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Yoga Das Tres Energias - James Swartz - Introduçao e Capitulo 1 PDF
Yoga Das Tres Energias - James Swartz - Introduçao e Capitulo 1 PDF
Introdução
Até a Revolução Industrial, a sobrevivência ditava a maneira como vivíamos; mulheres
se casavam e criavam os filhos e homens faziam mais ou menos o que seus pais faziam.
A vida era dura, mas simples. A Revolução Industrial criou riqueza suficiente para
permitir que uma grande classe média se desenvolvesse nos países ocidentais, mas a
necessidade de sobreviver ainda mantinha as sociedades conservadoras. Os homens
eram ensinados sobre os ofícios e entravam na classe trabalhadora, ou seguiam para a
educação "superior" e desfrutavam da vida familiar da classe média. As mulheres eram
donas de casa. Outras opções eram poucas. Sim, você poderia se tornar um "boêmio" e
viver à margem da sociedade, mas muito poucos desfrutavam de um temperamento
que os imunizava contra o desprezo social que acompanhava os estilos de vida
alternativos. Os ricos, é claro, viviam seus clichês como sempre, sem a imaginação
necessária para ir além de seu condicionamento. O boom econômico pós Segunda
Guerra Mundial, no entanto, criou riqueza suficiente para apresentar opções
alternativas de estilo de vida para um segmento cada vez maior da população. Uma
fração significativa da juventude da classe média, submetida ao mal-estar particular que
acompanhava o materialismo entorpecedor da mente, rebelou-se. Eles "se ligaram, se
sintonizaram e pularam fora". Os "Beats" nos anos 50 forçaram a porta do estilo de vida
vigente, abrindo uma rachadura, e os Hippies dos anos sessenta empurraram-na, bem
aberta. Não era mais necessário ‘trabalhar duro’1 para sobreviver. Não era mais
necessário viver a vida monótona da mãe e do pai; havia riqueza suficientes para
garantir comida e um teto sobre a cabeça, se você não se importasse com pequenos
inconvenientes. Paz e riqueza proporcionam o luxo necessário para fazer perguntas.
O materialismo insensato criou um problema mais traiçoeiro: a negligência.
Impulsionada pela necessidade de mulheres "melhoradas" entrarem na força de
trabalho, o "tempo" tornou-se escasso. As crianças se tornaram um problema. Nós
estávamos muito ocupados para amá-los, então nós os estacionamos na frente da TV,
os alimentamos com sanduíches de manteiga de amendoim e geleia e, geralmente, os
ignoramos. Se você não é amado corretamente, você não vai amar a si mesmo e às
questões mentais. O que há de errado comigo? Quem sou eu? O que estou fazendo aqui
envolto neste tubo de carne? Por que ninguém me ama? O que eu devo fazer com minha
vida? Para responder a essas perguntas, surgiu uma indústria que nos fornece um
supermercado de identidades. Você pode ser o que quiser, até mesmo de um sexo
diferente. Pegue a caneca, o chapéu, a camiseta, faça uma série de tatuagens, tenha um
cabelo exótico, e de repente, você tem um estilo de vida significativo. E quando você se
cansar dele, você pode se deslocar até o supermercado e adquirir outro. No jargão dos
tempos modernos, você pode "reinventar-se".
1
Nota de tradução: Na publicação original James Swartz utiliza a expressão idiomática "keep one’s nose
to the grindstone", cuja tradução literal seria “Manter o nariz no rebolo”. Rebolo = pedra de afiar, ou de
moer. Este termo, utilizado nos EUA, expressa a ideia de trabalho duro e contínuo, ao ponto do indivíduo
“se moer”, ou “se ralar” de tanto trabalhar.
