NEM-Novo Ensino Médio / FMT-Formação para o Mundo do Trabalho

ELETIVAS 2 / Tema Integrador:“Educação Patrimonial: Memória e identidade.”

A RELAÇÃO ENTRE A CULTURA E A ARTE: Expressões da identidade e preservação da memória

de um povo.
Prof. Manoel Ramos / Filosofia
Bibliografia: Adaptação, Filosofando – Introdução à Filosofia, ARRUDA ARANHA E PIRES MARTINS, Mª
Lúcia e Mª Helena.

A CULTURA “Cultura Universal” a ser seguida, mas culturas nas

suas múltiplas faces espaços-temporais. Diante da
01-Considerações iniciais: Diversidade do uso do diversidade histórica, não é possível se afirmar que
termo: um povo tem cultura superior a outro ou que é menos
O termo cultura tem uma série de significados ou mais adiantado culturalmente.
diferentes, embora próximos, o que causa muita
confusão conceitual e dificuldades.
No uso do chamado Senso Comum a palavra
cultura assume diversos significados: como erudição
que se refere ao grande acumulo de conhecimento
que um indivíduo é capaz de adquirir durante a sua
existência. Como cultivo de uma planta ou espécies.
Cultura que pode designar certos ramos do saber e
do fazer humano: arte, ciência e filosofia.

(A atriz Leila Diniz escandalizou o Rio e o país ao ser

fotografada grávida de biquíni).

03-A Cultura como processo de União das

Pessoas:
A cultura, além de mediar a nossa relação com
o mundo, também age como elemento de união entre
certo grupo de pessoas que adotam os mesmos usos,
(O conhecimento científico é parte da cultura) costumes e valores e torna a vida segura e contínua
para a sociedade humana. Ela dá o sentido de
02-Buscando uma Definição: Senso Crítico. pertencimento, isto é, de fazer parte de
A partir dos Séculos XIX e XX, a noção de determinado grupo que, além da língua, divide
Cultura foi amplamente discutida por filósofos e também o vocabulário, o sotaque, os modos de vida,
cientistas sociais. A partir dessas discussões se os valores, etc.
tornou praticamente consenso admitir como definição
conceitual de Cultura a totalidade dos elementos
que compõem e configuram o modo de vida de um
grupo social – experiências, instrumentos,
instituições, crenças, artes, técnicas,
conhecimentos, valores costumes, normas.
Assim, do ponto de vista antropológico o termo
“cultura” se refere a tudo que o ser humano faz,
pensa, imagina, inventa, porque ele é um ser
cultural. Não sendo capaz de viver somente guiado
pelos seus instintos, ele é levado a construir
“ferramentas” que possam ajudá-lo a instalar-se no
mundo, a sobreviver, a desenvolver sua humanidade.
A essas “ferramentas” da-se o nome de cultura.
A cultura, no sentido etimológico, é o cultivo
(Multidão faz passeata em são Paulo contra morte do
do ser em seu processo de humanização: é a
universitário da Faculdade Cásper Líbero).
atribuição de significados ao mundo e a nós
mesmo, significados esses que são passados
A ARTE
adiante e modificados de acordo com as
necessidades de cada grupo. Portanto, podemos
01-O Sentido Estrito:
dizer que a cultura é histórica, ou seja, varia no tempo
Voltando ao problema do que é chamado
e no espaço. No tempo, de acordo com a época em
cultura, apelemos novamente para o senso
que se vive. No espaço, conforme o lugar em que
comum: é só abrir o jornal e ler o caderno de
vivemos ou nos encontramos. Logo, não há uma

