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Teste Global de 11º Ano
Teste Global de 11º Ano
A
Lê, atentamente, o poema que se segue.
Cristalizações
1
Maço - Instrumento semelhante a um martelo
2 Japona – jaquetão; casaco
3 Esquadra – conjunto de navios de guerra
4 Enxárcia – conjunto dos cabos fixos que prendem os mastros e os mastaréus da gávea às mesas de guarnição situadas nas
Apresenta, de forma bem estruturada, as tuas respostas aos itens que se seguem.
1. Indica a altura do ano em que se situa o cenário descrito pelo sujeito poético e transcreve
passagens que justifiquem a tua resposta.
B
Lê o texto.
Razões objetivas para se ter cinco mil amigos dos quais não se conhecem mais de três
Onde o nosso Comendador, apesar da provecta idade, discorre sobre as redes sociais,
nomeadamente o Facebook (ou livro de caras), do qual é membro ativo há já seis dias.
Foi quando me perguntaram o que pensava das redes sociais que descobri que não
pensava nada. A resposta que dei, envolvendo a ADSE, a Santa Casa da Misericórdia e o
Albergue da Mitra, foi claríssima, já que provou que eu nem fazia ideia do que é o que hoje
chamam uma rede social.
Pedi ajuda aos meus netos (ou talvez sejam bisnetos). Explicaram-me tudo muito bem,
disseram que tinham 60 ou 70 amigos cada no Facebook.
- Livro de caras - corrigi eu, que nunca gostei de expressões anglófilas à mesa.
- Não, vô, Facebook mesmo, é assim que se chama.
Decidi aderir ao dito Facebook e, logo que soube que o máximo de amigos é cinco mil,
apostei com todos os netos que tinha à mão, e ainda com um filho ou dois, que em menos de
um mês chegaria a ter os ditos cinco mil.
No primeiro dia, inscrevi-me e coloquei lá todos os meus dados, exceto os das séries de
televisão preferidas, porque, desde que acabaram os Concertos para a Juventude de Leonard
Bernstein - e o próprio Leonard Bernstein -, nunca mais vi nada de jeito na TV. Passados dois
minutos a olhar para aquela barra azul, na ânsia de encontrar um amigo qualquer (da
faculdade e do colégio já não havia nenhum), apareceu uma senhora com uma foto jeitosa a
pedir para ser minha amiga. Claro que aceitei! Poucos segundos depois ela mandou-me uma
mensagem onde insinuava que era minha admiradora e que eu lhe devia comprar e divulgar
um livro de autoajuda intitulado "Como Fazer Amigos no Facebook". Comprei o livro,
divulguei-o na minha página e penso que era, exatamente, a autoajuda de que precisava
naquele momento, pois imensa gente, a partir daí, quis ser minha amiga.
Após dois escassos dias de adesão à rede, eu era já amigo de vinte e sete restaurantes,
de quarenta e seis regiões, cidades e aldeias, de um talho, de duas charcutarias, de seis
promotores imobiliários, de quatro livrarias e de quinze festas populares, arraiais e concertos
diversos. Com dois velhotes (um deles ateu militante), que me concederam igualmente a
alegria de serem meus amigos, perfaziam mais de cem. Como balanço de dois dias não era
mau, mas ainda era pouco.
Aderi, então, a todos os grupos e causas que pude, desde a que pugna pelo não fecho da
Biblioteca Nacional até à que luta pelas obras imediatas para salvar a Biblioteca Nacional.
Tornando-me amigo das diversas distritais do PSD, do PS, do Bloco e de células avulsas do PCP
e núcleos do CDS, e ainda de Manuel Alegre, de Fernando Nobre, de Cavaco Silva e da Causa
Monárquica, evitando habilidosamente uma disputa entre o Núcleo Tauromáquico de
Santarém e o Grupo de Forcados Amadores do Montijo, ao fim do quarto dia tinha mais dois
mil amigos. Salvo erro, destes conheço dois, mas estabeleci uma relação de certa intimidade
com a aldeia de Cebolais, cujo presidente da Junta quer fazer de mim aldeão honorário.
Agora, que em seis dias fiz quase três mil amigos, acredito que ganhei a aposta. É certo
que comecei a aceitar amigos russos, indianos, americanos e, até, da Finlândia. Já dizia o meu
avô que amigos até no Inferno - e, se aparecer algum, é certo que os adiciono. Por falar nisso,
tenho cá o Sócrates e o Passos, para não falar do John McCain, da Sarah Palin, do Zapatero e
do Chávez.
O que é preciso, como diz o outro, é confiança. E estou cheio dela. Quando descobrir
para que quero tanto amigo, não deixarei de dizer.
Comendador Marques de Correia
Texto publicado na edição da Única de 24 de julho de 2010
GRUPO II
Lê, atentamente, o seguinte texto.
