Você está na página 1de 12

A TIPOGRAFIA COMO BASE DO

PROJETO GRÁFICO-EDITORIAL

Luciano Patrício Souza de Castro


UFSC, Departamento de Expressão Gráfica.
luciano.castro@ufsc.br

Richard Perassi Luiz de Sousa


UFSC, Departamento de Expressão Gráfica.
richard.perassi@uol.com.br

Resumo
Este texto apresenta um modelo diferenciado de planejamento estrutural
do projeto gráfico de produtos editoriais. Com relação aos modelos usuais,
a diferenciação proposta é determinada pela ênfase inicial sobre a escolha
da tipografia. Pois, a partir da medida dos tipos escolhidos, são planejadas
as entrelinhas, a grade, o diagrama, e a mancha gráfica. Assim, definem-
se as dimensões e a composição das páginas, bem como, projeta-se o
formato geral do produto gráfico-editorial.

Palavras-chave: tipografia, diagrama, Design Gráfico-Editorial.

Abstract
This paper presents a differentiated model of graphic design structural
planning publications. Related to usual models, the proposed differentiation
is determined by the initial emphasis on the choice of typography. Based on
the measurement of the chosen types, the leading, the grid, the diagram,
and the print area are also planned. Thus, the size and the composition of
the pages are define as well, and the general format of the graphic product-
publishing is also defined.

Keywords: typography, diagram, Graphic Design Editorial.


1 Introdução
O incremento tecnológico na área editorial tornou-se mais relevante a partir da
produção e do uso de tipos móveis pelo gráfico alemão Johannes Gutenberg (1398-
1468). Primeiramente, esses tipos foram feitos de madeira e, logo em seguida, foram
fundidos em metal. A tipografia fundada por Gutenberg retirou o processo gráfico-
editorial da restrita escala da arte, inaugurando o domínio do planejamento tecnológico
e superando o trabalho escultórico que, até então, dependia do entalhe de palavras e
textos completos em uma única matriz de madeira.
A partição física das palavras em tipos de metal, além da já característica
separação entre palavras e frases, impôs a percepção e a consideração antecipada
das linhas verticais no planejamento da página impressa. Assim, além do paralelismo
das linhas horizontais que, desde o início, serviram de orientação à linearidade do
texto impresso, também, a organização e a demarcação das linhas verticais passou a
ser considerada ação necessária ao planejamento da página impressa, no contexto do
projeto gráfico-editorial.
Atualmente, Design Editorial é a expressão que representa a área de estudos e
atividades gráficas, que é responsável pela criação e desenvolvimento dos projetos
gráficos e pela supervisão tecnológica da produção gráfico-editorial (ADG, 2003).
Devido à ênfase nos aspectos relacionados com a funcionalidade e a usabilidade nos
produtos de Design, a ergonomia é percebida como solução central nos processos de
projetação e produção. No produto gráfico-editorial, a grade, que também é
denominada de grid, e o diagrama, que é definido sobre a grade, são os elementos
geométricos que organizam o processo de configuração ergonômica da diagramação.
O uso da matemática e da geometria é responsável pela introdução do caráter
lógico-científico no planejamento e no desenvolvimento dos produtos de Design.
Assim, a ergonomia se caracteriza pela formulação lógico-racional de soluções
estéticas, simbólicas e funcionais, com base na aplicação da matemática em geral e
da geometria em particular, no processo de projetação e configuração dos produtos
em geral e dos produtos gráfico-editoriais em particular.
O projeto e o produto gráfico-editorial devem primar pela: (1) ergonomia visual,
que trata do planejamento estético; (2) ergonomia cognitiva, que trata do planejamento
simbólico, visando garantir boas condições de leitura e interpretação da semântica
gráfico-visual e do conteúdo verbal do produto editorial; (3) ergonomia funcional, que
trata da acessibilidade e da usabilidade na interação entre os usuários e o produto
gráfico-editorial. Entretanto, esses três parâmetros não são independentes entre si.
O projeto gráfico-editorial, portanto, caracteriza-se como um processo integrador,
buscando a configuração mais eficiente que proponha a melhor solução para cada
parâmetro ergonômico, sem que nenhum seja obstáculo para a eficiência dos outros.
Os projetos gráfico-editoriais tratam de produtos de diferentes formatos e volumes.
Alguns produtos contêm extensas aplicações de texto e imagem, requerendo o
planejamento de inúmeras páginas, além do planejamento das capas e de outras
partes do produto. Assim, o planejamento da grade e do diagrama gráfico implica uma
diversidade de questões que o designer deve considerar.

