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DISSERTAÇÃO DE MESTR ADO

A VA L I A Ç Ã O G E O T É C N I C A D E L A V R A
SUBTERRÂNEA DO CORPO SERROTINHO DA
M I N A C U I A B Á A T R A VÉ S D E M O D E L A G E M
NUMÉRICA TRIDIMENSIO NAL

AUTORA: KARINA JORGE BARBOSA

ORIENTADORES:

PROF. DR. FERNANDO M. CASTANHEIRO DA CRUZ VIEIRA

PROF. DR. RODRIGO PELUCI DE FIGUEIREDO

MESTRADO PROFISSIONAL EM ENGENHARIA GEOTÉCNICA DA UFOP


OURO PRETO, MARÇO DE 2011
ii
B238a Barbosa, Karina Jorge.
Avaliação geotécnica de lavra subterrânea do corpo serrotinho da Mina
Cuiabá através de modelagem numérica tridimensional [manuscrito] / Karina
Jorge Barbosa. – 2011.
xvii, 201f.: il., color.; grafs.; tabs.; mapas.

Orientador: Prof. Dr. Fernando M. Castanheiro da Cruz Vieira


Co-orientador: Prof. Dr. Rodrigo Peluci de Figueiredo.

Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal de Ouro Preto. Escola de


Minas. NUGEO.
Área de concentração: Geotecnia aplicada à mineração.

1. Geotecnia – Métodos de simulação - Teses. 2. Mineração subterrânea -


Teses. 3. Estabilidade estrutural - Teses. I. Universidade Federal de Ouro Preto.
II. Título.

CDU: 622.274:624.131.537

Catalogação: sisbin@sisbin.ufop.br
EPÍGRAFE

Ce qui sauve, c’est de faire un pas. Encore un pas.


C’est toujours le même pas que l’on recommence

Antoine de Saint-Exupéry (1939)

iii
DEDICATÓRIA

Ao avô Benedito Custódio,


homem memorável, exemplo de força e coragem. Tinha gosto de contar histórias sobre
duas grandes paixões: Nilta, sua inesquecível e sempre amada esposa; e suas andanças
desbravadoras e mágicas pelo Brasil imenso como condutor de trens, quando ser
ferroviário significava viajar na fronteira dos elementos, explorar sonhos fantásticos e
experimentar realidades incríveis.

iv
AGRADECIMENTOS
Este trabalho muito deve a apoios diversos recebidos ao longo de sua realização. Alguns
deles merecem menção especial.

Meus orientadores, Prof. Dr. Fernando Vieira e Prof. Dr. Rodrigo Figueiredo, pessoas
de elevado conhecimento na área de geotecnia relacionada à mecânica das rochas, por
sua dedicação, incentivo, clareza na exposição de idéias e contribuição técnica.

A família em geral, por todo o encorajamento, principalmente minha mãe, que sempre
me incentivou a novas conquistas, confiou no potencial dos filhos, mostrando-nos a
importância do estudo e do conhecimento para a obtenção do sucesso.

A gerência geral da Mina Cuiabá, por favorecer a concretização dos trabalhos de


modelagem numérica.

A equipe de geotecnia da Mina Cuiabá, pelo auxílio prestado nas atividades de campo,
disposição dos dados de mecânica de rochas e pronto atendimento no esclarecimento de
dúvidas.

A AngloGold Ashanti Brasil Mineração Ltda., empresa empregadora aurífera, pela


assistência financeira, logística e técnica no decurso do mestrado, da elaboração desta
dissertação e de sua publicação.

v
RESUMO
Nesta dissertação, vários desenhos de layout de lavra, aplicáveis aos ambientes de
mineração subterrânea de ouro na Mina Cuiabá, Brasil, são avaliados por meio de
modelagem numérica tridimensional, a partir do emprego do Método de Elementos de
Contorno, implementado em MAP3D. Para isso, expõem-se cenários técnicos,
conceitos, argumentos, justificativas e metodologias que substanciam a avaliação do
risco geotécnico das múltiplas variantes do método sublevel-stoping propostas. Assim,
pretende-se testar as condicionantes de desenho dos layouts, segundo princípios e
critérios geotécnicos estabelecidos. Determinam-se as condições de instabilidade nos
pilares e no hangingwall dos realces. As análises numéricas consideram as
características mecânicas do maciço rochoso nas áreas de interesse, incluindo a natureza
tridimensional do corpo de minério. As diferenças nas propriedades de resistência do
hangingwall e footwall (material relativamente mais brando) com relação ao corpo de
minério (material mais duro) são levadas em consideração; bem como o estado das
tensões pré-lavra e o aumento dessas tensões face ao aprofundamento da lavra. Os
modelos numéricos aplicados são calibrados com base em medições e observações de
campo que incluem: dados geotécnicos de classificação do maciço que expressam a sua
qualidade e integridade mecânica; resultados de medições da tensão in situ (orientação e
magnitude); observações visuais no campo das respostas do maciço face ao avanço da
lavra; resultados de laboratório; e a contribuição dos profissionais da área de geotecnia
da mina. Produzem-se análises e demonstra-se a aplicabilidade de critérios que inferem
o risco de instabilidade por representação probabilística de fatores de risco geotécnico,
espacialmente distribuídos nos domínios de análise. Identificam-se os limites de
confiabilidade dos modelos simulados. Analisam-se os resultados para todas as
variantes estudadas do método sublevel-stoping, considerando-se: os impactos da
profundidade de lavra na estabilidade dos pilares rib e sill; as consequências de induzir
maior rigidez no sistema de pilares; os impactos de aumentar os vãos de lavra; e ainda
os impactos de lavrar em ambientes geotécnicos distintos, relativamente mais
complexos. Em última análise, apresenta-se esta dissertação como uma contribuição que
apóia a proposição de integrar de forma mais abrangente as metodologias de
modelagem numérica nas atividades de planejamento e desenho de mina.

vi
ABSTRACT
Various layout designs applicable to the underground gold mining environments at the
Cuiaba Mine, Brazil, are evaluated by means of a tridimensional numerical modeling
approach, using a Boundary Element Method implemented within MAP3D. This
dissertation presents the arguments, technical scenarios, justifications, concepts and
methodologies that support an evaluation of geotechnical risk of multiple sublevel
stoping models proposed for such mine. The intention is to test the constraints of the
sublevel layout against pre-established geotechnical criteria and guidelines. The
instability conditions across pillars and stope hangingwall strata are determined. The
numerical analyses took into consideration the rock mass characteristics in the areas of
interest, including the tridimensional nature of the orebody. The different strength
properties of hangingwall and footwall rock materials, relatively weaker, with respect to
the strength of the ore material (more hard), were taken into consideration; as well as
the pre-mining stress environment and the variation of field stress with respect to depth.
Numerical models are calibrated using data from field measurements and the
information collected from field observations, which include: rock mass classification
data that express the quality and integrity of the rock mass; in situ stress measurement
results (prevalent orientation and magnitude); results from laboratory rock testing; field
observations of rock mass responses to mining; and lastly from the knowledge provided
by the geotechnical practitioners operating daily at the mine concerned. Data analyses
are produced while demonstrating the applicability of methodologies and criteria that
infer risk of instability through probabilistic representations of risk factors spatially
distributed within the domains of interest. The limits of accuracy of simulated models
are referred. The modelling results for all layout options of the sublevel stoping method
are analyzed, including: the impact of the depth of mining to the stability of rib and sill
pillars; the consequences of augmenting the stiffness of the pillar system; the impacts of
increasing the mining spans; as well as the impacts of stoping in geotechnical more
complex hangingwall strata. Lastly, this dissertation is presented as a contribution
supporting a proposition that there is need to integrate more widely the numerical
modeling methodologies into the activities of mine planning and mine design.

vii
LISTA DE FIGURAS
Página

Figura 1.1 Processo de desenho e otimização do layout para minimizar o risco


geotécnico (Read e Stacey, 2009) .............................................................. 10
Figura 1.2 Sequência de análise dos modelos de mecânica de rochas estudados ........ 11
Figura 2.1 Representação das tensões de equilíbrio num cubo representativo de
material rochoso ......................................................................................... 28
Figura 2.2 Exemplo de determinação do módulo de elasticidade, ET50, para uma
dada curva tensão-deformação ................................................................... 33
Figura 2.3 a) Conceitual de um ensaio de cisalhamento; b) Curva típica tensão
cisalhante-deslocamento ............................................................................. 34
Figura 2.4 Envoltórias de ruptura Mohr-Coulomb (pico e residual) ........................... 35
Figura 2.5 Representação de mecanismos empíricos sobre concentração de
tensões e quebras associadas ...................................................................... 40
Figura 2.6 Fatores A, B e C do índice N (Trueman et al., 1999) ................................. 42
Figura 2.7 Novos fatores A, B e C do índice N' (Potvin, 1988) ................................ 43
Figura 2.8 Ábaco de estabilidade, Potvin (1988) e Nickson (1992), para realces
sem suporte ................................................................................................. 44
Figura 2.9 Relaxamento estimado para escavações, em função de RH e N'
(Diederichs e Kaiser, 1999) ........................................................................ 45
Figura 2.10 Comparação entre o teto confinado e o HW relaxado. Limites
transladados para três níveis de tensão/tração (Diederichs, 1999) ............. 46
Figura 2.11 Comparação entre a zona de tração elástica acima do teto
(relaxamento devido à geometria complexa) e a mobilização prevista ...... 47
Figura 3.1 Esboço geológico regional do Quadrilátero Ferrífero e correlação
com o Cráton São Francisco (Modificado de Lana, 2004) ......................... 52
Figura 3.2 Dobra tubular com representação isométrica dos pacotes de BIF .............. 53
Figura 3.3 Seção do nível N11 mostrando a geologia, litologia e a posição dos
principais corpos de minério na dobra (Vial, 1980; Vieira, 1988) ............. 55
Figura 3.4 Vista isométrica dos domínios de lavra dos corpos FGS e SER, entre
os níveis N9 e N16, profundidade de 650 e 1200 m, respectivamente ....... 56
Figura 3.5 Método de medição de tensões com sobrefuração (overcoring) ................ 68
Figura 3.6 Seção longitudinal esquemática da mina com o layout dos acessos
principais .................................................................................................... 71
Figura 3.7 Realce típico lavrado com o método cut-and-fill na Mina Cuiabá ............. 73
Figura 3.8 Equipamentos utilizados no ciclo operacional da Mina Cuiabá ................. 74
Figura 3.9 Exemplos de deformação relativa, medida por MPBX; a) alta de
taxa; b) baixa taxa de deformação; c) pontos de quebra identificados
por filmagens no interior do hangingwall................................................... 79

viii
Figura 4.1 Descontinuidades causadoras de diluição na lavra a) laminas; b)
placas .......................................................................................................... 89
Figura 4.2 Estimativa de sobrequebra em realces abertos sem suporte (Clarke e
Pakalnis, 1997) ........................................................................................... 90
Figura 4.3 Estágios de quebra no entorno de uma escavação circular sobre
tensão (Read, 2004) .................................................................................... 92
Figura 4.4 a)Representação esquemática da quebra; b)Zona de quebra no raise
de ventilação do nível N14; c)Resultado da tensão principal máxima
no modelo; d) Resultado da deformação total ............................................ 94
Figura 4.5 Modelo-teste de calibração da lavra do corpo SER, nível N7 .................... 96
Figura 4.6 Resultados do modelo-teste de calibração a) deformação total; b)
fator de segurança ....................................................................................... 98
Figura 5.1 Modelo global tridimensional típico em MAP3D (vista frontal) ............. 101
Figura 5.2 Designação e termos referentes aos modelos simulados .......................... 102
Figura 5.3 Representação litológica da rocha encaixante a) tipo 1; b) tipo 2 ............ 104
Figura 5.4 Tensão vertical versus deformação axial para o teste de compressão
unidimensional ......................................................................................... 108
Figura 5.5 FS segundo o critério de Mohr-Coulomb ................................................. 115
Figura 5.6 Excesso de tensão no critério de Mohr-Coulomb ..................................... 115
Figura 5.7 Risco e distribuição de probabilidade FS ................................................. 118
Figura 6.1 Impacto da profundidade no modelo-teste colocado na profundidade
representativa do nível N18 a) fator de segurança; b) deformação
total ........................................................................................................... 123
Figura 6.2 Exemplo de distribuição de probabilidade e frequência do FS,
medida ao longo da potência nos rib pillars do modelo A1 ..................... 125
Figura 6.3 Distribuição transversal de FS nos rib pillars do modelo A1 para os
níveis N17 e N18 ...................................................................................... 127
Figura 6.4 Relações do risco de instabilidade nos rib pillars para dois modelos
sublevel , A1 e G1, em função dos vãos e da profundidade de lavra ....... 129
Figura 6.5 Distribuição transversal de FS nos sill pillars do modelo C1 com
vãos de 40 m e potência de 15 m; a) nível N14, z=-921 m; b) nível
N17, z=-1118 m ........................................................................................ 131
Figura 6.6 Distribuição transversal de FS nos sill pillars do modelo E1 com
vãos 40 m e potência de 15 m; a) nível N14, z=-921 m; b) nível N17,
z=-1118 m................................................................................................. 132
Figura 6.7 Relações do risco de instabilidade nos sill pillars para dois modelos
sublevel , C1 e E1, em função da largura dos rib pillars e da
profundidade de lavra, considerando vãos de lavra de 40 m .................... 134
Figura 6.8 Distribuição transversal de FS nos sill pillars para os modelos, níveis
e profundidades correspondentes; a) G1, N14, 921 m ; b) G1, N17,
1118 m; c)K1, N14, 921 m; d) K1, N17, 1118 m ..................................... 136

ix
Figura 6.9 Relações do risco de instabilidade nos sill pillars para dois modelos
sublevel , G1 e K1, em função da largura dos rib pillars e da
profundidade de lavra, considerando vãos de lavra de 70m ..................... 137
Figura 6.10 Relações do risco de instabilidade nos sill pillars para dois modelos
sublevel, C1 e G1, em função do vão de lavra, para a mesma
profundidade ............................................................................................. 138
Figura 6.11 Distribuição das deformações totais, dt , no hangingwall da lavra
entre os níveis N15 e N16; a) modelo A1, 25m de vão; b) modelo
G1, 70 m de vão ....................................................................................... 140
Figura 6.12 Probabilidade de ocorrência de deformação no hangingwall dos
modelos A1 de 25 m de vão, e G1 de 70 m de vão, mesma
profundidade ............................................................................................. 141
Figura 6.13 Probabilidade de ocorrência de deformação no hangingwall dos
modelos sublevel,G1 e G2, em função das litologias encaixantes, tipo
1 e tipo 2 ................................................................................................... 143

x
LISTA DE TABELAS
Página

Tabela 3.1 Classificação segundo o sistema Q de Barton para domínios .................... 63


Tabela 3.2 Ranqueamento das litologias típicas de Cuiabá, segundo o sistema
RMR de Bieniawski ................................................................................... 65
Tabela 3.3 Resumo dos ensaios de tensões in situ na Mina Cuiabá ............................. 70
Tabela 5.1 Geometrias dos modelos simulados ......................................................... 103
Tabela 5.2 Modelos com variantes na rocha do hangingwall e footwall ................... 105
Tabela 5.3 Propriedades do maciço rochoso SER ...................................................... 106
Tabela 5.4 Caracterização do estado das tensões in situ, pré-lavra ............................ 112
Tabela 5.5 Parâmetros de condicionamento dos modelos MAP3D simulados .......... 113
Tabela 6.1 Risco de instabilidade em função do vão de lavra, para
profundidades no hangingwall ................................................................. 142
Tabela 6.2 Risco de instabilidade em função de ambientes geotécnicos distintos
(tipo 1, tipo 2) ........................................................................................... 144

xi
LISTA DE SÍMBOLOS

Coesão do maciço rochoso ..................................................................................... c


Dano causado por detonação com explosivo ......................................................... D
Deformação total .................................................................................................... dt
Módulo de elasticidade ou módulo de Young........................................................ E
Fator de segurança ................................................................................................. FS
Aceleração da gravidade ........................................................................................ g
Índice de alteração das juntas................................................................................. Ja
Número de famílias de descontinuidades ............................................................... Jn
Índice de rugosidade das juntas.............................................................................. Jr
Índice de presença de água no maciço ................................................................... Jw
k razão entre as componentes σh e σv da tensão virgem ......................................... k
Número de estabilidade .......................................................................................... N
Número de estabilidade modificado ...................................................................... N’
Plunge da tensão principal σa (software MAP3D) ................................................. Pa
Trend da tensão principal σa (software MAP3D) ................................................... Ta
Trend da tensão principal σc (software MAP3D) .................................................. Tc
Deslocamento ........................................................................................................ u
Densidade da rocha ................................................................................................ ρ
Ângulo de atrito ou fricção .................................................................................... 
Deformação ........................................................................................................... ε
Tensão normal ........................................................................................................ σ
Tensão principal máxima ....................................................................................... σ1
Tensão principal mínima ........................................................................................ σ3
Componente horizontal da tensão virgem .............................................................. σh
Componente vertical da tensão virgem .................................................................. σv
Componente da tensão principal orientada mais próxima ao eixo y ...................... σa
Componente da tensão principal orientada mais próxima ao eixo x ...................... σb
Componente da tensão principal orientada mais próxima ao eixo z ...................... σc
Gradiente da distribuição das tensões nos respectivos eixos coordenados ............ σii
Tensão cisalhante .................................................................................................. τ
Tensão cisalhante de pico....................................................................................... τp
Tensão cisalhante residual...................................................................................... τr
Coeficiente ou razão de Poisson ............................................................................ υ

xii
NOMENCLATURA

Azimute ........................................................................................................... Az
Corpo de lavra Balancão (Mina Cuiabá) ......................................................... BAL
Método de elementos de contorno (Boundary Element Method) ................... BEM
Banded Iron Formation (formação ferrífera bandada) .................................... BIF
Deslocamento de descontinuidade ................................................................. DD
Método de elementos distintos (Discrete Element Method) ........................... DEM
Equivalente linear de sobrequebra/desplacamento (Equivalent Linear
ELOS
Overbreak/Slough) ..........................................................................................
Método de diferenças finitas (Finite Difference Method) ............................... FDM
Método de elementos finitos (Finite Element Method) .................................. FEM
Forças fictícias ............................................................................................... FF
Filito grafitoso ................................................................................................. FG
Corpo de lavra Fonte Grande Sul (Mina Cuiabá) ........................................... FGS
Footwall (lapa de uma escavação) .................................................................. FW
Corpo de lavra Galinheiro (Mina Cuiabá) ...................................................... GAL
Geological Strength Index (sistema de classificação de Hoek) ...................... GSI
Hangingwall (capa de uma escavação) ........................................................... HW
Metandesitos ................................................................................................... MAN
Metabasaltos.................................................................................................... MBA
Mining Rock Mass Rating (sistema de classificação de Laubscher) .............. MRMR
Onça troy, unidade de medida utilizada do ouro, 1 oz = 31,1035 g ................ oz
Índice Q (sistema de classificação de Barton) ................................................ Q
Risco geotécnico ............................................................................................. R
Raio Hidráulico ............................................................................................... RH
Rock Mass Rating (sistema de classificação de Bieniawski) .......................... RMR
Corpo de lavra Serrotinho (Mina Cuiabá) ....................................................... SER
Índices de tensões atuantes no maciço ............................................................ SRF
Resistência à compressão simples ................................................................... UCS
Dólar americano .............................................................................................. US$
Clorita-sericita-plagioclásio-carbonato-quartzo xisto ..................................... XS
Clorita-carbonato-quartzo-sericita filito com matéria carbonosa .................... X1
Quartzo-carbonato-sericita-xisto ..................................................................... X2
Modelo numérico bidimensional..................................................................... 2D
Modelo numérico tridimensional .................................................................... 3D

xiii
ABREVIAÇÕES

AGABM - AngloGold Ashanti Brasil Mineração, empresa de exploração de ouro, de origem


sul-africana e com doze anos de atuação no Brasil. Atualmente designada AngloGold Ashanti
Córrego do Sítio Mineração Ltda.

