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Nascido em Bombaim, na Índia britânica, em uma família aristocrática, Rudyard Kipling

(1865-1936) teve uma infância marcada pelas histórias de


encantamento contadas pelos criados indianos que serviam à família. Essas, com
certeza, influenciaram seu trabalho de escritor e lhe renderam o Prêmio Nobel de
Literatura, em 1907. O Fardo do Homem Branco talvez seja o trabalho mais curto de
Kipling. Mas aquelas sete estrofes, tornaram o poema emblemático e o mais criticado
até hoje. A mensagem era bastante simples: Kipling justificava o imperialismo não pela
busca e exploração dos recursos naturais, mas sim como uma necessidade para levar
a “civilização” aos lugares mais “atrasados” do planeta. A línguas europeias, a religião
cristã, as técnicas, a educação, a medicina e até mesmo noções de higiene deveriam
ser levadas aos “selvagens”, isto é, os não-brancos. Este era o “fardo”, a missão difícil
e pesada do homem branco “civilizado” para os “tristes povos, metade criança, metade
demônio”.
O poema traduzia a mentalidade progressista do final do século XIX. Apresentava uma certa
generosidade em relação aos povos conquistados – “levar a paz”, “encher a boca dos famintos”,
por fim às doenças e “levar a esperança ao nada” – o que, naquele contexto histórico soava como
um eufemismo, uma idealização distante da brutalidade do que então ocorria nas colônias
europeias da África e Ásia. As teorias do darwinismo social, da eugenia e do racismo
científico forneciam justificativas à expansão imperialista. O poema de Kipling passou a ser visto
como um símbolo do imperialismo. Em resposta à sua publicação, missionários evangélicos e
padres foram enviados a todos os cantos do planeta determinados a difundir o cristianismo a
qualquer custo. Escolas sob padrão europeu foram abertas para ensinar a árabes, africanos,
chineses e indianos a língua da potência imperialista. Estilos de vida e moda europeia foram
introduzidos em todo planeta. A partilha da África deixou um legado dramático que as nações
africanas tiveram de lidar a partir da segunda metade do século XX e que persiste ainda hoje.
Estabeleceu fronteiras que não respeitaram grupos étnicos, que misturaram povos rivais ou
separaram culturas. A monocultura, o trabalho forçado e o abandono da produção familiar
provocaram subnutrição, fome e epidemias, destruíram as trocas internas no continente e
deixaram os Estados africanos dependentes do mercado externo.

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Domingues
1. Questões para debater em classe à luz do poema:
2. Quem seria o “homem branco”? A quem ele se opõe?
3. Que palavras e expressões o poeta usa para se referir aos povos colonizados pelo “homem
branco”?
4. Como o “homem branco” é apresentado no poema? Em que contexto histórico esse
poema foi escrito?
5. Por que o autor denomina o imperialismo de “o fardo do homem branco”?
6. Qual era o “fim que todos procuram” (3ª estrofe)?
7. Em que ideias, crenças ou visão de mundo o poema se baseia?
8. Quais as consequências sociais resultantes desse pensamento?
9. Qual seria o fardo enfrentado pelos africanos que têm que lidar com os brancos europeus?

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