O Supermercado dos Anos 60 abriu as portas para outra opção de estilo de vida, o
buscador espiritual. Eu corri para a Índia, junto com centenas de milhares de pessoas,
para “me procurar", para o desânimo e diversão de meus pais. Consequentemente, uma
pequena, mas permanente e sincera subcultura de investigadores, inspirada pela
sabedoria de vida do Oriente, fornecida pelos gurus e lamas exportados da Índia, evoluiu
e amadureceu nos últimos cinquenta anos. Infelizmente, a infraestrutura social
necessária para apoiar um estilo de vida investigativo não veio com ela. Viver uma vida
sã e simples no meio dos excessos miseráveis de sociedades materialistas
estupidificadas e angustiadas é realmente difícil.
Para viver uma vida simples, precisamos entender a vida à parte de nossa necessidade
de que ela se adapte aos nossos desejos. A vida é iluminada. É energia aparecendo como
objetos materiais e seres conscientes. Baseia-se numa lógica elegante, irrefutável e
inescapável. Este livro apresenta uma antiga ciência da vida que evoluiu há muito
tempo. A vida não é diferente hoje do que era há milhares de anos atrás. Há apenas uma
vida e apenas um dia. Acordamos, lidamos com as várias situações que a vida apresenta,
administramos nossos medos e desejos da melhor maneira possível e depois dormimos.
Nós sonhamos ocasionalmente. E o mesmo ocorrerá amanhã. E o mesmo ocorrerá até
o dia em que morrermos. Imaginar que nossa obsessão com a tecnologia de alguma
forma significa que evoluímos, que somos mais "avançados" do que nossos ancestrais,
é vaidade. Os homens das cavernas acordavam, enfrentavam o dia, manejavam seus
medos e desejos, dormiam e sonhavam. Entender a vida é ser iluminado. Uma pessoa
iluminada vive um estilo de vida iluminado. Este livro apresenta o conhecimento das três
forças energéticas básicas, das quais a vida é uma manifestação. A compreensão dessas
forças leva a certas conclusões inquestionáveis, que transformarão vidas dispersas,
destruídas, cheias de ansiedade, em vidas significativas e bem-sucedidas.
Capítulo 1 - Sucesso
Se você perguntar a mil pessoas se elas querem falhar na vida, você não receberá uma
resposta afirmativa. Por outro lado, se você perguntar se alguém quer ter sucesso, você
obterá somente a resposta afirmativa. E se você pedir uma definição de sucesso, todas
as respostas se resumirão a uma: o sucesso é conseguir o que eu quero. Além disso, nós
devemos iluminar o significado implícito dessa definição: o sucesso é evitar o que eu não
quero. Nunca é mais complexo que isso.
O que é o Dharma?
Em todo caso, a primeira palavra que você precisa lembrar é dharma. Tem muitos
significados. A primeira é "resposta apropriada". Se você quer que a vida funcione para
você, precisa respondê-la de maneira apropriada e oportuna. Isso não quer dizer que a
vida necessariamente lhe dará o desejo que você quer quando invocá-lo com suas ações,
mas certamente não o fará se suas ações forem mal calculadas e inoportunas. O dharma
não é uma fórmula mágica como o famoso "Segredo", que levou o mundo espiritual por
um temporal alguns anos atrás. Os portões para o céu não se abrirão instantaneamente.
Se para você não está claro que há sempre um elemento de incerteza sobre os
resultados de suas ações, você está equivocado. É razoável entender que a vida é
instável, mas o fato de nem sempre conseguirmos o que queremos, e frequentemente
obtemos o que não queremos, ou absolutamente nada, não é evidência de insegurança.
Mas, é um fato que, a menos que você responda às demandas da vida com a ação
apropriada, no momento certo, você não terá sucesso. Por exemplo, se você aparecer
para uma entrevista de emprego na sexta-feira, quando seu compromisso era na quinta-
feira, você definitivamente não conseguirá o emprego. Se você aparecer bêbado na
quinta-feira e disser para a entrevistadora que não se importa com o penteado dela, não
conseguirá o emprego. E, você pode aparecer na hora, devidamente preparado, causar
uma boa impressão2 e, mesmo assim, não conseguir o emprego. Nem tudo está perdido
e, no entanto, se você faz todo o humanamente possível você não será tentado a pensar
em si mesmo como um fracasso. Você pode, legitimamente, responsabilizar a situação.