CAD – Computer Aided Design, desenho assistido por computador, nome genérico de sistemas
computacionais utilizados para facilitar o projeto e desenho técnicos.

DNPM - Departamento Nacional de Produção Mineral, órgão do Ministério de Minas e


Energia.

EMB - Economia Mineral do Brasil, relatório anual publicado pelo DNPM para analisar as
relações de oferta e demanda do mercado dos bens minerais no Brasil.

GRID – Planos-solução de análise dos modelos numéricos em MAP3D.

LOM - Life-Of-Mine, tempo de vida de uma mina.

MAP3D - Programa de elementos de contorno, baseado no método indireto de elemento de


contorno. Compreende o pacote tridimensional de estabilidade da rocha, usado para construir
modelos e realizar análise de tensão, deformação, fator de segurança, etc.

ROM – Run-Of-Mine, minério bruto obtido diretamente da mina sem sofrer nenhum tipo de
beneficiamento.

SCALER - Equipamento mecânico, móvel, com braço hidráulico extensível, capaz de exercer
esforços mecânicos na ponta, usado para saneamento de blocos soltos numa escavação de mina
subterrânea.

FLAC - Fast Lagrangian Analysis of Continua, programa de modelagem numérica que utiliza o
método de diferenças finitas na análise geotécnica; possibilita o comportamento não-linear dos
materiais (plastificação), bem como do maciço (grandes deslocamentos etc.).

MPBX - Multi Point Borehole Extensometer, extensômetro de hastes múltiplas utilizado com
15 m de comprimento na Mina Cuiabá.

SMART cable - Stretch Measurement to Assess Reinforcement Tension, combina a capacidade


de suporte de um cabo padrão de 7 tranças; 9,6 m de comprimento, no caso da Mina Cuiabá;
com um extensômetro miniatura de 6 fios.

xiv
SUMÁRIO
EPÍGRAFE ....................................................................................................................... III
DEDICATÓRIA .....................................................................................................................IV

AGRADECIMENTOS ..............................................................................................................V
RESUMO .......................................................................................................................VI
ABSTRACT ..................................................................................................................... VII
LISTA DE FIGURAS ........................................................................................................... VIII
LISTA DE TABELAS .............................................................................................................XI
LISTA DE SÍMBOLOS ......................................................................................................... XII
NOMENCLATURA ............................................................................................................. XIII
ABREVIAÇÕES ................................................................................................................. XIV

CAPÍTULO 1 : INTRODUÇÃO
1.1 O VALOR DO MINÉRIO E A SOFISTICAÇÃO DAS METODOLOGIAS EXTRATIVAS ......... 1
1.2 ENQUADRAMENTO DA MODELAGEM NUMÉRICA TRIDIMENSIONAL ......................... 5

1.3 APRESENTAÇÃO DO PROBLEMA E DO ESTUDO DE CASO ANALISADO ....................... 6

1.4 GEOTECNIA E MODELAGEM NUMÉRICA .................................................................... 8

1.5 OBJETIVOS DA DISSERTAÇÃO.................................................................................. 13

1.6 METODOLOGIA ADOTADA ....................................................................................... 15

1.7 ORGANIZAÇÃO DA DISSERTAÇÃO ........................................................................... 16

CAPÍTULO 2: REVISÃO: MODELOS NUMÉRICOS EM MECÂNICA DAS ROCHAS


2.1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 19

2.2 MÉTODOS COMPUTACIONAIS .................................................................................. 21


2.2.1 Método de elementos finitos (FEM) .................................................................. 22
2.2.2 Método de diferenças finitas (FDM).................................................................. 23
2.2.3 Método de elementos distintos (DEM) .............................................................. 24
2.2.4 Método de elementos de contorno (BEM) ......................................................... 25
2.3 FERRAMENTAS PARA ANÁLISE NUMÉRICA ............................................................. 26
2.3.1 Detalhes relevantes da formulação do método de elementos de contorno ......... 28
2.3.2 Características de um modelo elástico ............................................................... 31
2.3.3 Módulo de deformação (de Young) ................................................................... 32
2.3.4 Coeficiente de Poisson ....................................................................................... 33
2.3.5 Critério de ruptura Mohr-Coulomb .................................................................... 34
2.4 MODELAGENS NUMÉRICAS CONFIÁVEIS ................................................................. 36

xv
2.5 CONSIDERAÇÃO SOBRE CONCENTRAÇÃO DE TENSÕES EM ESCAVAÇÕES ............... 39

2.6 CONDICIONANTES EMPÍRICAS PARA O DESENHO DE ESCAVAÇÕES ESTÁVEIS ........ 40

CAPÍTULO 3 : MINA CUIABÁ


3.1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 48

3.2 HISTÓRICO DA MINA ............................................................................................... 48

3.3 ASPECTOS GERAIS DA MINA ................................................................................... 50


3.4 CARACTERÍSTICAS GEOLÓGICAS ............................................................................ 51
3.4.1 Geologia regional ............................................................................................... 51
3.4.2 Geologia estrutural ............................................................................................. 53
3.4.3 Geologia local .................................................................................................... 54
3.4.4 Petrografia.......................................................................................................... 56
3.4.5 Hidrotermalismo ................................................................................................ 58
3.4.6 Registros de sismicidade regional ...................................................................... 59
3.4.7 Hidrogeologia .................................................................................................... 60
3.5 ASPECTOS E CARACTERIZAÇÃO GEOTÉCNICA ........................................................ 60
3.5.1 Classificação geomecânica da Mina Cuiabá ...................................................... 61
3.5.1.1 Índice Q de qualidade da rocha ............................................................................. 62
3.5.1.2 Sistema RMR ......................................................................................................... 64
3.5.1.3 Índice de resistência geológica .............................................................................. 65
3.5.2 Características geomecânicas das rochas integrantes do maciço de Cuiabá ...... 66
3.5.3 Generalidades sobre o sistema de contenção aplicado....................................... 67
3.5.4 Estado das tensões in situ nos níveis N12 e N14 ............................................... 68
3.6 ASPECTOS OPERACIONAIS ....................................................................................... 70
3.6.1 Acesso à lavra subterrânea ................................................................................. 70
3.6.2 Método de lavra ................................................................................................. 72
3.6.3 Aspectos do ciclo operacional ........................................................................... 74
3.6.4 Monitoramento e instrumentação das reações do maciço .................................. 77

CAPÍTULO 4 : MODELOS NUMÉRICOS TRIDIMENSIONAIS DO CORPO SERROTINHO


4.1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 81

4.2 CARACTERÍSTICAS GERAIS DO CORPO DE MINÉRIO SERROTINHO ........................... 82

4.3 PROPOSIÇÃO PARA A LAVRA DO CORPO SERROTINHO ........................................... 84

4.4 DADOS PARA CONCEPÇÃO DE PROJETOS DE ESCAVAÇÕES DE MINA....................... 85


4.4.1 Definição dos vãos livres de lavra ao longo do strike........................................ 86
4.4.2 Quantificação da sobrequebra no hangingwall .................................................. 88
4.5 MODELOS DE CALIBRAÇÃO NUMÉRICA DAS REAÇÕES NO CORPO SERROTINHO ..... 90
4.5.1 Modelo-teste de calibração do raise N14 .......................................................... 93
4.5.2 Modelo-teste de calibração do sublevel N7 ....................................................... 94

xvi
CAPÍTULO 5 : ATRIBUTOS E CRITÉRIOS PROPOSTOS PARA AS SIMULAÇÕES NUMÉRICAS
5.1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 99

5.2 REPRESENTAÇÃO DOS LAYOUTS DE LAVRA SIMULADOS ....................................... 100

5.3 REPRESENTAÇÃO DAS CONDIÇÕES GEOLÓGICAS MODELADAS ............................ 103


5.4 PROPRIEDADES DOS MATERIAIS E CRITÉRIOS APLICADOS .................................... 105

5.5 MATERIAL DE ENCHIMENTO BACKFILL ................................................................. 107

5.6 DEPENDÊNCIAS RELATIVAS AO ESTADO DAS TENSÕES IN SITU ............................. 109

5.7 CONDICIONANTES DE SEQUÊNCIA DE LAVRA ....................................................... 112

5.8 CONDICIONAMENTO DOS MODELOS NUMÉRICOS E DISCRETIZAÇÃO .................... 113

5.9 CRITÉRIOS APLICADOS PARA MENSURAR INSTABILIDADE ................................... 114


5.9.1 Instabilidade segundo o critério do fator de segurança .................................... 114
5.9.2 Instabilidade segundo o critério das deformações totais .................................. 116
5.10 RISCO DE INSTABILIDADE REPRESENTADO EM TERMOS DE PROBABILIDADE ....... 116
5.11 LIMITES DE APLICABILIDADE DOS MODELOS SIMULADOS .................................... 119

CAPÍTULO 6: RESULTADOS E AVALIAÇÃO DA ESTABILIDADE DAS VARIANTES SUBLEVEL


6.1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 121

6.2 IMPACTO DA PROFUNDIDADE NA ESTABILIDADE DO MÉTODO SUBLEVEL ............. 122

6.3 PROCEDIMENTOS PARA O PROCESSAMENTO E REPORTAGEM DOS RESULTADOS .. 124

6.4 ESTABILIDADE DOS RIB PILLARS NAS VARIANTES DE SUBLEVEL-STOPING............. 127


6.4.1 Impacto do vão de lavra e da profundidade no risco dos rib pillars ................ 128
6.5 ESTABILIDADE DOS SILL PILLARS NAS VARIANTES DE SUBLEVEL-STOPING............ 130
6.5.1 Impacto da rigidez do sistema e da profundidade no risco dos sill pillars ...... 133
6.5.2 Impacto do vão de lavra no risco de instabilidade de sill pillars ..................... 135
6.6 INSTABILIDADE NO HANGINGWALL NAS VARIANTES SUBLEVEL-STOPING .............. 139

CAPÍTULO 7 : CONCLUSÕES GERAIS E SUGESTÕES PARA PESQUISAS FUTURAS


7.1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 145

7.2 CONCLUSÕES ........................................................................................................ 146

7.3 SUGESTÕES DE PESQUISAS FUTURAS .................................................................... 152

BIBLIOGRAFIA
ANEXO I : SELEÇÃO EMPÍRICA DE STEWART
ANEXO II : ÍNDICES DE MATHEWS E POTVIN
ANEXO III : DETALHES DOS MODELOS DE CALIBRAÇÃO
ANEXO IV : RESULTADOS ADICIONAIS DOS MODELOS SIMULADOS

xvii
1 Capítulo 1 : Introdu ção

Capítulo 1

INTRODUÇÃO

1.1 O VALOR DO MINÉRIO E A SOFISTICAÇÃO DAS METODOLOGIAS EXTRATIVAS

Neste capítulo, de princípio e em termos bem gerais, far-se-á a contextualização da


evolução econômica da indústria mineira de produção aurífera nas últimas décadas. A
esse breve tópico inicial, seguirá, de forma restrita, a exposição sobre a importância do
tema central desta dissertação e sua relevância técnica. O assunto aqui desenvolvido é a
aplicação de técnicas de modelagem numérica tridimensional para definição das
condicionantes geotécnicas necessárias à extração de um corpo mineral aurífero numa
mina subterrânea localizada no município de Caeté, Minas Gerais, Brasil.

O mais recente relatório do Departamento Nacional de Produção Mineral sobre a


economia mineral do Brasil (DNPM, 2009) mostra os impactos significativos da
indústria produtora de ouro na geração de riquezas. Em nível mundial, a cotação de
mercado do ouro produzido entre os anos de 1990 e 1996 apresentou modesta
volatilidade, posicionando-se entre 340 e 400 dólares por onça (US$/oz). A partir de
1997, houve um declínio significativo no preço spot do metal que, em 1999, chegou a
registrar o valor de US$ 253/oz. As sucessivas baixas nas cotações do ouro, por um
período relativamente longo, exerceram pressões diversas sobre a indústria aurífera,
forçando o encerramento de inúmeras pequenas e médias empresas do setor, em todo o
mundo. As empresas de grande porte viram-se obrigadas a submeter-se a processos de
consolidação, através de fusões, incorporações e aquisições entre concorrentes, no
sentido tanto de otimizar e flexibilizar modelos produtivos e econômicos quanto de
integrar processos com vista à redução de custos operacionais para assegurar
sustentabilidade. A partir de abril de 2002, as cotações do ouro no mercado voltaram a

1
posicionar-se acima dos US$ 300/oz. Uma sequência de altas possibilitou que, no final
de 2007, o metal já estivesse cotado a US$ 840/oz, desencadeando-se uma redefinição
global dos recursos minerais disponíveis. Com isso, deu-se uma maior concentração de
reservas e, um maior valor econômico, o que provocou uma corrida para o aumento das
capacidades produtivas instaladas e uma tentativa de elevação dos volumes de
produção. Nesse período, os principais grupos internacionais consolidavam mais de 1/3
da oferta aurífera primária mundial. Especificamente, os três grandes grupos
multinacionais sul-africanos, AngloGold Ashanti, Gold Fields e Harmony Gold Mining,
acumulavam 14,7% da produção global de ouro. Contudo, esse aumento significativo de
valor no mercado não correspondeu ao aumento da produção total de ouro, quer dizer, o
aumento da oferta do metal no mercado mundial manteve-se praticamente estável no
período entre 1995 e 2007, apresentando uma taxa média de crescimento anual ínfimo,
da ordem de 0,88% ao ano.

No cenário nacional, diferentemente do que ocorreu em outros países, na década de


1980, a produção de ouro atingiu seu auge graças à extração dos garimpos, que
responderam por até 90% da produção. Em 1988, o país produziu o recorde de 113
toneladas, colocando-se como o quinto produtor mundial. Desde então, a produção
brasileira recuou consideravelmente, em virtude das oscilações da atividade garimpeira
e da incapacidade das empresas em suprir a demanda do mercado. Durante a década de
1990, a produção industrial de ouro no Brasil ocorreu de forma lenta. No período entre
1995 e 2007, a produção brasileira de ouro apresentou uma média anual decrescente de
3,6% ao ano. Entre 2004 e 2007, porém, deu-se o surgimento de um novo conjunto de
minas em atividade, as quais passaram a liderar a indústria extrativa do metal no país.
Em 2007, a produção de operações mineiras formalizadas (excluídos os garimpos)
correspondeu a 88,9% da produção nacional, registrando um acréscimo de 8,1% frente à
participação no período anterior equivalente, perfazendo 42,4 toneladas. Ressalte-se
que, neste ano de 2007, a Mina Cuiabá (foco do estudo aqui apresentado), pertencente à
empresa AngloGold Ashanti Brasil Mineração (AGABM), passou a ocupar a posição de
maior produtora nacional de ouro, sendo responsável por 20,3% da produção total
brasileira, movimentando cerca de 1,2 milhões de toneladas de minério bruto (run-of-
mine, ROM), contendo 8,9 toneladas de ouro com teor médio de 7,342 g/t.

2
Tradicionalmente, o Brasil posiciona-se no mercado internacional como um centro
produtor e exportador de ouro. Assim, o país sempre apresentou saldos superavitários
na balança comercial do minério. Com relação à distribuição do fluxo monetário, as
exportações do ouro apresentaram, sistematicamente, participação superior a 99,8% dos
valores totais negociados na balança comercial brasileira. Em 2007, o consumo mundial
de ouro apresentou um acréscimo de 3,3% em termos de quantidade (3.519 toneladas),
movimentando um volume financeiro recorde de US$ 78,6 bilhões, com elevação de
18,7% relativamente ao ano de 2006. Ainda em 2007, a demanda por ouro superou a
oferta em 59%. Essa demanda por consumo de ouro envolve diversos setores, que
abrangem desde segmentos industriais, de saúde e eletrônicos até setores de joalheria e
financeiro, este com finalidades especulativas.

No ano corrente de 2011, a cotação do ouro alcançou a marca histórica de US$1.424/oz,


que representa um aumento de cerca de 470% para um período relativamente curto de
nove anos (2002-2011). A escassez de ouro oriundo de fontes mais superficiais e
informais (como as atividades de garimpo), associada à elevação acentuada e
relativamente brusca na cotação do metal, impulsiona no momento um ápice de
produção nas minas auríferas nacionais. Nesta conjuntura atual de alta valorização dos
recursos minerais auríferos, tem-se pressões para produzir mais, avançar com maiores
velocidades de lavra, desenvolver maiores escavações, explorar frentes mais produtivas,
etc., não obstante, os ambientes geotécnicos podem ser ou não mais complexos, mais
profundos e mais problemáticos. Neste contexto, cresce a demanda pela avaliação
técnico-econômica dos projetos de mineração, na qual se enquadra a modelagem
numérica, como subsídio essencial no planejamento seguro, na otimização dos layouts
de lavra e no dimensionamento apropriado da infra-estrutura em geral das minas de
grande porte.

O valor relativamente alto da cotação do ouro no mercado atual torna possíveis projetos
que, no passado, eram vistos como economicamente inviáveis. Com isso, a abertura de
novas minas subterrâneas torna-se exequível. Dada a extensão aumentada das reservas
em profundidade, promove-se cada vez mais o aprofundamento da lavra em minas

3
existentes, com tendência de uma extração mais acelerada do recurso mineral para que
as empresas se beneficiem do período de alta.

Normalmente, as lavras subterrâneas são desenhadas em função dos grupos de


condicionantes: a geometria do corpo (controlada pela inclinação e espessura); a
condição de tensão; e as características de resistência mecânica dos materiais
constituintes do minério e rochas encaixantes que controlam as condições de
estabilidade dos maciços. Em termos gerais, a incidência de fenômenos de
desplacamentos em ambientes de mineração subterrânea depende das reações dos
maciços rochosos em função da lavra, da complexidade geológica, do aprofundamento
das frentes de trabalho e consequente elevação das tensões. Perante a multiplicidade de
fatores que influenciam a estabilidade das escavações subterrâneas, surge a necessidade
de aplicar controles técnicos, cuja eficácia pode ser avaliada com a ajuda da modelagem
numérica. Entretanto, é sabido que determinados fatores não podem ser alterados, tais
como a morfologia dos corpos, as características e propriedades mecânicas das rochas.
Contudo, diante da necessidade de se produzir cada vez mais rápido, de forma mais
intensa e mais profunda, mudanças no método de lavra podem tornar-se imperativas.
Nesses casos, a geomecânica pode integrar uma avaliação multidisciplinar, detalhada,
visando a uma possível aplicação de determinado método de lavra que contemple e se
ajuste às condições geotécnicas prevalecentes, o que permite a implementação eficiente
e segura do novo método extrativo e contribui para a melhora no aumento da
produtividade.

A sofisticação dos métodos de lavra, envolvendo sequenciamentos variados dos avanços


e a multiplicidade de fatores que regem a estabilidade das escavações de mina, requer
técnicas de análises numéricas tridimensionais. Com efeito, para analisar e mitigar o
risco geotécnico da lavra e, assim, melhorar os ambientes de mineração, há necessidade
de técnicas modernas, expeditas e confiáveis. Dessa forma, o emprego da modelagem
numérica, como ferramenta de análise e desenho de mina, é oportuno e deve ser
utilizado como instrumento de suporte sistemático ao planejamento de mina. A
geotecnia promove a implantação do rigor técnico com o propósito de mitigar e
controlar os riscos em operações de lavra.

