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Manual de Apoio

UFCD 4742 – Manutenção de equipamentos - princípios básicos

Formador

Adilson Neves

Dezembro, 2017
Índice
Definição de Manutenção.............................................................................................................. 3
A Função da Manutenção ............................................................................................................. 3
Objetivos da Função Manutenção .................................................................................................. 4
Tipos de manutenção ................................................................................................................... 4
Custos da Manutenção ................................................................................................................. 7
Realização de um Plano de Manutenção, Aplicável a um Equipamento............................................. 8
1º Exemplo: Torno Mecânico ..................................................................................................... 8
2º Exemplo: Bomba de Água, de um Sistema de Refrigeração ..................................................... 9
3º Exemplo: Motor Elétrico ........................................................................................................ 9
Organização de um Serviço de Manutenção Preventiva................................................................. 10
Bibliografia................................................................................................................................. 12
Definição de Manutenção

Entende-se por manutenção o conjunto das ações que têm por fim executar as operações
necessárias para que os equipamentos sejam mantidos ou restabelecidos num estado
especificado ou com possibilidade de assegurar um serviço determinado, por um custo global
mínimo.

Em termos operacionais pretende-se que:


• seja permitida uma execução normal das operações fabris nas melhores condições de
custo, segurança e qualidade, como é o caso da manutenção dos equipamentos da produção.
• seja fornecido um serviço nas melhores condições de conforto e custo, como é o caso
de serviços prestados na área dos transportes, hospitais e serviços em geral.

Fazer manutenção é, portanto, por exemplo, efetuar as operações de lubrificação, observação


dos equipamentos, reparação e melhoramentos, que permitem conservar o estado do
equipamento, de forma a assegurar a continuidade e qualidade da produção, sendo que fazer
uma boa manutenção é executar todas estas operações por um custo global mínimo.

A Função da Manutenção

Para responder à realização das ações que devem ser efetuadas sobre os equipamentos, de
modo a garantir a respetiva operacionalidade, as organizações que os utilizam têm que
compreender, de forma explícita ou não, uma função de manutenção. Se essa compreensão for
levada a cabo de forma explícita, a organização compreende um serviço de manutenção.

A função manutenção deve ser efetuada ao longo do ciclo de vida de um equipamento,


compreendendo, de uma forma alargada, todas as ações que sobre este se realizem e que
tenham como objetivo garantir a sua operacionalidade de uma forma eficaz e económica.

Não se deve entender a função manutenção apenas como o conjunto de intervenções realizadas
diretamente sobre o equipamento. Pelo contrário, a função manutenção compreende também as
ações relacionadas com a fase de decisão sobre o tipo de equipamento a adquirir (sem incluir a
decisão da própria aquisição), o estudo do espaço envolvente para a sua implantação (de modo
a garantir as acessibilidades e todo o tipo de intervenções ao longo da vida útil), as questões
específicas do projeto relacionadas com a manutibilidade (facilidade de realização de ações de
manutenção) e a formação de operadores de manutenção do equipamento (atuais e futuros).

A manutenção tem que ter em conta a facilidade de obtenção de materiais consumíveis e de


peças de reserva, as condições de trabalho e a economia de custos, incluindo os custos
indiretos relacionados com as perdas de produção devidas a avarias.
Objetivos da Função Manutenção

Os objetivos da função manutenção são :

 o de melhorar a fiabilidade dos equipamentos, diminuindo o número de avarias


verificadas;
 melhorar a manutibilidade dos equipamentos, diminuindo os tempos de
reparação; e,
 consequentemente, aumentando a disponibilidade, através do aumento da
relação (tempo de funcionamento)/(tempo de não funcionamento).

Se estes objetivos forem conseguidos, outros de caráter económico se seguirão,


nomeadamente em relação a:

 Menores custos diretos – devido à maior produtividade do trabalho provocada pela


maior fiabilidade obtida nos equipamentos.

 Menor imobilizado em peças de reserva – dado que, num ambiente planeado, se


procura ter só o que se vai necessitar, encomendando o estritamente necessário.

 Economia de energia – resultante do melhor rendimento obtido nos equipamentos.

 Enriquecimento da empresa – que se traduz pelo “know-how” adquirido ao longo de


anos pela empresa na área da manutenção, que deixa, assim, de ficar disperso, ficando
finalmente bem arrumado e pronto a render benefícios.

Tipos de manutenção

Manutenção Planeada e Manutenção não Planeada

De acordo com a forma de atuar em relação a uma dada avaria ou anomalia, as intervenções de
manutenção podem ser, essencialmente, de duas naturezas:

• Manutenção não planeada, no caso em que as avarias ocorrem de forma súbita e


imprevisível;
• Manutenção planeada, no caso de a degradação de um dado equipamento se dar de
uma forma progressiva, de que é exemplo um ruído crescente e, portanto, permitir o
planeamento da ação de manutenção no momento mais oportuno.
Manutenção curativa e manutenção de melhoria

A manutenção curativa é efetuada após a constatação de uma anomalia num órgão, com o
objetivo de restabelecer as condições que lhe permitam cumprir a sua missão. Como será o caso
de uma anomalia se verificar de forma súbita, interrompendo o funcionamento do equipamento;
dizemos, neste caso, que ocorreu uma avaria catalítica e a manutenção tem de intervir de
emergência.

