Você está na página 1de 23

tr

Schelling
Atia27
por Olavo de Carvalho

coleção

História
Essencial da
Filosofia
Coleçào Hisiória Es sêncial dâ Fi losoli a

Acomp anha eía pu bli caçao un DVD


que niô pode ser vendido scparadamente

hnpres so no Brasil, julho de 2003


côpyrighr o 2003 by Olavo dê cd.lho

Edson Manocl de Oliveira Filho

Dagnar RiTzolo
Moniqud Schenlrek e

Schelling
Frirdiô E- andré cavalcanre Cinênez

Aula 27

por Olavo de Carvalho

Os direnó s âútorais desacdiçàope en.eú à

É Rcali zaçõê s Eilitóra, Lilniia e Distri hui d ora lLdâ.

CEP] 04010 970 Sio Paulo - SP


coleçáo
E-mail: ea4ereal izà.ôes.com br
w§w cieali zaco es com br História
Rcservados lôdos os direitos dcsta obrr Prôibidâ toda c quaquc, reptud!!ào deía cdiçào Essencial da
por quâlquüneio ou lonâ selâela eleúônica ou nreúànica.Iolocópia glavação ou qualquer
Filosofia

ê
2008
Coleçáo História Essenciâl da Filosofiâ
Schelling - Aula 27
por Olavo de Carvalho

A ôpresentâçáo convencional dà filosoiia de schelling costumâ


sit!á Io dentro dcste perÍodo chamado de Idealismo Alcmáo, lnas
cu acho que essa classiiicaçáo não cabe muito bcm. À lilosoli.r de
Schclling é uma coisâ de enorm€ complcxidadc e â parte delâ que se

silua claramente ncstc desenvolvinento é só u a prim€ira partc. E


tenr uma segunda que nós não sabemos situar historicamcnte âindâ
porquc dc lãto náo foi absorvida aié hoje. Porque Íocê só pode locali-
zar historicâmente uffa filosofia supondo-se que dominou a sua estru-
tula iniema e que você compreendeu as suas inplicaÇóes, entáo vocô
é capaz de vô-la de Íora e portanio siluá-la dentro de uma cronoiogia.
rclacionando com as suas antecedentcs c as suas conseqüentes. Mas
acontece que essas conseqúcntcs na verdâde náo apareceranr aié hoje.
Na verdêde, foi só â partir - eu creio dos anos 50 que se começou rc-
alnrente â prestar atenEáo nessâ segunda paÍte da filosofia dc Schelling
que é justanente aquela que ele apresenta já na décdâ de 40, 1940, na
"Filosolia da Miiologiâ e Filosofia da ltev€laçáo" e no livro'As EÍas do
Mundo". e que sáo provavclmente os melhores livÍos de filosofia que
em c'c-cvcu ru O(:denre \do L" "da q. e.c comparc a i\u -i.
"lC.
É umâ coisa táo grande que a gente tem a impressáo de que nós ainda
estamos dentro de üma época dc Schelling e nào temos consciência

Dc qualqlrer modo é preciso ver que umâ das característicês de


Schelling é que ele próprlo se situa historicamente, ele se coloca num
ponto determinado do desenvolvimento do pensamento europeu, ele
sabe ondc clc está com relâçáo aos seus antecedentes, mas rós nâo
podcmos ainda situá lo com relaçáo aos seus conscqücntes porque nós
I
lazenos partc disto .tí, âinda estamos dcnúo da fileira de conseqüên Scoll quc o ser e o um se convede mutnâment€. qucr dizcr que no

cias clo pcnsamento dc Schelling o qual ainda dârá nllritos frutos pelos
fundo sAo o mesmo conceito, existir signil]ca ter alguma irdividuali-

séculos seguintesi rne parece a lilo§olia trâis iértil de conseqüências daLle. I o fâto é quc tudo aquilo que nun1 ser pode ser med]do é exata-

quc cxistiu nos últimos séculos Mas, âo tcniar se localizar historicâ_ .rente aquilo quc cle tem simplesmente eú cornparâçáo ou em rclaÇáo

n1enle, elc parie erâtamente do ca(esianismo que eie considera !]n a outros entes. Quer dizer, a existência delc como substância individu

âcontccimcDlo catastrófico na orden do espirito humano. não quc al não pode ser abarcâdâ peia idóia dc medida ou de exiersão, entáo.

ele sc oponha à filosolia de Dcscarles, não é esse o ponto. é que algo


u eue d.ib" .en.ln prc udicddu r nE.r.. riirLi- (x ('idnd 1Ío,.d
e
"
nâtureza sensivcl quc l'ica red!ziclà aos seus aspecros mensurávcis. A
aconlecer ali de muito grâve que náo pode ser rcduziclo à biograÍ'ia
inrelectual .le l)escartes. exisl€ rcâlnerrte uma ruptuÍa com alglrrnas lacilidade que isto olerece, de alguff modo para os estudos cientiiicos.

conquistas inportantes do espírito hlrinano E essâ ruptua iorla â ébaslanle sed!iora porqu€ justamcntc as medidas sáo aquilo que iodo

forrna, como. aliás. nós já mcncionamos dc pâssageln. dc ulrra apo n, nLnrdo pod€ conlêrir Entào. uma ciência constiluída apenas dos as-
pcctos mensuráveis é de cerio úodo uma ciência que cstá ao alcance
unl conflito insolúvel que é colocâdo pelâ ciênciâ cartesiâra na medicla
de todo mundo.
e .tuc cla dividindo o ser, o eristente. eff dois tipos de substâncias,
substância dirâ pcnsanle ou cgo §ubjerivo que se conhecc por auto_ O làto de qle ela não tenhâ nâda a vcr com â realidade substan
reflexão, mcditâqão; e a subsiância cxtcnsa que é aquela qrc sc cârac- tivâ dâ naiurcza parece que niro âlela.t ninguérn Porque a idéiâ dc
quc o proccsso do conhecimenlo deve se a1eÍ âos âsp€ctos l'cnomôni-
lerizâ por ter u â extcnsáo, pôr poder sei medidâ de algum rnodo. írós
i erliaiânlenie conclltinos quc nenhumâ dcssas duas corespondc à cos, isto é. aqueles ôspectos que são mâis aparentcs, c quc estào mais

naturcza no scntido ern q e nós estamos acosiuirados a viver nela. O ao alcance do conheciirenio humano. cssa idóia se impregnou de lal

elr não ocupancio !ugar no espaço, cle sendo constitlrido apcnâs da suâ
modo nâ mcntc hnmâna que passados três séculos e rneio já ninguóm

própria âuto reflexão. da sua própriâ autoconsciênciâ €\'identenrentc sc dá conta dc que quanto é ânornral você acreditar que vive num mun-

.1. nào é üm dado da nâtLrrczâ lísica, elc úo tem como ser sitrLado do que é constituido apenas de aparênciâs ond€ não cxistc nenhun.L

denro da natureza, podc ser siluâdo no tcmpo. mas nâo no espaEo. B a ,uo. i
l.ia. or, ê n,rô e\r.r. ncr hr rnr rrrlio.ror L t l, ro 1 . .. p, pr"

tâl suhstânci.L extensa tanbén não corespondc aos enles da realidâde consciência hLrmana rcpugnâ prolindanenle à idéiâ da sua própriâ ir-

lísica justamente porque ela sc define e)iclusivanerte pcla sua €xtcn' rcalidadc. E nâo vejo conlo se poderia escapar disso umâ vez que vocô

sáo, qlrer dizcr pela sua forma mensurável. decretou que tudo se constitüi apenâs de aparências mcnsurávcis. À{âs

Ora. sc vocé somâr todas as mcdica)es que você pode iomar sobrc ao esmo t€mpo €m que sc dcscnvolviâ estâ filosoliâ de Descarles ha

unr enic. \,ocô vai sâber ceúâirlcnte muila coisa sobÍe elc. mas ele náo via ainda um conflito que se desen\,.rlvia desde algum iernpo antes qu€

consiituirá com isso nada dc rcal; porquc a realidad€ que se apr€scnia é o surgimento das novas ciêncirls. ciência de Galileu, de Ne!úon, clc

a nós se âprcsenia temprc sob a forlna de existônci.rs individLLais irÍe- repeniinÂmente colocâ de lâdo todo o univcrso alquúnico, astrológico

cilrtí\,cis, tlrdo o qüc cxiste. erisic colno indii'iduâlidader já dizia Duns e simbólico da ciôncia mcdicval. Esse universo ao qual nós ao longo
dess€ curso náo dedicârnos atençáo suficientc, mâs que tah/ez devería l{(nâscinrefiio, ncstâ mesma mcdida, o undo dê nalLlreza tal con1o

mos tcr ieito, ele encarava a raiureza cssencialúenie como sendo rlmâ clas () dcscrevem não sc parece em nâda com o undo da experiência

manilêstação do Espíriio divino ou do Logos, da iãla divina. entáo. h Lrana. lsso quer dizer que âqucles dois pólos que iuslanentc na

o universo é constituído de unidâdes significantes em pennânente e ciôncia nedieval apareci$n !nidos, quer diz€r, na idéia da ânalogia e

univcrsal intercomunicâção. quer dize! tudo ien algumâ relàçáo com da sinbolizaçáo mútua enúe as váÍias pa(es do cosnos que era consi_

tudo. tudo significa algo, iudo diz algo, e o universo de algum modo derâdo uma iotalidadc vivente na qLral todas as partcs reagem uinas às
pode ser lido. outrâs e dialogam unlâs com as outrâs, de Íepentc cstatotalidadc dcsa_
Hojc em dia nienos uma certâ djficuldade de compreender o grâu
a» pârcce sendo slrbstituídâ por uln corjunio dc csquenas mâtcmáticos,

dc exâtidáo em quc essaleiiurâ podia ser leila. Claro quc o que sobroll por um laclo. que são obietos daciênciaiisica e, do oütro lado, por uma

disto na nossa culturâ Ioram apcnâs algumas tócnicas divinatórias que ldéia de un1 eu incorpóreo que mirâculosaDlent€, náo se sabe como. se

tentan, por exemplo, prever unl acontecimcnto a partir de alglm in vô dentro deste cenário de entcs matenátlcos que the sáo completâ
dício que nos parecc náo ter nenhuma relâçáo caüsal com aquilo E mente hetcrogêneos. quc náo tem nada que ver, qüer dizcr você náo
evidentemente estc é só um resíduo deixado no fundo quândo a subs_ conseguc reduziro eu aunlê fornulaaáo mâtenática. E as lbrmulaçÕcs

tância dâquelc universo culiural já se deslez. Com o surgimento d⧠matcmáticas. por suavez. só poden ser conhecidas pelos nétodos ma_

ciências modernas o mundo da natureza passâ a ser encarado apenas temáticos, pcla medição. Isso quer dizer que a auto reflexão do eu náo
como un1 objeio dc mediçào e comparaçáo. quer dizc! ele perde toda âjLlda vocô em nada tambérn â conrprecnder a natlrrezâ

a substarcialidâdc própria, e €vidcntenente o mundo que a ciôrciâ Entáo. existe náo âpenas uma cisáo entre esscs dois aspectos que
lísica estuda não é propriânentc o nundo no qual nós vivemos. mas é evideniementc sào apenas paries. sâo âspcctos oll lados da experiên
um conjunto de abstrâçôes selecionado parê esie flm especilicamente. cia humanô do coniunto da realidade, de Íepentc aparecen completâ

