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HISTÓRIA
Quando nos propomos a abordar o conceito de Cultura e a buscar uma definição sobre sua
origem, natureza e surgimento, deparamo-nos com a ausência de uma resposta definitiva. Na
verdade, a inexistência de uma certeza absoluta é evidente, especialmente considerando a
constante evolução do ser humano, conforme anteriormente observado. Então podemos pensar:
Ora! A cultura então, de certa forma, pode ser considerada uma manifestação intrínseca de nós
mesmos? A resposta é sim.
A Cultura pode ser entendida como uma manifestação intrínseca do ser humano. Nos
primórdios da sociedade, a necessidade de comunicação surgiu à medida que os seres humanos
passaram a conviver em grupos. Essa necessidade comunicativa abrangia desde alertas sobre
perigos até a expressão da própria cultura e sentimentos. Um exemplo notável desse processo
ocorreu durante o período paleolítico, conhecido como o período do descobrimento. Nessa fase,
os seres humanos começaram a "dominar" a natureza, fabricar tecidos a partir de peles de
animais, utilizar o fogo para aquecimento e desenvolver a linguagem como meio de
comunicação. Até então, expressões faciais e gestos corporais eram os principais meios de
comunicação, evidenciando-se também nas artes rupestres como uma forma primitiva de
interação cultural.
A Cultura está em toda manifestação de sentimentos. Ao analisar uma obra artística, meu foco
inicial recai sobre as cores empregadas, seguido pela própria composição. Entretanto, o que
muitas vezes permanece subentendido na obra são os sentimentos do artista ali inseridos. O ato
da pintura representa o ápice da liberdade para o pintor, proporcionando-lhe um meio de
desabafo. Isso é evidente na obra “A Noite Estrelada” de Van Gogh. À parte de convicções
religiosas, Van Gogh expressava abertamente que, quando sentia a necessidade de religião, saía
durante a noite para pintar as estrelas. Dessa maneira, para o artista, “A Noite Estrelada” pode
ser interpretada como o ponto culminante de um conflito interno entre sua sanidade e delírio,
entre sua fé e seu dom artístico.
A prática da dança é empregada pelo ser humano como meio de representar sua humanização
nas interações com a natureza, a religião e a sociedade. A execução da dança ocorre em um
instante singular, tornando-a irreprodutível. Cada passo adotado nesse momento específico é
singular e, de forma inconsciente, manifesta os sentimentos experimentados pela pessoa que guia
a coreografia naquele exato momento.
A música desempenha um papel significativo na cultura, sendo uma expressão artística que
reflete e influencia valores, tradições e sentimentos de uma sociedade. Ela é uma forma de
expressão cultural única que transmite emoções, experiências e narrativas que são específicas de
determinado grupo ou comunidade. Traz consigo, na maioria das vezes, histórias. Assim como
nas artes, os artistas desabafam, aqui também, os compositores a utilizam como esse meio de
desabafar. Nesse contexto, músicos utilizam-na como meio de manifestar seus sentimentos,
sejam eles de contentamento ou melancolia. Além de sua dimensão emotiva, a música também
desempenha um papel na preservação de tradições ou na abordagem de eventos históricos em
determinadas composições.
Podemos fazer menção à composição musical intitulada "Cálice", da autoria de Chico Buarque
e Milton Nascimento, datada do ano de 1973, porém publicada somente em 1978. O título da
obra apresenta uma notória afinidade com a expressão "Cale-se", evocando, portanto, o contexto
da Ditadura Militar, período marcado pela prevalência da censura. Esta composição emerge
como um veemente apelo contrário às restrições censoras vigentes na época.
Por mais que a Cultura não tenha uma definição, propriamente dita, há o significado em si. A
palavra “Cultura” vem do latim cultūra baseado no adjetivo cultus (ˈkʌltəs) , referindo-se ao
individuo cultivado no contexto do conhecimento reunido e/ou comportamento apropriado.
Segundo o historiador Alfredo Bosi, a palavra “Cultura” advém da palavra Colo, que significa
em latim “eu moro, eu cultivo”. Inicialmente, a palavra designava-se apenas às práticas
relacionadas ao cultivo, e posteriormente, passou a se referir às ideias e tradições de um povo. A
ampliação do conceito de cultura surgiu da prática ancestral de enterrar os antepassados no solo
utilizado para cultivo, atribuindo à palavra o significado adicional de cultivo das tradições, dos
ritos e identidade de um povo.
Sidney Mintz, no decorrer do texto: “Cultura: uma visão antropológica”, O autor delineia
diversas perspectivas sobre cultura, conforme dita por antropólogos e estudiosos. Ele enfatiza
que, embora certas concepções estejam solidificadas, ainda nos encontramos distantes de uma
definição concreta acerca do que constitui cultura. Essa abordagem resulta em uma definição
diversificada e indeterminada. Mintz finaliza: