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Comunidades: Boiada, Jurema, Licuriu, Queimada dos Machados, Saco das Lages e
Vereda Funda.
Boiada
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João Alves de Oliveira uma grande Boiada. O primeiro morador teria sido Antônio
Cardoso, de quem o capitão Joãozinho teria comprado as terras da comunidade.
Provavelmente esse seria o Joaquim Antônio Cardoso (Cardozo), citado no texto sobre
as comunidades Alecrim e Várzea, filho de Cláudio Antônio de Oliveira.
Sabemos que existe ligação entre a família de Jovino Batista, da fazenda dos
Tinguis, e a de Umbelino José Gomes, que morava na Várzea, pois as fontes orais
informam que o filho de Umbelino, Aurélio Gomes, era casado com a irmã de Jovino
Batista. Jovino era casado com Amélia e deveria ser parente de Manoel José de Souza
Baptista, visto no texto da Várzea, mas não foi possível saber o grau de parentesco. José
Saraiva, citado pelos moradores, também deve ter tido origem na Várzea, talvez seja o
mesmo do registro 132, divulgado no texto sobre a comunidade.
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José da Cruz, João José Maria e José Joaquim Borges foram os pioneiros que
construíram suas moradias nas terras do Caldeirão. A comunidade recebeu esse nome
quando a água dos tanques daquela região se tornou insuficiente para abastecer as
famílias. Havia um lugar rochoso onde se encontrava um buraco que mantinha a água
da chuva por muito tempo. Ao saber desse lugar, as famílias que moravam próximo
diziam: Vamos buscar água no caldeirão? Depois de algum tempo em que buscaram
água nesse reservatório, os primeiros moradores instalaram-se no local e viabilizaram a
ida de outras famílias para a comunidade. Ana Carneiro disse que o Caldeirão pertencia
a uma senhora chamada Lindaura Jovina.
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Boiada é o forró catira, dança típica dos mais velhos. No Caldeirão, além da folia de
Reis, que é tradição e anima o tempo natalino, merece destaque a dupla de moda de
viola, Nilson e Nilton, filhos de Roque Gomes Carneiro e Ana Carneiro, que já
gravaram o primeiro CD.
Jurema
Ainda não foi feito o levantamento no campo, mas foi informado que Ermelino
Xavier, nascido na Jurema , filho de dona Calú, conhece bastante sobre a história local e
pode ser entrevistado futuramente. Nesta comunidade existe um prédio escolar no qual
funcionava a Escola Municipal Silvino José das Neves, cujas atividades estão
paralisadas desde 2009.
Licuriu
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Neves (2003, p. 381) cita o seguinte trecho sobre a Freguesia de Nossa Senhora
do Carmo do Morro do Fogo:
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mundo, tapetes de fuxico, crochê, capa de filtro, toalha de fogão, caminhos de mesa,
almofadas, bordados, entre outros.
O clima é tipicamente semi-árido, com chuvas escassas durante todo ano, possui
uma vegetação típica da caatinga e cerrado, possui um solo calcário e terras
avermelhadas ou embranquecidas, solo arenoso, e serras de onde se extrai minério de
ferro. A diversidade da fauna e a flora está diminuindo. Até pouco tempo, a principal
brincadeira para os meninos era balear passarinho com o Badoque. O que não se faz
atualmente com tanto freqüência, talvez pela própria escassez de passarinhos.
Saco das Lages ou Lajes está a 12 km, em linha reta, a nordeste da sede de
Tanque Novo, ou a 14 km por estrada. Na comunidade está localizado um marco do
IBGE, no ponto mais alto da serra da laje, que é o limite atual dos municípios de
Botuporã, Paramirim e Tanque Novo. Antigamente existiam índios nesse local, pois os
forasteiros Clemente Roque e Betoldo constituíram família com índias, consideradas
pelos moradores as precursoras da comunidade. Segundo os estudantes do CETN, a
origem do nome está relacionada com a construção feita pelos índios, de cercas e ocas
de pedras, que eram carregadas em bruacas e sacos. Como já vimos no texto sobre a
comunidade Alecrim, a palavra Saco se referia antigamente a uma vereda que se formou
entre partes mais altas, como a região tem características semelhantes, é mais provável
que o nome se refira a essa característica em vez dos sacos utilizados pelos índios para
carregar pedras.
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Depois que Saco das Lajes passa a pertencer a Botuporã continua a mesmo
sistema de ensino, com os professores não formados. No ano de 1980 um professor de
Botuporã passou a ensinar na casa de Adventino Ferreira, para 63 alunos, apesar de sua
casa ser pequena e de enchimento. Diante disso, Adventino Ferreira fez o pedido de
uma escola ao prefeito Alípio Queiroz Marques, então Geraldo Ferreira doou o terreno e
a Escola Municipal Ângelo Pedro Ferreira foi construída. Com a construção da escola, a
primeira professora formada, de Botuporã, foi Inelcina Pereira da Cruz e depois vieram
vários outros. Regina Célia, professora formada e concursada, que já ensinou na escola
da comunidade e hoje trabalha como professora na Escola Teotônio Marques, é
destacada pelos moradores. Os alunos têm mais apoio e incentivo, recebendo merenda,
livros, uniforme e transporte escolar. Em 2009 a escola, administrada pela prefeitura de
Tanque Novo, teve 19 estudantes, sendo 13 no ensino fundamental inicial e 6 na pré-
escola e apenas um deles utilizou transporte escolar. Em 2012 a escola foi paralisada.
Vereda Funda
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local. Em 2011 a escola foi ampliada e hoje há mais quatro salas, pois se optou pela
nucleação, paralisando as escolas nas comunidades vizinhas. Devido a isso, em 2012 a
escola teve 25 estudantes matriculados na pré-escola e 156 nos anos iniciais, totalizando
181 estudantes. Desses, 156 utilizaram transporte público municipal partindo da zona
rural e 4 partindo da cidade.
A comunidade tem duas associações lutando por seus interesses, pois existem a
Associação Comunitária dos Produtores Rurais das Comunidades de Boiada e Vereda
Funda (ativa desde 16/07/1998), com sede em Boiada, e Associação Beneficente e
Comunitária dos Produtores Rurais de Sacos das Lajes, Vereda Funda, Licuril e Emas
(ativa desde 11/07/2001), com sede em Saco das Lajes. A Lagoa das Emas está
localizada na coordenada 774.181E e 8.510.300N e a 2 km a sudeste desta está a Lagoa
do Zuza (776.171E e 8.509.704N). Existe um projeto para criação de uma nova
Associação com sede na própria Vereda Funda que está sendo desenvolvido pelo
moradores locais. A comunidade tem um campo de futebol e um time.
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cuidados veterinários, dificultada pelo período seco. As chuvas são escassas em grande
parte do ano e o solo é calcário.
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Bela Vista
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Lagoa Grande
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que juntamente com sua esposa Virgilina Batista, também foram uns dos primeiros
moradores da Lagoa Grande.
José Joaquim das Neves, chamado de coronel, teria construído sua casa em um
local de mata fechada, de onde retirou as madeiras utilizadas na construção. Os
moradores atuais consideram que a extensão da sua fazenda era do local onde se
encontra sua casa, que atualmente pertence à senhora Suzana que foi casada com Raul,
neto do coronel, até a atual Lagoa de Dentro, o que daria uma extensão de mais de 12
km. Os pais do coronel eram Joaquim José das Neves e Maria Joana da Silva e os
irmãos: Rufino José das Neves, Clemente Alves das Neves, Bernardino Alves das
Neves, Ana Angélica das Neves, Carlota Maria das Neves, Faustino José das Neves,
Manoel Joaquim das Neves, Jesuína Maria das Neves e Hermelina Maria das Neves.
Seus pais venderam uma fazenda chamada Botim, na região do atual município de
Paramirim e foram para a região do atual município de Igaporã:
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Esse coronel possuía vários escravos que trabalhavam com seus rebanhos de
gado e suas lavouras. Apenas dentro da sua casa, as fontes orais informam que existiam
oito escravas que faziam os trabalhos domésticos. Em seu livro, o autor Erivaldo
Fagundes Neves nos traz informação sobre o contexto em que José Joaquim viveu e a
influência que ele teve na região, mesmo com pouca idade:
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José Joaquim das Neves teve um filho e uma filha com a senhora Anna Maria,
sendo que, ela foi grávida de Anna Flora das Neves para a cidade de Paramirim,
deixando o filho Francisco José das Neves com o coronel. Quando adulta Anna Flora se
casou na Várzea Suja, na casa do mesmo tenente que adotou sua mãe, demonstrando
que os laços com a região não foram totalmente cortados após a fuga da mãe.
Daniel teve um trágico destino, pois morreu afogado ainda jovem na barragem
da Lagoa Grande, quando trabalhava com suas tropas de animais. Ele comandava as
tropas com mais de 80 asininos, eqüinos e muares pelo sertão, levando produtos da
região e buscando outros. Segundo os moradores, o desaparecimento de Daniel levou o
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coronel a acionar todos os seus recursos para encontrá-lo, inclusive buscando reforço
nas cidades vizinhas. Depois de muitas tentativas frustradas, resolveu quebrar a
barragem para confirmar a suspeita de que o filho havia se afogado e após toda a água
escoar, o corpo foi encontrado. Os descendentes do coronel contam que Daniel foi
sepultado no cemitério de Caldeiras.
Suzana casou-se com Major Francisco Baptista Neves, teve vários filhos e se
mudou para Caetité. O registro de nascimento n. 310 nos dá mais informações sobre a
família de Suzana:
Não foi possível saber qual a relação de parentesco entre o irmão de Anna
Maria, José Joaquim Batista, também conhecido por Cazuza Batista e o senhor Joaquim
José Batista citado no registro n. 310 como pai de Francisco Baptista, marido de
Suzana. Pela semelhança dos nomes eles podem ter sido irmãos ou até a mesma pessoa,
já que o nome de Cazuza Batista foi repassado oralmente e as pessoas podem ter
trocado a ordem dos nomes e ele também poderia ter se casado duas vezes, com a
Virgilina, citada pelos moradores e com a Juanna, citada no registro n. 310.
A segunda mulher do coronel, Carolina, que era jovem, viveu somente nove
meses depois da morte do filho Daniel. Mais uma vez sozinho, o coronel teve como
mulher uma escrava chamada Siana Preta e da relação com ela nasceu um filho
chamado Taurino Bispo Neves, que se mudou para São Paulo ainda jovem. O coronel
José Joaquim das Neves morreu no ano 1922 e foi sepultado no cemitério de Caldeiras.
Francisco José das Neves foi o único descendente do coronel que permaneceu na
Lagoa Grande. Ele estudou no seminário na cidade de Duas Barras, hoje Morpará, para
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onde foi com “Chico de Eugênia”, mas desistiu para se casar com a senhora Ana
Amélia, filha do senhor Cassiano Xavier Malheiro e de Dona Deraldina. Como vimos,
Anna Maria, mãe de Francisco, era filha adotiva do tenente Maximino, Deraldina, mãe
de Ana Amélia, era filha legítima do tenente Maximino, portanto, Francisco José das
Neves e Ana Amélia eram primos sem consangüinidade. Este casal teve 18 filhos, entre
eles: Azarias, Ezequiel, Daniel, Ananias, Manoel, “Docha”, Estefani, Raul e Ana, esta
última a caçula, mãe de João Neves de Oliveira (Juca), avó do atual prefeito de Tanque
Novo, o senhor Élson Neves de Oliveira.
A localidade cresceu e, nos dias de hoje, conta com um prédio escolar, campo de
futebol e um poço artesiano. Em 2009 a Escola Municipal de Lagoa da Novilha,
localizada na coordenada 764.726E e 8.503.695N, tinha 21 estudantes, 16 no ensino
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Na década de 1930 teve uma seca que matou muitas pessoas, principalmente
crianças e animais de criação. Levou as pessoas a utilizar água de caruá para não
morrerem de sede e a se alimentar das raízes do umbuzeiro, caroço de mucunã e mamão
do mato, para não morrerem de fome. No passado as vacinas não chegavam até aquela
comunidade e muitas mulheres grávidas morriam. Hoje as doenças mais comuns são:
reumatismo, hipertensão e diabetes.
Dos filhos e noras do casal, Cassiano e Deraldina, foi informado que Cyrio
Xavier Malheiro, casado com “Sinhá” da família do Cesário, era professor particular em
várias comunidades: Malhada Grande, Várzea Suja, Boiada, na década de 1910. Das
filhas e genros, foram informadas: Ana Amélia, que se casou com Francisco das Neves
e foi para Lagoa Grande e Alvina Rosa de Jesus, com quem Manoel Rodrigues de
Magalhães se casou, passando a residir na fazenda Sarandy. Um registro de nascimento
de 1887, encontrado no cartório de Caldeiras, nos mostra mais uma filha do casal:
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esses produtos, as comidas típicas são: cuscuz, canjica, pamonha, biscoito de tapioca,
chimango e o requeijão decorrente da criação de gado vacum.
A fazenda Vargem Suja, assim descrita no mapa do IBGE (1962), que deu
origem à localidade conhecida atualmente pelos moradores como Várzea Suja, está
localizada na coordenada 763.954E e 8.500.384N, a aproximadamente 8 km de
distância a oeste da sede de Tanque Novo e a 4 km a oeste da fazenda Lagoa Grande,
que deu origem a comunidade. A origem do nome foi explicada pelos moradores atuais
da seguinte forma: por ser um lugar pouco habitado e coberto de vegetação, as pessoas
faziam derrubadas e queimadas para plantar, mas logo depois o mato nascia
rapidamente, tomando conta de todas as roças. Dessa forma, os agricultores sentiam
dificuldade em manter suas roças limpas então chamavam o lugar da forma descrita
anteriormente.
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Manoel de Saldanha da Gama Melo Torres de Guedes de Brito, sétimo conde da ponte,
e da sua mulher Dona Joaquina de Castelo-Branco Correia da Cunha, terras no alto-
sertão da Bahia. Segundo Neves, era um “sertanejo que, na primeira metade do século
XIX, de Lagoa Clara, em Macaúbas, (que pertenceu a ele) fez-se presente no Médio São
Francisco, como administrador de fazendas e fazendeiro” (NEVES, 2003, p.5). Sua
esposa chamava-se Anna Maria do Carmo.
O tenente Maximino teria se casado com uma moça chamada Guilhermina, filha
de Venâncio e Umbelina e os escravos construíram sua casa na Várzea Suja, que existiu
até a década de 1980. No seu casamento com Guilhermina não teve filhos e adotou
Anna Maria, filha de Felippe Batista, que depois se casou com o coronel José Joaquim
das Neves, descrito anteriormente. Maximino também era próximo de Umbelino José
Gomes, pois, como vimos no texto sobre Várzea, um dos filhos deste casou-se na casa
do tenente.