cultura para entendermos o uso que se faz dessa
palavra. O termo cultura, em sentido restrito,
diz respeito à produção ligada às diferentes
práticas artísticas, ou seja, às manifestações
que façam uso das linguagens artísticas,
sejam populares ou eruditas.
Ex.
(Boi Bumbá) (Monalisa)
Essa produção tem uma característica
muito interessante: existe independentemente
de relações utilitárias ou práticas. Um templo
grego ou uma igreja gótica tem valor que vai além
da função prática de abrigar as práticas religiosas.
Eles aparecem, figuram entre as coisas do mundo
e se apoderam de nossa atenção, de nosso
sentimento, comovendo-nos, revelando
significados internos que são atualizados a cada
geração.
Por isso, muitos autores reservam o
termo cultura para designar as artes cujas
características serão examinadas mais
profundamente à frente.
Assim sendo, a Arte é uma forma de
o ser humano expressar suas emoções, sua
história e sua cultura através de alguns valores
estéticos, como beleza, harmonia, equilíbrio.
A arte serve para o ser humano expressar seus
sentimentos, pensamentos e convicções. A
intenção do homem perante a arte, naturalmente,
varia de acordo com o contexto em que seu autor
está inserido.
A arte pode ser representada através
de várias formas, em especial na música, na
escultura, na pintura, no cinema, na dança,
entre outras. O conjunto desse acervo forma o
que chamamos de patrimônio cultural.
02-As Diferenças entre Arte e Cultura:
Segundo Teixeira Coelho, a Cultura é a
criação coletiva dirigida para a comunidade,
reforçando seu modo de ser.
Já a Arte, ao contrário, é uma criação
individual e dirigida para o indivíduo. Mesmo as
artes coletivas, como o cinema, o teatro, a dança,
são autorais, isto é, revelam a visão de um criador
ou diretor.
A cultura é uma necessidade, pois
para viver em sociedade é necessário aprender
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a cultura local: a língua, os modos de vida, os
valores, etc. Já a arte não é necessária para a
vida humana. Pode-se viver sem arte. Ninguém
é obrigado a produzir e para quem ou desfrutar a
arte: ela é um privilégio para quem a faz a aprecia,
uma vez que é fruto de um desejo forte e intenso.
A cultura é útil para instrumentalizar os
indivíduos a viver em sociedade, a enfrentar novos
desafios. A arte, por sua vez, é gratuita, ou seja,
transcende todo e qualquer fim que se proponha
para ela. Ela amplia a esfera da presença do
ser, enriquece o indivíduo, ajuda no seu
desenvolvimento propriamente humano.
A finalidade social da cultura é
reconfortar, tranqüilizar, permitir que o
indivíduo encontre o seu lugar. A cultura traz
estabilidade para a comunidade e para o
indivíduo. Integra o social a si mesmo e cada um
ao coletivo. Segundo Teixeira Coelho, “a cultura
cuida do outro”, dá a ele identidade. Já a arte, é
uma obra de risco, envolve o jogo que
desestabiliza, desintegra tanto quem a faz
quanto quem a recebe. Ela não cuida do outro.
A arte incomoda.
A cultura quer descobrir uma verdade
oculta. Uma vez descoberta, ela se perpetua: está
presa a tradição, a repetição. Por exemplo, a
identidade nacional, a identidade desta ou daquela
região ou grupo não pode ser alterada sob pena
de se perder. A arte, por sua vez, é uma invenção
de algo que não existia antes, portanto, não está
presa à tradição e não pode se repetir. Por isso, a
cultura é sempre narrativa, conta histórias, resolve
problemas, seja o estabelecimento de hábitos,
costumes ou dos mitos de origem. A arte não
narra, apresenta um fragmento que coloca
problemas em vez de resolvê-los.
A arte é, sem dúvida, uma pequena parte
da cultura, entendida aqui em seu sentido
antropológico, mas uma parte privilegiada, fruto do
desejo e acolhida pelo sentimento, livre de
obrigações, dos deveres a serem cumpridos.
Ninguém é obrigado a fazer arte ou a gostar de
arte.
A cultura aponta para o mundo como
ele é como hábitos, costumes, valores que nos
aproximam dos outros indivíduos do grupo.
A arte aponta para possibilidades do mundo,
tira-nos dos hábitos, rompe os costumes, propõe
outros valores.
A arte nos faz entender e ampliar aquilo
que somos porque passamos a ver o mundo e a
nós mesmos sob luzes diferentes. Ela afina nossa
sensibilidade: ensina a ter aguda percepção dos
estímulos que vêm dos nossos sentidos e a
relacioná-los com conteúdos próprios – nossas
lembranças, vivências pessoais e informações que
já temos – e com o mundo em que vivemos.
A arte, enfim, é uma ocasião de prazer
porque nos oferece a compreensão profunda do
mundo e de nós mesmos.
Portanto, tanto a cultura quanto a arte são
expressões de vida de uma sociedade, e contribuem
para o seu desenvolvimento e consolidação.