E isto talvez tinhâ que ser necessâriâmente âssin pelo fato cte que cada mente cindidos, mas cada um perde realidade, quer dizcr, ao mesno
ciência só podc abêrcar umâ dcterninada seqáo da realidade. desde lempo em que o obicto da ciência sc torna cada vcz mais evanesccnte
que ela qucira proceder dc maneira oÍganizada, €la vai ter quc recoúar e reduzido à sua versáo matenatizável. tambén o eu vai pcrdendo io'

o seu objeto mais ou mcnos de acordo corn as possibilidâdes de investi_ tâlmcnte a concrciude do eu real, do eu biogtáfico humâno; nós vimos
gaqâo que ela tem. quer dizeÍ, existc uma cerla comproporcionalidadc que o pÍóprio cu que Descartcs âo qüal ele sc relêre nas "Mcditaqões
Metâfísicas". ele comcça atratá-lo como se iosse o s€u cu r-eal, o seu cu
entre Ír objcio dâ ciênciâ e o mótodo que a investiga. Entáo, é evidente
que a tcndênciâ de recortar o mundo de acordo com o método, quer biográfico que en1 tal data lcz uma exp€riôncia cognitiva assim, assi .

dizcr lâzer coff quc o método seiâ dc ce(o modo mais real do que o assim, mas que dâqui a pouco este cu se converte apcnas nllm suieito

próprio objeio, cssa tendência também é quase irucver§ível, é dificil de de proposiçócs lógicas das quais ele vaitirando conseqüências. Entáo,

você dctcr E o làto é quc à medida que as ciências ffodcrnas conse_ o objeto das ciências da naiureza náo correspondc à nâtureza obictiva

gu€m alguns avanços impressionântes nos séculos quc se seguem ao concreta e o cu do filósofo tambén nâo corresponde âo cu concre

8
io reâI. lsso é a rl)csma coisa que dizer que ê vida real. qucr dizer, disso que está se úatanclo. Dc fâLo náo existe nenhum meio de colar
pensantc e
o universo da erperiência hLrmana é totâlmente expclido do domínio as rluâs partes, sc você não pode colar o eu, a substância
das ciênciês e em troca você tem ulna série de cspcculaçoes iilosóficas â substância extensa. então, também náo tem ncnhu icito de você
sobre o eu, de um lado. e urna série dc comparaÇÕes c mcdiçôes mâ_ uolar poÍ outrc laalo o mundo da sua experiência Íeal com o universo
rernáticas da natüreza. do outro. Claro qoc algun1â coisa por uma via d0 pensamento e das ciênciâs.
ou por outra scmpre se ob!ém. Nós, qLLando esiudamos â lilosolia d€ E Schelling percebeu n1lriio bcm iÍo' e elc noiou que houve Lrm

pensador de transiqão cntre â ldacle Nlédia c o ltmpo Moderio qlre


Uohann Goitliebl Fichtc, vimos que desse exarnc do eu alguma coi§ê
cle tirâ de rcât.r Do mesmo modo nâo se pode negar que âs ciênciâs lbi o Giorclâno Brrno. notou que o Ciordano Bruno dc ccúo modo
tinha percebido a necessidade de reslaurar um unidade uma
s{rnso dc
conquistarârn a1go, poróm o clemerlto que consliiuia a principal iorçâ
que
da cultlrâ rr€dicval que er.t a integraçáo do sujeiio real no fiiverso do vez perclido aquele univcrso simbólico-alquímico ffedieval, tinha
conhccinenio, ou seiâ, o univcrso de que se tmtava na§ LrniveÍsidadcs, âchâr uma ouira mâncira d€ você rcsta0rar o senso de unidadc da
do qual trâiâi.an os lelraclo e cientistas, cra o n1esnro no quâl âs pes- realidadc. É cvidentc que sc os contemporàneos de Giordano Bruno
slras comuns seniiarr qüe viviân Você vai ver â concepqáo do Írundo ii\,essem percebido isso jamais o teriam queimado porque elc estava
que iem um lJohn Duns Sc0t, ou qu€ tcm ulll lbtnás dc Aquino. ela nunla linha qüe nâ verdaale iâ fâvorcccr a cosmlrvisâo antigâ sobrc a
nilo ó substantivamente difcrcnte dâquela quc tcm un1 carroceiro ou nruüern, A \:JJ de Ciu,daro B ur u c. nr .ulecau de equrto'o'' e'r
Llm lavrêdor. Elâ ó apenas nlais elâborâda intelecilralmentc, porém a própriâ condenaçáo dele ó um equívoco brutal, mâs a imâgem que sc
pafir da Iienêscença. a parlir dc Descaries. o univcrso dos cientisiâs, lormL delc hoje como dc um mtutir dâ ciência moderna é rotalnrent'
dos sábios, vâi Iicando cadâ \,ez mais diicrcnte do mundo ondc o cidê crrâda. Prnneiro que Giordâno Biuno jamais se intcressou pelas ci
dao comunl âcreditâ viver, c isso signiiicê qu€ a aquisiçáo cla ciência. ênciâs n1odernas, clc só sc interessava por ciências antigas, filologia'
a âquisiçáo do "conhccimenio sllperior' (cnire aspas) nessc periodo história, grâmática. eic, ctc.. €lc não cntendia nadâ de matcmática'
só se podc lãzcr tanbénr à custâ.lc uma ruplLrÍa tlo indifiduo co elc n.nr de físicâ. coisa nenhumai sesundo. cle acrcditava n'L possibilidade
nrcsmo. que âí justamcnte que é a orig€m do lcnómeno quc cu denl) cle uma especulaEáo irnaginâiivâ. elc âchâva que a indi!idualidadc
hu

rnjno ldc I a pâral.Lxe. Quer dizcr quc o universo sobrc o qual o lilósofo lnânâ por s€r ela mcsma uma expressâo ou Lr resultado de ül1r cerio
oll o cieniisla teoriza nào ó exaiamenie o universo no qlral clc está prccesso cósnlico. cla jamâis se dcsligava desse processo e tinha de ai'
Íivcndo, cles poden estâr toialmcnte deslocados um cnl rel4ão âo ou- gum moclo alguma via de accsso à colrpreensào do proccsso todoi nâo
tro. porianto não há como conlimdir o f€nômcno cta parâlaxc com uma a compreensáo erâtâ. mas pelo mcnos Lrlnâ co preensáo inaginâiivâ'

sinlples duplicidâde de discurso ou duplicictade moral. nr]o é nada dis- entâo ele achava que através da inaginaEão nós podcnos dc algulrr
so quc elreslor lalândo. cstou lalârdo de um processo cltltttrâl trágico modo tÍaçar ur1lâ espécic de história cósmica' Para fâzcr isso, ele acrc-
c náo dc alsuma liúsidâde ou hipocrisia individual. E clâro que náo ó '1
ditavâ que no próprio nlündo matcrial existe um ccrto princípio espi
riiual ou psiquico qlre lhe é irercnte, essâ doütrin veio a se chamar
Cá'm ho, ()làrod. Aú1.25 FicÍ..oldeaLn ) Al!üao. r Rca i7rcaos .1003

rl
l0
I
hilozoisno, hil(e/o) queÍ dizer a matérla no scntido mais grosseiro da tamhé tenta resolvcr o mcs)no pÍob1ema. màs âirâvés dâ suprcssào
co;sa. e zo(o) é ânimal l,ii,cntc. qucr dizer, todâ nlaléria é vllente dc .lc unl dos pólos. Leibniz redrz todo o mundo corporal, o mundo dâs
algum modo. Entâo. claro que â doulrina do hiloroísrro csrá crrada substâncias corporais, a reprcscntâçÓes que acontecenr dentro de uma
ncstc scntido, ela vai airibujr qualidades espirirüais à pr'ópria matéria, rnônêcla. mônada é esscncialnenie umâ alnlâ, qucr dizer, é rma
A
nras de qualquer modo, Bruno tinha o mérito de ienlor resgallrr ahavés alma vivenie que sc corlhece a si mesma e qüe tcm dentro de si unr
desta idéia dc um proccsso cósmico da qual ele rresnro ela um... clc sc análogo ou uma inagem de tudo o mais. Ou seia. tudo aquilo quc
comparava a umâ onda derltro cle Lrn1 oceano, ele cm â crista dc uma criste, ioda individualidâdc. cla teln dentro dc si. náo soneüle as suas