As fontes orais informam que o tenente seria dono das terras entre Caldeiras e
Paramirim. Verificamos que realmente o tenente tinha relação com essas terras, mas não
foi possível saber se realmente era dono das mesmas. Como ele era pai adotivo da filha
de Felippe Baptista, dono de terras na região e também estava na condição de sogro de
José Joaquim das Neves, outro dono de terras, os moradores atuais podem ter agrupado
as terras desses com as que foram mencionadas em nome do tenente nos registros
eclesiais de terras. Considerando dessa forma a extensão mencionada entre Caldeiras e
Paramirm parece ser plausível. Três registros de terras foram encontrados fazendo
referência ao tenente Maximino, dois deles estão descritos no texto sobre a comunidade
Várzea e o terceiro é o seguinte:
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Uma das netas do tenente Maximino, Etelvina Rosa de Jesus, filha de Cassiano e
Deraldina, casou-se com Odorico José de Magalhães, herdou a antiga casa do avô e nela
criou seus nove filhos: Estephanine, Clarinda, Guiomar, Cleóbulo, Branca, Nair
(Nazinha), Jetro, Jaime (Dão) e “Ducha”. Todos, depois foram se casando e construindo
suas casas nas terras que pertenceram ao tenente Maximino, com exceção de Clarinda,
que se casou e ficou no próprio casarão para cuidar de Etelvina. Uma das casas
construídas por eles foi a de Jetro, casado com Judite, que a construiu por volta de 1950
e que hoje pertence a José Batista, casado com uma tetraneta do tenente Maximino, a
senhora Elça Rosa Pereira Gomes, conhecida como Loura, filha de Nair (Nazinha) e
Lindolpho.
Sem a mão de obra escrava utilizou-se durante muito tempo a roda movida à
cavalo e, atualmente, a farinha é feita utilizando-se motores. Essa atividade constitui-se
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uma das principais fontes de renda, juntamente com as atividades agrícolas, sendo as
principais culturas: a mandioca, o feijão e o milho.
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assados. Quando nem existia o município de Tanque Novo, o povo ia para as festas
religiosas ou no distrito de Canabrava ou no de Lagoa Clara.
Os relatos revelam que os moradores mais antigos de Lagoa Grande exigiam que
os filhos buscassem a salvação das almas rezando, antes de dormir, sendo que, a
recomendação para as mulheres era para que elas rezassem com roupas curtas, senão
entrariam gafanhotos por debaixo das saias e subiriam pelo corpo e iriam comer os
olhos, nariz e orelhas. Quando não havia capela, muitas pessoas já rezavam o ofício,
ajoelhados numa esteira, rezavam também a Via-Sacra e faziam o culto dominical. Em
1986 os moradores de Lagoa Grande se reuniram embaixo de um umbuzeiro onde foi
celebrada uma missa para os jovens, destacando ali Márcia e Nilza, responsáveis pelo
catecismo e por formar o grupo de jovens da comunidade.
Um ano após esse encontro foi construída a capela e o catecismo passou a ser
ensinado dentro da capela. As catequistas ensinaram a primeira e a segunda etapa da
primeira comunhão, durante três anos; após essas etapas elas passaram a ministrar
cursos preparatórios para casais. Nos dias atuais outras catequistas continuam
incentivando os fiéis católicos no que elas consideram a busca de um mundo mais justo
e mais fraterno e os fiéis católicos se reúnem todos os sábados, domingos e alguns dias
santos, de novena ou de terço, na capela já reformada.
Até a data da construção da capela também não havia escola, mas se ensinava na
casa do professor José do Nascimento. Os pais colocavam seus filhos para estudar
apenas 15 dias e depois disso, deixavam mais de um mês sem estudar, pois precisavam
que eles ajudassem na lavoura, desta forma eles aprendiam muito pouco. A Escola
Municipal da Lagoa Grande foi construída na gestão do filho da comunidade, que se
tornou prefeito. Onze estudantes, sendo dois na pré-escola e nove no ensino inicial,
estiveram matriculados em 2009. Nenhum deles utilizou transporte público nesse ano.
Em 2012, apenas 5 estudantes estiveram matriculados, 4 no ensino fundamental inicial e
1 na pré-escola. Um deles utilizou o transporte público.
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pais necessitavam da ajuda dos filhos nas lavouras. Apesar de existir um prédio escolar
na localidade Várzea Suja, esse não tem aulas desde 1996. Em 2007, verificou-se que
existiam 12 analfabetos acima de 15 anos na localidade e entre os que estudavam fora
estavam: 3 estudantes de 8 anos na primeira série, 1 de 10 anos na 2ª, 2 de 11 anos na
4ª, 1 de 14 anos na 5ª, 4 de 12 e 14 anos, na 6ª, 1 de 14 anos na 7ª, 1 de 15 anos na 8ª, 2
estudantes, um com 16 o outro de 18 anos, no 3º ano e 5 no ensino superior.
Em relação à saúde, foi informado que as doenças mais comuns são gripe,
enxaqueca e hipertensão e as principais causas de morte são câncer, derrame e enfarte.
A comunidade conta com uma agente de saúde, Maria, que mora em Jacinta e, se
alguém precisa de auxílio médico, vai para o hospital na sede.
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Há muito tempo existe um campo de futebol que é utilizado para o lazer das
pessoas da comunidade, sendo a principal modalidade esportiva praticada o futebol.
Foram destacados como principais jogadores da Várzea Suja: Manoel do Nascimento no
passado e atualmente Marcos e Adriano. As crianças de hoje jogam bola, mas também
dominó, vídeo-game e brincam com carrinhos de plástico, etc, um pouco diferente de
antes, quando as brincavam de carrinho de boi, boneca de pano, chicotinho queimado e
faziam cantingas de roda, como: ciranda-cirandinha; três, três passará etc.
Magras
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Os senhores Manoel Gonçalo dos Santos e José da Costa Ferreira, citados nos
registros, podem ser os referidos pelos moradores. Ainda existe uma fazenda antiga na
região chamada Roda Velha. Sobre Magras os estudantes escreveram:
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Os lugares citados são: “[...] igreja (onde) [...] no início do culto escuta coisa boa
que nós nunca ouvimos na vida [...]” (E. 1501), “[...] escola, campo de futebol [...]” (E.
1496), “[...] venda [...] caixa de água [...]” (E. 1498), “[...] quando chove [...] a
barragem e os tanques juntam muita água que parece até um rio [...]” (E. 1499). A sede
de Tanque Novo também é atrativa para o estudante que escreve: “[...] nós iremos à
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festa em Tanque Novo nesse final de ano [...]” (E. 1500). Encontra-se ainda na
comunidade a Associação Central de Tanque Novo.
Em Magras há “[...] roça de mandioca, de feijão e roça de capim [...]” (E. 1498).
Também se cultiva arroz, café, cana-de-açúcar, algodão e milho, sendo que a produção
de arroz, café, cana-de-açúcar e algodão é pequena. Os agricultores utilizam arados
puxados por animais, máquinas de debulhar, enxadas, enxadão e vários outros. O solo é
fértil e bom para o plantio, mas o desmatamento, que visa à produção de carvão, está
prejudicando a produção, pois empobrece o mesmo antes de ser cultivado. A população
também sofre por não captar e armazenar adequadamente a água da chuva.
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só procuravam os médicos quando já estavam doentes. Essa situação parece ter mudado
a partir de 2009, pois o estudante 1498 cita a presença de um “[...] hospital [...]”,
provavelmente se referindo a um posto de saúde na localidade.
Malhada Grande
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Os produtos mais cultivados são: milho, feijão e mandioca. Para o cultivo desses
produtos, os agricultores costumam gradear a terra ou arar com boi ou cavalo. A casa de
roda, tradicionalmente movida por animais, para fazer farinha, vem sendo substituída
por motores. A vegetação é formada pela caatinga, com a presença de alguns jatobás,
aroeiras e eucaliptos. Há pouca quantidade de animais silvestres nessa região cujo
relevo é formado por planícies.
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comunidade, e Arminda, da sede de Tanque Novo. Hoje existe um prédio Escolar que
atende aos alunos de 1ª a 4ª série. A Escola Municipal de Mutuca teve 10 estudantes
matriculados em 2009, sendo 9 no ensino fundamental inicial e 1 na pré-escola. Em
2012 teve apenas 6 estudantes, sendo 2 na pré-escola e 4 nas séries iniciais do ensino
fundamental, todos da própria comunidade, pois não utilizaram transporte escolar.
A religião que predomina é a católica. Um fato marcante para essa localidade foi
a celebração de uma missa embaixo de uma árvore, celebrada pelo Padre Benevides. As
pessoas celebram a via sacra, as novenas de São João e o dia de Nossa Senhora
Aparecida. Algumas famílias comemoram o Natal com a montagem de uma lapinha em
suas casas. As pessoas gostavam de realizar cantigas de roda. Reuniam na casa dos
parentes, em noites de lua cheia, faziam fogueiras e recitavam versos. Exemplos:
“Quando eu olho para aquele lado e vejo flor vermelha, só
lembro do meu bem, que está na terra alheia”.
“Meu anel de trinco-trinco caiu na pedra e trincou, quanto mais
o povo fala, mais abraço o meu amor”.
Papagaio
Papagaio fica a 12,5 km, em linha reta, a noroeste da sede de Tanque Novo ou a
14,5 km pela estrada. Segundo os moradores atuais, Martiniano José de Magalhães e
Nedino Oliveira de Souza teriam sido os primeiros moradores, atraídos pelo lugar com
natureza exuberante, cheia de pássaros, principalmente papagaios, que deram origem ao
nome da comunidade. Depois que esses construíram suas casas, chegaram mais
moradores, como, por exemplo: Sermina Pereira de Souza, Crecensa Maria de Jesus e
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Na região existe fartura de milho e leite, com esses e outros produtos são feitos
deliciosos pratos típicos, heranças valiosas dos primeiros moradores do lugar, tais
como: chimango, beiju, bolo de puba, cuscuz, canjica, mingau de milho, pamonha,
manuê de milho, brevidade e pão caseiro. No artesanato se destacam muitas mulheres
que se dedicam a fazer crochê, bordado e fuxico.
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Várzea
A escola da comunidade Várzea está a 5 km, em linha reta, ou 6 km, por estrada,
a noroeste da sede de Tanque Novo, em uma das fazendas mais antigas da região. A
menos de 3 km a nordeste desse ponto se encontra a localidade Tanquinho, na
coordenada 770.416E e 8.506.555N, que teve origem na Várzea, como veremos adiante.
Além dessa, temos outras localidades ligadas à comunidade: Lagoa da Pedra, na
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José de Souza da Costa teve três filhos: João Nunes, José de Souza da Costa e
Agostinho de Souza da Costa e uma filha: Maria de Souza da Costa, que é referida no
texto sobre a comunidade Sambaíba. Os descendentes da família Costa adquiriram
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terras na área do atual município de Tanque Novo, conforme observamos nos textos
sobre Curralinho, Engenho, Magras, Morrinhos, Murici, Pajeú e na Várzea, como
veremos a seguir. Neves descreve a fazenda Várzea, nos seus primórdios, da seguinte
forma:
Segundo Neves (2000, p. 119), Bento Garcia Leal foi um dos maiores
fazendeiros e comerciantes do sertão, na transição do século XVIII ao XIX, proprietário
de várias fazendas, hoje nas jurisdições de Tanque Novo e de vários outros municípios
do Alto Sertão da Bahia:
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contos de réis; duas mil e 100 reses, 10 contos e 500 mil réis;
42 cavalos, 504 mil réis; 74 bestas cavalares, 320 mil réis; 17
poldros, 120 mil réis. Vargens, hoje entre Macaúbas e Tanque
Novo, com todos os retiros e sítios de Lagoa Clara, comprados
da Casa da Ponte, de cuja aquisição ainda devia 640 mil réis,
tudo avaliado por quatro contos de réis; e mais 2.400 cabeças
de gado vacum, 12 contos de réis; 22 cavalos, 264 mil réis.
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Depois de Bento Garcia Leal, alguns membros da família Costa declararam nos
registros de terras da década de 1850, partes da fazenda Várzea. Um membro da família
Dourado e os filhos de Claudio Antonio de Oliveira, que já possuíam terras em várias
outras áreas do atual município de Tanque Novo, também declararam:
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Coriolano. Maria Efigênia teve um irmão chamado Porphirio José Baptista, casado com
Maria Rosa do Carmo e outro irmão chamado Ângelo José Baptista.
Rodrigo José Malheiro foi casado uma segunda vez com Ana Maria Malheiro.
As informações orais revelam que ele teve mais seis filhos com Ana Maria: José, João,
Hermelino, Manoel Cândido, Odilon e Odílio. A certidão para fins de casamento com
Arlinda Gomes Carneiro mostra que Odílio nasceu em Lagoa do Mato no dia 07 de
maio de 1912.
Rodrigo foi enterrado na capela dos Furados no dia 03/03/1936, aos 75 anos de
idade, tendo nascido, portanto, em 1861, no mesmo ano em que seu pai negociou
metade de Vargens com a família de Cláudio Antônio de Oliveira. Os relatos dizem que,
depois de morar na Lagoa do Mato, ele fez uma casa na Várzea.
O texto sobre a comunidade Alecrim nos mostra também que uma das pessoas
citadas como um dos primeiros moradores, Umbelino José Gomes, comprou, em 1876,
parte de um lugar chamado Saco dos Furados, que estava nas terras de José Rodrigues
Malheiros, por um conto de réis, juntamente com Joaquim Monteiro de Magalhães.
