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Fasciculo 4 PDF
Fasciculo 4 PDF
mediadores de leitura
LEITURA E
Cultura
Tadeu Feitosa
Gra
tui
to!
4
FASCÍCULO
QUANDO O NADA DÁ
LUGAR AO ALGO
Uma das coisas que mais impressionam o visual. Nós codificamos o mundo pelos
os estudiosos é por que os seres huma- sinais, pelos signos comunicantes. Logo, o
nos são tão iguais quanto à constituição mundo é um livro que precisa ser lido, en-
física e tão diferentes quanto aos modos tendido, decodificado, comunicado, infor-
de se comportarem. Você discorda? Pois mado, noticiado.
veja: todos eles pensam, sonham, choram Este módulo, portanto, demonstrará
e riem. Até aí nenhuma novidade, não é? que é na cultura e pela cultura que nós
Pois bem, são iguais na forma, mas com- inventamos o mundo, que nós o escreve-
pletamente diferentes quanto aos sonhos, mos, o construímos simbolicamente. Ora,
às sensações, aos comportamentos, aos se inventamos o mundo pela cultura, é
valores, aos sentimentos e sentidos. E sa- claro que é por ela e com os olhos dessa
bem por quê? Porque os seres humanos cultura, que lemos o mundo e seus misté-
são diferentes em cultura. rios. Assim, além de a leitura ser um con-
Neste fascículo vamos fazer uma via- dicionamento cultural, a cultura também
gem sobre essa coisa chamada cultura. é uma leitura, uma interpretação, um pro-
Vamos saber por que criamos, atualiza- cesso de entendimento.
mos e reformulamos nossas culturas; o Em outras palavras, aqui, relacionare-
motivo de darmos sentidos e significações mos leitura e cultura, a fim de ampliar-
aos nossos cotidianos e tradições; as mui- mos o nosso entendimento sobre o que
tas formas de representarmos o mundo à vem a ser colocar o “algo” onde antes im-
nossa volta, a vida e os infinitos sentidos perava o “nada”.
que damos a isso. Vixe, quem disse que complicou? Calma
Após transitarmos pelo universo fantás- aí... Vamos ler o mundo da cultura?
tico e infinito da cultura, vamos perceber E se você ainda não se inscreveu em
que ela cria para nós um grande livro em nosso curso, ainda pode fazê-lo. E se está
branco, que preenchemos de gestos, vo- inscrito e está gostando, não deixe de com-
zes, sons, letras, palavras, frases e sentidos partilhar com seus colegas e amigos:
vários, todos diversos, diferentes quanto
às simbologias que inventamos para en- ava.fdr.org.br
tender o mundo e nos entender dentro
dele. Sim, o mundo é um livro em perma-
nente escritura, gestualidade, sonoridade.
No mundo escrevemos e inscrevemos o
oral, o verbal (e também o não verbal) e
PUXANDO
turas, em seus entendimentos de mundo,
em representarem suas vidas e seus mun-
PROSA
dos, a partir de seus pontos de vista.
EURECA! Agora eu entendi: se as três na-
ções eram diferentes em cultura, fica claro
que todas as outras nações, todos os outros
povos, todas as outras gentes, as diversas Você já parou para pensar na cultura
etnias, como elas três, também têm as suas ou culturas que há nos espaços em que
próprias culturas, um “jeito de ser e fazer você habita? De que modo a cultura
distinto”, e nenhuma é inferior ou superior à está presente na mediação da leitura?
outra. Todas constroem o algo para pôr no
lugar do nada.
DESAFIO
a ver com o imaginário, sabia? Ele se pro-
longa nas narrativas de um povo, na sua
memória e tradição. Mas entender isso e o
que liga a cultura à leitura requer conhe-
É por isso que os gestos, as palavras, os cer alguns conceitos que trataremos aqui.
comportamentos e seus respectivos senti- Em primeiro lugar, precisamos saber Será que existe uma cultura
dos sempre vão depender dos contextos. que não existe cultura sem um tempo e superior a outra? Por que os
Lembra-se do que falamos a respeito do um espaço que a defina. Um dos princi- portugueses quando invadiram as
choro dos bebês? Há o choro de fome, de pais espaços da cultura e também uma terras brasileiras tentaram mudar
medo, de dor, de zanga, o manhoso. Todos de suas marcas fortes é o cotidiano. É os hábitos e costumes, inclusive as
carregados de sentido e que precisam ser nas relações com o outro que os huma- crenças indígenas?