2 O projeto gráfico no produto editorial


O projeto gráfico-editorial é aqui apresentado como parte do processo de produção de
uma publicação impressa ou digital, que pode ser periódica, como revistas, jornais e
outros produtos com publicação regular ou pode participar da produção de uma edição
única, como um catálogo, um folder ou um livro.
O projeto gráfico-editorial é, portanto, um plano que determina os aspectos
técnicos e gráfico-visuais, decorrentes da composição visual do conteúdo
(diagramação e layout) e do processo de produção digital ou de impressão e
acabamento do produto gráfico-editorial. A elaboração do projeto gráfico deve
considerar “o perfil sociocultural” do público a que se destina. “Existe uma estrutura
pré-definida à qual o projeto deve adequar-se, mas que não o impede de estabelecer
uma identidade forte à publicação“ (MARCELI, 2006: 07).
O desenvolvimento do projeto gráfico-editorial faz parte das atividades de
planejamento da linguagem visual. As atividades e conhecimentos dessa linguagem
aplicados nos diversos meios de comunicação compõem a área de Programação
Visual (ADG, 2003: 88). O processo de produção gráfica é planejado e registrado na
etapa denominada por Villas-Boas (2008) de “projetação”, que acontece ainda no
ambiente de trabalho do designer, visando à composição dos originais como matrizes
para divulgação.

2.1 Grade, diagrama e tipografia no design gráfico-editorial


Na composição do projeto gráfico-editorial o termo layout responde pelo formato geral
do produto, considerando-se os desenhos das capas e de cada uma das páginas, com
relação ao formato e à disposição dos títulos, dos textos, das ilustrações, das
legendas, dos fios e das vinhetas, entre outros elementos gráfico-visuais através da
diagramação (Fig. 1).
Figura 1. Diagramação da capa frontal e de uma página interna de produto gráfico-editorial.
Fonte: Hurlburt, Allen (2002).

Para Associação dos Designers Gráficos (ADG, 2003: 36), a diagramação se


identifica com todas as atividades de Design Gráfico. Pois, o conjunto de operações
para dispor títulos, textos, gráficos, fotografias, mapas e outras ilustrações na página
de uma publicação reúne atividades características do designer gráfico-editorial.
Neste artigo, apresenta-se uma proposta de desenvolvimento do projeto gráfico, a
partir da definição contextualizada da tipografia. Primeiramente, são definidos os
parâmetros geométricos da grade ou grid, que sustenta todo o projeto, servindo de
suporte para a composição do diagrama (Fig. 2B).

Figura 2. (A) Grade geométrica como base do diagrama. (B) Visualização do diagrama.
Fonte: desenhos dos autores.

Para a atividade de Design Gráfico, o diagrama é um sistema geométrico de


planejamento e controle da disposição dos elementos gráfico-editoriais, como os
retângulos vermelhos que aparecem na imagem acima (Fig. 1). A base desse
planejamento é a grade geométrica, como uma estrutura que subdivide uma página
com linhas verticais e horizontais, possibilitando a definição de margens, colunas,
espaços entre colunas, linhas de texto e espaços entre blocos de texto ou imagens
(Fig.2A). A escrita representa a fixação da linguagem verbal como expressão do
pensamento (CECCHINI, 2005). Portanto, a tipografia é a prática de projetação e
reprodução sistemática da escrita, através de recursos projetivos e tecnológicos.
A tipografia é o elemento primordial que funda e caracteriza a gramática do design
gráfico, a qual é complementada por outros elementos, tais como a cor, a forma e a
textura. O desafio mais básico de um designer gráfico é organizar letras em uma
página. Ellen Lupton (2006) destaca que perguntas do tipo: “que fonte usar? De que
tamanho? Como essas letras, palavras e parágrafos devem ser alinhados,
espacejados, ordenados, conformados ou mesmo manipulados?”
Primeiramente a escolha e posteriormente o arranjo dos tipos devem ser
considerados com relação aos valores do contexto cultural em que é produzido e será
distribuído o produto gráfico-editorial.