Arlinda Francisca Gomes e Zeca Gomes eram filhos legítimos de Umbelino José
Gomes e Francisca Maria de Jesus. As fontes orais nos informam que Umbelino foi
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casado mais duas vezes, no entanto, nos registros encontramos outros três nomes
diferentes de esposas com quem ele teve filhos. Talvez dois nomes indiquem a mesma
pessoa, assim como observamos no texto sobre a comunidade Alecrim. A seguir estão
os registros sobre os quatro nomes das esposas e de alguns filhos de Umbelino:
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Outros sobrenomes, que não foram citados pelos moradores, também foram
encontrados nos registros cartoriais fazendo referência à fazenda Várzea:
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Várzea é uma comunidade que mudou bastante na opinião dos moradores. Hoje
tem energia elétrica, poço artesiano, água encanada, uma barragem e várias estradas. A
Escola Municipal Pedro Gomes, 768.055E e 8.505.054N, é o local que mais se destaca
na comunidade, ela foi construída em 1975, quando a comunidade ainda fazia parte do
município de Botuporã. Em 2009, a escola teve 27 estudantes matriculados, 8 na pré-
escola e 19 no ensino fundamental inicial, sendo que nenhum deles utilizou transporte
escolar. Em 2012, a escola teve 18 estudantes matriculados, 4 na pré-escola e 14 no
ensino fundamental inicial, também sem utilizarem transporte escolar
Um dos fatos que marcaram a vida dos moradores do Tanquinho, bem como de
toda comunidade Várzea, foi a passagem dos revoltosos da Coluna Prestes, em 1926,
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data chamada de época da revolta, que também foi mencionada por alguns moradores da
comunidade Alecrim. Segundo os moradores mais velhos, os revoltosos invadiam as
casas das pessoas e obrigavam-nas a matar alguns animais. Se o morador os atendesse,
eles faziam uso apenas do couro e das carnes dos animais, se não fosse assim, eles
expulsavam as pessoas da própria casa e se hospedavam, como aconteceu com uma
antiga moradora do local, Hermínia Batista. Os revoltosos chegaram à casa do seu pai e
pediram comida, o pai não deu, e eles expulsaram a família da casa, que teve que ficar
durante três dias no mato. Diferente de como aconteceu com a família de Antenor, que
ainda vive na comunidade, quando pediram farinha, o produto que mais fabricava, o pai
de Antenor mandou os oito filhos arrancarem a mandioca para fazer a farinha, depois de
pronta, os revoltosos foram embora. Outro fato que marcou foi a construção da
barragem da comunidade manualmente.
Antes da energia elétrica, o óleo utilizado para iluminar as casas era preparado
pelos próprios moradores, através da mamona, que existia em abundância na
comunidade. Para descascar a mamona, quebrava-se a pele cuidadosamente com uma
pedra e em seguida pisava-se no pilão. Após formar uma massa mole, colocava-se para
ferver e depois se transformava em óleo. Em um candeeiro de barro ou lata, colocava-se
o óleo e a puxada de algodão, que recebia esse nome, pois tinha que ser constantemente
puxada para o fogo não apagar. As fibras da puxada eram separadas dos grãos de
algodão utilizando-se o descaroçador.
Vereda do Toco
Segundo as fontes orais, Vereda do Toco era uma vereda de mato baixo e terra
branca, onde se formava uma lagoa no período chuvoso, conhecido por lagoa dos
cachorros que, após a chegada de alguns migrantes, recebeu o nome Vereda do Toco,
devido a um grande toco encontrado dentro da lagoa. Seus primeiros moradores foram:
Júlio Alves Costa, Leonel Lopes da Silva, Pedro Gomes Filho, Maria Joaquina Lessa,
João José Bonfim, Maria Rosa de Jesus, José Rocha e Manoel Rodrigues.
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apareceu o primeiro rádio, a roda da casa de farinha era tocada pelo cavalo e se
fabricava rapadura no engenho e o transporte era feito por jegue.
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Horizonte-MG. O próprio funcionário falou que o único retorno que a população local
tinha era do resíduo, que voltava para o buraco feito na rocha depois de ser processado.
Infelizmente isso ainda não faz parte da realidade tanquenovense, mas o artigo
225 da Constituição estabelece que cabe ao Poder Público:
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A fauna hoje está em extinção, muitos pássaros que existiam antigamente já não
existem mais. A flora também está acabando, pois se faz muitas queimadas que
prejudicam o meio ambiente. Antes tinham muitas árvores, não se usava agrotóxicos, o
solo tinha mais nutrientes e não havia tanta erosão. As famílias praticam a derrubada
seguida pela queimada e após alguns anos de cultivo o solo não produz mais como
antes, então a área é trocada por novas áreas.
Há algum tempo a cura das doenças era com remédios a base de plantas e muitas
gestantes morriam antes ou após o parto. A saúde em alguns casos melhorou bastante
com a imunização da vacina, mas, ao mesmo tempo, surgiram doenças diferentes como
câncer, diabetes e pressão alta. Mais de 10% das pessoas são hipertensas. O atendimento
é acompanhado pelo agente comunitário de saúde, que acompanha Bela Vista,
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Água Branca
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As cantigas de roda, que já foram muito praticadas, hoje estão mais raras, no
entanto, ainda existe o reisado, moda de viola, forró tocado na sanfona e na radiola. As
lendas sobre o lobisomem, a mula-sem-cabeça, o saci e o berrador também fazem parte
do dia-a-dia dos moradores. Por falta de médicos, quando uma mulher estava grávida,
não fazia o pré-natal e o parto geralmente era feito em casa. Eram utilizados remédios
caseiros para cuidar da saúde.
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O líder religioso da comunidade informa que a capela ainda não está pronta, mas
os moradores realizam o culto todos os domingos, no período vespertino. Segundo o
mesmo, as celebrações ainda não contam com a participação ativa dos mais jovens, pois
estes não descobriram o caminho da fé. Uma demonstração do que seria essa fé
acontece nos períodos de seca prolongada, quando os moradores realizam orações e
levam pedras para a base do cruzeiro e do mandacaru, acreditando que serão atendidos
em seus apelos e receberão chuva.
Fazenda
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materno Vicente Caldeira e Ana Caldeira e paterno de Renério Dias e sua esposa Maria
Anunciação de Nossa Senhora, as três Marias citadas descendiam dos índios da região.
Jacaré
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Existia no povoado um posto de saúde que funcionava duas vezes por semana,
com atendimentos básicos, como: injeção, curativo etc. A partir de 1993, teve início o
Programa de Saúde na Família, PSF, com os médicos visitando o povoado, programa
esse que se desenvolveu, passando a ter médicos, dentista, enfermeiro e técnico de
enfermagem periodicamente. Em parceria com os agentes comunitários de saúde, essa
equipe leva conhecimentos básicos ao povoado, como: hábitos de higiene, alimentação
saudável e prevenção de doenças.
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Mocambo
A comunidade Mocambo, Mucambo ou Mucambo dos Cardosos fica a 14 km a
sudeste da sede de Tanque Novo, em linha reta, ou a 20 km por estrada, na coordenada
781.587E e 8.490.163N. As localidades conhecidas por Alegre, Piedade e São Felipe
estão próximas ao Mucambo dos Cardosos, participam dessa comunidade e, por isso,
foram inseridas na mesma.
Segundo alguns moradores entrevistados pelos estudantes e professores do
CETN, um senhor denominado Cazuza teria sido um dos primeiros moradores e o
primeiro nome da comunidade teria surgido por influência dele, pois, quando se mudou
para o local, construiu uma casa de pau-a-pique, que vem a ser um dos significados da
palavra mucambo, ou seja, construção rústica. Outras fontes orais acham que o nome da
comunidade é decorrente de uma árvore que também se chamava Mucambo. Neves
(1998, p. 148) escreve que o termo diz respeito a “Couto de escravos fugidos, na
floresta”, “Quilombo”, podendo designar, também, o arbusto da família Rutaceae, o que
parece ser mais adequado à comunidade, segundo as afirmações dos moradores.
Como há outra comunidade Mucambo próxima, no município de Nossa Senhora
do Livramento, conhecida por Mucambo dos Malheiros, a essa comunidade de Tanque
Novo é acrescido o nome dos Cardosos para diferenciar da de Livramento. Esse
segundo nome é proveniente do sobrenome de uma das primeiras pessoas que teriam se
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O registro n. 196 (p. 75) nos informa que o casal Exupéria Maria de Magalhães e
Joaquim Monteiro de Magalhães eram pais de Leonel de Magalhães Cardozo, e que esse
se casou com a filha de um morador do Mucambo, José Victorino de Azevedo. Não
sabemos qual a origem do sobrenome Cardozo de Leonel, mas, diante das informações
pesquisadas, inferimos que seus pais seriam provenientes do Saco dos Furados ou
Vereda do Duquinha, pois, vimos no texto sobre o Alecrim que Joaquim Monteiro de
Magalhães comprou, juntamente com Umbelino José Gomes, parte de Saco dos
Furados, em 1876, e que o neto de Exupéria, João, citado no registro n. 334, se casou
com a neta do Prudenciano Alves Carneiro, Maria da Conceição, filha de Ana Bela,
moradores dos Furados, atual sede de Tanque Novo. Prudenciano era irmão de uma
mulher chamada Exupéria, que, segundo as fontes orais, seria mulher de um homem
cujo apelido era Duquinha. Como os casamentos entre primos eram comuns, pressupõe-
se que Duquinha seria o apelido do senhor Joaquim Monteiro de Magalhães e que este
teria se casado com a irmã de Prudenciano, portanto, Maria e João seriam primos
segundos, uma hipótese que carece de comprovação.
A família de José Cardoso Pereira, que assina o registro 280, foi próxima a
família Carneiro, pois, como vimos no texto sobre o Alecrim, o patriarca desta, José
Joaquim Carneiro, teria sido criado por alguém da família Cardoso, talvez o próprio
José Cardoso Pereira. Vimos no texto sobre a comunidade São José, que o Mucambo
dos Cardosos esteve relacionado de alguma forma a fazenda São José, onde residiu o
senhor José Cardoso Pereira, desta forma, se a definição deste Mucambo estivesse mais
ligada ao proposto por Neves, um Quilombo, São José poderia ter sido a fazenda da
qual fugiram os escravos que o formaram, o que não passa de uma hipótese que deve ser
mais bem estudada.
Segundo Neves, Joaquim Cardoso Pereira, que tem o mesmo sobrenome de José
Cardoso Pereira, e o senhor José Victorino de Azevedo, morador do Mucambo, eram
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pessoas influentes, pois, Joaquim ficou em primeiro lugar em 1885 nas eleições para
juiz de paz no distrito de Canabrava dos Caldeiras, com 21 votos e José em segundo,
com 20 (Neves, 2008, p. 42). Em 1889 o senhor José Vitorino de Azevedo foi membro
da Comissão de Socorros de Caetité, que visava “construir obras públicas em larga
escala” (NEVES, 2008, p. 216), juntamente com Francisco Joaquim de Souza Lalau, da
comunidade São Domingos, Antônio Joaquim Saraiva, da comunidade Bom Sucesso,
que assina o registro 196, e José de Magalhães e Silva.
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distrito de Caldeiras, agora na área do município de Tanque Novo, o que indica, através
dos laços de parentesco, relações sociais dinâmicas na região que compõe atualmente o
município.
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Assim como Água Branca, essa comunidade pertencente a Tanque Novo, mas
possui uma escola administrada pelo município de Caetité, a Escola Lírio do Vale. Em
2009 essa atendeu 9 estudantes, sendo 1 na pré-escola e 8 até a quarta série. Em 2012
foram matriculados 7, com apenas 2 na pré-escola, sendo todos atendidos pelo
transporte escolar, 2 residentes na cidade e 5 no campo. A prefeitura de Caetité também
abriu dois poços artesianos, construiu uma barragem e disponibilizou energia solar,
como fonte de energia elétrica, para alguns moradores de São Felipe. Não existe posto
de saúde na comunidade, no entanto, os agentes comunitários dão assistência médica. A
taxa de natalidade está em torno de cinco nascimentos por ano.
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Queimadas do Jacaré
Após o falecimento do senhor Domingo, sua família foi residir em outro lugar,
dando espaço para o segundo morador de Queimadas, Pedro Silva Pereira, que se tornou
dono de um armazém e delegado. Ele foi descrito como um homem rigoroso e valente,
que, nas épocas de chuva, mandava plantar arroz e feijão, promovendo o crescimento da
economia local. O senhor Pereira mandou construir uma escola, dando-lhe o nome de
Escola Municipal Tiradentes. Desta forma, a comunidade também passou a ser
conhecida como Queimadas de Tiradentes.
José Xavier de Magalhães era casado com Ana Rita das Neves, irmã de
Umbelino José de Magalhães, filha de Claudino José de Magalhães e Anna Luiza das
Neves, citados nos textos sobre Alecrim, Mucambo, Rapadura e Várzea da Madeira. O
registro 41 está relacionado com Queimadas apenas pelo capitão Vitorino, pois
Cassiano de Oliveira Cardozo morou em São José.
São José
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Demeto e Claúdio. Esses teriam sido os principais responsáveis pelo povoamento local,
sendo que, as 88 pessoas presentes na comunidade no ano de 2007 seriam descendentes
desses primeiros moradores. Segundo os moradores, a comunidade teria recebido o
nome de São José em homenagem ao senhor José Augusto
Caso seja esse o José Augusto referido pelos moradores, verifica-se que a
existência da comunidade é bem mais antiga do que relatam os moradores atuais, pois
Martiniano Xavier Malheiro seria avô de José Augusto e já residiria no local bem antes.
Conforme o registro 185, José Cardoso Pereira também morou no lugar São José, do
distrito de Caldeiras, termo de Caetité, onde, provavelmente o senhor José Joaquim
Carneiro, filho do Bento Carneiro, que deu origem a família Carneiro do município de
Tanque Novo, tenha sido criado por um homem da família Cardoso:
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Uma fazenda denominada São José é apresentada no mapa do IBGE (1962) bem
próxima à comunidade Mucambo dos Cardosos, o que nos faz pensar que a comunidade
São José tenha origem nessa fazenda São José, que pode originado também o Mucambo
dos Cardosos, conforme vimos no texto sobre este. A localização atual da comunidade
São José e da fazenda São José no mapa é menos próxima que desta fazenda em relação
ao Mucambo. Em outros registros que se referem à São José foram encontrados nomes
de pessoas da família Cardoso Pereira:
Outras famílias que estavam presentes na comunidade São José no fim do século
XIX foram de: Cassiano de Oliveira Cardozo, que tinha relação com a comunidade
Queimadas, e Geronimo Leles do Nascimento, conforme observamos nos registros a
seguir:
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Os moradores mais antigos contam que para irem à cidade vender farinha, fazer
compra, ou procurar o médico, tinham que sair bem cedo, a pé, em carro-de-boi, de
jegue ou a cavalo, por isso, também trocavam produtos com as comunidades vizinhas e,
na maioria das vezes, preferiam utilizar remédios feitos de ervas. Em 2007, 3 pessoas da
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Baraúnas
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fazendas Baraúna dos Abreus e Baraúna, referidas no sistema estadual, possam ser o
mesmo lugar, ou seja, Baraúna II. Para não contradizer as informações do sitema
estadual, consideramos a possibilidade de que na fazenda Braúna, mencionada no texto
sobre a comunidade Colônia, esteja uma das escolas paralisadas em 2009.
