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solução?
economia
William L. Anderson
(Galbraith dizia que o subconsumo ocorreu porque a "diferença" de renda entre os ricos
e os pobres havia crescido durante os anos 1920 - outro resultado "natural" do
capitalismo -, enquanto John Maynard Keynes e seus seguidores diziam que os gastos
com investimentos privados eram voláteis por causa do "animal spirits" dos
investidores. Por algum motivo intrínseco, esse sistema entrava em uma espiral
descendente e auto-multiplicadora sempre que os investidores privados não se
mostravam dispostos a jogar mais dinheiro na economia).
Aqueles que diziam que a Grande Depressão foi causada pelas "falhas" do livre mercado
estavam todos muito felizes e ansiosos para mostrar suas próprias "soluções", o que
incluía tentativas de se cartelizar toda a economia norte-americana ou de forçar os
salários para cima, via aumento da legislação do salário-mínimo ou através do apoio ao
crescimento dos sindicatos. Alguns, como Galbraith, foram ainda mais longe e
advogaram um socialismo absoluto e um completo planejamento econômico central. O
sistema de livre mercado, eles argumentavam, é muito inerentemente instável para ser
deixado aos seus próprios caprichos. (Esse é o mesmo argumento que Paul Krugman faz
de seu poleiro, duas vezes por semana, na página de opiniões do The New York Times.)
Assim, Friedman estava procurando não só explicar por que ele acreditava que a Grande
Depressão ocorreu, como também estava tentando defender o sistema de livre mercado,
ou ao menos tentando defender grande parte do sistema de livre mercado. Mas ele
argumentava que havia uma parte do sistema que estava destinada ao fracasso, e essa
parte era o sistema monetário.
Por si só esse ponto é bastante interessante, dado que Friedman estava disposto a
aceitar um sistema monetário gerido pelo governo - dinheiro "socialista" - mesmo ele
tendendo a condenar outras coisas que fossem socialistas. Entretanto, ele também
estava disposto a admitir que o sistema bancário de reservas fracionárias (o qual ele
endossava entusiasmadamente) estava sujeito a todas as instabilidades que se espera
de um sistema monetário no qual múltiplas reivindicações são feitas contra uma única
fonte.
Por exemplo, Friedman observa (acuradamente) que ocorreram mais de 4.000 falências
bancárias durante esse período e ele quer que de algum modo acreditemos que se o Fed
tivesse emprestado dinheiro suficiente (através de sua máquina de impressão de
cédulas) para um número suficiente de bancos, não teríamos visto tantas falências
bancárias. Entretanto, ele não menciona algo que é muito importante: a aprovação da lei
tarifária Smoot-Hawley, em 1930.
Essa infame tarifa, aprovada e assinada pelo presidente Herbert Hoover, não obstante
os apelos de mais de 1.000 economistas que assinaram uma carta incitando-o a vetar o
projeto de lei, não apenas tornou quase impossível importar bens de capital e de
consumo do exterior, como também destruiu o mercado de exportações para os
agricultores norte-americanos. Desse modo, um projeto de lei aprovado com o intuito
de aumentar os preços de produção do país acabou por levar a uma redução dos preços
dos produtos agrícolas.
A queda dos preços agrícolas também significava que os ativos dos bancos rurais - que
mantinham a maior parte dos seus ativos em empréstimos para safras e equipamentos
agrícolas, bem como em hipotecas para esse setor - também despencaram em valor.
Para piorar as coisas, muitos estados proibiram sucursais bancárias, o que significava
que quando os ativos de um banco rural perdiam valor e os bancos se tornavam
insolventes, era impossível ter um Plano B. (Durante esse período, nenhum banco no
Canadá quebrou, não obstante o país tenha passado pelas mesmas pressões
econômicas. O Canadá permitia sucursais bancárias).
Qualquer que fosse o tamanho da intervenção do Fed, ele jamais poderia salvar esses
bancos, que foram tão vítimas da Smoot-Hawley quanto as empresas que dependiam de
bens importados. Mas essa não foi a única razão por que os bancos entraram em colapso,
segundo Rothbard. Durante a década de 1920, o Federal Reserve System - e
principalmente o Fed de Nova York - comprou agressivamente títulos do governo (a
conhecida operação de mercado aberto - open market) e aumentou a quantidade de
dinheiro ao expandir as reservas bancárias, as quais acabaram se transformando em
empréstimos.
(Há uns dois anos, quando estava apelando de uma sobrevalorização ocorrida no
imposto de propriedade para a minha antiga casa em Cumberland, Maryland, eu disse à
comissão que o corrente boom imobiliário estava fadado a sofrer um golpe e entrar em
colapso. Parecia que eu estava contando a melhor piada do mundo, a julgar pelas
gargalhadas que meus comentários receberam. As pessoas nos mercados - que
supostamente são mais aptas a entender o sistema financeiro do que alguns políticos
picaretas que determinam impostos locais - estavam aparentemente cochilando
durante a mudança, também).
Eis aí o problema que Bernanke terá de encarar, e que não pode ser resolvido
simplesmente utilizando-se um helicóptero maior: o Fed e o governo americano
estimularam enormes e maus investimentos sobre a economia. O mercado imobiliário
não era nada consistente com os fundamentos do mercado, e não há como essas
políticas desatinadas - que consistem em estimular esse mercado para níveis além do
normal - serem abrandadas com a simples impressão de dólares.
A questão central é que o Fed perseguiu uma política de inflação, com grande parte
desse novo dinheiro impresso indo para os mercados hipotecários; e não há como evitar
as correções dolorosas e terríveis que normalmente se seguem às loucuras fiscais.
(Agora nós finalmente estamos vendo aumentos maciços nos preços das commodities,
que ocorrem simplesmente porque não há para onde esse novo dinheiro ir que não seja
diretamente para essas commodities e para os bens de consumo).
Qualquer um que creia que o Fed possa fazer de conta que títulos hipotecários
altamente danificados valham mais do que papel higiênico e, assim, literalmente erigir
sobre eles um portfolio de $200 bilhões em empréstimos, não entende nada de finanças.
Só porque Ben Bernanke declara que alguma coisa é "valiosa", isso não confere valor a
essa coisa.
No início dos anos 1930, Hoover gabou-se de que a intervenção do governo impediu que
a crise financeira se tornasse ainda pior. Ele estava iludido, para colocar de maneira
branda. Na realidade, o "New Deal" de Hoover levou ao "New Deal" de Roosevelt, que
levou a uma década de desemprego de dois dígitos - algo sem precedentes na história
dos EUA.
Esperemos que Bernanke não faça por merecer o manto de Hoover. Entretanto,
enquanto ele estiver tentando seguir a tese de Friedman, ele corre o risco destruir não
apenas sua própria reputação, mas também toda a economia americana.
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autor
William L. Anderson
é um scholar adjunto do Mises Institute, e leciona economia na Frostburg State University.
Como os keynesianos sequestraram o helicóptero de
Milton Friedman
No campo da teoria monetária, Milton Friedman era uma serra circular posicionada
em um ângulo torto. Jamais cortava corretamente.