lidos, interpretados. nos constroem seus significados e senti- Por que os brancos durante muito
Pois sim. Há uma relação bem clara en- do. Tecer sentidos coletivos fortalece o tempo, e ainda hoje, veem com
tre o imaginário e seus sentidos. O antro- ser humano, sua vida e as relações so- desconfiança os rituais da Umbanda?
pólogo François Laplantine (1997) traz uma cioculturais necessárias para se orienta- Pesquise costumes e hábitos de
excelente reflexão sobre o que é esse imagi- rem no mundo. As vivências e experiên- outros países e povos e reflita sobre a
nário. Para ele, trata-se de um processo hu- cias humanas são tecidas, inventadas e sua cultura e o espaço que as define.
mano de criação de imagens, de modelos reinventadas nos seus cotidianos, onde
criados pela mente humana. Transmitido se constroem seus códigos culturais, seus
de geração a geração e utilizado como me- símbolos e simbolismos.
PARA
dos pilares anteriores citados acima. Como
os demais, os patrimônios também têm
REFLETIR
seus sentidos. Assim, todas as coisas mate-
riais ou imateriais que nos chegam do pas-
sado vem carregado de sentidos desse pas-
sado. É preciso ler e entender esse passado
e as marcas deixadas por ele se nos apre-
Mas você pode nos perguntar: sentam como bens materiais e também
o que é o patrimônio e o que ele simbólicos daquelas culturas. Dos utensí-
tem a ver com a cultura? lios ancestrais mais simples àqueles que
receberam da técnica um aprimoramento,
como as edificações, tudo se configura em
um bem cultural, bem simbólico, num patri-
mônio. Temos o Patrimônio Material e o
Patrimônio Imaterial. Os patrimônios são
excelentes fontes de informação e leitura.
PARA ALÉM
DO TEXTO
Por meio deles podemos entender culturas,
decodificar tradições, revelar memórias e
entender imaginários culturais dos mais di-
versos povos. Há uma ligação afetiva e sim-
bólica dos sujeitos com seus monumentos. Segundo artigo 216 da
Portanto, lê-los nos faz descobrir os misté- Constituição Federal, configuram
rios simbólicos de onde eles provêm. patrimônio “as formas de expressão;
Por fim, mas absolutamente misturada os modos de criar; as criações
aos outros pilares aqui citados, temos a his- científicas, artísticas e tecnológicas;
tória, que narra, que estuda, que interpreta, as obras, objetos, documentos,
que dá ciência aos fatos, que estabelece re- edificações e demais espaços
lações entre isso tudo e, por excelência, faz destinados às manifestações
a leitura do tempo, das pessoas, das suas artístico-culturais; além de
relações, das suas trajetórias. conjuntos urbanos e sítios de valor
E também a história recebe da cultu- histórico, paisagístico, artístico,
ra as suas influências. Não por acaso, os arqueológico, paleontológico,
historiadores pertencem – via de regra – a ecológico e científico.”
paradigmas investigativos que sofrem as in-
fluências dos culturais contextos históricos
onde nasceram.
Este fascículo é parte integrante do Programa Fortaleza Criativa, em decorrência do Termo de Fomento celebrado entre a Fundação Demócrito Rocha e a Secretaria Municipal da Cultura
de Fortaleza, sob o nº 05/2018.
Todos os direitos desta edição reservados à: EXPEDIENTE: FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA (FDR) João Dummar Neto Presidente André Avelino de
Azevedo Diretor Administrativo-Financeiro Raymundo Netto Gestor de Projetos Emanuela Fernandes
Analista de Projetos Tainá Aquino Estagiária UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE Viviane Pereira
Fundação Demócrito Rocha Gerente Pedagógica Luciola Vitorino Analista Pedagógica CURSO FORMAÇÃO DE MEDIADORES DE LEITURA
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Cep 60.055-402 - Fortaleza-Ceará Emanuela Fernandes Assistente Editorial Amaurício Cortez Editor de Design e Projeto Gráfico Marisa
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