oncla clentro do oceano cósmico c portanto clc, sc dc cerlo mlrdo se próprias cêracleÍísiicas, mas te as diferenqas que a separam de todas
lerrbrâ\,a de ondc clc tinha vindo inâginaiivanenle ou expbrândo os as alcmais; as essas diierenças fazem parte delc, entáo, isso qüer di_
rrltilnos rccursos da ncrnória, podia de algun nodo itaçâr pelo mcnos zcr que cadâ uma tem dentro dc si a imagen dc todas as outras Mas,
um análogo in.Lginativo d.r hislóri.r c(ismicâ. Mas o faro ó quc a idéia ora, se todas têm a i âgem de todas âs outras. é lácil você perccber
de Bruno náo loi pârâ fr€nte, ninguóm ligou mlriio pârê isso. llniáo. que lodâs se consiitucn sLrmeni€ dc inugens Oü seja, náo há unla
já üa etapâ seguinie. dcpois dc Dcscarlcs, lBaruch cte] Espinosa tentâ realidade exiema fora d.r nônada, Iora da consciôncia dâ mônada, por
restaurâr â idóia dc Lrmâ unidade redlrzindo ludo à noção de Deus: só assim dizeÍ, para ser conhecida. porque tudo o que ela vai conheccr
existe umâ Íuica substânciâ, essâ suhstância ó Dcus. c todas as mâ é uma outra nônada para a qual ela tambén é uma imagem. No lim
niteslaçóes e le ômenos náo sâo scnâo propriedades ou .Lcidentes de tlldo se rcsume enr reprcsentaçoes ou cm imagens. Eu estou usando a
Deus. de âlgüff modo Isso tudo eLr estolr explicândo p.ria vocês mais palâvra "inagem" imperfeitamentc é claro, mas é só parâ darun1â idéiâ
ou mcnos como Schelling explicâ, quer dizei. eü esrou resumindo dc aproximadâ do que é Quet dizc! duas entidades corpórcas quando sc
nâneirâ grosseira, é uma erplicação quc o próprio Schclling dá aproximam náo seaproximam como dois corpos no espaço, mâs como
Porém diz Schelling quc Espinosa opera essa reduç,ro à unida- dois conjuntos de ÍeprcsentâÇóes que se conhecem um ao outro, e aié
de por rma mancirâ puramcnte necánica e conceplual, quer dizcr. a corporalidade que o outro serme apresentâ não é scnáo umaparte da
lazcndo Deus como se Íosse um conceito rrais primitivo do qlrâl minha repÍesentaçào. quer dizc\ eu te.ho uma representâçáo da cor-
os Lrutros conceitos váo sendo deduzidos, i.áo scndo cxtraidos por porâlidade dcle, assi como ele tem uma da minha. Entáo. isso quer
rnera dedLrçáo, coffo s€ a cstruturâ da rcâlidâde lbsse a eslruturâ dizer que a rigor náo é nccessária a distinçâo entre a corporâlidade e a
dc uma dcduçào silogistica: Deus é a pri reira premissâ c as outras reprcsentação. o mundo psíq ico; sobra só o mundo psiquico. Porqüe
cniiclaclcs vao sendo deduzidâs como s€ fosscm as suas substânciâs. acorporalkladc é somente um dâdo a mais quc as mónadas transmitcnr
Schelling co razáo consid€ra cstâ cxplicaEâo demasiâdLr mecânica umas às outras. É evidentc. Leibniz náo nega a existência da corporali
para poder ser vcldâdcira. dâde. mas ele afinna quc ela existe sobrctudo como rcpresentaçâo.
Falhâda â ientaiiva de llspiDosa de reunir as padcs quc Dcscar- Desde que nós chegâmos a cste ponto em quevocê iem por um lado
les haviâ sepàrado. na etapa segtlinte lcottfricd wilhclm vonl Leibniz csta reduçáo dc tudo à subictividade das mônadas com Leibniz € do

tz l3
cste
é quc esla idéia proiluziu todas âs coisas mâicriais'
nlicar conro
D"'- t -":: j":::j;:: :;: H::':;;;; ;"'"'t^i q* *"
uu Íu :'ü., \o.r .'n r
h
I:t;l: s
; :::1Lnr§eno. ::l'";:.'"]ll"HJil;
ôu sci.' 4tr \uci rr"ibtrr
r "lna " fr'rnáon nao. pus.rrel -nre,rarsirlôenlÍeurna
nÊa rÍrr nu vo('' i) r;ôEnrcrde,'ô.
i]""1: u. Fp\L'u'lônneL;Jo .n, arsu l po,1'|o r'* ''m''""' " ''''",:'l:':- r.ciênr ra.
ldera or cono auro:o
:il; ;;;;"
";''";':"""d'
;'ricdacLe'ra
Joi'r'e'r''"
matcria cono'1.11;l1:'"1"'ix" nâis,.. só
ta"
entenilemos l)eus como
tomÔ lorqa como poLler
gerador"'
Quardô a\ "'' " ::,:;1,.;;.,;:,;;;;;'"- -"" " ".ttlld"""
"'1;;;;"*" dejxa dc ter süas conseqliências
histórico
ri,,h"qü('eígrotar' arnoJ-.\d.u,I
o_(crr.r r-t,ru.à Drrrb:r.1. rl(an "ào u da' !x-;"T;
l,:,1;:,;:";:: s-r\ oaJ. dcn
,pure.. roL!J
'''a e"'rr rratcrr-rl-r-
ll:l' ,.,*.-.","."," 0,,.',". ,"
p,,n.. se O"tr' trc; re'luzido a uma tdclr r
);l.., :'::l
,. nnrdl tr Arcrrbe'r' "'' "1. o": "':'",:,."rpu.,ict"d.d, qurr o com ere a nào scr rirosoricamente
Isso quer
:::'i,"";;, ;;;i;t"'"r
ô ou( e\i\1( e nratcrrJ ':onside'idô

:.;::,,. :" "";,.,," " -.""",*",*.:",il::11li"l"lll;


na sLr

:l'"
"ii,;:;;;;; ;'',: **,:*; :l;:i: $:J:fi ,:
um conccrto m:
r'rJreÍra rcrrl. Dc! I
g'"n,,, ô Deus dos lilósolos sendo
li)", r. i. ',n'o " r,,," ,.or"..,ar;. u .. proprircnnr;cnci" r'rosoriL'-quc
. .1., p'o'ltr7
rJ ulr r ' ons'; rtr :":"'.'.. .;,;,; " ""'rs'orr'a" di'invuií (rrríc ô 0uc e
< mri' pú"rve' \n"
. r. 'J'rrh(1'
lil,ffi;;:; ."'"""'u: lllli: l';'
cla t*::tl",l'::::::,
Jl';:il'::::: ;::: ,, :
" "'"",,",;: ;,", .,"'
''l ;;;"-;'
n1ô
:."t" c c,* deu+(onceitô qu. o
rrro'ú'u d' arsum
materiarismo bronco os Quer dizer, i'rd- oo- rrrs'r ' n' Í' o '(u
iem o toftl \uhieti\ isnro
dn l-i!htc qÚc n' N io
",,uda :".. ;;" :" c Jô,n,na u"' " cunru'au -'' rrcrr'-
Jr inter n I u ú prúr'.io
;:,; ;J",..., cn, o "n,:,-.,' Çu.,''::1,::.:;,::,;ll'àl[ :""::-";";.,' " o proc"'o da s.ra
tecrcçün dâ rnJieíia c Uo ::::::,:";'; ;.,".,,.. ", 1"'"-lll':':'",- l;Jl":::.:::J:"
hurnann c
o-' \'hcrriréquunllo\e r'
LLrrru
ô'1" F'ra'|o , ,:. ,T':"
':t
:;"''t..";"'oe\i'rc ,â . .,Lr.,mn, -q,,, I :::":, m"dioa er.
iicar assim' é uma situação s0ct ;ge,n e e,n o-.
dâ parie de tltgel algrrma
ili."' "",,,' t) "ro que nâo plrde hô,,!e nrsqo
in'erccrLrr uu. ia 'inha
Jc'de
'"i'ilr,'"'".^t""'uricai E ele q,anclo.onstT":::''::,:il; ]:'l;::.,;':l'".,.e',4 "x â''rôh

,dê," d. quc ''ro ndu - " "'' "" I l,ll.. Jiu rr uL.. i..o or' u'al d
Lr\rrrzr ...,r qrrrr
ouc
L' tilusuticu rrrus Lrrnx cai0-trole J:::1" ;;.1 .,""" " I pr*'":'Tl:
:t:L: ll.l::""":"'"::
cÍr JH;;;:;#'smo
r',ô Dcr|, i ioi" - nào era nais
que
::::::;
.0,,.-,*"''''"'"'D-ofrr" . :'[:'i,l:l':l :; :::;"1;.:l:
n . i,1^
",
L-i
'
"-"' - " run'!Ú 'dt'c ".1ô-,
- aPoÍ1 de Llr gui" c.D;"itual
('.4/r, rcnru
,,,r ,l 'd'i' dc I
rt-do \e rn(,
Ir.l..do i, t,u,4!!
in.'Ôrnur:t\
id(rr \ lc gcrl rod' ,unrcuÍ,(iooc..r.enu
'""_ -
'ra
n'o''. u'-
::;;';,;;."'"..'.*'"''"." hJ'narridaJc cE rorn
lâ humanruauE
.l:r ""_' 's5d XtX e XX isto
11:l;:"il;: ii,:;:::.l::. írcra. qua\c apocâlípticâs
quâse dpu\ i nós vemos nos séclrlo!
o''p '''- quc
,1,,i.r.ari/rÍ. r,",'-"'" "' . ;;..,. ;. ,dei., .11 urrimu
ênciàs
J('le --^,--r^,r^..r s.hcllins
pÍo'("o...l..,nala.l.,L,or\cn.llirg
\ rau un r (nr' '<q_' r"'J
vâi scndo rcctuzi'lo cada vez orais a Lrml

'< J'' r:ri rndu Lnn


ô
" "
f.li l. ,l .,ll;"-],,l'i,]
rLG^ e

::n*JJ. ;;;"'ii...ri*.*" q*,"*'ia'cr


D""':
cL"'obi"
li:]j'.lY,7 e por outro radL)
";,;..-,..'"
iJerude cu ( 'r iduio
de D(u' nu firn d
me ex_
:ilT*:::'::.,u'*
âí ntto ltLnciona porquc ningué]r vai conseglrir
.liz: 'Olha, isso

l+
como âprópriâ idéiâ.lc natureza iambém havia se dessubstâ cializado olas r€zavâm parâ que Deüs enchessc pncu, sim; aquela coisâ material

c se trânslbmlaclo ap€nas nun conjunto de esquenas mate álicos. c imediaiat e aquilo foi um choque pàrâ a minhâ câbeça porquc isso era

enláo fica ilrclo muito lácil parâ urn filó§olo e aquela impressao de oni o que o Schelling chamava [de] a visáo bárbara. clcs. .

