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Importância Do Controle de Qualidade PDF
Importância Do Controle de Qualidade PDF
Controle de importantes.
Estado Fresco
Prof. Dr. André Luiz Bottolacci Geyer
Neste informe técnico serão apresentados alguns
dos principais parâmetros que devem ser verificados
em um concreto fresco, quer seja em centrais de con-
Professor Doutor, Escola de Engenharia Civil da Universidade Federal de Goiás -UFG. creto, ou em obras. Buscar-se-á mostrar que resulta-
Eng. Rodrigo Resende de Sá
Mestre em Engenharia Civil.
dos isolados de resistência a compressão, ou mesmo
de slump, não são suficientes para garantir um bom
INTRODUÇÃO desempenho do concreto, devendo ser também veri-
A qualidade final de uma estrutura de concreto ficados outros fatores que vão desde a dosagem ade-
armado depende tanto do controle de suas proprie- quada do concreto até a sua cura.
dades no estado fresco como no seu estado endureci-
TRABALHABILIDADE
do. Erroneamente, muitas vezes, o controle
tecnológico se restringe aos ensaios de resistência à A Trabalhabilidade adequada em cada situação
compressão simples (concreto endurecido), como se de concretagem é fundamental para a obtenção de
este parâmetro, isoladamente, pudesse garantir a qua- um produto final de qualidade. Segundo o ACI 116R-
lidade do concreto. 90, a trabalhabilidade é uma propriedade do concre-
to recém misturado que determina a facilidade e a
O concreto, e mesmo a sua comercialização, ao
homogeneidade com a qual o material pode ser mis-
ser regido exclusivamente pela resistência caracterís-
turado, lançado, adensado e acabado.
tica (fck) pode não apresentar propriedades tais que
o levem a um bom desempenho e a uma durabilidade A obtenção de um concreto com
satisfatória. Dessa forma, outros aspectos devem ser trabalhabilidade adequada, ao contrário do que se
levados em consideração quando se deseja obter con- imagina, não depende unicamente da quantidade de
cretos de qualidade; entre eles o controle das propri- água utilizada. Nem sempre o acréscimo de água na
edades do concreto fresco, pois estes são fundamentais mistura leva a uma maior trabalhabilidade, podendo,
à execução das estruturas e às propriedades da estru- muitas vezes, levar à exsudação, à segregação, ou sim-
tura de concreto endurecido. plesmente, a um aumento do abatimento. A
trabalhabilidade depende de uma seleção e propor-
O controle do concreto no estado fresco tam-
ção adequada dos materiais e muitas vezes do uso de
bém não pode depender exclusivamente do Ensaio
de Abatimento do Tronco de Cone (Slump Test), pois adições e aditivos. Os teores de pasta, de argamassa e
esta metodologia avalia apenas um parâmetro da mis- de agregados, em função da trabalhabilidade deseja-
tura que é a sua consistência. Outras características da, devem ser compatibilizados. Isto se consegue me-
igualmente responsáveis pela qualidade final do con- diante o conhecimento das características de cada
creto devem ser verificadas no material antes de seu componente e de seu proporcionamento correto na
processo de endurecimento, dentre as quais pode-se mistura.
Segundo Neville (1997) não existe um ensaio A noção de trabalhabilidade é, portanto, mui-
aceitável que determine diretamente a to mais subjetiva que física, e o componente físico
trabalhabilidade do concreto. No entanto, inúmeras mais importante da trabalhabilidade é a consistência,
tentativas têm sido feitas para correlacionar a termo que, aplicado ao concreto, traduz proprieda-
trabalhabilidade com alguma grandeza física fácil de des intrínsecas da mistura fresca, relacionadas com a
ser determinada. Dentre os ensaios que indicam indi- mobilidade da massa e a coesão entre os elementos
retamente a trabalhabilidade dos concretos conven- componentes, tendo em vista a uniformidade e a
cionais e bombeados pode-se citar o Ensaio de compacidade do concreto, além do bom rendimento
Abatimento do Tronco de Cone. durante a execução da estrutura.