2.2 A estruturação do projeto gráfico-editorial


De acordo com os conceitos apresentados e também com a proposta de projetação
gráfico-editorial prevista neste texto, indica-se a sequência de procedimentos a seguir
como as etapas metodológicas de planejamento do projeto:
1. Definição da tipografia.
2. Estabelecimento da entrelinha.
3. Determinação do módulo.
4. Dimensionamento da forma da página e construção da grade (módulos).
5. Criação de uma escala modular.
6. Representação do diagrama (largura de colunas e margens).
7. Distribuição de textos e imagens para compor a mancha gráfica.

Por ser parte do processo de planejamento, todas essas decisões que compõem
as diferentes etapas propostas anteriormente devem ser tomadas antes da efetiva
realização do projeto gráfico-editorial.

2.3 Definição da tipografia


Ao longo do tempo foram realizados diversos estudos que auxiliam na escolha dos
tipos mais apropriados ao produto gráfico-editorial. Assim, previamente, deve-se
considerar o tipo de produto impresso ou digital que será projetado, suas
características gerais e, especialmente, a finalidade da mensagem e as peculiaridades
dos componentes do público ou dos públicos previstos como seus receptores
preferenciais. Há diferentes produtos gráfico-editoriais que, também de maneiras
diversas, são dirigidos ao público infantil, infanto-juvenil ou adulto, podendo ser ainda
destinado prioritariamente aos homens ou às mulheres, aos estudantes universitários
ou aos militares, entre outras possibilidades.
De acordo com o público, a escolha da tipografia deve considerar o tamanho
vertical ou a altura das letras, o qual é medido em pontos. Nessa medida, considera-se
a distância entre a altura da letra mais alta em versão maiúscula, caixa alta ou
caractere versal, e a base da descendente da letra minúscula, caixa-baixa (Fig. 3).

Figura 3. Altura do tipo entre o ponto mais alto da letra maiúscula e o mais baixo da minúscula.
Fonte: Adaptação dos autores.

Há o livro Pensando com Tipos: guia para designers, escritores, editores e


estudantes (LUPTON, 2006), cujo título sintetiza a necessidade de se considerar o
projeto tipográfico como um problema conceitual e comunicativo, que requer
planejamento de maneira contextualizada com as características culturais do produto,
da mensagem e do público. Inclusive, também há uma tradição de estudos
ergonômicos que resultaram em critérios, normatizações e tabelas, sobre a
usabilidade dos tipos e dos formatos gráfico-editoriais e de outros elementos do
projeto gráfico-editorial. Para os padrões de tipografia, Burt (1959) propõe que seja
considerada a idade média do público, em determinadas faixas de idade é
estabelecida a relação ente a faixa etária e o corpo do tipo (Fig. 4).

Figura 4. Tabela de relações entre a idade do publico e o tamanho da tipografia.


Fonte: Adaptação dos autores de Burt (1959).

Não faz parte dos objetivos deste texto, apresentar as diversas possibilidades
objetivas e subjetivas para a escolha e o arranjo da tipografia. O fundamental é
salientar a escolha da tipografia como o ponto inicial do processo de planejamento do
projeto. Pois, a partir desta escolha, decorrem as decisões coerentes e consequentes
sobre as outras dimensões do projeto gráfico-editorial.
2.4 Estabelecimento da entrelinha
Após a definição do tamanho do corpo da tipografia é possível e necessário o
estabelecimento da entrelinha ou do espacejamento, que define também em pontos a
medida vertical do espaço entre a base de uma linha de texto e a base da linha de
texto seguinte. Isso estabelece uma sequência de linhas gráficas paralelas, que
demarcam o espacejamento para a composição de todas as linhas de texto (Fig. 5).