potênciaqlre Hcgel irânsmite àsvezcs é ioiallnerte ilusória, nas é Í'Lcil


de você compreendcr como é que ele câiu nislo, iustanrentc porque se (Alu a) Pot que eles chamaúafi issa cle risào bátbam? Pat que
Delrs tinha se translbmrado nuna espécie de cu e a naiureza tinha a letfio "bátbato"?
se translbinâdo num coniunlo de csquenras mâtemáticos domináveis E um modo de dizer, poÍque diz que a civilização do Ocid€ntc
pclâ inteligôncia humâna. entáo, fica tudo muiio fácil: vocô dentro do ioi se tornândo nluiio rcfinada e idealizando e esvâziândo o cristia
seu labulciro tilosóliür. você cria o nundo. você inventatodo o pÍoccs nismo. e enião pcrdeu o que ele chamâ\,â ldcl visâo bítrbara, seria
so histórico e você ao mesmo tempo se coloca n.L origcm dlr proccsso a visáo mcdicval.
e no lim do processo e chega a ünl ponto cm que não é mais possivel
você saber sc flegel cstá lalando ctele rncsmo ou do próprio Delrs. elcs (lluuo) Aí é u t tenfio coLocttda entrc aspas...
se tLrrnâram indisccrniveis. É claro. cntre aspas. é evidenie. É umâ crprcssào âpenas. Quer di-

E Schelling que haviâ começado iunto com Hegel percebe o buràco zer, os bárbaros sabiarn que DeLrs ó forEa e poder agora nós pensamos

ern que eles cstão entrando e de imediato ele náo sabe como sai disto' ,ll.c D<J eoHcg. coHctEl u-(un"nncPi.ô
Eu náo conheço em aletalhe a biografiâ de Schelling, mâs cu tenho â Então, el€ obscrva na filosolja desde Descartcs até Hegel uma pro
in1pressâo de que foi aliante desta dificuldade, c náo só por problemas gressiva fuga das realidades da vida, uma fuga da naturezô, uma fugâ
pessoais que tcve na universidade, que ele se retira do cnsino' eu acho dâ cstruiura d.t realidâd€ na qual nós esramos, dent.o dâ quâl nós cs-
quc Íoram dificuldâdcs intelectuais mesmo, ele pcrcebeu que estâva tânos. ll inlentâ Lrma cstrâtégiâ para recuperar isto. Por isso qne elr
com u abacàxi monstro nâ máo e ele náo sâbc como resolver, entáo ícho errado colocá-lo como idealistâ, porqlle â prnncirc coisa que ele
precisava de um icmpo para pensar' là1â é o contrário do que Éichle lâ]a. A prn cira coisa é â seguinte:
Diz ele quc esse cristiânisnlo dcssubstanciâlizado havia pcrdido o
não cxiste elr nenhum, ele diz, só o quc cxisie é o absoluto e infinho.
quc ele chama de vivência, a experjência bárb†de Deus, que é dc
Quândo eu cligo que ell penso, ou cu cstou pensando lora cleste infinj_
Dcus como lbrça, Dcus cono poder, que esiá prcsente nâ própriâ na-
to e lbra deste âbsolrto. c portanto sou eu mesrno o pÍóprio infinito c
iureza física. Dcus criador da nâturczâ
absoluto. ou na vcrdâde náo sou eu qlre estôu pcnsando, é ele que está
Vocé veja que uma vez o Bruno Tolentino me disse quc se você
pensandoi qucr dize! tudo o que exisie é um atributo, um âcidente do
estiver no dcse o e furar o pncu do seu carro náo adiania você Íezar
próprio Deus. nêdâ é concebível lora dclc PoÍanto. ele diz que não é
qlre Deus nâo vâi encher o pneu. E eu cá cornigo pensei: Para que me
possÍvel você dizer que uma pcssoa crê em Dellst conro se Deus pudcs-
serve um Deus que nem mesmo enche pneu? Enlão, ao mesmo tempo
quc se ser uma idéiâ na cabcçâ de umâ pessoa. Ele diz lquel é o contrário.
eu comecei atcr contato com pessoas de igrejàs eÍangélicas e eu vi

\i
\ãol Como princípio inicial, o cu não iunciona cte jejio nenhuln. S€
Deus é que ó o principio iniciâl e o qtlc vem dcpois é âpcnas uma
o cu podc scr o pincípio inicjal entáo ele é o âbsoluto, clc ó âutolun
expressáo dcle. Eniâo, se você diz que ulna pessoa crê em Deus, você
dantc, ele é o comeqo de tudo Qüer dizer, o cLr não pode ser âdmiiido
cstá quercndo clizcr que sob certo aspccio é Dcus que €stá acreditandc)
como princípio nern esmo cognitivamcnte. lsto quer dizer que por
bâi)io dcsic cu crisie un1a nuhidao de realidâdes. E na hora cm quc o
cu làla consigo meslno. ele esiá qüerendo dizcr o quê? Quc elc possui
(Atuno) Pam isso a gente leln que sabet a atige t rla paLat)r't
umê razào. que ele possui uffâ consciência, ou ao conirário. que uÍIra
"absoluta" e laíít qúe é a lesma raíz de salto-.
consciência e uma razáo lhc loran1 ciâdas? Ioi elê que se deu isro? Náo
É aquilo quc nao podc ser dissolviclo, nào pode scr decompo§to
é isso? Schelling rompe draslicamente conr estc soLipsismo dc toda li
losolia modernâ. Então, eu nãoveio como situálo dcntro do idealismo.
(Álutto) tlas Íen a mesn.L laiz de "soha" qúet di.el algo que
Isso aí náo é idealisffo. isso é outra coisa.
ato está t.igado a algün1a caisa. porque é alga qüe é em si conplela e
se hastu e não tefi que estúr Ligado 4 fiLlis acLct.
(Ahna) Esto pefisú do enl aLgunas téLnicas de t eàitaçao que
Agorâ é fáci] você perceber que toda a tradiçáo filosófica. o quc
ttai ú ,tu. rpo|tnn ra.d "'v ,ú,t\\t| , n d, -t.
cla busca? EIa busca sâber qual é a substância lundômcntâl ou, dito
Mas a consciôncia dc si, se você pegar, por ex€mplo, a scqúônciâ dc
de outro nrodo, qual é o faloÍ absoluto do qual todos os rclâtivos
nr€ditaçocs dâ cscola vedanlina. ela vai padir de Llmâ pcrguntâ sobre o
ernergem de algun flodo. À briga é semprc essa, ó senprc isso quc
cu. Elâ vai perguniar: o que ou quem sou cu? E vocô vai teniar eniall
está se pÍocurando.
Schellingvô que o eu não podc ser de mâneira alguma unl ponto
I
se âutodelirir Na edidâ em quc vocô vâi prosseguirdLr nesta inves-

que diziâ GiL'jrda- ligâçáo vocô pcrccbc qlre você narlr leln nenhuffâ outra substânciâ â
c1e pârtida. Ele diz lque] o eu será no máximo âquilo
Dáo scr a própria substância do absoluto. ou scjâ, nâo é que você é ele,
no Bruno. ele ó a cisra ale u â onda dento de um oceano' Quer dizer
mas ele é você. quer dizeÍ, â sua rcalidadc é a delci e nâo un1â realidade
você náo é o primelro suieito que nasceu nem é o último qucvai existir
própria- você não tcm urna rcâlidade própria que você possa diz€r: "cu
\ uL. e apenn' .rai. quc. 1u e\er. cr + I'rr'' óL \ Jâ 'u1 rcn' i'r
'r "ur\ soü isto"l Pâra vocô ser o que quer qlre sejâ você só podc scr dcntro do
eslá apcnas prosseguindo, é um processo cósnico qüc iá vem aí desde
scr E qucm ó o ser? íl você?
bilhõcs de anos artes dc você Entâo. como tomaÍ este eu como centro
É por isso qüe Schelling diz: 'É crrado dizer que nós tenros ümâ
ou como princípio? O eu humâno, â prineiÍa obrigaçao que ele tcm é
razão, é a razão quc nos tem. E â razAo divina qüe nos tcml"
saber que cle não é autofundante, quc ele é âpenas uma aparênciâ den'
Então. vocêveja. isso âqui escapa iáo forffidavelmcntc do uni\.ersL)
lro do processo cósnico, olr. âinda para usar â imagem de Giordano
da ópoca que eu nio vejo coflo encâixar Schclling dcntro do idealismo
Bruno, elc é âpenâs uma goiinhâ dentrÔ de uIn occano'
aleúão EIe náo ó idcalismo alemáo coisíssjma nenhuma, ele comcqou
corro idcâ1ista alcmão. depois ele virou u outro negócio quc eu não
(Alutlo) Nefi em Íotma a alóEica, OLaüo. fião podelia set pega'?

l8
seio que é, màs qüe sc parece muito n1âis com escola vedantina ou coi_ vcnros quc nós iemos esta liberdade dc nos autocolocar e nesse pon'