O segundo conceito do dharma é svadharma, sua natureza. Estamos todos programados
para responder de uma certa maneira. Os tipos negociantes procuram ganhar dinheiro
em todas as situações, tipos prestativos procuram melhorar as coisas e criminosos
procuram quebrar as regras. Todos os seres vivos, invariavelmente, seguem suas
naturezas. Cães não grasnam e patos não latem mas, porque nós, humanos, somos
capazes de introspecção, somos cientes de nossa natureza, e porque somos dotados de
livre arbítrio, frequentemente tentamos ser outra pessoa, se não gostamos do nosso
programa. Agir por uma ideia que não está em harmonia com o seu programa é
insensato. Se você fizer isso, a vida não abençoará você com sucesso. Você está aqui
para trabalhar seu karma, tal como você é, quer você goste de você mesmo ou não.
O terceiro conceito do dharma a considerar é o samanya dharma, as leis morais e
universais construídas em realidade. O Samanya Dharma é baseado na natureza não
dual da realidade. Existe uma expectativa universal de ‘não-lesão’. Até matadores de
aluguel carregam armas para se protegerem e ladrões trancafiam seus roubos. Eu não
minto para você, porque não gosto que mintam para mim. Se você não levar em
consideração os valores universais, você definitivamente vai colher muita dor de suas
interações com o mundo.
O quarto fator do dharma é visesa dharma. Samanya dharma são valores absolutos, mas
a vida não é preta e branca, são tons de cinza. Vivesa dharma é a ética situacional, como
interpretamos os valores absolutos. É incômodo aplicá-lo, porque todas as situações que
enfrentamos exigem uma resposta personalizada. Cães latem para todo mundo, o
homem carregando um graveto e a mulher trazendo-lhe um osso. Está tudo bem para
os cães, porque eles não estão tentando ser felizes, mas latir para todos que invadem o
"seu" espaço não é uma estratégia vencedora. Em geral, devemos dizer a verdade, mas
quanta verdade devemos contar? Tudo, muito, um pouco, não muito, um fato
alternativo, uma mentira branca, uma mentira descarada? Isso não é sempre claro.
Finalmente, existe o eu, o dharma com um ‘D’ maiúsculo. O eu é a sua existência/
consciência, razão pela qual você e os outros quatro dharmas existem. Vamos chamá-lo
de "você real". Se você agir sem a consciência deste fator, não ficará satisfeito, mesmo
2
Nota de tradução: Na publicação original James Swartz utiliza a expressão “put your best foot forward”,
“colocar o seu melhor pé na frente/adiante”, a fim de expressar a ideia de causar a melhor impressão, ou
“dar o seu melhor”.
se tiver tudo o que deseja na vida. Se a sua vida é dedicada a compreender e realizar
esse eu, será um grande sucesso.
No final do dia, você quer olhar para trás e dizer que o dia foi bem sucedido e divertido.
Às vezes, conseguimos o que queremos, mas com um custo tão grande para nós mesmos
e para os outros que acabamos exaustos, amargos e solitários. Assim, uma vida
verdadeiramente bem-sucedida é uma vida bem vivida, que desfruta de seus esforços,
flui naturalmente em torno de obstruções e, eventualmente, realiza seus objetivos.
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Nota de tradução: Na publicação original James Swartz utiliza a expressão “death of a thousand cuts”,
“morte de mil cortes”, termo utilizado na psicologia para expressar a ideia de dilacerar-se aos poucos, ou
de uma morte induzida inconscientemente e gradativamente, atribuída à pessoas que passam a aceitar
como normal uma vida repleta de preocupações, stress, maus hábitos etc.
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Nota de tradução: Na publicação original James Swartz utiliza a expressão “until the cows come home”,
“até que as vacas venham para casa”, que expressa a ideia de “esperar por muito tempo”, “por longos
períodos”, ou “esperar até a exaustão”.
