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Apostila Basica de Pintura
Apostila Basica de Pintura
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Uma Palavrinha Antes de
Mais Nada…
Se você está lendo isso aqui, então provavelmente você se
inscreveu num dos meus cursos de pintura, adquiriu este
material digitalmente ou achou uma boa idéia parar, dar um
oi, e levar uma apostila em algum evento onde a gente se
encontrou.
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E vou mais além: É legal pra caramba. Basta você saber
para onde se direcionar.
- Marlon Dopker
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Onde Estamos nos
Metendo
Primeiramente
Embora eu seja um ávido jogador de Warhammer 40k, essa
apostila não é direcionada para jogadores desse jogo
apenas. Quero que tudo o que eu falar aqui seja interpretado
como uma ferramenta viável para que você pinte seu
Warmachine, o Hordes, o Flames of War, Modelos para a sua
aventura de RPG, ou mesmo ajude com o projeto de
Educação Artística do seus filhos. É óbvio que jogadores de
tabuleiro e de Wargaming em geral serão mais afetados
diretamente pelas fotos, e pelos exemplos, mas por favor
MESMO: Essa é uma apostila que fala de pinturas de
modelo, e não um curso para se pintar apenas para este ou
aquele jogo.
Filosofando: O Modelo
Um modelo é qualquer mídia que usamos para representar
alguma outra coisa: Tanques de Guerra de brinquedo para
representar uma batalha da Segunda Guerra Mundial, um
papel rabiscado para representar sua vizinhança, botões
num tabuleiro de War para soldados, ou um demônio de
20cm para representar uma manifestação caótica em um
futuro distante. Seja então numa mesa de jogo, seja na sua
estante, seja na passarela:
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Sendo assim, é importante dizer que um modelo NUNCA terá
a obrigação de representar o todo da realidade que o
inspirou. E desse modo, é comum que modelos criados para
pintura manual tomem certas liberdades estéticas como
exagero de medidas, cores berrantes, ou armas que não
existem (ou não tem como existir na nossa realidade chata do
dia a dia), onde cada escolha dessas têm um fim específico:
Ser mais fácil de chegar com um pincel em algum lugar – tipo
nos olhos - ser mais amigável/aprazível visualmente, ou
simplesmente representar um mundo de ficção que de outra
maneira não poderia ser feito.
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Materiais de criação de Modelos
Se modelos são representações de alguém ou alguma coisa,
então existem diversas materiais e formas de colocar o que
povoa a imaginação dos criadores na nossa mesa de jogo. Os
mais comuns que nós podemos encontrar nessa indústria
vital para aqueles que não esculpem suas próprias peças e
para os jogos e modelos mais famosos são:
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A parte boa da resina é conseguir segurar uma quantidade
brutal de detalhes, apenas variável de acordo com a receita
que ela é preparada. Quanto melhor refinada, melhor ela
penetra nos moldes, e acaba capturando mais detalhes das
suas matrizes.
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Enfim, eu adoro a miniatura de plástico. Ela consegue
concentrar muitas das partes boas das outras mídias, sem
abrir mão e oferecer as partes ruins, e sim: É bem provável
que você conhece alguém que prefere outra mídia. No meu
caso, essa é minha escolha do coração, e sempre que
possível, prefiro plásticos.
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Materiais de Trabalho
Sua oficina/Quarto da bagunça deve ter alguns materiais à
sua disposição para podemos pintar os modelos
adequadamente. Independente de marca, cor, tamanho,
credo, ou religião, esta lista é a que eu considero básica, e
uso no meu dia a dia, mas a sua milhagem pode variar.
Colas: Colas são suas amigas.É com elas que você vai passar
a maior parte do tempo de montagem dos modelos, então é
bom saber o que cada uma faz, e no que eles podem ser
utilizadas:
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PVA: Nossa cola branca de escola. Atóxica, solúvel em água
e baratíssima. Quando seca e curada, cria uma película firme
transparente que é adequada para unir papéis, cartões, e
madeiras mais fracas. Ela não serve para montar modelos,
é muito fraca para segurar dois pedaços de lata ou de
plástico, mas é perfeita para toda a parte artística de bases,
preparação de massa de modelagem, e na criação de
camadas de proteção.
