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AGRUPAMENTO DE ESCOLAS DE PORTELA E MOSCAVIDE Escola Secundá ria da Portela

Português – 12º ano - 2023/24 Escola EB 2,3 Gaspar Correia


Avaliação sumativa -1 Escola EB1 Catela Gomes
Escola EB1/JI Quinta da Alegria
EDUCAÇÃO LITERÁRIA -GRAMÁTICA -LEITURA Escola EB1/JI Portela

Domínio: Gramática

1. Indica as funções sintáticas das expressões sublinhadas. (6x10 pontos=60 pontos)


a. Não gosto de muita agitação.
b. O neorrealismo trouxe à literatura novos temas de âmbito social.
c. Considero o Ano da Morte de Ricardo Reis uma obra excecional.
d. Um título sugestivo é, habitualmente, breve.
e. Li o conto de Manuel da Fonseca e gostei muito.
f. Os contos George e Seta Despedida foram escritos por Maria Judite de Carvalho.
2. Classifica as orações sublinhadas. (6x 10 pontos=60 pontos)
a. Nenhum livro é tão ruim que não possa ser útil sob algum aspeto.
b. Gostei muito mais de ver o filme do que de ler o livro.
c. É improvável que ele tenha ido sozinho.
d. Como já vi esse filme, não quero ir ao cinema
e. A apresentação oral que o Benjamim fez foi irrepreensível.
f. Tenho de acabar o trabalho antes que ele chegue.
3. Indica a relação semântica que se estabelece entre as palavras destacadas. (20 pontos)
a. O Paulo teve um acidente com o carro e houve muitos danos: o para-choques, os faróis,
os espelhos e os pneus.
4. Escreve duas frases que ilustrem o campo semântico de capital. (2x 15 pontos= 30 pontos)
5. Classifica o processo de formação das palavras sublinhadas. (2x 15 pontos= 30 pontos)
a. Em pequeno, ia muitas vezes ao zoo.
b. O IVA é um imposto que está sempre a aumentar.

1
Domínio: Educação Literária

Lê as seguintes estrofes do poema “O sentimento dum ocidental”. Se necessário, consulta o vocabulário.

E saio. A noite pesa, esmaga. Nos 1. pavimento coberto de lajes;


2. entradas de ruas;
Passeios de lajedo1 arrastam-se as impuras.
3. velas grandes de cera;
Ó moles hospitais! Sai das embocaduras2 4. fabricante de cutelos e outros
Um sopro que arrepia os ombros quase nus. objetos cortantes;
5. maço, martelo;
5 Cercam-me as lojas, tépidas. Eu penso 6. impetuosamente;
Ver círios3 laterais, ver filas de capelas, 7. irrite, incomode;
8. larápio, gatuno;
Com santos e fiéis, andores, ramos, velas,
9. sem barba;
Em uma catedral de um comprimento imenso. 10. saudáveis;
11. brilhos;
As burguezinhas do Catolicismo 12. sensual, lasciva;
10 Resvalam pelo chão minado pelos canos; 13. estampado.
E lembram-me, ao chorar doente dos pianos,
As freiras que os jejuns matavam de histerismo.
Num cutileiro4, de avental, ao torno,
Um forjador maneja um malho5, rubramente6;
15 E de uma padaria exala-se, inda quente,
Um cheiro salutar e honesto a pão no forno.
E eu que medito um livro que exacerbe7,
Quisera que o real e a análise mo dessem;
Casas de confeções e modas resplandecem;
20 Pelas vitrines olha um ratoneiro8 imberbe9.
Longas descidas! Não poder pintar
Com versos magistrais, salubres10 e sinceros,
A esguia difusão dos vossos reverberos11,
E a vossa palidez romântica e lunar!

25
Que grande cobra, a lúbrica12 pessoa,
Que espartilhada escolhe uns xales com debuxo13!
Sua excelência atrai, magnética, entre o luxo,
Que ao longo dos balcões de mogno se amontoa.
E aquela velha, de bandós14! Por vezes,
30 A sua traîne15 imita um leque antigo, aberto,
Nas barras verticais, a duas tintas. Perto,
Escarvam16, à vitória, os seus mecklemburgueses17.

Desdobram-se tecidos estrangeiros;


Plantas ornamentais secam nos mostradores;
35 Flocos de pós de arroz pairam sufocadores,
E em nuvens de cetins requebram-se os caixeiros.

2
Mas tudo cansa! Apagam-se nas frentes
Os candelabros, como estrelas, pouco a pouco;
Da solidão regouga18 um cauteleiro19 rouco;
40 Tornam-se mausoléus as armações fulgentes.
“Dó da miséria!… Compaixão de mim!…”
E nas esquinas, calvo, eterno, sem repouso,
Pede-me sempre esmola um homenzinho idoso,
Meu velho professor nas aulas de latim!

VERDE, Cesário, 2015. “O sentimento dum ocidental”.


In O Livro de Cesário Verde. Porto: Porto Editora (pp. 53-57)

14. penteado em que se divide o cabelo em duas partes através de uma risca da testa à nuca; 15. cauda do vestido; 16. escavam
superficialmente; 17. cavalos importados da região de Mecklemburg, na Alemanha; 18. fala com voz áspera, resmunga; 19. vendedor de cautelas
da lotaria.

Apresenta, de forma clara e estruturada, as tuas respostas às questões.

