lembrando que se es-


tá considerando a > 0, conclui-se que:
60
• se c > 0 Ÿ ∆ < 0 Ÿ a função f não tem zeros, isto é, seu gráfico
não intercepta o eixo Ox;
• se c < 0 Ÿ ∆ > 0 Ÿ a função f tem dois zeros reais, isto é, seu
gráfico intercepta o eixo Ox em dois pontos distintos. Para determi-
nar esses pontos, faz-se:
c
y = 0 Ÿ a ⋅ x 2 + c = 0 Ÿ a ⋅ x 2 = −c Ÿ x = ± − .
a
Observe que o número dentro do radical é positivo, já que a e c têm
sinais contrários. Os gráficos que representam as duas situações
consideradas são mostrados nas Figuras 3 e 4.

FIGURA 4

Em qualquer dessas situações, verifica-se que a função


2
f (x ) = a ⋅ x + c é par, pois:
f (− x ) = a ⋅ (− x )2 + c = a ⋅ x 2 + c = f (x ) .
(3) b ≠ 0 e c = 0. Nesse caso, a função dada fica: f (x ) = a ⋅ x 2 + b ⋅ x .
Então, tem-se:
b ∆ b2 − 4 ⋅ a ⋅ 0 b2
• xV = − e yV = − =− =− , ou seja,
2⋅a 4⋅a 4⋅a 4⋅a
§ b b 2 ·¸
V¨ − ,−
¨ 2⋅a 4⋅a ¸
© ¹
61
2
• ∆ = b > 0 , o que indica que a função tem dois zeros distintos, ou
seja, a parábola intercepta o eixo Ox em dois pontos distintos. Para
determinar esses dois pontos, faz-se:
b
y = 0 Ÿ a ⋅ x 2 + b ⋅ x = 0 Ÿ x ⋅ (a ⋅ x + b ) = 0 Ÿ x = 0 ou x = − .
a
Assim, os pontos de interseção do gráfico com o eixo Ox são:
§ b ·
P1 (0, 0) e P2 ¨ − , 0 ¸ .
© a ¹
Observe que o eixo de simetria da parábola coincide com a reta
b
x=− , já que essa é a abscissa do vértice. Assim, esse valor
2⋅a
b
deve ser o ponto médio entre os valores x = 0 e x = − , que são os
a
dois zeros da função. De fato, tem-se:
§ b·
0 + ¨− ¸ − b
© a¹ = a =− b .
2 2 2⋅a

FIGURA 5

Há dois gráficos possíveis para a função f (x ) = a ⋅ x 2 + b ⋅ x , depen-


62
dendo do sinal de b:
b
• se b > 0, então x = − <0
a
b
• se b < 0, então x = − > 0 .
a
Os gráficos são mostrados nas Figuras 5 e 6.

FIGURA 6

A função f (x ) = a ⋅ x 2 + b ⋅ x não é par, nem ímpar, pois:


f (− x ) = a ⋅ (− x )2 + b ⋅ (− x ) = a ⋅ x 2 − b ⋅ x Ÿ
Ÿ f (− x ) ≠ f (x ) e f (− x ) ≠ −f (x )

(4) b ≠ 0 e c ≠ 0. Nesse caso, a função dada fica:


y = f (x ) = a ⋅ x 2 + b ⋅ x + c .
b ∆ b2 − 4 ⋅ a ⋅ c
Então, tem-se x V = − e yV = − =− . Usando a
2⋅a 4⋅a 4⋅a
fórmula de Baskara para encontrar os zeros da função, vem:
− b ± ∆ − b ± b2 − 4 ⋅ a ⋅ c
y = 0 Ÿ a ⋅ x2 + b ⋅ x + c = 0 Ÿ x = = .
2⋅a 2⋅a
63
Nesse ponto, é preciso estudar as possibilidades para o discriminan-
te:
• se ∆ > 0, a função tem dois zeros distintos, ou seja, a parábola in-
tercepta o eixo Ox em dois pontos distintos:
− b + b2 − 4 ⋅ a ⋅ c − b − b2 − 4 ⋅ a ⋅ c
x1 = e x2 = ;
2⋅a 2⋅a
• se ∆ = 0, a função tem dois zeros iguais, ou seja, a parábola tan-
b
gencia o eixo Ox no ponto x = − ;
2⋅a
• se ∆ < 0, a função não tem zeros reais, ou seja, a parábola não in-
tercepta o eixo Ox.
Em qualquer das situações, o eixo de simetria da parábola coincide
b
com a reta x = − . Têm-se, assim, os gráficos das Figuras 7, 8 e
2⋅a
9.

FIGURA 7

Como no caso (3), a função f (x ) = a ⋅ x 2 + b ⋅ x + c não é par, nem


ímpar, pois:
f (− x ) = a ⋅ (− x )2 + b ⋅ (− x ) + c = a ⋅ x 2 − b ⋅ x + c Ÿ
.
Ÿ f (x ) ≠ f (x ) e f (x ) ≠ −f (x )
64

FIGURA 8

FIGURA 9

Observação: conforme se afirmou anteriormente, pode-se repetir to-


do o estudo feito para o caso em que o coeficiente a é menor do que
zero. Excetuando-se o fato de que a parábola terá, nesse caso, con-
cavidade voltada para baixo, todas as conclusões serão as mesmas.

Exemplo: esboçar o gráfico da função y = k ⋅ (x − 2 )2 , para k > 1 ,


65
k = 1 , 0 < k < 1 , k < −1 , k = −1 e − 1 < k < 0 .
Conforme se pode ver na Figura 10, para valores positivos de k, a
concavidade das parábolas é voltada para cima e para valores de k
menores do que zero, as parábolas são côncavas para baixo. Obser-
va-se, ainda, que, se |k| > 1, a “abertura” da parábola é menor do que
para k = 1, isto é, é “mais fechada”. Se |k| < 1, a parábola é “mais
aberta”.

FIGURA 10

Sinal da função do 2o grau

Estudar o sinal da função do 2o grau y = f (x ) = a ⋅ x 2 + b ⋅ x + c é de-


terminar quais são os valores da variável x para os quais se tenha
y = f (x ) positivo ou negativo. Para tal estudo, devem-se determinar,
se existirem, os zeros reais da função f , ou seja, as raízes reais da
equação f (x ) = 0 . Tem-se, como se viu anteriormente, as possibili-
dades que se discutem a seguir.
(1) Se ∆ > 0, a função tem dois zeros distintos, ou seja, a parábola
intercepta o eixo Ox em dois pontos distintos x1 e x2, conforme mos-
tra a Figura 7. Vê-se, nesta figura, que para valores de x menores do
66
que x1 ou maiores do que x2, a função tem sinal positivo, que é o
mesmo sinal do coeficiente a da função. Se a variável x assume um
valor entre as duas raízes, a função tem sinal negativo, que é contrá-
rio ao sinal de a. O diagrama de sinais da Figura 11 resume essas
conclusões.

FIGURA 11

É importante observar que, se a < 0, essas mesmas conclusões são


verdadeiras, já que o gráfico da função y = f (x ) = a ⋅ x 2 + b ⋅ x + c é
como mostra a Figura 12.

FIGURA 12

Observa-se, no gráfico, que para valores de x menores do que x1 ou


maiores do que x2, a função tem sinal negativo, que é o mesmo sinal
do coeficiente a. Se a variável x assume um valor entre as duas raí-
zes, a função tem sinal positivo, que é contrário ao sinal de a. Têm-
se, assim, as mesmas conclusões apresentadas na Figura 11.
(2) Se ∆ = 0, a função tem dois zeros iguais, ou seja, a parábola tan-
gencia o eixo Ox no ponto x1 = x2. Como se vê na Figura 8, a função
tem sinal positivo para todo x diferente da raiz dupla, ou seja, f tem
67
o mesmo sinal do coeficiente a. Essa conclusão também é verdadei-
ra se a < 0, conforme mostra o gráfico da Figura 13. A função é ne-
gativa para todo x diferente da raiz dupla, ou seja, f tem o mesmo
sinal do coeficiente a. A Figura 14 mostra o diagrama de sinais para
o caso em que a função y = f (x ) = a ⋅ x 2 + b ⋅ x + c tem raiz dupla.

FIGURA 13

FIGURA 14

(3) Se ∆ < 0, a função não tem zeros reais, ou seja, a parábola não
intercepta o eixo Ox. O gráfico da Figura 9 mostra que, nesta situa-
ção, a função é positiva, para todo número real x, ou seja, a função
tem o mesmo sinal do coeficiente a, para todo x. Isso também ocorre
se a < 0, como mostra o gráfico da Figura 15.
Vê-se que a função é negativa, ou seja, tem o mesmo sinal de a, para
todo número real x. Tem-se, assim, o diagrama de sinais da Figura
16.

Observação: pode-se fazer estudo semelhante para uma função qua-


drática com a forma x = a ⋅ y 2 + b ⋅ y + c , onde a ≠ 0.
68
Nesse caso, a parábola tem eixo de simetria horizontal, ou seja, co-
incidente ou paralelo ao eixo Ox. Assim, para a construção do gráfi-
co no plano Oxy, procuram-se, além do vértice, os pontos onde o
gráfico da função intercepta o eixo Oy, isto é, os valores de y para
os quais se tem x = 0, ou seja, resolve-se a equação do 2o grau
a ⋅ y2 + b ⋅ y + c = 0 .

FIGURA 15

FIGURA 16

Novamente, utiliza-se a fórmula de Baskara para obter as possíveis


raízes da equação que, se existirem, serão da forma:
−b± ∆
y= .
2⋅a
A parábola tem um eixo de simetria, no qual se localiza seu vértice
§ ∆ b ·
V, cujas coordenadas são V¨ − ,− ¸ . Quando ∆ > 0, há duas
© 4⋅a 2⋅a ¹
raízes reais distintas e, portanto, o gráfico da função intercepta o ei-
xo Oy em dois pontos. Quando ∆ = 0, há duas raízes reais iguais e,
69
−b± ∆
assim, a parábola tangencia o eixo Oy no ponto y = . Caso
2⋅a
se tenha ∆ < 0, conclui-se que a parábola não intercepta o eixo Oy.
Em qualquer uma dessas situações, têm-se:
• se a > 0 a concavidade da parábola é voltada para o sentido positi-
vo do eixo Ox, isto é para a direita;
• se a < 0 a concavidade da parábola é voltada para o sentido nega-
tivo do eixo Ox, isto é para a esquerda.
Conclusões análogas às tiradas anteriormente para os coeficientes a,
b e c são verdadeiras também para a função x = a ⋅ y 2 + b ⋅ y + c .

Exemplos:

1) Representar graficamente, no R 2 , a função:


x = f (y ) = 2 ⋅ y 2 + 5 ⋅ y − 3 .
O gráfico de uma função como esta, que tem a variável x em função
de y2, é uma parábola com eixo de simetria horizontal. Uma vez que
a = 2 > 0 , a concavidade está voltada para a direita. Devem-se de-
terminar as coordenadas do vértice e, se existirem, os pontos onde o
gráfico intercepta o eixo Oy, isto é, as raízes da equação
2 ⋅ y 2 + 5 ⋅ y − 3 = 0 . Tem-se:
2 ⋅ y 2 + 5 ⋅ y − 3 = 0 Ÿ ∆ = 5 2 − 4 ⋅ 2 ⋅ (− 3) = 49 ;
1
assim, as raízes reais da equação são: y1 = −3 e y 2 = , ou seja, a
2
§ 1·
parábola intercepta o eixo Oy nos pontos (0,−3) e ¨ 0, ¸ . A orde-
© 2¹
nada do vértice é:
−b± ∆
y= ;
2⋅a
observe que esse valor de y é o ponto médio entre os valores das raí-
zes da equação:
1 −5
+ (− 3)
2 5
= 2 =− .
2 2 4
Para determinar a abscissa do vértice, pode-se substituir esse valor
70
§ ∆ b ·
de y na função ou usar a expressão V¨ − ,− ¸:
© 4⋅a 2⋅a ¹
2
5 § 5· § 5· 49
• yV = − Ÿ xV = 2⋅¨− ¸ + 5⋅¨− ¸ − 3 = − ;
4 © 4¹ © 4¹ 8
∆ 49 49
• xV = − Ÿ xV = − =− .
4⋅a 4⋅2 8
§ 49 5 ·
Assim, tem-se o ponto V¨ − ,− ¸ . A Figura 17 apresenta o grá-
© 8 4¹
fico da função x = f (y ) .

FIGURA 17

2) Representar graficamente, no R 2 , a função:


x = f (y ) = −3 ⋅ y 2 + 4 ⋅ y − 3 .
Novamente, tem-se uma parábola com eixo de simetria horizontal,
com a concavidade está voltada para a esquerda, já que a = −3 < 0 .
Devem-se determinar as coordenadas do vértice e, se existirem, os
pontos onde o gráfico intercepta o eixo Oy, isto é, as raízes da equa-
ção − 3 ⋅ y 2 + 4 ⋅ y − 3 = 0 . Tem-se:
− 3 ⋅ y 2 + 4 ⋅ y − 3 = 0 Ÿ ∆ = 4 2 − 4 ⋅ (− 3) ⋅ (− 3) = −20 < 0 ;
71
assim, a equação não possui raízes reais, ou seja, a parábola não in-
tercepta o eixo Oy. As coordenadas do vértice são:
4 2
• yV = − = ;
2 ⋅ (− 3) 3

• xV = −
(− 20) = − 5 .
4 ⋅ (− 3) 3
§ 5 2·
Assim, tem-se o ponto V¨ − , ¸ . O gráfico da função x = f (y )
© 3 3¹
dada é a parábola da Figura 18.

FIGURA 18
6 INEQUAÇÃO DO 2º GRAU

É toda sentença matemática que exprime uma relação de desigual-


dade do tipo a ⋅ x 2 + b ⋅ x + c ≤ 0 ou a ⋅ x 2 + b ⋅ x + c ≥ 0 . Também se
podem ter as desigualdades a ⋅ x2 + b ⋅ x + c < 0 ou
2
a ⋅ x + b ⋅ x + c > 0 , que são desigualdades estritas. Nessas desi-
gualdades, a, b e c são números reais, com a ≠ 0.
Resolver uma inequação, a exemplo da resolução de uma equação, é
determinar os valores da variável que tornam verdadeira a sentença
matemática. Entretanto, no caso de uma equação do 2º grau, é pos-
sível obterem-se dois valores reais (distintos ou não) que satisfazem
a equação ou nenhum valor real que a satisfaça. No caso de uma i-
nequação do 2º grau, podem-se obter infinitos valores da variável
que a satisfaçam, ou nenhum.

Exemplos:

1) Resolver a inequação x 2 − 8 ⋅ x + 12 < 0 .


Resolver essa inequação significa determinar quais são os valores de
x para os quais se tem x 2 − 8 ⋅ x + 12 < 0 . Isso equivale a estudar o
sinal da função y = x 2 − 8 ⋅ x + 12 , isto é, equivale a determinar
quais os valores de x tornam a função menor do que zero. Lembran-
do que uma função somente pode mudar de sinal quando seu gráfico
intercepta o eixo Ox, determinam-se, primeiramente, se existirem,
os zeros dessa função, para, em seguida, determinar os sinais que ela
assume, como segue:
x 2 − 8 ⋅ x + 12 = 0 Ÿ ∆ = (− 8)2 − 4 ⋅ 1 ⋅ 12 = 16 > 0 ,
ou seja, essa equação do 2º grau tem duas raízes reais distintas:
x1 = 2 e x 2 = 6 .
Então, a função y = x 2 − 8 ⋅ x + 12 muda de sinal apenas em x = 2 e
em x = 6. Conforme se viu anteriormente, tem-se o diagrama de si-
nais para a função y = x 2 − 8 ⋅ x + 12 , cujo coeficiente de x2 é
a = 1 > 0, mostrado na Figura 1.

FIGURA 1
74
Logo, os valores de x que tornam verdadeira a sentença
x 2 − 8 ⋅ x + 12 < 0 são aqueles que estão entre x = 2 e x = 6, ou seja,
o conjunto solução da inequação dada é:
S = {x ∈ R / 2 < x < 6} = (2,6 ) .

2) Resolver a inequação − 3 ⋅ x 2 − 11 ⋅ x + 4 ≤ 0 .
Devem-se determinar os valores de x que tornam verdadeira a sen-
tença − 3 ⋅ x 2 − 11 ⋅ x + 4 ≤ 0 , ou seja, deve-se estudar o sinal da fun-
ção y = −3 ⋅ x 2 − 11 ⋅ x + 4 , com o objetivo de determinar os valores
de x para os quais a função é menor ou igual a zero. Determinam-se,
assim, se existirem, os zeros dessa função, para, em seguida, deter-
minar os sinais que ela assume. Tem-se:
− 3 ⋅ x 2 − 11 ⋅ x + 4 = 0 Ÿ ∆ = (− 11)2 − 4 ⋅ (− 3) ⋅ 4 = 169 ,
ou seja, essa equação do 2º grau tem duas raízes reais distintas:
1
x 1 = −4 e x 2 = . Então, a função y = −3 ⋅ x 2 − 11 ⋅ x + 4 muda de
3
sinal apenas nesses valores da variável x. Uma vez que o coeficiente
de x2 é a = -3 < 0, tem-se que a função será negativa para qualquer
1
valor de x menor do que -4 ou maior do que e será positiva para
3
1
qualquer valor de x entre -4 e . Tem-se, então, o diagrama da Fi-
3
gura 2.

FIGURA 2

Logo, os valores de x que tornam verdadeira a sentença


− 3 ⋅ x 2 − 11 ⋅ x + 4 ≤ 0 são os que são menores ou iguais a -4 ou
1
maiores ou iguais a , ou seja, o conjunto solução da inequação da-
3
da é:
­ 1½ ª1 ·
S = ®x ∈ R / x ≤ −4 ou x ≥ ¾ = (− ∞,−4] ∪ « ,+∞ ¸ .
¯ 3¿ ¬3 ¹
75
2
3) Resolver a inequação 2 ⋅ x + 3 ⋅ x + 5 ≥ 0 .
Analogamente aos exemplos anteriores, estuda-se o sinal da função
y = 2 ⋅ x 2 + 3 ⋅ x + 5 , para determinar os valores de x para os quais a
função é maior ou igual a zero. Então, determinam-se, se existirem,
os zeros dessa função, para, em seguida, determinar os sinais que ela
assume. Tem-se:
2 ⋅ x 2 + 3 ⋅ x + 5 = 0 Ÿ ∆ = 32 − 4 ⋅ 2 ⋅ 5 = −31 < 0 ,
ou seja, essa equação do 2º grau não tem raízes reais, o que significa
que a função y = 2 ⋅ x 2 + 3 ⋅ x + 5 não muda de sinal. Sendo
a = 2 > 0, conclui-se que a função é positiva, para todos os valores
da variável x. Então, o diagrama de sinais é como mostra a Figura 3.

FIGURA 3

Assim, todos os valores de x tornam verdadeira a sentença


2 ⋅ x 2 + 3 ⋅ x + 5 ≥ 0 , sendo que não há nenhum valor de x que satis-
faça a igualdade, já que a equação não tem raízes reais. O conjunto
solução da inequação dada é:
S = (− ∞,+∞ ) ou S = R .

4) Resolver a inequação − x 2 + 2 ⋅ x − 8 > 0 .


Estuda-se o sinal da função y = − x 2 + 2 ⋅ x − 8 , para determinar os
valores de x para os quais a função é maior do que zero. Para isso,
determinam-se, se existirem, os zeros dessa função; tem-se:
− x 2 + 2 ⋅ x − 8 = 0 Ÿ ∆ = 2 2 − 4 ⋅ (− 1) ⋅ (− 8) = −28 < 0 ,
ou seja, essa equação do 2º grau não tem raízes reais, e, portanto, a
função y = − x 2 + 2 ⋅ x − 8 não muda de sinal. Aqui, tem-se
a = −1 < 0 e, portanto, a função é negativa, para todos os valores da
variável x. A Figura 4 mostra o diagrama de sinais.

FIGURA 4

Assim, nenhum valor de x torna verdadeira a sentença


76
− x 2 + 2 ⋅ x − 8 > 0 , ou seja, não existe número real x tal que
− x 2 + 2 ⋅ x − 8 > 0 . O conjunto solução da inequação dada é, por-
tanto, vazio, isto é: S = Φ.

5) Resolver a inequação 25 ⋅ x 2 − 20 ⋅ x + 4 > 0 .


Resolve-se a equação 25 ⋅ x 2 − 20 ⋅ x + 4 = 0 para verificar se exis-
tem raízes reais, pois a função y = 25 ⋅ x 2 − 20 ⋅ x + 4 pode mudar de
sinal somente em seus zeros. Tem-se:
25 ⋅ x 2 − 20 ⋅ x + 4 = 0 Ÿ ∆ = (− 20 )2 − 4 ⋅ 25 ⋅ 4 = 0 ,
ou seja, essa equação do 2º grau tem duas raízes reais iguais:
2
x1 = x 2 = .
5
Assim, como se sabe, a função tem sempre o mesmo sinal, para todo
2
x ≠ ; como a = 25 > 0, conclui-se que a função é positiva, para to-
5
2
do x ≠ . Tem-se, assim, para a função y = 25 ⋅ x 2 − 20 ⋅ x + 4 , o
5
diagrama de sinais apresentado na Figura 5.

FIGURA 5

2
Logo, com exceção do valor x = , todos os valores reais de x tor-
5
nam verdadeira a sentença 25 ⋅ x 2 − 20 ⋅ x + 4 > 0 . Portanto, o con-
junto solução da inequação dada é:
­ 2½ § 2· §2 · ­2½
S = ® x ∈ R / x ≠ ¾ = ¨ − ∞, ¸  ¨ ,+∞ ¸ = R − ® ¾ .
¯ 5¿ © 5¹ ©5 ¹ ¯5¿

6) São corretas as implicações 1 − x 2 ≥ 0 Ÿ x 2 ≤ 1 Ÿ x ≤ ±1 ?


O resultado x ≤ ±1 , que não é correto, resume-se, na verdade, à de-
sigualdade x ≤ −1 , pois, se x deve ser, ao mesmo tempo, menor ou
igual a 1 e menor ou igual a –1, então é apenas menor ou igual a –1.
Entretanto, como se afirmou, o resultado obtido x ≤ −1 não é corre-
to, pois, tomando, por exemplo, x = -2, tem-se:
77
2
1 − (− 2 ) = 1 − 4 = −3 < 0 ,
ou seja, esse valor de x não satisfaz a desigualdade 1 − x 2 ≥ 0 . A
seguir, efetua-se o procedimento correto para a resolução deste ine-
quação, como se fez nos exemplos anteriores.
Quer-se determinar os valores de x para que se tenha 1 − x 2 ≥ 0 , ou
seja, quer-se estudar o sinal da função y = 1 − x 2 . Então, determi-
nam-se, se existirem, os zeros dessa função, para, em seguida, de-
terminar os sinais que ela assume. Tem-se:
1 − x 2 = 0 Ÿ x = −1 ou x = 1 .
Uma vez que a função y = 1 − x 2 tem dois zeros distintos e
a = −1 < 0 , segue-se que a função é negativa para qualquer valor de
x menor do que -1 ou maior do que 1 e positiva para qualquer valor
de x entre -1 e 1. Tem-se, então, o diagrama de sinais da Figura 6.

FIGURA 6

Assim, os valores de x para os quais se tem 1 − x 2 ≥ 0 pertencem ao


intervalo [− 1,1] . Observe que o resultado correto dessa inequação é
muito diferente do resultado errado x ≤ ±1 .
7 FUNÇÃO POLINOMIAL

Dada a seqüência de números complexos {a 0 , a1 , a 2 ,, a n } , a fun-


ção f : C → C , dada por:
f (x ) = a n ⋅ x n + a n −1 ⋅ x n −1 + a n −2 ⋅ x n −2 +  + a1 ⋅ x + a 0 ,
é denominada função polinomial ou polinômio associado à seqüên-
cia dada. Alternativamente, pode-se escrever o polinômio utilizando
somatório:
n
f (x ) =
¦a ⋅ x .
i =0
i
i

Os números a 0 , a1 , a 2 ,, a n são chamados coeficientes do polinô-


mio e as parcelas a 0 , a1 ⋅ x , a 2 ⋅ x 2 , ..., a n −1 ⋅ x n −1 , a n ⋅ x n são os
termos do polinômio.
Estudar-se-ão, em particular, as funções polinomiais cujos coeficien-
tes são números reais, ou seja, trabalhar-se-á com funções
f :R→R .
Denomina-se grau do polinômio f , e denota-se por JU (I ) ou ∂I , o
número natural p tal que a p ≠ 0 e a i = 0 , para todo i > p.

Exemplo: sejam a, b, c e d números reais. Então:

(a) p(x ) = a é um polinômio constante, cujo grau é zero;

(b) p(x ) = a ⋅ x + b (a ≠ 0) é um polinômio linear, ou polinômio de


grau 1, ou, ainda, polinômio de 1o grau;

(c) p(x ) = a ⋅ x 2 + b ⋅ x + c (a ≠ 0) é um polinômio de grau 2, ou po-


linômio do 2o grau, ou, ainda, polinômio quadrático;

(d) p(x ) = a ⋅ x 3 + b ⋅ x 2 + c ⋅ x + d (a ≠ 0) é um polinômio de grau 3,


ou polinômio do 3o grau, ou, ainda, polinômio cúbico.

Polinômio nulo. Um polinômio f é nulo se, e somente se, todos os


seus coeficientes forem nulos. Ou seja:
f = 0 ⇔ a 0 = a1 = a 2 =  = a n = 0 .
80
Igualdade de polinômios. Dois polinômios f e g são iguais se, e
somente se, seus coeficientes forem ordenadamente iguais. É claro,
então, que f e g têm mesmo grau. Ou seja, dados
f (x ) = a n ⋅ x n + a n −1 ⋅ x n −1 + a n −2 ⋅ x n −2 +  + a1 ⋅ x + a 0
e
g(x ) = b n ⋅ x n + b n −1 ⋅ x n −1 + b n −2 ⋅ x n −2 +  + b1 ⋅ x + b 0 ,
tem-se:
f = g ⇔ a i = b i , para todo 1 ≤ i ≤ n .

Exemplo: dados os polinômios


f (x ) = 5 ⋅ x 3 + 3 ⋅ x 2 − 1 e g(x ) = a 3 ⋅ x 3 + a 2 ⋅ x 2 + a1 ⋅ x + a 0 ,
então:
­a 3 = 5
°
°a 2 = 3
f = g ⇔® .
°a1 = 0
°¯a 0 = −1

Operações com polinômios.

1) Adição. Dados os polinômios f e g , chama-se soma de f e g o


polinômio (f + g ) obtido somando-se os termos semelhantes dos po-
linômios, isto é, somando-se os coeficientes das potências iguais de
x.

Exemplo: somar os polinômios:


f (x ) = 2 ⋅ x 3 − 3 ⋅ x + 5 e g(x ) = x 4 − 3 ⋅ x 2 + x .
Observe que os polinômios podem ser escritos na forma:
f (x ) = 0 ⋅ x 4 + 2 ⋅ x 3 + 0 ⋅ x 2 − 3 ⋅ x + 5 e
g(x ) = x 4 + 0 ⋅ x 3 − 3 ⋅ x 2 + x + 0 .
Assim, somam-se os termos correspondentes dos dois polinômios:
(f + g )(x ) = (0 + 1) ⋅ x 4 + (2 + 0) ⋅ x 3 + (0 − 3) ⋅ x 2 + (− 3 + 1) ⋅ x + (5 + 0) ,
ou seja,
(f + g )(x ) = x 4 + 2 ⋅ x 3 − 3 ⋅ x 2 − 2 ⋅ x + 5 .
81
2) Subtração. Dados os polinômios f e g , chama-se subtração de f
e g o polinômio (f − g ) obtido subtraindo-se os termos semelhantes
dos polinômios, isto é, subtraindo-se os coeficientes das potências
iguais de x.

3) Multiplicação. Dados os polinômios f e g , chama-se produto de


f e g o polinômio (f ⋅ g ) obtido multiplicando-se cada termo de f
por cada termo de g e, em seguida, somando-se os termos seme-
lhantes.

Exemplo: dados f (x ) = x 3 − 2 ⋅ x + 3 e g(x ) = −3 ⋅ x 2 + x + 2 , tem-se:


(f ⋅ g )(x ) = (x 3 − 2 ⋅ x + 3)⋅ (− 3 ⋅ x 2 + x + 2) =
( ) ( ) (
= x3 ⋅ − 3⋅ x2 + x + 2 − 2 ⋅ x ⋅ − 3⋅ x2 + x + 2 + 3⋅ − 3⋅ x2 + x + 2 = )
= −3 ⋅ x 5 + x 4 + 2 ⋅ x 3 + 6 ⋅ x 3 − 2 ⋅ x 2 − 4 ⋅ x − 9 ⋅ x 2 + 3 ⋅ x + 6 =
= −3 ⋅ x 5 + x 4 + 8 ⋅ x 3 − 11 ⋅ x 2 − x + 6

Alternativamente, pode-se utilizar o dispositivo seguinte, onde se


coloca um polinômio sob o outro e multiplica-se cada termo do po-
linômio que está embaixo por cada termo do polinômio que está em
cima, a exemplo do que se faz com multiplicação de números reais
com dois ou mais algarismos. Ou seja:
x3 − 2⋅x +3
− 3⋅ x2 + x+2
− 3⋅ x5 + 6 ⋅ x3 − 9 ⋅ x2
+ x4 − 2 ⋅ x2 + 3⋅ x
+ 2 ⋅ x3 − 4⋅ x + 6
− 3 ⋅ x 5 + x 4 + 8 ⋅ x 3 − 11 ⋅ x 2 − x + 6

4) Divisão. Dados dois polinômios f e g , sendo g não nulo, divi-


dir f por g significa determinar dois outros polinômios q e r , de
modo que se verifiquem as duas condições seguintes:
(1) q ⋅ g + r = f
(2) gr (r ) < gr (g ) , ou r = 0 ,
82
onde gr (r ) e gr (g ) denotam, respectivamente, o grau dos polinô-
mios r e g .
Se r = 0 , a divisão é chamada exata. Nesse caso, diz-se que f é di-
visível por g .
Nomenclatura:
• f é chamado dividendo;
• g é chamado divisor;
• q é chamado quociente;
• r é chamado resto.
Os polinômios q e r são únicos.

(a) Método de Descartes ou Método dos coeficientes a determinar

Esse método se baseia nos seguintes fatos:


(1) gr (f ) = gr (g ) + gr (q ) , ou seja, gr (q ) = gr (f ) − gr (g )
(2) gr (r ) < gr (g ) , ou r = 0 .
Para aplicá-lo, procede-se da seguinte forma:
(I) calculam-se gr (q ) e gr (r ) ;
(II) constroem-se os polinômios q e r , deixando incógnitos seus
coeficientes;
(III) determinam-se os coeficientes, impondo a igualdade:
f = q⋅g + r .

Exemplo: dividir o polinômio f (x ) = 2 ⋅ x 5 − 4 ⋅ x 3 + 2 ⋅ x 2 − 5 ⋅ x − 1


pelo polinômio g(x ) = x 3 − 5 ⋅ x + 2 .
Tem-se:
­gr (f ) = 5 ­gr (q ) = 2
® Ÿ ® .
¯gr (g ) = 3 ¯gr (r ) < 3 ∴ gr (r ) ≤ 2
Sejam:
­°q(x ) = a 1 ⋅ x 2 + a 2 ⋅ x + a 3
® ;
°̄r (x ) = b1 ⋅ x 2 + b 2 ⋅ x + b 3
deve-se ter f = q ⋅ g + r . Então:
( )( )
2 ⋅ x 5 − 4 ⋅ x 3 + 2 ⋅ x 2 − 5 ⋅ x − 1 = a1 ⋅ x 2 + a 2 ⋅ x + a 3 ⋅ x 3 − 5 ⋅ x + 2 +
(
+ b1 ⋅ x 2 + b 2 ⋅ x + b 3 )
83
Efetuando-se as operações indicadas no segundo membro dessa ex-
pressão e agrupando-se os termos semelhantes, obtém-se:
2 ⋅ x 5 − 4 ⋅ x 3 + 2 ⋅ x 2 − 5 ⋅ x − 1 = a1 ⋅ x 5 + a 2 ⋅ x 4 + (− 5 ⋅ a1 + a 3 ) ⋅ x 3 +
+ (2 ⋅ a1 − 5 ⋅ a 2 + b1 ) ⋅ x 2 + (2 ⋅ a 2 − 5 ⋅ a 3 + b 2 ) ⋅ x + (2 ⋅ a 3 + b 3 )
Igualando-se os coeficientes dos termos de mesmo grau que figuram
no primeiro e no segundo membros dessa expressão, vem:
­a1 = 2
°
°a 2 = 0
°°− 5 ⋅ a 1 + a 3 = −4 Ÿ a 3 = 6
®
°2 ⋅ a1 − 5 ⋅ a 2 + b1 = 2 Ÿ b1 = −2
°2 ⋅ a 2 − 5 ⋅ a 3 + b 2 = −5 Ÿ b 2 = 25
°
¯°2 ⋅ a 3 + b 3 = −1 Ÿ b 3 = −13
Logo, os polinômios procurados são:
°­q(x ) = 2 ⋅ x + 6
2
® .
°̄r (x ) = −2 ⋅ x 2 + 25 ⋅ x − 13

(b) Método da chave

Nesse método, utiliza-se procedimento análogo ao algoritmo da di-


visão numérica. Dividindo-se, por exemplo, o número 14 pelo nú-
mero 3, tem-se:

14 3
-12 4
2
e, portanto, tem-se que:
­14 = 3 ⋅ 4 + 2
® .
¯2 < 3
Com os polinômios, procede-se de forma análoga.

Exemplo: considerem-se, novamente, os polinômios do Exemplo an-


terior:
­°f (x ) = 2 ⋅ x 5 − 4 ⋅ x 3 + 2 ⋅ x 2 − 5 ⋅ x − 1
® .
°̄g(x ) = x 3 − 5 ⋅ x + 2
84
Colocando-os "na chave", fica:

2 ⋅ x5 − 4 ⋅ x3 + 2 ⋅ x 2 − 5 ⋅ x −1 x3 − 5 ⋅ x + 2

Os procedimentos para se obter o quociente e o resto da divisão são:


2 ⋅ x5
10) divide-se o termo 2 ⋅ x 5 pelo termo x 3 : = 2 ⋅ x 2 ; multipli-
x3
ca-se 2 ⋅ x 2 por g(x ) e verifica-se quanto falta para que o produto
seja igual a f (x ) :

2 ⋅ x5 − 4 ⋅ x3 + 2 ⋅ x2 − 5⋅ x −1 x3 − 5 ⋅ x + 2
− 2 ⋅ x 5 + 10 ⋅ x 3 − 4 ⋅ x 2 2 ⋅ x2
6 ⋅ x3 − 2 ⋅ x 2 − 5 ⋅ x −1
Obtém-se, assim, o primeiro resto: r1 (x ) = 6 ⋅ x 3 − 2 ⋅ x 2 − 5 ⋅ x − 1 ,
cujo grau é igual ao grau de g(x ) . Logo, continua-se a divisão. Di-
6 ⋅ x3
vide-se, agora, o termo 6 ⋅ x 3 por x 3 : = 6 . Multiplicando 6
x3
por g(x ) , verifica-se quanto falta para que o produto seja igual a
r1 (x ) :

2 ⋅ x5 − 4 ⋅ x3 + 2 ⋅ x2 − 5⋅ x −1 x3 − 5 ⋅ x + 2
− 2 ⋅ x 5 + 10 ⋅ x 3 − 4 ⋅ x 2 2⋅ x2 + 6
6 ⋅ x 3 − 2 ⋅ x 2 − 5 ⋅ x −1
− 6 ⋅ x3 + 30 ⋅ x − 12
− 2 ⋅ x 2 + 25 ⋅ x − 13
Obtém-se, assim, o segundo resto da divisão:
2
r2 (x ) = −2 ⋅ x + 25 ⋅ x − 13 . Como o grau de r2 (x ) é menor do que o
grau de g(x ) , a divisão está encerrada e tem-se:
­°q(x ) = 2 ⋅ x 6 + 6
® .
°̄r (x ) = −2 ⋅ x 2 + 25 ⋅ x − 13
85
(c) Divisão por um binômio do 10 grau

Tratar-se-á, agora, da divisão de um polinômio f , com gr (f ) ≥ 1 ,


por um polinômio g , com gr (g ) = 1 . Como gr (r ) < gr (g ) , deve-se
ter gr (r ) < 1 , isto é, gr (r ) = 0 , ou r = 0 . Logo, r é um polinômio
constante.

Exemplo: dividir f (x ) = 4 ⋅ x 4 − 3 ⋅ x 3 + 2 ⋅ x + 1 por g(x ) = 2 ⋅ x − 1 .


Usando o método da chave, tem-se:

4 ⋅ x4 − 3⋅ x3 + 2⋅ x +1 2 ⋅ x −1
− 4 ⋅ x4 + 2 ⋅ x3 2 ⋅ x3 −
1 2 1
⋅x − ⋅x +
7
− x3 + 2 ⋅ x +1 2 4 8
1 2
3
x − ⋅x
2
1
− ⋅ x2 + 2 ⋅ x +1
2
1 2 1
⋅x − ⋅x
2 4
7
⋅ x +1
4
7 7
− ⋅x +
4 8
15
8
Logo, tem-se:
­ 3 1 2 1 7
°°q(x ) = 2 ⋅ x − 2 ⋅ x − 4 ⋅ x + 8
® .
°r (x ) = 15
°¯ 8
Calculando-se o zero do polinômio g , tem-se:
1
2 ⋅ x −1 = 0 Ÿ x = ;
2
1
o valor numérico do polinômio f no ponto x = é:
2
86
4 3
§1· §1· §1· 1 1 1 1 15
f ¨ ¸ = 4 ⋅ ¨ ¸ − 3⋅ ¨ ¸ + 2 ⋅ +1 = 4 ⋅ − 3⋅ + 2 ⋅ +1 = =r.
© 2¹ ©2¹ © 2¹ 2 16 8 2 8
Isto é, o resto da divisão de f por g é igual ao valor numérico de f
calculado na raiz do divisor. Tem-se, assim, o seguinte teorema:

Teorema do Resto. "O resto da divisão de um polinômio f , com


gr (f ) ≥ 1 , pelo polinômio g(x ) = a ⋅ x + b é igual ao valor numérico
b
de f em x = − .".
a

Caso particular:
"O resto da divisão de um polinômio f , com gr (f ) ≥ 1 , pelo poli-
nômio g(x ) = x − a é igual ao valor numérico de f em x = a ”.

Exemplo: para calcular o resto da divisão do polinômio


f (x ) = 3 ⋅ x 6 − 4 ⋅ x 5 + 8 ⋅ x 2 − 2 ⋅ x + 5 por g(x ) = x − 1 , pode-se efe-
tuar a divisão de f por g e ou, mais diretamente, usar o Teorema do
Resto:
r = f (1) = 3 − 4 + 8 − 2 + 5 = 10 .

Teorema de D'Alembert. "Um polinômio f , com gr (f ) ≥ 1 , é divisí-


b
vel pelo polinômio g(x ) = a ⋅ x + b se, e somente se, − é raiz de
a
§ b ·
f , ou seja, f ¨ − ¸ = 0 ."
© a ¹

Particularização. Um polinômio f , com gr (f ) ≥ 1 , é divisível pelo


polinômio g(x ) = x − a se, e somente se, a é raiz de f , ou seja,
f (a ) = 0 .

Exemplo: para mostrar que f (x ) = x 4 + x 3 − 3 ⋅ x 2 − x + 2 é divisível


por g(x ) = x + 1 = x − (− 1) , pode-se efetuar a divisão de f por g e
mostrar que o resto é zero ou, mais diretamente, usar o Teorema de
D'Alembert:
87
r = f (− 1) = 1 − 1 − 3 + 1 + 2 = 0 .

(d) Dispositivo prático de Briot-Ruffini

Dados os polinômios:
­°f (x ) = a n ⋅ x n + a n −1 ⋅ x n −1 +  + a 1 ⋅ x + a 0 (a n ≠ 0 e n ≥ 1)
® ,
°̄g(x ) = x − a
quer-se determinar o quociente e o resto da divisão de f por g .
Como
­gr (f ) = n ­gr (q ) = n − 1
® , tem-se que ® ,
¯gr (g ) = 1 ¯gr (r ) = 0 ou r = 0
ou seja, r é uma constante. Assim, tem-se:
q(x ) = b n −1 ⋅ x n −1 + b n −2 ⋅ x n −2 + b n −3 ⋅ x n −3 +  + b 2 ⋅ x 2 + b1 ⋅ x + b 0
Então, vem:
f (x ) = (x − a ) ⋅ q(x ) + r =
(
= (x − a ) ⋅ b n −1 ⋅ x n −1 + b n −2 ⋅ x n −2 +  + b 2 ⋅ x 2 + b1 ⋅ x + b 0 + r )
Efetuando-se a multiplicação indicada, obtém-se:
b n −1 ⋅ x n −1 + b n −2 ⋅ x n −2 +  + b 2 ⋅ x 2 + b1 ⋅ x + b 0
x −a
b n −1 ⋅ x n + b n −2 ⋅ x n −1 +  + b 2 ⋅ x 3 + b1 ⋅ x 2 + b 0 ⋅ x

− a ⋅ b n −1 ⋅ x n −1 −− a ⋅ b 2 ⋅ x 2 − a ⋅ b1 ⋅ x − a ⋅ b 0

b n −1 ⋅ x n + (⋅ b n −2 − a ⋅ b n −1 ) ⋅ x n −1 +  + (⋅ b1 − a ⋅ b 2 ) ⋅ x 2 + (⋅ b 0 − a ⋅ b1 ) ⋅ x − a ⋅ b 0

Igualando os coeficientes correspondentes de f (x ) e de


(x − a ) ⋅ q(x ) + r , vem:
­b n −1 = a n
°
°b n −2 − a ⋅ b n −1 = a n −1 Ÿ b n −2 = a ⋅ b n −1 + a n −1
°b n −3 − a ⋅ b n −2 = a n −2 Ÿ b n −3 = a ⋅ b n −2 + a n −2
°
®
°b − a ⋅ b = a Ÿ b = a ⋅ b + a
° 1 2 2 1 2 2
°b 0 − a ⋅ b1 = a 1 Ÿ b 0 = a ⋅ b1 + a 1
°
¯r − a ⋅ b 0 = a 0 Ÿ r = a ⋅ b 0 + a 0
Esses cálculos tornam-se mais rápidos com a aplicação do seguinte
88
esquema, conhecido como dispositivo prático de Briot-Ruffini:

+
an a n−1 a n−2
 a2 a1 a0
a an a⋅ 
bn−1 + a n−1 a ⋅ bn−2 + a n−2  a ⋅ b2 + a 2 a ⋅ b1 + a1 a ⋅ b0 + a 0
         
bn−1 bn−2 bn−3 b1 b0 r

×
×

Exemplo: efetuar a divisão do polinômio


5 3
f (x ) = 6 ⋅ x − 2 ⋅ x + 4 ⋅ x − 3 por g(x ) = x + 1 .
Observe que o polinômio g pode ser escrito na forma
g(x ) = x − (− 1) e, portanto, o número a utilizado acima é a = -1. En-
tão, vem:
6 0 -2 0 4 -3
-1 6 -6 4 -4 8 -11

Assim, tem-se:
­°q(x ) = 6 ⋅ x 4 − 6 ⋅ x 3 + 4 ⋅ x 2 − 4 ⋅ x + 8
® ;
°̄r (x ) = −11
Conforme se ressaltou anteriormente, tem-se:
f (− 1) = 6 ⋅ (− 1)5 − 2 ⋅ (− 1)3 + 4 ⋅ (− 1) − 3 = −6 + 2 − 4 − 3 = −11 = r .

Generalização. Como se viu, o dispositivo prático de Briot-Ruffini


se aplica para o caso em que o divisor é um binômio do tipo
g(x ) = x − a . Considerar-se-á, agora, a divisão de um polinômio f ,
com gr (f ) ≥ 1 , pelo polinômio g(x ) = a ⋅ x + b .
Dividindo-se f por g , obtém-se um quociente q e um resto r , tais
que:
f (x ) = (a ⋅ x + b ) ⋅ q (x ) + r (x ) ,
sendo gr (r ) = 0 ou r = 0 , isto é, r é uma constante. Então:
89
§ b·
f (x ) = a ⋅ ¨ x + ¸ ⋅ q (x ) + r .
© a¹
Chamando:
­q(x ) ⋅ a = q ′(x )
°
® b ,
°¯x + a = g ′(x )
pode-se escrever: f (x ) = q ′(x ) ⋅ g ′(x ) + r .
b
Logo, q ′(x ) é o quociente da divisão de f por g ′(x ) = x + ; o resto
a
r é o mesmo da divisão anterior de f por g . Assim, vem:
q ′(x )
q ′(x ) = q (x ) ⋅ a e, portanto, q(x ) = .
a
Conclui-se, então, que para obter o quociente da divisão de f por
g(x ) = a ⋅ x + b , toma-se o quociente q ′(x ) da divisão de f por
b
g ′(x ) = x + e o divide por a. O resto da divisão de f por g é o
a
mesmo da divisão de f por g ′ .

Exemplo: dividir o polinômio f (x ) = 4 ⋅ x 5 − 2 ⋅ x 4 + 3 ⋅ x 2 − 5 ⋅ x + 1


por g(x ) = 2 ⋅ x − 1 .
§ 1·
Tem-se: g(x ) = 2 ⋅ x − 1 = 2 ⋅ ¨ x − ¸ . Efetua-se, então, a divisão de
© 2¹
1
f por g ′(x ) = x − , usando o dispositivo prático de Briot-Ruffini:
2
4 -2 0 3 -5 1
1 4 0 0 3 7 3
− −
2 2 4
Assim, tem-se:
­ 4 7
°°q ′(x ) = 4 ⋅ x + 3 ⋅ x − 2
® ;
°r (x ) = − 3
°¯ 4
Portanto:
90
1 § 7· 3 7
q(x ) = ⋅¨ 4 ⋅ x4 + 3⋅ x − ¸ = 2⋅ x4 + ⋅ x − .
2 © 2¹ 2 4
Observe que:
5 4 2
§1· §1· §1· §1· §1· 3
f ¨ ¸ = 4 ⋅¨ ¸ − 2 ⋅¨ ¸ + 3⋅¨ ¸ − 5⋅ ¨ ¸ +1 = − = r .
©2¹ ©2¹ ©2¹ © 2¹ ©2¹ 4

Gráfico da função polinomial. Considere-se a função polinomial


f : R → R , dada por:
f (x ) = a n ⋅ x n + a n −1 ⋅ x n −1 + a n −2 ⋅ x n −2 +  + a1 ⋅ x + a 0 ,
ou seja, os coeficientes de f são números reais e a função toma va-
lores no conjunto dos números reais. Esta função está definida para
todos os números reais e, portanto, seu domínio é R . A imagem de
f depende de cada caso em particular.
Há uma estreita relação entre a multiplicidade de um zero da função
e o comportamento do gráfico em sua vizinhança. Se k é um zero do
polinômio f com multiplicidade m, têm-se as seguintes possibilida-
des:
(a) se m for par, então o gráfico da função y = f (x ) tangencia o eixo
Ox no ponto P(k , 0 ) e não “cruza” o eixo neste ponto, como mos-
tram as Figuras 1-(a) e 1-(b).
(b) se m for ímpar e maior do que 1, então o gráfico da função
y = f (x ) tangencia o eixo Ox no ponto P(k , 0 ) , onde tem um ponto
de inflexão, e o “cruza” neste ponto (Figuras 2-(a) e 2-(b)).
(c) se m for igual a 1 (ou seja, a raiz é simples), então o gráfico da
função y = f (x ) intercepta o eixo Ox no ponto P(k , 0 ) , mas não é
tangente a esse eixo nesse ponto (Figuras 3-(a) e 3-(b)).
91

FIGURA 1-(a)

FIGURA 1-(b)
92

FIGURA 2-(a)

FIGURA 2-(b)
93

FIGURA 3-(a)

FIGURA 3-(b)

Exemplo: esboçar o gráfico das funções:

(1) y = x 4
Observe que x = 0 é um zero de multiplicidade 4 desta função poli-
nomial. Sendo assim, o gráfico será tangente ao eixo Ox no ponto
P(0, 0), mas não o cruzará nesse ponto e em nenhum outro ponto, já
que y ≥ 0, para todo x. Tem-se, assim, o gráfico mostrado na Figura
4.
94

FIGURA 4

(2) y = (x − 1)3
Neste caso, tem-se que x = 1 é um zero de multiplicidade 3 da fun-
ção polinomial. Logo, o gráfico será tangente ao eixo Ox no ponto
P(1, 0), cruzando-o nesse ponto (Figura 5).

FIGURA 5
95
3
(3) y = x − 1
Uma maneira de saber quais são as raízes reais da função dada é fa-
torar o polinômio. Tem-se:
( )
x 3 − 1 = (x − 1) ⋅ x 2 + x + 1 .
Então, considerando-se a equação x 3 − 1 = 0 , vem:
( )
x 3 − 1 = 0 Ÿ (x − 1) ⋅ x 2 + x + 1 = 0 Ÿ x − 1 = 0 ou x 2 + x + 1 = 0 .
Da equação x − 1 = 0 , segue-se que x = 1 é uma raiz da equação
x 3 − 1 = 0 ; já a equação x 2 + x + 1 = 0 não possui raízes reais. Con-
clui-se, assim, que a função polinomial dada tem apenas a raiz real x
= 1, que é simples. O gráfico é mostrado na Figura 6.

FIGURA 6
8 FUNÇÃO POTÊNCIA

É a função definida por


f :A ⊂R → R
,
x  y = f (x ) = x p
onde p é uma constante não nula.
O conjunto A, domínio de f , depende de p, assim como o conjunto
imagem de f , denotado por Im(f ) , como se discutirá a seguir.

(I) Se p = n for um número natural não nulo, então D(f ) = R Nesse


caso, tem-se:
f :R → R
.
x  y = f (x ) = x n

Exemplos:

1) Se n = 1, tem-se a função f (x ) = x , chamada função identidade,


cuja representação gráfica é a reta bissetriz do 1o e 3o quadrantes.
Nesse caso, tem-se D(f ) = R e Im(f ) = R (Figura 1).

FIGURA 1

2) Se n = 2, tem-se a função f (x ) = x 2 , que é uma função quadráti-


ca, cuja representação gráfica é a parábola mostrada na Figura 2.
98
Aqui, tem-se D(f ) = R e Im(f ) = R + .

FIGURA 2

3) Se n = 3, tem-se a função f (x ) = x 3 , que é uma função do 3o


grau, cuja representação gráfica é a parábola cúbica, mostrada na
Figura 3. Aqui, tem-se D(f ) = R e Im(f ) = R .

FIGURA 3
99
Observações:

1) Se n é par, a função f (x ) = x n é par, pois, para todo x ∈ R , tem-


se:
f (− x ) = (− x )n = x n = f (x ) .
Logo, seu gráfico é simétrico em relação ao eixo Oy, como se pode
ver na Figura 2.

2) Se n é ímpar, a função f (x ) = x n é ímpar, pois, para todo x ∈ R ,


tem-se:
f (− x ) = (− x )n = − x n = −f (x ) .
Logo, seu gráfico é simétrico em relação à origem do sistema de co-
ordenadas cartesianas ortogonais, como se pode ver nas Figuras 1 e
3.

(II) Se n é um número natural não nulo e p = -n, então p é um nú-


mero inteiro negativo. Nesse caso, tem-se D(f ) = R − {0} , ou seja,
D(f ) = R ∗ . Então, a função é definida por:
f :R∗ → R
1 .
x  y = f (x ) = x −n =
xn
O gráfico de f apresenta, assim, uma descontinuidade no ponto
x = 0, como se verá nos exemplos a seguir.

Exemplos:

1
1) Se n = 1, tem-se a função f (x ) = , cujo gráfico é a hipérbole
x
eqüilátera, apresentado na Figura 4. Aqui, tem-se

D(f ) = Im(f ) = R .

1
2) Se n = 2, tem-se a função f (x ) = , cujo gráfico é apresentado
x2
na Figura 5. Aqui, tem-se D(f ) = R ∗ e Im(f ) = R + + .
100

FIGURA 4

FIGURA 5
101
1
3) Se n = 3, tem-se a função f (x ) = , cujo gráfico é apresentado
x3
na Figura 6. Aqui, tem-se D(f ) = Im(f ) = R ∗ .

FIGURA 6

Observações:

1
1) Se n é par, a função f (x ) = n
é par, pois, para todo x ∈ R ∗ ,
x
tem-se:
1 1
f (− x ) = n
= f (x ) .
=
xn
(− x )
Logo, seu gráfico é simétrico em relação ao eixo Oy, como se pode
ver na Figura 5.

1
2) Se n é ímpar, a função f (x ) = é ímpar, pois, para todo x ∈
xn
R ∗ , tem-se:
1 1
f (− x ) = n
= − n = −f (x ) .
(− x ) x
102
Logo, seu gráfico é simétrico em relação à origem do sistema de co-
ordenadas cartesianas ortogonais, como se pode ver nas Figuras 4 e
6.