Quando o restabelecimento das condições de funcionamento só é possível através de alguma


alteração ao equipamento ou quando as condições de manutenção, tendo em vista a melhoria
da manutibilidade e/ou da fiabilidade, recomendam que essas alterações se façam, diz-se que a
manutenção é corretiva ou de melhoria.

Manutenção preventiva sistemática

As intervenções de manutenção preventiva sistemática desencadeiam-se periodicamente, com


base no conhecimento da lei de degradação aplicável ao caso do componente particular e de um
risco de falha assumido.

Um exemplo típico de tarefas que são efetuadas em regime de manutenção preventiva


sistemática é o que respeita às operações de lubrificação. Entre elas contam-se as
mudanças de óleo para equipamentos de pequeno e médio porte e as chamadas rotinas de
lubrificação.

As rotinas diárias saem sob a forma de programa de rotinas diárias, constituído por uma lista
organizada segundo o melhor percurso onde cada linha assinala uma rotina indicando o
responsável pelo trabalho. A ordenação desta lista tem em consideração o melhor itinerário na
instalação podendo ainda contemplar a agregação lógica de funcionário, produtos ou métodos
de lubrificação.

Manutenção preventiva condicionada

As intervenções por controlo de condição desencadeiam-se no fim de vida útil dos componentes
– momento em que é possível prever, medindo as tendências dos parâmetros que refletem a sua
degradação através das técnicas de controlo de condição, a taxa de degradação do
componente até ao eventual colapso/falha.

De acordo com esta filosofia de manutenção, deve-se proceder ao controlo sistemático da


condição dos equipamentos através da medição de parâmetros que o caracterizam de modo
a detetar as situações em que se ultrapassam os valores de referência para os parâmetros
selecionados, o que significa estar-se perante uma situação de início de avaria.
A deteção de anomalias pode ser obtida de várias formas: análises de vibrações, de
temperaturas, de contaminantes nos óleos ou, ainda de acordo com a natureza das
anomalias, líquidos penetrantes ou outras formas de diagnóstico.

A manutenção condicionada difere da manutenção sistemática por se ter passado da


execução de uma manutenção de forma sistemática para a execução de um controlo de
condição de forma sistemático, executando-se a manutenção só quando esta se torna
necessária.

Podemos generalizar e descrever as diferentes formas de manutenção segundo a forma


ilustrada na figura seguinte
Custos da Manutenção

Como se sabe, a manutenção e a gestão da manutenção, estão hoje sujeitas a inúmeros


desafios, postos pelas novas condicionantes da indústria. Os problemas energéticos, a
concorrência cada vez mais agressiva e a constante evolução técnica dos equipamentos de
produção, obrigam a modificações nas atuações dos quadros e executantes, do Serviço de
Manutenção, bem como, da Produção e da Área Comercial.

Por estas razões, entre outras, é que os Gerentes da maioria das empresas, não sabem quanto
lhes custa o Serviço de Manutenção, nem quais os custos de não possuírem tal serviço.

Os estudiosos desta matéria, afirmam que a manutenção, tem quatro funções:

 Manter o valor dos bens físicos da empresa;

 Evitar avarias e consequentes prejuízos diretos e indiretos do equipamento;

 Manter a eficiência da empresa;

 Manter a qualidade do produto fabricado.

O incumprimento de qualquer uma destas funções, representa um custo para a empresa, mas
não é fácil isolar estes custos ou atribuí-los especificamente a uma inadequada manutenção.

Os principais fatores a ter em conta na análise do custo total da manutenção, são os seguintes:

 Despesas com a Manutenção Preventiva, onde se inclui toda a rotina planeada de


lubrificação, de inspeção, de ajustamento, de substituição e de revisão geral, dos
equipamentos;
 Despesas com os outros tipos de manutenção, nomeadamente, Manutenção de Rotura,
quando surgem as avarias imprevistas;

 Despesas com os materiais, para uso imediato, ou para sobressalentes, como, por
exemplo, rolamentos, bombas, lubrificantes, peças e componentes de máquinas;

 Despesas de mão de obra, dos técnicos de manutenção, do chefe do Serviço de


Manutenção e de outros colaboradores;

 Despesas motivadas pelas paragens dos equipamentos, isto é, perdas de produção;

 Despesas inerentes ao Serviço de Manutenção, tais como, água, luz, gás, ar


comprimido, materiais consumíveis e telefone;

 Despesas com ferramentas, normais e especiais, sendo estas últimas, para trabalhos
específicos;

Dos fatores apresentados, alguns, são relativamente fáceis de quantificar, como, por exemplo, o
caso da mão de obra, mas, a maioria, encerra uma grande dificuldade. É, por exemplo, o caso
do custo da perda de produção, que depende muito do equilíbrio existente entre os níveis de
vendas e a capacidade produtiva, assim como, dos efeitos da concorrência dos mercados.