1. Caracteriza o estado de espírito do sujeito poético e relaciona-o com os efeitos que a cidade
nele provoca. (52 pontos)

2. No que diz respeito aos tipos sociais apresentados, destaca a importância de que se reveste a
quarta estrofe, atendendo às diferenças que estabelece com as restantes quadras. (52 pontos)

3. Refere dois recursos expressivos utilizados na descrição do espaço citadino e explicita o seu
valor. (52 pontos)

4. Duas das características temáticas da poesia de Cesário Verde exploradas no poema são a
transfiguração poética do real e a deambulação do sujeito poético/narrador. Confirma a
veracidade da afirmação, recorrendo a um exemplo textual pertinente para cada uma das
características. (44 pontos)

Domínio: Leitura

Lê o texto.

3
Vivemos em constante ebulição sonora. As cidades, em todo o lado e há muito tempo,
expulsaram o silêncio, odeiam-no, maltratam-no, encaram-no como um vazio angustiante
que é preciso preencher.
Desde o início do século XX, pelo menos, quando os futuristas celebraram o ruído das
5 máquinas, dos automóveis e, posteriormente, o estrondo das armas de guerra [...], que as
sociedades se declararam inimigas do silêncio.
Para os herdeiros dos futuristas (todos nós), o ruído indica vida, está associado à
potência, à energia, ao poder. O silêncio, pelo contrário, aponta para a cristalização, a
suspensão ou a infinita lentidão do tempo, quando os dias parecem mais longos e
10 entediantes.
Nas televisões e nas rádios, os períodos de silêncio são falhas de comunicação (ou
«tempos mortos»), não possuem qualquer valor. Nas conversas banais, são evitados,
porque criam momentos de constrangimento ou desconforto.
Nos telemóveis e na Internet, a explosão das mensagens e o crescimento excitado dos
15 vídeos afogam-nos em quantidades ingentes1 de sons e imagens inúteis, que irritam pelo
tom imperativo, pela verborreia2 incessante e narcisista. [...]
O filósofo Schopenhauer declarou, referindo-se aos malefícios do ruído, que a
quantidade de barulho que uma pessoa consegue suportar é inversamente proporcional à
sua capacidade intelectual.
20 Talvez por isso, porque há tanta contaminação acústica à nossa volta, porque se fala
tanto, tanto, tanto – há indivíduos que nunca se calam (nem debaixo de água) e que matam
todos os silêncios – há cada vez mais pessoas que apelam ao silêncio e que o perseguem,
ansiosas por nele se refugiarem e reencontrarem.
Manter ou guardar silêncio tornou-se tão difícil, adquiriu uma importância tão capital, é
25 hoje um bem tão precioso, que nos últimos anos se multiplicaram os livros sobre o silêncio,
sobre a necessidade, os méritos e os benefícios do silêncio, sobre as emoções que suscita,
sobre o seu poder ou influência nos mais diversos domínios (política, religião, arte, literatura,
cinema, etc.). [...]
Tal como o escuro não é a ausência de luz, o silêncio não é o contrário de som, é antes
um estado que nos introduz noutra dimensão da realidade, que dá acesso ao mundo dos
sons infinitamente leves, aqueles que os nossos pavilhões auriculares (orelhas) não
30 conseguem captar. De certo modo, o silêncio é feito de pequenos sons, alguns deles
impercetíveis, que se sucedem uns a seguir aos outros. [...]
O facto de não conseguirmos captar o silêncio absoluto não significa que o silêncio não
exista. A descrição humana do silêncio dos lugares não exclui todos os sons, apenas
aqueles que, digamos assim, se intrometem ou estão fora de contexto.
35 Mesmo aquilo que consideramos barulho ou ruído depende desta componente subjetiva.
O ruído que incomoda é que aquele que percebemos como inútil: as sirenes das
ambulâncias, dos bombeiros ou da polícia não incomodam tanto porque são ruídos
considerados úteis ou necessários.

GEORGE, João Pedro, 2021. «Afluentes do silêncio». Sábado, n.º 904, 26 de agosto de 2021 (p. 86-
87)

1. ingentes: imensas; 2. verborreia: abundância de palavras com poucas ideias.

4
Nas respostas aos itens de escolha múltipla, seleciona a opção correta. Escreve,
na folha de respostas, o número do item e a letra que identifica a opção escolhida. (4 x 50
pontos= 200 pontos)

1. Relativamente ao género, o texto apresentado é

(A) uma apreciação crítica, que descreve sucintamente diferentes representações do silêncio e
avalia a sua qualidade.
(B) uma exposição sobre um tema, que, de forma concisa e fundamentada, descreve a
evolução histórica do silêncio.
(C) uma síntese de uma obra de Schopenhauer sobre os malefícios do ruído.
(D) um texto de opinião, que explicita o ponto de vista do autor sobre a importância do silêncio
na sociedade atual.

2. De acordo com os parágrafos das linhas 1 a 22, a «ebulição sonora» (l. 1) atual é consequência
(A) do excesso de ruído provocado pela tecnologia.
(B) da abundância de conversas supérfluas no espaço público.
(C) da proliferação de diferentes tipos de mensagens audiovisuais.
(D) da redução de momentos de silêncio nos meios de comunicação social.

3. O autor recorre à citação indireta de Schopenhauer para


(A) ilustrar a sua perspetiva com um exemplo.
(B) introduzir um novo tópico de reflexão.
(C) apresentar um contra-argumento.
(D) reformular o seu ponto de vista.

4. O único tópico relativo ao silêncio que não se aborda nos últimos quatro parágrafos do texto
ll. 23-38) é
(A) a sua dimensão subjetiva.
(B) as suas propriedades físicas.
(C) a sua associação à inatividade humana.
(D) a sua repercussão, enquanto tema, no mercado editorial.

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