1
3) É preciso observar que os gráficos das funções f (x ) = e
x
1
f (x ) = , embora tenham as mesmas características, não são i-
x3
guais, pois, tomando-se, por exemplo, x = 2 , tem-se, para a função
1 1 1
f (x ) = o valor e, para a função f (x ) = 3 , obtém-se o valor
x 2 x
1 1
. Para x = 8 , tem-se, para a primeira função, o valor , e, para a
8 8
1
segunda função, tem-se o valor . Vê-se, assim, que quando a
512
1
variável x cresce, os valores da função f (x ) = 3 são menores do
x
1 1
que os valores da função f (x ) = , ou seja, a função f (x ) = 3
x x
1
tende a zero “mais depressa” do que a função f (x ) = . Logo, o
x
1
gráfico de f (x ) = 3 é “mais achatado” do que o da função
x
1
f (x ) = , em relação ao eixo Ox.
x
1
(III) Se n é um número natural não nulo e p = , então, a função é
n
definida por:
f :A ⊂ R → R
1 .
x  y = f (x ) = x n
Nesse caso, o domínio de f depende do número natural n.

Exemplos:
1
1) Se n = 2, tem-se a função f (x ) = x 2 = x . Logo, tem-se
D(f ) = Im(f ) = R + , como se pode constatar no gráfico apresentado
103
na Figura 7.

FIGURA 7

1
2) Se n = 3, tem-se a função f (x ) = x 3 = 3 x . Logo, tem-se
D(f ) = Im(f ) = R . O gráfico de f é apresentado na Figura 8.

FIGURA 8

Observação: note-se que, se n é par, então D(f ) = R + e, se n é ím-


par, D(f ) = R .

(IV) Existem, ainda, as funções potências com expoentes fracioná-


104
2
rios e irracionais, como, por exemplo, a função f (x ) = x 3 , ou
3
f (x ) = x 2 . Nesse caso, tem-se D(f ) = R . O gráfico é apresentado
na Figura 9.

FIGURA 9

Exercício: dada a função y = f ( x ) = x , determinar, a partir dela,


as funções f1 ( x ) = f ( − x ) e f 2 ( x ) = f ( x ) + 1 . Estudar cada uma delas
quanto ao domínio, imagem, paridade, sinal, gráfico e inversa.

(1) y = f ( x ) = x
Domínio: D(f ) = {x ∈ R / x ≥ 0} .
Paridade: observe que, se x ≥ 0, então -x ≤ 0. Assim, f (− x ) = − x
só está definido se x = 0; logo, no caso particular dessa função, não
é possível estudar a paridade.
Sinal: y = f ( x ) ≥ 0 , para todo x ≥ 0.
Gráfico: apresentado na Figura 10.
Imagem: a partir do gráfico de f , pode-se verificar que:
Im(f ) = {y ∈ R / y ≥ 0}.
Observe que, se x = 0 , então y = 0 , ou seja, (0,0 ) é o ponto de in-
terseção do gráfico de f com os eixos Ox e Oy. Um erro comum
que se comete é escrever a função y = x na forma: y 2 = x , com o
objetivo de eliminar a raiz quadrada. Entretanto, o gráfico que repre-
senta essa equação, apresentado na Figura 11, mostra que, para cada
105
x > 0 , há dois valores distintos de y, isto é, esse gráfico não repre-
senta uma função. Da relação y 2 = x obtêm-se duas funções:
y = x e y = − x , cujos gráficos são, respectivamente, o "ramo
superior" e o "ramo inferior" do gráfico da Figura 11.

FIGURA 10

FIGURA 11

Inversa: verifica-se, pelo gráfico, que f é bijetora em seu domínio


e, portanto, admite inversa. Para determiná-la, isola-se x na expres-
são da função:
y = x Ÿ y2 = x ;
trocando-se as variáveis x e y, vem: y = f −1 ( x ) = x 2 . Quanto aos
106
conjuntos domínio e imagem da função inversa, tem-se:
( ) ( )
D f −1 = Im(f ) = {x ∈ R / x ≥ 0} e Im f −1 = D(f ) = {y ∈ R / y ≥ 0} .
Os gráficos de f e sua inversa estão na Figura 12.

FIGURA 12

Estudam-se, a seguir, as variações de f solicitadas.

(2) y = f1 ( x ) = f (− x ) = − x
Domínio: no caso dessa função, um erro comum que se comete é di-
zer que − x não existe. Deve-se observar que é preciso que o ra-
dicando seja não negativo, ou seja, o raciocínio a ser utilizado é: se -
x ≤ 0 , então − x ≥ 0 ; logo, o domínio de f1 é:
D(f1 ) = {x ∈ R / x ≤ 0}.
Paridade: a exemplo do que ocorre com a função f , não é possível
estudar a paridade de f1 , pois f1 (− x ) = − (− x ) = x , que está de-
finida somente para x = 0, já que todo x do domínio de f1 é tal que
x≤0.
Sinal: y = f1 ( x ) ≥ 0 , para todo x ∈ D(f1 ) .
Gráfico: representam-se, na Figura 13, para fins de comparação, os
gráficos de f e de f1 , os quais têm simetria em relação ao eixo Oy.
107

FIGURA 13

Imagem: a partir do gráfico, pode-se verificar que:


Im(f1 ) = Im(f ) = {y ∈ R / y ≥ 0} .
Inversa: assim como f , a função f1 é bijetora em seu domínio e,
portanto, admite inversa:
y = − x Ÿ y 2 = −x Ÿ x = −y 2 ;
trocando-se as variáveis x e y, vem: y = f1−1 ( x ) = − x 2 . Quanto aos
conjuntos domínio e imagem da função inversa, tem-se:
( ) ( )
D f1−1 = Im(f1 ) = {x ∈ R / x ≥ 0} e Im f1−1 = D(f1 ) = {y ∈ R / y ≤ 0} .
Os gráficos de f1 e de f1−1 são apresentados na Figura 14.

(3) y = f 2 ( x ) = 1 + f (x ) = 1 + x
Domínio: D(f 2 ) = D(f ) = {x ∈ R / x ≥ 0} .
Paridade: novamente, não é possível estudar a paridade da função
f2 .
Sinal: observando-se que, para todo x ≥ 0, tem-se que x ≥ 0 , se-
gue-se que y = f 2 ( x ) ≥ 1 , e, portanto, f 2 ( x ) > 0 .
Gráfico: na Figura 15, representam-se, para fins de comparação, os
gráficos de f e de f 2 .
Como f 2 ( x ) = 1 + f (x ) , isto é, somou-se uma unidade a f (x ) , o grá-
fico de f 2 é o gráfico de f deslocado de uma unidade no sentido
positivo do eixo Oy.
Imagem: a partir do gráfico, pode-se verificar que:
Im(f 2 ) = {y ∈ R / y ≥ 1} .
108

FIGURA 14

FIGURA 15

Inversa: a função f 2 é bijetora em seu domínio e, portanto, admite


inversa, dada por:
y = 1 + x Ÿ y − 1 = x Ÿ (y − 1)2 = x ;
trocando-se as variáveis x e y, vem: y = f 2−1 ( x ) = (x − 1)2 . Quanto
109
aos conjuntos domínio e imagem da função inversa, tem-se:
( ) ( )
D f 2−1 = Im(f 2 ) = {x ∈ R / x ≥ 1} e Im f 2−1 = D(f 2 ) = {y ∈ R / y ≥ 0} .
A Figura 16 mostra os gráficos de f 2 e de f 2−1 .

FIGURA 16

Exercício proposto: dada a função y = f ( x ) = x , determinar, a


partir dela, as funções f 3 ( x ) = −f ( x ) e f 4 ( x ) = f ( x + 1) . Estudar ca-
da uma delas quanto ao domínio, imagem, paridade, sinal, gráfico e
inversa.

Observação: como se viu, não foi possível estudar a paridade das


funções f , f1 e f 2 . Entretanto, tais fatos não aconteceram devido
ao fato das funções envolverem raiz quadrada, podem ocorrer com
outras funções, como se verá adiante. Além disso, há muitas funções
envolvendo radicais que são pares ou ímpares. Como exemplos,
considerem-se as funções g(x ) = x 2 + 1 e h (x ) = 3 x . Tem-
se: D(g) = D(h) = R ; assim, é possível estudar a paridade das duas
funções:
g(− x ) = (− x )2 + 1 = x 2 + 1 = g(x ) , isto é, g é uma função par;
h (− x ) = 3 (− x ) = 3 (− 1)x = −3 x = −h (x ) , isto é, h é uma função
ímpar.
Mostram-se, na Figura 17, os gráficos de g e h .
110

FIGURA 17
9 FUNÇÃO RACIONAL

É uma função na qual o numerador e o denominador são polinômios


na mesma variável. Assim, uma fração racional é uma fração do ti-
po:
F(x )
,
G (x )
onde F(x ) e G (x ) são polinômios na variável x, ou seja,
F(x ) a ⋅ x n + a 1 ⋅ x n −1 + a 2 ⋅ x n −2 +  a n −1 ⋅ x + a n
= 0 m ,
G (x ) b 0 ⋅ x + b1 ⋅ x m−1 + b 2 ⋅ x m−2 +  b m −1 ⋅ x + b m
com a 0 ≠ 0 e b 0 ≠ 0 . A função racional está definida para todos os
valores da variável x tais que G (x ) ≠ 0 .
Se n < m, tem-se uma função racional própria.
Se n ≥ m, tem-se uma função racional imprópria. Neste caso, pode-
se efetuar a divisão do polinômio F(x ) pelo polinômio G (x ) , ob-
tendo-se um quociente e um resto:
F(x ) G (x ) 
R (x ) Q(x ) 
Pelo algoritmo da divisão, tem-se:
F(x ) = Q(x ) ⋅ G (x ) + R (x ) .
Assim, vem:
F(x ) Q(x ) ⋅ G (x ) + R (x ) R (x )
= = Q(x ) + ;
G (x ) G (x ) G (x )
R (x )
uma vez que gr (R (x )) < gr (G (x )) , a fração é própria. Logo,
G (x )
uma fração racional imprópria sempre pode ser escrita como a soma
de um polinômio com uma fração racional própria.

Exemplos:

2 ⋅ x +1
1) A fração 3
é uma fração racional própria.
x + 3⋅ x −1
2 ⋅ x5 + 3⋅ x +1
2) A fração é uma fração racional imprópria, pois o
x3 + 2
grau do polinômio do numerador é maior do que o do denominador
e, portanto, é possível efetuar a divisão. Tem-se:
112
2 ⋅ x5 + 3 ⋅ x + 1 x3 + 2
− 2 ⋅ x5 − 4 ⋅ x2 2 ⋅ x2
− 4 ⋅ x 2 + 3 ⋅ x +1

Como o grau do resto R (x ) = −4 ⋅ x 2 + 3 ⋅ x + 1 é menor do que o


grau do divisor G (x ) = x 3 + 2 , não é possível continuar a divisão.
Logo, pode-se escrever:
2 ⋅ x5 + 3⋅ x +1 2 − 4 ⋅ x 2 + 3⋅ x +1
= 2 ⋅ x + .
x3 + 2 x3 + 2

1
3) Dada a função y = f ( x ) = , determinar, a partir dela, as funções
x
f1 ( x ) = −f ( x ) e f 2 ( x ) = f ( x + 1) . Estudar cada uma delas quanto ao
domínio, imagem, paridade, sinal, gráfico e inversa.

1
(1) y = f ( x ) =
x
A primeira observação a ser feita é que essa função não é linear. Es-
se engano é cometido, algumas vezes, porque o expoente da variável
x, aparentemente, é 1. Entretanto, x está no denominador, o que a-
carreta que seu expoente é –1, já que a função pode ser escrita na
forma y = x −1 . Assim, o gráfico de f não é uma reta.
Domínio: D(f ) = {x ∈ R / x ≠ 0} = R ∗
1 1
Paridade: f (− x ) = = − = −f ( x ) ; logo, f é uma função ím-
(− x ) x
par, o que significa que seu gráfico é simétrico em relação à origem
do sistema cartesiano.
Sinal: a função é diferente de zero, para todo x ≠ 0 ; além disso,
tem-se:
•x>0Ÿy>0
• x < 0 Ÿ y < 0,
o que pode ser expresso através do diagrama da Figura 1.
113

FIGURA 1

Gráfico: é apresentado na Figura 2.


Observe que, uma vez que f não está definida para x = 0 , o gráfico
não intercepta o eixo Oy; como y ≠ 0 , o gráfico da função não in-
tercepta o eixo Ox.

FIGURA 2

Imagem: a partir do gráfico, pode-se verificar que:


Im(f ) = {y ∈ R / x ≠ 0} = R ∗ .
Inversa: verifica-se, pelo gráfico, que f é bijetora em seu domínio.
Isso quer dizer que, para todo y ∈ R ∗ , existe um único x ∈ R ∗ tal
que y é a imagem de x, ou seja, y = f (x ) . Portanto, f admite inver-
sa. Para determiná-la, isola-se x na expressão da função:
1 1
y= Ÿx= ;
x y
114
em seguida, trocam-se as variáveis x e y, obtendo-se:
1
y = f −1 ( x ) = . Nota-se, assim, que f −1 = f (Figura 2) e tem-se:
x
Df( )
−1
( )
= Im(f ) = R ∗ e que Im f −1 = D(f ) = R ∗ .

1
(2) y = f1 ( x ) = −f ( x ) = −
x
Domínio: D(f1 ) = D(f ) = {x ∈ R / x ≠ 0} = R ∗
1 1
Paridade: f1 (− x ) = − = = −f1 ( x ) ; logo, f1 é uma função ím-
−x x
par e, assim como f , seu gráfico é simétrico em relação à origem.
Sinal: a função é diferente de zero, para todo x ≠ 0; além disso, tem-
se:
• x > 0 Ÿ y1 < 0
• x < 0 Ÿ y1 > 0,
o que pode ser expresso através do diagrama da Figura 3.

FIGURA 3

Gráfico: na Figura 4, representam-se, para fins de comparação, os


gráficos de f e de f1 .
A exemplo de f , o gráfico de f1 também não intercepta os eixos Ox
e Oy.
115

FIGURA 4

Imagem: Im(f1 ) = Im(f ) = {y ∈ R / y ≠ 0} = R ∗ .


Inversa: assim como f , a função f1 é bijetora em seu domínio e,
portanto, admite inversa, dada por:
1 1 1
y = − Ÿ x = − ∴ y = f1−1 ( x ) = − ,
x y x
( )
ou seja, mais uma vez tem-se que f1−1 = f1 e D f1−1 = Im(f1 ) = R ∗ e
( )
Im f1−1 = D(f1 ) = R ∗ .

1 1
(3) y = f 2 ( x ) = f (x + 1) = =
(x + 1) x + 1
Domínio: D(f 2 ) = {x ∈ R / x ≠ −1} .
Paridade: observe que ∃ x ∈ D(f 2 ) tal que − x ∉ D(f 2 ) e, portanto,
não é possível estudar a paridade de f 2 .
Sinal: a função é diferente de zero, para todo x ≠ −1 ; para estudar
os sinais que a função assume, estuda-se o sinal do denominador, já
que o numerador é sempre positivo. Tem-se: x + 1 = 0 Ÿ x = −1 ;
116
então:
• x > −1 Ÿ y 2 > 0
• x < −1 Ÿ y 2 < 0 ,
o que pode ser expresso através do diagrama da Figura 5.

FIGURA 5

Gráfico: representam-se, na Figura 6, para fins de comparação, os


gráficos de f e de f 2 .
Observe que, uma vez que f 2 não está definida para x = −1 , o gráfi-
co não intercepta a reta de equação x = −1 , a qual atua, para f 2 ,
como o eixo Oy atua para f . Como y ≠ 0 , o gráfico da função não
intercepta o eixo Ox. vê-se, ainda, que o gráfico de f 2 é o gráfico de
f transladado de uma unidade no sentido negativo do eixo Ox.
Os gráficos de f e f 2 podem dar a impressão de que se intercep-
tam; verifica-se que não, pois, se forem igualadas as expressões que
definem as duas funções, vem:
1 1 1 1 x +1− x 1
= Ÿ − =0Ÿ =0Ÿ =0,
x x +1 x x +1 x (x + 1) x (x + 1)
que não tem solução, isto é, não existem pontos de interseção entre
as duas funções.
117

FIGURA 6

Imagem: Im(f 2 ) = Im(f ) = {y ∈ R / y ≠ 0} = R ∗ .


Inversa: assim como f , a função f 2 é bijetora em seu domínio e,
portanto, admite inversa, dada por:
1 1 1 1
y= Ÿ x + 1 = Ÿ x = −1 + ∴ y = f 2−1 ( x ) = − 1 .
x +1 y y x
( ) ( )
Tem-se: D f 2−1 = Im(f 2 ) = R ∗ e Im f 2−1 = D(f 2 ) = {y ∈ R / y ≠ −1} .
Como se sabe, os gráficos de f 2 e de f 2−1 são simétricos em relação
à reta y = x, conforme mostra a Figura 7.
Observa-se, além da simetria dos gráficos em relação à reta y = x,
que, enquanto o gráfico de f 2 não intercepta a reta x = -1, o de f 2−1
não intercepta a reta y = −1 . Isso é natural, levando-se em conta que
duas funções que são inversas entre si têm domínios e imagens tro-
cados. Assim, se para f 2 o domínio não contém o valor de x = −1 ,
para sua inversa f 2−1 a imagem não contém o valor de y = −1 .
118

FIGURA 7

1
Exercício proposto: dada a função y = f ( x ) = , determinar, a par-
x
tir dela, as funções f 3 ( x ) = f (− x ) e f 4 ( x ) = f ( x ) + 1 . Estudar cada
uma delas quanto ao domínio, imagem, paridade, sinal, gráfico e in-
versa.
10 MÓDULO DE UM NÚMERO REAL

O conceito de módulo de um número é, basicamente, geométrico.


Considere-se, por exemplo, o número real 2 e sua representação na
reta real, identificada com o ponto P da Figura 1.

FIGURA 1

A distância de P à origem O, na unidade de medida da graduação da


reta, é 2. Indica-se essa distância por 2 . Logo, 2 = 2 . Consideran-
do-se, agora, o ponto Q, que representa o número real –2, a distância
de Q à origem O também é 2. Indica-se essa distância por − 2 e,
portanto, − 2 = 2 .
Dessa forma, designa-se pelo símbolo x a distância à origem O do
ponto que representa o número real x, ou seja, do ponto de coorde-
nada x. Então, tem-se:
­ x , se x ≥ 0
x =® .
¯− x , se x < 0
Assim, tomando-se novamente o exemplo anterior, tem-se:

• se x = 2, como 2 > 0, tem-se que , 2 ;


2 =,
x x

§ ·
• se x = -2, como -2 < 0, tem-se que − 2 = −¨ − 2¸ = 2 .
, ¨,¸
x © x ¹

Propriedades:

(1) x ≥ 0 e x = 0 se, e somente se, x = 0.


(2) x ⋅ y = x ⋅ y .
x x
(3) Se y ≠ 0, = .
y y
(4) − x = x .
120
2
(5) x = x 2 .

Observação: chama-se a atenção para um erro comum cometido pe-


los estudantes, que afirmam que a + b = a + b . Tomando-se ape-
nas dois valores de a e b escolhidos arbitrariamente, observa-se que
essa igualdade não é válida sempre:
­° 5 + 1 = 6 = 6
• se a = 5 e b = 1, vem: ® ,
°̄ 5 + 1 = 5 + 1 = 6
ou seja, a + b = a + b ;
­° − 5 + 1 = − 4 = 4
• se a = -5 e b = 1, vem: ®
°̄ − 5 + 1 = 5 + 1 = 6
e, portanto, a + b < a + b ;
­° 5 + (− 1) = 4 = 4
• se a = 5 e b = -1, vem: ®
°̄ 5 + − 1 = 5 + 1 = 6
e, portanto, a + b < a + b ;
­° − 5 + (− 1) = − 6 = 6
• se a = -5 e b = -1, vem: ®
°̄ − 5 + − 1 = 5 + 1 = 6
e, portanto, a + b = a + b .
Genericamente falando, demonstra-se que, quaisquer que sejam os
números reais a e b. tem-se:
a+b ≤ a + b ,
chamada desigualdade triangular.
Pergunta-se, então: em que casos é válida a igualdade, ou seja,
quando se pode afirmar que a + b = a + b ?
Sendo a + b , a e b números não negativos, a igualdade anterior
é equivalente à seguinte:
2 2
a + b = (a + b ) ,
ou seja,
2 2 2
a + b = a + 2⋅ a ⋅ b + b .
2
Uma vez que, para qualquer número real x, tem-se que x = x 2 , o
primeiro membro da igualdade anterior fica:
121
2 2 2 2
a + b = (a + b ) = a + 2 ⋅ a ⋅ b + b ;
então: a 2 + 2 ⋅ a ⋅ b + b 2 = a 2 + 2 ⋅ a ⋅ b + b 2 Ÿ a ⋅ b = a ⋅ b = a ⋅ b .
Pela definição de módulo, conclui-se que a.b ≥ 0, ou seja, a igualda-
de a + b = a + b é verdadeira se, e somente se, a e/ou b forem nu-
los ou, caso sejam ambos diferentes de zero, tenham o mesmo sinal,
conforme se pôde ver nos exemplos acima.
11 FUNÇÃO MODULAR

Chama-se função modular a função de R em R definida por:


f (x ) = x .
Em notação matemática:
f :R → R
.
x  f (x ) = x
Lembrando que o módulo de um número real x é definido por:
­ x , se x ≥ 0
x =® ,
¯− x , se x < 0
tem-se:
f :R → R
­ x , se x ≥ 0 ,
x  f (x ) = ®
¯− x , se x < 0
ou seja, a função é definida por duas sentenças, nesse caso, por duas
funções do 1o grau: y = f (x ) = x , se x ≥ 0 , e y = f (x ) = − x , se
x < 0 . Dessa forma, seu gráfico é composto por duas semi-retas,
conforme mostra a Figura 1.

FIGURA 1

Conforme se definiu, o domínio da função é R , mas, como se vê no


gráfico, sua imagem é R + , ou seja, Im(f ) = R + .
124
Exemplos:

1) Esboçar, no R 2 , o gráfico da função f (x ) = x − 2 .


Usando a definição de módulo, tem-se:
­ x − 2 , se x − 2 ≥ 0
x−2 =® .
¯− (x − 2 ), se x − 2 < 0
Assim, a função f fica:
­ x − 2 , se x − 2 ≥ 0
f (x ) = ® ;
¯− (x − 2 ), se x − 2 < 0
é preciso saber, então, para que valores de x se tem f (x ) = x − 2 e
para que valores de x se tem f (x ) = −(x − 2 ) = − x + 2 . Isso significa
estudar o sinal da função y = x − 2 . Tem-se:
x – 2 = 0 Ÿ x = 2;
assim, o diagrama de sinais para esta função é como mostra a Figura
2.

FIGURA 2

FIGURA 3

Vê-se, assim, que a função y = x − 2 se anula para x = 2 , é positiva


125
para os valores de x que são maiores do que 2 e é negativa para os
valores de x que são menores do que 2. Logo, a função dada fica de-
finida da seguinte maneira:
­ x − 2 , se x ≥ 2
f (x ) = ® .
¯− x + 2 , se x < 2
Portanto, seu gráfico se compõe de duas semi-retas: y = x − 2 , para
os valores de x que são maiores ou iguais a 2, e y = − x + 2 , para os
valores de x que são menores do que 2. Assim, obtém-se o gráfico
apresentado na Figura 3.
Tem-se: D(f ) = R e Im(f ) = R + .

2) Estudar a função dada por:


f :R → R
.
x  y = x − 2 −1
Analogamente ao exemplo anterior, tem-se:
­ x − 2 , se x − 2 ≥ 0
x−2 =® ,
¯− (x − 2 ), se x − 2 < 0
ou seja,
­ x − 2 , se x ≥ 2
x−2 =® .
¯− x + 2 , se x < 2
Então, a função f fica definida pelas seguintes sentenças:
­ (x − 2 ) − 1 , se x ≥ 2
f (x ) = ® ,
¯(− x + 2 ) − 1, se x < 2
isto é,
­ x − 3 , se x ≥ 2
f (x ) = ® .
¯− x + 1, se x < 2
Assim, para construir o gráfico de f , devem ser construídos os grá-
ficos das funções y = x − 3 , para os valores de x que são maiores ou
iguais a 2, e y = − x + 1 , para os valores de x que são menores do
que 2. Obtém-se, assim o gráfico apresentado na Figura 4.
Nesse caso, vê-se que Im(f ) = {y∈R / y ≥ −1} = [− 1, ∞ ) .

3) Estude a função definida por:


126
f :R → R
.
x  y = 2⋅ x2 − 5⋅ x − 3

FIGURA 4

Usando a definição de módulo, mas ressaltando-se que, sob o sím-


bolo de módulo, tem-se a expressão 2 ⋅ x 2 − 5 ⋅ x − 3 , tem-se:
­° 2 ⋅ x 2 − 5 ⋅ x − 3 , se 2 ⋅ x 2 − 5 ⋅ x − 3 ≥ 0
f (x ) = 2 ⋅ x 2 − 5 ⋅ x − 3 = ®
( )
°̄− 2 ⋅ x 2 − 5 ⋅ x − 3 , se 2 ⋅ x 2 − 5 ⋅ x − 3 < 0
É preciso saber, então, para que valores de x se tem
f (x ) = 2 ⋅ x 2 − 5 ⋅ x − 3 e para que valores de x se tem
( 2
) 2
f (x ) = − 2 ⋅ x − 5 ⋅ x − 3 = −2 ⋅ x + 5 ⋅ x + 3 . Isso significa estudar o
sinal da função y = 2 ⋅ x 2 − 5 ⋅ x − 3 . Tem-se:
1
2 ⋅ x 2 − 5 ⋅ x − 3 = 0 Ÿ x = − ou x = 3 ;
2
assim, o diagrama de sinais para esta função é o da Figura 5.

FIGURA 5
127
2
Vê-se, então, que a função y = 2 ⋅ x − 5 ⋅ x − 3 é maior ou igual a
1 1
zero para x ≤ − ou x ≥ 3 , e que é negativa para − < x < 3 . Por-
2 2
tanto, a função f fica definida pelas seguintes sentenças:
­ 2 1
°° 2 ⋅ x − 5 ⋅ x − 3 , se x ≤ − 2 ou x ≥ 3
f (x ) = ® .
°− 2 ⋅ x 2 + 5 ⋅ x + 3 , se − 1 < x < 3
¯° 2

FIGURA 6

Portanto, seu gráfico se compõe de dois arcos da parábola


y = 2 ⋅ x 2 − 5 ⋅ x − 3 , para os valores de x que são menores ou iguais
1
a − e maiores ou iguais a 3 (parábola com a concavidade voltada
2
para cima), e um arco da parábola y = −2 ⋅ x 2 + 5 ⋅ x + 3 , para os va-
1
lores de x que estão entre − e 3 (parábola com a concavidade vol-
2
tada para baixo). A Figura 6 mostra os gráficos das funções
128
f (x ) = 2 ⋅ x 2 − 5 ⋅ x − 3 e g(x ) = 2 ⋅ x 2 − 5 ⋅ x − 3 , que é a função
quadrática sem o módulo. Observe-se que o efeito do módulo sobre
a função g(x ) = 2 ⋅ x 2 − 5 ⋅ x − 3 é tornar positivos os valores desta
função que seriam negativos, ou seja, tornar positivos os valores de
1
y correspondentes aos valores de x que estão entre − e 3. Os valo-
2
res de y que correspondem aos valores de x menores ou iguais a
1
− e maiores ou iguais a 3 são os mesmos para as funções f e g .
2

4) Dada a função y = f ( x ) = x , determinar, a partir dela, a função


f1 ( x ) = f ( x ) + 1 e estudá-la quanto ao domínio, imagem, paridade,
sinal, gráfico e inversa.

(1) y = f ( x ) = x
Domínio: pela discussão anterior, tem-se: D(f ) = R .
Paridade: nesse caso, tem-se: f (− x ) = (− x ) = x = f ( x ) , isto é, f é
uma função par e, portanto, seu gráfico é simétrico em relação ao
eixo Oy.
Sinal: por definição, f (x ) ≥ 0 , ∀ x ∈ D(f).
Gráfico: pela definição de f , é fácil ver que seu gráfico compõe-se
de duas semi-retas: y = x , para x ≥ 0 e y = − x , para x < 0 , como
mostra a Figura 7.

FIGURA 7
129
Observe que, se x = 0 , então y = 0 , ou seja, (0,0 ) é o ponto de in-
terseção do gráfico de f com os eixos Ox e Oy.
Imagem: a partir do gráfico, pode-se verificar que:
Im(f ) = {y ∈ R / y ≥ 0}.
Inversa: verifica-se, pelo gráfico, que f não é injetora em seu domí-
nio, já que um mesmo y da imagem de f é imagem de dois valores
distintos de x. Logo, f não é bijetora em seu domínio e, portanto,
não admite inversa. Para que seja possível inverter a função, é preci-
so tomar CD(f) = Im(f), para que ela se torne sobrejetora; além dis-
so, é preciso fazer restrições em seu domínio, dividindo-o em dois
subconjuntos: R + e R − . Isso equivale a considerar duas outras fun-
ções:
y = g(x ) = x = x , se x ≥ 0 e y = h (x ) = x = − x , se x ≤ 0 .
Os gráficos dessas funções são, respectivamente, os ramos direito e
esquerdo do gráfico de f . Assim, em seus domínios, cada uma delas
é bijetora e pode ser invertida.
Inversas de g e h :
• g −1 (x ) = x , com:
( ) ( )
D g −1 = Im(g ) = {x ∈ R / x ≥ 0} e Im g −1 = D(g ) = {y ∈ R / y ≥ 0}
−1
• h (x ) = −x , com:
D(h −1 ) = Im(h ) = {x ∈ R / x ≥ 0} e Im(h −1 ) = D(h ) = {y ∈ R / y ≤ 0}
Observe que, além de se ter g(x ) = g −1 (x ) = x , seus domínios são
iguais e, portanto, essas funções são iguais, como se pode ver no
gráfico da Figura 8.

FIGURA 8
130
Já no caso de h e h −1 , apesar de se ter h (x ) = h −1 (x ) = − x , seus
domínios não são iguais, o que acarreta que essas funções não são
iguais, como se pode ver na Figura 9.

FIGURA 9

(2) y = f1 ( x ) = 1 + f (x ) = 1 + x
Domínio: D(f1 ) = D(f ) = R .
Paridade: nesse caso, tem-se: f1 (− x ) = 1 + (− x ) = 1 + x = f1 ( x ) , isto
é, f1 é uma função par, sendo, assim, seu gráfico simétrico em rela-
ção ao eixo Oy.
Sinal: pela definição de f1 , vê-se claramente que f1 (x ) ≥ 0 ,
∀ x ∈ D(f1 ) .
Gráfico: pela definição de f1 , tem-se:
­1 + x , se x ≥ 0
y = f1 ( x ) = 1 + x = ®
¯1 − x , se x < 0
Logo, o gráfico de f1 é composto de duas semi-retas: y = 1 + x , para
x ≥ 0, e y = 1 − x , para x < 0. Representam-se, na Figura 10, os grá-
ficos de f e de f1 .
131

FIGURA 10

Observe que, se x = 0, então y = 1, ou seja, (0,1) é o ponto de inter-


seção do gráfico de f com o eixo Oy. Vê-se que o gráfico de f1 é o
gráfico de f transladado de uma unidade na direção positiva do eixo
Oy.
Imagem: a partir do gráfico, pode-se verificar que:
Im(f1 ) = {y ∈ R / y ≥ 1} .
Inversa: a exemplo da função anterior, f1 não é injetora em seu do-
mínio, já que um mesmo y da imagem de f1 é imagem de dois valo-
res distintos de x. Logo, f1 não é bijetora em seu domínio e, portan-
to, não admite inversa. Para que seja possível inverter a função, di-
vide-se o domínio em dois subconjuntos: R + e R − , ou seja, conside-
ram-se duas outras funções: y = g1 (x ) = 1 + x , se x ≥ 0 e
y = h 1 (x ) = 1 − x , se x < 0.
Os gráficos dessas funções são, respectivamente, os ramos direito e
esquerdo do gráfico de f1 . Assim, em seus domínios, cada uma de-
las é bijetora e pode ser invertida. Suas inversas são:
• y = 1 + x Ÿ x = y - 1 Ÿ y = x - 1; assim: g1−1 (x ) = x − 1 , sendo:
( )
D g1−1 = Im(g1 ) = {x ∈ R / x ≥ 1} e
132
( )
Im g1−1 = D(g1 ) = {y ∈ R / y ≥ 0} ;
• y = 1 - x Ÿ x = 1 - y Ÿ y = 1 - x; assim: h 1−1 (x ) = 1 − x , sendo:
( )
D h 1−1 = Im(h 1 ) = {x ∈ R / x ≥ 1} e
Im(h ) = D(h ) = {y ∈ R / y < 0}.
−1
1 1

FIGURA 11

FIGURA 12
133
As funções g1 e g1−1 têm leis de definição diferentes, sendo, assim,
diferentes. Já h 1 e h 1−1 têm a mesma lei de definição, mas seus do-
mínios são diferentes e, portanto, elas são diferentes. As Figuras 11
e 12 mostram, respectivamente, os gráficos de g1 e g1−1 e de h 1 e
h 1−1 .

Exercício proposto: dada a função y = f ( x ) = x , determinar, a par-


tir dela, as funções f 2 ( x ) = f (− x ) , f 3 ( x ) = −f ( x ) e
f 4 ( x ) = f ( x + 1) . Estudar cada uma delas quanto ao domínio, ima-
gem, paridade, sinal, gráfico e inversa.
12 EQUAÇÃO MODULAR

É uma equação onde há módulo da variável ou módulo de uma ex-


pressão envolvendo a variável. Para resolvê-la utiliza-se, basicamen-
te, a definição de módulo.

Exemplos: resolver, em R, as equações:

1) 3 ⋅ x + 1 = 5 ⋅ x − 7
A equação dada é resolvida usando-se a definição de módulo, isto é:
­ 3 ⋅ x + 1 , se 3 ⋅ x + 1 ≥ 0
3⋅ x +1 = ® .
¯− (3 ⋅ x + 1) , se 3 ⋅ x + 1 < 0
Como se vê, há duas inequações do 1o grau a serem resolvidas.
Tem-se:
1
3⋅ x +1 = 0Ÿ x = − ;
3
o estudo de sinal da função linear y = 3 ⋅ x + 1 é apresentado na Fi-
gura 1.

FIGURA 1

Logo, tem-se:
1
• se x ≥ − Ÿ 3 ⋅ x + 1 = 3 ⋅ x + 1 ;
3
1
• se x < − Ÿ 3 ⋅ x + 1 = −(3 ⋅ x + 1) .
3
Resolvem-se, então separadamente, duas equações lineares:
1
• para x ≥ − , vem:
3
3⋅ x +1 = 5⋅ x − 7Ÿ x = 4 .
1
Como 4 > − , esse valor de x é uma solução da equação.
3
1
• para x < − , vem:
3
3
− (3 ⋅ x + 1) = 5 ⋅ x − 7 Ÿ x = .
4
136
3 1
Como > − , esse valor de x não serve.
4 3
Portanto, a equação dada tem apenas a solução x = 4, ou seja,
S = {4} .

2) x + 1 = 2 ⋅ x + 3
Há, na equação proposta, dois módulos a se considerar:
­ x + 1 , se x + 1 ≥ 0 ­ x + 1 , se x ≥ −1
x +1 = ® , ou: x + 1 = ®
¯− (x + 1) , se x + 1 < 0 ¯− (x + 1) , se x < −1
e
­ 2 ⋅ x + 3 , se 2 ⋅ x + 3 ≥ 0
2⋅x +3 = ® , ou:
¯− (2 ⋅ x + 3) , se 2 ⋅ x + 3 < 0
­ 3
°° 2 ⋅ x + 3 , se x ≥ − 2
2⋅x +3 = ® .
°− (2 ⋅ x + 3) , se x < − 3
°¯ 2
Na Figura 2 tem-se a representação gráfica dessa situação.

FIGURA 2

Logo, tem-se:
3 ­° x + 1 = − x − 1
• se x < − Ÿ ® Ÿ − x − 1 = −2 ⋅ x − 3 Ÿ x = −2 ,
2 °̄ 2 ⋅ x + 3 = −2 ⋅ x − 3
3
que é um valor de x menor que − e, portanto, é solução da equa-
2
ção dada;
• se
3 ­° x + 1 = − x − 1 4
− ≤ x < −1Ÿ ® Ÿ −x − 1 = 2 ⋅ x + 3Ÿ x = − ,
2 °̄ 2 ⋅ x + 3 = 2 ⋅ x + 3 3
3
que é um valor de x entre − e -1 e, portanto, é solução da equação
2
137
dada;
­° x + 1 = x + 1
• se x ≥ −1Ÿ ® Ÿ x + 1 = 2 ⋅ x + 3 Ÿ x = −2 ,
°̄ 2 ⋅ x + 3 = 2 ⋅ x + 3
que é um valor de x menor que -1 e, portanto, não serve para essa si-
tuação (mas é solução da equação dada, como se viu acima).
­ 4½
Portanto, o conjunto-solução da equação é: S = ®− 2, − ¾ .
¯ 3¿

Observação: a resolução anterior pode ser feita de forma equivalente


e mais simplificada, como segue:
­ 2⋅x + 3
x +1 = ® Ÿ x + 1 = 2 ⋅ x + 3 ou x + 1 = −2 ⋅ x − 3 .
¯− (2 ⋅ x + 3)
Observe-se que as duas equações aqui obtidas são exatamente as
mesmas obtidas na resolução anterior, já que as equações
x + 1 = 2 ⋅ x + 3 e − x − 1 = −2 ⋅ x − 3 são equivalentes. Assim, nova-
4
mente obtêm-se as soluções x = -2 e x = − .
3

2
3) x + x − 12 = 0 `

Tem-se, aqui, uma equação do 2o grau na variável x . Para facilitar


sua resolução, pode-se fazer t = x e vem:
2
x + x − 12 = 0 Ÿ t 2 + t − 12 = 0 Ÿ t = −4 ou t = 3 .
O valor t = –4 deve ser desprezado, já que não é possível que se te-
nha x = −4 . Para t = 3, vem:
x = 3 Ÿ x = −3 ou x = 3 .
Portanto, o conjunto-solução da equação é S = {− 3,3} .
13 INEQUAÇÃO MODULAR

É toda sentença matemática que exprime uma relação de desigual-


dade envolvendo termos nos quais a incógnita figura sob o símbolo
de módulo. Resolver uma inequação significa determinar os valores
da variável que a tornem uma sentença numérica verdadeira.

A resolução deste tipo de inequação baseia-se na definição de módu-


lo de um número real: se k é um número real positivo, tem-se:
• se x > k , então, pela definição de módulo, vem:
­ x , se x ≥ 0
x =® ;
¯− x , se x < 0
assim, a desigualdade modular anterior desmembra-se em duas ou-
tras:
x > k Ÿ x > k ou − x > k ,
isto é,
x > k ou x < −k ,
ou seja, os valores de x serão menores do que -k ou maiores do que
k. Aqui, não é possível que se tenha, ao mesmo tempo, x < − k e
x > k , isto é, ocorre uma situação ou outra. A representação gráfica
da desigualdade modular proposta é mostrada na Figura 1.

FIGURA 1

• se x < k , então, de modo análogo ao caso anterior, a desigualdade


modular anterior desmembra-se em duas:
x < k Ÿ x < k ou − x < k ,
ou seja,
x < k ou x > −k .
Nesse caso, pode-se escrever: − k < x < k , ou seja, os valores de x
que satisfazem a inequação devem ser maiores do que –k e menores
do que k. Aqui, deve-se ter, ao mesmo tempo, x > −k e x < k . A
representação gráfica da desigualdade modular proposta é apresen-
tada na Figura 2.
É claro que estas mesmas conclusões são válidas para desigualdades
do tipo ≥ ou ≤ e também para o caso de haver, sob o símbolo de mó-
dulo, uma expressão contendo a variável x.
140

FIGURA 2

Exemplos: resolver as inequações modulares:

1) 2 ⋅ x − 3 > 5
Usando o que se estabeleceu anteriormente, vem:
2 ⋅ x − 3 > 5 Ÿ 2 ⋅ x − 3 > 5 ou − (2 ⋅ x − 3) > 5 ,
isto é,
2 ⋅ x − 3 > 5 ou 2 ⋅ x − 3 < −5 ,
ou seja,
2 ⋅ x − 8 > 0 ou 2 ⋅ x + 2 < 0 .
Há, então, duas inequações do 1o grau para se resolver. Tem-se:
• 2⋅x −8>0 :
2 ⋅ x − 8 = 0Ÿ x = 4 ;
o estudo de sinal da função linear y = 2 ⋅ x − 8 está na Figura 3.

FIGURA 3

Portanto, os valores de x que satisfazem essa primeira inequação são


aqueles que são estritamente maiores do que 4. Resolve-se, agora, a
segunda inequação:
• 2⋅x + 2 < 0 :
2 ⋅ x + 2 = 0 Ÿ x = −1 ,
de onde se tem o estudo de sinal da função y = 2 ⋅ x + 2 que a Figura
4 mostra. Vê-se, assim, que os valores de x que satisfazem essa se-
gunda inequação são os que são menores do que -1.

FIGURA 4

Uma vez que, a partir da inequação proposta, obtiveram-se as desi-


gualdades 2 ⋅ x − 3 > 5 ou 2 ⋅ x − 3 < −5 , ou seja, ocorre uma ou ou-
141
tra, deve-se fazer a união das duas soluções encontradas. Uma ma-
neira pratica de fazer isso é usando os diagramas de sinais das Figu-
ras 3 e 4, nos quais se verifica quais são os valores de x que satisfaz
pelo menos uma das soluções das inequações que foram estudadas
separadamente. Têm-se, assim, os diagramas da Figura 5.

FIGURA 5

Portanto, o conjunto-solução da inequação proposta é:


S = {x ∈R / x < −1 ∨ x > 4} = (− ∞, − 1)  (4,+∞ ) .

2) 1 − 3 ⋅ x < 3
Nesse exemplo, tem-se:
1 − 3 ⋅ x < 3 Ÿ 1 − 3 ⋅ x < 3 ou − (1 − 3 ⋅ x ) < 3 ,
isto é,
1 − 3 ⋅ x < 3 ou 1 − 3 ⋅ x > −3 Ÿ − 3 < 1 − 3 ⋅ x < 3 .
Há, novamente, duas inequações do 1o grau para se resolver. Tem-
se:
• 1 − 3 ⋅ x > −3 Ÿ 4 − 3 ⋅ x > 0 :
4
4 − 3⋅ x = 0Ÿ x = .
3
A Figura 6 mostra o estudo de sinal da função linear y = 4 − 3 ⋅ x .
Portanto, os valores de x que satisfazem essa inequação são aqueles
4
que são estritamente menores do que .
3

FIGURA 6

Resolve-se, agora, a segunda inequação:


• 1 − 3 ⋅ x < 3Ÿ − 2 − 3 ⋅ x < 0 Ÿ + 2 + 3 ⋅ x > 0 :
142
2
3⋅ x + 2 = 0Ÿ x = − ,
3
de onde se tem o estudo de sinal da função y = 3 ⋅ x + 2 da Figura 7.

FIGURA 7

Vê-se, assim, que os valores de x que satisfazem essa segunda ine-


2
quação são os que são maiores do que − .
3
Uma vez que, a partir da inequação dada, obtiveram-se as desigual-
dades − 3 < 1 − 3 ⋅ x < 3 , que devem ser satisfeitas ao mesmo tempo,
ou seja, deve-se ter 1 − 3 ⋅ x , simultaneamente, maior do que -3 e
menor do que 3, a solução da inequação dada deverá conter os valo-
res de x que satisfaçam as duas inequações, isto é, deve-se fazer a
interseção das duas soluções, conforme mostra a Figura 8.

FIGURA 8

Portanto, o conjunto-solução da inequação proposta é:


­ 2 4½ § 2 4 ·
S = ®x ∈R / − < x < ¾ = ¨ − , ¸ .
¯ 3 3¿ © 3 3 ¹

x −1
3) ≤1
2⋅x + 3
De modo análogo ao exemplo anterior, tem-se:
x −1 x −1
≤ 1Ÿ − 1 ≤ ≤1,
2⋅x + 3 2⋅x + 3
x −1
isto é, deve-se ter , ao mesmo tempo, maior ou igual a –1 e
2⋅ x + 3
menor ou igual a 1. Resolvem-se, assim, duas inequações do 1o
143
grau:
x −1 x −1 x −1 + 2 ⋅ x + 3 3⋅ x + 2
(I) ≥ −1Ÿ +1 ≥ 0Ÿ ≥ 0Ÿ ≥0.
2⋅x + 3 2⋅x + 3 2⋅x + 3 2⋅x + 3
No caso desta inequação do 1o grau, é preciso determinar quais são
os valores de x que tornam a fração maior ou igual a zero. Assim, é
preciso estudar, separadamente, o numerador e o denominador.
No caso do numerador (N), tem-se:
2
3⋅ x + 2 = 0Ÿ x = − .
3
O estudo de sinal da função y = 3 ⋅ x + 2 é, então, o apresentado na
Figura 9.

FIGURA 9

No caso do denominador (D), tem-se:


3
2 ⋅ x + 3 = 0Ÿ x = − ,
2
e, assim, o estudo de sinal da função quadrática y = 2 ⋅ x + 3 como
mostra a Figura 10.

FIGURA 10

Faz-se, agora, o estudo do sinal de (N) dividido por (D), através dos
sinais mostrados nas Figuras 9 e 10 (Figura 11).

FIGURA 11

Como se procuram os valores de x que tornam a fração maior ou i-


144
§ 3·
gual a zero, consideram-se os que estão nos intervalos ¨ − ∞,− ¸ ou
© 2¹
ª 2 · 3
«− 3 ,+∞ ¸ . O valor − 2 não pode ser incluído, pois ele anula o de-
¬ ¹
2
nominador da fração; já o valor − deve ser incluído porque ele
3
torna nula a fração.
x −1 x −1 x −1 − 2 ⋅ x − 3 −x−4
(II) ≤ 1Ÿ −1 ≤ 0Ÿ ≤ 0Ÿ ≤0.
2⋅x + 3 2⋅ x + 3 2⋅x + 3 2⋅ x + 3
Devem-se determinar, aqui, os valores de x que tornam a fração me-
nor ou igual a zero. Assim, estudam-se, separadamente, o numerador
e o denominador.
No caso do numerador (N), tem-se:
− x − 4 = 0 Ÿ x = −4 .
A Figura 12 apresenta o estudo de sinal da função y = − x − 4 .

FIGURA 12

O estudo do denominador (D) já foi feito anteriormente, em (I).


Faz-se, agora, o estudo do sinal de (N) dividido por (D), através dos
sinais mostrados nas Figuras 10 e 12 (Figura 13).

FIGURA 13

Como se procuram os valores de x que tornam a fração menor ou


igual a zero, consideram-se os que são menores ou iguais a –4 e
3
maiores do que − .
2
Deve-se fazer, agora, a interseção das soluções obtidas em (I) e (II).
Tem-se, assim, a Figura 14.
145

FIGURA 14

Logo, o conjunto-solução da inequação modular proposta é:


­ 2½ ª 2 ·
S = ® x ∈R / x ≤ −4 ∨ x ≥ − ¾ = (− ∞, − 4]  « − ,+∞ ¸ .
¯ 3 ¿ ¬ 3 ¹
14 FUNÇÃO EXPONENCIAL

Dado um número real a tal que a > 0 e a ≠ 1 , chama-se função ex-


ponencial de base a a função real que a cada número real x associa o
número real positivo a x .
Em notação matemática:
f : R → R ∗+
.
x  y = ax
Das condições impostas para a base a segue-se que 0 < a < 1 ou
a > 1 , conforme mostra o diagrama da Figura 1.

FIGURA 1

A representação gráfica da função exponencial pode ser analisada


por meio de exemplos.

Exemplos:

1) Considere-se a função exponencial de base a = 2, isto é, tem-se


a > 1 : y = f (x ) = 2 x . Tomando-se alguns valores para a variável x,
constrói-se a tabela:

x -3 -2 -1 0 1 2 3 ...
y 1 −2 1 −1 1 2 = 1 0 1 2 3
2 −3 = 2 = 2 = 2 =2 2 =4 2 =8
8 4 2 ...

Localizando-se os pontos em um sistema de coordenadas cartesianas


ortogonais, obtém-se o gráfico mostrado na Figura 2.
Os valores para a variável x foram escolhidos arbitrariamente. To-
maram-se valores inteiros apenas por facilidade de cálculos. Obser-
ve que, quanto menor for o valor de x, mais os pontos do gráfico da
função se aproximam do eixo Ox, sem, entretanto, interceptá-lo, já
que 2 x > 0 , ∀ x . Dessa forma, o eixo Ox é uma assíntota da curva.
148

FIGURA 2

1
2) Considere-se, agora, a função exponencial de base a = , ou se-
2
x
§1·
ja, tem-se 0 < a < 1 : y = f (x ) = ¨ ¸ . Tomando-se para a variável x
©2¹
os mesmos valores do exemplo anterior, tem-se a tabela:

x -2 -1 0 1 2 ...
−2 −1 0 1 2
y §¨ 1 ·¸ §1· §1· §1· §1·
1 1
=4 ¨ ¸ =2 ¨ ¸ =1 ¨ ¸ = ¨ ¸ = ...
©2¹ ©2¹ ©2¹ ©2¹ 2 ©2¹ 4

Localizando-se os pontos em um sistema de coordenadas cartesianas


ortogonais, obtém-se o gráfico mostrado na Figura 3.
Neste caso, quanto maior for o valor de x, mais os pontos do gráfico
da função se aproximam da reta y = 0, sem interceptá-la, ou seja, es-
sa reta é uma assíntota da curva.
Observando-se os dois gráficos, vê-se que, em ambos os casos, o
conjunto imagem da função f é Im(f ) = R ∗+ e que os gráficos inter-
ceptam o eixo Oy no ponto (0, 1) . Entretanto, no exemplo 1, vê-se
que a função é crescente; já a função do exemplo 2 é decrescente. O
149
crescimento ou decrescimento da função exponencial está associado
à base.

FIGURA 3

Têm-se, assim, as seguintes propriedades para a função exponencial


f (x ) = a x :
(1) D(f ) = R e Im(f ) = R ∗+ ;
(2) o ponto (0, 1) pertence ao gráfico de f;
(3) se a > 1 , a função é crescente; se 0 < a < 1 , a função é decrescen-
te;
(4) a função é injetora, isto é, x 1 ≠ x 2 Ÿ a x1 ≠ a x 2 , ou, equivalen-
temente, a x1 = a x 2 Ÿ x 1 = x 2 ;
(5) a função, tal como foi definida, é sobrejetora, isto é:
∀ y ∈ R ∗+ , ∃ x ∈ R / y = a x .

Exemplos: funções exponenciais crescentes e decrescentes:

1) f (x ) = (3,1)x
Função crescente, pois a base é 3,1 > 1.
150
x
§ 3·
2) f (x ) = ¨¨ ¸
¸
© 3 ¹
3
Função decrescente, pois: < 1.
3
−x
§3·
3) f (x ) = ¨ ¸
©8¹
−x x
§3· §8· 8
Função crescente, pois: ¨ ¸ = ¨ ¸ e > 1.
©8¹ © 3¹ 3

Resultados importantes:

(1) Sejam a > 1 ∈ R e b ∈ R . Então, a b > 1 ⇔ b > 0 .


(2) Sejam a ∈ R (0 < a < 1) e b ∈ R . Então, a b > 1 ⇔ b < 0 .
(3) Sejam a > 1 ∈ R e x1 , x 2 ∈ R . Então, a x1 > a x 2 ⇔ x1 > x 2 .
(4) Sejam a ∈ R (0 < a < 1) e x1 , x 2 ∈ R . Então:
a x1 > a x 2 ⇔ x1 < x 2 .

Exemplos: fazer a representação gráfica das funções seguintes:

1) y = 2 x − 1
Constrói-se uma tabela, tal como:

x -2 -1 0 1 2 ...
y 3 1 0 1 3 ...
− −
4 2

e obtém-se o gráfico apresentado na Figura 4. Note-se que, sendo


2 x > 0 , ∀ x , segue-se que 2 x − 1 > −1, ∀ x , ou seja, o gráfico sofreu
uma translação vertical de uma unidade, no sentido negativo, em re-
lação ao gráfico da função y = 2 x , feito anteriormente. Assim, o
gráfico intercepta o eixo Oy no ponto (0, 0 ) e a assíntota da curva
passa a ser a reta y = −1 .
151

FIGURA 4

FIGURA 5
152
2) y = 2 x −1
Construindo-se a tabela:

x -2 -1 0 1 2 3...
y 1 1 1 0 1
2 =1 2 = 2 2 = 4 ...
2
2 −3 = 2 −2 = 2 −1 =
8 4 2

tem-se o gráfico da Figura 5.


§ 1·
Neste caso, o gráfico intercepta o eixo Oy no ponto ¨ 0, ¸ a assín-
© 2¹
tota da curva é a reta y = 0 .
15 EQUAÇÃO EXPONENCIAL

É uma equação cuja incógnita figura no expoente. Existem dois mé-


todos fundamentais para a resolução desse tipo de equação.

1) Método da redução a uma base comum. Esse método é emprega-


do quando ambos os membros da equação, com as transformações
convenientes baseadas nas propriedades de potências, podem ser re-
duzidos a potências de mesma base a (a > 0 e a ≠ 1) . Sendo a fun-
ção exponencial f (x ) = a x injetora, pode-se concluir que potências
iguais de mesma base têm os expoentes iguais, isto é:
a b = a c ⇔ b = c (a > 0 e a ≠ 1) .

Exemplos:

1) Dada a equação 2 x = 32 , tem-se:


2 x = 32 Ÿ 2 x = 2 5 Ÿ x = 5 .
Logo, o conjunto solução é S = {5} .

