Você está na página 1de 2

ARQUITETURA E URBANISMO

CULTURA, SOCIEDADE E DIREITOS HUMANOS


PROFESSORA: RAYANA CUNHA
CENTRO UNIVERSITÁRIO UNIFACEMA

ADV 1: ATIVIDADE DISCURSIVA 01

ACADÊMICA:
TALIA DOS SANTOS FREITAS
Conceito de cultura a partir do vídeo: o que é Cultura, da filósofa
brasileira Marilena Chauí

A obra de Marilena Chauí, "O que é Cultura", é um convite profundo à reflexão sobre o conceito e a dinâmica da cultura
em nossas sociedades. A partir de uma perspectiva que transcende a visão limitada da cultura como mero acúmulo de
conhecimentos ou práticas rituais, Chauí nos conduz a uma compreensão mais ampla e complexa desse fenômeno que
permeia todas as esferas da vida humana.
Para a filósofa brasileira, cultura é cuidado, é relação com o ausente por meio de símbolos. Ela nos lembra da origem
etimológica da palavra "cultura", derivada do verbo latino "colere", que significa cuidar. Assim como cuidamos da terra na
agricultura e dos deuses no culto religioso, cuidamos também das crianças, das relações sociais e das construções
simbólicas que dão sentido à nossa existência. Cultura, portanto, é a capacidade dos seres humanos de se relacionar com
o tempo, de pensar o presente, o passado e o futuro, de definir valores e perceber o mundo ao nosso redor.
Nesse contexto, Chauí destaca dois elementos fundamentais na formação da cultura: a linguagem e o trabalho. Através
da linguagem, tornamos presente o que está ausente, expressamos nossos pensamentos e emoções, transmitimos
conhecimentos e valores. Já o trabalho, por sua vez, é o meio pelo qual transformamos a natureza, fazendo surgir no
mundo o que antes não existia. Assim, tanto a linguagem quanto o trabalho são formas de produção simbólica que
constituem a base da cultura.
No entanto, é importante ressaltar que a cultura não é uniforme nem homogênea. Nas sociedades divididas em classes,
ela assume diferentes formas de realização e sentido. Surge então a distinção entre cultura popular, produzida pelas
classes populares, e cultura erudita, produzida pela elite intelectual. Esta divisão muitas vezes leva à apropriação e
diluição de aspectos culturais, resultando na cultura de massa, que transforma o conhecimento em entretenimento e
diversão, diluindo sua complexidade e profundidade.
A cultura popular, para Chauí, é tanto resistência quanto conformismo. Por um lado, é a maneira pela qual as classes
populares defendem seus valores, tradições e formas de vida, criando suas próprias expressões culturais e resistindo à
imposição da cultura dominante. Por outro lado, é também uma forma de conformismo, na medida em que é absorvida e
manipulada pela cultura de massa, perdendo sua autonomia e originalidade.
No entanto, mesmo diante das pressões da cultura de massa e das ideologias dominantes, Chauí destaca a importância
da consciência popular. Esta consciência, segundo ela, é uma consciência trágica, dividida entre o saber e o não saber,
entre a resistência e o conformismo. É a consciência da tragédia humana, onde os indivíduos sabem muitas coisas, mas
também desconhecem muitas outras, vivendo num constante estado de ambiguidade e contradição.
Assim, a cultura, em sua essência, é um campo de luta e resistência, onde diferentes grupos sociais buscam afirmar suas
identidades e valores frente às pressões da homogeneização cultural. É um processo dinâmico e complexo, marcado por
conflitos e negociações, onde o poder e a dominação se manifestam de maneiras sutis e muitas vezes invisíveis. Portanto,
compreender a cultura é mais do que conhecer suas manifestações superficiais; é também desvelar suas estruturas de
poder e suas relações de classe, gênero, raça e etnia que a atravessam e a moldam.

Você também pode gostar