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pouco cara, mas rende muito, e é muito recomendada,
principalmente se seus modelos forem do material adequado
(tipo qualquer coisa da Games Workshop por exemplo)
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boa fonte de luz. Caso isso não seja possível, considere a
compra de um abajur ou luminária técnica. Eu prefiro de luz
amarela e quente, mas o certo mesmo é conseguir um
ambiente onde tenhamos luz fria e quente incidindo no
modelo, justamente para valorizarmos todos os reflexos de
cor por igual.
Como você pode ter notado, tudo fica muito numeroso, muito
rápido, e espaço e organização podem ser um problema. O
que eu recomendo é dedicar um espaço no guarda roupa
apenas para guardar tudo, caso você more num apartamento.
Bem arrumadinho dá pra se virar, e não fica na visão, e nem
atrapalha ninguém. Caso você more em casa, então é sempre
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legal aproveitar a empolgação para comprar uma bela mesa
de trabalho.
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Conhecendo as Suas
Tintas
É conhecendo as tintas que vamos usar que podemos criar
coisas mais legais daqui um tempo. Sendo bem direto:
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Veículo: O composto que mistura o pigmento e permite o
envase e aplicação.
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A tinta acrílica com base em água tem um
comportamento extremamente dependente do tempo
e das condições climáticas, contudo. Em dias secos,
ela vai secar no pincel no meio do seu trabalho, e isso é
ruim. Em dias úmidos, precisará de toda uma noite para
realmente assentar e curar, e isso também é ruim! As
vezes, nessas horas ter um secador de cabelo ajuda
muito.
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Qual Marca?
Talvez a pergunta que eu mais ouço seja: Qual marca
comprar? Devemos iniciar com uma marca importada e cara,
ou nos aventurar em território nacional, e procurarmos bons
resultados em casa? Em primeiro lugar, é importante
entendermos uma coisa: Produto vagabundo garante
resultado vagabundo.
Tintas Nacionais
Toda tinta nacional é
relativamente barata
e fácil de achar.
Marcas como Corfix
ou Acrilex vendem
em qualquer
papelaria, e é muito
simples acharmos
uma lojinha que
venda o catálogo
todo, custando coisa de dois, três reais por potinho. A
quantidade que vem também não é nada mal, e um potinho
dessas tintas vai te render meses de trabalho.
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Contudo, a pigmentação delas é bem ruinzinha. Isso quer
dizer que você vai sofrer um bocado para cobrir uma área
adequadamente com essas cores. Também, os metálicos
possuem um pigmento cujo grão é enorme, e as vezes visível
a olho nú, dando um aspecto de purpurina chique ao invés
de metal de verdade.
Isso quer dizer que eu não gosto de tinta nacional? Não, pelo
contrário. Entendendo o que elas são, até onde elas vão, eu
consigo ver que o lugar delas é no treino, e na construção
de experiência. Por exemplo, com prática, você VAI fazer
um bom trabalho.
No fim, elas servem sim. Elas são uma solução decente para
quem quer começar rapidamente, ou está com o orçamento
apertado. É possível obtermos bons resultados SIM,e é um
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erro riscar elas da lista rapidamente, principalmente para
quem está começando agora.
E as Importadas?
Aqui a coisa muda de figura, e é essencialmente um jogo de
Volei Profissional: Todo mundo é bom, e a qualidade é
medida em quem é “menos bom” em algum fundamento
para que você possa decidir o que você quer, e quanto você
quer pagar.
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Citadel
Da toda poderosa Games Workshop, a linha Citadel para
modelos existe quase a mais de 25 anos, e nesse meio tempo
entre linhas boas e não tão boas, elas sempre foram
consistentemente conhecidas por ter uma qualidade top em
muitos aspectos.
Seu ponto fraco é ser uma linha cara, e difícil de trazer para
o Brasil sem incorrer em algum imposto (justo ou injusto).
Além disso, em comparação com as outras marcas, é a opção
que menos vende tinta no potinho. 10ml apenas, e portanto
seu custo-benefício fica um pouco impactado. Há também
quem reclame que o potinho com o tempo desgasta, e deixa
entrar ar, fazendo sua preciosa tinta ressecar.