sa assim. Eo próprio passo inicial dele: "OIha, náo cxiste eu ncnhuml ' to o conjunto da Íilosolia de Fichtc pode ser absorvido como sc fosse
Bom. enrâo. acâboul Vô a distância qlre ele foi parar do "pcnso. logo unr pârágrafo da Iilosolia de Schelling, quer dizer, iudo o que Fichte
exisiol" e a distância que ele loi parar de Fichic e tâmbém de Hegel. disse está certo, só que náo é tudo, tem muito mâis coisa em volta.
De certo modo ele ten1 que invcrtcr ess€ Fichte e colocá_lo dc cabeçâ
(Alufio) - Palece muita ufi pouca caln a Santo Alastinho tlão é pirâ bâixo, ou ele estava de câbeÇa pâra bâixo e tem que ser posto de
pratp \o!.' I rn que PIP ctL tue o Pu laa podc ,, rJu\a \ui 4ra \e P,
exisío al,una coisa de.re tet me ctiado... Elc diz lquel se por um lâdo eriste o mundo dâ necessidade que
NIas noie beú quc ele não diz nem isto, cle é üuito mais radical,
é o mundo da nalureza e existc o mundo da libeÍdade. é porque es
lelcl lãla: "Náo. náL] existc naala. só existe o absoluto " E o que queÍ
tes dois sáo aspectos do absolüto. Isso quer dizeÍ que nós podcmos
que exista só pode scr concebido em lunçáo dele, ou como um aspccto
comprccnder o mundo exlsientc como ulna expressáo de urn absoluto
ou nanif€staEáo, ou irradiaçáo. ou criaçao, algumâ coisa assim Ele eli_
que é âo mesnlo tempo necessidadc e liberdacle. Isso qucr dizer que
mina três séculos de discussôes e volta ao púneiro principio. E diz: o
necessidadc e liberdâde são âp€nâs aspectos que se dilerenciam no
grânde problema da filosolia, o problema do filósolo. iá que o filósofo é
curso dâ manilestaçáo de Deus no mundo.
apenas uma ponta, a crista de L1mâ onda nunr occano, é e1€ sâber colno
é que cste oceâno veio a gerá_lo, queÍ dizc! c.rmo é que esta realidâde
(ALuna) TenporuL..
nrL qual nós vivemos pcssoâlmentc cm€rge dâ sua origenr no absoluto.
ÉlEspâço-iemporall
Então. é o processo O grande problcma se torna o Problema dâ cos-
Mas é evidente que se existe csta dilerenciaçáo é poquc csses dois
mogonia, da origen do cosmos e cono quc Lr absoluto reio se mani
aspectos náo sào táo heterogêneos assin; ou sejâ, se fossem duas ma_
t 'trndo "rrar
<. ue "'na p.u rJ, dadc d( La râ ' c ' un'u e\\\ \ (J 'a \ 5c
nilestaçóes heterogêneas, urnâ vai para um lado, a outra vai pâra outro
intcrligâm de aigum nlodo.
e [se] nâo tivessem uúa Íaiz comum elas náo poderiâm se reconhe-
Ele pcrcebe, por cxemplo, que o mundo da naillr€za é Lrn rnnn_
ceÍ, entáo. nós ficariâmos exatam€ntc como niL situaçâo de Descartcs.
do que é regiclo pela neccssidade. Nâo precisa scr uma neccssidade
você teff um cu inespacial colocâdo pcrante un1 universo de entida_
absoluta, hoje nós concebemos até en termos de prcbabilisno. Mas
de qualqucr modo, o que é uffa probabilidadc? Probabilidade é uma
des espaciais que la bém náo correspondem às entidadcs materiais
da natüreza, n1as que sáo apenâs como se fossen formas geonóiricas,
neccssidade limitada, quantificável, em última análise.
então estaríamos de novo no dualisrno cartesiano. Ele diz: "Nâo, tcm
I
quc ele percebe por outrc lâdo qlre o eu humano não podc se
que haver um ponto de Íeconhccimento". lsso quer dizcr que você
compreendcr em temros de necessidade porguc como bemtinha visto
ora' nós encontrará algo desta necessidade material dentro da própria dialética
Fichte, o eu se dcíine pela suâ liberdadc de se autocolocar'

ZI
I
lormadoÍa do eu humano e enconirará algo dâ libcrdade int€rior do eu ibe ade e necessi.lâde é possível sob lbnna de consciência humêna. E
nâ própria naturezâ, apenas em doses difcrentcs. mais ou menos como ,) outro clcmcntír irnportante que €le desenvolve nesse periodo é a Irilo
nós vcriamos nesse sínrbolo do yin-vang en qlre a pade pretâ tcm uma Í)liâ dâ Mitoiogia e Ja Fitosofial da Rcvclaçáo. Você veja que até então
bolinha branc.r e.t paÍte branca dc Lrma bolinha preta. r ldóia quc se iinha dâ mitologia ou era dc produtos dc uma nnagina-
Isso qüer dizcr que a nâilrreza pâÍâ Schchrg nào é constiiuídâ çalo inlàntil que t€ntâva pensar sobre o mundo sob Iormâs ioscàs. e que
solnente dc cxtcrlsâo. ela é a exprcssão dâ ncccssidade clentro dâ qual criavâ imagcm para suprir, para iapar os bu€cos da sua ignorância, ou
deve havcr LLm elelne.tlr de liberdadc con o qual o eu humano possa crê considerâda como uma espócic dc filosofia primitivâ. quer dizer,
dialogdr ou enirar em contâto de algum ll(xlo. que lelr u.r conteúdo tilosóiico qlre poderia ser retirado dali dc dcn-
As conseqüênciâs disso. só do ponto de lista cicntílico, sáo abso- rro E Schelling repârâ que não pode ser nem un1a coisâ nem outrai ele

luiamente fonnidávcis. porque a corporalidâdc aÍ deixâ de ser corpo_ diz quc as mitologias cm primeiro Ingâr são rcalidades, quer dizer. são
rall.lâde em scntido estrho. num seniido cxcludente, mas âí sc abrc coisas qlre âconteceram, que cnistcm historicamcnte. € que devem ier

â porta âté p.Lra reconquisiâr algo dâ antiga cosmovisáo mcdieval no u a funçáo no próprio desenvolvimenlo histórico. ou seja. elas làzcm
qual as entjdades corporâis signil]cam âlgo e dizem algo. Nesse sen pârte. elas lá sáo a sucessáo das milologias, â sucessáo das revelaEões,
só podcm scr comprccndidas dentro da seqúência da manilestaçáo das
tido. por erenrplo, nós podemos conceber, e €ssâ ó uma idéia que ine
potências divinasielas làzen parte dâ erpressâo das potôncias divinas.
encanta particulannenie. a icléia de quc o mundo nâterial €m torno é
Enião, isso náo quer dizer que as maneirâs anteriores de vcr a mito-
tlm dcpósito de conhecinlenros, elc ó umâ espécie de discurso lâtente
logia estavân erradâs, as mitologias poden ser vistas tanbém como
no scntido de que. por ej(enrplo. um mineraiogista podc sâber nlriro
produtos da imâginaçáo hümanâ, como criaÇóes cüLtürais, etc.. eic. Só
sobre os minerais. mas os mirerais sabenl mais ainda. Quer dizer, o
que essas erplicaçóes só âbrângem certos aspectos, clas náo bastam
naioÍ depósito dc conhecimento ineralógico sào os nlinerais. Entâo,
pâra ei{plicar o conjunio;nlas quanclo você as vê como parte do proccs-
eles podem scr decodificâdos, e na hora cm que sáo rlecodificados, cles
so dc âuto-revelâção de Deus através da sucessáo dâs potênciâs. entáo,
são inlcgrados na liberda.le humana sob a i'orma de conh€cirrcnto.
você obtém um outro palarnar um outro nivel de âbordagem no qual
Faz parte da filosofia dc Schelling nesse período, por um lado a
as explicaqóes anteriores podem âgora ser inicgradas. Quer dizer que
doutrina das idad€s do mundo que é a doutrina do chama ldel
qLIe ele
pelo mérodo de Schelling. cada nova mitologiâ tem evidentemcntc um
as poiências dc Dcus. quer dizer, coino ó que da totalidade absoluta
conteúdo revelatório quc ó imporiante pâra a estru1lfação da própria
surgcm cssas dilerenciaçoes dc nccessidade, liberdâde. ctc.. etc., até
hlrmanidade. nês esse conteúdo revclatório aparccc também colno ufi
todâs clâs tendo ês suâs contradições intemas. âté chcgar na liberdade produto culturêI, o qual aparece lambém como fuuto dos conflitos ide-
hLLmana que seria o seu coroanenlo do sistema c que náír sendo uma ológicos da épocâ. o qual aparece tambéln como fiuto da inaginaçáo
libeÍdad€ absoluta, mâs um liberdâdc que é condicionada ao universo de alguns sujeitos que pcnsaram aquiloi então, você pode encaixar es
materiâl em que nós eslanos, é tâmbén o lugar onde o recncontro de ses vários níveis ànalogicaniente.

22 ?3
Náo é necessário diz€r quc é com isto aí quc Schelting inaugura cxcmplo, quando contavâ os seus nitos, ele nào prccisava cniendê los,
toda a possibilidade das ciências dâ religjão conrpararla, e também
é r ráo ser mitologicrurcntc. Nós é quc extraimos desse mito 0rn outro
assim que elc €rplica, porcxeDrplo, que etementos ctc ümanriiologia
dc sigrrilicâdo, uma outrâ clâr,e intelcctuâ1, porém ete náo precisava cn-
nül ou dois nril ânos atrás. ou cinco mit, possâm rer uma inrporiância
rcndcr aquilo nunra lürglragcm exlra-rnitot(igjca. não, ete rinhâ somen-
para o autoconhccinento d0 honenr conrcmporâneo.
Quer dizer. um tc âqucla linguagen Entáo. daí surgc a idéia quc .lepois sc rornou aró
livro quc eu recomendo parâ vocôs é o livro do paul Diel, ou sejâ,
O arroz-com leijão que é do nrito lundadol qlrer dizer que as civitizaqões
Simbolisno nâ l,litologia Grega,. O paut Dicl é um psicótogo suíço
e
todâs começam ê pariir de rm nrito odginário, esse nito originárjo
ele parte cta idéia de que nâ Dritotogia gregâ você rcm
uma rcpr-esenta_
cÍabelece una certa área clc possibilidades humanâs que cm seglrida
ção completa da psiquc humânâ, todos os cl€mentos estruiurâis da psi-
que estâo ali prcsentcs. entáo. você semprc pode clecoditicar psique sào realiz.rdas t.mporalmcnte e que grâdualmentc váo iomando cons-
a
de lulano ou lulano em tcmros de mitologia grega Esia possibilidâdc ciôncia de si próprias