4
1.2 ENQUADRAMENTO DA MODELAGEM NUMÉRICA TRIDIMENSIONAL

As atividades de mineração requerem medidas, ações, tecnologias e soluções baseadas


em estudos interdisciplinares, entre os quais se inscrevem os estudos geotécnicos. Os
layouts de mina não podem ser planejados sem que sejam consideradas as condições
geológicas, estruturais e geotécnicas do maciço. A heterogeneidade de um ambiente de
mineração, onde os corpos de minério podem apresentar morfologias variadas em
decorrência da presença de condições geológicas complexas, tais como intercepções de
estruturas, dobras, intrusões e demais descontinuidades, demanda metodologias de
análise elaboradas e certa sofisticação das ferramentas utilizadas, o que possibilita
interpretar adequadamente a reação das escavações em função da lavra. Entre os
métodos e ferramentas de análises geotécnicas usadas, mencionam-se, por exemplo,
regras e formulações empíricas, classificações e ranqueamentos empíricos, métodos
analíticos e numéricos, ensaios in situ e laboratoriais. Nesse conjunto, incluem-se: a
descrição geotécnica de testemunhos de sondagem; a determinação empírica de raio
hidráulico; as classificações de ranqueamento da qualidade do maciço (índices Q, de
Barton; RMR, de Bieniawski, etc.); os ensaios laboratoriais das características e
propriedades mecânicas da rocha (resistência à compressão, tração e cisalhamento); os
ensaios in situ do estado das tensões; as interpretações numéricas bi e tridimensionais,
entre outros procedimentos.

Tipicamente, as morfologias complexas dos corpos de lavra exigem a execução de


layouts com múltiplas escavações atravessando ambientes geotécnicos variados. Por
isso, faz-se necessário representar os problemas geotécnicos em espaços
tridimensionais, dado não ser possível a simetria geométrica e paramétrica. A
modelagem numérica torna-se uma ferramenta essencial para o planejamento
responsável das lavras subterrâneas, permitindo avaliar as condições de instabilidade da
escavação e, portanto, o risco geotécnico associado à lavra.

Em todo o mundo, a modelagem numérica ganhou força com o advento do avanço


computacional quando os robustos mainframes deram lugar aos computadores pessoais
de menor porte, porém com maior capacidade de processamento. No Brasil, a aplicação
da modelagem numérica em operação de mineração, sobretudo tridimensional, ainda é

5
relativamente incipiente. Em parte, a baixa disseminação do uso de ferramentas
numéricas em mineração deve-se ao fato de que a maior parte da mineração brasileira
resulta de lavras a céu-aberto. Nestas, aparentemente, há requisição de menor esforço e
complexidade das análises de instabilidade. Um fator que contribui para esse cenário de
maior facilidade interpretativa no céu-aberto é o fato de poder o geotécnico de campo
inferir visualmente as condições do maciço. A acessibilidade aos volumes expostos do
maciço lavrado e a facilidade de gerar modelos conceituais com base em representações
bidimensionais, simétricas, induzem a aplicação de métodos analíticos de equilíbrio
limite para dimensionar as condicionantes de estabilidade das bancadas e taludes.

A heterogeneidade do maciço, a assimetria morfológica dos corpos, a irregularidade


espacial do estado de tensões pré-lavra, a variedade dimensional das lavras, entre outras
situações, requerem, invariavelmente, na maioria dos casos, que a representação e
análise das lavras subterrâneas sejam feitas por meio de modelagem tridimensional.
Para determinados ambientes geotécnicos, é imprudente prosseguir com lavras
subterrâneas sem aplicar técnicas sofisticadas de modelagem numérica, além de outras
técnicas apropriadas, a fim de melhor avaliar e quantificar os riscos geotécnicos.

1.3 APRESENTAÇÃO DO PROBLEMA E DO ESTUDO DE CASO ANALISADO

A problemática da mineração subterrânea nas minas de ouro situadas na região do


Quadrilátero Ferrífero, Minas Gerais, está associada à instabilidade induzida nos realces
de relativa dimensão, em função do aprofundando gradativo da lavra e da complexidade
geológica dos corpos de minério. A Mina Grande, anteriormente de propriedade da
extinta mineração Morro Velho, localizada no município de Nova Lima, Minas Gerais,
exemplifica tais conjecturas. Instalada em 1834, atingiu a profundidade de 2100 m,
tendo sido considerada, na década de 1940, a mais profunda do mundo, antes mesmo
das lavras tabulares sul-africanas. Ao longo da sua vida centenária e consequente
aprofundamento, registraram-se vários episódios de mobilização geomecânica, o que
causou desplacamentos e relativa instabilidade no maciço. Hoje, essa mina encontra-se
fechada.

6
Comparativamente, a Mina Cuiabá, objeto desta dissertação, conduz sua lavra a
profundidades médias de 900 m, com pretensões de prosseguir a extração a maiores
profundidades. É provável, então, antever um aumento no estado das tensões no entorno
das superfícies expostas dos realces. Consequentemente, faz-se relevante avaliar as
condicionantes futuras e, portanto, analisar métodos alternativos para a lavra. Na Mina,
o teor da mineralização varia espacialmente em função da profundidade, o que exige
ajustes na geometria dos layouts de lavra. A seção útil do realce e o método de lavra
nele aplicado podem mudar, portanto, em dependência das condições geológicas e do
valor econômico da mineralização apresentada. O método de lavra empregado em
Cuiabá tem sido o cut-and-fill. As operações de lavra são completamente mecanizadas
com equipamentos de grande porte. Entretanto, em algumas regiões, os corpos
apresentam camadas mineralizadas com potência muito acima da dimensão
convencional. Nesses casos, embora os realces lavrados sejam preenchimentos com
material de enchimento (backfill) mecânico e hidráulico, existe a necessidade de se
deixar pilares verticais. Gera-se, dessa forma, um método de lavra híbrido, que
compreende particularidades do método room-and-pillar e cut-and-fill,
simultaneamente.

A complexidade geomorfológica da Mina Cuiabá requer esse tipo de artifício


operacional que implica, em alguns corpos, inserir pilares verticais no método de lavra
atual. Considerando-se que a morfologia dos corpos mineralizados não é estritamente
previsível, o que impede regularidade de simetria no desenho do layout de lavra, torna-
se essencial recorrer à modelagem numérica. A realização das análises geotécnicas
cabíveis, com a finalidade de antecipar circunstâncias das lavras irregulares,
proporciona uma pré-avaliação dos benefícios de se alterar ou otimizar o layout
corrente.

Na Mina Cuiabá, atualmente, o corpo de minério Serrotinho (SER) apresenta-se com


características morfologicamente distintas, as quais justificam uma redefinição e
otimização do layout e do método de lavra nele aplicados. As diferenças nas formas e
atitudes geológicas do corpo SER, caracterizado por um ângulo de inclinação
relativamente mais acentuado, espessura aparente maior que 10 m e mineralização com

7
teores elevados e de distribuição aproximadamente uniforme, sugerem que o método de
lavra sublevel-stoping seja mais adequado do que o método atualmente usado (cut-and-
fill). A alteração no método de lavra pode contribuir para a melhoria da segurança
operacional, tanto do ponto de vista dos controles geotécnicos da lavra quanto da
redução da exposição do trabalhador.

Até o momento, está por se definir a aplicabilidade do novo método de lavra (sublevel-
stoping) para o ambiente geotécnico do SER, gradativamente mais profundo, onde vem-
se aplicando o método de lavra cut-and-fill. As condições geotécnicas são tais que se
deve analisar, por meio de ferramentas de modelagem numérica tridimensional, a
estabilidade das escavações de lavra propostas, o que até aqui não ocorreu. A conclusão
de um estudo que defina as condições de operabilidade e desenho do novo método para
o corpo SER é, portanto, uma necessidade para tornar mais segura a lavra de uma
reserva de grande valor econômico.

1.4 GEOTECNIA E MODELAGEM NUMÉRICA

A engenharia geotécnica demanda a aplicação de princípios da mecânica dos solos,


mecânica das rochas, engenharia geológica, bem como de outras áreas e disciplinas
afins, consagradas, principalmente, nos domínios das indústrias de construção civil e
extração mineral (Brady e Brown, 2006). Nesta dissertação, aplicam-se princípios de
mecânica das rochas, ciência teórico-aplicada que estuda o comportamento mecânico
das rochas e dos maciços rochosos e que interpreta as resposta dos maciços sujeitos à
ação de esforços solicitantes. Essa ciência é hoje imprescindível na avaliação das
condições de operabilidade dos ambientes de mineração em geral. Os princípios teóricos
e empíricos que a mecânica das rochas integra sua multiplicidade de metodologias de
análise, as ferramentas e os critérios que considera de extrema relevância, tudo isso
pode ser usado para dimensionar com segurança e confiabilidade um leque considerável
de estruturas em maciços rochosos (realces, poços de extração, pilares, sistema de
contenção, etc.).

8
A tendência moderna na gestão dos riscos geotécnicos em mineração é a de apropriar as
equipes de mecânica de rochas com metodologias e ferramentas de análise capazes de
facilitar o dimensionamento dos layouts de mina e suas escavações respectivas. O
processo de desenho e a subsequente otimização do modelo de layout, as escavações
específicas ou infra-estrutura em geral para os vários ambientes geotécnicos requer
determinadas fases. Nomeadamente, tem-se: a fase de coleta e compilação de
informação, em que se definem os modelos necessários (geológico, geotécnico,
estrutural, hidrogeológico e outros); a fase em que se definem e caracterizam os
domínios geotécnicos específicos, identificam-se e adotam-se mecanismos de quebra,
critérios de resistência, etc.; a fase em que se conceituam os desenhos das escavações
propriamente ditas, levando-se em conta as especificações do ambiente de operabilidade
imposto; a fase de realização das análises de estabilidade e integridade perante os
critérios de quebra; e, por último, a fase de implementação que considera a identificação
de risco e respectivas análises, monitoramento, etc., tendo-se definido, previamente, o
desenho final do layout de lavra otimizado. A Figura 1.1 mostra, esquematicamente,
esse processo de desenho e otimização do layout, com vista a minimizar o risco
geotécnico.

No âmbito do processo de desenho de escavações de mina mencionado, precisamente


durante a fase de análise de estabilidade da infra-estrutura proposta, a utilização de
metodologias e ferramentas de modelagem numérica torna-se indispensável, sobretudo
quando os domínios de análise das escavações apresentam complexidade e variabilidade
paramétrica espacial considerável.

Em mineração, geralmente, os riscos de natureza geomecânica estão associados aos


impactos do desequilíbrio das tensões decorrentes do avanço da lavra. Importa,
portanto, averiguar quais os impactos que um desenho de lavra em particular apresenta
em função das geometrias e sequenciamento da extração. Escavações com geometria
irregular, em que as camadas encaixantes e de minério apresentam propriedades
mecânicas distintas, com tensões in situ que variam em magnitude e direção, requerem
análises de mecânica de rochas que usem métodos numéricos. A caracterização dos
ambientes geotécnicos, por meios de métodos de classificação geotécnica, permite que

9
os modelos numéricos integrem essa informação e possibilitem inferências, numa
primeira análise, tais como a ordem de grandeza das deformações causadas nas
superfícies escavadas e os níveis de variação ou desequilíbrios das tensões induzidas
nas escavações adjacentes.

Figura 1.1 Processo de desenho e otimização do layout para minimizar o risco


geotécnico (Read e Stacey, 2009)

10
A análise criteriosa dos resultados de simulações numéricas possibilita a definição de
medidas mitigadoras dos riscos de desarticulação previstos, que podem envolver a
redefinição do desenho do layout de lavra, mudanças nas geometrias das escavações,
alteração das especificações das estruturas de suporte (pilares), redimensionamento dos
sistemas de contenção, etc. Os resultados provenientes de modelos numéricos requerem
apreciação do grau de confiabilidade. É necessário retro-analisar os resultados dos
modelos com base nas respostas observadas in situ, provenientes de dados de
monitoramento e instrumentação existentes. O processo de retroanálise aplicado nesta
dissertação, Figura 1.2 permite validar as premissas consideradas nos modelos, como,
por exemplo, confirmar que o valor dos parâmetros situa-se dentro de intervalos
aceitáveis, correlacionados com as respostas realmente verificáveis no ambiente real.

Figura 1.2 Sequência de análise dos modelos de mecânica de rochas estudados

É evidente ser útil a aplicação prática dos princípios, metodologias, ferramentas e


domínios da mecânica de rochas ao problema central desta dissertação. Análises bem
condicionadas, coerentes e representativas requerem múltiplas interações de natureza
empírica, teórica, analítica e numérica. Tais aplicações requerem dados precedentes,
experiência, registros de casos históricos, caracterização adequada do maciço,
instrumentação, monitoramento, testes físicos e experiência interpretativa na
modelagem numérica. São também necessárias informações substantivas e essenciais
para interpretar com o maior rigor possível as condições dos maciços rochosos.

A escolha e definição do método de lavra a ser empregado em determinada estratégia de


mineração dependem da caracterização do ambiente geotécnico prevalecente. O
gerenciamento das reações adversas do maciço em função da lavra exige aderência aos

11
critérios de estabilidade impostos ao projeto (como, por exemplo, execução de pilares e
escavações com as dimensões estipuladas) cuja execução deverá ser controlada de
acordo com níveis de tolerância aceitáveis. Diferentes metodologias de lavra exigem
critérios diferentes de estabilidade.

As modelagens tridimensionais são consideradas as mais indicadas para representar


problemas de estabilidade global em ambientes de mina subterrânea (Hoek et al., 1989).
A modelagem tridimensional, elástica, permite acomodar o impacto de geometrias e
formas tridimensionais complexas e determinar com relativa facilidade computacional a
influência destas. Modelos numéricos tridimensionais podem beneficiar-se da
flexibilidade do método de elementos de contorno (BEM – Boundary Element Method)
para conduzir análises de tensões e deformações, induzidas pelo ambiente de lavra, por
serem mais expeditos. Os modelos elásticos são utilizados para resolver equações de
equilíbrio, continuidade e elasticidade, sendo que poucos parâmetros de entrada
precisam ser especificados. As equações de elasticidade requerem apenas a
caracterização do estado de tensão pré-lavra (tensão in situ), módulo de Young e
coeficiente de Poisson.

Neste trabalho, a análise geotécnica com modelos numéricos considera as características


mecânicas do maciço rochoso nas áreas de interesse, a natureza tridimensional dos
corpos de minério, o aumento da tensão com respeito à profundidade e a diferença entre
as propriedades de resistência das rochas do hangingwall e footwall, relativamente à
rocha do minério. Os modelos são calibrados com base em observações de campo,
dados de classificação do maciço rochoso, bem como o conhecimento dos profissionais
geotécnicos consultados que trabalham diariamente na mina.

Em geral, os resultados da modelagem podem ser avaliados do ponto de vista de um


determinado critério de ruptura. Neste estudo, foi aplicado o critério de ruptura de
Mohr-Coulomb. Em face da variabilidade espacial dos resultados dos indicadores de
risco geotécnico considerados (por exemplo, fator de segurança e deslocamento total),
os valores gerados nos volumes-solução dos diversos modelos rodados beneficiaram de
análises de frequência estatística e probabilística.

12
1.5 OBJETIVOS DA DISSERTAÇÃO

A dissertação de mestrado aqui apresentada debruça-se sobre a avaliação geotécnica por


meio de modelagem numérica tridimensional, na aplicabilidade do método de lavra
sublevel-stoping para a extração do corpo Serrotinho (SER) da Mina Cuiabá,
caracterizado como um ambiente geológico e geotecnicamente complexo.
Essencialmente, pretende-se dimensionar e avaliar, para diferentes profundidades de
lavra, a estabilidade dos pilares de sustentação do método sublevel-stoping considerado,
nomeadamente os pilares sill e rib, assim como dimensionar os vãos livres longitudinais
(strike span) que separam pilares rib. Finalmente, comparam-se as condicionantes de
onze layouts diferentes, que somam vinte e quatro modelos computados e analisados,
para os quais se determinam as probabilidades de ocorrência de condições instáveis, de
acordo com indícios aqui estipulados para ambientes geotécnicos distintos.

O ambiente geotécnico da lavra do corpo SER apresenta características particulares. Aí


destaca-se uma maior verticalização da mineralização em setores de lavra mais
profundos que aqueles já lavrados. Seu estudo exige uma abordagem tridimensional,
dada a irregularidade morfológica do corpo mineralizado e das escavações de lavra
(realces) projetados; bem como a distribuição não uniforme do estado das tensões in
situ. Em geral, o maciço apresenta propriedades mecânicas variadas das rochas
constituintes do hangingwall e footwall (xistos), cujas magnitudes de resistência à
compressão simples e do módulo de elasticidade se apresentam substancialmente
inferiores ao do material do minério (Formação Ferrífera Bandada).

Especificamente, pretende-se avaliar a estabilidade de layouts de lavra que


compreendam painéis de 60 m de altura vertical, subdivididos em três subníveis de 20m
cada. Rib pillars (pilares rib) são distribuídos ao longo dos painéis, espaçados
regularmente, cuja distância pretende-se dimensionar. Sill pillars (pilares sill) são
projetados para separar cada painel de lavra ou nível; o acesso aos corpos deve ser feito
por drifts (desenvolvimento no minério). Para avaliar o impacto do fator profundidade,
os resultados da modelagem numérica são reproduzidos para os níveis N15 ao N18,
profundidades de 987 e 1184 m, onde as espessuras aparentes (potências) do corpo SER

13
variam de 10 a 15 m, e onde o dip apresenta-se aproximadamente com 65º e plunge com
20º.

Incluem-se como objetivos intrínsecos do trabalho de modelagem numérica proposto:

 aplicar conceitos e metodologias de modelagem numérica tridimensional para


avaliar o risco geotécnico em lavra subterrânea;

 analisar, por meio de modelos numéricos, a aplicação do método de lavra


sublevel-stoping, como método alternativo para o corpo SER da Mina Cuiabá;

 demonstrar a utilidade de modelagens tridimensionais com métodos numéricos


de contorno na avaliação de geometrias de lavra complexas, introduzindo
elementos de calibração nos modelos gerados e utilizando informação histórica
sobre o comportamento do maciço;

 testar os limites de representatividade dos modelos numéricos considerados e


identificar as falhas e limitações;

 propor melhorias na definição, descrição e avaliação das opções de desenho de


pilares, por exemplo, na definição e desenho dos rib pillars que limitam os vãos
livres de lavra do sublevel-stoping;

 Validar a condição de estabilidade dos sill pillars propostos para serem


utilizados em profundidade, no contexto de análise do layout de lavra do SER;

 otimizar o comprimento total dos vãos livres de lavra, ao longo do strike,


longitudinalmente entre rib pillars;

 avaliar as condições de estabilidade do maciço rochoso no domínio de interesse


como um todo;

 recomendar condições de execução do sublevel-stoping para a Mina Cuiabá;

 mostrar, em última análise, a integração possível e essencial entre modelagem


numérica geotécnica e desenho de layouts no planejamento de mina.

14
1.6 METODOLOGIA ADOTADA

Formulado o problema e objetivos desta dissertação de mestrado, tornou-se necessário


consultar a bibliografia disponível sobre a questão, a fim de expor alguns conceitos
relacionados à geologia, mecânica de rochas, método de lavra com sublevel-stoping e
dimensionamento de pilares, presentes em várias publicações, inclusive em artigos de
modelagem numérica focados no uso de elementos de contorno e, essencialmente, no
uso do software MAP3D. As visitas técnicas regulares à Mina Cuiabá permitiram
definir os limites e domínios do problema em análise, incluindo as variantes do layout
de lavra a serem estudadas pelo método sublevel-stoping, aplicado no corpo SER.
Procedeu-se, ainda, a coleta sistemática de dados e identificação de parâmetros
geotécnicos, com o propósito de caracterizar representativamente o ambiente geotécnico
e operacional a ser modelado.