Ensaio de Abatimento do Tronco de Cone (Slump Misturas com consistência rijas têm abatimento
Test) zero, de modo que não se consegue nestes casos ob-
servar variações de trabalhabilidade. Já misturas ri-
O Ensaio de Abatimento do Tronco de Cone cas, como as comumente utilizadas nos concretos para
mede a consistência e a fluidez do material, permitin- a construção civil, podem ser aferidas satisfatoriamente
do que se controle a uniformidade do concreto. A com este ensaio. Neville (1997) indica correlações
principal função deste ensaio é fornecer uma entre o ensaio de abatimento e trabalhabilidade, con-
metodologia simples e convincente para se controlar forme mostra a Tabela 1.
a uniformidade da produção do concreto em diferen-
tes betonadas. Desde que, na dosagem, se tenha obti- Tabela 1 – Relação entre trabalhabilidade e gran-
do um concreto trabalhável, a constância do deza de abatimento.
abatimento indicará a uniformidade da
trabalhabilidade.
por empresas de concretagem (concreteiras) devem Como se pode observar na Tabela 3, a alte-
ser realizados ensaios a cada betonada que chega à ração do abatimento pela adição de água conduz a
obra. A aceitação ou não dos resultados obtidos no significativas reduções na resistência à compressão sim-
Ensaio de Abatimento do Tronco de Cone deve obe- ples do concreto.
decer aos critérios da Tabela 2.
Outros Ensaios
Tabela 2- Tolerâncias para aceitação do concreto
Existem vários outros ensaios (alguns deles
no estado fresco pelo Ensaio de Abatimento do Tron-
são citados abaixo) que indiretamente avaliam a
co de Cone.
trabalhabilidade do concreto. Em Centrais de Con-
creto e em Estudos de Dosagem sugere-se que sejam
utilizados também outros parâmetros além do Slump,
para a avaliação dessa trabalhabilidade.
Figuras 4 e 5 – Concreto coeso e concreto não coeso (HELENE e TERZIAN,1993). Não existem ensaios normalizados para de me-
dir a segregação. Dessa forma, a observação visual da
Não existem ensaios normalizados para se me-
coesão do concreto no estado fresco ou endurecido e
dir, de uma forma simples, a coesão de uma mistura.
a extração de testemunhos do concreto endurecido
Porém, testes práticos como o de se bater com a has-
são indicados para a avaliação do comprometimento
te do ensaio de abatimento, lateralmente, no con-
da estrutura por este fenômeno. Salienta-se, também,
creto, podem indicar, empiricamente, a coesão do
que concretos mal dosados conduzem a eventuais se-
material. Recomenda-se que sejam verificados estes
gregações e exsudações.
aspectos na realização da dosagem experimental e
na execução dos ensaios de abatimento em obra. Quanto à exsudação, existe um ensaio normali-
zado pela ASTM para ser realizado em laboratório,
SEGREGAÇÃO E EXSUDAÇÃO
que consiste na colocação do concreto fresco em um
A segregação é definida como sendo a separa- recipiente de 250 mm de diâmetro e 280 mm de altu-
ção dos componentes do concreto fresco de tal for- ra. Neste ensaio, a água de exsudação é retirada da
superfície do concreto em intervalos de tempo deter- adensamento aplicado, temperatura e tempo de mis-
minados e a exsudação é determinada como sendo a tura do concreto.
relação entre a quantidade de água retirada da super-
A incorporação através de aditivos se dá em ca-
fície e a água total da amostra.
sos especiais com os objetivos de redução do tama-
Conforme Mehta e Monteiro (1994) combina- nho das macro-bolhas (vazios de ar aprisionado),
ções de consistência inadequada com agregados de aumento da trabalhabilidade do concreto, redução
massa específica muito alta ou muito baixa, pouca do consumo de cimento e melhoria da qualidade do
quantidade de partículas finas e métodos inadequa- concreto quanto a ação de gelo e degelo. Dentro de
dos de transporte, lançamento e adensamento são as limites aceitáveis, para incorporações de até 6% atra-
principais causas da segregação e exsudação do con- vés de aditivos, a cada incremento da incorporação
creto. de ar em 1% pode-se permitir a redução da água da
mistura em até 3% e a percentagem de areia em até
A segregação e exsudação podem ser reduzidas 1% levando a melhorias na resistência à compressão
ou eliminadas através de um controle maior da dosa- simples do concreto.