1
2) Seja 3 x ( ) x −6

243
. Então:
=

1 1
(3 )x x −6
=
243
2 2
Ÿ 3 x −6⋅x = 5 Ÿ 3 x −6⋅x = 3 −5 Ÿ x 2 − 6 ⋅ x = −5 Ÿ
3
Ÿ x2 − 6⋅ x + 5 = 0
Assim, os valores de x que satisfazem a equação dada são x = 1 e x
= 5, ou seja, S = {1, 5}.

3) Considere a equação 5 x −2 ⋅ x 25 2⋅x −5 − 2⋅x 53⋅x −2 = 0 , sendo


[ ∈ Ν ∗ . Utilizando-se as propriedades de potências, vem:
x −2 2⋅x −5 3⋅x − 2 x −2 4⋅x −10 3⋅x − 2
5 2 ⋅ 25 x −5 2⋅x =0Ÿ5 2 ⋅5 x =5 2⋅x Ÿ
x −2 4⋅x −10 3⋅x − 2
+
Ÿ5 2 x =5 2⋅x

x − 2 4 ⋅ x − 10 3 ⋅ x − 2 x 2 + 6 ⋅ x − 20 3 ⋅ x − 2
∴ + = Ÿ = .
2 x 2⋅x 2⋅x 2⋅x
154
Assim, vem:
x 2 + 3 ⋅ x − 18 = 0 Ÿ x = 3 ou x = −6 .
Uma vez que x ∈ Ν ∗ , o conjunto solução é S = {3}.

4) Dada a equação 2 5⋅x +8 + 2 5⋅x + 2 − 2 5⋅x +5 = 912 , pode-se escrever:


2 5⋅x ⋅ 28 + 25⋅x ⋅ 2 2 − 2 5⋅x ⋅ 2 5 = 912 ,
de onde vem que:
912
2 5⋅x ⋅ (256 + 4 − 32) = 912 Ÿ 2 5⋅x = Ÿ 2 5⋅x = 4 Ÿ 2 5⋅x = 2 2
228
2
∴5 ⋅ x = 2 Ÿ x = .
5
­2½
Assim, S = ® ¾ .
¯5¿

5) A equação 4 x +1 − 9 ⋅ 2 x + 2 = 0 , com as operações convenientes,


pode ser vista como uma equação do 2o grau na variável 2 x , pois:
( ) ⋅4 −9⋅2
4 x +1 − 9 ⋅ 2 x + 2 = 0 Ÿ 2 2⋅x + 2 − 9 ⋅ 2 x + 2 = 0 Ÿ 2 x
2 x
+2=0
Fazendo t = 2 x , tem-se:
4 ⋅ t2 − 9 ⋅ t + 2 = 0 ,
1
cujas soluções são t = 2 e t = .
4
Então:
t = 2 Ÿ 2x = 2 Ÿ x = 1 ;
1 1
t = Ÿ 2 x = Ÿ 2 x = 2 −2 Ÿ x = −2 .
4 4
Portanto, S = {− 2, 1}.

2) Método baseado na definição de logaritmo. Quando as equações


exponenciais não podem ser reduzidas a uma igualdade de potências
de mesma base, utilizam-se os logaritmos e suas propriedades. Tal
método será utilizado juntamente com as equações logarítmicas.
16 INEQUAÇÃO EXPONENCIAL

É toda sentença matemática que exprime uma relação de desigual-


dade envolvendo termos nos quais a incógnita figura no expoente.
Resolver uma inequação significa determinar os valores da variável
que a tornem uma sentença numérica verdadeira.
Muitas das inequações exponenciais podem, através de proprieda-
des, ser transformadas em outras equivalentes que possuam, nos dois
membros, potências de mesma base a, sendo 0 < a ≠ 1 . Lembrando
que a função exponencial f (x ) = a x é crescente, quando a > 1 , e de-
crescente, quando 0 < a < 1 , tem-se, para quaisquer números reais b
e c, que:
• se a > 1 e a b > a c então b > c ;
• se 0 < a < 1 e a b > a c , então b < c .
Estudar-se-ão apenas as inequações em que é possível proceder da
forma citada. Para inequações nas quais tal procedimento não é pos-
sível, usam-se outros métodos.

Exemplos: resolver as inequações exponenciais:

1) 2 x > 64
Conforme se disse, escrevem-se ambos os membros da inequação
como potências de mesma base. Tem-se, assim:
2 x > 64 Ÿ 2 x > 2 6 Ÿ x > 6 ,
pois a base é 2 > 1 .
Logo, o conjunto solução é S = {x ∈R / x > 6} ou S = (6, + ∞ ) .

3⋅x +1 x −1
§5· §5· 5
2) ¨ ¸ <¨ ¸ <
©3¹ ©3¹ 3
Há, aqui, duas desigualdades simultâneas, ou seja, duas inequações
que devem ser resolvidas separadamente. O conjunto-solução das
inequações propostas deve satisfazer ambas ao mesmo tempo. Tem-
se, assim:
3⋅x +1 x −1
§5· §5·
(I) ¨ ¸ < ¨ ¸ Ÿ 3 ⋅ x + 1 < x − 1Ÿ 2 ⋅ x + 2 < 0 .
©3¹ ©3¹
Obteve-se uma inequação do 1o grau, cuja solução é:
2 ⋅ x + 2 = 0 Ÿ x = −1 ;
156
o estudo de sinal da função do 1o grau y = 2 ⋅ x + 2 é como mostra a
Figura 1.

FIGURA 1

Portanto, os valores de x que satisfazem essa primeira inequação são


aqueles que são estritamente menores do que –1. Resolve-se, agora,
a segunda inequação:
x −1
§5· 5
(II) ¨ ¸ < Ÿ x − 1 < 1Ÿ x − 2 < 0 ;
© ¹
3 3
a resolução dessa inequação é:
x − 2 = 0Ÿ x = 2 ,
de onde se tem o estudo de sinal da Figura 2.

FIGURA 2

Vê-se, assim, que os valores de x que satisfazem essa segunda ine-


quação são os que são menores do que 2.

FIGURA 3

Deve-se, agora, fazer a interseção das duas soluções encontradas.


Uma maneira pratica de fazer isso é usando os diagramas de sinais
das Figuras 1 e 2, nos quais se verifica quais são os valores de x co-
muns a ambas as soluções das inequações que foram estudadas sepa-
radamente.Têm-se, assim, as conclusões mostradas na Figura 3.
Portanto, o conjunto-solução das desigualdades propostas é:
S = {x ∈R / x < −1} = (− ∞, − 1)

x 2 +1
3) ( 0,7 ) ≥ (
3 0,7 )
2⋅x +1
157
Tem-se:
x 2 +1 x 2 +1 2⋅x +1 x2 +1 2⋅ x +1
( 0,7 ) ≥ (
3 0,7 )
2⋅x +1
Ÿ (0,7 ) 2 ≥ (0,7 ) 3 Ÿ
2

3
Ÿ

Ÿ3⋅ x2 + 3 ≤ 4 ⋅ x + 2Ÿ3⋅ x2 − 4 ⋅ x +1≤ 0


Tem-se, neste caso, uma inequação do 2o grau; para resolvê-la, de-
terminamos, primeiramente, as raízes reais da equação:
1
3 ⋅ x 2 − 4 ⋅ x + 1 = 0 Ÿ x = ou x = 1 .
3
A Figura 4 apresenta o estudo de sinal da função quadrática
y = 3 ⋅ x2 − 4 ⋅ x + 1.

FIGURA 4

e, portanto, os valores de x que tornam essa inequação do segundo


ª1 º
grau verdadeira estão no intervalo fechado « ,1» , isto é, o conjunto
¬3 ¼
solução é:
­ 1 ½ ª1 º
S = ®x ∈R / ≤ x ≤ 1¾ = « ,1» .
¯ 3 ¿ ¬3 ¼

x −1 x +1
7
4) < 343
x +1 x −1
7
Observe-se, primeiramente, que, para que x − 1 e x + 1 sejam índi-
ces de uma raiz, devem ser números naturais positivos. Assim, é
preciso que x seja um número inteiro maior do que 1. Feita essa res-
trição, resolve-se, agora a inequação, utilizando-se as propriedades
de potência:
x +1
x −1 x +1 1 x +1 x −1 3
7 7 x −1 −

x +1
< 343 Ÿ x −1
( )
< 73 2 Ÿ 7 x −1 x +1 <72
7 x −1
7 x +1
x +1 x −1 3
∴ − < .
x −1 x +1 2
A resolução da inequação obtida se faz da seguinte forma:
158
x +1 x −1 3 x +1 x −1 3
− < Ÿ − − < 0Ÿ
x −1 x +1 2 x −1 x +1 2
2 ⋅ (x + 1) ⋅ (x + 1) − 2 ⋅ (x − 1) ⋅ (x − 1) − 3 ⋅ (x − 1) ⋅ (x + 1)
Ÿ <0Ÿ
2 ⋅ (x − 1) ⋅ (x + 1)
− 3⋅ x2 + 8⋅ x + 3
Ÿ <0
( )
2 ⋅ x 2 −1
No caso desta inequação do 2o grau, é preciso determinar quais são
os valores de x que tornam a fração negativa. Assim, é preciso estu-
dar, separadamente, o numerador e o denominador.
No caso do numerador (N), tem-se:
1
− 3 ⋅ x 2 + 8 ⋅ x + 3 = 0 Ÿ x = − ou x = 3 .
3
O estudo de sinal da função quadrática y = −3 ⋅ x 2 + 8 ⋅ x + 3 é mos-
trado na Figura 5.

FIGURA 5

No caso do denominador (D), tem-se:


( )
2 ⋅ x 2 − 1 = 0 Ÿ x = −1 ou x = 1 ,
e, assim, o estudo de sinal da função quadrática y = 2 ⋅ x 2 − 1 é o ( )
da Figura 6.

FIGURA 6

Faz-se, agora, o estudo do sinal de (N) dividido por (D), através dos
sinais mostrados nas Figuras 5 e 6 (Figura 7).

FIGURA 7
159
Vê-se, assim, que os valores de x que tornam a fração negativa estão
§ 1 ·
em um dos três intervalos: (− ∞,− 1) ou ¨ − ,1¸ ou (3,+ ∞ ) . Lem-
© 3 ¹
brando que x deve ser um número inteiro maior do que 1, conclui-se
que o conjunto-solução é:
S = {x ∈ Ζ / x > 3} .

5) 4 x − 6 ⋅ 2 x + 8 < 0
Tem-se, aqui, uma inequação do 2o grau na “variável” t = 2 x , já que
a inequação dada pode ser escrita na forma:
(2 )
x 2
− 6 ⋅ 2x + 8 < 0 .
Assim, usando a variável auxiliar t, vem:
(2 )
x 2
− 6 ⋅ 2x + 8 < 0Ÿ t 2 − 6 ⋅ t + 8 < 0 .
Resolve-se, então, a equação do 2o grau, para se fazer o estudo de
sinais da função quadrática y = t 2 − 6 ⋅ t + 8 :
t 2 − 6 ⋅ t + 8 = 0 Ÿ t = 2 ou t = 4 .
Na Figura 8 vê-se o estudo de sinal da função.

FIGURA 8

Logo, os valores de t que satisfazem a inequação t 2 − 6 ⋅ t + 8 < 0


são aqueles que estão entre 2 e 4, isto é, 2 < t < 4. Voltando, agora, à
variável x, tem-se:
2 < t < 4 Ÿ 2 < 2 x < 4 Ÿ 2 < 2 x < 2 2 Ÿ1 < x < 2 .
Portanto, o conjunto-solução da inequação proposta é:
S = {x ∈R / 1 < x < 2} = (1, 2 ) .

6) e 2⋅ x − e x +1 − e x + e > 0 , onde e é o número irracional:


e = 2,71828183...
Reescrevendo a inequação, vem:
(e )
x 2
( )
− ex ⋅ e − ex + e > 0Ÿ ex
2
− (e + 1) ⋅ e x + e > 0 .
Novamente, tem-se uma inequação do 2o grau na variável t = e x :
160
(e )
x 2
− (e + 1) ⋅ e x + e > 0 Ÿ t 2 − (e + 1) ⋅ t + e > 0 .
Resolvendo-se a equação do 2o grau, vem:
t 2 − (e + 1) ⋅ t + e = 0 Ÿ ∆ = (e + 1)2 − 4 ⋅ 1 ⋅ e = (e − 1)2 ;
as raízes reais são, então:
t=
(e + 1) ± (e − 1) Ÿ t = 1 ou t = e .
2
O estudo de sinal da função y = t 2 − (e + 1) ⋅ t + e é mostrado na Fi-
gura 9.

FIGURA 9

Logo, os valores de t que satisfazem a inequação


t 2 − (e + 1) ⋅ t + e > 0 são: t < 1 ou t > e. Voltando, agora, à variável
x, tem-se;
t < 1 Ÿ e x < 1 Ÿ e x < e0 Ÿ x < 0 ;
t > e Ÿ ex > e Ÿ x > 1 .
Portanto, o conjunto-solução da inequação proposta é:
S = {x ∈R / x < 0 ∨ x > 1} = (− ∞, 0)  (1,+∞ ) .

7) x 5⋅ x − 2 > 1 , em R + .
É preciso investigar com mais cuidado as possíveis soluções dessa
inequação, já que a base não é uma constante positiva e diferente de
1. Deve-se verificar, inicialmente, se os valores x = 0 e x = 1 satisfa-
zem a inequação proposta.
• se x = 0, tem-se: 0-2 > 1, que é uma sentença não definida, ou seja,
x = 0 não é solução da inequação proposta;
• se x = 1, tem-se: 1-2 > 1, que é uma sentença falsa, ou seja, x = 1
não é solução da inequação proposta.
Tendo já analisados os valores x = 0 e x = 1, resta analisar os casos
em que a base x está entre 0 e 1 e é maior do que 1.
• se 0 < x < 1, tem-se:
x 5⋅ x − 2 > 1Ÿ x 5⋅ x − 2 > x 0 Ÿ 5 ⋅ x − 2 < 0 .
A resolução desta inequação do 1o grau fornece valores de x meno-
161
2
res do que . Assim, poderão ser considerados os valores de x que
5
2
satisfaçam as condições 0 < x < 1 e x < , conforme se vê na Figu-
5
ra 10.

FIGURA 10

• se x > 1, tem-se:
x 5⋅ x − 2 > 1Ÿ x 5⋅ x − 2 > x 0 Ÿ 5 ⋅ x − 2 > 0 .
A resolução desta inequação do 1o grau fornece valores de x maiores
2
do que . Assim, poderão ser considerados os valores de x que sa-
5
2
tisfaçam as condições x > 1 e x > (Figura 11).
5

FIGURA 11

Uma vez que os valores de x estão entre 0 e 1 ou são maiores do que


1, é preciso fazer a união das duas soluções parciais obtidas, obten-
do-se o que mostra a Figura 12.

FIGURA 12

Assim, a solução da inequação dada é:


­ 2 ½ § 2·
S = ®x ∈R / 0 < x < ∨ x > 1¾ = ¨ 0, ¸  (1,+∞ ) .
¯ 5 ¿ © 5¹
162
2
8) x 3⋅ x − 7⋅ x + 2 ≤ 1 , em R + .
De modo análogo ao exemplo anterior, faz-se:
• se x = 0 x = 0, tem-se: 0 2 ≤ 1 , que é uma sentença verdadeira, ou
seja, x = 0 é solução da inequação proposta;
• se x = 1 , tem-se: 1−2 ≤ 1 , que é uma sentença verdadeira, ou seja,
x = 1 é solução da inequação proposta.
Analisam-se, agora, os casos em que a base x está entre 0 e 1 e é
maior do que 1.
• se 0 < x < 1 , tem-se:
2 − 7⋅x + 2 2 − 7⋅ x + 2
x 3⋅ x ≤ 1Ÿ x 3⋅ x ≤ x0 Ÿ3 ⋅ x2 − 7 ⋅ x + 2 ≥ 0 .
Resolve-se a equação do 2o grau 3 ⋅ x 2 − 7 ⋅ x + 2 = 0 para obter os
valores que x que satisfazem a inequação 3 ⋅ x 2 − 7 ⋅ x + 2 ≥ 0 :
1
3 ⋅ x 2 − 7 ⋅ x + 2 = 0 Ÿ x = ou x = 2 .
3
O estudo de sinal da função y = 3 ⋅ x 2 − 7 ⋅ x + 2 , combinado com a
condição de que x deve estar entre 0 e 1, é mostrado na Figura 13.

FIGURA 13

• se x > 1 , tem-se:
2 2
x 3⋅ x − 7 ⋅ x + 2 ≤ 1Ÿ x 3⋅ x − 7⋅ x + 2 ≤ x 0 Ÿ 3 ⋅ x 2 − 7 ⋅ x + 2 ≤ 0 .
Resolve-se essa inequação do 2o grau de forma análoga à anterior e
usa-se a condição de que x é maior do que 1, obtendo-se as conclu-
sões da Figura 14.

FIGURA 14
163
Uma vez que os valores de x estão entre 0 e 1 ou são maiores do que
1, faz-se a união das duas soluções parciais mostradas nas Figura 13
e 14, lembrando que x = 0 e x = 1 também são soluções.
A Figura 15 apresenta essa conclusão.

FIGURA 15

Logo, o conjunto-solução da inequação dada é:


­ 1 ½ ª 1º
S = ®x ∈ R / 0 ≤ x ≤ ∨ 1 ≤ x ≤ 2¾ = «0, »  [1, 2] .
¯ 3 ¿ ¬ 3¼
17 LOGARITMO

Dados dois números reais positivos a e b, com a ≠ 1 , chama-se lo-


garitmo de b na base a o número real x tal que a x = b .
Notação: loga (b ) .
Assim, de acordo com a definição, o logaritmo de um número posi-
tivo em uma base positiva e diferente de 1 é o expoente ao qual se
deve elevar a base para que se obtenha o número. Então:
loga (b ) = x ⇔ a x = b .
Nomenclatura:
a: base do logaritmo ( a > 0 e a ≠ 1 );
b: logaritmando ( b > 0 );
x: logaritmo ( x ∈ R ).
O número b também é chamado de antilogaritmo de x na base a e
denotado por:
b = anti loga (x ) .

Exemplos: calcular os logaritmos:

1)log2 (64)
Fazendo log2 (64) = x , pela definição de logaritmo, vem:

log2 (64) = x Ÿ 2 x = 64 Ÿ 2 x = 2 6 Ÿ x = 6 ∴ log2 (64) = 6 .


§ 3·
2) log3 ¨¨ ¸
¸
© 3 ¹
Tem-se:
§ 3· 3 −1 1
log3 ¨¨ ¸¸ = x Ÿ 3 x = Ÿ 3 x = 3 2 Ÿ x = −
© 3 ¹ 3 2
§ 3·
∴log3 ¨¨ ¸=−1 .
¸
© 3 ¹ 2
3) log0, 2 (25)
Tem-se:
x x
x § 2· §1·
log0,2 (25) = x Ÿ (0,2) = 25 Ÿ ¨ ¸ = 25 Ÿ ¨ ¸ = 5 2 Ÿ
© 10 ¹ ©5¹
166
x −2
§1· §1·
Ÿ ¨ ¸ = ¨ ¸ Ÿ x = −2 .
©5¹ ©5¹
Portanto, log0, 2 (25) = −2 .
4) log3 0,5 ( 8 )
Tem-se:
x
§ 1
·
¨§ 1 · 3 ¸
1
log3 0,5 ( )
8 = xŸ (
3 0,5 )
x
= 8 Ÿ ¨ ¨ ¸ ¸ = 23
¨© 2 ¹ ¸
( ) 2 Ÿ
© ¹
x −3
§1·3 §1· 2 x 3 9
Ÿ¨ ¸ = ¨ ¸ Ÿ = − Ÿx = −
© 2¹ © 2¹ 3 2 2
9
Assim, log3 0,5 ( )
8 =− .
2

Conseqüências da definição: sendo a, b e c números reais positivos,


com a ≠ 1, decorrem da definição as seguintes propriedades:

(1) loga (1) = 0 , pois a0 =1


(2) loga (a ) = 1 , pois a1 = a
loga (b )
(3) a = b , pois, fazendo loga (b ) = x , da definição de loga-
loga (b )
ritmo vem que a x = b , ou seja, a = b.
(4) loga (b ) = loga (c ) ⇔ b = c
De fato, fazendo loga (b ) = x , tem-se:
­°log (b ) = x
a
® Ÿ loga (c ) = x .
°̄loga (b ) = loga (c )
Então:
a x = b e a x = c , ou seja, b = c.
Pode-se mostrar a equivalência proposta de outra forma, utilizando-
se a definição de logaritmo e a propriedade (3):
log (c )
loga (b ) = loga (c) Ÿ a a = b Ÿ c = b .
167
Sistema de logaritmos: chama-se sistema de logaritmos de base a
( a > 0 e a ≠ 1 ) o conjunto de todos os logaritmos dos números reais
positivos na base a.
Por exemplo, o conjunto formado por todos os logaritmos na base 2
dos números reais positivos é o sistema de logaritmos na base 2.
Entre os infinitos sistemas de logaritmos, há dois mais importantes,
que são os mais usados: o sistema de logaritmos de base 10, ou sis-
tema de logaritmos decimais, e o sistema de logaritmos de base e, ou
sistema de logaritmos neperianos.
Lembrete: e é o número irracional e = 2,718281828...

Sistema de logaritmos decimais: é conjunto dos logaritmos na base


10 de todos os números reais positivos.
Notação: log10 (x ) ou, simplesmente, log(x ) . É comum, ainda, es-
pecialmente em calculadoras, a notação LOG (x ) .

Sistema de logaritmos neperianos: a base de logaritmos adotada pe-


lo teólogo Neper (1550-1617) foi o número irracional e, que aparece
de maneira natural na resolução de muitos problemas cotidianos. Pe-
lo fato de Neper utilizar essa base, os logaritmos de todos os núme-
ros reais positivos na base e são chamados logaritmos neperianos.
Notação: loge (x ) ou, simplesmente, ln(x ) . É comum, ainda, espe-
cialmente em calculadoras, a notação LN(x ) .

Propriedades dos logaritmos de mesma base. Sejam a, b e c núme-


ros reais tais que a > 0 e a ≠ 1, b, c ∈ R ∗+ . Têm-se as seguintes pro-
priedades:
(1) Logaritmo do produto: loga (b ⋅ c ) = loga (b ) + loga (c ) .
Demonstração: sejam:
­log (b ) = x
°° a

®loga (c ) = y ;
°
¯°loga (b ⋅ c ) = z
então, da definição de logaritmo, decorre que:
168
­a x = b
°°
y
®a = c .
° z
°¯a = b ⋅ c
Então:
a z = b ⋅ c Ÿ a z = a x ⋅ a y Ÿ a z = a x+y Ÿ z = x + y ,
ou seja,
loga (b ⋅ c) = loga (b ) + loga (c) .
Observação: essa propriedade se generaliza para o logaritmo de um
produto finito de n (n ≥ 2) fatores reais positivos.
§b·
(2) Logaritmo do quociente: loga ¨ ¸ = loga (b ) − loga (c ) .
©c¹
Demonstração: sejam:
­
°log (b ) = x
° a
°
®loga (c ) = y ;
°
°log §¨ b ·¸ = z
°¯ a c
© ¹
então, da definição de logaritmo, decorre que:
­ x
°a = b
° y
®a = c .
° b
°a z =
¯ c
Então:
b ax
a z = Ÿ a z = y Ÿ a z = a x−y Ÿ z = x − y ,
c a
ou seja,
§b·
loga ¨ ¸ = loga (b ) − loga (c ) .
©c¹

Observações:

1) Se b = 1, tem-se:
169
§b· §1·
loga ¨ ¸ = loga ¨ ¸ = loga (1) − loga (c ) = 0 − loga (c ) = − loga (c )
©c¹ ©c¹
Por definição, o oposto de um logaritmo é chamado cologaritmo,
que se denota por co log . Então:
§1·
co loga c = − loga (c ) ou co loga c = loga ¨ ¸ .
©c¹
b
2) Se é sabido que b > 0 e c > 0, então é claro que > 0 se pode es-
c
crever:
§b·
loga ¨ ¸ = loga (b ) − loga (c ) .
©c¹
b
Entretanto, se sabe-se apenas que > 0 , então, deve-se escrever:
c
§b·
loga ¨ ¸ = loga b − loga c .
©c¹
(3) Logaritmo da potência: loga (b α ) = α ⋅ loga (b ) , para qualquer
número real α .
Demonstração: sejam:
­log (b ) = x
° a
® ;
( )
α
°̄loga b = y
então, da definição de logaritmo, decorre que:
­°a x = b
® y .
°̄a = b α
Então:
a y = bα Ÿ a y = a x( ) α
Ÿ a y = a α⋅x Ÿ y = α ⋅ x ,
ou seja,
loga (b α ) = α ⋅ loga (b ) .

Observações:

1) Em particular, se n ∈ Ν • , então:
170
§ 1
· 1
loga (n b ) = loga ¨ b n ¸ = ⋅ loga (b ) .
© ¹ n
α
2) Se b > 0, então b > 0 , ∀ α ∈ R ; portanto, pode-se escrever:
loga (b α ) = α ⋅ loga (b ) .
Se sabe-se apenas que b α > 0 , deve-se escrever:
loga (b α ) = α ⋅ loga b .

Observações:

1)loga (b ± c ) ≠ loga (b ) ± loga (c) .


Assim, conhecendo-se loga (b ) e loga (c ) , pode-se obter facilmente
b
o logaritmo de b ⋅ c , de e de b α ou de c α . Entretanto, não é pos-
c
sível conhecer o logaritmo de b + c ou de b − c sem calcular, antes,
o valor de b + c ou b − c .
loga (b α ) ≠ (loga (b ))
α
2)
De fato, se, por exemplo, α = 3, vem:
loga (b 3 ) = loga (b ⋅ b ⋅ b ) = loga (b ) + loga (b ) + loga (b ) =
= 3 ⋅ loga (b ) (I)
Por outro lado, tem-se:
(loga (b))3 = (loga (b))⋅ (loga (b ))⋅ (loga (b)) (II)
É claro que (I)  (II).

Exemplos:

1) log3 (81) = log3 (34 ) = 4 ⋅ log3 (3) = 4 ⋅1 = 4 .


2) log5 (125) = log5 (53 ) = 3 ⋅ log5 (5) = 3 ⋅ 1 = 3 .
§ 1
· 1
3) log10 (3 2 ) = log10 ¨ 2 3 ¸ = ⋅ log10 (2 ) .
¹ © 3
4) log10 x ⋅ (x + 1) = log10 x + log10 (x + 1) se, e somente se, tem-se
171
x > 0 e x + 1 > 0 , ou seja, se x > 0 e x > -1. Assim, deve-se ter x > 0,
para que a igualdade seja satisfeita. Observe que para que o logarit-
mo do primeiro membro da expressão esteja bem definido, é preciso
que x ⋅ (x + 1) > 0 .
Estudando essa inequação do 2o grau, tem-se:
x ⋅ (x + 1) > 0 Ÿ x 2 + x > 0 .
A equação x 2 + x = 0 tem duas raízes reais distintas: x = −1 e
x = 0 . O estudo de sinais da função quadrática y = x 2 + x é mos-
trado na Figura 1.