Metodologicamente, de forma sistemática, compilam-se as informações abaixo


indicadas para conduzir as respectivas análises referentes à:

 coleta e compilação bibliográfica aplicável ao estudo proposto, o que inclui o


conhecimento, state-of-the-art sobre integração de modelagem numérica e
desenho de mina;

 levantamento dos trabalhos geotécnicos prévios, bem como os de modelagem


numérica referentes à Mina Cuiabá e, mais especificamente, do corpo de minério
SER em questão;

 visitas técnicas programadas ao subsolo da Mina Cuiabá, corpo SER, para


apreciação das condições in situ a serem representadas nos modelos;

 descrição e uso dos métodos de classificação do maciço aplicáveis, envolvendo,


por exemplo: interpretação geológica do maciço; definição de morfologia e
composição do maciço modelado; caracterização e descrição das litologias;
levantamento de dados de classificação do maciço rochoso (índice Q de Barton e
índice Rock Mass Rating, RMR de Bieniawski); verificação dos resultados de
ensaios de tensão in situ por sobrefuração (overcoring) realizados previamente;

 determinação das propriedades mecânicas das litologias representativas (análises

15
laboratoriais), determinação das condicionantes operacionais da lavra (geometria
de lavra, sequenciamento, etc.), isto é, interatividade com áreas de planejamento
de mina, manutenção, produção, etc.;

 seleção dos dados históricos na região particular da lavra e compilação das


geometrias do corpo de minério para representação por modelos numéricos
tridimensionais, representativos (simplificados), mediante uso do software de
elementos de contorno, MAP3D;

 coleta de dados para efeito de representação e calibração de modelos numéricos,


tal como a identificação das condições de tensões induzidas em raises de
ventilação;

 rodagem de modelos preliminares e calibração com base em condições


observadas (coincidência de representação dos estados das tensões); rodagem de
modelos finais, calibrados para obtenção de resultados avaliadores das condições
de risco;

 utilização do critério de ruptura de Mohr-Coulomb na avaliação do risco


geotécnico; critério de instabilidade com resultado de fator de segurança e
deformação total;

 processamento de resultados com representação probabilística de risco


geotécnico inferido dos modelos, encapsulando a variabilidade espacial da
instabilidade;

 apresentação das condicionantes de estabilidade dos vários modelos estudados;

 compilação de conclusões e identificação de problemáticas e novos desafios.

1.7 ORGANIZAÇÃO DA DISSERTAÇÃO

Esta dissertação constitui-se de um único volume, subdividido em sete capítulos. Ao


capítulo de introdução, seguem-se cinco outros que desenvolvem o tema principal
abordado, finalizados com um capítulo que traz as conclusões e sugestões de pesquisa
complementares. Abaixo, segue uma breve apresentação dos assuntos expostos em cada
um desses capítulos.

16
Capítulo 1 – Introdução. Contextualiza a produção do mineral ouro na perspectiva
econômica das últimas décadas; faz as considerações iniciais do tema abordado;
enfatiza a problemática relacionada à lavra subterrânea; relaciona a geotecnia e o
modelamento numérico na avaliação do risco; explora os objetivos dos trabalhos de
modelagem numérica a serem desenvolvidos; sistematiza a metodologia seguida no
desenvolvimento das atividades e, por fim, apresenta o conteúdo geral dos capítulos que
compõem esta dissertação.

Capítulo 2 – Revisão: modelos numéricos em mecânica das rochas. Discorre sobre


modelos numéricos em mecânica das rochas, a que se segue uma descrição da
modelagem computacional, que inclui as principais características do método de
elemento de contornos (BEM - Boundary Element Method) e a formulação matemática
inerente ao software MAP3D. Neste capítulo, foram sumariados e discutidos alguns
trabalhos relevantes que utilizam o mesmo software, com abordagens semelhantes ao
problema proposto, bem como os principais resultados alcançados por seus respectivos
autores.

Capítulo 3 – Mina Cuiabá. Neste capítulo, situa-se o ambiente da Mina Cuiabá. Aí


apresenta-se um breve histórico das atividades de mineração no local, faz-se uma
abordagem dos aspectos gerais da mina, retratam-se as características geológicas do
maciço rochoso, os aspectos geotécnicos e operacionais. As características geotécnicas
incluem classificação do maciço rochoso, medição de tensão in situ, propriedades gerais
de resistência e deformabilidade das rochas. Os aspectos operacionais dizem respeito ao
método de lavra atualmente utilizado, sistema de contenção aplicado, as características
do enchimento, os sistemas de monitoramento e instrumentação da Mina.

Capítulo 4 – Modelos numéricos tridimensionais do corpo Serrotinho. Aí, abordam-


se as características gerais do corpo de minério a ser modelado, bem como as
justificativas para a escolha do método de lavra proposto. Este capítulo apresenta
também os modelos selecionados para efetuar a calibração e suas características
principais.

17
Capítulo 5 – Atributos e critérios propostos para as simulações numéricas. Este
capítulo apresenta uma descrição dos modelos numéricos simulados, a representação
dos layouts, as condições geológicas assumidas, as propriedades geotécnicas dos dados
de entrada estimados, as tensões aplicadas, a sequência de lavra estabelecida e as
limitações da análise numérica. Adicionalmente, são apresentados os critérios de análise
utilizados para caracterizar e mensurar as condições instáveis dos modelos rodados,
indicando-se as técnicas utilizadas para caracterizar risco de instabilidade, no contexto
desta dissertação.

Capítulo 6 – Resultados e avaliação da estabilidade das variantes sublevel. Neste


capítulo, mostram-se os resultados das análises das condições de instabilidade, de
acordo com os critérios estabelecidos, como, por exemplo a distribuição dos fatores de
segurança no entorno dos pilares e as deformações totais computadas no hangingwall
para vários modelos do método sublevel-stoping simulados; discutem-se as tendências
gerais, as implicações das condicionantes dos layouts testados, evidenciando-se
condições potenciais de instabilidade. Definem-se corolários de aplicação geral, como
guias para o desenho de layouts de lavra em geral. Mostra-se, por fim, a aplicação
efetiva das técnicas de análise numérica e de pós-processamento.

Capítulo 7 – Conclusões gerais e sugestões para pesquisas futuras. Este capítulo


sintetiza as conclusões derivadas dos capítulos anteriores. Levanta os pontos relevantes,
observados a partir da comparação dos resultados das análises. Condensa detalhes sobre
a aplicabilidade e sobre as limitações das ferramentas e metodologias utilizadas nesta
dissertação. Aponta lacunas no conhecimento de mecânica de rochas, relacionadas,
especificamente, com as análises realizadas e sugere temas possíveis para investigações
futuras.

18
2 Capítulo 2: r evisão: mod elo s num ér ico s em m ecânica d as ro chas

Capítulo 2

REVISÃO: MODELOS NUM ÉRICOS EM

MECÂNICA DAS ROCHAS

2.1 INTRODUÇÃO

Neste capítulo, pretende-se sintetizar e discutir trabalhos relevantes que tratam dos
modelos usados na análise de problemas de mecânica de rochas, criados para
racionalizar e antecipar as condições das prováveis instabilidades num maciço em face
de determinadas condicionantes e características operacionais do meio. Seu emprego
possibilita previsões das condições que podem vir a ocorrer perante alterações futuras
causadas pela influência da lavra. Ao antecipar ocorrências de instabilidade indesejadas,
esses modelos permitem levantar riscos respectivos e planejar ações mitigadoras
correspondentes.

No Brasil, em particular nos setores de mineração aurífera de Minas Gerais, mais


especificamente nas minas da AngloGold Ashanti (domínio de interesse deste trabalho),
o uso de métodos de análise computacional para dimensionar problemas de mecânica de
rochas tornou-se rotina na última década (Lorig et al., 2003-2009 e Barbosa, 2009-
2011).

A complexidade morfológica dos corpos de minério e dos ambientes geotécnicos, a


irregularidade geométrica das escavações realizadas para promover a extração, bem
como a possibilidade de múltiplos cenários operacionais a serem considerados, tudo
isso suscita a necessidade de aplicação de métodos computacionais sofisticados para
analisar e solucionar apropriadamente as condicionantes e impactos geomecânicos no
conjunto das operações de mineração.

19
Métodos físico-analíticos simples

As tentativas iniciais de desenvolvimento da capacidade de previsão do comportamento


dos maciços envolveram estudos analíticos de modelos físicos das minas. Seu objetivo
geral era a identificação de condições que poderiam causar quebras significativas nos
protótipos. Uma das grandes dificuldades observadas nesses procedimentos era a
manutenção da similaridade e das propriedades dos materiais representativos e das
cargas aplicadas. Brady e Brown (2006) afirmam que os métodos físico-analíticos para
simular condições dos maciços são inerentemente limitados na sua aplicação potencial
como ferramenta de previsão em mecânica de rochas e, consequentemente, em desenho
de mina - a exceção são os modelos físicos base-fricção formulados por Bray e
Goodman (1981), os quais se referem a métodos simples para tratar estruturas no
maciço rochoso por meio do uso de modelos bidimensionais (2D) para examinar seções
discretas particulares, porém supostamente representativas do ambiente de mina de
maiores dimensões. Naturalmente, um modelo físico de uma estrutura simples em
particular, como os modelos de Bray e Goodman, não gera informações suficientes
sobre o estado das tensões e deformações no interior do meio de análise.

Um dos primeiros métodos quantitativos e estruturais que proporcionaram a


identificação dos estados de tensões internas de um determinado corpo sujeito às cargas
aplicadas foi o método físiso-analítico de foto-elasticidade. Ele expressa o princípio de
que, em duas dimensões, para as condições de elasticidade isotrópica, a distribuição das
tensões é inerente às propriedades elásticas do material usado; e tais distribuições são
iguais quer em condições de tensões-planas (plain-stress) ou deformações-planas
(plain-strain). Mas esse método, como ferramenta de previsão do estado das tensões
num meio, é demasiado laborioso e não representativo. Por essa representatividade
limitada, pelo esforço e custo elevado, assim como pela baixa previsibilidade do
comportamento dos maciços, os modelos físico-analíticos, em geral, não são
considerados ferramentas aplicáveis na análise de problemas complexos de
geomecânica em ambientes de mineração.

20
Métodos computacionais de análise de tensões

As soluções analíticas e explícitas que revelam o estado das tensões e deformações


induzidas são de grande complexidade mesmo para geometrias bidimensionais simples,
como, por exemplo, uma escavação elíptica. A maioria dos desenhos de mina inclui
problemas de mecânica de rochas onde ocorre a interação entre escavações com
geometrias irregulares situadas em ambientes geotécnicos diversos, com não-linearidade
e não-homogeneidade. Os problemas tornam-se de tal forma complexos que não é
possível sua análise por métodos analíticos convencionais. A solução de tais problemas
complexos (na maioria multidirecionais) pode ser obtida por meio de métodos
computacionais.

Existem diversos métodos computacionais com base em análise numérica que podem
ser usados para representar o comportamento de um maciço rochoso. Neste capítulo, são
apresentados os mais comuns e disponíveis comercialmente, com suas principais
características, a que se segue o código numérico MAP3D, a ferramenta utilizada nas
simulações numéricas que são o foco desta dissertação. Os conceitos relevantes e
inerentes a este trabalho são também aqui tratados, acrescentando-se ainda uma revisão
bibliográfica sucinta sobre aspectos relacionados à modelagem numérica em ambientes
de mineração, cuja abordagem é semelhante ao problema aqui analisado.

2.2 MÉTODOS COMPUTACIONAIS

Diferentes métodos computacionais existem para modelar numericamente o


comportamento de aberturas subterrâneas realizadas nos maciços rochosos. Citam-se
entre os mais divulgados: o método de diferenças finitas (Finite Difference Method,
FDM); o método de elementos de contorno (Boundary Element Method, BEM); o
método de elementos distintos (Discrete Element Method, DEM) e o método de
elementos finitos (Finite Element Method, FEM). Fundamentalmente, as técnicas de
simulação numérica mencionadas podem ser divididas em dois grupos metodológicos,
conforme se vê a seguir.

 Métodos diferenciais de domínio, em que o interior do maciço rochoso, como

21
um todo, é subdividido (discretizado) em elementos numéricos simples, sendo
que cada um dos elementos pode assumir propriedades mecânicas distintas. Os
elementos numéricos simples interagem entre si e o comportamento do conjunto
desses elementos permite analisar o comportamento global do modelo. Neste
grupo enquadram-se os métodos FEM, DEM e FDM. Nos métodos diferenciais,
o procedimento para uma solução envolve aproximações numéricas das
equações governantes, as equações diferenciais de equilíbrio, relações de
deformação-deslocamento e das soluções do método clássico de elementos
finitos.

 Métodos integrais de contorno, em que apenas as regiões de interesse das


escavações são subdivididas em elementos numéricos simples e a região do
interior do maciço rochoso é representado matematicamente por um meio
contínuo, homogêneo e infinito. O método de contorno é representado pelo
BEM.

As diferenças na formulação entre métodos diferenciais e integrais de análise implicam


em várias vantagens e desvantagens. Pode ocorrer que os métodos de domínio e de
contorno sejam combinados na forma de métodos híbridos, a fim de utilizar as
vantagens de cada um deles para a solução de problemas complexos, como, por
exemplo, em situações em que ocorram comportamentos não-lineares próximos do
contorno de uma escavação rodeada por domínios distantes com comportamento
elástico.

Abaixo, apresentam-se as principais particularidades dos métodos numéricos,


frequentemente usados na solução de problemas geotécnicos e de mecânica de rochas
em mineração.

2.2.1 Método de elementos finitos (FEM)

O método de elementos finitos é adequado para problemas de materiais heterogêneos e


com propriedades não-lineares. Nele, os pontos nodais do maciço rochoso são
correlacionados com o estado de uma região finita, fechada, formada por estes mesmos
pontos, que passam a ser tratados como elementos. De modo que a situação a ser

22
considerada na modelagem numérica ocorre com a divisão do problema em diversos
elementos. Visto que este método não é adequado para modelar contornos infinitos, é
necessário discretizar uma área maior que aquela de interesse e aplicar as condições de
contorno apropriadas às laterais mais externas dos elementos ou, ainda, criar elementos
com laterais que se estendem até o infinito. A malha de elementos finitos pode ser
melhorada com o uso de programas de pré-processamento, enquanto que as
descontinuidades requerem a aplicação de relações constitutivas explícitas.

No FEM, as propriedades são atribuídas a cada um dos elementos, as condições de


contorno são definidas, as cargas determinadas e uma técnica implícita de construção de
sistemas de equações lineares é resolvida por dedução matricial para caracterizar a
distribuição de cargas de equilíbrio. Os materiais de comportamento não-linear são
considerados como um coeficiente de modificação da rigidez e/ou pelo ajuste de
variáveis de tensão e deformação inicial, realizadas de forma interativa para satisfazer o
estado de carregamento adotado.

Com efeito, a resposta de um sistema não-linear geralmente depende da sequência de


carregamento modelado que deve representar as respostas obtidas em campo. Por isso, o
carregamento total é aplicado na forma de incrementos de carga, sendo que cada
incremento deve ser pequeno o suficiente para garantir que a convergência da solução
seja atingida em poucas interações. Em sistemas lineares e ligeiramente não-lineares, o
uso da técnica implícita pode ser aplicado com sucesso, mas quando a não-linearidade
do sistema cresce, faz-se necessário aplicar acréscimos de carregamento menores. Esses
carregamentos menores implicam em maior tempo de computação, devido ao maior
número de formulações e cálculo matricial.

2.2.2 Método de diferenças finitas (FDM)

O método de diferenças finitas apresenta-se similar ao método de elementos finitos,


FEM, no que se refere à discretização e à aplicação das condições de contorno,
diferenciando-se quanto ao processamento do cálculo. Aqui, aplica-se uma técnica
explícita (solução por interação) para obtenção da distribuição das forças de
desequilíbrio. Nesta técnica, incrementos de carga total são aplicados aos elementos,

23
que transmitem um resíduo de carga aos elementos vizinhos, que equilibram seu estado
e redistribuem a carga. O processo de distribuição de forças estende-se por toda a malha
discretizada, ocorrendo um número de interações suficientes, até que a carga de
desequilíbrio seja desprezível.

No caso da análise de comportamento não-linear, têm-se cargas menores aplicadas e, à


medida que a não-linearidade cresce, ocorre o decréscimo dos incrementos de carga
para melhor representar o comportamento do maciço. O incremento de cargas pode ser
solucionado de maneira similar aos modelos de comportamento quase-dinâmico,
apropriado para o caso de solução explícita (relaxação dinâmica).

A solução explícita consiste no equilíbrio de forças atuantes no ponto de interação do


material, que resulta numa aceleração da massa associada ao ponto. A lei de movimento
de Newton é aplicada, a equação diferencial produz incrementos de deslocamentos e as
relações constitutivas aplicadas resultam em novas forças para cada ponto de integração
do modelo. A principal vantagem desta técnica é permitir o ajuste da geometria, bem
como da não-linearidade, com relativa facilidade. Caracteriza-se como desvantagem a
possibilidade de não ser atingida a convergência numérica em decorrência do mau
condicionamento do modelo; a falha, entretanto, pode ser identificada.

2.2.3 Método de elementos distintos (DEM)

O método de elementos distintos trata o maciço rochoso como descontínuo, em que a


superposição de blocos quase-rígidos interage através de juntas deformáveis que
apresentam rigidez definida. Baseia-se ele na relação força-deslocamento que determina
a interação entre as unidades quase-rígidas e a lei de movimento, que determina
deslocamentos induzidos nos blocos em virtude da força de equilíbrio. O movimento
dos blocos é calculado por uma série de incrementos de deslocamento, controlados por
inúmeras interações dos intervalos de tempo até que o equilíbrio seja atingido no
modelo. A solução explícita aplicada ao método permite que equações diferenciais
sejam geradas a cada etapa do cálculo.

24
A principal vantagem deste método é possibilitar a representação de grandes
deslocamentos nos contatos representados pela superposição de blocos adjacentes. Sua
desvantagem decorre de sua complexidade, que exige maior habilidade e experiência na
modelagem, bem como na obtenção dos parâmetros das descontinuidades e do maciço
rochoso.

2.2.4 Método de elementos de contorno (BEM)

O método de elementos de contorno, um método integral, considera a divisão de


elementos apenas para a superfície de interesse da escavação e a superfície de
descontinuidades.

Nos métodos integrais para análise de tensões, o problema é especificado e resolvido em


relação aos valores de superfície das variáveis espaciais de tensão e deslocamento. Por
exigir apenas definição e discretização do domínio de fronteira, o método de elementos
de contorno permite, efetivamente, reduzir a ordem dimensional do problema numérico.
A implicação é uma vantagem em eficiência computacional, quando se compara com os
métodos diferenciais. Logo, em muitos casos, os métodos de elementos de contorno
podem atacar problemas de geometrias complexas com relativa facilidade.

Os métodos de elemento de contorno modelam corretamente as condições de contorno


em campos distantes, restringindo erros de discretização do problema, e garantem
variação contínua das tensões e deslocamentos no meio. É um método desenvolvido
para meios infinitos, sendo a representação de descontinuidades possível com relativo
esforço computacional.

Com efeito, meios com descontinuidades significativas não podem ser caracterizados
por este método. Entretanto, ao se tratar de geometrias complexas, tridimensionais, em
meios homogêneos e elásticos, as análises numéricas realizadas com métodos de
elementos de contorno são bem sucedidas.