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Vallejo
Essa é uma linha de tintas espanhola que é muito conhecida
no meio hobbista, onde seu lema é vender tintas de grande
qualidade, numa quantidade bem razoável, a preço justo.
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Formula P3
A principal característica dessas tintas é, diferentemente das
Citadel e Vallejo, ter pigmento líquido. Na prática, isso
significa que essa tinta permite que você trabalhe melhor
com algumas técnicas do que a tinta por pigmento em pó,
como diluições, e criações de washes a partir de qualquer
cor e mistura. Também, não tenho notado muita manutenção
– muito difícil ver ressecamento, ou separação dos
componentes.
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aplicações mais pacienciosas de gradientes e misturas de
tom no modelo. É direcionada para um estilo de pintura –
com camadas sequenciais de cores, construção lenta, e
progressiva dos tons, e tudo isso para se obter um efeito final
muito bonito, a custa do tempo que você precisa dedicar.
Pela própria formulação dela ser diferente, algumas técnicas
acabam não sendo indicadas para ser usadas com ela, como
por exemplo o Drybrush. Não é algo impossível de se fazer,
e um pintor experiente vai conseguir se virar.
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você possa ver onde seu calo aperta, e onde mora a sua
necessidade.
Secagem
Se formos considerar que estamos trabalhando com a tinta
acrílica a base de água, então a secagem merece uma
discussão um pouco mais dedicada: Esse tipo de tinta
basicamente seca em contato com o ar, e isso acontece mais
ou menos rapidamente de acordo com a umidade. Em dias
bons (tempo seco, quente, férias, dinheiro no bolso, e uma
música da sua preferência tocando), a tinta em poucos
minutos já vai estar numa consistência pastosa, e em outros
poucos minutos além vai estar seca ao toque. Isso facilita
nosso ritimo de produção, mas demanda alguns cuidados.
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Pincéis
Pare de Frescura
Um pincel é um palito com pelos mais caros ou mais baratos
na ponta. Você coloca tinta nos pelos do pincel, e espalha a
tinta em alguma superfície. Fim. Não tem nada além disso.
Pincéis estragam.
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Estaremos trabalhando com técnicas que não terão a
mínima dó do seu material, e não tem porque eu te
recomendar o pincel mais caro do mundo para algo
agressivo como um drybrush. O que precisamos de verdade
é ter um pincel que a gente possa pagar, e que ponha a tinha
onde precisa.
Ponta?
Sim. Ponta é a forma que o pincel
adquire uma vez que seus pelos
foram limpos e secos. É por ela que
a tinta entra em contato com a
miniatura. Normalmente, um pincel
maior e mais macio tem uma ponta
redonda e larga, enquanto que pincéis de precisão
apresentam uma ponta fina, que te permite chegar nos
detalhes das miniaturas, e manter seu controle, sem borrões.
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Em outras palavras, você não quer gastar dinheiro pra ficar
com isso aqui:
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Em tamanho quase real, para sua conveniência.
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consegue ser tão preciso como um 000, mas guarda mais
tinta dentro dele, te fazendo ganhar tempo.
Limpando Pincéis
Tinta acrílica a base de água é limpa com água.
Uma estação de trabalho feliz por fim, tem uma cara parecida
com isso aqui:
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E essa foto foi propositalmente mostrando uma caixa de pizza
como base, um pote de castanha como pote de água e meia
garrafa de plástico como porta pincel por um ótimo motivo:
Pintar não requer frescura. Apenas que você se mantenha
no seu objetivo, e não suje seus móveis.
Para os casados: O potencial de sujeira nessa hora é alto, e possui um risco perene
de tinta aguada colorida sair voando, e manchar alguma coisa. Não se empolgue.
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Bata: O pincel na borda do copo.
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Engatando a Segunda
Marcha
Já Gastei algumas páginas dessa apostila basicamente te
apresentando material, e pintar que é bom ainda não
aconteceu. Hora de mudar isso. Tudo o que eu fiz até agora
foi te apresentar um basicão para que justamente você
continue desse ponto em diante já com algum material
comprado, ou pelo menos com a lista daquilo que você quer
usar daqui pra frente, e isso é ótimo. Porém, mais importante
do que isso, é desse ponto em diante que eu quero enfatizar
uma coisa: Pelo amor de Deus, seja criativo.