FIGURA 1

Vê-se, assim, que os valores de x que tornam verdadeira a inequação


são aqueles que são menores do que -1 ou maiores do que zero. En-
tretanto, como se viu anteriormente, para que a equação proposta es-
teja bem definida só se podem considerar os valores de x maiores do
que zero.

Mudança de base. Em certos casos, é preciso transformar logarit-


mos em uma certa base para uma outra base. Por exemplo, na apli-
cação das propriedades operatórias, os logaritmos devem estar todos
na mesma base.
Tem-se o seguinte resultado: se a, b, c ∈ R ∗+ , sendo a ≠ 1 e c ≠ 1,
então:
logc (b )
loga (b ) = .
logc (a )
Demonstração: sejam:
­log (b ) = x
°° a

®logc (b ) = y ;
°
°¯logc (a ) = z
observe que z ≠ 0, pois a ≠ 1.
y
Quer-se mostrar que x = . De fato, da definição de logaritmo, de-
z
172
corre que:
­a x = b
°°
y
®c = b .
° z
°¯c = a
Então:
y
a x = c y Ÿ cz( ) x
= c y Ÿ c z⋅x = c y Ÿ z ⋅ x = y Ÿ x =
z
,
ou seja,
logc (b )
loga (b ) = .
logc (a )

Casos particulares:

(1) Se a, b ∈ R ∗+ , sendo a ≠ 1 e b ≠ 1, vem:


logb (b ) 1
loga (b ) = = .
logb (a ) logb (a )
(2) Se a, b ∈ R ∗+ , sendo a ≠ 1, vem:
loge (b ) ln(b )
loga (b ) = = .
loge (a ) ln(a )
(3) Se a, b ∈ R ∗+ , sendo a ≠ 1 e α ≠ 0, vem:
1
loga α (b ) = ⋅ loga (b ) .
α
Demonstração: para demonstrar essa igualdade, consideram-se dois
casos:
1o Caso: b = 1.
Tem-se:
­°log α (b ) = log α (1) = 0
a a
® ,
°̄loga (b ) = loga 1) = 0
(
de onde se pode concluir que:
1
loga α (1) = ⋅ loga (1) .
α
o
2 Caso: b ≠ 1.
173
Tem-se:
logb (b ) 1 1 1 1
logaα (b ) = = = = ⋅ =
logb (a ) logb (a ) α ⋅ logb (a ) α logb (a )
α α

1
= ⋅ loga (b )
α
18 FUNÇÃO LOGARÍTMICA

Dado um número real a tal que a > 0 e a ≠ 1 , chama-se função lo-


garítmica de base a a função que a cada número real positivo x as-
socia o logaritmo de x na base a. Em linguagem matemática, tem-se:
f : R ∗+ → R
.
x  y = loga (x )
Vê-se, então, que D(f ) = R ∗+ e CD(f ) = R . Observe-se que as con-
dições para a base a da função logarítmica são as mesmas da base da
função exponencial y = a x , ou seja, tem-se que 0 < a < 1 ou a > 1 ,
conforme mostra o diagrama da Figura 1.

FIGURA 1

A representação gráfica da função logarítmica pode ser analisada


por meio de exemplos.

Exemplos:

1) Considere-se a função logarítmica de base a = 2, isto é, tem-se


a > 1: y = f (x ) = log2 (x ) . Para construir o gráfico de f é conveni-
ente atribuir valores a y, que podem ser números reais quaisquer, e
calcular os valores de x correspondentes, como segue:
1
log2 (x ) = −3 Ÿ x = 2 −3 =
8
1
log2 (x ) = −2 Ÿ x = 2 −2 =
4
1
log2 (x ) = −1Ÿ x = 2 −1 =
2
0
log2 (x ) = 0 Ÿ x = 2 = 1
log2 (x ) = 1Ÿ x = 21 = 2
log2 (x ) = 2 Ÿ x = 2 2 =4

log2 (x ) = 3 Ÿ x = 23 = 8

176
Tem-se, assim, a tabela:

x 1 1 1 1 2 4 8 ...
8 4 4
y -3 -2 -1 0 1 2 3 ...

Localizando-se os pontos em um sistema de coordenadas cartesianas


ortogonais, obtém-se o gráfico mostrado na Figura 2.

FIGURA 2

Os valores para a variável y foram escolhidos arbitrariamente. To-


maram-se valores inteiros apenas por facilidade de cálculos. Obser-
ve que, quanto mais próximo de zero for o valor de x, mais os pon-
tos do gráfico da função se aproximam do eixo Oy, sem, entretanto,
interceptá-lo, já que x > 0. Dessa forma, o eixo Oy é uma assíntota
vertical da curva.

1
2) Considere-se, agora, a função exponencial de base a = , ou se-
2
ja, tem-se 0 < a < 1: y = f (x ) = log 1 (x ) . Tomando-se para a variá-
2
vel y os mesmos valores do exemplo anterior, tem-se:
177
−3
§1·
log 1 (x ) = −3 Ÿ x = ¨ ¸ =8
2 ©2¹
−2
§1·
log 1 (x ) = −2 Ÿ x = ¨ ¸ =4
2 ©2¹
−1
§1·
log 1 (x ) = −1Ÿ x = ¨ ¸ =2
2 ©2¹
0
§1·
log 1 (x ) = 0 Ÿ x = ¨ ¸ = 1
2 ©2¹
1
§1· 1
log 1 (x ) = 1Ÿ x = ¨ ¸ =
2 ©2¹ 2
2
§1· 1
log 1 (x ) = 2 Ÿ x = ¨¸ =
2 ©2¹ 4
log 2 (x ) = 3 Ÿ x = 23 = 8

Tem-se, assim, a tabela:

x 1 1 1 1 2 4 8 ...
8 4 4
y 3 2 1 0 -1 -2 -3 ...

Localizando-se os pontos em um sistema de coordenadas cartesianas


ortogonais, obtém-se o gráfico mostrado na Figura 3.
Neste caso, quanto mais próximo de zero for o valor de x, mais os
pontos do gráfico da função se aproximam da reta x = 0, sem inter-
ceptá-la, ou seja, essa reta é uma assíntota vertical da curva.
Observando-se os dois gráficos, vê-se que, em ambos os casos, o
conjunto imagem da função f é Im(f ) = R e que os gráficos inter-
ceptam o eixo Ox no ponto (1,0 ) . Entretanto, no exemplo 1, vê-se
que a função é crescente; já a função do exemplo 2 é decrescente. O
crescimento ou decrescimento da função logarítmica está associado
à base.
Têm-se, assim, as seguintes propriedades para a função logarítmica
f (x ) = loga (x ) :
178

FIGURA 3

(1) D(f ) = R ∗+ e Im(f ) = R ;


(2) o ponto (1,0 ) pertence ao gráfico de f ;
(3) se a > 1 , a função é crescente; se 0 < a < 1 , a função é decrescen-
te;
(4) a função é injetora, isto é, x 1 ≠ x 2 Ÿ loga (x 1 ) ≠ loga (x 2 ) , ou,
equivalentemente, loga (x1 ) = loga (x 2 )Ÿ x1 = x 2 ;
(5) a função, tal como foi definida, é sobrejetora, isto é:
∀ y ∈ R , ∃ x ∈ R ∗+ / y = loga (x ) .

Exemplos: funções logarítmicas crescentes e decrescentes:

1) f (x ) = log3,1 (x )
Função crescente, pois a base é 3,1 > 1.

2) f (x ) = log2−3 (x )
1 1
Função decrescente, pois: 2 −3 = 3
= <1.
2 8
179
3) f (x ) = log 3 (x )
3
3
Função decrescente, pois: < 1.
3
4) f (x ) = logπ (x )
Função crescente, pois: π > 1 .

5) f (x ) = ln (x )
Função crescente, pois a base é e, que é maior do que 1.

Resultados importantes:

(1) Sejam a > 1 ∈ R e b ∈ R ∗+ . Então, loga (b ) > 0 ⇔ b > 1 .


(2) Sejam a ∈ R (0 < a < 1) e b ∈ R ∗+ . Então, loga (b ) > 0 ⇔ b < 1 .
(3) Sejam a > 1 ∈ R e x 1 , x 2 ∈ R ∗+ . Então:
loga (x1 ) > loga (x 2 ) ⇔ x1 > x 2 , pois a função é crescente.
(4) Sejam a ∈ R (0 < a < 1) e x 1 , x 2 ∈ R ∗+ . Então:
loga (x1 ) > loga (x 2 ) ⇔ x1 < x 2 , pois a função é decrescente.

Exemplos:

1) Verificar se são verdadeiras ou falsas as desigualdades:


(a) log2 (3) > log2 (0,2 )
Verdadeira, pois a base é 2 > 1 e, portanto, a função é crescente.
Como 3 > 0,2, segue-se que log2 (3) > log2 (0,2 ) .
(b) log0,2 (2,3) < log0,2 (3,5)
Falsa, pois a base é 0 < 0,2 < 1 e, portanto, a função é decrescente.
Como 2,3 < 3,5, segue-se que log0, 2 (2,3) > log0, 2 (3,5) .
(c) log0,1 (0,13) > log0,1 (0,32)
Verdadeira, pois a base é 0 < 0,1 < 1 e, portanto, a função é decres-
cente. Como 0,13 < 0,32, segue-se que log0,1 (0,13) > log0,1 (0,32 ) .
180
2) Determinar os valores reais de a para que:
(a) f (x ) = loga (x ) seja crescente.
Para que a função logarítmica seja crescente, sua base deve ser mai-
or do que 1. Assim, deve-se ter: a – 3 > 1 Ÿ a > 4.
(b) y = log(1−a ) (x ) seja decrescente.
Para que a função logarítmica seja decrescente, sua base deve ser
um valor entre 0 e 1. Assim, deve-se ter: 0 < 1 − a < 1 .
Têm-se, aqui, duas desigualdades simultâneas:
­1 − a > 0 ­a < 1
® Ÿ® ,
¯1 − a < 1 ¯a > 0
ou seja, deve-se ter 0 < a < 1 .

Observação importante: a função logarítmica de base a e a função


exponencial de base a são inversas entre si, isto é, as funções f e g
definidas por:
f : R ∗+ → R g : R → R ∗+
e
x  f (x ) = loga (x ) x  g(x ) = a x
são inversas uma da outra.
Para provar que a afirmação é verdadeira, basta que se prove que
f  g = Ι R e g  f = Ι ∗ , isto é, que a funções compostas de f e g e
R+
de g e f são iguais, respectivamente, à função identidade de R e à
função identidade de R ∗+ . De fato, tem-se:
(f  g )(x ) = f (g(x )) = f (a x ) = loga (a x ) = x , para todo x ∈ R ;
por outro lado, tem-se:
(x )
(g  f )(x ) = g(f (x )) = g(loga (x )) = a loga = x , para todo x ∈ R ∗+ .
Sendo f e g inversas entre si, seus gráficos são simétricos em rela-
ção à reta y = x. Além disso, tem-se: D(f ) = R ∗+ = Im(g ) e
Im(f ) = R = D(g ) .

Exemplos:

1) Considere-se a função logarítmica do exemplo 1 anterior, ou seja,


a função y = f (x ) = log2 (x ) e a função exponencial de base 2, isto
181
x
é, a função y = g(x ) = 2 .
Atribuindo-se valores convenientes à variável x em ambas as fun-
ções, obtêm-se os gráficos da Figura 4. Observe que o ponto (1, 0 )
pertence ao gráfico de f e, portanto, o ponto (0, 1) pertence ao grá-
fico de g .

FIGURA 4

2) Considere-se, agora, a função logarítmica do exemplo 2 anterior,


ou seja, a função y = f (x ) = log 1 (x ) e a função exponencial de ba-
2
x
1 §1·
se , isto é, a função y = f (x ) = ¨ ¸ .
2 ©2¹
Atribuindo-se valores convenientes à variável x em ambas as fun-
ções, obtêm-se os gráficos apresentados na Figura 5.

3) Considerando-se uma base genérica a, sendo a > 1 , as funções


y = f (x ) = loga (x ) e y = f (x ) = a x têm os gráficos da Figura 6.
182

FIGURA 5

FIGURA 6

4) Considerando-se uma base genérica a, sendo 0 < a < 1 , as funções


183
x
y = f (x ) = loga (x ) e y = f (x ) = a têm os gráficos da Figura 7.

FIGURA 7

5) Dadas as funções y = f (x ) = e x e y = g(x ) = ln x , determinar, a


partir delas, as funções f1 ( x ) = f ( − x ) , g1 ( x ) = g ( − x ) ,
f 2 ( x ) = f ( x + 1) e g 2 ( x ) = g ( x + 1) . Estudar cada uma delas quanto
ao domínio, imagem, paridade, sinal, gráfico e inversa.

(1) y = f (x ) = e x e y = g(x ) = ln x
A função y = f (x ) = e x tem as propriedades da função exponencial
de base a > 1 .
No caso da função y = g(x ) = ln x , esta é uma função logarítmica de
base e, isto é, y = ln x = loge (x ) e, portanto, tem todas as proprie-
dades da função logarítmica de base a > 1 .
Domínio: D(f ) = R e D(g ) = R + + .
Paridade:
­f (x )
• f (− x ) = e − x ≠ ® ; logo, f não é par, nem ímpar;
¯− f ( x )
• função g: se x > 0 , então − x < 0 e, portanto, a função g não está
184
definida em − x . Logo, no caso particular dessa função, não é pos-
sível estudar a paridade.
Sinal: y = f (x ) > 0 , ∀ x ∈ R ; y = g(x ) ∈ R , ∀ x ∈ R + + .
Gráficos: são mostrados nas Figuras 8 e 9.

FIGURA 8

FIGURA 9

Observe, no caso da função exponencial, que, se x = 0 , então y = 1 ,


185
ou seja, (0,1) é o ponto de interseção do gráfico de f com o eixo
Oy. Uma vez que e x > 0 , para todo número real x, o gráfico de f
não intercepta o eixo Ox.
No caso da função logarítmica, para x = 1 , tem-se y = 0 , isto é, o
ponto (1,0 ) é o ponto de interseção do gráfico de g com o eixo Ox.
Como o domínio da função é o conjunto R + + , o gráfico de g não
intercepta o eixo Oy.
Imagem: a partir do gráfico de f , pode-se verificar que:
Im(f ) = {y ∈ R / y > 0} .
No caso da função g , a imagem é o conjunto dos números reais.

FIGURA 10

Inversa: verifica-se, pelo gráfico, que, considerando-se o contrado-


mínio de f como sendo o conjunto R + + , a função é bijetora em seu
domínio e, portanto, admite inversa. No caso da função logarítmica,
ela é bijetora em seu domínio. É fácil ver que essas duas funções são
a inversa uma da outra, pois:
y = ln x Ÿ x = e y ;
isolou-se, assim, a variável x na função y = lnx. Trocando x por y,
obtém-se: y = e x , ou seja, a inversa da função logarítmica de base e
186
é a função exponencial de base e:
y = f (x ) = e x Ÿ f −1 ( x ) = ln x e y = g (x ) = ln x Ÿ g −1 ( x ) = e x .
Assim:
( ) ( )
D f −1 = Im(f ) = R + + = D(g ) e Im f −1 = D(f ) = R = Im(g ) .
Os gráficos de f e g , feitos anteriormente e mostrados na Figura
10, são simétricos em relação à reta y = x. Observe-se, por exemplo,
que o ponto (1, e ) pertence ao gráfico de f e o ponto (e,1) pertence
ao gráfico de g .

Estudam-se, a seguir, as variações de f e g .

(2) y = f1 ( x ) = f (− x ) = e − x e y = g1 ( x ) = g (− x ) = ln (− x )
Domínio: no caso da função f1 , o domínio é o conjunto dos núme-
ros reais. Já no caso de g1 , deve-se observar que é preciso que o lo-
garitmando seja positivo, ou seja, o raciocínio a ser utilizado é: se
x < 0 , então − x > 0 ; logo, o domínio de g1 é: D(g1 ) = R ∗− .
Paridade:
­f (x )
• f1 ( − x ) = e −( − x ) = e x ≠ ® 1 ; logo, f1 não é par, nem ímpar;
¯ − f1 ( x )
• g1 (− x ) = ln (− (− x )) = ln x ; sendo x um número real negativo,
g1 (− x ) = ln x não está definido e, portanto, não é possível estudar a
paridade de g1 .
Sinal: y = f1 ( x ) = e − x > 0 , para todo x ∈ D(f1);
y = g1 ( x ) = ln (− x )∈ R , para todo x ∈ R ∗− .
Gráfico: representam-se, nas Figuras 11 e 12, para fins de compara-
ção, os gráficos de f e f1 e de g e g1 .
Imagem: a partir do gráfico, pode-se verificar que:
°­Im(f1 ) = Im(f ) = R
++
® .
°̄Im(g1 ) = Im(g ) = R
Inversa:
• assim como f , a função f1 é bijetora em seu domínio e, portanto,
admite inversa, dada por:
y = e − x Ÿ − x = ln y Ÿ x = − ln y Ÿ y = − ln x .
187

FIGURA 11

FIGURA 12

Assim: y = f1−1 ( x ) = − ln x .Quanto aos conjuntos domínio e imagem


da função inversa, tem-se:
( ) ( )
D f1−1 = Im(f1 ) = R + + e Im f1−1 = D(f1 ) = R .
• a função g1 também é bijetora em seu domínio e, portanto, admite
inversa:
188
y = ln (− x ) Ÿ − x = e y Ÿ x = −e y Ÿ y = −e x .
Assim: y = g1−1 ( x ) = −e x . Quanto aos conjuntos domínio e imagem
da função inversa, tem-se:
( ) ( )
D g1−1 = Im(g1 ) = R e Im g1−1 = D(g1 ) = R ∗− .
Os gráficos de f1 e f1−1 e g1 e g1−1 são apresentados, respectiva-
mente, nas Figuras 13 e 14.

FIGURA 13

(3) y = f 2 ( x ) = f ( x + 1) = e x +1 e y = g 2 ( x ) = g ( x + 1) = ln (x + 1)
Domínio: domínio da função f 2 : R .
No caso de g 2 , é preciso que o logaritmando seja estritamente posi-
tivo, isto é, deve-se ter x + 1 > 0 . Assim, é preciso estudar a solução
desta inequação, isto é, determinar quais são os valores de x para os
quais se tem x + 1 > 0 .
Isso equivale a estudar os sinais da função y = x + 1 ; para tanto, de-
termina-se, primeiramente, o zero dessa função, para, em seguida,
determinar os sinais que ela assume, como segue:
x + 1 = 0 Ÿ x = −1
Têm-se, assim, os sinais da função y = x + 1 mostrados na Figura
15.
189

FIGURA 14

FIGURA 15

Verifica-se, pelo diagrama, que a função assume valores maiores do


que zero para valores de x maiores do que -1: x > -1 Ÿ y > 0. Logo,
D(g 2 ) = {x ∈ R / x > −1} .
Paridade:
• como anteriormente, f 2 não é par, nem ímpar;
• não é possível estudar a paridade de g 2 .
Sinal: y = f 2 (x ) = e − x +1 > 0 , para todo x ∈ R ;
y = g 2 (x ) = ln (x + 1) ∈ R , para todo x ∈ D(g 2 ) .
Gráfico: as Figuras 16 e 17 mostram os gráficos de f e f 2 e de g e
g2 .
Observe que os gráficos de f 2 e de g 2 são os gráficos de f e de g ,
respectivamente, deslocados de uma unidade no sentido negativo do
eixo Ox.
190

FIGURA 16

FIGURA 17

Os gráficos de f e de f 2 não se interceptam. Se isso ocorresse, ter-


se-ia:
f (x ) = f 2 (x ) Ÿ e x = e x +1 Ÿ x = x + 1 Ÿ 0 = 1 ,
que é falso. Assim, f (x ) ≠ f 2 (x ) , ∀ x .
191
Analogamente, não há interseção entre os gráficos de g e de g 2 ,
pois:
g(x ) = g 2 (x ) Ÿ ln (x ) = ln (x + 1) Ÿ x = x + 1 Ÿ 0 = 1 ,
ou seja, não há ponto comum entre os gráficos, para nenhum valor
de x do domínio dessas funções.
Imagem: a partir dos gráficos de f 2 e g 2 , verifica-se que
Im(f 2 ) = R + + e Im(g 2 ) = R .

FIGURA 18

Inversa:
• a função f 2 , considerando-se como contradomínio o conjunto
R + + , é bijetora em seu domínio e, portanto, admite inversa, dada
por:
y = e x +1 Ÿ x + 1 = ln (y ) Ÿ x = ln (y ) − 1 , ou seja , y = ln (x ) − 1 ;
assim: y = f 2−1 ( x ) = ln (x ) − 1 . Os conjuntos domínio e imagem da
função inversa são:
( ) ( )
D f 2−1 = Im(f 2 ) = {x ∈ R / x > 0} e Im f 2−1 = D(f 2 ) = R .
• a função g 2 também é bijetora em seu domínio e, portanto, admite
inversa:
192
y = ln (x + 1) Ÿ x + 1 = e y Ÿ x = e y − 1 Ÿ y = e x − 1 .
Logo, y = g 2−1 ( x ) = e x − 1 , sendo os conjuntos domínio e imagem:
( ) ( )
D g −21 = Im(g 2 ) = R e Im g −21 = D(g 2 ) = {x ∈ R / x > −1} .
Os gráficos de f 2 e f 2−1 e g 2 e g 2−1 são apresentados nas Figuras 18
e 19.

FIGURA 19

Exercícios propostos: dadas as funções y = f (x ) = e x e


y = g(x ) = ln x , determinar, a partir delas, as funções f 3 ( x ) = −f ( x )
e g 3 ( x ) = −g ( x ) e f 4 ( x ) = f ( x ) + 1 e g 4 ( x ) = g ( x ) + 1 . Estudar ca-
da uma delas quanto ao domínio, imagem, paridade, sinal, gráfico e
inversa.
19 EQUAÇÃO LOGARÍTMICA

É uma equação cuja incógnita faz parte do logaritmando ou da base


de um logaritmo. Para resolver tal equação, utiliza-se, basicamente:
• a definição de logaritmo;
• o fato da função logarítmica ser injetora, isto é:
x 1 ≠ x 2 Ÿ loga (x 1 ) ≠ loga (x 2 ) ,
ou, equivalentemente,
loga (x 1 ) = loga (x 2 )Ÿ x 1 = x 2 ;
• as propriedades de logaritmos em uma mesma base.

Exemplos:

1) Resolver a equação log3 (5 ⋅ x − 6) = log3 (3 ⋅ x − 5) .


Primeiramente, é preciso lembrar que somente estão definidos os lo-
garitmos cuja base é positiva e diferente de 1 e cujo logaritmando é
positivo. Assim, deve-se ter: 5 ⋅ x − 6 > 0 e 3 ⋅ x − 5 > 0 . Resolven-
do-se essas duas inequações do primeiro grau, conclui-se que os va-
lores de x que satisfazem ambas simultaneamente são tais que
5
x > . Logo, apenas valores de x nesse intervalo infinito poderão
3
ser solução da equação dada. Passa-se, agora, à resolução da equa-
ção. Uma vez que se tem a igualdade de dois logaritmos na mesma
base, usando o fato da função logarítmica ser injetora, vem:
1
log3 (5 ⋅ x − 6) = log3 (3 ⋅ x − 5)Ÿ 5 ⋅ x − 6 = 3 ⋅ x − 5 Ÿ x = .
2
5
Uma vez que esse valor de x é menor do que , conclui-se que esse
3
valor não é solução da equação dada, ou seja, o conjunto-solução é
vazio: S = Φ .

Observação: uma outra forma de se resolver a equação, mais prática


do que a anterior, é determinar o(s) possível(is) valor(es) de x que
satisfaz(em) a igualdade proposta e depois verificar se o(s) valor(es)
encontrado(s) torna(m) positivos todos os logaritmandos que figu-
ram na equação. No caso dessa equação, encontrou-se apenas o va-
1
lor x = . Substituindo esse valor nos logaritmandos, tem-se:
2
194
1 1 7
x = Ÿ5 ⋅ − 6 = − < 0 ,
2 2 2
ou, então:
1 1 7
x = Ÿ3⋅ − 5 = − < 0 .
2 2 2
É claro que basta testar em apenas um dos logaritmandos que figu-
ram na equação.

2) Resolver a equação log4 (2 ⋅ x 2 + 5 ⋅ x + 4) = 2 .


Tem-se, aqui, um outro tipo de equação logarítmica, que pode ser
resolvido usando a definição de logaritmo:
loga (b ) = x ⇔ a x =b.
Então, vem:
( )
log4 2 ⋅ x 2 + 5 ⋅ x + 4 = 2 Ÿ 4 2 = 2 ⋅ x 2 + 5 ⋅ x + 4 Ÿ
3
Ÿ 2 ⋅ x 2 + 5 ⋅ x − 12 = 0 ∴ x = −4 ou x =
2
Testando os dois valores encontrados, tem-se:
• x = −4 Ÿ 2 ⋅ (− 4 )2 + 5 ⋅ (− 4 ) + 4 = 16 > 0
2
3 §3· 3
• x= Ÿ 2 ⋅ ¨ ¸ + 5 ⋅ + 4 = 16 > 0 .
2 ©2¹ 2
­ 3½
Logo, vem: S = ®− 4, ¾ .
¯ 2¿

3) Resolver a equação:
log2 (4 − 3 ⋅ x ) − log2 (2 ⋅ x − 1) = log2 (3 − x ) − log2 (x + 1) .
Aplicando-se, a ambos os membros, a propriedade do logaritmo de
um quociente, vem:
§ 4 − 3⋅ x · §3− x ·
log2 ¨ ¸ = log2 ¨ ¸,
© 2 ⋅ x −1 ¹ © x +1 ¹
de onde se segue que:
4 − 3⋅ x 3 − x
= Ÿ − 3 ⋅ x 2 + x + 4 = −2 ⋅ x 2 + 7 ⋅ x − 3 Ÿ
2 ⋅ x −1 x +1
Ÿ x 2 + 6 ⋅ x − 7 = 0 ∴ x = −7 ou x = 1
Vê-se facilmente que o valor x = -7 deve ser descartado. Assim,
195
S = {1} .

4) Resolver a equação [log (x )]


4
2
− 2 ⋅ log4 (x ) − 3 = 0 .
Observa-se, aqui, que se tem uma equação do 2o grau na variável
log4 (x ) . Chamando log4 (x ) = u , apenas para facilitar a resolução
da equação, vem:
[log (x )]
4
2
− 2 ⋅ log4 (x ) − 3 = 0 Ÿ u 2 − 2 ⋅ u − 3 = 0 Ÿ u = −1 ou u = 3
Então:
1
u = −1 Ÿ log4 (x ) = −1 Ÿ x = 4 −1 =
4
u = 3 Ÿ log4 (x ) = 3 Ÿ x = 4 3 = 64
­1 ½
Logo, o conjunto-solução da equação é S = ® ,64¾ .
¯4 ¿

5) Resolver a equação log2 (x ) + log3 (x ) + log4 (x ) = 1 .