Um dos primeiros clientes a receber este dinheiro é o governo federal, que está
sempre incorrendo em déficits — e, logo, está sempre pedindo empréstimos. O
governo federal recebe este dinheiro antes de todo mundo e o gasta. Aquelas
pessoas e empresas que consequentemente recebem este dinheiro são
privilegiadas, pois podem gastá-lo antes de todas as outras pessoas, quando os
preços ainda não subiram. Ao gastar esse dinheiro, os preços começam a
subir. Mas, como é possível notar, os preços não sobem uniformemente. E, caso
a produção da economia esteja aumentando, os preços podem até nem mesmo
subir. Mas o que está sempresubindo são os gastos do governo. Este fato —
e não os efeitos da criação de dinheiro sobre o nível geral de preços — deve ser o
cerne de qualquer análise correta sobre o Banco Central e seu poder de criar
dinheiro do nada. Tal fato é discutido unicamente pelos economistas seguidores
da Escola Austríaca.
Irving Fisher publicou seu livro sobre teoria monetária em 1911. Ludwig von Mises
o refutou com seu livro de 1912, The Theory of Money and Credit. Fisher nunca
respondeu explicitamente a Mises. Mas seus respectivos discípulos travaram
várias batalhas. Murray Rothbard repetidas vezes criticou Friedman em relação a
este mesmo ponto. Friedman jamais respondeu explicitamente a Rothbard.
Friedman sempre disse preferir a precificação feita pelo livre mercado. Mas
sempre houve esta reluzente exceção: a precificação do dinheiro. Sua metáfora
do helicóptero se tornou uma poderosa ferramenta retórica para persuadir outras
pessoas em relação aos seus argumentos contra a precificação da moeda feita
pelo livre mercado. Ele passou toda a sua carreira tentando solapar a ideia de um
livre mercado no âmbito monetário (moedas de ouro) e de um sistema de preços
baseado nele. Ele se tornou uma figura pública com seu livro de
1961, Capitalismo e Liberdade. O capítulo 3 é todo sobre dinheiro. Ele já começa
o capítulo com uma rejeição do padrão-ouro puro, baseado no uso de moedas de
ouro.
Eis aqui uma lei básica da economia: tudo o mais constante, quando o preço de
um bem diminui, uma maior quantia é demandada. Dinheiro fiduciário emitido
por um Banco Central permite ao governo adquirir mais poder e influência sobre
toda a economia. Dinheiro fiduciário criado pelo Banco Central é um grande
subsídio ao governo federal.
Keynesianos acreditam que o governo pode e deve aumentar seus gastos — isto
é, sua aquisição de bens e serviços. Friedman sempre disse que o governo não
deveria poder fazer isso com muito frequência — e que, quando o fizesse, que
fosse de maneira eficiente (por exemplo, por meio da emissão de vouchers para a
educação). Mas Friedman ignorou o óbvio: o poder de criar dinheiro fiduciário
reduz os custos do endividamento do governo. O governo poderá se endividar a
juros cada vez menores. Isso significa que o Banco Central fornece poder e
influência para o governo a um custo muito baixo. O governo irá sempre
demandar mais dinheiro a juros cada vez mais artificialmente baixos, pois isso
amplia o âmbito e o alcance das operações do governo.
Este foi o cerne do erro analítico de Friedman, que durou toda a sua vida. E esse
erro caiu como uma luva para os keynesianos. Eles hoje sabem perfeitamente
qual é o maior benefício de existir um Banco Central: a instituição fornece dinheiro
extra e quase gratuito para o governo incrementar seus gastos.
Friedman tentou reduzir a ênfase dada a esse aspecto do arranjo. Ele passou a
promover a ideia de uma inflação monetária constante, com a oferta monetária
crescendo a uma taxa anual fixa, em torno de 3 a 5% ao ano. Segundo ele, essa
seria uma forma de manter o “motor” da economia funcionando suavemente. Para
Friedman, o lubrificante necessário para a economia — metáfora minha, e não
dele — era o dinheiro. Ele realmente acreditava que o dinheiro poderia ser
ofertado pelo Banco Central a custo zero.
Ele adquiriu sua reputação por meio de um livro escrito a quatro mãos, A Monetary
History of the United States (1963). Nele, Friedman e Anna Schwartz culpam o
Federal Reserve pela Grande Depressão. Por quê? Porque o Banco Central
americano não inflacionou o bastante para socorrer 9.000 bancos e com isso
interromper a contração do M1. Os bancos quebraram e o M1 entrou em
deflação. Para os keynesianos, essa teoria foi um maná ideológico caído dos
céus. Essa foi a ideologia anticapitalista gratuitamente jogada por Friedman de um
helicóptero: culpar um banco central por não ter produzido uma inflação de preços
adequada e por não ter inflacionado a moeda o necessário para permitir um
aumento dos gastos do governo.
Durante este período, o Fed inflacionou a base monetária com o intuito de impedir
este fenômeno, ao contrário dos relatos de Friedman e Schwartz. O que
aconteceu é que, de 1931 a 1933, os correntistas americanos frustraram os planos
do Fed. Um gráfico produzido pela sucursal do Fed de St. Louis deveria para
sempre silenciar aqueles economistas que creem que Friedman e Schwartz
provaram a “complacência” do Fed. Mas não irá, é claro. A história contada por
Friedman e Schwartz é conveniente demais para ser utilizada como ferramenta de
pressão para novas rodadas de inflação monetária. Friedman e Schwartz
escreveram o livro mais importante da história a favor da inflação monetária, pois
os meios acadêmicos acreditam universalmente nele. A única seção do livro que
sempre é citada pelos economistas convencionais é a seção sobre as ações do
Fed no início dos anos 1930. A história é analítica e historicamente mentirosa. Eis
aqui os fatos.
Friedman ignorou o que deveria ser discutido: a política adotada pelo Federal
Reserve, de 1926 a 1929. Foi isso que o livro de Murray Rothbard, também
publicado em 1963, discutiu: A Grande Depressão Americana.
Em sua seção sobre jogar dinheiro do helicóptero, Friedman não discutiu nem
governo e nem tributação, mas os keynesianos já haviam entendido tudo. Em
última instância, dado que os Bancos Centrais compram os títulos da dívida do
governo, a expansão monetária feita pelo Banco Central resulta em um aumento
dos gastos do governo sem que seja necessário um aumento da tributação. Esta
é a grande implicação de posição de Friedman. E os keynesianos adoraram. (Em
1963, os keynesianos simbolicamente convidaram Friedman para entrar no
establishment acadêmico profissional por causa de seu livro. Antes disso, ele era
um pária.)
Em 1850, Frédéric Bastiat nos alertou a, sempre que fossemos fazer uma análise
econômica, prestarmos atenção às coisas que não víamos. Ele utilizou a metáfora
da vidraça quebrada e os gastos que tal acontecimento gera. Temos de pensar no
que está acontecendo ao longo de todo o processo, ele disse. A vidraça quebrada
altera o padrão de gastos. Ela reduz investimentos em bens e serviços que eram
de alta prioridade antes de a vidraça ser quebrada e aumenta os gastos na nova
prioridade: reparar a vidraça quebrada. O homem cuja vidraça foi quebrada sofreu
uma perda. Logo, disse Bastiat, não pode ser válido um argumento que afirma
que os gastos com o conserto de vidraça produzem um benefício pessoal líquido
para o sujeito. Sendo assim, se não houve um benefício pessoal líquido, também
não pode ter havido um benefício social líquido. Este é o âmago de sua
análise.