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e milho, no entanto, está completamente coberto por capim. Outro motivo da queda,
segundo os moradores, é que, há aproximadamente quinze anos, as chuvas eram mais
freqüentes e, atualmente, a água salobra dos poços artesianos está substituindo a dos
tanques, que, geralmente, ficam secos. O solo também está cada vez mais seco e
impermeabilizado, o desmatamento e as queimadas contribuíram bastante para o
desgaste do mesmo. O manejo inadequado do solo, associado ao clima seco e ao
descaso pela agricultura estão prejudicando uma produção satisfatória.
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animais existiam no local em grande quantidade e hoje quase não são vistos: tatu,
veado, cutia, caititu, michila ou tamanduá-mirim, lagartos, bagadás, perdiz, zabelê,
codornas, lambús, preás, coelhos, siriema, saracura, canarinhos, papagaios, periquito
maracanã, cardeal, bico de osso, o sofrê, o sabiá, o joão-congo, o coqui, a juriti, a
pomba verdadeira, o carcará, o gavião, a coruja, o beija-flor, pato selvagem, marreca,
sarões, gambás, sagüis, esquilo, guariba, traíra, bagre, lambari, pacu, tambaqui, coral,
jibóia, cascavel, urutu-cruzeiro, jararaca, entre outros.
Colônia
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Hoje existe água encanada e energia elétrica para todas as pessoas, um prédio
escolar, que está paralisada e uma casa de farinha comunitária, construída em 1987
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pelos senhores Francisco José de Araújo e Agesú Cruz e, atualmente, administrada pela
Associação Beneficente da Colônia. As aulas, antes da construção da escola, eram
ministradas na casa da senhora Ana Rosa Dias e a professora era dona Gazinha e com o
aumento do número de alunos foi construído o prédio escolar. Em 1997, o antigo local
em que funcionava a escola foi transformado em capela, já que as missas eram
celebradas debaixo das árvores e estudantes passaram a freqüentar outras escolas,
principalmente em Lagoa Nova I. Nesse mesmo ano foi criando um grupo de jovens
para animar a comunidade.
outras do mesmo nível, já que o ensino foi nucleado na região. O número de estudantes
em Lagoa Nova I foi de 146 em 2009, sendo 122 no ensino fundamental inicial e 24 na
pré-escola. Em 2012 o número de alunos caiu para 106 nas séries iniciais e 7 na pré-
escola. Devido à nucleação o transporte escolar passou a ser uma necessidade, por isso,
127 dos 146 estudantes o utilizaram em 2009 e 94 dos 113 em 2012. Com a nucleação
as escolas vizinhas foram fechadas: Pé do Morro III, fazenda Braúna, Pedrês II, Vereda
e até mesmo a escola da comunidade Colônia. Apesar de Lagoa Nova I não ter sido
mencionada pela igreja de Tanque Novo como comunidade, os moradores informaram
que realizam rezas na escola.
A localidade Lagoa Nova foi marcada pela dificuldade para se obter água e
também pela passagem dos revoltosos na região em 1926. Segundo os moradores atuais,
muitos fugiram para as serras levando suprimentos para os esconderijos, para se
manterem por uma semana ou mais, porque acreditavam que os revoltosos matariam
para roubar. Quando voltaram para casa, encontraram tudo quebrado, sujo e saqueado.
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Pedrês
A dificuldade enfrentada pelos moradores há algum tempo, para obter água, foi
o fato que a população da comunidade considerou mais marcante, pois as pessoas eram
obrigadas a se deslocarem por grandes distâncias, a pé, com o carro-de-boi ou à cavalo.
Existia apenas um tanque que abastecia a comunidade, isso, na época da chuva. No
período seco, as pessoas buscavam água a uma distância de 10 km e, chegando ao local,
a espera era longa, pois havia muitas pessoas retirando a água, que demorava a minar.
Segundo os moradores, já chegou ao ponto de muitas vezes, ficarem com fome mesmo
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tendo os alimentos, pois não tinham água para cozinhá-los. Hoje esta situação
melhorou, a comunidade tem duas cisternas manuais, uma barragem, um poço artesiano
movido a motor, um reservatório, que recebe água do telhado e, no ano de 1996, a
diocese de Caetité, através da irmã Helena e a ajuda de jovens da Espanha, fez com que
um poço artesiano movido a catavento fosse perfurado.
Na década de 1940, o ensino era feito da seguinte forma: um professor leigo era
contratado pelos pais dos alunos para ministrar aulas na casa de um deles ou do próprio
professor, onde eles deveriam aprender as quatro operações, a ler e a escrever em
apenas alguns meses, já que os filhos dos agricultores precisavam trabalhar com seus
pais na roça. A primeira escola foi fundada na década de 1970, na própria casa da
professora leiga, que ensinava até a 4ª série e só por volta do ano 2000, o primeiro
prédio escolar foi construído no Pedrês.
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Antigamente a flora era mais rica, com muitas árvores, como por exemplo:
tamboril, mulungu, pau-d’arco, são joão, umburana, jatobá, pau-de-copa etc; e, também,
as pessoas plantavam em seus terreiros algumas plantas ornamentais, como: cravo-roxo,
cravo-branco, cravo-da-rainha, bonina, papagaio, roseira, espirradeira etc. Atualmente,
essas árvores e plantas estão cada vez mais escassaz, pois, as pessoas não souberam
preservá-las, utilizando as árvores na produção de carvão e deixando de cultivar as
plantas. A fauna era composta por várias espécies, como por exemplo: veado, cutia,
tatu-peba, tatu-verdadeiro, tatu-rabo-mole, siriema, jacu, pomba-verdadeira, codorna,
lambú, preá, coelho, canarinho cantador, jocongo (João-congo), sofrê, quem-quem,
perdiz, zabelê etc. Devido à ação do homem, desmatando e caçando
indiscriminadamente, atualmente quase não se vê esses animais.
Rapadura
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prima Jovina Rosa de Magalhães, outra irmã de Zeferino, e também com Silvina Rosa
de Magalhães, a mesma pessoa que ele registrou 26 anos antes, pois Silvina se casou
com ele depois que Jovina, sua irmã, morreu. Os filhos de Jovina registrados, e as
respectivas datas de nascimento, foram:
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Osvaldino Joaquim Macedo também é destacado, por ser juiz de paz. Quando
ocorria algum conflito por divisão de terra, decorrente de herança, compra, venda, ou
desentendimento, a população o escutava.
Unidos em Paulo
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comunidade: Unidos em Paulo, que muitos ainda se referem apenas como Paulo. As
pessoas da comunidade Paulo fizeram a reunião para construir a capela no final do ano
1990. Nessa reunião, o senhor Sebastião Gomes doou o terreno, o então prefeito José
Messias Carneiro deu material de construção e os moradores construíram a capela de
Nossa Senhora Santana.
O outro destaque foi dado ao senhor Etelvino Pereira Leão. Destacou-se na cura,
através de orações e remédios preparados por ele próprio, das pessoas picadas por cobra
e escorpião. Também é falecido, porém seu conhecimento vive na pessoa de Sinval
Pereira Leão, o filho que hoje continua o trabalho do pai na comunidade.
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Fazenda
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Jacaré
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Existia no povoado um posto de saúde que funcionava duas vezes por semana,
com atendimentos básicos, como: injeção, curativo etc. A partir de 1993, teve início o
Programa de Saúde na Família, PSF, com os médicos visitando o povoado, programa
esse que se desenvolveu, passando a ter médicos, dentista, enfermeiro e técnico de
enfermagem periodicamente. Em parceria com os agentes comunitários de saúde, essa
equipe leva conhecimentos básicos ao povoado, como: hábitos de higiene, alimentação
saudável e prevenção de doenças.
aleluia; a reza do Coração de Maria, no mês de maio; o forró e a quadrilha nas festas
juninas; a romaria nos meses de agosto e setembro, quando os romeiros saem de Jacaré
com destino a Bom Jesus da Lapa; a reza do Coração de Jesus, em setembro; a missa de
Nossa Senhora Aparecida, no dia 12 de outubro, e, por último, a festa da Padroeira
Nossa Senhora da Conceição, comemorada no dia 07 de dezembro com brincadeiras,
tais como: corrida de bicicleta, caretas, bumba-meu-boi, pau-de-sebo, ovo na colher,
corrida de sacos, quebra cabaça etc, encerrando o dia com a novena e o leilão e, no dia
08 de dezembro, com a “Santa Missa” e procissão, havendo a participação de pessoas de
outras comunidades. Tem também as novenas de Natal; as lapinhas, o reisado,
comemorado no mês de janeiro, quando os reiseiros cantam de casa em casa,
arrecadando dinheiro para o dia de Santo Reis, quando tem festa de confraternização;
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Queimadas do Jacaré
Após o falecimento do senhor Domingo, sua família foi residir em outro lugar,
dando espaço para o segundo morador de Queimadas, Pedro Silva Pereira, que se tornou
dono de um armazém e delegado. Ele foi descrito como um homem rigoroso e valente,
que, nas épocas de chuva, mandava plantar arroz e feijão, promovendo o crescimento da
economia local. O senhor Pereira mandou construir uma escola, dando-lhe o nome de
Escola Municipal Tiradentes. Desta forma, a comunidade também passou a ser
conhecida como Queimadas de Tiradentes.
José Xavier de Magalhães era casado com Ana Rita das Neves, irmã de
Umbelino José de Magalhães, filha de Claudino José de Magalhães e Anna Luiza das
Neves, citados nos textos sobre Alecrim, Mucambo, Rapadura e Várzea da Madeira. O
registro 41 está relacionado com Queimadas apenas pelo capitão Vitorino, pois
Cassiano de Oliveira Cardozo morou em São José.
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Bom Sucesso
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Não foram encontrados registros de terras sobre Bom Sucesso, nos registros
declarados na freguesia de Nossa Senhora da Conceição de Macaúbas e Nossa Senhora
do Carmo do Morro do Fogo, demonstrando que a localidade pertencia mesmo à
freguesia de Santa Anna de Caetité, conforme declarado nos registros de nascimento.
Cabaceiras é uma localidade pequena, com poucos habitantes, sem escola, que
se encontra entre Cavalo Morto e Bom Sucesso. Recebeu esse nome porque nesse lugar
plantavam-se muitos pés de cabaças, além do tradicional cultivo de milho, feijão catador
e mandioca. Os primeiros moradores de Cabaceiras foram: Renério Lopes da Silva e
Abel Lopes da Silva, provenientes da comunidade de Morrinhos.
Quando o senhor Renério Lopes da Silva foi a outro lugar arrebanhar seu gado,
encontrou um cavalo morto, próximo da coordenada 758.861E e 8.500.612N, onde foi
localizada sem comprovação no campo, e a partir desse episódio as pessoas passaram a
se referir ao lugar como Cavalo Morto. A localidade de Cavalo Morto teve seus
primeiros moradores por volta de 100 anos atrás, foram eles: José Lopes, Júlio e Durval
Neves. Nessa localidade existe um prédio escolar onde funcionou a Escola Municipal
Santa Fé, que esteve paralisada nos anos 2009 e 2012.
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A água do Bom Sucesso é encanada para algumas casas. Quem não tem água
encanada busca nos chafarizes ou na caixa. Uma história relacionada a isso, que marcou
a vida dos primeiros moradores, é a história de Figena. Ela pegava água na fonte de
Toninho Viana, que atualmente é chamada de fonte João Viana, e, ao passar em uma
porteira, a cruz do rosário que ela usava atingiu um dos seus olhos, deixando-a cega do
mesmo. A energia elétrica já foi instalada na comunidade pela prefeitura, bem como
outras coisas viabilizadas pelos próprios moradores com ajuda de vereadores de Tanque
Novo, tais como: campo de futebol, salão para festa, barragem, capela, escola etc. A
capela foi construída ao lado da escola para a maioria das famílias, que pertencem à
religião católica, sendo apenas uma família evangélica.
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comemorada com fogueira, bolo, quentão, batata e assados e a festa de Santo Antônio,
que é o padroeiro da comunidade. Além da festa, realizam novenas e celebração da
missa. Na culinária local são citados: batata doce, rapaduras, beiju, avoador, chimango,
canjica, cuscuz, pamonha, pipoca e muitos doces.
As crianças brincavam com badoque, boneca de milho, carro de boi, feito com
cano de milho, carrinhos de madeira. Hoje brincam com carros de controle remoto,
bonecas de plástico, robôs, armas de brinquedo, andam de bicicleta, jogam baleada e
futebol, sendo esse último o esporte preferido em que vários jovens se destacam. As
histórias locais marcam a vida dos moradores em geral, dentre elas, uma história
simples chamada “Quili, amansador de burro bravo”.
Curralinho
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Curralinho, quando Antônio de Souza da Costa pagava renda à Joana da Silva Guedes
de Brito (PINHO, 2007 e NEVES, 2003 e 2008).
A Casa da Ponte arrendou o sítio Curralinho, da fazenda Pé da
Serra, em 1805, com uma légua de comprimento e uma de
largura, para Jacinto Pereira, por quatro mil réis anuais.
Limitava-se com Caetano Ferreira de Carvalho e José Nunes da
Silva (oeste), serras de Santa Ana (norte) e da Boa Vista (Sul
ou leste). No tombamento fundiário de 1819 avaliaram essa
gleba por 120 mil réis, embora fosse vendida pelo procurador
Joaquim Pereira de Castro, desde em 1809, ao mesmo rendeiro
(NEVES, 2003, p. 399).
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costumam dar água seu gado [...]” (E. 1479). O estudante 1481 acrescentou que a
comunidade “[...] deveria ter calçamento [...]”.
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principais doenças eram: paralisia infantil, febre amarela e sarampo, causadas devido à
falta de informação ou à falta de acesso aos programas de vacinação.