gem e de métodos de lançamento e adensamento do
concreto mais eficientes e bem executados. O controle do teor de ar incorporado é funda-
mental ao controle da qualidade do concreto, quer
AR INCORPORADO seja para verificar limites máximos e mínimos desejá-
veis de ar incorporado, ou para identificar teores de
De acordo com Methta e Monteiro (1994)
vazios de ar no concreto. No Brasil a NBR 11686/
pode-se encontrar vazios preenchidos por ar den-
1990 – Concreto Fresco – Determinação do Teor de
tro do concreto de duas formas: através de
Ar pelo Método Pressométrico, é o ensaio utilizado
bolhas de ar incorporado ou através de
para a obtenção do valor do ar incorporado e/ou apri-
vazios de ar aprisionado.
sionado no concreto.
As bolhas de ar incorporado pos-
Na Figura 8 apresenta-se o equipamento utili-
suem dimensões entre 100um e 1mm de
zado para realização do ensaio de medição do ar in-
diâmetro, enquanto os vazios de ar apri-
corporado no concreto, o qual consiste de um
sionado são maiores, ficando entre 1mm
recipiente hermeticamente fechado, que é preenchi-
e 10 mm. Figura 8
do com concreto fresco. Através de orifícios é injeta-
Os vazios de ar aprisionado, que na maioria das da a água no recipiente fechado, de forma a expulsar
vezes são causados por deficiência nas dosagens e es- o ar do concreto. Na saída do ar, manômetros detec-
colha dos materiais, são nefastos à qualidade final do tam o teor liberado e indicam o percentual de ar na
concreto, podendo comprometer as propriedades mistura.
mecânicas de resistência à compressão e módulo de
A Figura 9 mostra todos os materiais e equipa-
elasticidade. Outro aspecto negativo em relação à
mentos utilizados no ensaio e as Figuras 10 a 15 ilus-
presença de vazios de ar aprisionado no concreto é a
tram a seqüência de procedimentos adotados para a
aparência final, com a formação de macro-bolhas su-
realização do ensaio de medição de ar incorporado,
perficiais. No caso de concreto aparente a presença
de acordo com a NBR 11686/1990.
de macro-bolhas superficiais é totalmente indesejá-
vel.
Figura 9 - Aparelho medidor de ar incorporado ao concreto. Figura 15– Leitura do teor de ar incorporado.
trabalhabilidade e a resistência às ações de gelo e de- NBR 7212 (1984) – Execução de concreto do-
gelo (comuns em países de clima frio ou em casos de sado em central.
obras especiais como câmaras frigoríficas).
NBRMN67 (1998) – Determinação da Consis-
CONSIDERAÇÕES FINAIS tência pelo abatimento do tronco de concreto.
A qualidade do concreto quanto às suas propri- NBR 11686/1990 – Concreto Fresco – Deter-
edades no estado fresco e, por conseguinte, também minação do teor de Ar pelo Método Pressométrico.
no estado endurecido, bem como a exatidão dos vo-
lumes preparados e fornecidos, passam, necessariamen- NBR 12655 (1996) – Concreto – Preparo, con-
te pelo rigoroso controle das características trole e recebimento.
especificadas para o concreto no estado fresco. NBR NM 67 (1998): concreto – Determinação
A REALMIX possui equipamentos de última da consistência pelo abatimento do tronco de cone -
geração para a realização dos ensaios tecnológicos de método de ensaio.
concreto fresco e os utiliza em todos os procedimen- NBR NM 68 (ABNT, 1998): concreto – Deter-
tos de dosagem e preparo de concreto, tanto na Cen- minação da consistência pelo espalhamento na mesa
tral quanto nas obras. A utilização em caráter de Graff.
permanente destes controles na dosagem, preparo e
fornecimento contribuem para a garantia da qualida-
de do concreto. ASSOCIADA A:
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Abatimento – Ensaio normalizado para a determinação da medida Escoramento – Reforços executados na fôrma para que su-
da consistência do concreto fresco. Permite verificar se não há excesso ou porte o seu próprio peso e também do concreto fresco lançado, ga-
falta de água no concreto. rantindo uma perfeita moldagem da peça concretada.