simplesmcnte não exisriria se não losse isso q0e Schel]ing .tisse. isto Para vocé tcr umê idéia dâ profundidade dessa idéia de Schelling,
é,
sc as mitologias não l'ossell1 crapas de urnâ progressiva âuto_revelâçáo vocô pode examinar, por exclnpto, o livro do Northrop tillc chamaalo
dâ própda esirutura dâ rcaljctâde que se torna transDarente através "Thc crear Code"r (O Grande Código), no quat ele alemonstra que
.laqucles símbolos lodos os enredos dâ liieratura ocidental cstavam na Bíblia. euer clize!
ali você tem um mito originário. ou scja. iudo o que vocês viveram.
(Aluno) Prclessot nesse casa, a rtitologia seia un modL) de pensaram e inteligiram durante dojs rnit anos já estava dado compactâ-
erpressút algulna coi st1... mente âqui tsso seriâ âbsolutânrente impossívet se csle nito funLlaalor
Da nâo é um lnodo. pâra o indivíduo qre concebc o nriro. ou quc losse apenas uma maneira de cxpressâo. se ele nâo fosseulll clcnrento
o cscrevc. ou quc o dira en prinreiro lugâr cle é uff ntodo de cxpres- ."struturante da própÍia ordcm da realidâde E ó por isso que ele vê
sar Mâs a mitologiâ não podc ser dccodifÍca.ti! ncsse scnti.tLr. ctizer: que csses mitos náo sao uma revelaçào de alguma coisa. nâo. eles são
'Não. cla lem aqui um significado que pode scr deco.lil.icado,. Nãol a própriâ revelaçâo; eles inalrguranr uln cârrpo cte possibilidad€sj rlio
Ela náo funciona só pclo seu signillcado. mas pctâ suâ prcscnça.
eta é que cxiste um conteúdo quc o rnito rransmile, nào, ele é o conteúclo.
é um elemcnio cstruturante. cla náo é assinr algo de quc \,ocê ten
o ele é a forrra e o conieúdo ao mesmo tcmpo
conhcci rcnto c vocô traduz e§te conhecimento rnilologicanente, nâo,
a milologiâ vem ânres, ela nâo é um modo de transnitir algo elâ
éo (Alu o) Que etn a "lbaia dos Quatta Discutsos, ta bém, né?
própdo algo quc csrá sendo transmitido, eta é o próprio conieúdo que
Nâo, â "Teoria dos Quâtro Discursos,'é uma maneira de você ale-
está scndo tra smitido e que só se trânsfomlará em conterido ditercn
codil]car isto. nràs
ciado nruito mais tardc. Isso é o mesmo que dizer quc Homcro.
Dor
rHifraduçaô btusilcira o códico códig.s ,\ bibliae.lirerâtüa.
O Sií,holluo nr líitoLiigiJ ctugn. [diroriat. 2i rd . 200,r
do§ BoilrmDo [{liroriâl l]
^rrar

t5
(Alu o) Se tudo isso é uma auto-rcüelaçào, potque que Deus o âbsoluto, nós o dccompomos novamente em necessidacle e liberdade
prccisa se clulo reüelat? c queremos explicáio ou por uma ou pcla outra, é exaiâmente isso que
Como é? Schelling cstá dizcndo que náo dá para lazer.

(Aluno) - Pol que Deus precisa se auíarerckú, seja pel.'s ,1ilitos,


(AIu a) Essa análise que a senhot íez sabrc as milos se aplica
seia coma la]? DeLls se rcaela a si fiesmo...
ape as oos mítos anti\os ou íanbén se apLicatia a urul fiiloLogia
Nâo. aí \,ocê vâi tcr explicaqões tcológicas âpenas. O poÍquê que
hnsít ída cana a do I
ele precisa, qüem disse que ele precisa? Sc nete anecessidade e a liber-
Nâo: Só se aplicam a mitologiâs que fü ndanr cl\,ilizaçóes. Na verd.rde,
dade estáo unidês. ou seja, âs dllas colunas, a misericórdia e a jusliça
nâo sáo todas as mitologias que nós conhecemos que sáo assin. Agorâ,
(o rigor e a misedcórdiâ) esião perlêitamente unidas, quer dizer que
prcdutos da licçâo, iendas modernas, náo, esses tên1 outrâ lunçào.
aquilo que é inieiramente exâ1o e absolutamenie inelutável e lnflexível
Schelling não diz isso, mâs digo eu, que existem mitos que apâ-
em Deus é ao mesmo tempo um a1o de liberdade, isso significa que
rcccm sob a forma de histórias conradas, ourros que aparecem sob
Deus qucr tudo aquilo que ele quer, ou seja, e que elc náo poderia
â forma de históriâs vividas que depois sáo contadâs. Exisrem mitos
querer de outro modo, não porque ele csteja preso a isto. mas porque
imâginá.rios, por cxemplo, â mitologiê grega. Você nâo pode dizer que
esta é a Írnica maneir:r perfcitaflente livre c perfeitamente boa que ele
Zcus de Iato fez isso ou fez aquilo, mas áquilo é um conjunto dc nar-
podeda agir, ou seja. a única compâtível com a sua naiurcza de Deus.
rativas e a nafiativa como tal é uma presença histórica. E tcm outros
Á própria pergunta: "Por que Deus lez isto?" Você perccbc que dentro
câsos como. por exemplo. vida, paixáo e moÍe de Nosso Senhor Icsus
de uma perspcctiva Schellingiana a própria pcrgunta está muito inal
Cristo. Nâol PrimelÍo aconteceu, depois loi nallâdo.
colocâdâ. O porquê de qualquer coisê, qualquer pergunta .por quê?,'
Esta disiinçáo é que nostrâ o seguinte: os mitos dcstc último tipo
será respondida em úliima análise com "a vontade de Deus, . EIa nácl
iem um outro porqué alén dc si mesllra. iêm uffa íunção um pouco diferente da dos outros; c são esses os qüe
constit(em aq!ilo que nós hoje chamamos [del religiáo. Isto é a mes'
(Alü o) E o que é?... ma coisa que dizer que a religiâo gleco-romanâ não erâ bem 1l a reli

Dependc dc em que plâno você en tende isto. Sêvocê colocar: ,,Náo, gião, era una outra coisai era um conjLrnto dc instituiçóes sacras ba

mas é uma vontade aÍbitrádal" Eu digo: não, cle esrá dizendo que nâo seâdo nurn univeÍso imaginário que fundou aqucla cii.ilização. Porén1.

é arbiiráriâ porqne não poderia ser de outro modo. Entáo. Dcus aten- quando iem a hislória, por ex€mplo, dc À,Ioisés, ou a históda de Jeslrs
de a uma neccssidade? Nâo a uma necessidade externa à sua pópria Cristo, ou a história do Buda: isso ai nào, essas coisâs aconteceram
natureza de Deus. Agora. é claro que noventa c nove por cento das realffentei e aqueles acontecimentos tcmporalmente locâlizados é que
confosóes teológicas surgem do faio de qlre âo teniâr raciocinar sobrc inauguram uma possibilidade.
t
i

(ALuno) Sobrc essa qtlesfia mikls que são lundaníes, eles


desses c\istc sozinho. cle só existc nâ articulação dc iniinitos outros pontos
ktmbém ca»elam umã estética tlue os aco tpatúam o tetnpo tada. O dc vistà quc conrp(lem o tlr.lo.

senhot nlia acha? E depais (tuando eLr se dcab,:t. essa eslélica some Eis aí o panorama do pensanrenio dc Schelting. a análjs€ hisróri-
tatnbétn e suryeu la |laz)a? Ou isso tldo acafilece? ca por que elc lâz a recolocaçáo do lundamento. o retorno à i.léiâ do
Náol Isso tarrbé aconiece. NIas você vcja quc ai é Lrma das possi- ahsoiuto, a elininação do pri aclo do €Lr e portanlo a clinrjnaEâo de
bilidades humanas mâis cxtraordinárias qlre é â possibilictâde da arte. todo o ideâlisflo nodcrno, n douirina da cosmogonia. a douirina clâs
qne ó a possibilidade de o indivíduo participar deste processo. Qüer revelaçóes succssi!as, a doutrinâ da nitologia e da ârie. e a doutrina
dizer que o arlisia de cerio núdo também está inâugurando possibi- d., que elc chalna ld€l o diábgo ananmético, quer lijzcr, é o inclivídul)
ljdades, ele só náo as cria. cle as transmlrta a partir dâ sua experiên quc dialogando conl o iodo dcntro do qual ele csiá ele sc rccorcla dâ
cia pessoal e da cultura adquiridâ, etc., etc., nâs ele inaugura certas sua origem dcnirc do processo da revelaÇâo I,lntâo, você vô que é um
possibilidades que sáo ao mesno tempo possibilidades de intelecÇáo negócio de una grândiosidade assjÍl tormidá1,e1 e sobreruclo .le uma
e possibilidades de exlsiência. Você pode vcr quc cxistcn muitâs mo cxâtidAo muito grande Qucr dizer, a filosoiia de Schcling tcm Lrm
dalidades de vida humana. tipos dc vida hurnâna, tipos de biografia valor cientílico mesrno, ela é uma espécie de resrâuraEâo da estrutura
hümana que só sc tornâm possíveis a pârtir de cerlos nomentos e]n da rcali.lade. E cria a possibilidâ.le de uma iitiniclade de ciência quc
que certas lorn1as foram geradas por ce$os ârtistâs. Ai aquilo sc incor- só começamm a sc desenvolver a pârtir daí. retigiào coÍnparâda sjn]
pora na civiliTêçáo e âbrc possibilidad€s para as gcrâçôcs scguintes. E plcsment€ não eistiria, a religiáo compârêdâ ^ a miiologiâ conparâda.
Schelling dedicâ especial atcnÇâo a cstc ponto Entào e dc certo lnodo tLrdo isro senl Schelling seria impossível Você pega obras conlo Mirceâ

ao particular dcstc processo clâ revelaçio das porênciâs, eslâ seria â Uiadc, por excmplo. Mircea Eliade deve tudo â Schclling
lbnna mais complela de conheciffento quc vocô podcriâ tcr porque Quer cle declarc ou náo dcciare.
locê está agindo dentro do proccsso. vocô nào csiá sc colocando conro
um obsenador lilosólico colocâ o mundo entre parêntcses co.ro se (ALuna) Ainda sobrc a plawr de fiito, prclessot. camo é que tem
lbssc numa telâ e o olhâ, n1âs você conscienternenle está padicipando esses doís tipos de milo, os sifipldtnenle co tãdas e os q e acanlece

do processo dâ revelação. E nesse senrklo. Schclling tcm uma liasc que ram e depoís ÍoMtn contados?
ele diz que unr suj€ito que conscguissc cscrcvcr slra autobiogrâlia com Mas essa é umâ distincáo que eu estou iazcndo e eu estou traba
iodos os componentes dfl suâ \,ida, teria escrito a história tlo univcrso; lhando cm oima dela...
porque tudo estava presenie ali. Daí ele náo pode concebcr quc haia
nele algo que eslejâ sepâmdo como a crista da onda nâo está separâda (ALu o) Cafia é que a Eente e caita aí un oütra t4)a de tníto
do oceâno, elâ dc ccrto modo ó indiscernivel, elâ só consegue se discer- qüe me parece dilerc tE àesses dais- eu tio sei se se po(le cht1r11at de
nir a si mesma como uma espécie de ponto de vista. qrer dizcr, como mito... o mafi.istno'?
se cada uln de nós losse Lrn] ponto devista, mas essc ponto de vista náo Náo. isso não é um mito de maneira nenhu rH

t')
(Aluno) Mas eLe ntÍo luüda uma série de passibilitlades citriLiza' Agora, existe unla série de djticuldades que aparecem na til.rsoíja
de Schelling em fuDção de que ele estava tentândo rcstâurar isso numa

Náo, você pode colocá-lo como una criaçáo artísticâ, mas náo ópoca naquâl isso palccia totalmcnic cstranho. ninguóm cntcndia uma

conlo Lrm mito lundador', qucr dize! ele é uln artista qüe irabalha den_ palâvra do que esse homen estava dizendo. e ele têmbérn às vczes nào

trc disso ai. dá forma â determinadas posslbilidadcs e elas abrcm ou ienr os termos âpropriados. Eniáo, â possibilidâde cle mâl eniendido
irâs possibilidâdcs devida humanapâra umâ sóric de gcraçóes adiante dcssâ filosofia ó cnormc, tanto quc foi rnal cntcndido mcsmo. E quem

Mas não é um rnito tundadol nâo qucria cntcnder mal, o que lãzia? Esqueciâ. bota na gavcta c dcila
parâ o século seguintc, como de fâto licou.
(Alutlo) Entàa, pode se dizet que o fiito lululadot é semprc- - Você âindavaiver manuâis dc história dafilosofia.tuc dizem: "náo.