Alguns estudantes demonstraram forte ligação com a natureza. Essa idéia foi
sintetizada em um único texto, composto por trechos das redações dos estudantes que a
demonstraram:
“[...] tem muitas belezas naturais [...] tem até ponto turístico
[...]” (E. 1487) “[...] Próximo existe um morro que se chama
“Morro do Serrote [...]” (P. 1480) [...] tem algumas artes nas
pedras que os índios fizeram algum tempo atrás, tem desenho
em várias pedras principalmente (a) conhecida como a pedra
do jegue [...]” (E. 1484) [...] a chuva vem e enche o açúde [...]
vem muita gente se banhar e fazer outras coisas como conhecer
alguma pintura na pedra antiga [...]” (E. 1487)
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noites de quinta-feira, soltando fogo pelos olhos”, apesar de não ter cabeça,
“relinchando e, às vezes, chorando feito gente”. Surge a partir de uma “mulher”, que é
“transformada nesse monstro, por ter sido amante de algum padre”. “Pelas madrugadas
das sextas-feiras, ao cantar do galo, ela volta para sua casa como mulher”, muito
machucada, pois, se acredita que “se alguém conseguir tirar sangue da mula, quebrará o
encanto e ela voltará a sua forma humana”. Observando a fala do morador local,
entrevistado pelos estudantes do CETN, percebe-se que a manutenção da lenda é
também um modo de manter a submissão feminina, principalmente quando outra fala
afirma que “um homem da comunidade conseguiu fazer com uma mula-sem-cabeça
voltasse a sua forma humana”.
Em uma reclamação feita ao juiz de paz de Lagoa Clara, cuja data não foi
possível saber, devido ao péssimo estado de conservação do documento, observamos
atrito entre Herculano Antonio Ladeia e Zeferino Gordo de Magalhães, provavelmente
descendente de Chico Gordo da Várzea da Madeira, tio do Zeferino Rodrigues de
Magalhães, do Alecrim, que, assim como primo, recebeu o nome em homenagem ao
primeiro padre de Urandi. A seguir a transcrição do documento:
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Engenho
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pessoas utilizam como ingredientes o que é produzido no local, desta forma, fazem:
beiju, bolo de milho, pamonha, escaldados, cuscuz, cural de milho etc.
Outra fonte de renda, que pode ser melhor aproveitada, é a extração de minérios.
O tipo de minério encontrado é a ametista. Atualmente é extraída de modo artesanal de
uma jazida pequena, próximo do morro do Engenho. Da forma que se faz pode provocar
acidentes para as pessoas e animais, devido a falta de equipamento de segurança
adequado para a extração e devido ao buraco profundo, que é perigoso para os que
circulam por perto. Em época de chuva, este mesmo buraco se enche de água, que é
utilizada pela população.
Murici
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A estudante 1525 escreve que “[...] apesar de ser um lugar muito simples [...] é
uma comunidade muito alegre, de pessoas honestas e companheiras e fazem amizades
com todos, tem muitas coisas bonitas [...] tem diversão e liberdade onde as crianças
podem brincar livres sem nada a pertubar [...]”. O 1527 conta que “[...] Murici é uma
comunidade com pouco mais de 300 pessoas [...]”. “[...] No local onde moro, alguns
habitantes gostam de falar da vida allheia [...]”, revela o 1531. Outro estudante diz que,
“[...] não falta nada é um lugar onde não tem violência [...] está crescendo muito
desenvolvido graças ao esforço de todos [...]” (E. 1537). “[...] O povo é muito religioso
a maioria são católicos [...]”, informa o 1528. A maioria dos estudantes demonstra a
religiosidade se referindo à capela do povoado, como, por exemplo, o estudante 1512,
“[...] tem uma igreja no meio da praça [...]” e o 1532, “[...] temos também uma igreja
que a noite nós vamos rezar temos catecismos ao sábado [...]”. No trecho escrito pelo
estudante 1526, fica especificado o dia da semana que tem reza: “[...] sábado tem reza
depois que acaba a gente fica na praça conversando [...]”.
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acrescenta que elas “[...] acontecem de ano em ano [...]” e, através do estudante 1511,
percebemos que se trata de uma manifestação cultural que faz parte da comunidade:
“[...] gosto de [...] participar da cavalgada e corrida de cavalo [...]”.
Na agricultura a produção dos alimentos é ampla, com destaque para: feijão (E.
1513, 1516, 1517, 1520, 1521, 1522, 1527), mandioca (E. 1510, 1517, 1520, 1521,
1522), milho (E. 1510, 1513, 1516, 1517, 1520, 1521, 1522, 1527), arroz, mamona e
verduras, como: alface (E. 1517, 1521, 1522), maxixe (E. 1517, 1521), repolho (E.
1517), pepino (E. 1517), chuchu (E. 1517), quiabo (E. 1517), tomate (E. 1517, 1522),
couve (E. 1522), abóbora (E. 1517, 1521), cenoura (E. 1521, 1522), cebola (E. 1521),
batata-doce (E. 1522) e beterraba (E. 1522). “[...] Aqui frutas não tem muitas [...]” (E.
1517), temos “[...] jabuticaba, manga e goiaba [...]” (E. 1538) e os moradores plantam
melancia (E. 1513, 1521). A época dos frutos vai de “[...] outubro a março [...]” (E.
1528).
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A riqueza mineral que existe na região é o granito-azul, uma rocha que se forma
através de um vagaroso resfriamento e solidificação do magma, mas que ainda não foi
extraída e comercializada. E, caso venha a ocorrer, pode contribuir com a melhoria o
povoado, como, por exemplo, a melhoria “[...] das estradas esburacadas [...]”,
denunciadas pelo estudante 1532, pois apenas “[...] metade das ruas são calçadas [...]”
(E. 1528).
As doenças que mais afetam as pessoas são: gripe, diarréia, gastrite, reumatismo,
dores de cabeça e doenças cardiovasculares. A comunidade possui um PSF – Programa
de Saúde da Família, por isso há atendimento médico de segunda a quinta-feira, para as
pessoas do Murici e das comunidades vizinhas; há distribuição de remédios e também
está disponível uma ambulância para emergências. Devido a sua importância é citado
por mais de 15 estudantes que moram na comunidade. Um deles, 1532, escreve “[...] Há
coisas ruins, como [...] os postos de saúde não têm médico o suficiente para atender as
pessoas [...]”. O estudante 1529 complementa escrevendo que “[...] tem um pequeno
hospital denominado Programa de Saúde da Família (PSF) [...] (e no) hospital também
falta alguns materiais [...]”.
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Em relação ao Meio Ambiente, está muito presente nos textos dos estudantes o
nome Morro do Serrote (E. 1508, 1509, 1510, 1526, 1530, 1531, 1533, 1534). Com
elevações e rochas estratificadas, o morro do Serrote é a principal atração da
comunidade, sendo também prestigiado por pessoas de fora. Com um pequeno lago a
sua frente, o morro é uma ótima opção para quem deseja se refrescar, mas só há água no
período chuvoso. O estudante 1530 descreve assim a paisagem local: “[...] lindas como
por exemplo o morro do serrote e do meio que tem desenhos de índios que moravam
antigamente [...]”. O estudante 1534 completa, dizendo que, “[...] quando chove lá é
lindo [...] tem uma árvore, muito linda no rio, faz uma sombra boa, de fazer piquinique”.
O 1531 escreve que “[...] tem um lindo morro chamado morro do serrote, perto do meu
lugar tem um rio chamado Rio da Barroca (conhecido também por rio Murici), mas está
com muito tempo que não veio água, por causa do clima seco tem uma barragem [...]”,
onde o gado bebe água.
O povoado de Murici é descrito como bonito pela maioria (E. 1534). Quem
escreveu que não é bonito, o considera: “[...] divertido [...] (com) o meio ambiente [...]
cheio de flores e árvores verdes [...]” (E. 1519). O estudante 1521 escreve que “[...] a
paisagem da minha comunidade não é boa pois as pessoas derrubam as árvores [...]”. O
1520 considera que “[...] o único defeito é a falta de coleta de lixo [...]”, o 1530 diz que:
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“[...] aqui para mim é um paraíso mas também tem problemas com a falta d’água e os
lixões que aqui tem bastante [...]”. Segundo outro estudante “[...] aqui há um rio mas já
faz muito tempo que não desce água por causa do lixo que as pessoas jogam [...]” (E.
1526). O estudante 1529 confirma o que disse o anterior, mas não vincula o problema
ao lixo: “[...] o rio está com muito tempo que não desce água mesmo com o período das
chuvas [...]”. Não é possível saber ao certo se todos se referem ao mesmo rio, como a
estudante 1514 que diz “[...] no final de semana eu vou para o rio conhecido, como rio
de tiva [...]”.
Além do que já foi escrito, os estudantes citaram na comunidade: “[...] loja [...]
casa de um trator [...] vendas [...] “supermercado” [...] um cemitério [...] duas caixas de
água [...]” (E. 1508), “[...] vários bares [...]” (E. 1511), “[...] lugar de consertar carro
[...] uma ponte [...] um telefone (orelhão) [...] um consultório de dentista [...]”, “[...]
energia elétrica e água encanada [...]” (E. 1521), sendo que, “[...] há pouco tempo atrás
não tinha energia elétrica [...]” (E. 1523). Também se encontram no Murici as sedes das
seguintes associações: Associação dos Pequenos Produtores do Vale do Santo Onofre e
Murici, fundada em 12 de agosto de 2003; Associação Beneficente e Comunitária de
Murici, fundada em 27 de julho de 1989.
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referem à outra comunidade, talvez Cambaitó II, que, por ser homônima, não foi
diferenciada de Cambaitó I:
“[...] tem uma igreja católica e uma evangélica, mas são todas
longe [...] na igreja católica tem um jardim maravilhoso [...]”
(E. 1462); “[...] tem uma praça linda uma igreja maravilhosa
mas evangélica, mas também tem igreja católica [...]” (E.
1463); “[...] convido para ele vir na igreja [...]” (E. 1465); “[...]
onde eu moro fez uma igreja e uma Escola muito bonita fez,
um belo calçamento [...]” (E. 1467) e “[...] convido para vir a
minha comunidade para você conhecer a nova praça que fez a
plantação do jardim em redor da igreja [...]” (E. 1471).
Estou considerando a segunda hipótese, pois não encontrei registros sobre capela
em Cambaitó I, na paróquia do município de Tanque Novo. Mesmo assim, a maioria da
população de Cambaitó I é católica e segue a tradição religiosa comemorando Natal,
realizando jejum durante a quaresma e na Semana Santa, quando realizam a Via Sacra e
comemoram a Páscoa e fazendo rezas. Em outras datas, as atividades têm um caráter
mais festivo, como por exemplo: em janeiro, quando o grupo de reisado formado pelos
moradores desde 1998, fazem a festa, “[...] no mês de junho, e na virada do ano
(quando) costumam fazer forró ou festa no bar” (E. 1468). O dia a dia dos moradores é
descrito no seguinte trecho:
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Não existe coleta de lixo ou assistência médica. As doenças mais comuns são as
verminoses, a gripe e a pressão alta. Uma associação, com sede na comunidade Murici,
fundada em 12 de agosto de 2003, Associação dos Pequenos Produtores do Vale do
Santo Onofre e Murici, pode representar os interesses da mesma em relação a estas e
outras questões.
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A família de Claudio Antonio de Oliveira parece ter sido dona de boa parte das
terras do município de Tanque Novo. Aparece constantemente referência a ele, aos seus
filhos ou, como vimos agora, à sua mãe nos registros de terras da década de 1850, que
transcrevemos nos textos. Raimundo Pereira de Magalhães teria sido dono das terras
onde se encontra atualmente o povoado Murici, pois é citado nesse, pela parte do
nascente e em outro registro da fazenda Araçás, que fica a leste de Murici, pela parte do
poente. Manoel Francisco Xavier do Rego era dono da fazenda Mocambo, atualmente
no município de Igaporã.
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do padroeiro, procissões etc. Também faz parte da cultura a busca do mastro, roda de
viola com música caipira, quadrilha nas festas juninas, lendas e brincadeiras.
A flora deste local mais abundante é a caatinga, formada por árvores de pequeno
porte, como cajazeira, unha de gato, vaqueta, São João, açoita veado etc. O animal mais
encontrado na comunidade é o boi, mas também existe em menor quantidade: veado,
onça, cotia, jacu, sabiá, preá etc. No relevo existem muitas depressões, juntamente com
morros e vales. As pessoas mais velhas dizem que já foram encontrados minérios como
manganês, cristais etc.
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sido cativos em uma outra região, que a memória coletiva já não alcança, ou silencia.
Analisando os descendentes, consegue-se visualizar sete gerações partindo desde
a matriarca Teadora, que foi a primeira a chegar a Sambaíba de Baixo e constituir
família, seguida de Dona Francisca Nascimento (Iaiá Chiquinha), até os bisnetos de
dona Ana Flora, neta direta das matriarcas citadas. A união das famílias das matriarcas
se dá logo na primeira geração, quando o Sr. José João Ferreira, filho de Teadora, casa-
se com Lara Francisca do Nascimento, filha de Francisca Nascimento e Marcolino
Nascimento. Desta união nasceram seis filhos, dentre eles dona Ana Flora do
Nascimento, que nasceu em 1936 e disponibilizou as informações, juntamente com seus
familiares mais próximos.
Para a comunidade de Sambaíba de Baixo, a prática do casamento com membros
externos, era bem vista apenas quando estes também faziam parte de comunidades
negras, em especial das proximidades de Sambaíba, a exemplo de: Sambaíba de Cima,
Mata de Sapé, Chico Lopes e Rio do Tanque, onde se observa maior proximidade
através de relações de parentesco e compadrio. Para a comunidade, que sempre foi alvo
de preconceito racial, essa era uma forma de se preservar.
É importante ressaltar ainda que alguém externo à comunidade, mesmo sendo de
comunidade negra só passa a ser considerado, pelos moradores de Sambaíba, como
membro desta, a partir do momento em que se casa com um nativo e passa a viver e
produzir no local, a exemplo do casal Sr. Alceno Jesus do Nascimento e Srª. Ivaneide
Maria do Nascimento, sendo o primeiro neto de dona Ana Flora e senhora Ivaneide
pertencente à comunidade de Sambaíba de Cima que hoje abriga o casal. Assim, embora
ambos possuam laços de parentesco com a comunidade de Sambaíba de Baixo, tendo o
Sr. Alceno nascido e crescido nesta e estando seus pais ainda vivendo em Sambaíba de
Baixo, eles não são considerados membros dela e sim de Sambaíba de Cima, por
residirem e terem suas roças nessa última comunidade.
Já o casamento entre primos tido anteriormente como algo comum na
comunidade Sambaíba de Baixo, nos dias atuais começa a ser visto como um tabu por
parte de seus integrantes. Esse processo, por sua vez, deu-se a partir do contato da
população com médicos que passaram a alertar sobre os problemas de doenças
congênitas, que a união entre membros familiares próximos poderia acarretar. Mas,
como ressaltado anteriormente, a endogamia ainda é praticada na comunidade.