Este livro reúne alguns dos textos que mensalmente e ao longo dos últimos anos fui
publicando […]. A estranheza do título justifica uma explicação, para que ele não passe como
um mero exercício de estilo. Quando era pequeno – muito pequeno, talvez oito ou nove anos
– lembro-me de estar deitado na banheira, em casa dos meus pais, a ler um livro de
5 quadradinhos. Era uma aventura do David Crockett, o desbravador do Kentucky e do Tenessee,
que haveria de morrer na mítica batalha do Forte Álamo. Nessa história, o David Crockett era
emboscado por um grupo de índios, levava com um machado na cabeça, ficava inconsciente e
era levado prisioneiro para o acampamento índio. Aí, dentro de uma tenda, havia uma índia
muito bonita – uma «squaw», na literatura do Far-West – que cuidava dele, dia e noite,
10 molhando-lhe a testa com água, tratando das suas feridas e vigiando o seu coma. E, a certa
altura, ela murmurava para o seu prostrado e inconsciente guerreiro: «não te deixarei morrer,
David Crockett!» Não sei porquê, esta frase e esta cena viajaram comigo para sempre, quase
obsessivamente. Durante muito tempo, preservei-as à luz do seu significado mais óbvio: eu era
o David Crockett, que queria correr mundo e riscos, viver aventuras e desvendar Tenessees.
15 Iria, fatalmente, sofrer, levar pancada e ficar, por vezes, inconsciente. Mas ao meu lado
haveria sempre uma índia, que vigiaria o meu sono e cuidaria das minhas feridas, que me
passaria a mão pela testa quando eu estivesse adormecido e me diria: «não te deixarei morrer,
David Crockett!» E, só por isso, eu sobreviveria a todos os combates. Banal, elementar. Porém,
mais tarde, comecei a compreender mais coisas sobre as emboscadas, os combates e o
20 comportamento das índias perante os guerreiros inconscientes. Foi aí que percebi que toda a
minha interpretação daquela cena estava errada: o David Crockett representava sim a minha
infância, a minha crença de criança numa vida de aventuras, de descobertas, de riscos e de
encontros. Mas mais, muito mais do que isso: uma espécie de pureza inicial, um excesso de
sentimentos e de sensibilidade, a ingenuidade e a fé, a hipótese fantástica da felicidade para
25 sempre. [...]
Miguel Sousa Tavares, Não Te Deixarei Morrer, David Crockett, «Nota Prévia», 26.ª ed., Lisboa, Oficina do
Livro, 2007
Para responder aos itens de 1 a 6, escreva, na folha de respostas, o número do item
seguido da letra identificativa da alternativa correta.
1. Com a afirmação «esta frase e esta cena viajaram comigo para sempre» (linha 12), o
autor quer dizer que
A. se sentia marcado para toda a vida por aquela frase e por aquela cena.
B. transportava consigo, sempre que viajava, um livro sobre David Crockett.
C. se lembrava daquela frase e daquela cena sempre que viajava.
D. tinha aquela frase gravada na pasta que usava em viagem.
2. Na frase iniciada por «Foi aí que» (linha 20), o autor assinala o momento em que
A. leu a história aventurosa e acidentada do desbravador David Crockett.
B. tomou consciência de que David Crockett era o símbolo da sua infância.
C. sentiu a necessidade de preservar na memória o herói David Crockett.
D. julgou que era David Crockett, o mítico combatente de Forte Álamo.
7. No segmento textual “Este livro reúne alguns dos textos que mensalmente e ao
longo dos anos fui publicando” (linhas 1 e 2) constitui um ato ilocutório
A. diretivo.
B. assertivo.
C. compromissivo.
D. declarativo.
GRUPO III
“A mim o que me rodeia é o que me preocupa”.
Num texto bem estruturado, com um mínimo de 180 e um máximo de 300 palavras,
apresenta uma reflexão sobre a afirmação acima transcrita, atribuída a Cesário Verde, onde
esclareças essa atenção particular que o poeta dispensa à realidade circundante.
Para fundamentar o teu ponto de vista, recorre, no mínimo, a dois argumentos,
ilustrando cada um deles com, pelo menos, um exemplo significativo.
CORREÇÃO
A
1. O cenário descrito pelo sujeito poético enquadra-se no inverno “A lã dos seus barretes! /
Que espessos forros!” e “As árvores despidas”, num momento solarengo “vibra uma imensa
claridade crua”, após uns dias de chuva.
B
4. O equívoco do autor do texto foi ter associado a expressão (“rede social”) a instituições de
apoio social, como por exemplo, a Santa Casa da Misericórdia. Não sabendo o que é o
Facebook, o autor manifesta uma atitude de defesa da língua portuguesa, isto é, resiste ao
“estrangeirismo” dizendo que se deve traduzir a palavra. O autor não percebeu que esta
palavra designa uma rede social e que já é usada por toda a gente.
5. Essa frase é irónica, porque o autor brinca com o conceito de “amizade”: em vez de pessoas,
surgem como amigos: restaurantes, regiões, lojas, etc., com os quais ele não partilha nada em
comum. Portanto, ele não está a utilizar adequadamente o Facebook: dificilmente conseguirá
compartilhar conhecimentos e interesses com tantas e tão diversificadas entidades.
GRUPO II
1. A
2. B
3. B
4. C
5. A
6. A
7. B
8. Predicativo do sujeito
9. “uma índia muito bonita”
10. Oração subordinada adjetiva relativa explicativa