A relativa simplicidade e flexibilidade computacional dos métodos BEM permitem


condições preferenciais de uso quando há necessidade de avaliação de múltiplos
cenários operacionais, considerando-se modelos com grande variabilidade geométrica, a

25
partir dos quais se pretende obter uma ordem de grandeza dos parâmetros impactantes,
bem como identificar fatores de risco de instabilidade em função da variação das
tensões. Foram estas as razões pelas quais se optou pelo uso dos métodos de elementos
de contorno (BEM) nas análises desta dissertação. A ferramenta BEM usada foi o
MAP3D.

2.3 FERRAMENTAS PARA ANÁLISE NUMÉRICA

O código numérico MAP3D (Wiles, 1990) foi o selecionado para representar


numericamente e simular os cenários de lavra do corpo Serrotinho, foco desta
dissertação. As análises realizadas foram puramente elásticas. Este software é baseado
na formulação do método de elemento de contorno, BEM, para meios infinitos, elásticos
e homogêneos. O MAP3D permite, com certa facilidade, a construção de layouts
tridimensionais relativamente complexos, a partir de geometrias realísticas de mina
geradas em formato CAD. Ele favorece a visualização integral do modelo em três
dimensões, assim como permite realizar análises de estabilidade de acordo com critérios
e modelos constitutivos multivariáveis.

O MAP3D possibilita análises tridimensionais para inferir condições potenciais de


instabilidade nos maciços e escavações, computando o estado das tensões e
deformações nos domínios pretendidos. Os volumes escavados de lavra, túneis,
travessas, etc., podem ser representados dentro de zoneamentos diferenciados do
material rochoso, com propriedades mecânicas distintas. Os modelos podem ser
discretizados automaticamente mediante manipulação de alguns poucos parâmetros, o
que permite o adensamento das malhas de elemento-solução em volumes de dimensão
variável.

O software é especificamente utilizado na modelagem de maciços rochosos que


envolvem problemas de geometrias irregulares, tridimensionais, das escavações
subterrâneas. Tem sido utilizado em projetos que requerem análise de desenhos de
mina, por exemplo, de subsolo e superfície; de condições de instabilidade de acessos;
desenho de depósitos nucleares; simulações de programação de ruptura; problemas de

26
escorregamentos por falhas; retroanálise de tensão in situ; estabilidade de taludes;
avaliação de fraturamento hidráulico; ruptura de taludes, etc. Wiles (2007) aventa que
existem esforços de pesquisa e desenvolvimento para estender a aplicabilidade do
MAP3D ao modelamento tridimensional de rochas plásticas e incluir capacidade para
simulação de unidades de suporte, capacidade de detecção do potencial de rock
bursting, etc.

O software permite análise de múltiplos passos do sequenciamento de lavra, cada passo


compreendendo zonas de materiais com diferentes propriedades, variados estados de
tensão, incluindo-se descontinuidades num número limitado, com características
pseudo-discretas.

O MAP3D baseia-se no método indireto de elementos de contorno (Butterfield e


Banerjee, 1981). Dois tipos distintos de elementos de contorno nele são usados:
elementos de Força Fictícia (FF) e elementos Deslocamento de Descontinuidade (DD).
Os elementos FF são usados para caracterizar superfícies e contornos de escavação de
volume irregular, permitindo materiais de propriedades distintas. Os elementos DD são
normalmente utilizados para caracterizar superfícies planas nos maciços, por exemplo:
juntas, falhas, fraturas e outras descontinuidades e superfícies de lavra do subsolo
(normalmente geometrias tabulares). O código MAP3D possibilita a simulação de
escavações simples com formas tabulares, e escavações com forma irregular e
complexa, permitindo geometrias detalhadas. Elementos de contorno inativos podem ser
utilizados para efeitos de visualização e compreensão espacial do modelo, porém estes
integram a construção das superfícies de escavação, sem que sejam computados nas
interações das análises de tensões.

A formulação do método BEM, aplicado no MAP3D, oferece vantagens em relação a


outras técnicas de análise de tensão-deformação. Por exemplo, dependendo do detalhe e
volume dos domínios modelados, os métodos diretos BEM requerem aproximadamente
o dobro do esforço computacional para resolver a matriz de elementos de contorno,
quando comparados aos métodos indiretos. Para reduzir o impacto de tais limitações, os
métodos indiretos BEM aplicam técnicas de lumping que tendem a reduzir o tamanho
da matriz-solução, reduzindo o esforço computacional. A dificuldade na construção do

27
modelo ou na interpretação dos resultados depende da complexidade exigida, suficiente
para conduzir a simulação. Nos métodos BEM do MAP3D, o material rochoso situado
espacialmente fora dos contornos estipulados é considerado como material sólido,
constituinte da rocha encaixante pré-estipulada.

2.3.1 Detalhes relevantes da formulação do método de elementos de contorno

A modelagem numérica é uma tentativa de simulação matemática do comportamento do


maciço rochoso numa mineração. No modelo, devem ser especificadas: as condições
iniciais e de fronteira (carga pré-lavra com a magnitude e a orientação das tensões in
situ); a geometria das escavações; as condições de equilíbrio e de continuidade
requeridas; e, por fim, as condicionantes de elasticidade e/ou linearidade aplicáveis.

Pelas equações de equilíbrio estático, a aplicação de forças sempre deve estar


balanceada em todas as regiões do modelo. Assim, representado o domínio de análise
como um cubo de volume unitário do material rochoso extraído (Figura 2.1), espera-se
que, para um dado estado de tensões preliminares, todas as tensões nele aplicáveis
mantenham o equilíbrio, o volume especificado e as condições que podem ser
representadas pelo sistema de equações diferenciais de equilíbrio, Equações (2.1). Onde
∂σii / ∂x representam os gradientes da distribuição das tensões nos respectivos eixos
coordenados.

Figura 2.1 Representação das tensões de equilíbrio num cubo representativo de


material rochoso

28
∂σxx / ∂x + ∂τxy / ∂y + ∂τxz / ∂z + X = 0
∂τxy / ∂x + ∂σyy / ∂y + ∂τyz / ∂z + Y = 0 (2.1)
∂τxz / ∂x + ∂τyz / ∂y + ∂σzz / ∂z + Z = 0

σxx, σyy e σzz correspondem às tensões normais agindo numa porção da superfície/
corpo, sendo que o primeiro índice indica o eixo da normal ao plano da seção e o
segundo índice, o eixo na direção em que a componente atua, por exemplo, σxx
caracteriza-se pela tensão normal agindo no plano x e na direção x. Enquanto que, τxy ,
τxz, τyz correspondem às tensões cisalhantes agindo numa porção da superfície/corpo.
Notar que os termos X, Y e Z representam as forças do corpo que podem ser utilizadas
para aplicar qualquer tipo de carregamento externo (por exemplo, como resultado de
efeitos de temperatura, pressão de fluidos, efeitos de carga não-linear, etc.).

As condições definidas pelas equações diferenciais, Equações (2.2), dos gradientes das
tensões e deformações são aplicadas. As Equações (2.2) de continuidade do maciço
rochoso determinam que a massa de material deve ser mantida, isto é, garantem a
aplicabilidade do princípio de conservação de massa.

∂²εxx / ∂y² + ∂²εyy / ∂x² = 2 ∂²εxy / ∂x / ∂y


∂²εyy / ∂z² + ∂²εzz / ∂y² = 2 ∂²εyz / ∂y / ∂z
∂²εzz / ∂x² + ∂²εxx / ∂z² = 2 ∂²εzx / ∂z / ∂z
(2.2)
∂²εxx / ∂y / ∂z = ∂ / ∂x (- ∂εyz / ∂x + ∂εzx / ∂y + ∂εxy / ∂z)
∂²εyy / ∂z / ∂x = ∂ / ∂y (- ∂εzx / ∂y + ∂εxy / ∂z + ∂εyz / ∂x)
∂²εzz / ∂x / ∂y = ∂ / ∂z (- ∂εxy / ∂z + ∂εyz / ∂x + ∂εzx / ∂y)

onde εxx, εyy, εzz e εxy, εyz, εzx representam as deformações normais e cisalhantes
relativamente aos planos aplicados e às direções coordenadas respectivas.

Nos volumes de rocha onde as tensões não excedem a resistência, o material rochoso
deforma de maneira linear-elástica, tal que as tensões variam diretamente proporcionais
às deformações. Esta condição e as respostas são representadas pelo próximo sistema de
equações, Equação (2.3).

29
σxx = σ0xx + [(1 – υ) εxx + υ (εyy + εzz)] E / [(1 + υ) (1 - 2υ)]
σyy = σ0yy + [(1 – υ) εyy + υ (εzz + εxx] E / [(1 + υ) (1 - 2υ)]
σzz = σ0zz + [(1 – υ) εzz + υ (εxx + εyy] E / [(1 + υ) (1 - 2υ)]
(2.3)
τxy = τ0xy + εxy E / (1 + υ)
τyz = τ0yz + εyz E / (1 + υ)
τzx = τ0zx + εzx E / (1 + υ)

onde E é o módulo de elasticidade ou módulo de Young, e υ representa o coeficiente ou


razão de Poisson. As variáveis de tensões normais, σ0, e tensões cisalhantes, τ0,
representam as tensões de pré-lavra ou de campo afastado, cujas influências são
incorporadas no comportamento físico do meio, de acordo com a Lei de Hooke.

Nos locais onde as tensões se apresentam altamente concentradas, a ponto de excederem


a resistência do material (condição de não-linearidade), a rocha poderá relaxar perante a
magnitude de tais esforços. As deformações permitidas ocorrem até que a dissipação de
carga equalize a resistência do material. Esta ocorrência pode ser acompanhada por
alguma dilatação.

As equações de equilíbrio e de continuidade são expressas como equações diferenciais.


A solução destas equações requer que elas sejam integradas sob o volume do maciço
rochoso, tal que as condições de contorno sejam apropriadamente satisfeitas. No método
BEM aplicado nesta dissertação, as equações diferenciais de equilíbrio são integradas
analiticamente, para depois se aplicar a aproximação numérica que satisfaça as
condições de contorno.

De modo que aplica-se uma aproximação numérica que resulta num conjunto de
equações que descrevem como as diversas partes do maciço rochoso interagem umas
com as outras. O BEM usado no MAP3D considera o seguinte esquema de cálculo das
tensões resultantes, Equação (2.4):

σsuperficie = σcampo afastado + M P (2.4)

30
Considerando que as cargas num elemento de contorno são computadas em função das
tensões no campo afastado, σcampo afastado; em função do número de condições
representado pelo conjunto de equações diferenciais, M, computadas simultaneamente;
e em função das cargas, ou deformações, P, que necessitam ser aplicadas para promover
equilíbrio e reduzir a zero as tensões superficiais na face das escavações.

As equações apresentadas precisam ser solucionadas simultaneamente, de modo que as


condições de contorno sejam satisfeitas. Resultados das análises de tensões permitem
identificar, por exemplo, condições de sobretensão (over-stress) ou fluência (yield), que,
por sua vez, indicam a necessidade de melhoria do sistema de suporte local.

Os modelos numéricos são aproximações da realidade. Um modelo busca prever, com


relativa exatidão, a resposta do maciço rochoso com relação, por exemplo, à abertura de
uma escavação. As simulações permitem comparar alternativas de layout e sequência
de lavra, favorecendo o desenvolvimento de estratégias para lidar com determinada
situação que poderia ocorrer.

2.3.2 Características de um modelo elástico

Um modelo mecânico elástico pode ser representado por uma mola com uma constante
elástica. As tensões nele aplicadas geram deformações que são completamente
reversíveis durante a etapa de descarregamento, de modo que a mola deformada retoma
seu comprimento original após cessarem as forças nela aplicadas. Existe, portanto, uma
relação linear entre tensão e deformação, definida como Lei de Hooke. A formulação da
lei de Hooke é trivial; daí que aqui se pretende ressaltar apenas as implicações dos
modelos elásticos em modelagem.

Abaixo, aparecem em destaque as vantagens dos modelos elásticos.


 permitem acomodar formas tridimensionais complexas;
 esforço computacional relativamente rápido e econômico;
 fáceis de implementar em códigos numéricos;
 resultados confiáveis em que o volume de fluência é relativamente pequeno;
 resolvem equações de equilíbrio, continuidade e elasticidade com a

31
especificação de poucos parâmetros;
 requerem apenas especificações do estado de tensão pré-lavra, módulo de
elasticidade e coeficiente de Poisson;
 procede-se a calibração de modo mais fácil/ simples.

Nos modelos elásticos, observam-se as limitações abaixo relacionadas.


 assumem propriedades de dureza infinita para os materiais caracterizados;
 impedem que o dano no maciço ocorra fisicamente;
 impossibilitam a recriação da malha de tensão;
 mostram ser inadequados quando a malha de tensão é importante;
 retratam que a tensão não é redistribuída nas áreas de fluência;
 apresentam deslocamentos muitas vezes não-usuais.

2.3.3 Módulo de deformação (de Young)

O módulo de deformação para um dado material (E) é definido como a razão entre as
tensões normais e as deformações normais, quando o aumento das deformações é
causado pelo correspondente aumento das tensões. Para cargas elásticas, o termo
“módulo de elasticidade” é usado para determinar essa propriedade. Em geral, o módulo
de deformação pode ser obtido pela aproximação linear da curva tensão (σ) versus
deformação (ε), no nível de tensão correspondente à metade da resistência registrada
num ensaio à compressão uniaxial.

No exemplo de uma curva tensão-deformação da Figura 2.2, presume-se que a amostra


seja elástica e os esforços de deformação/extensão sejam totalmente recuperáveis na
descarga (até determinado limite de deformação). O módulo de elasticidade pode ser
representado com melhor precisão através da tangente à curva tensão-deformação
representativa dos ciclos de carga e descarga realizados durante um ensaio de resistência
à compressão simples (UCS). O módulo calculado a 50% do valor de resistência à
compressão simples, designado por módulo de elasticidade tangente, é o resultado que
mais se aproxima do módulo de elasticidade real, o qual seria verificado no trecho
correspondente à porção linear da curva tensão-deformação.

32
Outra maneira de obter o módulo de deformação é através da reta secante que se origina
no ponto de tensão igual a zero e estende-se até uma porcentagem qualquer do valor
máximo de resistência à compressão simples, mas geralmente é fixada num ponto
também em 50% do valor de resistência à compressão simples da amostra ensaiada.

Figura 2.2 Exemplo de determinação do módulo de elasticidade, ET50, para uma


dada curva tensão-deformação

2.3.4 Coeficiente de Poisson

O coeficiente ou razão de Poisson, υ, é um parâmetro necessário para as análises


numéricas em MAP3D, característica do material sólido cuja unidade de grandeza é um
número adimensional. Ele reflete o grau de deformação radial relativamente à
deformação axial que um volume de material sofre para determinado incremento na
tensão ou carga. Obtém-se o coeficiente de Poisson quando as grandezas das extensões
laterais de corpos sólidos são proporcionais à grandeza da extensão direta e com sinal
contrário a esta. Os sólidos (corpo de prova ou porção de rocha) sofrem deformações no
plano perpendicular à tensão originada quando submetidos a um esforço de tração
simples ou compressão.

O coeficiente de Poisson, υ, para corpos contínuos, homogêneos e isotrópicos é sempre


menor ou igual a 0,5. Para efeitos de modelagem numérica, com intuito de considerar
avaliações físicas das características do maciço através de metodologias de

33
ranqueamento e classificações (por exemplo, índices Q, RMR, GSI, etc.), o parâmetro
pode ser determinado pelo ensaio laboratorial de compressão uniaxial ou, ainda,
estimado a partir de Hoek et al. (1995), pela Equação (2.5).

υ = 0,32 – 0,0015 . GSI (2.5)

onde GSI refere-se ao parâmetro Geological Strength Índex (índice de resistência


geológica), obtido por meio de classificação geotécnica do maciço.

2.3.5 Critério de ruptura Mohr-Coulomb

A maior parte dos modelos constitutivos para o comportamento de maciços rochosos


considera a envoltória linear de ruptura do critério clássico de Mohr-Coulomb, embora,
na realidade, o comportamento do maciço não seja estritamente linear, como um todo. O
critério de ruptura Mohr-Coulomb pode ser explicado supondo-se diversas amostras
coletadas num mesmo maciço e submetidas à realização do ensaio de cisalhamento, que
será composto por duas parcelas: a coesão, c; e o ângulo de atrito,  . Cada amostra
contém um plano de acamamento cimentado, de modo que uma força deve ser aplicada
com o objetivo de promover a separação da amostra em questão. No ensaio de
cisalhamento, as amostras são submetidas a uma tensão, σ, normal ao plano de
acamamento. O deslocamento, u, é medido na sequência da aplicação de uma tensão
cisalhante, τ, conforme mostra a Figura 2.3a. O gráfico apresentado na Figura 2.3b é
obtido plotando-se os valores da tensão cisalhante, τ, para os respectivos deslocamentos,
u.

(a) (b)
Figura 2.3 a) Conceitual de um ensaio de cisalhamento; b) Curva típica tensão
cisalhante-deslocamento

34
A tensão cisalhante tende a aumentar rapidamente até que o pico de resistência seja
atingido. Tal comportamento corresponde à soma da resistência do material unido por
um plano de acamamento e a resistência à fricção das superfícies combinadas. Para
pequenos deslocamentos, a amostra se comporta de modo elástico e a tensão cisalhante
é linear. À medida que as forças resistentes ao movimento são superadas pela tensão
cisalhante, a curva torna-se não-linear e a tensão cisalhante alcança um ponto máximo
(de pico) designado de τp. Após atingir esse valor de pico, a tensão cisalhante necessária
para causar um deslocamento, u, decresce rapidamente até um valor que se torna
constante, o que é chamado tensão cisalhante residual, τr.

Plotando-se os valores de τp ou τr para os diversos valores de tensões normais em que


foram realizados os ensaios, são encontradas as curvas da Figura 2.4a (ou envoltórias
de Mohr-Coulomb), onde a inclinação da reta é o ângulo de atrito; e a interseção com o
eixo, τ, das tensões cisalhantes é a coesão, c, do material cimentante, existente na
descontinuidade que separa os blocos deslizantes.

Para superfícies de descontinuidades planares, os pontos experimentais geralmente


sobrecaem ao longo de linhas retas (Figura 2.4b). A linha da resistência de pico no
espaço cartesiano (τ, σ) tem um ângulo de  p e um ponto de interseção com c (coesão),
no eixo da resistência ao cisalhamento. Consequentemente, a linha da resistência
residual tem um ângulo de  r. Observar que as tensões σ1 e σ3, no gráfico das
envoltórias de Mohr-Coulomb da Figura 2.4a, referem-se à tensão principal máxima e
tensão principal mínima, respectivamente.

(a) (b)
Figura 2.4 Envoltórias de ruptura Mohr-Coulomb (pico e residual)

35
A tensão cisalhante de pico, τp, e residual, τr; e a tensão normal, σn, no plano de ruptura,
estão correlacionadas pelas relações de Mohr-Coulomb dadas pela Equação(2.6):

τp = c + σn tg  p
(2.6)
τr = σn tg  r

onde c é a coesão do material;  p e  r caracterizam os ângulos de atrito de pico e


residual, respectivamente. A tensão cisalhante residual ocorre após a coesão do material
cimentante ter sido inteiramente perdida. Normalmente, o atrito residual é menor que o
atrito para tensões cisalhantes máximas, ou seja, τp > τr.