Para que se possa operar com os logaritmos da equação, deve-se re-
duzi-los à mesma base. Escolhendo trabalhar, por exemplo, na base
2, tem-se:
log2 (x ) log2 (x )
log2 (x ) + + = 1.
log2 (3) log2 (4)
Observando que log2 (4) = 2 , vem:
1 1
log2 (x ) + ⋅ log2 (x ) + ⋅ log2 (x ) = 1 Ÿ
log2 (3) 2
§ 1 1· §3 1 ·
Ÿ ¨1 + + ¸ ⋅ log2 (x ) = 1Ÿ ¨ + ¸ ⋅ log (x ) = 1Ÿ
¨ log (3) 2 ¸ ¨ 2 log (3) ¸ 2
© 2 ¹ © 2 ¹
§ 3 ⋅ log (3) + 2 · 1
Ÿ¨ 2 ¸ ⋅ log (x ) = 1Ÿ log (x ) = Ÿ
¨ 2 ⋅ log (3) ¸ 2 2
§ 3 ⋅ log (3) + 2 ·
© 2 ¹ ¨ 2 ¸
¨ 2 ⋅ log (3) ¸
© 2 ¹
2 ⋅ log2 (3)
Ÿ log2 (x ) =
3 ⋅ log2 (3) + 2
196
Podem-se utilizar, aqui, algumas das propriedades dos logaritmos,
escrevendo:
( )
2 ⋅ log2 (3) = log2 3 2 = log2 (9)
3 ⋅ log (3) = log (3 ) = log (27 )
2 2
3
2
2 = log2 (4 )
Portanto, vem:
log2 (9) log2 (9)
log2 (x ) = = .
log2 (27 ) + log2 (4) log2 (108)
Chama-se atenção para o fato de que não existe uma propriedade pa-
ra o quociente de dois logaritmos, mas sim para o logaritmo de um
quociente. O que se pode fazer para tentar simplificar a expressão do
segundo membro é escrever os dois logaritmos na base 9 ou na base
108. Escolhendo a base 9, vem:
log9 (9) 1
log2 (9) = =
log9 (2 ) log9 (2)
log9 (108)
log2 (108) = .
log9 (2)
Então:
1
log9 (2) 1
log2 (x ) = = = log108 (9 ) .
log9 (108) log9 (108)
log9 (2)
Obtém-se, finalmente, que:
log (9 )
x = 2 108 ,
o qual é um valor positivo e, portanto, é solução da equação dada.
­ log (9 ) ½
Logo, S = ®2 108 ¾ .
¯ ¿

6) Resolver a equação log x (3 ⋅ x 2 − 13 ⋅ x + 15) = 2 .


A equação proposta se resolve de maneira análoga à equação do e-
xemplo 3:
197
log x (3 ⋅ x 2
) 2
− 13 ⋅ x + 15 = 2 Ÿ 3 ⋅ x − 13 ⋅ x + 15 = x Ÿ 2

3
Ÿ 2 ⋅ x 2 − 13 ⋅ x + 15 = 0∴x = ou x = 5
2
Além de tornar positivo o logaritmando, os valores de x devem ser
positivos e diferentes de 1, já que a variável x está também na base
do logaritmo. Portanto, os dois valores encontrados satisfazem essas
­3 ½
condições, isto é, S = ® , 5¾ .
¯2 ¿

7) Resolver a equação:
log(2⋅x −4 ) (5 ⋅ x 2 − 15 ⋅ x + 7 ) = log(2⋅x −4 ) (x 2 − 3 ⋅ x + 2).
Estando os dois logaritmos a mesma base, vem:
( ) (
log(2⋅x −4 ) 5 ⋅ x 2 − 15 ⋅ x + 7 = log(2⋅x −4 ) x 2 − 3 ⋅ x + 2 Ÿ )
Ÿ 5 ⋅ x 2 − 15 ⋅ x + 7 = x 2 − 3 ⋅ x + 2 Ÿ 4 ⋅ x 2 − 12 ⋅ x + 5 = 0
1 5
∴x = ou x =
2 2
Os valores de x que podem ser solução da equação devem satisfazer
as condições:
­5 ⋅ x 2 − 15 ⋅ x + 7 > 0
°°
2
®x − 3 ⋅ x + 2 > 0 .
°2 ⋅ x − 4 > 0 e 2 ⋅ x − 4 ≠ 1
°¯
1 5
Para x = , tem-se que 2 ⋅ x − 4 = −3 < 0 e para x = , tem-se que
2 2
2 ⋅ x − 4 = 1 . Assim, não é necessário verificar se as demais condi-
ções são satisfeitas, pois os valores obtidos para a variável x não
servem como solução da equação dada. Logo, S = Φ .

Exercícios propostos: resolver as equações:

(a) log2 (5 ⋅ x 2 − 14 ⋅ x + 1) = log2 (4 ⋅ x 2 − 4 ⋅ x − 20) (R. : S = {3,7})

(b) log 1 (log3 (log4 (x ))) = 0 (R. : S = {64})


2
198
(c) log2 (x − 3) + log2 (x + 3) = 4 (R. : S = {5})

(d) log x
(2 ⋅ x 2
)
+ 5⋅ x + 6 = 4 (R. : S = φ)

Observação: é possível, agora, resolver algumas equações exponen-


ciais que utilizam logaritmos em sua resolução, conforme se indicou
no estudo das equações exponenciais.

Método baseado na definição de logaritmo. Quando as equações ex-


ponenciais não podem ser reduzidas a uma igualdade de potências
de mesma base, utilizam-se os logaritmos e suas propriedades. Fun-
damentalmente, tem-se que, se a e b são tais que a > 0 e a ≠ 1 e b >
0, então:
a x = b ⇔ x = loga (b ) .

Exemplos:

1) Dada a equação exponencial 2 2⋅x −3 = 3 , observa-se que não é


possível reduzi-la a uma igualdade de potências de mesma base,
pois:
2 2⋅x
2 2⋅x −3 = 3 Ÿ 2 2⋅x ⋅ 2 −3 = 3 Ÿ 3 = 3 Ÿ 2 2⋅x = 3 ⋅ 2 3 Ÿ
2 .
( )
x
Ÿ 2 2 = 24 Ÿ 4 x = 24
Observe que o número 24 não pode ser reduzido a uma potência de
base 4 ou 2. Então, tomando o logaritmo na base 4 de ambos os
membros da equação, vem:
log4 (4 x ) = log4 (24) .
Uma vez que a função logarítmica é injetora, conclui-se que se dois
logaritmos de mesma base são iguais, então os logaritmandos tam-
bém são. Assim, vem:
( )
log4 4 x = log4 (24) Ÿ x ⋅ log4 (4) = log4 (24) Ÿ x = log4 (24) .
Logo o conjunto solução da equação dada é S = {log4 (24)}.
2) Considere a equação 54⋅ x − 3 = 0,5 . Tem-se:
199
§1·
( )
5 4⋅x −3 = 0,5 Ÿ log5 5 4⋅x −3 = log5 (0,5) Ÿ 4 ⋅ x − 3 = log5 ¨ ¸ Ÿ
©2¹
Ÿ 4 ⋅ x − 3 = log5 (1) − log5 (2) Ÿ 4 ⋅ x = 3 − log5 (2) Ÿ
3 1
Ÿx= − log5 (2)
4 4
A solução pode ser escrita de outra forma equivalente, utilizando-se
algumas propriedades de logaritmo. Lembrando que:
log5 (125) = 3 e log5 (625) = 4 ,
vem:
1 1
[ ]
x = ⋅ 3 − log5 (2 ) Ÿ x =
4 log5 (625)
⋅ [log5 (125) − log5 (2 )] Ÿ

ª log (125) log (2 ) º


Ÿ x = log625 (5) ⋅ « 625
− 625
»Ÿ
«¬ log625 (5) log625 (5) »¼
§ 125 ·
Ÿ x = log625 ¨ ¸ Ÿ x = log625 (62,5)
© 2 ¹
{
Portanto, o conjunto solução é S = log625 (62,5) . }
3) Dada a equação 4 x = 2 ⋅14 x + 3 ⋅ 49 x , tem-se:
2
§§ 2 ·x · § 2·
x
(2 )
x 2 x x
− 2 ⋅ 2 ⋅ 7 − 3⋅ 7 ( )
x 2 ¨
Ÿ ¨ ¸
¨© 7 ¹ ¸
¸ − 2⋅¨ ¸ − 3 = 0 .
©7¹
© ¹
Fazendo:
x
§2·
t =¨ ¸ ,
©7¹
vem:
t 2 − 2 ⋅ t − 3 = 0 Ÿ t = −1 ou t = 3 .
A solução t = -1 dessa equação do 2o grau não serve, pois t > 0, para
todo x. Para a solução t = 3, tem-se:
§2·
x ª§ 2 · x º
¨ ¸ = 3 Ÿ log 2 «¨ ¸ » = log 2 (3) Ÿ x = log 2 (3) ,
©7¹ 7 «© 7 ¹ »
¬ ¼ 7 7

­ ½
ou seja, o conjunto solução da equação proposta é S = ®log 2 (3)¾ .
¯ 7 ¿
200
Exercícios propostos: resolver as equações:

(a) 7 x
=2 §¨ R. : S =
©
{(log (2)) }·¸¹
7
2

§ ­ ½·
(b) 7 2⋅ x −1 = 33⋅ x + 4 ¨ R. : S = °log (567 )° ¸
¨ ® 49 ¾¸
© °̄ 27 °¿ ¹
20 INEQUAÇÃO LOGARÍTMICA

É toda sentença matemática que exprime uma relação de desigual-


dade envolvendo logaritmos, nos quais a variável pode figurar no
logaritmando, na base do logaritmo, ou em ambos. Resolver uma i-
nequação significa determinar os valores da variável que a tornem
uma sentença numérica verdadeira.
Muitas das inequações logarítmicas podem, através de propriedades,
ser transformadas em outras equivalentes que possuam, nos dois
membros, logaritmos de mesma base a, sendo a < 0 ≠ 1. Lembrando
que a função logarítmica f (x ) = loga (x ) é crescente, quando a > 1,
e decrescente, quando a < 0 < 1, tem-se, para quaisquer números re-
ais positivos b e c, que:
• se a > 1 e loga (b ) ≥ loga (c ) , então b ≥ c;
• se a < 0 < 1 e loga (b ) ≥ loga (c) , então b ≤ c.
Não se devem esquecer as restrições a que devem estar submetidos o
logaritmando e a base, na resolução das inequações logarítmicas.
Considerar-se-ão três tipos de tais inequações, conforme segue.

1o Tipo: loga (f (x )) ≥ loga (g(x )) .

Nesse tipo de inequação, em que se tem uma desigualdade entre dois


logaritmos de mesma base, tem-se, de acordo com o descrito acima,
que:
­f (x ) ≥ g (x ), se a > 1
loga (f (x )) ≥ loga (g(x ))Ÿ ® .
¯f (x ) ≤ g (x ), se 0 < a < 1
Não se pode esquecer que os valores de x que satisfazem a inequa-
ção dada devem ser tais que tornem ambas as funções f e g estri-
tamente positivas. É claro que as conclusões acima são análogas, se
a desigualdade for estrita (>).
Esse primeiro tipo de inequação também pode ser proposto com a
desigualdade ≤ (ou <). Nesse caso, tem-se:
­f (x ) ≤ g (x ), se a > 1
loga (f (x )) ≤ loga (g(x ))Ÿ ® .
¯f (x ) ≥ g (x ), se 0 < a < 1

Exemplos: resolver as inequações logarítmicas:


202
1) log3 (5 ⋅ x − 1) ≥ log3 (9 )
Estando ambos os logaritmos da inequação na mesma base 3, que é
maior do que 1, tem-se:
log3 (5 ⋅ x − 1) ≥ log3 (9) Ÿ 5 ⋅ x − 1 ≥ 9 Ÿ 5 ⋅ x − 10 ≥ 0 .
Deve-se, portanto, resolver essa inequação do 1o grau. Tem-se:
5 ⋅ x − 10 = 0 Ÿ x = 2 ;
o estudo de sinal da função y = 5 ⋅ x − 10 é mostrado na Figura 1.

FIGURA 1

Portanto, os valores de x que satisfazem essa inequação são aqueles


que são maiores ou iguais a 2. Não se pode esquecer de verificar se
esses valores de x tornam positivo o logaritmando, isto é, deve-se ter
1
5 ⋅ x − 1 > 0 , ou seja, deve-se ter x > . Conclui-se, assim, que o
5
conjunto solução da inequação dada é:
S = {x ∈R / x ≥ 2} ou S = [2, + ∞ ) .

2) log 1 (x 2 − 4 ⋅ x ) > log 1 (5)


2 2
Primeiramente, analisar-se-ão quais são os valores de x que tornam
o logaritmando positivo, isto é, para que valores de x se tem
x 2 − 4 ⋅ x > 0 . Isso significa resolver essa inequação do 2o grau.
Faz-se:
x 2 − 4 ⋅ x = 0 Ÿ x = 0 ou x = 4 ;
assim, tem-se o estudo de sinal da função y = x 2 − 4 ⋅ x da Figura 2.

FIGURA 2

Logo, os valores de x que satisfizerem a desigualdade proposta de-


verão ser menores do que 0 ou maiores do que 4. Passa-se, então, à
resolução da inequação; uma vez que a base está entre 0 e 1, tem-se:
203
log 1 (x 2
) 2 2
− 4 ⋅ x > log 1 (5)Ÿ x − 4 ⋅ x < 5 Ÿ x − 4 ⋅ x − 5 < 0 .
2 2
Tem-se, novamente, uma inequação quadrática para ser resolvida.
Assim, vem:
x 2 − 4 ⋅ x − 5 = 0 Ÿ x = −1 ou x = 5 ;
logo, tem-se o estudo de sinal da função y = x 2 − 4 ⋅ x − 5 da Figura
3.

FIGURA 3

Vê-se, assim, que satisfazem a inequação x 2 − 4 ⋅ x − 5 < 0 os valo-


res de x que estão entre –1 e 5. É preciso, agora, fazer a interseção
das soluções parciais (I) e (II), mostrada na Figura 4.

FIGURA 4

Vê-se que o conjunto-solução da inequação dada é:


S = {x ∈R / − 1 < x < 0 ∨ 4 < x < 5} = (− 1, 0 )  (4, 5) .

2o Tipo: loga (f (x )) ≥ k .

Nesse tipo de inequação, utiliza-se uma das conseqüências da defi-


nição de logaritmo de um número real positivo e expressa-se o nú-
mero k na forma:
k = k ⋅ loga (a ) = loga (a )k .
Dessa forma a inequação fica:
loga (f (x )) ≥ loga (a )k ,
que é uma inequação do 1o tipo, visto anteriormente. Assim, tem-se:
204
k
­°f (x ) ≥ (a )k , se a > 1
loga (f (x )) ≥ loga (a ) Ÿ ® .
°̄f (x ) ≤ (a )k , se 0 < a < 1
Novamente, devem-se ter valores de x que tornem a função f estri-
tamente positiva. As conclusões acima são as mesmas, se a desi-
gualdade for estrita (>); além disso, usa-se procedimento análogo
para a desigualdade ≤ (ou <). Nesse caso, tem-se:
k
­°f (x ) ≤ (a )k , se a > 1
loga f x ≤ loga a Ÿ ®
( ( )) ( ) .
°̄f (x ) ≥ (a )k , se 0 < a < 1

Exemplos: resolver as inequações logarítmicas:

1) log 1 (x − 5) > −1
2
A restrição que se tem aqui é que x − 5 > 0 , ou seja, deve-se ter
x > 5 . A inequação dada pode ser reescrita na forma:
−1
§1· §1·
¸ Ÿ log 1 (x − 5) > log 1 ¨ ¸ .
log 1 (x − 5) > −1 ⋅ log 1 ¨
2 2©2¹ 2 2©2¹
Uma vez que a base está entre 0 e 1, vem:
−1
§1·
x − 5 < ¨ ¸ Ÿ x − 5 < 2Ÿ x − 7 < 0 .
© 2¹
Resolvendo-se essa inequação do primeiro grau como anteriormen-
te, conclui-se que se deve ter x < 7 . Uma vez que a restrição do lo-
garitmando exige que x > 5, conclui-se que os valores de x que satis-
fazem a inequação dada são os que são maiores do que 5 e menores
do que 7, ou seja, o conjunto-solução é:
S = {x ∈R / 5 < x < 7} = (5, 7 ) .

2) log3 (2 + x 2 ) > 1 + log3 (x )


Primeiramente, analisar-se-ão quais são os valores de x que tornam
os dois logaritmandos positivos. É fácil ver que 2 + x 2 > 0 , para to-
do número real x que se tome, ou seja, não há restrições para o loga-
ritmando do primeiro membro da inequação. Quanto ao que está no
segundo membro, vê-se que x deve ser estritamente positivo.
Passa-se, agora, à resolução da inequação propriamente dita. Tem-
205
se:
log3 (2 + x 2 ) > 1 + log3 (x )Ÿ log3 (2 + x 2 ) > log3 (3) + log3 (x )Ÿ
Ÿ log3 (2 + x 2 ) > log3 (3 ⋅ x ) ,
onde foram utilizadas conseqüência e propriedade de logaritmos.
Sendo a base maior do que 1, vem:
2 + x2 > 3⋅ x Ÿ 2 + x2 − 3⋅ x > 0 .
Novamente, há uma inequação do 2o grau para ser resolvida. Tem-
se:
x 2 − 3 ⋅ x + 2 = 0 Ÿ x = 1 ou x = 2 ,
e, portanto, o estudo de sinal da função y = x 2 − 3 ⋅ x + 2 é como
mostra a Figura 5.

FIGURA 5

Vê-se, assim, que satisfazem a inequação x 2 − 3 ⋅ x + 2 > 0 os valo-


res de x que são menores do que 1 ou maiores do que 2. Como há a
restrição de que x deve ser maior do que zero, conclui-se que o con-
junto-solução da inequação dada é:
S = {x ∈R / 0 < x < 1 ∨ x > 2} = (0,1)  (2,+∞ ) .

3o Tipo: Nesse caso, as inequações são resolvidas fazendo-se, inici-


almente, uma mudança de variáveis. Depois, recai-se no caso anteri-
or.

Exemplos: resolver as inequações logarítmicas:

1) [log (x )]
7
2
+ log7 (x ) − 2 > 0
O único logaritmo que aparece na inequação é log7 (x ) ; assim, a
restrição que se tem é que x > 0 . Uma vez que o log7 (x ) aparece
ao quadrado, constata-se que se tem uma inequação do 2o grau na
variável log7 (x ) . Faz-se, então, a mudança de variável:
206
log7 (x ) = t ,
e obtém-se:
t2 + t − 2 > 0 .
Assim vem:
t 2 + t − 2 = 0 Ÿ t = −2 ou t = 1 .
A Figura 6 mostra o estudo de sinal da função y = t 2 + t − 2 .

FIGURA 6

Logo, os valores de t que satisfazem a inequação t 2 + t − 2 > 0 são


aqueles que são menores do que –2 ou maiores do que 1, ou seja,
tem-se:
• t < −2 :
log7 (x ) < −2 Ÿ log7 (x ) < −2 ⋅ log7 (7 )Ÿ log7 (x ) < log7 (7 )−2 ;
sendo a base maior do que 1, vem:
2
−2 §1· 1
x < (7 ) Ÿx<¨ ¸ Ÿx< .
©7¹ 49
• t >1:
log7 (x ) > 1Ÿ log7 (x ) > log7 (7 )Ÿ x > 7 .
Lembrando que se deve ter x > 0, conclui-se que o conjunto-solução
da inequação logarítmica dada é:
­ 1 ½ § 1 ·
S = ®x ∈R / 0 < x < ∨ x > 7 ¾ = ¨ 0, ¸  (7,+∞ ) .
¯ 49 ¿ © 49 ¹
21 FUNÇÕES HIPERBÓLICAS

As funções hiperbólicas foram introduzidas em 1757, por Vicenzo


Riccati. Essas funções descrevem o movimento de ondas em sólidos
elásticos e a forma de fios flexíveis e homogêneos, quando suspen-
sos entre dois pontos na mesma altura, como, por exemplo, os fios
da rede elétrica entre dois postes.
As funções hiperbólicas são análogas, em muitos aspectos, às fun-
ções trigonométricas e têm a mesma relação com a hipérbole que as
funções trigonométricas têm com o ciclo trigonométrico.
Primeiramente, é preciso recordar a definição de medida de um ân-
gulo no ciclo trigonométrico, em radianos: um ângulo mede θ radi-
anos se o arco de circunferência determinado por ele mede θ unida-
des de comprimento.

FIGURA 1

Sabendo que um ângulo de θ radianos determina um setor circular


θ
de área unidades de área no ciclo trigonométrico, pode-se dizer
2
que um ângulo mede θ radianos se o setor circular determinado por
θ
ele mede unidades de área.
2
1
Na Figura 1, tem-se que a área do setor circular AOP é: A s = ⋅ θ .
2
Esta é a maneira usada para definir medidas de ângulos na hipérbo-
208
le, ou seja, é preciso calcular a área do setor hiperbólico determina-
do. Um ponto sobre a hipérbole de equação x 2 − y 2 = 1 define um
setor OAP e um ângulo AÔP (Figura 2).

FIGURA 2

Diz-se que o ângulo AÔP mede θ se a área do setor OAP é igual a


θ
unidades de área.
2

Definição das funções hiperbólicas

Considere-se a hipérbole de equação x 2 − y 2 = 1 e seu gráfico no


plano Oxy. Tomando-se um ponto P sobre a curva, de modo que o
θ
setor OAP tenha área unidades, o ângulo AÔP tem medida θ .
2
Seja t a reta tangente à hipérbole em A (Figura 3).
Definem-se:
• cosseno hiperbólico de θ : cosh θ = OQ ;
• seno hiperbólico de θ : senhθ = QP ;
• tangente hiperbólica de θ : tghθ = AR .
Além dessas funções, têm-se as seguintes:
209
1
• cotangente hiperbólica de θ : cot ghθ = ;
tghθ
1
• secante hiperbólica de θ : sec hθ = ;
cosh θ
1
• cossecante hiperbólica de θ : cos sec hθ = .
senhθ

FIGURA 3

Relações para as funções hiperbólicas

1) O ponto P pertence à hipérbole; logo, suas coordenadas satisfa-


zem a equação da curva, ou seja:
x 2 − y 2 = 1 Ÿ (OQ )2 − (QP )2 = 1 ou cosh 2 θ − senh 2 θ = 1

2) Na Figura 3, vê-se que os triângulos OQP e OAR são semelhan-


tes. Então:
AR QP senhθ
= , ou seja, tghθ =
1 OQ cosh θ

3) Usando-se as relações anteriores, provam-se as seguintes relações


conseqüentes:
senh 2 θ cosh 2 θ − senh 2 θ 1
• 1 − tgh 2 θ = 1 − 2
= 2
= 2
= sec h 2 θ
cosh θ cosh θ cosh θ
210
∴ 1 − tgh 2 θ = sec h 2 θ
cosh 2 θ senh 2 θ − cosh 2 θ 1
• cot gh 2 θ − 1 = 2
= 2
= 2
= cos sec h 2 θ
senh θ senh θ senh θ
2 2
∴ cot gh θ − 1 = cos sec h θ

Expressão para senhθ e coshθ em função de eθ

Considerando-se, novamente, a hipérbole de equação x 2 − y 2 = 1 , a


qual é obtida da hipérbole de equação x ⋅ y = 1 , através da rotação
π
de um ângulo de nos eixos Ox e Oy, e a definição de medida de
4
ângulos na hipérbole, mostra-se que:
eθ − e −θ e θ + e −θ
senhθ = e que cosh θ = .
2 2
Dessas duas expressões, seguem-se as seguintes:
e θ − e −θ e θ + e −θ
(a) senhθ + cosh θ = + = eθ ;
2 2
θ −θ
e −e
senhθ e θ − e −θ
(b) tghθ = = θ 2 −θ = θ ;
cosh θ e + e e + e −θ
2
Equivalentemente, pode-se escrever:
1 e 2⋅θ − 1
eθ − 2⋅θ
eθ − e−θ eθ = eθ = e − 1 ;
tghθ = = 2⋅ θ 2⋅θ
eθ + e−θ 1
eθ + θ e + 1 e + 1
e eθ
1 e θ + e −θ e 2⋅θ + 1
(c) cot ghθ = = θ ou cot gh θ = ;
tghθ e − e − θ e 2⋅θ − 1
1 2
(d) sec hθ = = θ ;
cosh θ e + e −θ
1 2
(e) cos sec hθ = = θ .
senhθ e − e −θ
211
Gráficos e propriedades

1) Seno hiperbólico
e x − e−x
Considere-se a função y = senhx = . Pode-se escrever:
2
1 x § 1 −x ·
y = senhx = ⋅e + ¨− ⋅e ¸ .
2 © 2 ¹
Assim, para obter o gráfico da função y = senhx , constroem-se os
1 1
gráficos das funções exponenciais y1 = ⋅ e x e y 2 = − ⋅ e − x e
2 2
somam-se as respectivas ordenadas.
Por exemplo, para x = 0, tem-se:
­ 1 0 1
°° y1 = 2 ⋅ e = 2 1 § 1·
x = 0Ÿ ® Ÿ y = y1 + y 2 = + ¨ − ¸ = 0 .
° y = − 1 ⋅ e −0 = − 1 2 © 2¹
°¯ 2 2 2
Logo, o ponto (0,0 ) pertence ao gráfico da função y = senhx . Ob-
serve-se, ainda, que, como e x > 0 e e − x > 0 , para todo número real
x, vem:
(I) e x > 0 Ÿ 0 < e x Ÿ 0 − e − x < e x − e − x Ÿ − e − x < e x − e − x
(II) e − x > 0 Ÿ − e − x < 0 Ÿ − e − x + e x < 0 + e x Ÿ e x − e − x < e x
De (I) e (II), conclui-se que:
− e−x < ex − e−x < ex ,
ou seja,
e−x ex − e−x ex
− < < ,
2 2 2
ou, ainda,
e−x ex
− < senhx < .
2 2
Logo, o gráfico da função y = senhx situa-se entre os gráficos das
1 1
funções y1 = ⋅ e x e y 2 = − ⋅ e − x . Além disso, a função
2 2
y = senhx é ímpar, pois:
e − x − e − (− x ) e − x − e x ex − e−x
senh(− x ) = = =− = −senhx ;
2 2 2
212
portanto, seu gráfico apresenta simetria em relação à origem do sis-
tema de coordenadas cartesianas ortogonais, como se pode ver na
Figura 4.