Face ao exposto, compreende-se facilmente que a maioria das empresas não consiga quantificar
corretamente, quanto lhes custa um Serviço de Manutenção, mas, com uma boa organização,
poderão chegar a um valor aproximado, que, certamente, lhes indicará ser mais vantajoso
possuir um Serviço de Manutenção, do que o não ter.

Realização de um Plano de Manutenção, Aplicável a um Equipamento

1º Exemplo: Torno Mecânico

O Plano de Manutenção para esta máquina, assenta na Manutenção Preventiva, isto é, dever-
se-á recorrer à inspeção visual regular (para verificar se existe algum mecanismo ou peça, com
sinais de desgaste acentuado. Caso exista, proceder-se-á à sua substituição, o mais rápido
possível, dado que não se coloca a questão da paragem da máquina e dos problemas de
Produção, que se verificam nas empresas) e à lubrificação periódica (das engrenagens e dos
diversos componentes móveis).

2º Exemplo: Bomba de Água, de um Sistema de Refrigeração

O Plano de Manutenção para este equipamento, terá por base, também, a aplicação da
Manutenção Preventiva, isto é, dever-se-á recorrer à inspeção visual regular (para verificar se
existe vibração excessiva, ruído excessivo ou desgaste de alguma peça) e à lubrificação
periódica (dos componentes interiores), a fim de evitar danos nos órgãos internos da bomba ou
baixa pressão do fluido, que poderia comprometer o sistema de refrigeração.

Por outro lado, nas instalações equipadas com bombas, tem muito interesse dispor-se de «um
equipamento de reserva», para o caso de falhar a Manutenção Preventiva, que possa pôr-se
rapidamente em marcha, com o fim de se poder desmontar o equipamento de serviço normal e
efetuar, mais calmamente, a respetiva reparação.

3º Exemplo: Motor Elétrico

O Plano de Manutenção para um motor elétrico, assenta na Manutenção Preventiva, isto é,


dever-se-á recorrer à inspeção visual regular (para verificar se existe algum problema). Essa
inspeção, deverá assentar no seguinte:

- Desmontagem das tampas e limpeza dos ventiladores;

- Verificação do estado dos rolamentos. Substituí-los, caso tenham ultrapassado o número de


horas de trabalho previstas pelo fabricante;

- Verificação do acoplamento do motor.


Organização de um Serviço de Manutenção Preventiva

A manutenção preventiva exige uma programação rigorosa, em que não deixará de prever-se
tudo e na qual nunca se atuará de forma improvisada.

Os conceitos básicos, como ponto de partida, para a instauração de uma manutenção


preventiva, são os seguintes:

- Dispor dos dados necessários;

- Estabelecer quando e como devem realizar-se as inspeções e reparações;

- Medir a eficiência do serviço de manutenção;

- Conhecer o custo da manutenção e a sua repercussão no orçamento da

empresa.

Dados necessários

A primeira coisa fundamental, é conhecer o número e características dos edifícios, maquinaria e


instalações. Seja qual for o equipamento que se considere, a quantidade de dados que se
poderiam coligir é ilimitada, pelo que se torna necessário fazer uma seleção dos que mais
interessam, do ponto de vista da manutenção.

Dados básicos da maquinaria e das instalações:

- Número de referência ou código da empresa;

- Denominação usual;

- Localização;
- Ano de aquisição;

- Fabricante;

- Vendedor ou representante mais significativo;

- Referências e número de série do fabricante;

- Características básicas;

- Medidas máximas e peso;

- Custo de aquisição;

- Custo de equipamento complementar para o seu funcionamento;

- Ciclo de conservação/manutenção;

- Rodagem da máquina (instruções, se as houver);

- Lubrificação (recomendações do fabricante);

- Características dos motores elétricos;

- Consumos (de eletricidade, de água, etc.);

- Custos anuais de manutenção;

- Observações diversas.

Como segundo dado, deveremos dispor de todo o historial de avarias que a máquina ou
instalação, sofreu desde a sua montagem na fábrica, com o correspondente estudo de custos.

Finalmente, deveremos dispor da documentação mais completa relativamente a instruções de


manutenção, indicadas pelo próprio fabricante do equipamento.
Bibliografia
CRAVEIRO, João Taborda, “A Manutenção e o Just-in Time” (Revista
PME),Lisboa,1991.
CRAVEIRO, João Taborda, “A Manutenção e a Qualidade” (Revista Dirigir, nº
16)Lisboa,1991.
DATINVEST, Introdução ao Planeamento da Manutenção em Empresas
Industriais (Datinvest), Lisboa, 1986.
MIIT, Organização da Manutenção (MIIT), Lisboa, 1993.
SOURIS, J. P., Manutenção Industrial, Custo ou Benefício? (Cidel),
Lisboa,1992.

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