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De novo: A idéia não é ensinar como eu faço, mas mostrar
como eu entendi essa coisa toda pra você ache o seu
caminho.
Iniciando os Trabalhos
Preparando um Modelo
Comprar o modelo, esperar um bilhão de dias, ficar com a
encomenda parada na receita, questionar suas escolhas nas
eleições, ter tudo encaminhado pro correio, que vai estar em
greve e vai atrasar seu pacote, para que só depois ele
chegue amassado, para que possamos então tirar tudo da
caixa rezando pra que nada tenha quebrado é apenas o
primeiro passo. Para que a nossa nova aquisição esteja
pronta para ser pintada, primeiro devemos preparar o
modelo. A forma como fazemos isso, e por uma série de
razões, tem a ver com os processos de fabricação que já
discutimos.
Linhas de Molde
Modelos são feitos em sua maioria injetando o material
fundido num molde de duas partes. Ao secar, e ter o molde
retirado, linhas ao longo da junção dos moldes pode ser bem
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evidentes. Chamamos isso de linha de molde. Retirar esses
moldes é primordial. Caso contrário, estaremos dando
destaque a um detalhe que não é do modelo, e que vai ficar
bem aparente, levando a um resultado ruim bem rápido.
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Ter o estilete alinhado nessa hora ajuda muito e te permite
chegar em detalhes bem profundos, sem estragar outros
detalhes da peça.
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Para resolver é fácil. Dê um bom banho na peça com água e
sabão, de preferência com uma escova de dentes velha pra
ajudar a limpar os cantinhos, e seque bem.
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Bolhas
As vezes a injeção no molde pode criar bolhas de ar no
modelo. Se esse é o seu infeliz caso, primeiro avalie o
tamanho da bolha: É suficientemente pequena a ponto de não
atrapalhar? Então basta um pequeno pingo de cola de cola
tipo bonder dentro, e deixe secar. Reboco instantâneo.
Agora se seu modelo está com uma falha mais grave, você
pode tentar duas opções: A primeira é entrar em contato com
o fabricante e pedir uma reposição – A Privateer Press têm
um sistema automatizado pra isso, e funciona muito bem! – ou
você morde a língua, e usa a oportunidade pra criar algo em
cima com Durepoxi ou Greenstuff, afinal, a gente nunca sabe
quando a inspiração vai bater.
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Pintar Montado, ou Montar Pintado?
Na ocasião do fim do mundo por desastre nuclear, duas
coisas vão sobreviver: Baratas, e este debate. Uns vão te
dizer que montar tudo te permite esconder todos os
remendos e pontos de cola com a pintura – o que eu
concordo, e outros dizem que pintar cada peça para depois
montar é melhor, pois podemos ter mais acesso para
detalhes que um modelo montado não deixaria – o que eu
também acho válido.
O Prime
Outro objeto de muita discussão - Prime (ou “primar um
modelo” em português macarrônico) é simplesmente aplicar
uma camada de preparação na peça que vai aderir no
material-base, e servir de superfície ótima para a tinta da sua
escolha. E por sí só, isso é um conceito incrivelmente
simples.
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1- Isso não é um prime. É uma tinta.
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Os detalhes dessa miniatura já eram. Você conseguiria pintar os olhos dela? E os
detalhes do torso da armadura?
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Tá bom, bonzão: Que Primer que eu tenho que
usar então?
Aqui no Brasil, eu indico duas marcas. A
primeira é o Acrilex Primer para Metais,
PET e Vidro branco:
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Outro produto nacional bem legal é o Primer
de Uso Geral Cinza Rápido da Colorgin.
Por se tratar de um spray, ele suja um bocado,
então não use ele na sala da sua casa. Porém,
ele é bem ágil de trabalhar e te permite fazer
o prime num batalhão todo em minutos.
Possui um acabemento e retração muito bons,
e é especialmente indicado para quem ainda
possui muitos modelos de metal, pois ele
adere muito bem e faz o serviço de aderência
na tinta de forma muito boa.
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Pintando Finalmente! –
Ou Quase Isso
Nossos modelos estão preparados, nossa estação de pintura
pronta, você conhece as tintas, as crianças estão no colégio.
Agora vai!
Quase.