Friedman nunca falou nada a respeito disso. Ele sempre dizia que havia algum
tipo de regra jurídica teoricamente válida que poderia ser aplicada pelo governo
para proibir este uso indevido do helicóptero, isto é, para impedir a expansão dos
gastos do governo para além do que (1) os pagadores de impostos estão
dispostos a aceitar e (2) os emprestadores privados estão dispostos a financiar a
juros baixos. Tal raciocínio implicava ser confiável colocar raposas para tomar
conta do galinheiro. (Todos nós adoramos metáforas, não?) A ideia era ilógica
desde sua criação, e, ainda assim, este homem brilhante jamais se dispôs a
encarar abertamente sua total absurdidade.
De 1963 até sua morte em 2006, Friedman jamais publicou a seguinte mensagem:
Os keynesianos utilizaram inapropriadamente minha
tese sobre a Grande Depressão. Eles defenderam
uma expansão monetária empreendida pelo Banco
Central e pelo sistema bancário com o intuito de
contrabalançar uma deflação de preços e uma
depressão econômica. Eu também. Eles culparam o
Fed, 1930-33, por não ter inflacionado o
bastante. Este foi exatamente o meu argumento, e a
Dra. Schwartz forneceu várias estatísticas para
provar. Mas eu não me responsabilizo de forma
alguma pela expansão dos gastos governamentais
ocorrida desde 1933. Nada. Nem um fiapo. Minhas
mãos estão limpas.
Conclusão
Milton Friedman foi o agente operacional que fornecia a teoria que respaldava o
homem da valise dos grandes bancos comerciais: sua função era a de passar a
ideia de que era possível reformar o Banco Central. Ele subornou os porta-vozes
dos políticos, os keynesianos, com a moeda na qual estes negociam: fórmulas
matemáticas e várias notas de rodapé. Ele foi saudado como um desbravador
econômico pelos keynesianos por causa deste seu crucial serviço ideológico.
Veja também:
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Mencione a
expressão “economia de livre mercado” para uma pessoa relativamente informada
e as chances são de que, caso ela já tenha ouvido falar dessa expressão, ela irá
relacioná-la completamente ao nome de Milton Friedman. Por vários anos, o
professor Friedman obteve várias menções honrosas na imprensa e entre seus
colegas de profissão, e toda uma escola de pensamento friedmaniana — os
“monetaristas” — surgiu para desafiar a ortodoxia keynesiana.
A Escola de Chicago
Nesse catastrófico esquema, Milton Friedman foi guiado novamente não pelo seu
avassalador desejo de removero estado de nossas vidas, mas sim por sua vontade
de tornar o estado mais eficiente. Ele olhou ao seu redor, viu que os sistemas
assistencialistas municipais e estaduais estavam em penúria e concluiu que tudo
seria mais eficiente se todo o esquema fosse colocado sob o controle do governo
federal — sob a rubrica do imposto de renda —, dando a todas as pessoas a
certeza de que receberiam um piso garantido de renda.
De fato, talvez seria mesmo mais eficiente, mas também muito mais desastroso,
pois a única coisa que faz com que o atual estado assistencialista seja tolerável é
exatamente sua ineficiência, justamente porque, hoje, para conseguirem coletar
suas benesses, as pessoas têm de se enveredar pelo emaranhado caótico e
aborrecido da burocracia assistencialista, o que desanima a muitos. O esquema
de Friedman tornaria o recebimento das benesses totalmente automático, o que
daria a qualquer desocupado o direito de reivindicar automaticamente os frutos do
trabalho de gente produtiva.
Há vários exemplos recentes sobre esse “efeito estigma”. Já foi demonstrado que,
dado o mesmo nível de renda, mais pessoas tendem a ir para o assistencialismo
nas áreas urbanas do que nas áreas rurais, presumivelmente em função da
maior visibilidade e, consequentemente, maior estigma sobre os assistidos nas
regiões mais esparsamente povoadas. Ainda mais importante é o fulgurante fato
de que determinados grupos étnicos e religiosos, mesmo quando
significativamente mais pobres do que o resto da população,
simplesmentenão aceitam ir para o assistencialismo por causa de suas crenças
profundamente éticas. Assim, nos EUA, por exemplo, os sino-americanos, embora
predominantemente pobres, quase nunca são encontrados recebendo
assistencialismo. Uma recente reportagem sobre pessoas descendentes de
albaneses que moram em Nova York ilustra esse mesmo fato.
Os albaneses são invariavelmente pessoas pobres que moram em cortiços, e
mesmo assim não há albaneses americanos recebendo assistencialismo. Por
quê? Porque, disse um de seus líderes, “albaneses não mendigam nem
suplicam. E, para um albanês, receber assistencialismo é o mesmo que mendigar
na rua”.[6]
Mas o principal problema com a abordagem fisheriana de Friedman é que ele faz
aquela mesma separação ortodoxa entre as esferas macro e micro, que arruinou
suas ideias sobre tributação. Pois, de novo, Fisher acreditava que, de um lado, há
um mundo em que os preços individuais são determinados pela oferta e pela
demanda, mas, de outro, há um mundo em que o agregado “nível de preços” é
determinado pela oferta de moeda e pela velocidade com que esse dinheiro troca
de mãos. E ambos os mundos, nessa teoria, nunca entram em conflito. A esfera
agregada, macro, deve estar sujeita à manipulação e ao planejamento
governamental, supostamente sem interferir ou afetar a esfera micro dos preços
individuais.
Mantendo seu enfoque, Irving Fisher escreveu um famoso artigo em 1923, “The
Business Cycle Largely a ‘Dance of the Dollar'” — citado favoravelmente por
Friedman —, que estabeleceu o modelo para a “puramente monetária” teoria
chicaguista dos ciclos econômicos. Nessa visão simplista, os ciclos econômicos
são meramente uma “dança”; em outras palavras, uma essencialmente aleatória e
causalmente desconexa série de aumentos e diminuições no “nível de preços”. Os
ciclos econômicos, em suma, são variações aleatórias e supérfluas no nível
agregado de preços. Portanto, dado que o livre mercado provoca normalmente
essa “dança” aleatória, a cura para um ciclo econômico é fazer com que o governo
implemente medidas para estabilizar o nível de preços, para manter esse nível
constante. Este se tornou o propósito da Escola de Chicago da década de 1930, e
permaneceu sendo também o objetivo de Milton Friedman.
Por que um nível de preços estável seria uma ideia ética, a ser alcançada até
mesmo pelo uso da coerção governamental? Os friedmanianos simplesmente
assumem esse objetivo como autoevidente e sem a necessidade de apresentarem
qualquer argumentação racional. Porém, os trabalhos originais de Fisher
demonstram um total equívoco quanto à natureza do dinheiro, e quanto aos nomes
das várias unidades monetárias. Na realidade, como a maioria dos economistas
do século XIX sabia muito bem, estes nomes (dólar, libra, franco etc.) não eram
nomes que designavam realidades em si próprias, mas simplesmente nomes
paraunidades de peso de ouro ou prata. Foram essas duas commodities, ao
serem adotadas voluntariamente pelo livre mercado, que surgiram como sendo
dinheiro genuíno; os nomes e as cédulas eram simplesmente substitutos
monetários, meros recibos ou títulos que davam ao seu portador o direito de
redimi-los em ouro ou prata.