Existem aparentemente muitas opções, mas existe apenas uma opção mascarada como
duas. A criação é uma combinação de espírito e matéria, sobre o qual muito será dito
depois. Espírito é um termo que se presta a significados vagos. Nós o chamamos de a
sempre livre e sempre presente Consciência. É um fato evidente que estamos
conscientes. Esse eu espiritual não muda. A porção material é oposta à porção espiritual.
Ela muda, tem atributos e nunca é livre. É completamente dependente da consciência.
Ambos os princípios são eternos. Eles não têm começo. O mundo elementar, o mundo
da experiência e os seres conscientes que habitam esses mundos são uma mistura de
espírito e matéria. Nossa porção material mais óbvia é o corpo grosseiro (corpo
físico/bruto).
Porque somos uma mistura estamos confusos. A pergunta: "Sou um ser espiritual ou um
ser material?" é a base da maioria dos conflitos internos, embora raramente seja
apreciado como tal. Embora não seja óbvio, a mente também é um instrumento
material. É apenas matéria sutil, ondas materiais inertes, que aparecem infinitamente
como os medos e desejos que motivam nossas ações. Se eu for o meu corpo/mente, há
muitas coisas que posso perseguir, a mais óbvia delas é a segurança. Os buscadores de
prazer são materialistas também; eles insistem em responder aos desejos de seus eus
materiais. Eles obviamente não sabem quem são porque o eu, a consciência, é livre de
desejos. Sem muita investigação, torna-se evidente que a maioria dos outros seres
humanos perseguidores de poder, fama, etc. podem ser reduzidos à necessidade de
assegurar um lugar para a entidade corpo/mente no mundo material.
Ao mesmo tempo, a ‘porção-consciência’, que é nossa natureza essencial, cria uma
poderosa necessidade por liberdade. Liberdade de quê? Liberdade da dependência de
coisas materiais, sutis e grosseiras. Sabemos disso porque toda ação humana é uma
tentativa de se livrar de um sentimento de limitação. Na verdade, não quero o que acho
que quero – um objeto sutil como um sentimento, ou uma situação como um emprego,
ou um casamento, ou objetos ‘grosseiros’, como uma casa, ou um carro. Eu quero
liberdade do desejo, porque acomodar aquele pequeno cão carente em mim é doloroso.
Ele nunca está satisfeito. Você pode lançar seus medos conjuntamente com seus
desejos, porque eles são não-separados; um desejo é um medo positivo e um medo é
um desejo negativo. Um está sempre escondido atrás do outro.
Ao contrário da sabedoria convencional, nossos desejos criam mentes despedaçadas e
vidas miseráveis. Sabemos disso porque queremos o que queremos para obter
felicidade e não pelos ostensivos objetos de nossos desejos. Por quê? Porque paramos
de querer quando o objeto desejado é alcançado e nos tornamos felizes. E quando
estamos felizes, não queremos que nossos desejos/medos voltem e estraguem nossa
satisfação perfeita. Felicidade é a experiência de todo o nosso eu consciente feliz e
pleno, que acontece quando desejos e medos são suspensos. Então, até mesmo os
materialistas, com sua miríade de buscas, sem que saibam, buscam a liberdade.
Entretanto, alguns de nós, buscadores, ou investigadores se preferir, marchamos em
uma batida diferente. Nós sentimos o chamado da liberdade diretamente e seguimos
de acordo com nossas luzes. Nosso direcionamento principal é para entender coisas,
não para possuir coisas. Sim, nós temos nossas necessidades materiais, mas elas ficam
em segundo plano em relação ao desejo de saber quem somos, como o mundo foi criado
e as respostas para qualquer quantidade de outras questões metafísicas. Os
materialistas às vezes se tornam investigadores quando percebem que buscar objetos
para a felicidade é um jogo de soma zero. Toda vantagem tem sua desvantagem. Não
importa quantos desejos você satisfaça, os desejos continuam chegando, geralmente
até o dia da sua morte. Na verdade, você não quer morrer, porque acredita que ainda
há algo a ser alcançado enquanto você está aqui.