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Observe também o tempo de secagem entre as demãos, e
procure entender a consistência da tinta. Você consegue
trabalhar assim? Você gostaria de diluir a tinta? Quanto? O
que você ganharia com isso? O que você perderia?
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Exercício #2: Melhorando a sua precisão
Pegue uma folha de papel e uma cor a sua escolha. Com o
pincel 000 ou o 2 para detalhes, coloque um pouco de tinta
no pincel, e trace uma linha reta no papel.
Das duas uma: Ou você fez uma linha reta, mas demorando
bastante, quase babando, ou a sua linha ficou tudo menos
reta. Isso é normal e não tem porque ficar envergonhado.
Então, tendo tudo isso em mente, trace linhas retas (ou quase
isso), na folha toda, frente e verso. Observe espaçamento e
sentido. Tente ser organizado, e ao final produzir um
resultado que seja visualmente agradável.
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Anote suas observações:
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3 Regras Básicas da
Pintura
Não importa qual linha de produtos você utilize, ou que
técnicas você use para chegar no seu objetivo. O que nunca
vai mudar é que um modelo nada mais é do que um conjunto
de relevos. Ou ainda, é um livro de colorir 3D.
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interessante e bem acabado. A maioria das bases dos
modelos são redondas, o que sugerem que eles giram em
jogo, ou em exposições. Toda figura é obviamente
tridimensional, e criar uma pose interessante é basicamente
brincar com os bits. Minha dica é imaginar que cada bit tem
um sentido (as retas vermelhas). Quando você for colar,
ocupe ao menos dois planos de maneira generosa. Nada de
braços levantados em poses monótonas. É um desafio. Se
você faz demais, todo modelo vai parecer uma franga
depenada, e se você não faz, o exército carece de variação,
e fica com cara de peça de jogo de tabuleiro.
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Tesão: Se você não sabe o que te move, não sou eu que
vou dizer. Mas eu sugiro que você comece ouvindo “Stay
Frosty” do Van Halen com a letra do lado.
O Basecoat
Expandindo no que eu disse acima, podemos resumir
qualquer modelo do mundo como um apanhado de relevos.
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Godofredo
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segundo que quanto mais camadas e espaços para se colocar
cor, mais dinamismo visual conseguiremos criar.
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“Por que você pintou o modelo todo” – Deve ser a sua
pergunta? Simplesmente porque a armadura baixa dele
toda é dessa cor. Notou como ele tem duas camadas de
armadura? Uma baixa, e uma decorativa, cheia de relevos?
Essa segunda camada vai receber outra cor posteriormente,
e não tem problema que ela seja suja agora. De modo que é
bem mais fácil começar a pintura “de dentro pra fora do
modelo”, ou seja: Começando pelas camadas mais internas,
nunca iremos borrar as camadas mais externas.
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O Wash
A segunda técnica básica é aquela que de fato aplica as
sombras do modelo, ou ainda a “camada negativa” se você
quiser soar como um cara chato. O nome dessa técnica é
Wash e basicamente consiste em aplicar um basecoat de
tinta diluída, num tom mais escuro que a do basecoat na
mesma área. Essa tinta idealmente escorre para as partes
baixas do modelo, e se acumula. criando esse efeito aqui:
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E como preparar um Wash?
Se você lembra da composição de uma tinta, então temos
uma mistura de veículo + cor. Simplesmente diluir a tinta com
água pode não dar muito certo, pois a água não
necessariamente vai reagir com os ingredientes de maneira
adequada. Além disso, água da torneira tem tensão
superficial, que faz com que a aplicação escorra, suje sua
mesa, e não pare no modelo. Existem então algumas dicas
para termos um bom Wash:
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Fazendo o Wash do Godofredo
O esquema de cor
que eu utilizo no
meu exército pouco
difere disso. Gosto
da combinação de
tons metalizados
acompanhado de
tecidos, ou uma
terceira cor de
quebra qualquer
como roxos e
vermelhos.
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não é bem assim não. Com um olho mais clínico, preste
atenção em como a luz incide no modelo:
As partes que eu
destaquei são
basicamente as
luzes (verde) e as
sombras (amarelo)
naturais que são
criadas pela
exposição nesta
cena. Pintar o
modelo tem então
muito a ver não
apenas em colocar a
cor certa, mas
saber decompô-la
em seções de
modo que a figura
finalizada tenha
um aspecto que dá
pra acreditar que
aquilo está vivo, e inserido no mundo de jogo.