O nito tundâdor náo pode fugir dâ estrutura da realidâdc. . Schclling ó umâ filosofiâ pantcísta'. ou 'ó un1 gnóstico". ctc. Eu falo
que nenhuma dessas classilicaçÕes cabem inteirâmenie. pode ter uln
(ALuno) É isso que eu ia peryu tat--- pouqulnho desses elementos todos, rsados coino elenrento simbólico
Vocô pode criar Llmâ possibilidadc làlsa, uma possibilidade fictícia parâ tentâr e{plicâr âlgul1râ coisa que ele serdo o primeiro a perceb€r
quc será \,erdâdeira enquanto vividai assinr cnnrn o .lêlír,ô do nrahrco. r'.o dcpui' de r'.'.cc lo' de e.qu, ci nen.u. \, cê r"ú \ 1i q.'. r.r qu. o
o delírio de um paranóico, cle é íalso no seu corlteúdo, ntas eLe é rcal sujeito lenha a explicaçâo na ponla da língua Você não pode esquecer
biograficâmcnte. quer dizcr. o srjeito csiá delirando mesmo. que quando surge, por exemplo, Sáo Tomás de Aquino qre ven tudo
cxplicadinho. ali atrás você tinha trôs sóculos dc aprimommcnto do
(Alu o) Cabe utn pdtaleLo, uma con1anç11o com ens lneiiel)al com instrumental lógico e lingüístico para isto, e Schelling nào tinha nada
a set fiedie\al do tomismo, que a maleiaLidade qcontece na set e essa disto. ele esiá tentândo dizer uma coisa que há nrLrlio iempo fiinguénr
fialeiatitlade úe111 da rczrelaclto lanÍo no hofiefi cultL quat la no... sabia c quc não crâ cxatamcntc a mcsma quc tinham dito antcs Vocô

Cabc, c]âro que cabe, essa é outra coisa de Schelling tâmbéln. o vô. por cxemplo, cssc aspecto cosmogônico. cssa coisa da cosmogonia.

Schclling na medida en1 que unificê os elemcntos que a lilosofia rro- rem mesno os escolásiicos tirhan se interessaLlo por isto, eles se clrn

dcrna havia scpar.rdo, tâÍlbóm unilica historicamentc o desenvolvi- lentavaff com â cosmogoniâ simbólicâ € pronto, qle é coffo está na
menio do ocidenle, quer dizer que aquilo que durante dois ou três Bibliâ e está bcm. Agora, como é quc nós vârnos dizcr isto ai? Como
sécülos parecia l€r rompido. nelc náo tem n]âis. você lem uma conti- ó que isro acontcceu? O que veio antes? O que vcio dcpois? Não tem

nuidade de pensamenio desdc a Àniigüidadc aré hoje, clc é u sui€ito llfiglragefl paÍa issol
A genie rão t€m a menor drrvida, qucr dizer dcpois dc Aristói€les
c São Tomás, os maiorcs dos lilósotos sáo Lcibniz e Schelling. nâo tcnr

(Aluno) Mas loz à rcteLia... oulra clrisa. náo ten1 nada desse lamanho, você conrparar um cara des
scs cofl Heg€1. não dá, não dá n€m pârâ coffeçar. Hegel é uma \,Í€ulâ

:ll
no discurso dc Schclling Ele pega todo aquele nrundo de Hcgcl c cle são monstros. sáo dislbrmcs. faltâ üm braço. lãlia utnâ perna, falia
diz "El Vocô tcm lazáo. só que tem isso que veio antcs c tcm âquilo o nariz. o primeiro sujeilo qlre tcm tudo inteiro. é um scr humano
que veio depois" E Fichte tambén, pega o antes € pega o dcpois. E inrei.o. é Schclling.
IGnt tambóm. Todo mundo, todos os lilósolbs alé Schelling, todos po-
dem ser integrados dentro da lilosolia dele, Giorlano Bruno c Descêr (41utr,) - Ou eaMo,l , u,n at; plolto
tcs, etc , cada um tcn o seu p€alâço de râzão, râs continuâ c tcnl mais É um nariz. falta o reslol
Eu acho quc foi tlÍna vedadeira iragédia da culturâ alemá que a
iÍo c mais aqriLo c nÉis aqullo e nlâis aquilo oulro Qucr dizcr clcs
inflüência de Schellins náo irrâdiâsse nais cedo.
sào como se losscnl slrperlicies que relletem aspectos, nras o mâpa dL)
labirnúo só Schclling que tem. Porque eu digo que nós âindâ vivcüos
(Alutlo) - Se é que inadiou Lá!
dcntro da filosofia dclc. nós nâo somos càpazes de vê'la de fora.
Náo, naépoca foisó assin: quândo elevoltou adar aulâs, foi assim.
o pessoal loi ludo pâra assistir â aula dele, mas ó umâ homenagem, um
(Alu o) - Etltào, pade se Llizer rtlte o (lralna (1e íados esses Íílóso grandc lilósolo. velhinho. voltou. tal. ninguén entcndeu Lrma palavra
los, HegeL Iichíe, Kant, Desuúes, e tal nào é a.tuílo que-.. do que clc diss€l Eles toran lá, âssistiram à aula. muiro be[r. Ioram
Elcs náo erâln suficicntcmente inteligentes para úàiâr do âssunto tudo para câsa. e aquiio foi coúo se ele náo tivesse dito :rbsolutamente
que €lcs cstâvaff iratando. nadâi Sinpiesnente nâo houve conseqüências.

(Aluno) OLt seia. nào é o que dissevm, é o que ela\ nAo disserum . (Alu no)- Alguém rctomoli?
Mâs é clarol É o negócio do Leibniz: 'Vocé tem ra7áo no quc você No século )L\. simi

aliflna, lnas você esLá errado naquilo quc \.ocê negâ". Aquilo qu€ vocô
diz está certo, só que tem müita coisa quc você náo disse, e que vocÔ
(ALuna) Mas aí iá eru ta e, paru as ta\éàias que dco tecerotn
nega. e que você não esiá enxcrgando
Foi uma tragédiâ para a humanklade inteirâ, quer dizer, ele tinha
de certo Drodo o rcmédio parâ toda a crise da civilizaçáo quc já vinha
(Al.ú11o) E pot aí üacê pega um pouco a des& ttoLe dl escala...
há três séculos. Porque elc tcm râ7ão. o negócio do cadesianismo foi
Da escêlâl Agora, você vê, o urLrndo de Leibniz é un mundo cnor_
rlnra catástmfe. Se você lê os livros, por exemplo, do Wolfgang Snith,
n1e, Leibniz abarcâ tLrdas as ciênciâs, € cstc mundo inteiro de Leibniz
Wollgang Smith é 0m lísico quc anâlisâ a história da ciência à luz desta
se torna um câpitlrlo ctenlro de Schelling. Estc Íbi o maior dos lilóso- coisa que ele dá csse nome de bilurcação. E ele diz que o que empatir
íos âlenlães. o gênio.tlenáo está todo ali. Os outros sao todos mcio âí âs ciências há muito tcmpo é esse negócio da bifurcaçáo. quer dizcr.
doentes, sào todos caras muiilados, vocêvô quc cles sáo grandes, as mcsmo tendo descoberto outros continentes como, por ei(emplo. a re-

3Z
lâti!idâde, tcoria quântica, lilosoficamcntc os próprios cientistâs ain-
a llnião, tenr lanlàs soluça)es ali dentro, quc nós ainda náo consegüi

da intcrpretanr essas mesmas dcscobertas deles. as dcscobellas eslal) nn)s tirâr proveito de todas clas. Eu âcho que eles náo leÍam o Schelling
cerias. mas eles interprctan lilosoiicarnenle no tcrmo bilurcacionistâ. rnuito bcm. Porque cles lalam rüüiia coisa que já estava explicadâ cm
Por exernplo, o wollgang Smith diz qüc na cosmovisáo nledieval vocô Schelling e que eles náo sabem Elcs cstáo achando que sáo os prjüei
tiih! . nl.:iâ .le ü.r mundo rnaterial. de urn nründo intcnnediário e de roes. Schelling já tinha diio.
um Drlllldo espiritnal. clc diz Iquel nenhuff fisico pcrcebeu qlre â física
modernâ náo trâla do rnunllo rrateriâl, quc ela irala Llo undo intcr- (Alutto) U 1a caísa. o senhot comenta no...
rncdiário: olr seja. você pode colocar todâ a Íísica lnoderna dcntro .lâ No h.ro Itnoülcdgc and the Sacredl, O conhecimento e o sâ,
cosnlovisáo nredicvâl c dá certinho Só qu€ clcs náo sabeü disso grâdo, do Se),yecl ITossein Nasr ele concedc uma partc a Schellingl
"Não, Schclhg tcm lá scus mériios, clc., etc " NÍas ele nao percebe
(AlLito) O que setia esse tntoldo'?
o qranlo. Eü âcho quê êle colo.a o Schelling apcnas col1lo sc fosse
O nnrido intermcdiário é o mundo da matériâ sutil. Você pega os
u r precursor do René Guànon. Nâo, isso já cÍâva tudo no Scheiling
l|alaclos dc Sâo Tonás de Àquino sobrc as forçâs sutis da naturcza,
c cstava ató mclhor do que no René Cuênon, estava Lrm pouco mal
eu digor Nlâx Planck nuncâ leu isso e Sáo lbmás n(nca lcu NIax
e\plicado porque estavâ elr alemâo É ciaro, nada que é âlemáo co
PlancL, nr.Ls se um lesse o outro lâlariam: "NÍas é disso aqui que nós
segue ter âquelâ coisa arrunadinha do lrancês, de lâto náo consegue.