Essa elegante lógica espartana deveria levar à seguinte conclusão: se eu quero
liberdade, o que preciso fazer, se sou um ser humano consciente, é saber qual parte de
mim é espiritual e qual parte é material. Se eu estiver claro sobre este assunto, não me
identificarei com a minha parte material, porque fazendo isso me manterei aprisionado
às coisas. Por outro lado, vou me identificar com a porção espiritual, porque ela é
sempre livre. O problema não é complicado, nem a solução. No entanto, resolver o
problema não é fácil, porque fui condicionado desde o nascimento a me identificar com
a parte material, porque mamãe e papai, que ficam abaixo de uma cadeia interminável
de mãmaes e papais, tendem a ser escravos do material, somente. Liberdade não era o
forte deles, então, eles se certificaram de nos criar identificados com nossos corpos,
buscando objetivos materiais. Como eles poderiam cometer um erro tão óbvio? O corpo
é um objeto inerte e eu sou um sujeito consciente. Até os bebês sabem que seus corpos
são objetos. Não podemos dizer que os bebês saibam quem eles são, exceto, talvez, por
conveniência, mas eles sabem quem eles não são, porque eles tratam seus corpos como
objetos. Contudo, assim que mamãe e papai concluírem você estará convencido de que
é o corpo. Então você estará partindo para a vida em um barco furado.
Ainda que a obtenção daquilo que você quer dependa da vida, o que você quer depende
de você. Você pode indiretamente obter liberdade (momentânea) adquirindo certas
coisas – segurança, prazer, poder, fama, conhecimento, etc. – ou você pode ir
diretamente para a liberdade. Se você sabe que a busca de fins materiais é caracterizada
pelo estresse e preocupação, nascidos da incerteza, e que a busca do espírito é
caracterizada por uma sensação, sempre em expansão, de paz e felicidade
incondicional, a escolha deve ser óbvia.
Então, para evitar que meu cachorrinho necessitado, meu instrumento primário, me
enlouqueça, preciso dar-lhe um trabalho nobre. Para resumir: eu preciso ensiná-lo a
investigar quem eu sou. Infelizmente, o sofrimento não tende a prover desapego para a
mente, embora às vezes isso aconteça, então imediatamente começamos a buscar
respostas sem realmente saber como perguntar. Não sabendo o que realmente
queremos, além de uma vaga ideia de iluminação, mergulhamos no mundo espiritual
sem nada mais que uma auto-permissão. Não é de admirar que acabemos
desapontados, ou pior: caímos na armadilha de um dos inúmeros charlatões que
prometem nirvana instantâneo. Não é a intenção deste livro expor os muitos mitos
sobre Iluminação que espreitam como crocodilos nas águas barrentas do mundo
espiritual moderno, embora eu seja obrigado a lidar com os mais óbvios. Se você é novo
na busca, por favor leia o Capítulo 2 de ‘Como Alcançar a Iluminação’, ou ‘A Essência do
Iluminação’, para entender a falácia por trás da maioria dos ensinamentos sobre
iluminação.
Meu propósito é apresentar um dos mais interessantes e sofisticados ensinamentos do
Vedanta, o Yoga das Três Energias. Não é um yoga que envolve torcer seu corpo como
um pretzel em um calor de 43oC, ou empinando em collants de lycra spandex para
abençoar os outros com vistas espetaculares de seu músculo gluteus-maximus. É o yoga
do conhecimento e ele esclarece a relação entre você e sua parte material e mostra-lhe
como investigar. A investigação não é inocentemente importunar o Vazio com a
pergunta "Quem sou eu?" e esperar por uma resposta de uma divindade
transcendental. É a aplicação do conhecimento da existência-consciência, sua
verdadeira identidade, às muitas situações confusas de emoção que regularmente
atormentam seu instrumento primário. É, ao contrário da opinião popular, usar o
instrumento primário, não negá-lo ou destruí-lo, para então separar criativamente o seu
eu material do seu eu espiritual, o que poderá resultar em liberdade permanente,
assumindo que você se comprometa vigorosamente com isso. Por favor, não reclame
que investigação é difícil. É tão difícil quanto você quiser que seja. Se você entende seu
valor, é um grande prazer, do começo ao fim. Se não, não.