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O Wash deve ser aplicado com um pincel macio, de
preferência dedicado apenas para isso, e sua ponta pode
ser bem aberta, justamente para abranger a miniatira toda,
e ser bem generoso:
Note como o wash vai cleareando a medida que ele "estica" por ser bem diluído.
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Percebeu como essa tinta diluída escorre para os cantos da
miniatura, ressaltando ainda mais os relevos, e criando essa
impressão de profundidade? Note também que a técnica
ainda preserva a cor do basecoat nas suas partes mais altas,
exatamente como na foto da armadura. A cor continua com
o prateado original, mas agora possuímos a sombra que
caracterizam as placas sobrepostas, ou mesmo o ambiente
que ela está inserida.
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Exercício #3
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Tridimensionalidade: O
Highlight
Se o wash é o responsável direto pela camada negativa, é o
highlight que é responsável por fazer os brilhos nas camadas
mais altas e mais aparentes dos modelos, ou ainda na
imagem anterior:
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Existe basicamente duas maneiras de se colocar highlight
numa miniatura, e elas são usadas de acordo com o pedaço
do modelo em que queremos atacar: O Layering, e o
Drybrush, e ambas devem ser compreendidas
adequadamente para que possamos criar em cima dessas
ferramentas.
O Drybrush
Exatamente o que você está pensando: Aplicação de tinta
com um pincel seco. Usamos essa técnica para de maneira
similar ao wash, não interferir no basecoat da miniatura e
concentrar um novo tom de tinta nos relevos mais aparentes
de um modelo. O Drybrush é uma técnica rápida de ser
aplicada, que garante efeitos muito bons, mas que demanda
alguma prática antes de sairmos aplicando em tudo.
Também, devemos atentar que ele faz bastante bagunça, e
deve ser usada com cuidado pra não interferir onde já foi
pintado.
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Drybrushando no Godofredo
Um Drybrush é basicamente o ato de se colocar tinta no
pincel:
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Para então “espanar” esse pó concentrado de tinta na nossa
miniatura.
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É óbvio que o trabalho não acaba por aqui, e ainda temos
muitos detalhes para mostrar, mas não saia daqui sem antes
entender como o Drybrush é poderoso:
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Exercício #4: Praticando Drybrush
Parece fácil, mas não é. O pulo do gato do Drybrush é que é
menos tinta no pincel do que você imagina. É preferível que
você aplique várias passadas de drybrush numa mesma
seção do que uma forte demais, ou com o pincel seco de
menos, e arruinar seu trabalho.
Facilidade de aplicação
Quando aplicar
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O Layering
Essa é a segunda forma de se construir o highlight, ou seja, a
camada positiva de um modelo.
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O segredo é justamente ir construindo as transições aos
poucos, dando um efeito colorido muito sutil e de muito bom
gosto, especialmente bonito nos metais.
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E no Godofredo?
No nosso modelo de teste, basicamente já temos toda a
armadura mais baixa dele pintada com as técnicas
anteriores. O Layering daqui pra frente é uma boa idéia
porque o drybrush apesar de possível vai fatalmente sujar
alguma área que já está pronta. Então, vamos adicionar mais
detalhes usando essa técnica, primeiramente com o basecoat
de um meio tom bronze e outro laranja em partes adjacentes:
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Deixando com esse aspecto final:
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O layering no final acaba por ser uma forma de se fazer
highlight que oferece resultados mais sutis, controlados e
bem acabados que o Drybrush, e fica especialmente bonito
em áreas onde os detalhes são finos, ou como no Godofredo,
partes onde a decoração precisa ser bem evidente.
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Para ajudar a ficar mais claro, eis mais alguns exemplos:
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Drybrush: Dois tons de cinza – um para basecoat e outro
para Drybrush é tudo o que você precisa para ter uma
pedra bem convincente:
Finalizando
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Exercício #5: Pintando Pedras Preciosas
Esse é um efeito decorativo muito bonito que pode ser
conseguido com as duas técnicas de highlight que vimos.