É por isso que quando você chcga em partículas sllbâtômicas, clâs O alcmáo é üffa língua de duencles, d€ anóezinhos.. Não é isso?
rc n un..,. p up-eJ"J,. c.qui.ir-. qu( \u(( nf i cô r\.guL r\orLsir Flnito é uDla lingua mitológica
aquilo e icínos materiais. Elrr lermos matcriais dá contraclição c no
entânto vocô sâbc que aquib acontccc. Então, essa é üma das propde (Aluno) O setlhor cohlc la fias saus lil)ros tnois antiqas a rcspei-
dadcs das l'orças suris do mundo intermediário, que ó um mundo que é lo tambéú de ut tetta tundo inaginaL...
uma espéciê de transiEâo do ser para o náo-ser. vicc-versa. l'udo isto EI Esse é üff mundo intennediário iuDrbéúr.
aqui. se i,ocô lcr o negócio do \trblfgâng Smith, se rao ÍLrsse o Schclling,
cssc cara não ia sabeÍ disto nunca, ele plrde nem saher o quc ele esiá lAluna) Eu lenbto que a senhot ha?ia dito que éo nunrlo en (tue
devendo pàra o Schelling E isto âqui sao coisâs qnc aindavrio ter con pot exelnpl.a as si9fios Íê 1r?alítlatle eaístente. as nlitos tambéfi...
seqúências parâ âs ciêrcias e pârâ a cultura pelos séculos vindouros. lsso é tudo rnlrndo intcrmcdiário. Por €xemplo. se você pegar c)
isto mal cstá coneçando. livm do Paulo Mercadante, A coerênciâ das incertczas;... O que é?
I unl estudo da sucessâo dc simbolos historicamente operantes es
l^luna) O Zubüi tanbé 1ii nAo entrcru --

o Zubiri ianlbérn deve a Schelling, sem dú!'idal O Zubi . o (Do\l.d!. aud ú,0 S.úrLl. Ld Sutr! PÍess l" Ed
'nllito \..r'ôtr.râs.las In..Í.2.s l:Reil,!..rs.200r rlli.r. dr rcrú)\ r n.irs d. oâr. dc car
LLrnergan. e 0 Voegelin iâmbénl.

-11 :15
tudaclos coÍn a Lógica dâ tcoriâ .l ântica Qucr dizer. como é? Você senadora. porque ete di,ia
[quc] nós vamos reconquisr iudo do orr.
vai pegâr o ncgócio dc subrtômico vâi aplicar nos mitos. nos sún
e u\ \r\ u'u\ F rJ(r. L tt. I urru. Lf_luj
bolos. € dá ccrto? Claro que dá. porque â Íisica quâniica é a física tanrbém Hoje cu cntendo o quc o Hotrrannsihal
dizia, porque você
Llo mundo inter ediário. é um mundo onde nada ó o que parece, é vendo a história do sécuto XX parcce que
Loi o contrário. Foi o conrr.á
mágico na verdadc. rio na slrperfr'cie da hisiória, mas o quc está
acontccendo inteleclual-
mente? O quc está acontecendo é cssâ tomada
de posse .lo Schclling.
(ALul1o) - o liüto... L \.r unq :\rd o",L tjg,. o cunrrrad,. LJr, r, irotôr:a .unrpi,r",ta,
rc.
eJ
F. rm li\.ro mârâvilhoso. mas um livro do,lênio que ninguóm vai articulaçáo da fsicâ quântica com a cosmovisáo
rneclieval, é isto que
eni€nder mÍrs tudo ben1. está acontecendo.

lAluno) - Piot é que não eslá etn aleniiot (AIu o) eu i um.. Ele í).ú tet ut11tl p. estra, al?unla
Esses rlias
Pior, está cm po uguôsl coisa sobre... a pessoa chanou íle eÍeita Medici.
guer dízet, L) que estti
acoütecenÍla a\oru com a (tua tidude (le
mudmçLts, de na?)ídllde. dn
(ALLLtto) tlas n.ia éíácil em pottuguês, eu conecei & let e-- noÍr.ts descobertas en cada titea tlo cotlhecimento,
ele c()fipatuu com
Náo, é um livrc clil'icilimo. dificílilltol Mas eu cstou p€rcuadido dc a que os lleàici Íizerarn patu a Rewtsciüenta.
.tue o Paulo Nlercadarte é um gênjo, clc mesmo não sabe, mâs o quc Pois él Mas é unacoisa qlrc só âgorâ
começa a torn forma. Agora.
cle lez naquelc livro é üma nonsiruosidade, qucr dizer, elc pega todo urn sujeito cm 19j0, quer di7er. em ptena
enrergencia do comunismo
cste Lrnive6o do Voeg€lin e o exprcssa quaniicamente do làscismo, €tc., etc. cte iàlar cnr ltevol!ção
Consenadoral Eu dioo
q-. cic e..a lur.u Nlú rrd. rl Ji.... c,rm
"ro"e.,. dc,nui ,.;-
(Aluno) VaegeLitl'? culos. Ele não falou nas próxinras dócâdas,
nas próxinras décâclas ó c)
Essc muncto do Eric Voeilclin, o mundo cla succssao dos símbolos contrário, nas próximas dócactas. quer d;zcr,
é o resíduo. é o rcsultâdc)
articuladores da hisiória e diz: 'r{h, isso âí luncionâ igualzinho como final dessâ bifurcaçao. euer djzett âincla tcm
nrars pelo menos um ou
na icoriâ quântical" l]stá cntendendo'l Sáo hcrdeiros dc Schelling dois séculos de pr€juízo que nós vanos tevâr
em tunçâo ctcsia coisa.
Você veia, nos anos 30 houve o grande po€ta âuslríâco Hugo von Hol lnas enquanto vern essa devastaÇáo operaudo
na supeúície. enbaixo
_olha, o que eslá havendo no mundo !cm sc consi.uir)do un1â outm coisa. E o quc
mânnsihâl c cle dissc o seguinte: vai sobrar por cxemplo,
é u nmvimcnlo qüc dâqui üm século será visto como hLrje nós vemos dfl cuhura do século LX? O quc sobm? Bom. quc
o vai sobnr é o
rrrais ou n1enos o llcnàscirncnto, qüerdize! Ümâ rrânsiçáo intelectüal Hugo von llofmânnsrhal, é o Eric Vocgetin,
e o Rcné Guànon. é isso
absolutâmenle forllli.lável'. E ele chamâva isso de.r Ret'oluçáo Con' luc vai sobmr para os séculos segui es, o rcsto ao lai slrbrar nacla.

la
37
Você vê. onde no mundo ainda se lê lean Paul Sartre? Só no Brâsill da bifurcâçáo. Quer dizer quc cstcs sáo os úllirnos estertores dc um

Beriolt Brccht? Só no Rrasill corpo que já estava doente há três séculos.


Deu para cnicnder? Enttro, o Schelling ó isso ai Por hoje é só.

(Alutlo) Nem a hança?


}}ancês náo liga parâ isso faz muito tempol
Esiâ coisa toda, desconstrucionista, cntâo, não vai sobrar nada di§
to ai, já acabou. É como sapo que está norto e aindâ ]nere â pcrna. E
uma deconrposiçào rnesmo. É o rcsuliado de pes§oas q c cstào se sui_
cidândo ini€lcctualnente, cortando a pÍópria cabeçâ. Vocô clrria. tudo
bem. faça o que você quiser, a cúeqa é suâ, mas â g€nte vai prosscguir

lAluna) - Não é talüez que o que tinlfi que ser (1es@nsíruído iá loi'?

Os câras teflninam por sc desconstruir â si mesnrosl

(Alltllo) te
eÍeila. acaba desconsnuífido a Ltlutldo
Só que
Você tem um cfeiro devastador em volta, mas acontcce que €ssa
devastaçáo senpre lenr qlre ter algo para devastar A hora que ela aca
bou com tudo, ela se dcsliga âutomaticânrente ['tas tem coisas que
sáo inatingiveis, não é possível você desconstruir, por exemploi a obra
dc Schelling, náo ó possÍvel você desconstruir o René Guõnon, náo ó

pussív€l vocô desconstruir o Edc Voegelin, náo len] icito.

(Aluno) Í, possíL'el zlocê desco strüit a sua cupacidade de

Você desconstrói o legado anterior daquelâ sua culturâ, a cültura


européiâ modernâ que é a culturâ do tcmpo de Dcscêr1es até agorâ
Quando você tenia apLicar isso a outt-âs épocas, náo fünciona. o
que eles lazem é a dcconposiçáo do Ocidentc moderno. Mas o oci_
dente moderno já começotl sc decornponclo. lá comcEou com a tal

irJ
Dàdos Inrcrnacionais dê câtalogaçio nà Prbli.rção lclPl
(càDra6 Rrasil.irado LlvN sq Brasil)

HistóLia c$cndal dn tilosofia/


porOlavodc Carlalhr Sáo Paulo, É ltedlizações,2008
(Colcção hiíóri. escnciãl da likxófiâ)

Inclui unr I)vD Conterido


rula22 Daridllunrc e lhornâs Rêid
íula.:i À cxntên.iâ do Eu"

aúla:5 Fichir eo I deâlis nr o


^lemxo

I Filosolia Idmlocenrtro2 Fikxlliâ-


rriró,ii LiÍúr. rI sé.ie

ildi.es p.Íâ carálo8o si Í emático

rsBN 13 DICITOS S73.35'33062 s3 0

!-stc ln@ é airansoiçào dâaulaqu.


loi gràvâda !o dia 10/09/2004 na
É Realizaçócs em São Paulo SP BÉsil

lnprcsso pela Prol párá a


E Rcalizâçóes. eN julhô de 2008
Ostjl)(rs usados sáo dalamilia Duich
O papel ú Chamois Bulk 90 8/mr para
o mioloe suPrc o250 E/ni pám a capa.

Você também pode gostar