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sobre a comunidade Várzea, e o único filho, Manoel Francisco Xavier do Rego. Sobre a
extensão das terras, intituladas de “Fazenda Mocambo”, Neves esclarece ainda que os
contornos do Mucambo passavam por :
Cerquinha, “no curral velho de fronte da lagoa do Canto do
Jatobá ; Caatinga Grande, “na estrada que vem da Vereda”;
Olho d’Água de Bonito; Olho d’Água do Brejinho; serra do
Ajuste; Vereda dos Cristais; riacho da Canabrava; Gado Bravo;
riacho Santo Onofre; alto da Serra das Barrocas; Chapada,
Queimada do Fundão, Mangabeira e Alto das Queimadas
(NEVES, 2008, p. 135)
Segundo Neves (2008, p. 136), “apesar das diversas transações comerciais”, que
se sucederam, “descendentes da família Xavier do Rêgo ainda mantêm domínios no
antigo latifúndio pecuarista.
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em equipe.
A comunidade apontou quatro grandes momentos de seca e conseqüentemente
fome, foram estes: 1915, 1939, 1952 e 1972. A repetição desses momentos, nas falas
dos habitantes, demonstra a forma como os longos períodos de secas tornaram-se um
elo de unificação da comunidade. Quando indagados sobre as estratégias de
sobrevivência adotadas pelos integrantes dessa comunidade nos períodos de seca, as
respostas não indicam para uma dispersão do grupo através das migrações para outras
localidades, mas sim, para uma maior relação de proximidade e solidariedade entre seus
componentes, embora tenham ocorrido saídas de famílias inteiras para outros estados,
como São Paulo, para o trabalho nos cafezais. Isto nos leva à constatação de que mesmo
submetidos a uma condição degradante, há um esforço desses sujeitos ao mobilizarem
forças e meios para melhorar as condições de vida e superar os sofrimentos e as
privações.
O desejo de ver os filhos estudando não se concretiza na maioria das famílias,
isso porque as saídas para o trabalho no corte de cana em outros estados, em especial
São Paulo, têm se intensificado nos últimos anos. Essa prática é caracterizada pelas
constantes idas e vindas de membros da comunidade que em média passam dez meses
fora. A migração sazonal atinge principalmente os jovens do sexo masculino que veem
na atividade uma possibilidade de juntar dinheiro para comprar um pedaço de terra, ou
construir sua casa nas terras doadas pelos pais ou sogros. Com a saída desses
integrantes, mesmo que temporária, uma nova problemática é desencadeada: a
diminuição da produção, já que há uma redução na mão-de-obra familiar, dificultando
as condições de sobrevivência física das famílias residentes. Segundo os relatos de oito
jovens, identificamos que nas atividades canavieiras, eles trabalham em média sete
horas diárias, cinco dias consecutivos, folgando no sexto. Recebem por um dia de
trabalho o equivalente a R$ 35,00 (trinta e cinco reais) para cortarem uma média de
quatro toneladas de cana. Para eles, embora o trabalho no corte de cana seja mais
exaustivo do que o desenvolvido na agricultura familiar, ele pode resultar,
posteriormente, em dias melhores.
Quando indagados sobre a possibilidade de venderem as terras que possuíam
para trabalharem e morarem em outro lugar, apenas um dos presentes afirmou que se
fosse preciso venderia, os sete demais rechaçaram a idéia, alegando terem medo de que
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algo desse errado e eles não mais tivessem para onde voltar, além de expressarem seus
sentimentos pela comunidade:
Eu não quero sair daqui, por que aqui ta meus parentes, meus
amigos. Quando a gente vai pra Severina pra trabalhar na cana
a gente fica doido pra voltar pra cá, fica contando as horas.
Tem gente que chega lá que quando volta não quer mais ir pro
corte de cana não (...) mas a maioria volta logo em seguida,
dois a três meses depois (Informante I apud INCRA, 2009, p.
86).
Podemos perceber nesse relato que o contato com o mundo externo permitiu que
o sentimento de pertencimento destes à comunidade fosse reforçado; assim, mesmo
indo trabalhar na cidade de Severina, no estado de São Paulo, os jovens não esquecem o
seu lugar de origem, que representa a sua verdadeira vida, onde estão seus familiares e
também é seu porto seguro, caso as coisas não saiam do jeito esperado. No entanto, a
saída dos jovens, tanto para trabalhar quanto para estudar, tem contribuído para a
introdução de características “externas” na comunidade. A forma de vestir, a linguagem,
o corte de cabelo, as músicas e outras características dos diferentes modos de ser jovem
passaram a fazer parte do cotidiano desses remanescentes de quilombos.
Quando ausentes, cabe às mulheres tomar a frente das tarefas de criar os filhos e
cuidar da “roça”; para tanto recebem ajuda dos familiares. Os homens ausentes também
enviam dinheiro para que contratem diaristas que irão desempenhar seus papéis,
principalmente o de abrir roça, atividade considerada “pesada” e por isso não praticada
pelas mulheres. Para as esposas, a ausência por quase um ano de seus maridos
representa uma espécie de “perda” tanto para elas quanto para os filhos, mesmo que
recebam mensalmente ajuda financeira.
O caminho dos moradores na construção de sua autonomia e luta por seu
território passa pelo fortalecimento de sua organização política e afirmação de sua
identidade enquanto remanescentes de quilombos. Essa afirmação, por sua vez, teve
início no ano de 1995, quando em seu processo de organização interna, o grupo fundou
a Associação de Desenvolvimento da Comunidade dos Pequenos Agricultores de
Sambaíba, com sede em Sambaíba de Baixo, registrando-a no mesmo ano.
A partir do ano 2000, passou a receber a Pastoral do Índio e do Negro de Riacho
de Santana. As discussões sobre os direitos das populações negras surgiram nas
comunidades de Riacho de Santana. A pastoral vinculada à Igreja católica do município
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Em 1979 o senhor Zé do Ouro, que nada produziu na nova terra e nem mesmo se
mudou para o local, repassa o que diz lhe pertencer para o senhor Rosalvo, mais
conhecido como “O Sergipano”. Quando este chega ao local diz que a terra adquirida
por ele é maior do que a que pertencia ao senhor Zé do Ouro, passando a se apropriar de
boa parte das terras de outros moradores da comunidade. A partir de então os
remanescentes de quilombos foram ameaçados caso reagissem na tentativa de
retomarem suas terras. Dessas ameaças, uma foi concretizada resultando na morte de
Tinhô em 1984.
Logo após o assassinato, as terras foram vendidas para um advogado de
Guanambi, o senhor Almerindo Fernandes Ribeiro e com a chegada do novo fazendeiro
teve início um longo período de tentativa do “convencimento” dos moradores de
Sambaíba, para desistirem de parte de seu território em troca de alguns benefícios como:
arame, alimentos e mesmo dinheiro. Embora as ameaças de morte sofridas pela
comunidade não se fizessem mais presentes, a relação “amigável” exercida pelo senhor
Almerindo Ribeiro contribuiu para que a maior parte dos moradores assinasse
documentos “legitimando” a transferência da terra, ameaçando-os de perderem
totalmente as terras alegadas pelo novo proprietário.
Atualmente a fazenda de Almerindo, denominada Piedade, faz divisa com a
comunidade Sambaíba de Baixo, delimitada pelo INCRA (2009) como Remanescente
de Quilombo sendo que, até dezembro de 2012, eram 1.466,7 ha no município de
Macaúbas e 1.044,9 ha no município de Tanque Novo.
São Domingos
A comunidade São Domingos foi fundada por Francisco de Souza Lalau e sua
família, que vieram de Santana, município de Paramirim. Segundo os moradores atuais,
a comunidade foi chamada de São Domingos em homenagem a um antigo orador, cujo
nome era Domingos. Encontramos o seguinte registro que comprova a presença do
senhor Lalau na comunidade em 1891:
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Antigamente existiam árvores como jatobá, aroeira, peroba etc, hoje só restam a
caatinga e a malva rasteira. Encontravam-se aves por todos os lados, codornas, araras,
perdizes e hoje dificilmente se vê. Nas décadas de 1980 e 1990 havia grandes minações
de água, o solo era fértil e produtivo. Hoje, a população passa dificuldades se não
armazena a água da chuva de maneira adequada.
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Ainda existe um local conhecido por Cubico, próximo a casa do senhor José
Matias, considerado ponto turístico, pois é possível se refrescar nas águas que passam
por lá. Descobriu-se também uma pequena localidade chamada Zabelê, próxima a São
Domingos e que, por isso, foi considera parte dessa comunidade. A localização não foi
confirmada e como os moradores não conheciam sua própria história, uma vez que os
moradores mais velhos já tinham se mudado ou morrido e os atuais se contradiziam
com diversas versões, consideramos que essa localidade deva ser mais bem estudada.
Várzea da Madeira
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Os animais são em sua maior parte domésticos; além dos citados, cria-se peru.
Outras espécies encontradas são encontradas: codorna, preá, ratos, cobras, perdizes,
veados, gambás, saruês, teiús e peixes, em época de chuva.
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Outros estudantes descrevem: [...] é chuvoso tem muita água, lá tem uma fonte
de água [...] o lugar chama olho d’água [...]” (E. 1685), “[...] o rio passa perto (de minha
casa) [...]” (E. 1684). O estudante 1686 se refere a paisagens “[...] lindas [...]” e lugares
“[...] impressionantes [...]”, como: “[...] morro do serrote, barragens, rios correntes [...]”.
A paisagem em toda região se transforma no período chuvoso, como evidencia o aluno
1680 “[...] Aqui agora está tudo bonito as matas estão tudo verdes não está nenhum (rio)
seco [...]”.
O 1680 escreve que “[...] Várzea da Madeira está uma comunidade muito
organizada [...]” e a 1686 que [...] tem uma casa onde prestam contas da comunidade
[...]”, ambos se referindo à Associação dos Pequenos Produtores Rurais da Várzea da
Madeira, fundada em 22 de julho de 1996. Outras “casas” são citadas pelos estudantes
1681 e 1686, mas se referem, respectivamente, à “casa de roda” e “casa de farinha”,
utilizadas no processamento da mandioca.
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religião. A estudante 1690 expressa-se assim: “[...] Além de tudo aqui você vai
encontrar o paraíso que é a igreja que tem aqui [...]”. A comunidade tem uma capela
cujo padroeiro é São Sebastião. As comemorações religiosas que acontecem durante o
ano são: novena de São Sebastião, celebrada de 01 a 19 de janeiro; a Via Sacra,
manifestação realizada durante a quaresma; novena do Coração de Maria, festejada
durante todo o mês de maio; e novena natalina, durante o mês de dezembro; como
destaca a estudante 1686: “[...] no meu lugar tem muitas comemorações da Igreja como
o Natal, A festa do Padroeiro São Sebastião, A festa de Coração de Maria e também
celebramos a Quaresma e outros [...]”. Em todos os domingos e dias santos acontecem
celebrações na capela.
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O artesanato está quase acabando, mas ainda existem alguns como: o crochê,
costuras em tecidos, bordados ponto-de-cruz, ponto cheio e ponto matrismo. Também
se encontram moradoras antigas que fazem renda. Há tempos atrás as pessoas
utilizavam muitos brinquedos feitos à mão, mas está sendo difícil repassar essa herança
cultural aos jovens atuais, devido a disponibilidade dos brinquedos no mercado e a
propaganda feita para que esses sejam comprados.
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ajudar os pais na roça, terá que enfrentar os 18 km, sem considerar as voltas, todas as
noites da semana, até a cidade, onde fica o único colégio de ensino médio.
Os moradores dizem que a fazenda era cortada por um rio e cercada por uma
mata, na qual existia uma grande quantidade de macacos que deram origem ao nome da
localidade. O senhor Pedro Amâncio Magalhães que deu a parte de terras da fazenda
Macacos para o genro, parece ter sido parente próximo ou do Chico Gordo ou do Chico
Magro, referidos anteriormente, mas não foi possível comprovar. Os primeiros
moradores teriam sido: Guilicero, Júlio, José Lopes, João Sudário e João Ferreira; este
parece ter sido o mesmo da Baixa Verde, o que não foi possível confirmar com
registros.
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para nós irmos numa reza na igreja e no outro dia vamos para
uma festa [...] pega mulher [...]” (E. 1493). “[...] tem poucas
pessoas más é gente boa não precisa se preocupar com nada
[...] tem um rio que passa perto de casa é muito legal [...]”
(1494). “[...] povo religioso, que tem bastante fé, é um lugar
onde há lazer e diversão [...]” (1495).
“[...] um lugar muito seco [...] (que) possui muita nascente [...]
Existe também uma barragem que no período de chuva fica
muito cheia, onde as pessoas se reúnem para brincar, pousar
para fotos, fazer piquinique e tomar banho [...] a um lugar
chamado Taquaril onde as pessoas nas férias se divertem
tomando banho em uma pequena cachoeira que fica no meio de
uma serra . [...]” (E. 1491). “[...] tem um morro serrote próximo
de casa quando chove a gente vai pra lá [...]” (E. 1492).
No entanto, o meio ambiente nessa região já foi muito devastado, pois não
existem sequer vestígios das florestas onde viviam os macacos que serviram de
referência para o nome da comunidade. As colméias e suas moradoras desapareceram,
afetando a polinização das flores. O riacho Garapa, citado pelos moradores como rio
perene, no passado, atualmente “[...] não é todos os dias que desce água, só quando
chove bastante [...]” (E. 1492). Nele se encontra a barragem do Garapa.
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atualmente esse valor é de aproximadamente 250 por ano. Também há cultivo de frutas
“[...] minha casa da muitas mangas e bananas [...]” (E. 1492) e criação de animais “[...]
meus pais criam galinhas e porcos [...]” (E. 1492). As comidas típicas são: beiju de
tapioca, aipim, feijão verde, entre outros.
Os moradores informam que desde 1970, o câncer está entre as doenças que
mais têm acometido a população, juntamente com as doenças cardiovasculares.
Provavelmente a saúde das pessoas vem sendo prejudicada pelo uso descontrolado de
agrotóxicos. Além dessas, outra forte causa de morte nessa comunidade é o elevado
número de acidentes com meios de transporte, principalmente motocicletas. Os
atendimentos prestados a essa localidade são, na maioria das vezes, através do agente de
saúde. Às vezes algumas pessoas recebem médicos e enfermeiras em suas residências.