Uma gema, uma pedra preciosa é com certeza um tema muito
recorrente em modelos de fantasia, e finalizam qualquer bom
trabalho de pintura:
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Anote aqui então quais foram as suas preferências: Foi mais
fácil fazer através de layering, ou drybrush? Quais foram suas
dificuldades? Qual a diferença visual entre as duas técnicas?
Houve alguma diluição de tinta? Quais as tintas que você
gostou de trabalhar?
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Engatando a Terceira
Marcha
Finalizamos aqui duas noções básicas de pintura que vão te
acompanhar em qualquer modelo que você for fazer:
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Definindo um Esquema
de Cor
O seu maior inimigo é: Sem tesão você não pinta. Se você não
vê progresso, você gera desculpa. Com desculpas, a pintura
vai ficando pra trás, e quando você for ver, você gastou
dinheiro a toa.
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inteligente a fim de não perdermos o interesse sem antes
acabar o projeto.
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Para trabalharmos com a Roda, comece com a pergunta
básica: Qual é a cor predominante do meu exército? E
então encontre ela na roda. Com isso, basta agora olharmos
todas as combinações que conseguimos criando arranjos de
duas ou mais cores, sempre equidistantes:
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Tendo o vermelho como base, e dividindo o nosso esquema para ter quatro cores,
ficamos com o amarelo, laranja, roxo e azul como combinações possíveis.
Washes preto, sepia, marrom, roxo e azul são facilmente encontrados em sites de
wargaming.
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E agora cabe a você decidir se você prefere comprar esses
washes prontos, fazer a mistura com tinta a óleo, ou a partir
dos seus acrílicos de pigmento líquido. Você já deve ter uma
idéia da sua preferência se você já trabalhou em todos os
exercícios até agora.
Tudo o que você deve fazer agora é achar qual é a cor na sua liha favorita que mais
se aproxima dos resultados mostrados.
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Usando esse esquema de cor num projeto por exemplo:
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Sétimo: Linha de Produção.
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Recapitulando
Decida o que você quer pintar e vá atrás dos modelos
Com a tabela pronta, defina qual dia você vai fazer cada
passo, para todos os modelos que terão o mesmo
esquema de cor.
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Detalhamento
Veja – Essa apostila não vai exigir nem esperar que você
ganha um torneio de pintura ao final da sua leitura. Não é
isso. Mas ela tem tudo a ver com quebrar o trabalho
complicado em passos menores e mais gerenciáveis.
Para tanto, ainda é importante que falemos de detalhamento
nos nossos modelos.
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Vamos trazer o Godofredo novamente para darmos uma boa
olhada nele. E wlw está bem pintado, mas ainda não está
totalmente pronto. E isso é bem subjetivo: Vai ter um dia que
você vai pegar tua mini na mão, e achar que ela ainda não
rendeu tudo o que poderia.
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E um Wash de tinta turquesa.
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Da mesma maneira, temos a base do modelo, que precisa de
atenção: Ela não foi feita pra ser negligenciada, e deve
complementar o modelo. Para tanto, vamos colocar um
terreno gramado. Primeiro, cola branca:
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Aplicamos no modelo salpicando como quem salga um bife.
Ainda com a cola fresca, adicionamos mato alto:
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Claro que: O que é um bom basing para mim pode não ser
para você, e para um modelo desses, pode ser do seu
interesse querer criar algo como uma rua, uma floresta, ou
mesmo uma base mas abstrata. Seja como for, o importante é
pensar que a base é a moldura da miniatura, e deve ser
tratada como um complemento de um belo trabalho:
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Palavras Finais
Se você chegou até essa seção, saiba que eu não espero que
você saia pronto para pintar sua obra prima. Não agora.
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Material de Apoio: Roda
de Cores
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Material de Apoio:
Tabela de Planejamento
de Esquema de Cores
Parte Cor Técnica Dia
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Agradecimentos
Primeiramente para minha esposa, que não só aguentou a
barra para que eu pudesse finalizar esse projeto, como
ajudou e me apoiou nas horas que eu pensei em desistir – eu
APAGUEI o arquivo com meia apostila escrita a meses atrás
por puro mind fart e se não fosse ela, eu não teria feito tudo
de novo. Ela é sensacional, e é bom que isso fique registrado.
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