Foi Irving Fisher, suas doutrinas e sua influência, quem em grande parte foi o
responsável pelas desastrosas políticas inflacionárias do Banco Central americano
(o Federal Reserve System) durante a década de 1920, e portanto pelo
subsequente holocausto de 1929. Um dos principais objetivos de Benjamin
Strong, o presidente do Fed durante aquela década, era, sob a influência da
doutrina de Fisher, manter o nível de preços constante. E dado que, durante
aquela época, os preços do atacado ora se mantinham constantes, ora chegavam
a apresentar algum declínio, Fisher, Strong e todo o resto do establishment
econômico se recusaram a reconhecer que um problema inflacionário sequer
existisse. Portanto, como resultado, Strong, Fisher e o Fed se recusaram a dar
importância aos alertas de economistas ‘heterodoxos’, como Ludwig von Mises e
H. Parker Willis, que afirmavam que a expansão inflacionária do crédito bancário
orquestrada pelo Fedestava levando os EUA a um inevitável colapso econômico.
Tão obstinados e cegados pela ideologia estavam essas sumidades que, ainda em
1930, Fisher, em suas profecias econômicas, escreveu que não havia nenhuma
depressão, e que o colapso da bolsa de valores seria apenas algo temporário.[9]
Por sua vez, Friedman, em sua demasiadamente elogiada obra Monetary History
of the United States, demonstrou seu viés fisherista ao oferecer sua interpretação
da história econômica americana.[10] Benjamin Strong, indubitavelmente a mais
desastrosa influência sobre a economia americana durante a década de 1920, é
tratado como uma celebridade por Friedman precisamente por sua estabilização
do nível de preços durante aquela década.[11] Com efeito, Friedman atribui a
depressão de 1929 não à anterior expansão econômica estimulada pela inflação
monetária, mas sim ao fato de o Fed, já sem Strong na presidência, não ter
inflacionado a oferta monetária de maneira suficientemente agressiva antes e
durante a depressão.
Sob esse sistema, o nome da moeda — dólar, franco, marco etc. — se torna o
supremo padrão monetário, e o controle absoluto da oferta e do uso dessas
unidades é necessariamente garantido ao governo central. Em suma, o papel-
moeda de curso forçado é inerentemente o dinheiro do estatismo absoluto. O
dinheiro é a mercadoria central, o centro neurálgico, por assim dizer, da moderna
economia de mercado, e qualquer sistema que entregue o controle absoluto dessa
mercadoria ao estado está irremediavelmente incompatível com uma economia de
livre mercado — ou, em última instância, com a própria liberdade individual.
Um retorno ao padrão-ouro
Externalidades
É por essa razão que Friedman defende que o governo destine fundos para a
educação, por exemplo; dado que a educação de crianças é supostamente um
benefício para outras pessoas, então o governo está supostamente correto ao
tributar essas pessoas para pagar por esses “benefícios”. (Novamente, nesta
área, a perniciosa influência de Friedman foi a de tentar tornar uma ineficiente
operação estatal bem mais eficiente; aqui ele sugere substituir as impraticáveis
escolas públicas pelo sistema de vouchers, em que o estado concede vouchers
para famílias que, com isso, poderão escolher a escola particular em que
matricularão seus filhos — um arranjo que deixa intacto todo o conceito de
financiamento público para a educação.)
Ou, peguemos outro exemplo, para irritar as feministas: muitos homens obtêm um
grande nível de satisfação ao observarem garotas trajando minissaias; entretanto,
esses homens não estão pagando por este desfrute. Eis aí outra externalidade
positiva não sendo corrigida! Não deveriam todos os homens do país serem
tributados com o intuito de subsidiar garotas que utilizam minissaias?
Não há por que multiplicar os exemplos; eles proliferam quase que infinitamente, e
expõem a total absurdidade e a amplitude das concessões chicaguistas ao
estatismo. A única resposta que os chicaguistas conseguiram dar a esta reductio
ad absurdum é que eles não implementariam uma intervenção governamental a
este ponto, embora reconheçam a lógica do argumento. Mas por que não? Sob
qual padrão, sob qual critério eles julgam ser adequando interromper o raciocínio
em parques e escolas? O ponto é que não existe tal critério, e isso apenas
demonstra a falência intelectual e a falta de rigor lógico que estão no âmago da
maioria das escolas de pensamento econômico e de ciências sociais atuais — o
friedmanismo incluído.
O impacto de Friedman
[1] Henry C. Simons, A Positive Program for Laissez Faire: Some Proposals for a
Liberal Economic Policy (Chicago: University of Chicago Press, 1934).
[3] Para uma excelente introdução à visão austríaca, veja F.A. Hayek, O
Significado da Competição.
[4] Há um interessante relato de que, certa vez, o industrialista Charles F. Kettering
tentou animar um amigo no hospital, que estava reclamando sobre o crescimento
acelerado do governo, dizendo a seguinte frase: “Anime-se, Jim! Graças a Deus
ainda não temos um governo do tamanho equivalente ao que pagamos.”
[7] Esse foi o mesmo princípio que guiou a Charity Organization Society da
Inglaterra do século XIX. Essa organização liberal clássica “acreditava que o mais
sério aspecto da pobreza era a degradação do caráter do homem ou da mulher
pobre. A caridade indiscriminada apenas piorava as coisas; ela desmoralizava. A
verdadeira caridade demandava amizade e consideração, o tipo de ajuda que
restauraria no indivíduo o respeito próprio e sua capacidade de se sustentar a si
próprio e a sua família.” Charles Loch Mowat, The Charity Organization
Society (London: Methuen, 1961), p. 2.
[8] Welfare Plan of the Church of Jesus Christ of Latter-Day Saints (The General
Church Welfare Committee, 1960), p. 48.
[9] Irving Fisher, The Stock Market Crash — And After (New York: Macmillan,
1930).
[10] Milton Friedman and Anna Schwartz, A Monetary History of the United States,
1867-1960 (Princeton, N.J.: Princeton University Press, 1963).
[11] Ver Murray N. Rothbard, America’s Great Depression (Princeton, N.J.: D. Van
Nostrand, 1963), para uma visão oposta sobre a década de 1920.
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Terceiro, a ideia por trás dessa decisão de fechar a janela do ouro foi aquilo que
Stockman chamou de geringonça de Milton Friedman — uma reforma feita em
duas etapas: deixar que o dólar flutuasse em relação a outras moedas e abolir os
últimos vestígios do padrão-ouro.
Ele inventou várias ideias para justificar a imposição do imposto de renda retido na
fonte em 1943. Este seria um imposto temporário, que seria aplicado apenas em
caráter emergencial, para melhor financiar o esforço de guerra. Pelo menos foi
isso que foi dito ao público. Ele acreditava que o governo poderia coletar um
volume bem maior de receitas por meio do imposto retido na fonte. Ele estava
certo. Tal arranjo tornou o governo mais eficiente do que nunca na tarefa de
extrair a riqueza alheia.
Acima de tudo, ele defendia a ideia de que guardar ouro nos cofres do governo
como forma de lastrear a moeda era um desperdício. O ouro estaria assim sendo
inutilizado. Da mesma forma, havia um desperdício de recursos para manter uma
guarda armada cuidando desse ouro. Logo, para tornar a política monetária mais
eficiente, o Banco Central deveria aumentar a oferta monetária — ele nunca
especificou qual M (M0, M1, M2, M3…) — de 2 a 5% ao ano. Ele queria um papel-
moeda fiduciário e de curso forçado controlado pelo banco central.
Respondi a esses argumentos anti-ouro, os quais foram feitos pelo The Wall Street
Journal, ainda em 1969.
Hans Sennholz também respondeu em várias outras ocasiões. O mesmo fez
Murray Rothbard. Mas não fomos levados a sério. Não fazíamos parte da
corrente dominante do pensamento econômico. Economistas acadêmicos há
muito haviam abandonado qualquer apoio a um padrão-ouro genuíno (com
moedas de ouro utilizadas nas transações). Nem todos eles apoiavam a ideia de
Friedman de ter um banco central comedido, cuja expansão monetária fosse
restrita. Com efeito, poucos apoiavam essa ideia. Eles queriam flexibilidade. Eles
ainda querem.
Assim que Nixon aboliu o que restava do padrão-ouro, não havia mais retorno. A
base monetária cresceu, todos os vários Ms cresceram, os preços aumentaram,
bolhas surgiram, inflaram e explodiram, e a dívida federal americana cresceu até
seu atual e insustentável nível — insustentável a menos que seja paga com uma
inflação monetária maciça seguida de hiperinflação de preços.
A abolição de uma moeda conversível em ouro era apenas parte da criação do Dr.
Friedman. A outra parte foi sua sugestão de taxas de câmbio flutuantes. Essa
parte merece uma consideração especial.
Qualquer desvio dessa definição fixa causaria uma reação. Se o preço do ouro
fosse estabelecido em um valor alto demais em relação à moeda do país, o banco
central deste país seria inundado de ouro: haveria uma abundância de ouro. Se o
preço do ouro fosse estabelecido em um valor baixo demais em relação à moeda
do país, o banco central deste país sofreria uma fuga de ouro: haveria uma
escassez de ouro. Qualquer uma dessas duas condições forçaria o banco central
a fazer mudanças: ou mudanças na política monetária ou mudanças na definição
oficial da taxa de câmbio entre as moedas.
A taxa de câmbio fixa entre a moeda A e a moeda B era uma taxa de câmbio
determinada pelo mercado. Ela até então não havia se alterado porque cada país
honrava seu respectivo contrato em relação à conversibilidade do ouro a um preço
fixo.
O acordo de Bretton Woods feito em 1944 foi uma geringonça. Foi uma “nova e
aprimorada” geringonça cujo desenho original era o padrão ouro-câmbio, criado
em 1922 na Conferência de Gênova. Naquela conferência, os governos
concordaram em estabelecer um “novo e aprimorado” padrão-ouro. Ao invés de
restabelecerem um padrão monetário com moedas de ouro totalmente
conversíveis domesticamente, o que transferiria a autoridade monetária para os
cidadãos, eles fizeram um acordo: ao invés de manterem ouro em seus bancos
centrais, os países manteriam títulos da dívida emitidos pelos EUA e pela Grã-
Bretanha, os quais renderiam juros.
Foi fácil para Friedman mostrar como todo esse arranjo era ridículo. “Apenas
deixem as moedas flutuarem”, disse ele. “Deixe o livre mercado determinar o
preço de cada uma delas”. Esse foi um bom conselho. Controles de preços nunca
funcionam como propagandeado. Eles sempre produzem escassezes ou
excedentes.
Porém, foi aí que Friedman recomendou sua política favorita: papel-moeda puro,
sem nenhum lastro. Ele disse que tal arranjo poderia ser gerenciado
racionalmente por meio de uma regra fixa determinando uma previsível expansão
da quantidade de dinheiro. “Deleguem essa tarefa para o Banco Central. Tudo
dará certo se Banco Central não alterar indevidamente a taxa de crescimento da
oferta monetária”.
Nixon adotou essa geringonça criada por Friedman. Primeiro, não mais haveria
conversibilidade de moeda estrangeira em ouro. Os dólares em posse de
governos estrangeiros passariam a ser apenas aquilo que realmente são: papeis
pintados, sem direito a serem trocados por ouro.
Durante pouco mais de dois anos, foi imposto um controle geral de preços sobre
os bens americanos. Tal controle de preços gerou escassez e uma desordem no
comércio internacional. O dólar só passou a flutuar oficialmente em dezembro de
1973.
Foi uma análise precisa do que ocorreu. Porém, a âncora do sistema não era o
sistema de taxas de câmbio fixas, pois o FMI nunca teve a autoridade de zelar por
sua aplicação. A âncora era a promessa dos EUA de vender ouro a US$ 35 a
onça. Quando essa amarra foi cortada, e os EUA mantiveram todo o ouro consigo,
o sistema monetário internacional ficou totalmente à deriva. Hoje, essa âncora
está armazenada nos cofres da sucursal do Federal Reserve de Nova York.
Nos bons e velhos tempos, observou Stockman, havia dor. “Os políticos não
precisavam ser profundamente versados na parábola de Bastiat sobre o que se vê
e o que não se vê. Os frutos amargos de todo e qualquer déficit orçamentário
eram totalmente visíveis e imediatos.” Isso acabou em 1971.
Durante as quatro décadas desde que o padrão-ouro foi completamente abolido,
as regras do jogo fiscal foram completamente adulteradas. Mais especificamente,
sob a geringonça dos papeis-moedas flutuantes criada pelo professor Friedman,
os estrangeiros podem acumular papeis redimíveis em dólares ou trocá-los por
outras moedas de papel.
O governo americano hoje está incorrendo em um déficit de US$ 1,6 trilhão. Nada
pode ser feito politicamente para impedir isso. Estamos todos em um trem
desenfreado. Os freios principais foram removidos em 1971. O único freio que
restou é aquele que pode ser aplicado apenas pelos justiceiros do mercado
(investidores que vendem títulos de dívida como protesto contra políticas
inflacionárias ou de má gestão das contas pública). Porém, a efetividade destes
foi reduzida, uma vez que hoje é o Fed o principal comprador dos títulos da dívida
americana, junto com os bancos centrais asiáticos. Stockman observou que “o
quantitative easing 2 feito pelo Fed, que consiste na compra de títulos da dívida
americana, está sendo feito em escala tão maciça, que ele está literalmente
comprando títulos do Tesouro no mercado secundário quase que na mesma
velocidade com que os títulos estão sendo emitidos”.
Isso tudo seria culpa de Friedman? Stockman, de certa forma, concede uma
absolvição.