Aditivo – Produto adicionado ao concreto em pequenas quantida- Fissuração – São pequenas rupturas que aparecem no con-
des, proporcional ao teor de cimento, no instante da pesagem dos compo- creto que podem ser provocadas por atuação de cargas ou por retração,
nentes ou durante a mistura do concreto, para modificar suas propriedades devido à rápida evaporação da água.
antes ou após a aplicação.
Hidratação– Formação de compostos pela combinação da
Agregados – Materiais granulares(brita, areia, etc.) que são unidos água com o cimento portland. Processo de endurecimento de pas-
pela pasta de cimento no preparo do concreto. tas, argamassas e concretos.
Reação álcali-agregado– Reação química entre compostos do ci- Lançamento – Processo de colocação e adensamento do
mento (álcalis) e certos agregados reativos, ocorrendo expansões danosas concreto. Modo de transporte e colocação do concreto na fôrma a
oufissuras. ser concretada.
Bombeamento – Transporte do concreto por meio de equipamen- Massa específica– Relação entre a massa e o volume de um
tos especiais, bombas de concreto e tubulações, que transportam o concre- corpo(densidade).
to do caminhão- betoneira até ao local de concretagem.
Moldagem – Especificamente sobre concretos ou argamas-
Capeamento - Revestimento com pasta de cimento oucom uma sas de cimentos portland, refere-se a um procedimentonormalizado
mistura composta de material pulverulento e enxofre derretido, que regu- de confeccionar corpos-de-prova.
lariza os topos de um corpo-de-prova com o objetivo de distribuir uniforme-
mente a carga durante o ensaio. Nichos (bicheira) de concretagem – Falhas de
concretagem que ocasionam “buracos” no concreto, devido, princi-
Central dosadora– Local de dosagem ou mistura do concreto por palmente, à falta de vibração.
meio de instalações e equipamentos especiais, sendo o mesmo transporta-
do ao local de aplicação por caminhões-betoneira. Pega– Condição de perda da plasticidade da pasta, argamas-
sa ou concreto, medida pela resistência à penetração ou deforma-
Cobrimento – Espessura de concreto entre a superfície da armadu- ção em ensaios padronizados.
ra e a superfície do concreto.
Resistência característica do concreto à compressão (fck)-
Consistência – É a medida da mobilidade da mistura (plasticidade), Esforço resistido pelo concreto, estimado pela ruptura de corpos-de-
isto é, maior ou menor facilidade de deformar-se sob a ação de cargas. É prova cilíndricos em prensas especiais.
expressa pelo ensaio de abatimento do tronco de cone (slump test).
Segregação – Mistura heterogênea. Fato que também ocorre
Consumo de cimento – Quantidade dosada, em massa (kg), para com misturas de concreto por excesso de vibração durante o
produzir um metro cúbico de concreto. adensamento ou lançamento em alturas elevadas.
Corpo-de-prova – Amostra de concreto endurecido, especial- Sílica Ativa– Material pulverulento composto de partículas
mente preparado para testar propriedades como: resistência à compressão, extremamente finas de sílica amorfa 100 vezes mais fina que o grão
módulo de elasticidade, etc. de cimento, utilizado na dosagem de concretos especiais.
Cura– Procedimentos para a manutenção das condições favoráveis Traço– Especificamente em relação à misturas compostas de
de umidade e temperatura nas primeiras idades do concreto que possibili- cimento portland ou outro tipo de aglomerante, é a forma de expri-
tam o desenvolvimento de sua resistência e de outras propriedades. mir a proporção entre os componentes dessas misturas. (Fonte
ABESC.)
Desmoldante– Substância química utilizada para evitar a aderên-
cia do concreto à fôrma.