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Os três registros citam os limites ao norte com a fazenda Buriti, pois, como
veremos no texto sobre a comunidade Magras, José da Costa Ferreira era dono de parte
da fazenda Buriti. A fazenda Mucambo do então falecido Manoel Francisco Xavier do
Rego, limitando-se ao sul nos três registros, localiza-se atualmente no município de
Igaporã, com as dimensões muito reduzidas em comparação as dimensões da época,
descritas no texto sobre a comunidade Sambaíba. No primeiro registro observamos que
a fazenda Morrinhos fazia limite a oeste com a fazenda Curralinho e a leste com os
herdeiros do finado Jose Pereira de Magalhaens e Claudio Antonio de Oliveira.
Conforme visto no texto sobre o Alecrim, José Antônio de Oliveira e Silva era filho de
Claudio Antonio de Oliveira. Os registros feitos por pai e filho são iguais quanto ao
limite oeste, mas fazem referência entre si em relação ao leste. Sabemos que as terras de
José Antônio de Oliveira e Silva iam, em 1883, além da atual sede de Tanque Novo até
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Também se cultiva cana de açúcar para produzir rapadura, mel, ração para o
gado, etc. O fabrico do açúcar era feito no engenho da fazenda, onde se moía a cana
para tirar o caldo, em seguida o caldo era fervido numa caldeira, para livrá-lo de
impurezas e engrossar. Por último, passava pela casa de purgar, onde o açúcar
cristalizado tomava o formato de pão, o chamado pão-de-açúcar. Além da criação
bovina, há criação de suínos e de aves. O estudante 1505 escreve que “[...] com esse
tempo chuvoso vocês acham muitas empreitas [...]”, outra fonte de renda para os
moradores. Sobre a economia local o estudante 1502 acrescenta: “[...] dia de terça-feira
em Tanque Novo, tem feira para, o povo comprar comida e etc... ou vender, as farinhas,
ou tapioca [...]”.
Havia uma grande diversidade de animais, aves e vegetais, como por exemplo:
veado, coelho, raposa, ema, codorna, canário etc e as árvores Pajeú e Nuvem Azul; que,
com o povoamento da região, estão quase extintas. Mesmo assim, ainda existe “[...]
muitas sombras, tem muitos morros e tem um rio (que um estudante chama de Macacos,
provavelmente se referindo ao que descrevi como riacho Garapa) [...]” (E. 1503). No
tempo chuvoso “[...] aumenta a água da cachoeira e assim podemos dar um mergulho e
pescar pois tem muitos peixes [...]” (E. 1506).
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Outra manifestação cultural descrita com detalhes pelo estudante 1544 é o São
João:
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Alecrim
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Eduarda Antonia da Silva, viúva do tenente José Antônio de Oliveira e Silva, sendo este
filho de Cláudio Antônio de Oliveira, que já havia vendido ao pai de Arlinda Francisca
Gomes, Umbelino José Gomes, uma parte de suas terras em 1875.
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Pela descrição dos limites do terreno comprado por Juvêncio Alves Carneiro,
confirmada no campo através de seu neto homônimo, verificamos que Lagoa da Pedra,
onde o casal morava, parecia estar fora dos seus limites. A primeira filha de Juvêncio e
Arlinda, Maria da Glória Carneiro (alguns registros apresentam o sobrenome Gomes no
lugar de Carneiro), nasceu no mesmo ano em que seu avô Umbelino comprou o terreno,
1875, conforme informações descritas na lápide de Maria. Isso nos leva a acreditar que
a Lagoa da Pedra de onde se originou o senhor Juvêncio pode ter pertencido ao senhor
Umbelino José Gomes.
Além de Maria da Glória, o casal teve outros nove filhos, descritos a seguir, sem
ordenação cronológica: 1) Joaquim Alves Carneiro (Coronel), que teve como primeira
esposa sua prima Maria Francisca de Jesus (Dona), filha de Prudenciano, e como
segunda esposa Etelvina Oliveira; 2) João Alves Carneiro, que se casou duas vezes e
viveu em Canarana - BA, como veremos a seguir; 3) José Alves Carneiro (Zeca
Carneiro), que se casou com sua prima Maria Rita Marques Carneiro (Ritinha), também
filha de Prudenciano; 4) José Gomes Carneiro (Zezinho), cujo primeiro casamento foi
com Ana do Carmo Malheiro (Naninha) e o segundo com Natalina Carneiro Araújo; 5)
Umbelino Alves Carneiro, foi casado com a prima Ana Joaquina Carneiro Ferreira, filha
de Custódia; 6) Ana Flora Carneiro (Neme), cujo marido foi seu primo Francisco
Marques Carneiro, filho de Prudenciano, moraram um tempo no Alecrim depois parece
que se mudaram para Terra Boa – Paraná; 7) Arquimimo Alves Carneiro, casado com
Hermínia Maria do Carmo (Dona); 8) Antônio Alves Carneiro, que se casou a primeira
vez com Ursulina Marques Carneiro, neta de Prudenciano, e a segunda vez com Amélia
Maria do Carmo; 9) Francisca Gomes Carneiro, que era casada com Manoel Ferreira
das Neves, da localidade Alecrim II.
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776.276N e 8.501.297E.
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Venício casou-se com a prima Dalcy de Assis Carneiro, filha de Afra de Assis
Bonfim, proveniente de Caturama, e José Marques Carneiro, popularmente conhecido
por Cazuza, irmão de Bilinha. Eles moravam nos Furados e, após se casarem, passaram
algum tempo no Alecrim depois retornaram para a atual sede do município de Tanque
Novo. Celcina casou-se com um dos netos de Juvêncio Alves Carneiro, que tem o
mesmo nome deste, filho de Arquimimo e Ermínia, moradores do Pintado. Eles fizeram
uma nova casa no Alecrim, entre a Vereda do Duquinha e o Alecrim I, onde moraram
por muitos anos, e atualmente moram na sede. Dalila casou-se com o primo Nelson,
filho do irmão de seu pai, Manoel Rodrigues de Magalhães, conhecido por Nezim,
morou um tempo na Lagoa Redonda, depois foi para Iuiú, na divisa entre Bahia e Minas
Gerais, onde Nelson tinha parentes.
Essa genealogia resumida dos antigos moradores do Alecrim I nos mostra que a
maioria deles estão ligados de alguma forma à Ana Bela Marques Carneiro, pois ela foi
esposa, mãe, madrasta ou sogra dos mesmos. Dentre os seus descendentes, muitos
permaneceram na comunidade Alecrim ou na sede de Tanque Novo, outros tentaram a
vida em lugares diferentes.
Na localidade Alecrim I, onde Juvêncio fez sua casa, existia uma casa antiga que
pertenceu ao seu genro e sobrinho, Francisco Marques Carneiro, que talvez tenha sido
construída antes mesmo da chegada de Juvêncio no Alecrim I, em 1896. Depois que
Francisco e sua prima e esposa Ana Flora, filha de Juvêncio, migraram para o Paraná,
essa casa pertenceu a José de Magalhães Carneiro (Zeca).
Outro lugar da comunidade que parece ter sido habitado antes que Juvêncio
construísse sua casa no Alecrim I, é a Vereda do Alecrim, conhecida também como
Vereda do Duquinha, ou simplesmente Vereda (774.061E e 8.501.096N). Segundo
algumas fontes orais, o nome Duquinha é uma referência ao cunhado de Juvêncio,
casado com sua irmã Exupéria, citado por alguns como Joaquim Marques. As fontes
informam que o contato com ele teria se perdido, pois o casal foi embora para São
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A origem do local chamado Alecrim II, cujo ponto de referência foi considerado
a coordenada 8.503.295N e 775.526E, também é no mínimo contemporânea à chegada
de Juvêncio no Alecrim I, pois as informações orais indicam que a localidade, que fica a
aproximadamente 3 km ao norte do Alecrim I, teve origem através de uma das irmãs de
Juvêncio, Custódia Clemencia (ou Maria) de Jesus. Ela era casada com Benedicto
Ferreira das Neves, responsável pela localidade Alecrim II ficar conhecida também
como Alecrim dos Ferreiras. Segundo as fontes orais, Benedicto seria proveniente da
fazenda São José, atualmente no município de Igaporã e, antes de morar no Alecrim,
teria se casado outras duas vezes.
Sabemos através das informações orais que Manoel Ferreira das Neves e sua
esposa Francisca Gomes Carneiro moraram inicialmente no Alecrim II e depois em uma
casa na atual sede de Tanque Novo, para onde foram também Clemente Ferreira, a
esposa Francisca Marques e os filhos, sobre os quais não obtivemos mais informações.
O paradeiro de Abílio, sua esposa Benvinda e seus descendentes também não ficou
claro. Manoel e Francisca tiveram sete filhos: Pedro Ferreira, José Ferreira, Maurílio,
Israel, Arlinda, Maria Ferreira e Custódia. Maria Custódia, que na ocasião do casamento
civil já tinha dois filhos com Archilino, Matildes com 3 anos e Moizes com 1 ano,
parece ter ido morar com o marido na Boca do campo. Ana Joaquina teve o filho Jonas
Alves Carneiro, que se casou com Amélia Maria Gomes em 1947, mas ficou viúva
ainda jovem, pois seu marido Umbelino morreu com 35 anos de idade.
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Quando essas pessoas que foram citadas viviam no Alecrim, a economia era
baseada principalmente na agropecuária, os únicos transportes utilizados eram o cavalo
ou o carro-de-boi. O tratamento de doenças mais simples era a base de chás, ervas e
curandeiros. Para casos muito complicados, os mais abastados deslocavam o doente
para outros municípios ou buscavam médico para o local. As aulas eram dadas na casa
de uma pessoa mais velha, por professores com baixo grau de escolaridade, que, com
disciplina e autoridade, ensinavam em pouco tempo os alunos a ler e escrever.
A comunidade só se tornou mais atrativa para outras famílias a partir de 1970,
com a melhoria de estradas, construção da Escola Municipal Zeferino Rodrigues de
Magalhães, localizada na coordenada 775.701E e 8.501.234N, abertura de campo de
futebol e de aguadas públicas. A partir de 1985, ano da emancipação do município, a
comunidade foi beneficiada com a abertura de um poço artesiano e construção da
capela, que tem por padroeiro São Sebastião. Atualmente a festa religiosa do padroeiro
é uma das principais manifestações culturais da comunidade, além da festa popular de
São João, da Via-Sacra, das novenas de Natal e da queima de Judas.
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deixar de falar dos bolos, que é uma fonte de renda do município. Os principais são:
bolo de puba, chimango, avoador, escaldado, biscoito de polvilho, pão-de-ló, brevidade,
cozido e assado etc. Nas casas de farinha são feitos beiju de massa e de tapioca. Temos
também requeijão, pamonha, cuscuz, doce de umbu, de coco, de leite e outros derivados
das matérias-primas que se encontram na região.
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A cerâmica que é uma das principais fontes de renda dos moradores. O barro é
deixado de molho na água por 12 horas, depois é prensado, por tração animal, e levado
para as formas, onde fica durante três dias até secar, depois é levado para o forno onde
permanece um dia. Associada a essa atividade temos a produção de carvão responsável
por grande parte do desmatamento.
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Tanque Grande é uma localidade que se encontra a mais de 2 km, em linha reta,
a sudeste de Boca do Campo, legalmente inteiramente dentro dos limites do município
de Paramirim. Até pouco tempo a localidade era pouco conhecida, pois os moradores
que ali se agrupavam, preferiam se considerar como membros da comunidade Boca do
Campo. Sabe-se que a primeira pessoa que construiu uma casa de enchimento na
localidade foi o senhor Francisco Lopes e em seguida veio o senhor Renério José de
Oliveira. Renério tinha devoção de rezar o ofício de Nossa Senhora em sua casa e, com
sua morte, a responsabilidade de manter e zelar pela localidade foi passada para seus
filhos.
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Uma das histórias contada pelos moradores é sobre a primeira vez que passou
um avião sobre a comunidade, segundo eles as pessoas ficaram apavoradas sem saber o
que era aquilo, alguns saíram correndo amedrontadas, outras começaram a chorar e a
desmaiar. Histórias como essa são contadas de forma muito divertida por alguns
moradores talentosos.
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Dourados
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texto sobre o Alecrim, verificamos que duas testemunhas dessa compra tinham o
sobrenome Dourado. Através de autores como Gustavo Dourado e Alderi Souza de
Matos, e de documentos encontrados nos Arquivos Públicos descobrimos que a história
dessa família parece estar relacionada não apenas com a formação territorial de Tanque
Novo, conforme veremos a seguir, mas com boa parte do semiárido baiano.
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José da Silva Dourado se casou com Maria Custódia Leal e teve três filhos: João
José, Francisca e Maria Joaquina da Silva Dourado. Neves nos mostra que João José da
Silva Dourado se fez presente em uma área próxima do atual município de Tanque
Novo, na chamada fazenda Algodões:
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fazenda Vargens, que pode ser o mesmo da atual comunidade Dourados, no entanto,
deve-se consultar a escritura para confirmação da hipótese.
Alderi Souza de Matos nos revela que o oitavo filho de João José da Silva
Dourado, casado com Carolina Cardoso Pereira, teve João Cardoso Dourado, nascido
em Caetité no dia 7 de janeiro de 1854. Este se casou no dia 7 de janeiro de 1878, na
fazenda São João, então município de Macaúbas, atual Paramirim, com a prima
Geraldina Brandelina (este último nome não aparece na relação de Gustavo Dourado,
mas está em outras genealogias da família) da Silva Dourado, nascida em 6 de janeiro
de 1860, filha de Bento da Silva Dourado, o quarto filho de João José, casado com
Maria Cardoso de Oliveira.
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sobre o Alecrim também mostra que Francisco Alves Carneiro teve uma esposa
chamada Maria da Glória Cardoso Carneiro e depois ele se casou com a irmã desta, Ana
Amélia Cardoso Carneiro. Essa informação nos leva novamente ao casal Bento e Maria
Cardoso, pois foi o único casal dos filhos de João José que teve uma filha chamada
Maria Cardoso e outra Ana Amélia Cardoso, segundo a genealogia de Gustavo
Dourado. Supomos que, depois de casadas com Francisco Alves Carneiro, as irmãs
Maria (da Glória) e Ana Amélia alteraram o sobrenome Dourado para Carneiro.
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Em 1906, o Rev. Waddell mudou-se com a família para Ponte Nova, pouco mais
ao sul, onde a missão alugou e depois adquiriu uma grande fazenda junto ao rio Utinga,
onde é a atual sede do município de Wagner. Ali foi criado um colégio evangélico para
os filhos dos sertanejos nordestinos, o Instituto Ponte Nova. Na época, somente três
outras localidades baianas (Salvador, Ilheus e Caetité) forneciam ensino de segundo
grau, o atual Ensino Médio. O propósito do Instituto Ponte Nova, IPN, era preparar
professores para escolas primárias e bíblicas, treinar jovens para o trabalho da igreja e
encaminhar alguns deles ao ministério. Dos doze alunos iniciais, oito foram enviados
pelo coronel João Dourado, sendo quatro deles seus filhos. O coronel Benjamin
Nogueira também enviou os filhos e alguns parentes para estudarem em Ponte Nova.