2.4 MODELAGENS NUMÉRICAS CONFIÁVEIS

Wiles (2007) discute como quantificar a confiabilidade das previsões dos modelos
numéricos e as maneiras de melhorar sua representatividade. A confiabilidade das
previsões pode ser melhorada com o refinamento dos modelos. Para tal, é necessário:
aperfeiçoar a representação da geometria; incluir estimativas do estado de tensão pré-
lavra; obter de forma mais representativa as propriedades dos materiais rochosos
modelados; e implementar relações constitutivas adequadas. Fundamentalmente, é
necessário conduzir acertos de calibração nos modelos. Modelos mais complexos
implicam aumento do esforço computacional e dificuldade interpretativa de modo que,
por vezes, modelos mais simplificados podem ser justificáveis.

Quantificar a confiabilidade das previsões dos modelos numéricos implica especificar


com precisão quais parâmetros devem ser quantificados. Os resultados de modelos
numéricos são afetados pelos dados de entrada e pelas equações inerentes ao método
numérico usado na modelagem. A construção dos modelos requer a especificação da
geometria de lavra e demais escavações, da geologia (litologia) e do estado de tensão
pré-lavra, a determinação do tipo de modelo (elástico ou plástico), a caracterização das
propriedades dos materiais e a definição do nível exigível da precisão numérica, a qual
influencia o grau de discretização necessário. As análises numéricas envolvem o cálculo
das tensões e deformações nos domínios de interesse, e estes podem ser comparados

36
com as tensões e/ou deformações observadas no campo, determinando-se, desta forma,
o grau de confiabilidade.

A geometria das escavações modeladas influencia significativamente o campo de


tensões induzidas, pelo qual é importante representar as geometrias tão aproximadas da
realidade quanto possível, para garantir confiabilidade e consistência. A representação
correta das dimensões de pilares e realces, por exemplo, bem como seu posicionamento
espacial no domínio de análise, é importante. Evidentemente, os esforços
computacionais aumentam significativamente com o número de elementos numéricos
gerados, sobretudo para as construções geométricas existentes e complexas. Por isso,
em muitas situações, é necessário realizar simplificações.

Tanto quanto possível, a representação geológica do maciço que compreende o domínio


a modelar deve ser representativa, pois dela depende a distribuição de tensões. Unidades
geológicas mais rígidas concentram energia e, consequentemente, tensão, em virtude do
aumento na resistência à deformação; enquanto que unidades geológicas mais brandas
tendem a dissipar a concentração de tensões.

É fundamental representar o estado de tensão pré-lavra e sua redistribuição e orientação.


Conhecer o estado do campo de tensão prevalecente na mina é, pois, imprescindível
para garantir confiabilidade nos resultados descritos numericamente. Medições das
tensões in situ são aconselháveis, mediante uso de métodos overcoring, por exemplo, ou
por observações diretas de fenômenos de sobrepressão que ocorra em ambientes de
lavra e desenvolvimento; e/ou do mapeamento das expressões de pontos de
concentração de tensão elevada.

A escolha do método numérico mais adequado (elementos finitos, diferenças finitas e


elementos de contorno, etc.) depende de várias condicionantes. A modelagem
tridimensional é requerida sempre que não seja viável representar o problema
bidimensionalmente.

A modelagem tridimensional elástica supera os principais problemas de equilíbrio


comuns nos modelos bidimensionais. O reduzido número de parâmetros de entrada,
principal vantagem dos modelos elásticos, facilita o processo de calibração, o que

37
implica, consequentemente, tempos relativamente curtos de rodagem (esforço
computacional reduzido). A incerteza desses parâmetros pode ser rapidamente
quantificada e minimizada por meio de correlações com observações de campo. Como
desvantagem nos modelos elásticos, as tensões não são redistribuídas quando a
resistência é superada.

Em modelagem elástica, a computação da matriz de resultados não depende dos


parâmetros de resistência dos materiais modelados, portanto, não se faz necessário
calibrar esses parâmetros de entrada dos materiais na fase de acondicionamento
numérico. As retroanálises não precisam ser computadas para testar vários parâmetros
de resistência, sendo este passo de calibração realizado num processo posterior à fase de
análise.

Em geral, para todos os modelos, a precisão numérica dos cálculos depende diretamente
do refinamento da discretização. O erro numérico pode ser prontamente quantificável e
basicamente se resume à razão da distância da superfície mais próxima da escavação,
dividida pela largura dos elementos, ou seja, a dimensão dos elementos utilizados para
aproximar as equações. Na obtenção de resultados precisos, próximos das superfícies
das escavações, é necessário assegurar que o tamanho dos elementos seja
comparativamente pequeno (manipulando os fatores de discretização). Cada modelo
numérico tem características próprias de erro, os quais dependem dos tipos de
elementos usados e dos procedimentos de solução aplicados. Visto que o esforço
computacional de análise aumenta consideravelmente com o número de elementos, o
uso de poucos elementos com dimensões maiores pode ser viável. Tal procedimento é
aceitável desde que não comprometa a precisão do cálculo. Rotineiramente, a precisão
numérica é comprometida pela redução no tempo de computação.

Wiles (2007) enfatiza que a confiabilidade dos modelos numéricos pode ser
prontamente quantificada em termos de probabilidade e por comparações diretas com
observações do comportamento do maciço no campo. A retroanálise pode ser usada
para reduzir dispersão nos resultados. Medidas de otimização do modelo numérico
incluem: refinamento da geometria e representação geológica; melhor caracterização do

38
estado de tensão pré-lavra; maior rigor nas propriedades dos materiais; diminuição dos
erros numéricos; e correlação com observações de campo.

2.5 CONSIDERAÇÃO SOBRE CONCENTRAÇÃO DE TENSÕES EM ESCAVAÇÕES

A estabilidade das escavações subterrâneas em rochas duras pode ser afetada por tensão
induzida elevada, que causa fatiamento, e pelo relaxamento do maciço rochoso, o qual
promove a queda de blocos por gravidade (Kaiser et al.,2000). Em ambientes em que
ocorre o fenômeno de sobretensão, tais como minas ultraprofundas, ou rasas, mas onde
o fator k é elevado; sendo esse fator a razão entre as componentes de tensão horizontal e
tensão vertical, a queda de blocos pode ser agravada por níveis altos de tensão induzida.
Nestes ambientes as escavações adjacentes são normalmente separadas por uma
distância maior que a zona de influência das escavações individuais, promovendo-se um
arqueamento do campo de tensões, que, de alguma forma, minimizam a compressão na
rocha e, consequentemente, melhoram as condições de estabilidade.

Modelos e mecanismos empíricos, representativos de condições de quebra em aberturas


subterrâneas causadas por diferentes campos de tensão, são ilustrados na Figura 2.5a.
Conceitos do tipo são representados por Martin et al. (1999) para resolver ou controlar
problemas no entorno de escavações em rocha, associados com mudanças no campo de
tensão. Na Figura 2.5b, referente a uma escavação circular, os pontos próximos às
paredes das escavações (por exemplo, o ponto A) podem experimentar acúmulo
significativo de tensão, o que conduz ao fatiamento da rocha; enquanto que, em outros
locais (como o ponto C), tem-se uma diminuição da tensão (relaxamento).

A variação do campo de tensão pode conduzir a diferentes modos de ruptura na rocha.


Mudanças nos campos de tensão identificam ainda a potencialidade de uma dada
escavação poder integrar um determinado método de lavra, inferir a diluição esperada,
ou dimensionar sistemas de contenção apropriados. Consequentemente, torna-se
essencial o entendimento do processo de quebra e o conhecimento dos fluxos dos
campos de tensão gerados.

39
(a) (b)
Figura 2.5 Representação de mecanismos empíricos sobre concentração de tensões
e quebras associadas

2.6 CONDICIONANTES EMPÍRICAS PARA O DESENHO DE ESCAVAÇÕES ESTÁVEIS

Mathews et al. (1981) desenvolveu uma metodologia empírica para estimar a


estabilidade de realces abertos, que considera quatro parâmetros. Nomeadamente, são
eles: a qualidade do maciço rochoso, Q’, definido por parâmetros convencionais de
classificação geotécnica dos túneis; parâmetros de tensão, fator A; orientação das
descontinuidades, fator B; e efeitos da gravidade, fator C.

A qualidade do maciço rochoso, Q’, representa uma versão modificada do índice Q de


Barton et al. (1974), proposto para a classificação geotécnica de túneis. Q’ é calculado a
partir de resultados de mapeamento estrutural, ou da descrição geológica de
testemunhos de sondagem, precisamente mediante uso do sistema de classificação Q de
Barton, porém assumindo que os parâmetros referentes à redução da água e ao fator de
redução da tensão sejam ambos reduzidos a uma unidade.

40
A definição dos fatores A, B e C, usados na estimativa de estabilidade dos realces, é
apresentada na sequência.

 O fator A de tensão da rocha é determinado pela razão entre a resistência à


compressão uniaxial da rocha intacta e tensão máxima de compressão induzida
que atua paralelamente à face do realce. A tensão induzida é obtida através de
análise numérica ou estimada de publicações que se referem a distribuições de
tensão. O resultado desta razão é expresso de forma gráfica, sendo o fator A
penalizado para melhor refletir a condição de instabilidade relacionada com a
deformação da rocha.

 O fator B mede a contribuição negativa potencial das orientações desfavoráveis


do conjunto de descontinuidades relativamente às superfícies escavadas. Ele é
determinado pelo cálculo da diferença entre as orientações dos realces e o
conjunto crítico das descontinuidades. Naturalmente, as descontinuidades que
formam um ângulo baixo com a face livre tornam-se mais facilmente instáveis.
Já as descontinuidades orientadas perpendicularmente à face escavada causam
impactos menores de instabilidade. O ângulo entre as orientações é representado
graficamente para gerar o fator B.

 O fator C mede a influência das cargas gravíticas, depois de ajustado para o


valor do número de estabilidade. Relativamente a este parâmetro, a chance de
ocorrer instabilidade é maior se a face do realce é, predominantemente, mais
coincidente com a orientação do deslocamento gravitacional. O fator C é
determinado de forma gráfica pela inclinação da face do realce.

No método de Mathews et al. (1981), a dimensão da face do realce e sua geometria são
definidas pelo raio hidráulico, RH, e o Número de Estabilidade ou índice N. O RH é
igual à área da face do realce dividida pela face do perímetro da área escavada. O índice
N é a combinação dos parâmetros de qualidade do maciço, definido pela Equação (2.7):

RQD Jr
N  Q' A  B  C    A B C (2.7)
Jn Ja

41
onde RQD, Jn, Jr e Ja foram definidos por Barton et al. (1974); e os fatores A, B e C
por Trueman et al. (1999) – este aplicou o método de Mathews et al. (1981) num
trabalho de retroanálise para avaliar a estabilidade em 180 casos de realces abertos na
mina de Mt. Charlotte, na Austrália. A Figura 2.6 mostra os fatores A, B e C utilizados
no cálculo do Número de Estabilidade ou índice N.

Figura 2.6 Fatores A, B e C do índice N (Trueman et al., 1999)

O gráfico de estabilidade, originalmente desenvolvido por Mathews et al. (1981), foi


modificado por Potvin (1988), que faz um ajuste baseado em 175 relatos coletados em
ambientes diversificados de mineração. Este sistema empírico é denominado Número de
Estabilidade Modificado, representado pelo índice N’, calculado pela Equação (2.8):

RQD Jr
N '  Q' A  B  C    A B C (2.8)
Jn Ja

42
onde RQD, Jn, Jr e Ja são definidos por Barton et al. (1974); e os novos fatores A, B e
C por Potvin (1988), conforme apresentado na Figura 2.7.

Figura 2.7 Novos fatores A, B e C do índice N' (Potvin, 1988)

Destaca-se que os fatores A, B e C, aplicados na obtenção do Número da Estabilidade,


índice N (Mathews et al., 1981), Figura 2.6, embora com a mesma identificação de
letras, diferenciam-se daqueles utilizados para calcular o Número da Estabilidade
Modificado, índice N’ (Potvin, 1988), Figura 2.7 em função da ponderação dos pesos
atribuídos.

Potvin (1988) e Nickson (1992) determinaram empiricamente o raio hidráulico, RH, e o


Número de Estabilidade Modificado (índice N’) para centenas de maciços rochosos
estudados, sendo os resultados de tais avaliações gerados graficamente (Figura 2.8). No
gráfico da Figura 2.8, o contorno superior da zona de transição representa o limite da
previsão mais conservadora de instabilidade para um realce sem suporte. Para maciços
com Números de Estabilidade Modificado, N’, marcados acima do limite superior da
zona de transição, a estabilidade é esperada, pois localizam-se na zona estável.

43
Figura 2.8 Ábaco de estabilidade, Potvin (1988) e Nickson (1992), para realces
sem suporte

O uso de ábacos de estabilidade, baseados nas metodologias empíricas de Mathews,


Potvin e Nickson, tem tido ampla aplicação em operações de lavra no Canadá, por
exemplo, onde são calibrados levando em consideração inúmeros casos, múltiplas e
variadas condições locais. Assim, este mesmo gráfico será utilizado nesta dissertação,
na tentativa de determinar, apenas como ponto de partida, o vão estável para o realce da
Mina Cuiabá, onde se vai aplicar o método de lavra sublevel-stoping. O Anexo II
apresenta os gráficos de estabilidade plotados, onde a maior parcela dos pontos com o
índices N` (Número de Estabilidade Modificado) incide numa zona de instabilidade.

Ressalte-se, todavia, que Kaiser et al. (1997) identificaram uma deficiência fundamental
nesta técnica empírica para a definição de vãos livres estáveis, que é a sensibilidade às
mudanças das tensões e perante a perda de confinamento tangencial nas paredes dos
realces. Tais situações acontecem frequentemente em casos de realces com geometria
complexa, com múltiplos corpos ou lentes de lavra e em situações com diferentes
litologias no hangingwall ou footwall.

Mesmo em profundidade, as tensões tangenciais modeladas elásticas nas paredes dos


realces são constantemente tracionadas (Diederichs e Kaiser 1999; Martin et al. 1999).

44
Na realidade, estas se manifestam através de descontinuidades normais, abertas nas
regiões de entorno da escavação, em fenômeno análogo ao deslocamento aparente das
paredes laterais de um realce abutment, para onde são transferidas as cargas
gravitacionais e as cargas induzidas. Tais movimentos nas laterais são frequentemente
induzidos, sobretudo, durante o processo de lavra ascendente de um realce (Kaiser et
al., 2000; Kaiser e Maloney, 1992), podendo levar a uma redução (relaxamento)
substancial das tensões nas paredes dos realces, em particular tratando-se de escavações
realizadas em maciços de rocha dura. A Figura 2.9 revela o relaxamento estimado para
os valores N` e RH de um dado realce sem suporte, quando ocorre transferência de
cargas gravitacionais e induzidas nas paredes laterais do realce (abutment).

Figura 2.9 Relaxamento estimado para escavações, em função de RH e N'


(Diederichs e Kaiser, 1999)

No ábaco da Figura 2.9, o Número de Estabilidade Modificado (índice N’) é plotado


relativamente ao logaritmo do raio hidráulico (log de RH), correlacionando-se os pares
para vários níveis de relaxamento (Diederichs e Kaiser, 1999). Os deslocamentos
positivos representam o relaxamento, visto que a transferência de cargas gravitacionais
e induzidas nas laterais do realce (abutment) resultam no movimento ascendente e para
a esquerda da curva de estabilidade limite para realces sem suporte. Em outras palavras,
o relaxamento causado por algumas dezenas de milímetros reduz significativamente o
vão máximo de estabilidade do realce para determinada qualidade do maciço. Suorineni

45
et al., 2000 relatam que a influência do relaxamento é particularmente acentuada
quando estruturas principais nas rochas (falhas, descontinuidades) interceptam os
realces.

Diederichs e Kaiser (1999) converteram os deslocamentos gerados pela transferência de


cargas gravitacionais e induzidas nas laterais do realce (abutment) da Figura 2.9 na
média equivalente do esforço de tração atuando paralelamente à face do realce. Em
profundidade, as paredes podem experimentar relaxamento severo equivalente à tração
elástica. Estes resultados no limite do gráfico do Número de Estabilidade Modificado
são mostrados na Figura 2.10, ainda para um realce sem suporte, onde a tração é plotada
como positiva. Também estão plotados, na Figura 2.10, os dados do teto do realce e do
hangingwall em rocha competente (Greer, 1989). A parte dos fundos do realce,
mostrado no setor mais inferior da Figura 2.10, está em compressão e instabilidade das
faces, portanto, a previsão mais adequada é feita utilizando-se a linha de limite
convencional para realce sem suporte. Entretanto, neste caso, o hangingwall é
representado por uma condição de tração (Bawden, 1993).

Figura 2.10 Comparação entre o teto confinado e o HW relaxado. Limites


transladados para três níveis de tensão/tração (Diederichs, 1999)

46
O efeito de instabilidade por tração pode ser descrito mediante utilização de um ajuste
do fator A, do gráfico de Estabilidade Modificado (Diederichs,1999), que é aplicável
apenas para esforço de tensão (σT) nas condições de contorno da escavação, Equação
(2.9), onde σr é a resistência à compressão uniaxial da rocha intacta e σc é a tensão
máxima de compressão induzida.

11r
A  0,9  e c (para T < 0) (2.9)

O impacto de um relaxamento moderado (variando de 5 a 10 MPa da média da tração


elástica, paralela ao contorno da escavação) é equivalente, aproximadamente, a uma
redução de 30% a 50% no vão máximo de estabilidade ou raio hidráulico. Ignorar este
relaxamento nas aberturas de escavação complexas e em profundidade pode acarretar
consequências econômicas negativas.

A título de exemplo, a previsão de instabilidade para o caso argumentado acima, é


ilustrado na Figura 2.11. Enfatiza-se que, em maciços fraturados ao redor dos realces
abertos no subsolo ou rocha que tenha sido pré-condicionada por tensão elevada (dano
de tensão induzida no maciço rochoso), a extensão da mobilização (desmoronamento)
estruturalmente controlada pode ser prevista mediante utilização de modelos elásticos
tridimensionais, tal como MAP3D, para os limites espaciais das zonas de tração, σ3 < 0,
(Martin et al., 2000). Naturalmente, torna-se essencial um bom controle do
acondicionamento da modelagem, malha de discretização nos elementos e grid para
evitar cálculos incorretos, sobretudo das trações próximas das escavações.

Vista de topo do realce em fechamento-abertura


Figura 2.11 Comparação entre a zona de tração elástica acima do teto (relaxamento
devido à geometria complexa) e a mobilização prevista

47
3 Capítulo 3 : min a Cu iab á

Capítulo 3

MINA CUIABÁ

3.1 INTRODUÇÃO

Considerado o âmbito desta dissertação, este capítulo descreve as características


técnicas dos ambientes da Mina Cuiabá, que são pertinentes e necessários aos estudos
aqui desenvolvidos. Esta mina, com localização no município de Caeté no estado de
Minas Gerais, Brasil, é subterrânea, voltada à exploração de ouro, sendo propriedade da
empresa AngloGold Ashanti Brasil Mineração Ltda.

Segue-se uma apresentação geral do empreendimento, com um breve histórico das


atividades de mineração no local; seus aspectos técnicos; as características geológicas
do maciço rochoso; os aspectos geotécnicos e operacionais importantes para
contextualização dos estudos de modelagem numérica realizados nesta dissertação.

3.2 HISTÓRICO DA MINA

Os primeiros registros de trabalhos de garimpagem na região onde se situa a Mina


Cuiabá datam de 1740. A extração de aluviões era realizada de forma rudimentar à flor
da terra ou nos leitos dos rios, de modo que os locais de exploração se esgotavam
rapidamente. Os mineiros passaram então a procurar o ouro em camadas e veios
subterrâneos, embora não dispusessem de tecnologia e mecanização. Nos primórdios, os
trabalhos de lavra eram relativamente perigosos e eram desempenhados em condições
insalubres, demandavam elevada disponibilidade de mão-de-obra, sobretudo escrava,
resultando em baixo aproveitamento dos veios extraídos.