Se você não sabe quem você é e deixa seus desejos te enlouquecerem, esse cachorrinho
fofo se transforma em um Rottweiler musculoso, furioso e acaba ameaçando e
controlando você. Se você sabe quem você é, você pode facilmente controlar sua mente.
É simples assim. O que você provavelmente não sabe é que seus pensamentos, e os
sentimentos que eles causam, não estão gravados em pedra. Eles parecem ser
involuntários porque simplesmente não vão embora. Mas eles irão embora se você os
eliminar com pensamentos verdadeiros, que inspiram e elevam a mente, até que os
pensamentos verdadeiros se tornem sua segunda natureza. Os pensamentos
verdadeiros são a felicidade produzindo pensamentos que representam seu valor mais
alto e invocam sua natureza superior.
Em todo caso o tópico deste capítulo é o sucesso, que foi definido como obter o que
você quer. Supondo que você ainda não tenha o que quer, seu instrumento primário é
o meio de realização. É o meio para a experiência e conhecimento. Como a vida nada
mais é do que experiência e conhecimento, você está preso ao seu instrumento
primário. Não espere que algum guru resgate você.
A questão então se torna: “Que tipo de conhecimento e experiência eu quero?”. Como
o eu tem uma parcela espiritual e outra material, preciso do conhecimento de ambos.
Buscar o conhecimento mundano sozinho não resolverá meu problema. Meu lado
emocional vai crescer como uma erva daninha e sufocar todos os impulsos nobres. Se
eu me concentrar apenas no meu lado espiritual, eu provavelmente acabarei flutuando
no éter com os anjos, ou sujeitando minha autoestima para diminuições imensuráveis
nas mãos de autoproclamados avatares ‘sem ego’. Portanto, a única solução é obter um
conhecimento completo da natureza da realidade. O Yoga das Três Energias é um
ensinamento científico, completamente à prova do tempo, sobre a natureza da
realidade.
Sujeito -objeto
Antes de prosseguirmos, precisamos apresentar uma definição importante que está no
cerne de todos os ensinamentos da Vedanta: sujeito-objeto. Entender a distinção entre
o sujeito e os objetos é transcendência dos gunas, libertação. Não é meramente uma
apreciação intelectual da distinção, mas uma apreciação experiencial imediata e
palpável da plena liberdade do sujeito. No entanto, para obter transcendência,
precisamos apreciar intelectualmente a natureza do sujeito e a natureza dos objetos, de
modo que fique claro qual tem um problema de guna e qual não. É um negócio
complicado, porque na verdade existe apenas uma realidade aparecendo como duas. E
o segundo sujeito, que pensamos ser nós, é na verdade um objeto!
Até o último capítulo, que revela a natureza da liberação, à luz da vida do segundo
sujeito, este livro aborda basicamente a vida do segundo sujeito como ele é agora,
porque o segundo sujeito é limitado pelos gunas, não livre deles.
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Nota de tradução: Embora este trecho possa parecer uma alegação de que Ramana Maharshi “não
realizou” a Iluminação, James Swartz utiliza a expressão “’non-achiever’ of enlightenment”, “’não
realizador’ da iluminação” em referência à biografia de Ramana Maharshi que, ainda jovem, sem que se
apresentasse como um buscador espiritual, teve, como que subitamente, uma experiência que resultou
em sua Iluminação.
valoriza a saúde, mas o estilo de vida de escolhas, nas sociedades materialistas
modernas, é prejudicial a esse valor. Somente depois de sessenta anos de idade é que o
público começa a suspeitar que o consumo irracional de alimentos processados,
associado a estilos de vida sedentários, está relacionado a questões de saúde, muito
numerosas para serem catalogadas. Doenças de civilização, como diabetes, câncer,
AIDS, que eram desconhecidas em culturas tradicionais até recentemente, são
propagadas por estilos de vida das civilizações.