Alguns moradores atuais de Tanque Novo dizem que a influência para estudar
no colégio evangélico de Ponte Nova chegou até Tanque Novo, distante
aproximadamente 200 km, provavelmente devido à ligação entre Francisco Alves
Carneiro e o seu concunhado João Cardoso Dourado. Apesar do colégio ser evangélico
o bisneto de Francisco, o historiador Abderman, informou que seu bisavô sempre foi
católico, por isso, é possível que essa influência pode ter se dado também através do
sobrinho de Francisco, João Alves Carneiro, que teria ido para o atual município de
América Dourada, Bahia, em 1907, um ano depois da criação do Instituto Ponte Nova.
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Juvêncio e este teria feito com que aqueles colocassem o mourão nos limites
estabelecidos, usando da agressividade.
O fator que mais influencia na produção das culturas é a chuva. O rebanho sofre,
tendo que se deslocar a outros lugares para beber, como a Lagoa da Baraúna de Cima.
Por não utilizarem métodos adequados para armazenar a água no período chuvoso, os
moradores também passam por calamidades na seca. Antes era feito o plantio com
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enxadas e enxadões para abrir covas no chão e hoje já utilizam o arado, que é um pouco
mais rápido, e em poucos lugares o trator. A casa de farinha busca incentivar o plantio e
o cultivo da mandioca nessas localidades, evitando, com isso, o êxodo rural.
O senhor Ezequil (Pé do Morro II) e Sobim faziam carro de boi e caixão para
colocar farinha. Os pratos destacados na comunidade foram: feijoada, farofa, leitoa
assada, batata assada, requeijão, farofas de cariru, maniçoba, bolo frito, beiju, cuscuz,
escaldado, biscoito, pão caseiro etc. Antigamente para preparar os alimentos os
moradores colocavam panelas de barro em cima de trempes ou pedras e acendiam o
fogo no chão. Quase todas as mulheres velhas de hoje faziam bordado em ponto de
cruz, fuxico, fiavam na roca.
Gaspar
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Outra localidade que se relaciona com Gaspar é o Olho D’água, que está a
aproximadamente 8 km da sede Tanque Novo. A casa do senhor Joaquim José dos
Santos, também conhecido como Joaquim Sério, fica na coordenada 779.116E e
8.497.269N. Olho D’água possui um lençol freático raso, que deu origem a uma
minação e, conseqüentemente, ao nome da localidade. Para quem sai do Gaspar, sentido
sudeste, Olho D’água fica a pouco mais de 2 km, logo depois de uma localidade
pertencente aos descendentes de Joaquim Dias Neto e Ana Francisca Dias, com apenas
oito casas, conhecido por Lagoinha (778.687E e 8.497.653N).
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O fator que mais influencia na produção agrícola é a chuva. Com sua falta, o
rebanho se deslocava de outras comunidades até o Olho D’água, onde existia uma
minação perene, que se tornou intermitente após a exploração da serra da Baraúna pela
empresa Jasitem, inclusive com auxílio de trabalhadores de Olho D’água e Gaspar. O
estudante 1543 fala da realidade do Olho D’água em 2009: [...] Nós plantamos já para o
consumo Familiar e está ótima as plantações e a pecuária com os bovinos, caprinos e
suínos [...]”.
chapéus utilizando palha de coqueiro, bananeira ou caroá. Destaque para Maria Durico
(Gaspar) e Maria Francisca na arte de bordar e fiar.
Lagoa da Casca
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ocorrido no final do ano 1917, nos mostra que as pessoas citadas acima viveram na
segunda metade do século XIX. Depois vieram Juvêncio Lopes, José Cândido Lopes,
Alvino Lopes, Antunino Cardoso, Francisco da Cruz, Benvindo Lopes e Ananias Lopes,
que, constituíram família e, juntamente com os descendentes dos primeiros, deram ares
de comunidade a então localidade de Boca do Campo, pois houve a construção de várias
casas, sendo que, uma delas teve como objetivo ser a casa santa, onde eram realizadas
as novenas e as missas.
artesanato, como: carro-de-boi, bruaca, portas, bordados, crochê etc. As comidas típicas
são: cuscuz, canjica, leitoa assada, biju e batata doce assada. A festa religiosa do
padroeiro Sagrado Coração de Jesus é tradicional na comunidade, que além da religião
católica, tem também a protestante.
A cerâmica que é uma das principais fontes de renda dos moradores. O barro é
deixado de molho na água por 12 horas, depois é prensado, por tração animal, e levado
para as formas, onde fica durante três dias até secar, depois é levado para o forno onde
permanece um dia. Associada a essa atividade temos a produção de carvão responsável
por grande parte do desmatamento.
Tanque Grande é uma localidade que se encontra a mais de 2 km, em linha reta,
a sudeste de Boca do Campo, legalmente inteiramente dentro dos limites do município
de Paramirim. Até pouco tempo a localidade era pouco conhecida, pois os moradores
que ali se agrupavam, preferiam se considerar como membros da comunidade Boca do
Campo. Sabe-se que a primeira pessoa que construiu uma casa de enchimento na
localidade foi o senhor Francisco Lopes e em seguida veio o senhor Renério José de
Oliveira. Renério tinha devoção de rezar o ofício de Nossa Senhora em sua casa e, com
sua morte, a responsabilidade de manter e zelar pela localidade foi passada para seus
filhos.
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Uma das histórias contada pelos moradores é sobre a primeira vez que passou
um avião sobre a comunidade, segundo eles as pessoas ficaram apavoradas sem saber o
que era aquilo, alguns saíram correndo amedrontadas, outras começaram a chorar e a
desmaiar. Histórias como essa são contadas de forma muito divertida por alguns
moradores talentosos.
Manoel Correia
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Com o tempo, José vendeu sua propriedade ao senhor Joaquim Cornel e partiu
para São Paulo, pois o lugar não estava favorável à lavoura e as cobras estavam
matando suas criações. Joaquim Cornel e a esposa se mudaram para a casa que era de
José do Prado e passaram a cuidar com sucesso da roças e de alguns animais que
haviam comprado. Outras pessoas aprenderam a lidar com as dificuldades e ajudaram a
formar a localidade. Franzino e Maria, um casal de negros cuja origem é desconhecida,
também são relacionados como primeiros moradores do local.
forma: as pessoas dessa localidade, homens, mulheres e crianças estavam indo à fazenda
de Sinhozão tirar madeira para vender. Quando iam para lá, levavam carros-de-boi,
cobertas, alimentos etc, e ficavam no mato uma ou duas semanas. A fim de intimidar os
participantes da ocupação, o proprietário denunciou os principais representantes, que
foram presos no município vizinho de Livramento de Nossa Senhora. As pessoas do
grupo organizaram uma manifestação para que os presos fossem soltos, então, diante do
apelo dos manifestantes e da intervenção da advogada Márcia, os líderes ficaram presos
apenas um dia. Como as pessoas continuaram invadindo, Sinhozão contratou
pistoleiros. Os moradores contam que eles estavam no mato e os pistoleiros próximos a
eles, nesse momento mais uma família chegou, e, como de costume, soltou foguetes
para avisar da sua chegada. Os pistoleiros acharam que as pessoas estavam armadas,
então dispararam. As pessoas saíram correndo desesperadas, outras deitaram-se no
chão, algumas desmaiaram. Quando a senhora Maria foi dar água com açúcar para uma
colega que se encontrava desmaiada, recebeu um tiro na nuca, morrendo na hora. Os
pistoleiros passaram a atirar para cima e as pessoas recolheram a morta e levaram até o
carro da advogada Márcia, que naquele momento passava pela fazenda.
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nome da localidade está relacionada a uma lagoa arredondada, ali existente e que a
comunidade deve ter em média 80 anos. Conforme o registro 181 a seguir, existem
moradores em Lagoa Redonda antes mesmo de 1890, mas Joaquinzão nada sabe sobre
esses antigos moradores, no entanto, informou que ao lado de sua casa ainda existem
vestígios de um alicerce antigo.
Em 1890, o senhor Joaquim Francisco Lessa registra a filha Virgilina, que teve
com Constância Clemência de Jesus, irmã de Juvêncio Alves Carneiro, fundador do
Alecrim I.
compareceu Joaquim Francisco Lessa, lavrador, natural de
Macaúbas, para registrar a filha dele e de Dona Constança
Clemencia de Jesus, natural de Cannabrava, nascida no dia
20/05/1890: Virgilina Clemencia de Jesus [...] avôs paternos:
Francisco Gonsallo Lessa e Constância de Jesus [...] avôs
maternos: José Joaquim Carneiro e Clemencia Constancia de
Jesus [...] Casaram-se na casa de José Joaquim Carneiro no
lugar Lagoa Redonda, deste districto e rezide actualmente nos
Furados, do termo de Macaúbas (registro n. 181 de 01/06/1890,
localizado na p. 68, do livro n.1 de Caldeira)
Joaquim Lessa apenas se casou na Lagoa Redonda, mas residia onde se encontra
a atual sede de Tanque Novo. Além de Virgilina, outros filhos de Joaquim e Constância
foram lembrados: Maria Madalena, que se casou com Tranquilino Silva, da Boca do
Campo; Maria Rita Lessa Carneiro, primeira esposa Cazuza, filho de Prudenciano com
sua primeira esposa Ursulina; Ana Joaquina, que se casou com Belarmino, filho de
Prudenciano com Gertrúdes, sua segunda esposa; Benvindo Carneiro Lessa, que se
casou com Arlinda Bela Carneiro, filha de Juvêncio com Bilinha, sua segunda esposa;
Pedro Carneiro Lessa, que se casou com Francisca Silva da Boca do Campo; Manoel
Lessa, que se casou primeiramente com Beatriz e depois com Afra, segunda esposa de
Cazuza; e Antônio Lessa. Desses, encontramos informação apenas sobre os
descendentes de Pedro Carneiro Lessa residindo na Lagoa Redonda. O senhor Joaquim
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Francisco Lessa se casou uma segunda vez, após a morte de Constância, mas não foram
encontradas informações sobre essa segunda família.
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O Bento Carneiro, que deu origem aos Carneiros do município de Tanque Novo
parece ser o mesmo irmão do Vigário Geral, Bento José Álvares Carneiro, pois
comparamos a história oral com os documentos e observarmos os sobrenomes das filhas
e filhos de José Joaquim e Clemencia, onde vemos que as mulheres receberam da mãe o
sobrenome de Jesus e os homens receberam o Alves, uma modificação do sobrenome
Álvares, em referência ao avô desconhecido. Não se sabe o que levou José Joaquim e
sua esposa a fixarem residência na Lagoa Redonda, mas esperamos que essa breve
explanação sobre sua origem possa ajudar a explicar.
Outro fato lamentável observado, uma realidade até então rotineira no semi-
árido baiano, é o não armazenamento da água da chuva de forma adequada, que leva à
falta de água até para consumo humano no período seco, quando normalmente os
rebanhos ficam sem água e os alimentos são insuficientes. Muitas vezes nesse período a
palma tem sido um paliativo para alimentar o gado, uma vez que a pastagem se encontra
seca e em pequena quantidade. Apesar do sofrimento, o sertanejo ali persiste
esperançoso, acreditando em um amanhã diferente, muitas vezes sem tomar as
precauções necessárias para a chegada da chuva.
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culturas. As comidas típicas são: cuscuz, pamonha, escaldado, pão de ló, jacuba, feito
com farinha e rapadura, canjica, mingau de milho e de fubá, batata assada, pirão de sebo
de galinha e de mocotó, abóbora assada, chimango, avoador, brevidade e o beiju,
proveniente da mandioca produzida no local. A culinária dos mais velhos, segundo eles
mesmos, incluía picado de caiana, salada de cariru e escaldado doce que muitas pessoas
nem sequer conhecem mais.
Antigamente nas festas dessa e outras comunidades próximas era comum dançar
a ranxeira. Armava-se uma cabana coberta de palha e as pessoas de reuniam para dançar
ao som de um bom sanfoneiro. A ranxeira é uma dança um pouco lenta, parecida com
uma valsa, mas hoje em dia o que tem mais destaque é o forró.
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Em Lagoa Redonda existe uma cajazeira com mais de 200 anos, que provoca
medo nas pessoas do local, principalmente devido às lendas sobre assombrações
escutadas pelos moradores desde que são crianças. Os moradores também costumam
ouvir outros casos das pessoas mais velhas, como, por exemplo, da primeira vez que
“um amigo” viu um caminhão ou avião; relatam o espanto e admiração dos
desinformados com muita irreverência. As lendas sobre lobisomens também são
difundidas, pois dizem que nas noites de semana santa, um rapaz de uma comunidade
vizinha se transformava em lobisomem e comia animais novos, como cachorro, leitão
etc.
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Comunidades: Bairro Alto dos Coqueiros, Bairro Bela Vista, Bairro dos
Pimentas, Bairro Tijuca, Bairro Tio João, Lagoa da Casca e Sede
Em construção.
Em construção.
Bairro Tijuca
Em construção.
Lagoa da Casca
A 4 km a sudoeste da Boca do Campo existe uma comunidade conhecida por
Lagoa da Casca, na coordenada 774.211E e 8.504.159N. É uma comunidade da qual
participam os membros da família do senhor Galdêncio e existe o prédio escolar onde
funcionou a Escola Municipal Vital Enedino Correia. As únicas informações reunidas
sobre ela são que a escola esteve paralisada em 2009 e 2012, tinha 15 casas em 2007 e a
padroeira é Nossa Senhora Santana.
Sede
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Juvêncio casou-se primeiro com uma filha de Umbelino Gomes e depois com
uma do irmão Prudenciano, passando a residir no Alecrim, juntamente com seu genro
Zeferino Rodrigues de Magalhães, que depois veio a casar com a mesma filha de
Prudenciano, viúva de Juvêncio. Prudenciano, juiz de paz em Canabrava dos Caldeiras,
distrito do município de Caetité localizado a 13 km do povoado Furados, também foi
casado duas vezes. Os descendentes deles foram os principais responsáveis pela
povoação da cidade de Tanque Novo.
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de madeira foi feito por Laudelino Marques Carneiro, sendo o antigo doado para o
povoado do Jacaré, juntamente com a imagem de Nossa Senhora da Conceição.
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