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Boa noite.

Escrevi um pequeno texto para a ocasião, com medo de que a emoção

e a timidez me tomassem as palavras nessa hora. Vou ler para vocês:

Foi Adriane Garcia quem, em 2015, leu meu romance Associação Robert Walser

para sósias anônimos (vencedor do Prêmio PE de Literatura) e disse: “você deveria

escrever para crianças, tem o tipo de imaginação e humor que os pequenos leitores vão

gostar”. Porque é isso que as grandes mulheres fazem conosco: enxergam o melhor de

nós e nos empurram para a frente, na esperança de que não tropecemos. Até então eu nem

sabia que podia escrever para crianças. Eu nem mesmo achava que gostava de crianças

na época. E foi escrevendo O Cometa é um Sol que não deu Certo que descobri que podia

não apenas me comunicar com elas, mas gostar delas. Então, escrever O Cometa se

transformou em um longo processo de autoconhecimento. Aprendendo a me comunicar

com os pequenos, acabei me lembrando da criança que um dia eu fui. Com isso, me tornei

um homem melhor.

Enquanto escrevia, Iarinha, que na ocasião tinha doze anos, lia e comentava para

mim. Fiquei apaixonado por esse retorno. As crianças são no geral generosas, honestas e,

ao contrário do que podemos imaginar, são bastante assertivas. Iarinha dizia coisas do

tipo, anotadas a lápis no original: “isso aqui não funciona”, “desnecessário”, “tem um

erro de português aqui”, rsrs. Iarinha foi minha primeira leitora sensível, e minha

inspiração para escrever uma das principais personagens do livro, a menina Amal, que,

no Cometa, tem, abre aspas, “os cabelos tão vermelhos que lembram a cor da argila

úmida”, fecha aspas. Assim como os de Iarinha agora.

Ganhar o décimo terceiro Barco a Vapor, ganhar esse importante prêmio

promovido pela Fundação e Edições SM, foi o meu desejo desde o início de redação do

Cometa. A Adriane chegou a sonhar comigo recebendo o prêmio com uma camisa

vermelha. Não por coincidência, essa aqui que estou usando, rsrs. Rodamos uma tarde
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inteira até encontrar um modelo igual ao que ela tinha sonhado. Com isso estou querendo

dizer que estou realizando um sonho aqui hoje. O Cometa é um Sol que não deu Certo

traz uma profunda mensagem de amizade e esperança em tempos tão sombrios quanto o

nosso, e só uma editora do porte da SM pode fazer com que essa mensagem atinja o maior

número de leitores possível. Não tenho palavras suficientes para agradecer a Fundação e

a Edições SM por essa oportunidade. Obrigado.

Agradeço especialmente ao artista Apo Fousek, que transformou um simples livro

de cem páginas em uma verdadeira obra de arte. Obrigado.

E faço aqui um agradecimento especial, na pessoa da minha editora Graziela

Ribeiro dos Santos, a todos que trabalharam na edição do livro. Agradeço a Graziela em

especial pelo cuidado, sensibilidade, e extremo profissionalismo com que tratou meu

texto, melhorando-o consideravelmente.

E agradeço a Adriane Garcia por tudo, mas principalmente por ter me dado uma

família, a uma altura da minha vida em que eu imaginava que viveria sozinho para

sempre. Seu amor, Adriane, e as duas filhas que ganhei, Iara e Micaelle, são a razão da

minha vida, o meu tesouro mais precioso.

Estou aqui, princesa, vestindo a camisa vermelha do teu sonho. Não precisamos

mais acordar! Nós conseguimos!

Obrigado a todos!

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