Conclusão
Nós o alertamos. Ele não quis ouvir. Seus seguidores também não
ouviram. Hoje, eles estão em silêncio, apenas observando e se limitando a
resmungar sobre déficits potencialmente excessivos e sobre uma inflação de
preços potencialmente excessiva. Mas, em geral, eles continuam aprovando a
existência de bancos centrais, principalmente a existência do Fed e toda a sua
obra.
O problema todo começou em 1914, quando a Primeira Guerra fez com que todos
os países saíssem do padrão-ouro, gerando um maciço confisco do ouro que
pertencia ao povo: primeiro pelos bancos comerciais; depois pelos bancos
centrais.
A geringonça criada por Milton Friedman foi apenas mais uma malfadada tentativa
de lidar com os resultados desse confisco original. Foi apenas mais um exemplo
de seu enfoque: “O governo estava certo em confiscar o ouro e abolir o padrão-
ouro. Foi uma maneira eficiente de lutar uma guerra, assim como impostos retidos
na fonte são eficientes e assim como vouchers educacionais são eficientes.”
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Muitas pessoas de bom senso, mesmo sem possuir base alguma na teoria
econômica ou na de direitos naturais, rejeitam instintivamente tal ideia. Apesar
disso, a ideia começou a ser implantada no Brasil por FHC em 2001, e hoje está
em pleno funcionamento. Embora seja uma ideia tenebrosa, ela encontra respaldo
em muitos pensadores associados ao Liberalismo. O primeiro deles pode ter sido
Thomas Paine. O escritor que participou da Revolução Americana e da Revolução
Francesa idealizou uma proposta de “renda mínima” — talvez se baseando no
proviso de Locke, o pensador que é um dos pilares do liberalismo.[1]Muitos outros
autores fizeram propostas semelhantes, como Marx, Keynes e Galbraith, e era
esperado que defendessem esse redistributivismo. Mas é absurdo ver nomes
associados à defesa da liberdade dando seu aval a este tipo de espoliação.
A previsão que Rothbard teve instantaneamente, assim que bateu os olhos nos
primeiros capítulos da obra de Hayek, vem se concretizando desde então. Por
exemplo, para atacar Ron Paul na última corrida presidencial americana, o
“economista” esquerdista Paul Krugman usou Hayek contra os opositores da
saúde pública:
Libertários não seguem pessoas; nós seguimos ideias. Aqui mesmo no Instituto
que leva seu nome, criticamos diversas ideias de Ludwig von Mises, e não
pretendemos fazer “culto à personalidade” nem de Mises, nem de Rothbard e nem
de ninguém. Mas o fato é que alguém inevitavelmente será identificado como o
líder intelectual de um movimento, e a esquerda já nomeou os atuais “líderes”. Não
temos líderes, mas se existem pessoas cuja obra representa melhor a defesa da
liberdade, estas pessoas são Mises e Rothbard.
_______________________________________
Notas:
[1] A proposta de “dividendo universal” de Paine, que garantiria uma renda mínima
a todos, é baseada em sua ideia de que todo ser humano do planeta é
coproprietário da terra apenas em virtude de ter nascido neste planeta e de estar
vivo. Já o proviso de Locke dizia que os indivíduos podiam se apropriar da terra
‘misturando seu trabalho a ela’, contanto que sobrasse o suficiente para que outros
também pudessem se apropriar de porções semelhantes. Veja a refutação do
proviso lockeano em Rothbard, capítulo 29 do A Ética da Liberdade; Hoppe, pág.
410 et pass. The Economics and Ethics of Private Property; e de Jasay, págs. 188
e 195 do Against Politics.
[2] Dois anos depois, quando Rothbard recebeu e analisou a obra completa, ele
elogiou a erudição da obra — principalmente pelo valioso conteúdo de suas notas
— e enalteceu alguns capítulos específicos, mas no geral sua avaliação continuou
a mesma. Hayek havia fracassado monumentalmente em sua tentativa de
estabelecer um sistema em prol da liberdade. Murray N. Rothbard vs. the
philosophers: unpublished writings on Hayek, Mises, Strauss, and Polanyi,
capítulos 2 e 3, Roberta Adelaide Modugno — Auburn, Alabama: Ludwig von
Mises Institute, 2009. Para uma crítica devastadora de Os Fundamentos da
Liberdade, veja: F.A. Hayek e o conceito de coerção, em A Ética da Liberdade,
Instituto Ludwig von Mises Brasil, 2010, capítulo 28.
[8] A Lei, Instituto Ludwig von Mises Brasil, 2010, pág. 24.
[9] A grande depressão americana, Instituto Ludwig von Mises Brasil, 2010, pág.
281.
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Eis que surge agora um artigo publicado pelo National Bureau of Economic
Research(NBER), escrito por um proeminente economista com impecáveis
credenciais acadêmicas – e aceito para publicação pelo influente Journal of
Economic Theory – , que desafia a visão da dupla Friedman-Schwartz e dá ampla
evidência à posição de Rothbard sobre a gênese da Grande Depressão. Para
escrever seu artigo Who – or What – Started the Great Depression(Quem – Ou o
Quê – Iniciou a Grande Depressão), o economista Lee E. Ohanian, da UCLA,
passou quatro anos examinando e analisando minuciosamente dados salariais e
coletando informações de fontes relacionadas a Hoover e ao seu governo.[1]
Dessa forma, “a recessão foi três vezes pior – no mínimo – do que teria sido caso
contrário, por causa de Hoover”.
_______________________________________________
[1] O artigo de Ohanian está disponível online como PDF. Uma reportagem sobre
o artigo baseada em uma entrevista com o autor está disponível
em http://newsroom.ucla.edu/portal/ucla/pandering-to-labor-caused-great-
91447.aspx. As citações do presente artigo foram retiradas de ambas as fontes
supracitadas.
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Em meio a mais
séria crise financeira desde a Grande Depressão, alguns economistas estão
atualmente tentando inventar soluções para estabilizar o sistema financeiro. A
maioria dos especialistas é da visão de que um maior controle dos mercados
financeiros é a resposta. O falecido professor Milton Friedman ficaria desalentado
por tais idéias. Ele dizia que a raiz da instabilidade financeira está nas políticas
reativas do banco central – ou as políticas monetárias contracíclicas.
Friedman sustentava que tais políticas são o fator-chave por trás das flutuações na
oferta monetária e, portanto, das flutuações na atividade econômica. De acordo
com Friedman, o que é necessário para se eliminar as flutuações é que os
estrategistas políticos do banco central persigam uma política em que a oferta
monetária cresça a uma taxa fixa:
Esse desvio ocorre porque aqueles indivíduos que são os primeiros a receber o
novo dinheiro recém impresso, ao gastá-lo, irão elevar os preços dos bens. E os
genuínos geradores de riqueza que não receberam o dinheiro recém impresso
descobrem que, agora, eles conseguirão comprar menos bens do que antes, por
causa do aumento dos preços. (Para entender melhor esta importante idéia,
vereste artigo e este. Não prossiga caso não esteja familiarizado com essa teoria).
Uma queda nessa oferta monetária irá solapar as várias atividades não produtivas
que surgiram como conseqüência da expansão monetária. Logo, a capacidade que
essas atividades têm de desviar a poupança real – que normalmente iria para os
geradores de riqueza – para si própria será restringida.
Observe que, uma vez que atividades não produtivas (bolhas) não geram qualquer
riqueza real, elas não podem obter os bens que necessitam sem o uso do dinheiro
que foi criado do nada.
Uma queda na taxa de crescimento do dinheiro irá solapar várias atividades não
produtivas. E isso irá gerar a recessão econômica.
Disso podemos deduzir que, por causa da conduta dos bancos, não é possível
manter uma taxa de crescimento constante da oferta monetária. Isso significa
simplesmente que a regra de Friedman não pode ser implementada. Com efeito, o
Federal Reserve (o banco central americano), no início dos anos 1980, tentou
implementar essa regra de Friedman, mas foi malsucedido.
Já vimos que imprimir dinheiro do nada, sem qualquer lastro, estimula a criação de
atividades falsas (não produtivas). Portanto, se a regra do crescimento da oferta
monetária a uma taxa fixa fosse aplicada, com o tempo ela levaria a uma
expansão das atividades não produtivas. E isso, como já vimos, irá debilitar as
atividades que geram riqueza genuína, o que, consequentemente, irá solapar a
economia real.
Quanto maior for o tempo que a regra de Friedman estiver em execução, pior será
para as atividades geradoras de riqueza – e, portanto, para os fundamentos da
economia. Em algum ponto, quando a porcentagem de atividades falsas superar
50% de toda a economia, esta entrará em colapso.
Podemos então concluir que a regra monetária de Friedman é apenas mais uma
outra maneira de se interferir na economia; ela não pode levar à estabilidade
econômica.
Comecemos com uma economia de escambo. João o minerador produz dez onças
de ouro. A razão pela qual ele escava minas à procura de ouro é porque ele crê
que haja um mercado para o produto. O ouro contribui para o bem-estar dos
indivíduos. Ele troca suas dez onças de ouro por vários outros bens como batatas
e tomates. Observe que o fato de João poder trocar seu ouro por outros bens
significa que o ouro oferece benefícios aos compradores. (Por exemplo, as
pessoas utilizam ouro para fazer jóias).
Com o tempo, as pessoas descobrem que o ouro, além de ser utilizado para fazer
jóias, também é útil para algumas outras aplicações. Elas agora atribuem um valor
de troca ao ouro muito maior do que antes. Como resultado, João o minerador
pode agora trocar suas dez onças de ouro por mais batatas e tomates.
Deveríamos condenar isso como sendo uma notícia ruim pelo simples fato de João
agora estar atraindo mais recursos para si próprio? É claro que não, até porque
isso é exatamente o que acontece a todo o momento no mercado. Com o passar
do tempo, as pessoas atribuem uma importância maior a alguns bens e diminuem
a importância dada a alguns outros bens. Alguns bens passam a ser considerados
mais importantes do que outros bens em termos da assistência e do bem-estar
que propiciam.
Compare tudo isso à impressão de recibos (cédulas) de ouro que não estejam
lastreados 100% por ouro – ou seja, dinheiro criado do nada (exatamente como o
banco central e o sistema bancário de reservas fracionárias fazem). Trata-se de
um ato de fraude, que na verdade é o que a inflação é. Ela cria um cenário em que
o consumo é feito sem qualquer contribuição ao conjunto da riqueza real.
Certificados vazios, sem qualquer lastro, geram uma troca de nada por alguma
coisa, que por sua vez leva aos ciclos de expansão e recessão.
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Os “erros” aos quais se referia o economista foram delineados pelo falecido Milton
Friedman em dois livros:Uma História Monetária dos Estados Unidos (escrito com
Anna Schwartz), de 1963, e seu famoso Liberdade de Escolher(com Rose
Friedman), publicado em 1979. De acordo com Friedman e seus co-autores, o
colapso econômico que ocorreu nos EUA de 1930 a 1933 se deu porque o Federal
Reserve System não agiu corretamente em face dos pânicos e colapsos
bancários, levando a uma maciça contração da quantidade de dinheiro em
circulação, o que ao final levou à calamidade.
Aqueles que diziam que a Grande Depressão foi causada pelas “falhas” do livre
mercado estavam todos muito felizes e ansiosos para mostrar suas próprias
“soluções”, o que incluía tentativas de se cartelizar toda a economia norte-
americana ou de forçar os salários para cima, via aumento da legislação do
salário-mínimo ou através do apoio ao crescimento dos sindicatos. Alguns, como
Galbraith, foram ainda mais longe e advogaram um socialismo absoluto e um
completo planejamento econômico central. O sistema de livre mercado, eles
argumentavam, é muito inerentemente instável para ser deixado aos seus próprios
caprichos. (Esse é o mesmo argumento que Paul Krugman faz de seu poleiro,
duas vezes por semana, na página de opiniões do The New York Times.)
Assim, Friedman estava procurando não só explicar por que ele acreditava que a
Grande Depressão ocorreu, como também estava tentando defender o sistema de
livre mercado, ou ao menos tentando defender grande parte do sistema de livre
mercado. Mas ele argumentava que havia uma parte do sistema que estava
destinada ao fracasso, e essa parte era o sistema monetário.
Por si só esse ponto é bastante interessante, dado que Friedman estava disposto
a aceitar um sistema monetário gerido pelo governo – dinheiro “socialista” –
mesmo ele tendendo a condenar outras coisas que fossem socialistas. Entretanto,
ele também estava disposto a admitir que o sistema bancário de reservas
fracionárias (o qual ele endossava entusiasmadamente) estava sujeito a todas as
instabilidades que se espera de um sistema monetário no qual múltiplas
reivindicações são feitas contra uma única fonte.
Essa infame tarifa, aprovada e assinada pelo presidente Herbert Hoover, não
obstante os apelos de mais de 1.000 economistas que assinaram uma carta
incitando-o a vetar o projeto de lei, não apenas tornou quase impossível importar
bens de capital e de consumo do exterior, como também destruiu o mercado de
exportações para os agricultores norte-americanos. Desse modo, um projeto de lei
aprovado com o intuito de aumentar os preços de produção do país acabou por
levar a uma redução dos preços dos produtos agrícolas.
A queda dos preços agrícolas também significava que os ativos dos bancos rurais
– que mantinham a maior parte dos seus ativos em empréstimos para safras e
equipamentos agrícolas, bem como em hipotecas para esse setor – também
despencaram em valor. Para piorar as coisas, muitos estados proibiram sucursais
bancárias, o que significava que quando os ativos de um banco rural perdiam valor
e os bancos se tornavam insolventes, era impossível ter um Plano B. (Durante
esse período, nenhum banco no Canadá quebrou, não obstante o país tenha
passado pelas mesmas pressões econômicas. O Canadá permitia sucursais
bancárias).
Qualquer que fosse o tamanho da intervenção do Fed, ele jamais poderia salvar
esses bancos, que foram tão vítimas da Smoot-Hawley quanto as empresas que
dependiam de bens importados. Mas essa não foi a única razão por que os bancos
entraram em colapso, segundo Rothbard. Durante a década de 1920, o Federal
Reserve System – e principalmente o Fed de Nova York – comprou
agressivamente títulos do governo (a conhecida operação de mercado aberto
– open market) e aumentou a quantidade de dinheiro ao expandir as reservas
bancárias, as quais acabaram se transformando em empréstimos.