Figura 5. Conjunto de linhas gráficas paralelas, demarcando as entrelinhas da página.


Fonte: Desenho dos autores.

Retirando-se os aspectos expressivo-estilísticos que, em algumas situações,


propõem a sobreposição de parte das letras que ocupam linhas diferentes, a maioria
dos projetos requer um pequeno espaço de separação entre o final das letras da linha
superior e o início das letras da linha inferior. Isso caracteriza o que é chamado de
“entrelinha positiva”.
Raramente, os textos contínuos são compostos com “entrelinha negativa” ou com
“entrelinha de corpo” que apresenta a mesma medida em pontos que o corpo do tipo.
Assim, ao propor um corpo de tipo de nove pontos, também, é proposta uma
entrelinha de 11 pontos. Isso gera as especificações rotineiras como: 9/11; 10/12;
11/13 e 12/15.
Há programas de editoração gráfico-digital que, automaticamente, sugerem a
entrelinha nessa proporcionalidade, a partir da escolha do tamanho do corpo do tipo.
Mas, apesar disso, nada impede que o designer particularize seu projeto com
proporções diferenciadas entre a distância das entrelinhas e o tamanho do tipo.

2.5 Determinação do módulo


As linhas gráficas verticais interceptam as entrelinhas e complementam a grade como
base geométrica para a diagramação (Fig. 7A). As áreas entre as linhas verticais e
horizontais da grade constituem os módulos. Pois, neste processo, é a partir da
entrelinha que se determina a dimensão do “módulo”. Assim, é recomendável que
esses espaços entre colunas, os gutters, tenham pelo menos a mesma dimensão do
espaço das entrelinhas (Fig. 6B). Isso propicia que, no desenvolvimento do projeto
gráfico, a distância entre os blocos de texto não seja menor que a entrelinha (Fig. 6B).
O módulo da grade, portanto, é um quadrado ou um retângulo com medidas
predefinidas, que se repetem respectivamente no sentido vertical e no horizontal,
compondo visualmente a trama que suporta a diagramação (Fig. 6A e B).

Figura 6. (A) Os módulos em parte de uma grade. (B) Coluna de módulos separando textos.
Fonte: Desenhos dos autores.

A determinação do módulo, como unidade compositora da grade ou do grid, foi


decorrente das etapas anteriores do planejamento do projeto, a começar pela
definição da tipografia e da determinação da entrelinha. Depois de planejado o módulo
e a proporcionalidade da grade, pode-se dedicar ao planejamento do formato e das
dimensões da página.

2.6 Dimensionamento da forma da página e construção da grade


O formato planejado para a página é a parte central na definição do produto gráfico-
editorial. Nesta etapa do planejamento, portanto, deve-se considerar exatamente a
quantidade de módulos que deve compor a grade, para que esse seja
quantitativamente coerente com o projeto da página.
Assim como ocorre com outros aspectos ainda atuais no projeto gráfico-editorial,
existe uma sabedoria milenar sobre os formatos das páginas. Isso é devido ao
conhecimento das proporções geométricas que, através dos séculos, foram usadas de
maneira recorrente nas composições visuais. Há, ainda, os estudos de ergonomia
visual e cognitiva, que sistematicamente são aplicados à observação e à leitura de
diferentes produtos gráficos de comunicação .
De modo geral, as figuras geométricas regulares e simétricas são constantemente
usadas como base para o planejamento do formato da página. Assim, utiliza-se
comumente o triângulo equilátero; o quadrado; o pentágono; o hexágono e, ainda, o
octógono (Fig. 7A, B e C).
A B C
Figura 7. (A) Divisão do quadrado. (B) Rebatimento do triângulo. (C) Replicação do hexágono.
Fonte: Desenhos dos autores.