48
No final do século XIX, abriram-se oportunidades para que empresas estrangeiras
ingressassem no país com o propósito de obtenção de concessões de direito minerário.
Estas importaram e implantaram processos científicos de exploração, tecnologias
modernas de ventilação, iluminação, bombeamento e drenagem da água, técnicas
inovadoras de desmonte dos maciços rochosos, estruturas de escoramento, britagem e
beneficiamento do minério, e outros avanços. Adicionalmente, os empreendimentos
passaram a receber gerenciamento administrativo organizado.

Em 1877, a St. John Del Rey Mining Company, empresa de origem inglesa, adquiriu a
Mina Cuiabá, onde realizou operações de lavra intermitentes até 1910. A partir desta
data e até 1940, ocorreram períodos esporádicos de produção. Por ocasião da Segunda
Guerra Mundial, a lavra foi paralisada em decorrência da dificuldade de escoamento do
metal para a Europa e suposto esgotamento do corpo de minério explorado. Ao longo
das décadas seguintes, houve diversas incorporações, acabando a Mina Cuiabá
incorporada na empresa de mineração Morro Velho.

Em 1975, a antiga Mineração Morro Velho, à época um empreendimento integralmente


brasileiro, se associou à Anglo American, empresa sul-africana de elevado capital e
experiência internacional no ramo da mineração. A partir de 1977, a Mina Cuiabá
reiniciou trabalhos minuciosos de pesquisa geológica e desenvolvimento de galerias,
culminando na reabertura da mina. O nível N3, relativamente raso, foi totalmente
desenvolvido, fez-se o primeiro mapeamento geológico detalhado e delineou-se a
estrutura geológica geral da mina (Vial,1980). Também verificou-se a possibilidade de
ampliação da longevidade das operações, cujo projeto de viabilidade teve sua aprovação
em 1982.

A partir de 1985, é iniciada a lavra sistemática dos corpos de minério e a produção do


ouro passa à escala industrial, propiciada por tecnologias modernas de mineração em
subsolo, centradas numa forte campanha de mecanização. Como fatos relevantes nessa
modernização, podem ser destacados: a abertura do poço vertical (shaft); a substituição
do sistema de transporte de trilhos por caminhões e carregadeiras sobre pneus; e a
introdução do processo de ustulação. Em 1996, a Morro Velho tornou-se subsidiária
integral do Grupo Anglo American, e em 1999 passa a pertencer à divisão de ouro, a

49
AngloGold, subsequentemente independente e reincorporada como AngloGold Ashanti
Brasil Mineração Ltda.(AGABM). Em 2010, a AGABM reincorpora mais uma vez o
projeto aurífero de Córrego do Sítio em Santa Barbara, que passa a se designar
AngloGold Ashanti Córrego do Sítio Mineração Ltda.

Em 2007, a Mina Cuiabá implementou um processo de expansão de suas atividades


para extração do minério até o nível N21, aumentando a vida útil da mina em seis anos,
até 2022. Foi construída uma nova planta de moagem, concentração gravimétrica e
flotação em torno da Mina, com capacidade para tratar até 120 mil t/dia e investiu-se no
aumento da capacidade de transporte do shaft. O minério produzido e pré-concentrado
na Mina Cuiabá segue transportado via teleférico para a planta industrial de
beneficiamento no complexo do Queiroz, em Honório Bicalho, a cerca de 15 km de
distância da mina. Atualmente, a Mina Cuiabá produz cerca de 3800 t/dia de minério.

3.3 ASPECTOS GERAIS DA MINA

A Mina Cuiabá encontra-se no município de Caeté, próxima às cidades de Sabará e


Belo Horizonte, no estado de Minas Gerais, Brasil. Localizada no setor NW do
Quadrilátero Ferrífero, a 5,5 km a leste de Sabará, nas margens da rodovia MG-262 que
liga Belo Horizonte a Caeté, passando por Sabará.

A mineralização da Mina Cuiabá associa-se principalmente a um único nível de


formação ferrífera bandada (BIF), que se insere numa sequência máfica, tendo, da base
para o topo, rochas vulcânicas ultramáficas, máficas, intermediárias, félsicas e
sedimentos detríticos com metamorfismo de baixo grau. O maciço mineralizado
constitui-se de uma rocha extremamente competente, com comportamento
predominantemente elástico e resistência acima de 180 MPa, encaixada numa sequência
de rochas xistosas bem menos competentes, com resistência em torno de 56 MPa e
apresentando natureza plástica. As rochas encaixantes são altamente anisotrópicas em
função de sua marcante foliação, sendo esta a principal condição estrutural que
influencia a estabilidade. As zonas de cisalhamento, caracterizadas pela existência de

50
veios de quartzo e de foliação milonítica bem desenvolvida, estão presentes em toda a
mina, principalmente no lado norte.

A mina pode ser classificada como de profundidade relativamente mediana, que atinge
aproximadamente 1000 m, correspondente ao nível N15. A atividade de extração dos
corpos de minério tipo veio ocorre em realces estruturados em vários níveis. Entre os
níveis superficiais até o nível N9, os painéis são de 66 m de altura vertical; entre os
níveis N9 e N11, medem 44 m de altura; abaixo do nível N11 até o nível N14, os
painéis, ainda em fase de desenvolvimento e exposição dos corpos, têm 33 m de altura.

A partir da superfície, o acesso principal ao interior da mina e demais áreas operacionais


pode ser feito através de um poço vertical, que desce até o nível N11, ou por rampa, por
onde circulam todos os equipamentos e veículos automotores, cuja entrada é feita na
encosta de um vale, na altura correspondente ao nível N3 da mina. Abaixo do nível N11
até o nível N16, todo o acesso se faz por rampas.

3.4 CARACTERÍSTICAS GEOLÓGICAS

Apresentam-se abaixo as características principais do maciço rochoso relativas à


geologia regional, estrutural e local da Mina, bem como alguns detalhes de petrografia e
hidrotermalismo da região, sabendo que os processos geológicos e intempéricos aí
encontrados têm resultado numa grande variedade de materiais naturais.

3.4.1 Geologia regional

O Quadrilátero Ferrífero, onde se insere a Mina Cuiabá, compreende uma área de


7200km², localizada na porção centro-sul do estado de Minas Gerais. Em decorrência de
seus grandes depósitos minerais, a região tem sido alvo de vários estudos e pesquisas
geológicas desde o século XVIII. No contexto geotectônico, o Quadrilátero Ferrífero
situa-se na porção meridional do Cráton São Francisco e representa um núcleo cratônico
estabilizado no término do Ciclo Brasiliano, com um núcleo mais antigo e maior,
denominado de Cráton Paramirin (Almeida, 1981).

51
A região compõe-se por três grandes unidades lito-estratigráficas. A primeira é formada
pelo Complexo Metamórfico que contém o embasamento cristalino. A seguir, há
sequências vulcano-sedimentares do tipo Greenstone Belt, representadas pelo
Supergrupo Rio das Velhas. Por último, sobreposta discordante às outras duas, vem a
unidade que constitui as sequências plataformais do proterozóico inferior, que
correspondem ao Supergrupo Minas, Grupo Sabará e Grupo Itacolomi, sobrepostas por
coberturas sedimentares mais recentes, que constituem as Bacias do Gandarela e
Fonseca (Zenóbio, 2000).

O Quadrilátero Ferrífero, portanto, apresenta grande complexidade estrutural, como


resultado de vários eventos de deformação que transformaram as camadas
metassedimentares em conjuntos de grandes anticlinais e sinclinais, complicados por
inversões de camadas e falhamentos de empurrão. A Figura 3.1 destaca diversas dessas
estruturas principais, além de dois grandes sistemas de falhas.

Figura 3.1 Esboço geológico regional do Quadrilátero Ferrífero e correlação com


o Cráton São Francisco (Modificado de Lana, 2004)

52
3.4.2 Geologia estrutural

Em nível local, a estrutura geológica da Mina Cuiabá é uma dobra tubular, tipo bainha,
porém mais fechada, estando esta zona de fechamento já erodida e abrindo-se em
profundidade, conforme a classificação de dobras cônicas de Skijernaa (1989). Sua
evolução estrutural é explicada como decorrência dos efeitos de dobramento impostos a
uma dobra não cilíndrica deformada por um cisalhamento posterior, sendo o eixo maior
da dobra subparalelo à direção do cisalhamento (Vieira, 1991b e Toledo, 1997). A
direção de estiramento é, portanto, coincidente com o eixo de dobramento, tendo
125/36º em superfície e tendendo a se tornar horizontal em profundidade. A foliação é
subparalela ao acamamento; ao longo dela, desenvolveram-se cisalhamentos, que se
tornaram condutos para a ascensão dos fluidos hidrotermais. A estrutura tubular amplia-
se em profundidade, os corpos de minério tendem a aumentar suas áreas de lavra em
direção aos níveis mais profundos, com diminuição dos teores auríferos (Figura 3.2).

Figura 3.2 Dobra tubular com representação isométrica dos pacotes de BIF

De acordo com Vial (1988), Toledo (1997) e Xavier et al. (2000), foram caracterizados
três possíveis eventos de deformação sucessivos, gerados por esforços compressivos no
maciço que compreende a região da mina.

Durante o primeiro evento, desenvolveram-se dobramentos fechados de grande


amplitude, com uma foliação paralela ao acamamento no sentido de SE para NE. A
principal estruturação da mina foi gerada neste evento, onde se observa um grande
anticlinal no flanco sul com sequência normal; no flanco norte, a mesma sequência

53
aparece invertida. Nesse evento, a foliação desenvolvida é difícil de ser observada.
Nota-se que houve intensa transposição, observando-se, localmente, zonas de
cisalhamento discretas, paralelas ao acamamento. Provavelmente, tais zonas
representam escorregamentos inter e intraestratais, desenvolvidos nos estágios iniciais
de deformação.

O segundo evento deformativo desenvolveu dobramentos isoclinais de menor


amplitude, com clivagem de transposição e eixo de dobramento paralelo à lineação
mineral. As estruturas geradas neste segundo evento revelam uma deformação
cisalhante com distribuição heterogênea e progressiva. Foram gerados empurrões que
refletem esforços tectônicos no sentido de SE para NE e dobramentos de variadas
magnitudes. As observações efetuadas no subsolo indicam que os dois sistemas de
falhamentos principais, apontados por Vial (1988), desenvolveram-se no segundo
evento deformativo.

O terceiro evento de deformação é caracterizado por um conjunto de estruturas de


caráter compressivo e orientação geral NS. Estas estruturas deformaram as feições
planares e lineares preexistentes, tendo sido geradas em níveis mais rasos da crosta. Aí,
a foliação apresenta direção NS com mergulhos próximos de 40º para leste. Próximas às
falhas de empurrão geradas no evento anterior, observa-se a reorientação da foliação. A
deflexão da foliação deste terceiro evento, em direção às falhas de empurrão, pode ser
indicativa de reativação das falhas. Foi produzida, neste evento, a clivagem de fratura e
a lineação de crenulação.

3.4.3 Geologia local

A mineralização da Mina Cuiabá está associada essencialmente a um único nível de


formação ferrífera que se insere numa sequência máfica da porção inferior do Grupo
Nova Lima. As rochas máficas encaixantes das mineralizações auríferas estão bem
modificadas pela percolação de fluidos hidrotermais, gerando, de fora para dentro,
zonas concêntricas de cloritização, carbonatação e sericitização. Os corpos de minério
são constituídos, na sua maioria, por sulfetos maciços, bandados ou disseminados na
BIF, exceto por aqueles que constituem veios e pequenas vênulas de quartzo nas zonas

54
de sericitização com sulfeto disseminado. De maneira geral, o ouro está incluso nas
bordas dos grãos de pirita na forma de inclusões e ao longo de fraturas e contatos dos
grãos, sendo que sua precipitação está intimamente relacionada às reações de interação
fluido-rocha.

As faixas de alteração na rocha máfica apresentam espessuras centimétricas a métricas


com contatos graduais de difícil individualização no campo. Normalmente, observa-se a
passagem lateral de zonas de sericitização para zonas de cloritização e carbonatação. As
faixas mais espessas estão individualizadas nos mapas de amostragem, assim como na
Figura 3.3, constituída por:

• metabasalto/ andesito xistoso (MANX) – zona de cloritização;


• sericita-plagioclásio-carbonato xisto (X2CL) – zona de carbonatação;
• quartzo-carbonato-sericita-xisto (X2) – zona de sericitização.
Os corpos de minério têm dimensões que variam entre 0,5 a 15 m de espessura, tendo
na base os basaltos sericitizados (X2), por vezes os metapelitos (X1) e, no topo, uma
camada de filito grafitoso (FG). A extensão longitudinal ou no strike destes corpos varia
de 10 a 300 m; ao longo do plunge, sabe-se, atualmente, que a reserva vai até o nível
N21, a cerca de 1400 m de profundidade. Prosseguem, no momento, campanhas de
sondagem que podem apontar continuidade em níveis ainda mais profundos.

Figura 3.3 Seção do nível N11 mostrando a geologia, litologia e a posição dos
principais corpos de minério na dobra (Vial, 1980; Vieira, 1988)

55
São quatro os corpos principais de minério: Serrotinho (SER), Fonte Grande Sul (FGS),
Galinheiro (GAL) e Balancão (BAL). Os corpos de minério SER e FGS são os mais
importantes para a empresa, pois deles recuperam-se cerca de 70% de toda a produção.
A Figura 3.4 apresenta uma vista isométrica com destaque para os domínios de lavra
dos corpos FGS e SER.

Figura 3.4 Vista isométrica dos domínios de lavra dos corpos FGS e SER, entre os
níveis N9 e N16, profundidade de 650 e 1200 m, respectivamente

3.4.4 Petrografia

A descrição petrográfica das principais unidades litológicas que constituem o maciço da


Mina Cuiabá é apresentada a seguir.

A Formação Ferrífera Bandada (BIF) é caracterizada por um bandamento milimétrico


ou centimétrico onde se alternam bandas de quartzo poligonizado e bandas de ankerita,
siderita e quartzo. As bandas carbonáticas apresentam frequentemente coloração negra,
dada pela presença de grafita.

56
Metabasaltos/metandesitos (MAN) ocorrem estratigraficamente abaixo da camada de
BIF, no centro da dobra tubular. Têm-se derrames de basaltos maciços ou em pillows
com variolitos, constituídos por subcamadas de plagioclásio albitizado, substituídos por
clinozoisita numa matriz de actinolita/ tremolita e clorita.

Metabasaltos (MBA), que são derrames de basaltos maciços ou em pillows com


variolitos, ocorrem estratigraficamente acima da BIF, na parte externa da dobra tubular.
Diferem do basalto (MAN) por serem mais ricos em ferro e titânio. Em termos
petrográficos, o enriquecimento em ferro é dado pelo anfibólio (actinolita), pela clorita
rica em ferro e pelo epidoto no lugar da clinozoisita.

Clorita-sericita-plagioclásio-carbonato-quartzo xisto ou tufitos félsicos (XS) ocorrem


em horizontes estreitos e contínuos alternados com metapelitos em contato gradacional,
que mostram uma contribuição sedimentar significativa. A deposição do material deu-se
em ciclos com aproximadamente um metro de espessura, onde se individualizam sub-
ciclos centimétricos, começando com fragmentos milimétricos ou sub-milimétricos
gradando até as cinzas vulcânicas. Os fragmentos bastante arredondados por
retrabalhamento são, essencialmente, fenocristais de quartzo bipiramidal, plagioclásio e
por vezes fragmentos de rocha, indicando composição dacítica/riodacítica. A boa
estratificação destas rochas indica deposição submarinha.

Clorita-carbonato-quartzo-sericita filito com matéria carbonosa ou pelitos carbonáticos


(X1) apresentam acamamento gradacional com bandas de quartzo carbonáticas que
gradam para bandas sericito grafitosas. Na base destas bandas de quartzo carbonáticas,
destacam-se clastos de quartzo e plagioclásio. A gradação na sedimentação pode ser
vista em ciclos de métricos a centimétricos.

A textura da rocha filito grafitoso (FG) é dada por uma foliação pronunciada,
geralmente milonítica. Ocorre em camadas estreitas intercaladas no basalto (MBA). O
termo grafita tem sido usado de modo genérico para caracterizar material carbonoso.
Segundo Fortes et al. (1994) e Ribeiro-Rodrigues (1998), os isótopos de carbono
indicam a origem sedimentar dessa rocha.

57
3.4.5 Hidrotermalismo

As paragêneses encontradas no metamorfismo regional indicam condições de


metamorfismo do grau fraco com temperaturas entre 350 e 430 °C (Vieira, 1991a). O
metamorfismo regional é caracterizado por paragêneses, tendo carbonato como
acessório, que indicam concentração muito baixa de CO2 e abundância de epidoto e
actinolita, que indicam pequena proporção de fluido aquoso, ou seja, minerais com
pequena proporção de OH na estrutura.

O hidrotermalismo é caracterizado pela elevada concentração de CO2 (carbonato


abundante) e maior proporção de água (ausência de epidoto e actinolita e presença de
clorita que apresenta maior proporção de OH na estrutura). K, S, Au, As, B, Ba, dentre
outros elementos, também são introduzidos juntamente com H20 e CO2 durante o
hidrotermalismo (Vieira, 1991c).

As texturas magmáticas, incluindo pillows e variolitos nos basaltos, são largamente


obliteradas quando se adentra nas zonas hidrotermais. As rochas hidrotermalizadas são
milonitos com veios de quartzo boudinados, sigmoidais, ou dobrados.
Microscopicamente, são marcadas por uma foliação milonítica anastomosada, estruturas
S - C, e poiquiloblastos rotacionados e recristalizados com sombras de pressão.

Os minerais estão largamente alongados e estirados conforme a lineação principal.


Quartzo, carbonato e albita apresentam cominuição e recristalização dinâmica,
destacando-se um crescimento de grãos para o quartzo e carbonato (Vieira e Simões,
1992). Enquanto os xistos hidrotermalizados apresentam feições de deformação dúctil,
na BIF a deformação é dúctil-rúptil a dúctil, podendo apresentar, além das feições
tension-gashes, micro-falhas com blocos rotacionados e brechas.

O zoneamento hidrotermal na Mina Cuiabá desenvolveu-se sobre as rochas máficas,


associado ao cisalhamento do primeiro evento de deformação, sendo, de fora para
dentro, dividido em três zonas: cloritização, carbonatação e sericitização. Vieira
(1991b), baseado nos dados químicos e petrográficos, propõe um fluido composto por
H2O, CO2 com predomínio de H2O no estágio inicial (zona de cloritização) e CO2 no
estágio intermediário e avançado (zonas de carbonatação e sericitização,

58
respectivamente), ou seja, incremento da hidratação e carbonatação em direção ao
centro das zonas.

3.4.6 Registros de sismicidade regional

A sismicidade associada às operações de mineração subterrânea é primariamente


causada pela progressão de aprofundamento da mina, sujeita aos elevados níveis de
tensão no maciço rochoso remanescente ao redor da escavação. A remoção progressiva
de rochas dos realces causa mudanças na distribuição das tensões, sendo transferidas
para os limites mais próximos e/ou pilares. A tensão induzida na rocha pode,
eventualmente, alcançar um nível de tensão suficientemente elevado para causar um dos
acontecimentos da sequência:

 movimento súbito ou ocorrência de deslizamento em planos de fraqueza


preexistentes no maciço rochoso; e / ou

 falha através da massa de rocha intacta, criando um novo plano ou plano de


fraqueza susceptível à movimentação.