(Há uns dois anos, quando estava apelando de uma sobrevalorização ocorrida no
imposto de propriedade para a minha antiga casa em Cumberland, Maryland, eu
disse à comissão que o corrente boom imobiliário estava fadado a sofrer um golpe
e entrar em colapso. Parecia que eu estava contando a melhor piada do mundo, a
julgar pelas gargalhadas que meus comentários receberam. As pessoas nos
mercados – que supostamente são mais aptas a entender o sistema financeiro do
que alguns políticos picaretas que determinam impostos locais – estavam
aparentemente cochilando durante a mudança, também).
Eis aí o problema que Bernanke terá de encarar, e que não pode ser resolvido
simplesmente utilizando-se um helicóptero maior: o Fed e o governo americano
estimularam enormes e maus investimentos sobre a economia. O mercado
imobiliário não era nada consistente com os fundamentos do mercado, e não há
como essas políticas desatinadas – que consistem em estimular esse mercado
para níveis além do normal – serem abrandadas com a simples impressão de
dólares.
A questão central é que o Fed perseguiu uma política de inflação, com grande
parte desse novo dinheiro impresso indo para os mercados hipotecários; e não há
como evitar as correções dolorosas e terríveis que normalmente se seguem às
loucuras fiscais. (Agora nós finalmente estamos vendo aumentos maciços nos
preços das commodities, que ocorrem simplesmente porque não há para onde
esse novo dinheiro ir que não seja diretamente para essas commodities e para os
bens de consumo).
Qualquer um que creia que o Fed possa fazer de conta que títulos hipotecários
altamente danificados valham mais do que papel higiênico e, assim, literalmente
erigir sobre eles um portfolio de $200 bilhões em empréstimos, não entende nada
de finanças. Só porque Ben Bernanke declara que alguma coisa é “valiosa”, isso
não confere valor a essa coisa.
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economia
Robert P. Murphy
Antes de começar, permitam-me algumas óbvias advertências: não estou aqui falando
em nome de todos os economistas seguidores da Escola Austríaca, e neste artigo irei
discutir a Escola Austríaca na moderna tradição de Ludwig von Mises e Murray
Rothbard. (Particularmente em questões metodológicas, os austríacos da ala
rothbardiana se diferem um tanto daqueles que recorrem a Friedrich Hayek e a Israel
Kirzner como fonte de inspiração). Também é importante observar que nem todos os
economistas da Escola de Chicago pensam da mesma maneira. Ainda assim, espero que
as generalizações a seguir sejam representativas.
Metodologia
Em contraste, o artigo seminal da Escola Chicago sobre metodologia foi escrito por
Milton Friedman em 1953, "The Methodology of Positive Economics". Longe de derivar
leis ou princípios econômicos que sejam necessariamente verdadeiros (como faz
Mises), Friedman na verdade defende o desenvolvimento de modelos baseados em
hipóteses que podem ser provadas falsas. Essas falsas premissas, entretanto, não
representam nenhum golpe contra uma boa teoria:
A pergunta relevante a ser feita sobre as "hipóteses" de uma teoria não é se elas são
descritivamente "realistas", pois elas nunca são, mas sim se elas são aproximações
suficientemente boas para o objetivo em questão. E essa pergunta pode ser respondida
somente observando se a teoria funciona, isto é, se ela permite prognósticos
suficientemente acurados.
Embora a análise de Friedman soe perfeitamente sensata, podendo até ser considerada
a epítome do "científico", Mises considerava-a uma armadilha sedutora para os
economistas. Para uma rápida ilustração dessa diferença de perspectivas, permitam-
me um exemplo por mim vivenciado quando professor.
Entretanto, um princípio que me chamou bastante a atenção era aquele que dizia que
"Para ser científica, uma teoria econômica deve apresentar prognósticos
testáveis". Expliquei para a classe que, mesmo sendo aquela uma noção popular entre
os economistas profissionais, não era uma visão da qual eu compartilhasse. Expliquei
que tudo o que iríamos aprender durante todo o semestre com aquele livro-
texto nãogeraria prognósticos testáveis. Ao contrário, eu iria simplesmente ensinar a
eles um arcabouço com o qual eles poderiam interpretar o mundo. Os alunos teriam
então de decidir se tal arcabouço seria útil ou não; porém, em última instância, a decisão
final deles não iria se resumir a "Será que essas ferramentas de oferta e demanda
permitem bons prognósticos?"
Após eu ter feito todo esse meu discurso, um dos alunos fez a excelente observação de
que absolutamente nenhum dos outros princípios era um prognóstico testável. Ele
estava certo! Por exemplo, como pode alguém testar a afirmação de que "As pessoas
reagem a incentivos"? Eu poderia dizer para um indivíduo, "Vou lhe dar $20 se você
decepar o seu dedão." Independentemente do que venha a acontecer, a afirmação
continua correta. Se o indivíduo não decepar seu dedão, isso significa apenas que eu
não ofereci a ele um incentivo bom o bastante.
Isso não é uma mera parolice filosófica. Mises enfatizava que a importante herança de
uma sólida teoria econômica não é uma coleção de afirmações empiricamente testáveis
sobre o comportamento de variáveis econômicas. Antes, a teoria econômica é, acima de
tudo, um arcabouço internamente coerente com o qual se interpretar "os dados".
Ciclos econômicos
Historicamente, eles não levam em conta as distorções causadas por taxas de juros
fixadas em níveis abaixo dos de livre mercado (as quais, obviamente, são o ingrediente
principal da teoria austríaca dos ciclos econômicos). Entretanto, recentemente, um
número cada vez maior de críticos chicaguistas do Fed vem apontando os perigos da
política de taxa de juros zero implantada por Ben Bernanke.
Finalmente, a maioria dos atuais membros das escolas Austríaca e de Chicago possui
ideias vastamente diferentes no que concerne à área conhecida como "Análise
econômica do direito". Seja baseando-se nos direitos naturais ou na herança tradicional
do direito consuetudinário, os austríacos tendem a crer que as pessoas objetivamente
possuem direitos de propriedade, ponto final; e que, só uma vez especificados esses
direitos, a análise econômica pode ser feita. Em contraposição, algumas das mais
extremas aplicações daquilo que pode ser chamado de "a abordagem de Chicago" diriam
que os direitos de propriedade deveriam ser designados de acordo com a eficiência
econômica. (Na reductio ad absurdum feita por Walter Block, um juiz pode decidir se um
homem roubou ou não a bolsa de uma mulher perguntando quanto cada um dos
envolvidos estaria disposto a pagar pela bolsa.)
Conclusão
11 votos
autor
Robert P. Murphy
é Ph.D em economia pela New York University, economista do Institute for Energy Research, um scholar
adjunto do Mises Institute, membro docente da Mises University e autor do livro The Politically Incorrect
Guide to Capitalism, além dos guias de estudo para as obras Ação Humana e Man, Economy, and State with
Power and Market. É também dono do blog Free Advice.