Por exemplo, considerando-se o uso da replicação dos hexágonos (Fig. 7C), as


medidas da altura e da largura da figura devem ser dividas pelas medidas do módulo
anteriormente previsto. Isso permite que se obtenha o número total dos módulos que
devem compor a página. Mas, às vezes, para obter-se um número inteiro são
necessários ajustes e arredondamentos que alteram minimamente as dimensões da
página ou do módulo. Porém, esses ajustes garantem a perfeita divisão do formato da
página em módulos regulares.

2.7 Criação de uma escala modular


Assim como uma escala musical, a escala gráfico-modular é um conjunto
preestabelecido de proporções harmônicas. A escala modular é composta e utilizada
para prever as relações de distribuição dos módulos na composição da página,
servindo para orientar a composição do diagrama, da mancha gráfica e das margens
da página (BRINGHURST, 2005).
Além da utilização das escalas já existentes, é possível a elaboração de uma nova
escala modular para um projeto específico. Porém, a interação entre a razão
matemática e a percepção estética, semântica ou funcional é sempre requerida em
todos os procedimentos adotados. Pois, os estudos que partem do raciocínio
matemático podem ser ajustados ou refeitos, porque o desenho resultante não foi
percebido como harmonioso ou funcional.
Entre as progressões matemáticas, a mais famosa entre as escalas de
proporcionalidade é tradicionalmente reconhecida como “sequência de Fibonacci”: 0,
1, 1, 2, 3, 5, 8, 13, 21, 34, 55, 89, 144, 233, 377... A denominação dessa sequência é
relacionada ao nome do matemático italiano Leonardo Fibonacci também conhecido
como Leonardo de Pisa, que viveu no século XII.
Outras séries de números de Fibonacci podem ser definidas a partir de um
determinado valor numérico. Os números da série são obtidos a partir de um número
qualquer indicado como inicial da sequência. O número inicial e os subsequentes
devem ser multiplicados por 1,61803 (número FI Φ) que, também, é conhecido como
“razão áurea”, “número áureo” ou “seção áurea”, porque assim se obtém a sequência
numérica.

2.8 Representação do diagrama


Há tipos básicos de diagrama como: (1) diagrama retangular, (2) diagrama colunar e
(3) diagrama modular (Fig. 8A, B e C). Cada um desses tipos, considerando-se ainda
suas possíveis variações, é comumente destinado para resolver problemas
específicos. Portanto, antes de se decidir por um tipo de diagrama, é necessário
avaliar o tipo de estrutura já conhecida que pode atender às necessidades específicas
do projeto que está sendo planejado.

Figura 8. Tipos de diagrama. (A) Retangular. (B) Colunar. (C) Modular.


Fonte: Desenhos dos autores.

Geralmente, (1) o diagrama retangular (Fig. 8A) é usado para textos contínuos,
como é comum em livros, relatórios e textos acadêmicos, entre outros. No diagrama
retangular, o elemento principal da página é o bloco de texto. (2) O diagrama colunar
(Fig. 8B) é comumente usado para controlar um volume maior de texto ou dispor
informações diferentes em colunas separadas. Por exemplo, um diagrama colunar
duplo pode ser organizado com colunas de larguras iguais ou diferentes. (3) O
diagrama modular (Fig. 8C) é usado em produtos de maior complexidade devido à
diversidade de informações. Assim, é indicado na composição gráfico-editorial de
jornais, calendários e outros produtos com assuntos diversificados ilustrados por
imagens, gráficos, tabelas e outros.

2.9 Distribuição de textos e imagens para compor a mancha gráfica


Mancha gráfica é o espaço útil de impressão de uma página (Fig. 9), sendo
previamente determinado pela diagramação. Geralmente, em projeto gráfico-editorial o
termo “mancha” indica a área de ocupação básica em uma página, desconsiderando-
se os elementos complementares (Fig. 9), como numeração da página e títulos
correntes que, usualmente, são chamados fólios e aparecem nas margens da página.
Figura 9. Interações entre a mancha gráfica, elementos complementares e box de imagem.
Fonte: Desenhos dos autores.