FIGURA 4

Têm-se, assim, as seguintes propriedades para a função


f (x ) = senhx :
(1) D(f ) = R e Im(f ) = R , ou seja, − ∞ < senhx < +∞ . Logo, a fun-
ção y = senhx não é uma função limitada, como ocorre com a fun-
ção trigonométrica y = senx ;
(2) a função é ímpar;
(3) a função é estritamente crescente;
(4) a função é bijetora;
1 1
(5) os gráficos das funções y1 = ⋅ e x e y 2 = − ⋅ e − x são assínto-
2 2
tas curvilíneas do gráfico de f .

2) Cosseno hiperbólico
e x + e−x
Considere-se a função y = cosh x = , que pode ser escrita
2
na forma:
213
1 x 1 −x
y = cosh x = ⋅e + ⋅e .
2 2
Portanto, para obter o gráfico da função y = cosh x , constroem-se os
1 1
gráficos das funções exponenciais y1 = ⋅ e x e y 2 = ⋅ e − x e so-
2 2
mam-se as respectivas ordenadas.
Por exemplo, para x = 0, tem-se:
­ 1 0 1
°° y1 = 2 ⋅ e = 2 1 1
x = 0Ÿ ® Ÿ y = y1 + y 2 = + = 1 .
° y = 1 ⋅ e −0 = 1 2 2
°¯ 2 2 2
Logo, o ponto (0,1) pertence ao gráfico da função y = cosh x . Além
disso, a função y = cosh x é par, pois:
e − x + e − (− x ) e − x + e x e x + e − x
cosh(− x ) = = = = cosh x ;
2 2 2
portanto, seu gráfico apresenta simetria em relação ao eixo Oy, co-
mo se pode ver na Figura 5.

FIGURA 5

Têm-se, assim, as seguintes propriedades para a função


f (x ) = cosh x :
(1) D(f ) = R e Im(f ) = [1,+∞ ) , ou seja, 1 ≤ cosh x < +∞ . Portanto, a
função y = cosh x não é uma função limitada, como ocorre com a
função trigonométrica y = cos x ;
(2) a função é par;
(3) a função é decrescente, para x < 0 , e crescente, para x > 0 ;
214
1 x 1
(4) os gráficos das funções y1 = ⋅ e e y 2 = ⋅ e − x são assíntotas
2 2
curvilíneas do gráfico de f .

Observação: Prova-se, usando os princípios da Física, que um cabo


flexível (como, por exemplo, uma linha telefônica ou um cabo de e-
letricidade) suspenso entre dois pontos de mesma altura assume a
forma de uma curva, chamada catenária, cuja equação é
§x·
y = a ⋅ cosh ¨ ¸ , onde a e b são constantes adequadas ao problema.
©b¹

3) Tangente hiperbólica
e x − e −x
Considere-se, a função y = tghx = .
e x + e −x
Essa função está definida para todos os números reais, já que o de-
nominador é sempre positivo.
Para x = 0, tem-se:
e 0 − e −0 1 − 1
x = 0 Ÿ tgh (0 ) = 0 = = 0.
e + e −0 1 + 1
Logo, o ponto (0,0 ) pertence ao gráfico da função y = tghx . Além
disso, a função y = tghx é ímpar, pois:
senh(− x ) − senhx
tgh (− x ) = = = − tghx ;
cosh (− x ) cosh x
pode-se, também, fazer:
e (− x ) − e − (− x ) e − x − e x ex − e−x
tgh (− x ) = (− x ) −(−x ) = − x = − = − tghx .
e +e e + ex e x + e −x
Assim, seu gráfico apresenta simetria em relação à origem do siste-
ma de coordenadas cartesianas ortogonais. Observe-se, ainda, que:
ex − e−x ex + e−x
(I) e x − e − x < e x + e − x Ÿ x < Ÿ tghx < 1
e + e− x ex + e− x
( )
(II) − e x < e x Ÿ − e x − e − x < e x − e − x Ÿ − e x + e − x < e x − e − x Ÿ
x −x x −x
e +e e −e
Ÿ− x −x
< Ÿ − 1 < tghx
e +e e x + e −x
De (I) e (II), conclui-se que − 1 < tghx < 1 , ou seja, a função
y = tghx é limitada. A Figura 6 mostra o gráfico de f .
215

FIGURA 6

Têm-se as seguintes propriedades para a função f (x ) = tghx :


(1) D(f ) = R e Im(f ) = (− 1,1) , ou seja, − 1 < tghx < 1 . Portanto, a
função y = tghx é limitada, ao contrário do que ocorre com a fun-
ção trigonométrica y = tgx ;
(2) a função é ímpar;
(3) a função é estritamente crescente;
(4) a função é bijetora em seu domínio;
(5) as retas y = -1 e y = 1 são assíntotas horizontais do gráfico de f .

4) Cotangente hiperbólica
e x + e −x
Considere-se a função y = cot ghx = .
e x − e −x
Observe-se que, para que a função esteja definida, deve-se ter:
e x − e − x ≠ 0 , ou seja:
1 e 2⋅x − 1
ex − x ≠ 0 Ÿ ≠ 0.
e ex
Uma vez que e x > 0, ∀x ∈ R , vem:
e 2⋅x − 1 ≠ 0 , ou seja , e 2⋅x ≠ 1 .
Para que isso ocorra, deve-se ter 2 ⋅ x ≠ 0 , isto é, x ≠ 0 .
Assim, o domínio da função y = cot ghx é:
D = R ∗ = R − {0} = (− ∞,0) ∪ (0,+∞ ) .
A função y = cot ghx é ímpar, pois:
216
1 1
cot gh (− x ) = =− = − cot ghx ;
tgh (− x ) tghx
pode-se, também, fazer:
e ( − x ) + e − (− x ) e − x + e x ex + e−x
cot gh (− x ) = (−x ) −(−x ) = − x = − = − cot ghx .
e −e e − ex e x − e −x
Logo, seu gráfico apresenta simetria em relação à origem do sistema
de coordenadas cartesianas ortogonais. Observe-se, ainda, que:
(I) para x > 0 , tem-se:
e x − e−x e x + e−x
ex − e− x < ex + e− x Ÿ x < Ÿ 1 < cot ghx
e − e− x e x − e− x
(II) para x < 0 , tem-se que e x < e − x e, portanto, e x − e − x < 0 . En-
tão, vem:
( )
− e x < e x Ÿ − e x + e−x < e x + e−x Ÿ − e x − e −x < e x + e −x Ÿ
e x − e−x ex + e−x
Ÿ− > Ÿ − 1 > cot ghx ou cot ghx < −1
ex − e− x ex − e− x
De (I) e (II), conclui-se que cot ghx < −1 ou cot ghx > 1 e, portanto,
a função não é limitada. A Figura 7 mostra o gráfico de f.

FIGURA 7
217
Têm-se as seguintes propriedades para a função f (x ) = cot ghx :
(1) D(f ) = R − {0} e Im(f ) = (− ∞,−1) ∪ (1,+∞ ) ;
(2) a função é ímpar;
(3) a função é estritamente decrescente;
(4) a função é bijetora em seu domínio;
(5) as retas y = -1 e y = 1 são assíntotas horizontais e a reta x = 0 é
assíntota vertical do gráfico de f .

5) Secante hiperbólica
2
Considere-se a função y = sec hx = .
x
e + e− x
Assim como ocorre com a função y = tghx , o domínio dessa função
é R . Para x = 0, tem-se:
2 2
x = 0 Ÿ sec h (0) = 0 −0
= = 1,
e +e 1+1
ou seja, o ponto (0,1) pertence ao gráfico da função.
A função y = sec hx é par, pois:
1 1
sec h (− x ) = = = sec hx ;
cosh(− x ) cosh x
pode-se, também, fazer:
2 2
sec h (− x ) = (−x ) −(− x ) = − x = sec hx .
e +e e + ex
Logo, seu gráfico apresenta simetria em relação ao eixo Oy. Obser-
ve-se, ainda, que sec hx > 0 , para todo número real x. Além disso,
tem-se:
e x + e −x e x + e −x 2
cosh x ≥ 1Ÿ ≥ 1Ÿ e x + e − x ≥ 2 Ÿ x x
≥ x Ÿ
2 e +e −
e + e −x
2
Ÿ1 ≥ x
e + e −x
Conclui-se, assim, que 0 < sec hx ≤ 1 e, portanto, a função é limita-
da. Na Figura 8 vê-se o seu gráfico.
Têm-se as seguintes propriedades para a função f (x ) = sec hx :
(1) D(f ) = R e Im(f ) = (0,1] ;
(2) a função é par;
(3) a função é crescente, para x < 0 , e decrescente, para x > 0 ;
(4) a reta y = 0 é assíntota horizontal do gráfico de f e a reta y = 1 é
218
tangente ao gráfico no ponto (0,1) .

FIGURA 8

6) Cossecante hiperbólica
2
Considere-se a função y = cos sec hx = .
e − e −x
x

A exemplo da análise que se fez para a função y = cot ghx , para que
a função esteja definida, deve-se ter:
e x − e −x ≠ 0 .
Repetindo-se o procedimento efetuado anteriormente, conclui-se que
o domínio da função dessa função é:
D = R ∗ = R − {0} = (− ∞,0) ∪ (0,+∞ ) .
A função y = cos sec hx é ímpar, pois:
1 1
cos sec h (− x ) = =− = − cos sec hx ;
senh(− x ) senhx
ou:
2 2 2
cos sec h (− x ) = (−x ) −(− x ) = − x x
=− x = − cos sec hx .
e −e e −e e − e −x
Logo, seu gráfico apresenta simetria em relação à origem do sistema
de coordenadas cartesianas ortogonais. Observe-se, ainda, que:
(I) para x > 0 , tem-se:
e x > e − x Ÿ e x − e − x > 0 Ÿ cos sec hx > 0
(II) para x < 0 , tem-se:
e x < e − x Ÿ e x − e − x < 0 Ÿ cos sec hx < 0
A Figura 9 mostra o gráfico da função.
Têm-se as seguintes propriedades para a função f (x ) = cos sec hx :
219
(1) D(f ) = R − {0} e Im(f ) = R − {0} ;
(2) a função é ímpar;
(3) a função é estritamente decrescente;
(4) a função é bijetora em seu domínio;
(5) as retas y = 0 e x = 0 são, respectivamente, assíntotas horizontal
e vertical do gráfico de f .

FIGURA 9

Funções hiperbólicas inversas

1) Função inversa da função seno hiperbólico


e x − e−x
Considere-se a função y = senhx = ; conforme se viu, essa
2
função tem domínio e imagem iguais a R, ou seja, a função é tal
que:
f :R → R
,
x  y = senhx
sendo bijetora. Assim, é possível definir sua inversa, que também te-
rá domínio e imagem iguais a R e será denotada por senh −1x . Ou
seja, define-se a função:
220
f −1 : R → R
.
x  y = senh −1x
A função inversa do seno hiperbólico é também chamada argumento
do seno hiperbólico e denotada por y = arg senhx .
Para se obter a expressão da função inversa, procede-se da maneira
usual:
e x − e−x
(a) isola-se a variável x na expressão y = senhx = :
2
e x − e −x 1
y= Ÿ 2 ⋅ y = e x − e −x Ÿ 2 ⋅ y = e x − x Ÿ
2 e
Ÿ 2 ⋅ y ⋅ e x = e 2⋅x − 1 Ÿ e 2⋅x − 2 ⋅ y ⋅ e x − 1 = 0
Tem-se, assim, uma equação do 2º grau na variável e x , pois:
( )
e 2⋅ x − 2 ⋅ y ⋅ e x − 1 = 0 Ÿ e x
2
− 2 ⋅ y ⋅ ex − 1 = 0 ;
então:
(
∆ = 4 ⋅ y2 + 4 = 4 ⋅ y2 +1 )
e vem:
x 2 ⋅ y ± 2 ⋅ y2 +1
e = = y ± y2 +1 .
2
Uma vez que e x > 0 , para todo número real x, despreza-se a raiz
y − y 2 + 1 , pois:
y≤ y e y2 = y ∴ y ≤ y2 ;
então:
y ≤ y2 Ÿ y < y2 +1 Ÿ y − y2 +1 < 0 .
Conclui-se, assim, que:
ex = y + y2 +1 ,
de onde se segue que:
x = ln§¨ y + y 2 + 1 ·¸ .
© ¹
(b) trocam-se as variáveis x e y, para se obter a expressão da função
inversa com y em função de x e tem-se:
y = ln§¨ x + x 2 + 1 ·¸ ou seja, y = senh −1x = ln§¨ x + x 2 + 1 ·¸ .
© ¹ © ¹
221
Lembrando que os gráficos de duas funções inversas entre si são si-
métricos em relação à reta de equação y = x , obtém-se o gráfico de
f −1 (Figura 10).

FIGURA 10

2) Função inversa da função cosseno hiperbólico


e x + e−x
Considere-se a função y = cosh x = ; nesse caso, seu con-
2
junto domínio é R e seu conjunto imagem é [1,+∞ ) . Tomando-se:
f : R → [1,+∞ )
,
x  y = cosh x
tem-se que a função é sobrejetora, mas não é injetora e, portanto,
não admite inversa. Para que seja possível definir sua inversa, faz-se
uma restrição no conjunto domínio: usualmente, consideram-se ape-
nas os números reais maiores ou iguais a zero, isto é, toma-se o con-
junto R + = [0,+∞ ) , embora se pudesse tomar, alternativamente, o
conjunto (− ∞,0] como domínio da função cosh x .
Tem-se, assim, a função:
f : [0,+∞ ) → [1,+∞ )
.
x  y = cosh x
222
Dessa forma, f torna-se bijetora e pode-se determinar sua inversa,
que será:
f −1 : [1,+∞ ) → [0,+∞ )
.
x  y = cosh −1 x
Obtém-se, agora, a expressão da função inversa:
e x + e−x
(a) isola-se a variável x na expressão y = cosh x = :
2
e x + e −x 1
y= Ÿ 2 ⋅ y = e x + e −x Ÿ 2 ⋅ y = e x + x Ÿ
2 e
Ÿ 2 ⋅ y ⋅ e x = e 2⋅x + 1Ÿ e 2⋅x − 2 ⋅ y ⋅ e x + 1 = 0
Resolve-se a equação do 2º grau na variável e x :
( )
e 2⋅ x − 2 ⋅ y ⋅ e x + 1 = 0 Ÿ e x
2
− 2 ⋅ y ⋅ ex + 1 = 0 ;
então:
(
∆ = 4 ⋅ y2 − 4 = 4 ⋅ y2 −1 )
e vem:
x 2 ⋅ y ± 2 ⋅ y2 −1
e = = y ± y2 −1 .
2
Uma vez que y ≥ 1 , segue-se que ambas as raízes são positivas e
podem se consideradas. Assim, vem:
e x = y + y 2 − 1 , ou e x = y − y 2 − 1

De e x = y + y 2 − 1 , vem que x = ln§¨ y + y 2 − 1 ·¸ , que é maior ou


© ¹
igual a zero, já que o logaritmando é maior ou igual a 1.
De e x = y − y 2 − 1 , vem que x = ln§¨ y − y 2 − 1 ·¸ , que é menor ou
© ¹
igual a zero, já que o logaritmando é menor ou igual a 1. Como, pela
definição da função f , tem-se que x ≥ 0 , conclui-se que
x = ln§¨ y + y 2 − 1 ·¸ .
© ¹
(b) trocam-se as variáveis x e y, para se obter a expressão da função
inversa com y em função de x e tem-se:
y = ln§¨ x + x 2 − 1 ·¸ ou seja, y = cosh −1 x = ln§¨ x + x 2 − 1 ·¸ .
© ¹ © ¹
A Figura 11 mostra os gráficos das duas funções f e f −1 , que são
223
simétricos em relação à reta de equação y = x .

FIGURA 11

3) Função inversa da função tangente hiperbólica


e x − e − x e 2⋅ x − 1
Considere-se a função y = tghx = x = ; conforme se
e + e − x e 2⋅ x + 1
viu, essa função tem domínio igual a R e imagem (− 1,1) , ou seja, a
função é tal que:
f : R → (− 1,1)
,
x  y = tghx
sendo bijetora. Assim, é possível definir sua inversa, cujo conjunto
domínio será (− 1,1) e cuja imagem será R , e será denotada por
tgh −1x , isto é:
f −1 : (− 1,1) → R
.
x  y = tgh −1x
Obtenção de f −1 :
(a) isola-se a variável x na expressão da função
e x − e − x e 2⋅ x − 1
y = tghx = x = :
e + e − x e 2⋅ x + 1
e 2⋅x − 1
y = 2⋅x ( )
Ÿ y ⋅ e 2⋅x + 1 = e 2⋅x − 1 Ÿ e 2⋅x ⋅ (y − 1) = − y − 1 Ÿ
e +1
y +1 y +1 § y + 1· 1 § y + 1·
Ÿ e 2⋅x = − = Ÿ 2 ⋅ x = ln¨¨ ¸¸ Ÿ x = ⋅ ln¨¨ ¸
y −1 1− y ©1− y ¹ 2 © 1 − y ¸¹
224
y +1
Uma vez que se tem − 1 < y < 1 , a expressão é sempre positi-
1− y
va.
(b) trocam-se as variáveis x e y e tem-se:
1 § x +1· −1 1 § x +1·
y = ⋅ ln ¨ ¸ ou seja , y = tgh x = ⋅ ln¨ ¸.
2 ©1− x ¹ 2 ©1− x ¹
Os gráficos de f e de f −1 são mostrados na Figura 12.

FIGURA 12

3) Função inversa da função cotangente hiperbólica


e x + e − x e 2⋅ x + 1
Considere-se a função y = cot ghx = x = ; conforme
e − e − x e 2⋅ x − 1
se viu, essa função tem domínio igual a R − {0} e imagem
(− ∞,−1) ∪ (1,+∞ ) , ou seja, a função é tal que:
f : R − {0} → (− ∞,−1) ∪ (1,+∞ )
,
x  y = cot ghx
sendo bijetora em seu domínio. Assim, é possível definir sua inver-
sa, cujo conjunto domínio será (− ∞,−1) ∪ (1,+∞ ) e cuja imagem se-
rá R − {0} , e será denotada por cot gh −1x , isto é:
225
−1
f : (− ∞,−1) ∪ (1,+∞ ) → R − {0}
.
x  y = cot gh −1x
Obtenção de f −1 :
(a) isola-se a variável x na expressão da função
e x + e − x e 2⋅x + 1
y = cot ghx = x = :
e − e −x e 2⋅x − 1
e 2⋅x + 1
y=
e 2⋅x
−1
( )
Ÿ y ⋅ e 2⋅x − 1 = e 2⋅x + 1Ÿ e 2⋅x ⋅ (y − 1) = y + 1Ÿ

y +1 § y +1· 1 § y +1·
Ÿ e 2⋅x = Ÿ 2 ⋅ x = ln¨¨ ¸¸ Ÿ x = ⋅ ln¨¨ ¸
y −1 © y −1¹ 2 © y − 1 ¸¹
y +1
Uma vez que se tem y ∈ (− ∞,−1) ∪ (1,+∞ ) , a expressão é
y −1
sempre positiva.
(b) trocam-se as variáveis x e y e tem-se:
1 § x +1· −1 1 § x +1·
y = ⋅ ln¨ ¸ ou seja , y = cot gh x = ⋅ ln¨ ¸.
2 © x −1 ¹ 2 © x −1 ¹
Os gráficos de f e de f −1 são mostrados na Figura 13.

FIGURA 13
226
5) Função inversa da função secante hiperbólica
2
Considere-se a função y = sec hx = x ; nesse caso, seu con-
e + e− x
junto domínio é R e seu conjunto imagem é (0,1] , ou seja, tem-se a
função:
f : R → (0,1]
.
x  y = sec hx
Observe que a função é sobrejetora, mas não é injetora e, portanto,
não admite inversa. Para que seja possível definir sua inversa, faz-se
uma restrição no conjunto domínio: consideram-se apenas os núme-
ros reais maiores ou iguais a zero, isto é, toma-se o conjunto
R + = [0,+∞ ) . Tem-se, assim, a função:
f : [0,+∞ ) → (0,1]
.
x  y = sec hx
Dessa forma, f torna-se bijetora e pode-se determinar sua inversa,
que será:
f −1 : (0,1] → [0,+∞ )
.
x  y = sec h −1x
Obtém-se, agora, a expressão da função inversa:
2
(a) isola-se a variável x na expressão y = sec hx = :
e + e− x
x

2 2 2 ⋅ ex
y= x
e +e −x
Ÿy =
1
Ÿ y=
e 2⋅x
+1
( )
Ÿ y ⋅ e 2⋅x + 1 = 2 ⋅ e x Ÿ
ex +
ex
Ÿ y ⋅ e 2⋅x − 2 ⋅ e x + y = 0
Resolve-se a equação do 2º grau na variável e x :
y ⋅ e 2⋅ x − 2 ⋅ e x + y = 0 Ÿ y ⋅ e x( )2
− 2 ⋅ ex + y = 0 ;
então:
(
∆ = 4 − 4 ⋅ y2 = 4 ⋅ 1 − y2 )
e vem:
2 ± 2 ⋅ 1 − y2 1 ± 1 − y2
ex = = .
2⋅ y y
Uma vez que 0 < y ≤ 1 , segue-se que ambas as raízes são positivas e
227
podem se consideradas. Assim, vem:
1 + 1 − y2 1 − 1 − y2
ex = , ou e x = .
y y
1 + 1 − y2 § 1 + 1 − y2 ·
De e = x
, vem que x = ln¨¨ ¸ , que é maior ou
¸¸
y ¨ y
© ¹
igual a zero, já que o logaritmando é maior ou igual a 1.
1 − 1 − y2 § 1 − 1 − y2 ·
De e x = , vem que x = ln¨¨ ¸ , que é menor ou
¸¸
y ¨ y
© ¹
igual a zero, já que o logaritmando é menor ou igual a 1. Uma vez
que, pela definição da função f , tem-se que x ≥ 0 , conclui-se que
§ 1 + 1 − y2 ·
x = ln¨¨ ¸.
¨ y ¸¸
© ¹
(b) trocam-se as variáveis x e y, para se obter a expressão da função
inversa com y em função de x e tem-se:
§1+ 1− x2 · § 2 ·
y = ln¨ ¸ ou seja, y = sec h −1x = ln¨ 1 + 1 − x ¸ .
¨ x ¸ ¨ x ¸
© ¹ © ¹
A Figura 14 mostra os gráficos das duas funções f e f −1 .

FIGURA 14
228
5) Função inversa da função cossecante hiperbólica
2
Considere-se a função y = cos sec hx = x ; nesse caso, têm-se
e − e −x
os conjuntos domínio e imagem iguais a R − {0} , ou seja, tem-se a
função:
f : R − {0}→ R − {0}
,
x  y = cos sec hx
que é bijetora em seu domínio e, portanto, admite inversa, que será:
f −1 : R − {0} → R − {0}
.
x  y = cos sec h −1x
Obtém-se, agora, a expressão da função inversa:
2
(a) isola-se a variável x na expressão y = cos sec hx = x :
e − e −x
2 2 2 ⋅ ex
y= x Ÿ y = Ÿ y = Ÿ
e − e −x x
e − x
1 e 2⋅x
− 1
e
( )
Ÿ y ⋅ e 2⋅x − 1 = 2 ⋅ e x Ÿ y ⋅ e 2⋅x − 2 ⋅ e x − y = 0
Resolve-se a equação do 2º grau na variável e x :
( )
y ⋅ e 2⋅ x − 2 ⋅ e x − y = 0 Ÿ y ⋅ e x
2
− 2 ⋅ ex − y = 0 ;
então:
(
∆ = 4 + 4 ⋅ y2 = 4 ⋅ 1 + y2 )
e vem:
x 2 ± 2 ⋅ 1+ y2 1± 1+ y2
e = = .
2⋅ y y
Observe que:
• para y < 0 , o denominador da expressão anterior é negativo; então
deve-se ter o numerador também negativo, ou seja, considera-se a
1 − 1 + y2
expressão e x = e vem:
y
1− 1+ y2 § 1 − 1 + y2 ·
ex = Ÿ x = ln¨¨ ¸.
¸¸
y ¨ y
© ¹
• para y > 0 , o denominador da expressão é positivo e, portanto,
229
deve-se ter o numerador também positivo, isto é, considera-se a ex-
1 + 1 + y2
pressão e x = , de onde se segue que:
y
1 + 1 + y2 § 1 + 1 + y2 ·
x
e = Ÿ x = ln¨¨ ¸.
¸¸
y ¨ y
© ¹
(b) trocam-se as variáveis x e y e tem-se:
• para y < 0 :
§1− 1+ x2 · § 2 ·
y = ln¨ ¸ ou seja, y = cos sec h −1x = ln¨ 1 − 1 + x ¸.
¨ x ¸ ¨ x ¸
© ¹ © ¹
• para y > 0 :
§1+ 1+ x2 · § 2 ·
y = ln¨ ¸ ou seja, y = cos sec h −1x = ln¨ 1 + 1 + x ¸.
¨ x ¸ ¨ x ¸
© ¹ © ¹
Na Figura 15 vêem-se os gráficos de f e f −1 .

FIGURA 15
22 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Bookman, 2000.

BIANCHINI, E.; PACCOLA, H. Matemática. V. 1. São Paulo:


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limite, derivação, integração. 5. ed. São Paulo: Makron Books,
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(Coleção Fundamentos de Matemática Elementar, 2).

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Paulo: Atual, 1993. (Coleção Fundamentos de Matemática
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PISKUNOV, N. Cálculo diferencial e integral. V. 1. Moscou: Mir,


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Matemática. V. 1. São Paulo: Instituto Brasileiro de Edições
Pedagógicas, 1967.
232
SHERVATOV, V. G. Hyperbolic functions. Boston: D. C. Heath,
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Reverté, 1972.

STEWART, J. Cálculo. V. 1. 4. ed. São Paulo: Pioneira, 2001.

SWOKOWSKI, E.W. Cálculo com geometria analítica. V. 1. 2.


ed.São Paulo: Makron Books, 1994.

THOMAS, G. B. Cálculo. V. 1. São Paulo: Pearson Education do


Brasil, 2002.
As autoras

Eliete Maria Gonçalves é licenciada em Matemática pela Fundação


Educacional de Bauru - FEB (1977), mestre em Matemática (Fun-
damentos da Matemática) pela Unesp (1994) e doutora em Agrono-
mia (Energia na Agricultura) pela Unesp (2000). Em 1978, ingres-
sou no Departamento de Matemática da FEB, posteriormente incor-
porada à Unesp, onde desenvolve seu trabalho docente e direciona
suas pesquisas para o Ensino de Matemática.

Vanilda Miziara Mello Chueiri é licenciada e bacharel em Matemá-


tica pela Fundação Educacional de Bauru - FEB (1976), mestre em
Ciências (Equações Diferenciais) pelo Instituto de Matemática da
UFRJ (1981) e doutora em Agronomia (Energia na Agricultura) pela
Unesp (1994). Em 1977, ingressou no Departamento de Matemática
da FEB, posteriormente incorporada à Unesp, onde desenvolve seu
trabalho docente e direciona suas pesquisas para o Ensino de Mate-
mática.

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