No projeto gráfico-editorial, a mancha gráfica é a área de distribuição dos


elementos gráficos, figurativos ou textuais (Fig. 9). Com a articulação entre grade,
diagrama e mancha gráfica, o designer pode planejar as relações de
proporcionalidade e localização. Ocupando o projeto da página com imagens, gráficos
e textos escritos.
Para que isso ocorra, portanto, o planejamento do espaço de demarcação da
mancha veio sendo planejado desde a composição da grade, como suporte do
diagrama. A dimensão horizontal do formato de um diagrama deve seguir a função
prevista para o produto gráfico-editorial. Pois, o processo de leitura também é
aprimorado ou prejudicado pelo tamanho da linha de texto, que deve ter um tamanho
que não seja muito comprida ou curta demais. Portanto, assim como há tabelas que
indicam relações para orientar a decisão sobre o tamanho dos tipos, também, foram
previstas relações e compostas tabelas que orientam o designer nas decisões sobre o
tamanho das linhas de texto.
Os comprimentos das linhas de texto que, comumente, são considerados
eficientes em páginas compostas por uma única coluna variam entre 45 e 75
caracteres. Contando-se as letras, os outros símbolos e os espaços, a linha com 66
caracteres é considerada ideal. Para diagramas com mais de uma coluna, o
comprimento da linha de texto deve variar entre 40 e 50 caracteres.
Como foi indicado, há relações e tabelas propostas por Bringhurst (2005),
prescritas para auxiliar os designers nas decisões sobre os tamanhos dos tipos e das
linhas. Porém, há igualmente prescrições para outros elementos e aspectos
compositores do projeto de produtos gráfico-editoriais. Além dos recursos prescritivos
aqui apresentados, ainda, há diversos outros que orientam de maneira específica e
detalhada os diferentes procedimentos do planejamento de projetos e produtos
gráfico-editorias. O que foi pretendido até aqui é ressaltar a viabilidade e as vantagens
do planejamento do projeto gráfico, partindo-se da escolha da tipografia e, de maneira
lógica, sistemática e coerente, concluir o planejamento que viabiliza a realização
eficiente do projeto gráfico-editorial.

3 Conclusão
No curto espaço deste texto, buscou-se informar sobre um modelo de planejamento,
visando oferecer ao designer gráfico um conjunto de dimensões ou medidas para a
estruturação do produto gráfico-editorial. De maneira diferente da usual, como
apresentada por Fidalgo (2012) e Haluch (2103), o modelo apresentado parte da
definição da tipografia, como o primeiro passo para o planejamento das páginas e de
todo o produto.
O planejamento aqui descrito é iniciado dentro da página, a partir da escolha do
tipo, como unidade mínima da composição gráfico-editorial. Assim, com base nessa
escolha, é planejada em sequência toda a estruturação do projeto. Usualmente, o
planejamento começa pelo formato geral do produto gráfico-editorial e termina com a
escolha da tipografia. Por ser diferente e eficiente, o modelo proposto merece a devida
consideração do público interessado neste tema.

Referências
ADG. Glossário de termos e verbetes utilizados em Design Gráfico. São Paulo,
2003.

BRINGHURST, Robert. Elementos do Estilo Tipográfico. São Paulo: Cosac Naify,


2005.

BURT, Cyril. A Psychological Study of Typography. London: Cambridge University


Press, 1959.

CECCHINI, Isabel. Casa do Manuscrito. Disponível em:


<http://casadomanuscrito.xom.ve/casa/curio_01.htm>. Acesso em: 08 dez. 2005.

FIDALGO, JOAO. Diagramação com InDesign CS6. São Paulo. Érica, 2012.

HALUCH, Aline. Guia prático de design editorial: Criando livros completos. Rio de
Janeiro: 2AB Editora, 2013.

HURLBURT, Allen. Layout: o design da página impressa. São Paulo: Nobel, 2002.

LUPTON, Ellen. Pensar com tipos: para designers, escritores, editores e


estudantes. São Paulo: Cosac Naify, 2006.

MARCELI, Tathiana. Design de Jornais. Rio de Janeiro: Edit Impress, 2006.

VILLAS-BOAS, ANDRÉ. Produção gráfica para designers. Rio de Janeiro: 2AB,


2008.

Você também pode gostar