A Mina Cuiabá situa-se num ambiente geológico estável e de sismicidade natural, no


qual não se espera que sua estabilidade seja afetada. Não se conhecem, até a data,
registros de sismicidade natural ocorridos na área de concessão da mina e/ou registros
por ações de lavra, ou fenômenos de “strain bursting” desde o começo das atividades
de mineração em Cuiabá. Todavia, não se garante que a sismicidade induzida pela
mineração não possa aumentar no futuro.

Com efeito, está sendo considerada a aplicação de um sistema de monitoramento


sísmico num futuro breve. Prevê-se que, com o aprofundamento da mina e o aumento
das cargas acumuladas no maciço mineralizado, BIF, cujo módulo de elasticidade é
elevado relativamente à encaixante (xistos), potencialmente, podem ocorrer eventos de
face-burst.

59
3.4.7 Hidrogeologia

O clima na região é tipicamente tropical, influenciado localmente pelo relevo marcado


por serras e vales, que, em virtude de seus diferentes níveis altimétricos, altera os
valores espaciais da temperatura do ar e da precipitação.

Ocorrem duas estações bem definidas: uma seca e fria, de maio a agosto (inverno), e
outra chuvosa e quente, de setembro a março (verão). O trimestre mais chuvoso,
correspondente aos meses de novembro, dezembro e janeiro, contribui, em média, com
56,5 % do total anual de precipitação. A umidade relativa, apesar de permanecer mais
ou menos constante em boa parte do ano (janeiro a junho), decai rapidamente de julho
até o final do período mais seco. A partir de outubro, passa a recuperar seus valores até
novamente atingir um patamar mais estável em janeiro.

O córrego Cuiabá, localizado a leste das atuais instalações da Mina Cuiabá, é afluente
esquerdo do ribeirão Sabará, que faz parte da sub-bacia do rio das Velhas, pertencente à
bacia do rio São Francisco. O córrego Cuiabá possui declividade de 4,8 % e apresenta
baixa suscetibilidade a enchentes. A vazão medida no período de chuvoso é de 48 l/s ou
173m³/h.

A princípio, a mina não está localizada sobre aquíferos e possui baixa vulnerabilidade à
contaminação, em decorrência das baixas condutibilidades hidráulicas dos maciços
rochosos que compõem o substrato local. Por estar a mina produzindo, atualmente, nos
níveis mais profundos, não ocorre interferência de nível freático.

3.5 ASPECTOS E CARACTERIZAÇÃO GEOTÉCNICA

As atividades de mecânica de rochas na Mina Cuiabá centraram-se, efetivamente, no


combate aos desplacamentos e quebras das escavações no maciço rochoso. Nessas
atividades, foram considerados os aspectos geotécnicos abaixo relacionados.

• classificação geomecânica do maciço rochoso;


• informações geotécnicas das descontinuidades e planos de fraqueza;
• propriedades mecânicas da rocha sã e das descontinuidades;

60
• grandeza e orientação dos campos de tensão pré-lavra e induzidos pela lavra;
• mecanismos potenciais de ruptura da rocha;
• danos por detonação causados no maciço rochoso;
• prováveis desplacamentos e natureza da movimentação do maciço;
• possíveis efeitos sobre áreas de trabalho e instalações adjacentes a realces;
• experiências do passado e dados históricos relevantes;
• lençol freático e exposição à atmosfera;
• efeitos dinâmicos esporádicos (strain-burst).

3.5.1 Classificação geomecânica da Mina Cuiabá

A classificação geotécnica do maciço rochoso oferece subsídios para a definição de


parâmetros físicos e mecânicos dos ambientes de lavra, com o intuito de alimentar
programas computacionais e outros métodos de análise empíricos. A classificação visa
determinar, por exemplo, as dimensões desejáveis das escavações, dos pilares
horizontais e verticais, das chaminés (raises) e realces, o melhor traçado para galerias e
rampas, bem como o sistema de contenção cabível.

Trata-se, portanto, de uma ferramenta útil na determinação da extensão dos domínios


geotécnicos da mina, constituindo-se em instrumentos importantes na previsão do
comportamento do maciço frente a determinados tipos de solicitações. Adicionalmente,
as classificações geotécnicas estabelecem uma linguagem comum entre os técnicos
interessados na descrição das propriedades intrínsecas do meio rochoso.

Os métodos de classificação possuem limitações, as quais incluem o tipo de parâmetros


usados nos seus cálculos e as classes de fronteiras arbitrárias selecionadas. Muitas das
técnicas de coleta de dados são baseadas em métodos empíricos e contam com o grau de
experiência da pessoa que a realiza. O domínio geotécnico corresponde ao volume de
rocha com propriedades gerais similares à do maciço rochoso. As propriedades
geomecânicas que devem ser consideradas, quando se define um domínio geotécnico,
incluem:

 características dos planos de fraqueza, particularmente a orientação,


espaçamento, persistência e propriedades de resistência ao cisalhamento;

61
 grau de intemperismo e/ou alteração;
 resistência à compressão uniaxial da rocha intacta;
 comportamento mecânico e/ou módulo de deformação do maciço rochoso;
 campo de tensão da rocha (in situ e induzidas);
 permeabilidade/ presença de água no maciço rochoso.

Os principais sistemas internacionais de classificação de maciços rochosos utilizados na


engenharia geotécnica são apresentados a seguir, sendo que alguns deles já apresentam
alguma atualização/adaptação:

 Rock Quality ou Q de Barton (1974);


 Rock Mass Ranting ou RMR de Bieniawski (1989);
 Mining Rock Mass Rating ou MRMR de Laubscher (1990);
 Geological Strength Índex ou GSI de Hoek (1994).

A classificação geomecânica da Mina Cuiabá é realizada levando em consideração os


principais parâmetros referentes à estabilidade do maciço rochoso, obtidos por meio da
descrição de testemunhos de sondagem, observações de campo e, principalmente, o
mapeamento geotécnico. São utilizados, em Cuiabá, os sistemas de classificação Q de
Barton (1974) em comparação com o Rock Mass Rating (RMR) de Bieniawski (1989),
com o objetivo de fornecer maior confiabilidade à classificação especificada.

3.5.1.1 Índice Q de qualidade da rocha

Barton et al. (1974) estudaram um grande número de casos de escavações subterrâneas


e desenvolveram o sistema de classificação Q. Este baseia-se na avaliação numérica da
qualidade do maciço relacionado com o vão da escavação e sua finalidade. O Rock
Tunnelling Quality Índex, Q é definido pela Equação (3.1):

RQD Jr Jw
Q   (3.1)
Jn Ja SRF

Onde: RQD = Índice de qualidade da rocha;


Jn = Número de famílias de descontinuidades;

62
Jr = Índice de rugosidade das juntas;
Ja = Índice de alteração das juntas;
Jw = Índice de presença/afluência de água no maciço;
SRF = Índice de tensões atuantes no maciço.

A definição de distintas classes para a Mina Cuiabá, baseadas nos tipos litológicos e
grau de fraturamento, é mostrada na Tabela 3.1.

Tabela 3.1 Classificação segundo o sistema Q de Barton para domínios


geotécnicos da Mina Cuiabá
Classe do Qualidade
Litologia RQD Jn Jr Ja Jw SRF Q
maciço da rocha

BIF 95 6 3 1 1 1 47,5 I Muito boa

X1 80 9 1,5 1 1 1 13,3 II B Boa

X2 85 9 1,5 1 1 1 14,2 II B Boa


X1 ou X2
20 12 1,5 1 1 1 2,5 IV A Ruim
mais fraturado

Quando o sistema de classificação é usado para deduzir as características geotécnicas do


maciço rochoso, com o objetivo de conduzir modelagem numérica, a influência da
tensão já se encontra considerada no modelo. Então, deve ser utilizado o Índice Q
modificado, Q’, calculado segundo a Equação (3.2).

RQD Jr
Q'   (3.2)
Jn Ja

Atribui-se ao parâmetro SRF (índice de tensões atuantes no maciço) o valor 1,0, que é
equivalente a um maciço rochoso moderadamente ajustado, mas não excessivamente
solicitado. O parâmetro Jw também assume um valor definido como 1,0, visto que, na
maioria dos ambientes geotécnicos de mineração subterrânea, em rocha competente, as
escavações apresentam-se relativamente secas.

63
Nesta dissertação, os índices Q e Q' foram utilizados para determinar o Número de
Estabilidade ou Índice N (Mathews et al., 1981), bem como o Índice N’ (Potvin, 1988;
Bawden, 1993 e Hoek et al., 1995), referente ao método gráfico do Número de
Estabilidade Modificado, aqui aplicado no dimensionamento inicial do vão de lavra
estável entre rib pillars.

3.5.1.2 Sistema RMR

O sistema de classificação dos maciços Rock Mass Rating - RMR (Bieniawski,1989), é


um sistema empírico de classificação geotécnica, proposto inicialmente para aplicação
em túneis com geometria transversal em forma de ferradura, escavados com uso de
explosivos, num maciço sujeito a uma tensão vertical acima de 25 MPa, em
profundidade de aproximadamente 900 m abaixo da superfície. Com o decorrer do
tempo, foram analisados centenas de casos de escavações adicionais, o que possibilitou
a compilação de registros e dados complementares. Isso provocou mudanças
significativas nos pesos dos diferentes parâmetros integrantes do sistema de
classificação.

Metodologicamente, para aplicar a classificação RMR, o maciço rochoso é dividido em


regiões estruturais distintas, sendo cada região classificada separadamente. Após se
obterem dados dos índices de cada um dos seis parâmetros, a soma destes gera o valor
RMR do maciço em observação, Equação (3.3).

RMR  A1  A2  A3  A4  A5  B (3.3)

Os parâmetros A1 a A5 e B definem-se da seguinte forma:

A1 = Resistência a compressão uniaxial do material da rocha intacta (UCS);


A2 = Índice de qualidade da rocha (RQD);
A3 = Espaçamento das descontinuidades;
A4 = Condições das descontinuidades;
A5 = Condições/ação da água subterrânea;
B = Orientação das descontinuidades (ajuste para túneis e minas)

64
Para o caso especifico da Mina Cuiabá, a classificação RMR representativa, referente a
cada uma das litologias típicas, apresenta-se na Tabela 3.2.

Tabela 3.2 Ranqueamento das litologias típicas de Cuiabá, segundo o sistema


RMR de Bieniawski
X1 X2
Parâmetros BIF/ minério X1 X2 mais mais
fraturado fraturado
A1 (MPa) 180 56 96 56 96
Índice 12 7 7 7 7
A2 95 80 85 20 20
Índice 20 17 17 3 3
A3 (m) 0,2 a 0,6 0,2 a 0,6 0,2 a 0,6 0,06 a 0,2 0,06 a 0,2
Índice 10 10 10 8 8
Persistência 20m >20m >20m
Separação Não há Superfície Não há Superfície Não há
Rugosidade Rugosa estriada e Estriada estriada e Estriada
A4 espelhada espelhada
Preenchimento Não há Não há Não há
Alteração Levemente Levemente Levemente
Índice 22 10 17 10 17
A5 Todo o maciço rochoso se encontra seco, com umidade apenas local
Índice 15 15 15 15 15
Direção subparalela ao eixo da galeria com mergulho médio de 30°. Condição
mediamente favorável. Obs. Os índices foram obtidos considerando a pior e
B
mais comum situação, de acordo com o layout da mina.
Índice -5 -5 -5 -5 -5
Resultados 74 54 61 38 45
RMR Classe III Classe III Classe IV Classe III
Classe II
Rocha Rocha Regular Rocha Rocha Pobre /
Classe do maciço Rocha Boa
Regular / Boa Pobre Regular

3.5.1.3 Índice de resistência geológica

O Índice de Resistência Geológica – Geological Strength Índex, GSI (Hoek, 1989), é


um parâmetro que permite representar a redução da resistência do maciço rochoso para
diferentes condições geológicas. Este índice caracteriza de maneira indireta o
comportamento esperado de um dado maciço, Equação (3.4).

GSI  RMR'89 5 (3.4)

65
O valor de GSI pode ser inferido através da relação RMR89 definida por Bieniawski
(1989), onde é considerada a condição de água do terreno com peso igual a 15 e o ajuste
para a orientação da principal família de juntas (fator B na obtenção do RMR) com a
direção da escavação igual a zero. Na classificação RMR89 realizada para a Mina
Cuiabá, considerou-se o valor de ajuste para orientação das juntas igual a –5; portanto, o
valor RMR89 resulta igual RMR89 + 5.

3.5.2 Características geomecânicas das rochas integrantes do maciço de Cuiabá

As características e propriedades geomecânicas das litologias principais integrantes do


maciço rochoso na Mina Cuiabá podem ser descritas em termos muito gerais, conforme
se observa abaixo.

 Formação ferrífera bandada (BIF)/minério: rocha comparativamente muito


competente, pouco fraturada, com alta resistência à compressão uniaxial simples
acima de 180 MPa. O valor médio encontrado para o módulo de elasticidade da
BIF, cerca de 60 GPa, indica a presença de uma litologia com comportamento
predominantemente elástico, com muito boa resistência mecânica e,
consequentemente, baixa deformabilidade.

 Filito grafitoso/xisto grafitoso (X1): rocha bastante foliada, com variação


acentuada nos valores de resistência à compressão simples, entre 22 e 113 MPa,
sendo o valor médio em torno de 56 MPa. De maneira geral, este tipo de
litologia exibe comportamento predominantemente plástico, com propensão para
elevada deformabilidade e, consequentemente, baixa resistência mecânica.

 Clorita xisto/meta-andesito (X2): rocha igualmente foliada, que apresenta menor


dispersão nos valores de resistência à compressão simples, os quais variam entre
65 e 118 MPa, indicando, eventualmente, que a foliação nesta rocha pode ser
fator de anisotropia de menor importância. Esta litologia exibe, também, um
comportamento predominantemente plástico, com elevada deformabilidade e
baixa resistência mecânica.

66
3.5.3 Generalidades sobre o sistema de contenção aplicado

As escavações da Mina Cuiabá requerem unidades de contenção que dependem das


características do maciço - diferentes padrões geotécnicos são considerados. O
dimensionamento dos sistemas de contenção apropriados para uma dada escavação
baseia-se nos resultados da classificação geotécnica, segundo a qual a qualidade do
maciço pode ser agrupada em cinco classes.

Classe I: Um maciço classificado como Classe I, por norma, não requer instalação
sistemática de unidades de contenção. Ocasionalmente, faz-se necessário aplicar tirantes
ou cabos de forma pontual, com resina ou argamassa, com diâmetros entre 5/8 a 7/8” e
comprimento de 1,5 m para conter um ou outro bloco discreto intercalado por fraturas
ou descontinuidades infrequentes. Esporadicamente, pode aplicar-se tela conjuntamente
com o atirantamento onde ocorrer, de forma não-sistemática, algum estouro de rocha ou
intenso fraturamento.

Classes II e III: Em maciço classificado como Classe II e III, requer-se atirantamento


sistemático no teto, em malha “pé de galinha”, 1,5 x 1,5 m², com tirantes de resina ou
equivalente, instalados em furos com diâmetros entre 5/8 a 7/8” e com comprimento de
2,4 m, aproximadamente. Em interseções de galerias, bifurcações ou galerias com vãos
de 10 m, o comprimento dos tirantes deve aumentar para 3,2 m, por exemplo.

Classes IV e V: Um maciço de Classe IV e V requer atirantamento sistemático no teto,


em malha “pé de galinha”, 1,5 m x 1,5 m², com tirantes de resina ou equivalente,
diâmetros entre 5/8 a 7/8” e 2,4 m de comprimento, mais tela metálica ou concreto
projetado com fibra, onde tal seja necessário. Em interseções de galerias, bifurcações ou
galerias com vãos de 10 m, faz-se necessário utilizar tirantes com 3,2 m de
comprimento.

Nos realces da Mina Cuiabá, independentemente do tipo de maciço, são


sistematicamente instalados cabos de aço com 9,6 m de comprimento, seguindo uma
malha de aplicação 1,5 x 1,5 m². O comprimento estipulado para os cabos foi
dimensionado para conter as deformações da rocha encaixante do hangingwall, tendo
em conta o pior caso, que é a ocorrência do filito grafitoso, rocha de Classe V, muito

67
pouco competente. Determinadas áreas de um realce podem requerer reforço especial do
sistema de contenção em setores onde ocorram incidentes de descompressão ou em
trecho onde as condições geológicas se apresentam mais perturbadas.

3.5.4 Estado das tensões in situ nos níveis N12 e N14

As operações de lavra na Mina Cuiabá estendem-se, nos dias de hoje, até a


profundidade de aproximadamente 1000 m. Reconhecendo a necessidade de avaliar o
impacto da profundidade no campo de tensões, Coetzer e Sellers (2003) realizaram
medidas de tensão in situ em dois setores da Mina, empregando a técnica do overcoring
com célula triaxial (CSIR) desenvolvida no The Council for Scientific and Industrial
Research ( Leeman, 1971) (Figura 3.5).

Figura 3.5 Método de medição de tensões com sobrefuração (overcoring)

A célula CSIR triaxial foi planejada para determinar o estado da tensão total num único
furo de sondagem, perfurado em qualquer direção e em qualquer campo de tensão. A
técnica consiste em introduzir um cilindro perfurado no centro, em cujo corpo se
acoplam três pistões, expansíveis pneumaticamente, distribuídos entre si a 120° em
torno do círculo do cilindro. Uma roseta com quatro medidores de deformação (strain
gages) está fixada em cada pistão. Um dispositivo para compensação da temperatura
também é instalado no final da célula onde o testemunho está acondicionado. A

68
interpretação do resultado é baseada nas leis de elasticidade e requer, entre outros
parâmetros, o conhecimento do módulo de elasticidade e o coeficiente de Poisson da
rocha intacta. Os quatro medidores de deformação (strain gages) da roseta fornecem
mais dados do que aqueles necessários para determinar as seis componentes do tensor
característico, requerendo-se um tratamento semiestatístico dos resultados, podendo,
após múltiplas análises, conferir uma precisão relativa. Os resultados podem ser
interpretados mediante uso de programas computacionais apropriados.

Múltiplos fatores podem influenciar o campo das tensões in situ, o que inclui: as
condições e características topográficas; erosão; eventos tectônicos; intrusões ígneas;
eventos metamórficos; eventos orogênicos causadores de descontinuidades, etc. Quase
todos estes fatores, de uma forma ou outra, condicionaram o estado das tensões in situ
na Mina Cuiabá.

As investigações de tensões in situ em Cuiabá concentraram-se nos níveis N12 e N14,


tendo sido realizado um furo de sondagem em cada local. As litologias X1/XS e a
camada de BIF do corpo de minério Fonte Grande Sul (FGS) foram selecionados. Os
testemunhos retirados no nível N12 (Furo 1) possibilitaram a execução de um ensaio
envolvendo três amostras, enquanto que no nível N14 (Furo 2) foram duas as amostras
ensaiadas com as células CSIR triaxiais.

Consideraram-se valores de resistência mecânica de várias litologias existentes no


banco de dados da AngloGold Ashanti, os quais foram usados para derivar e ajustar
resultados das tensões in situ. Caracterizaram-se de forma representativa e coerente a
magnitude dos componentes de tensão e a orientação das tensões principais. Mostrou-se
que os resultados poderiam ser mais consistentes se fosse utilizado nos cálculos das
tensões um valor médio do módulo de elasticidade (E=60 GPa) para o pacote litológico
X1/XS no nível N12; e um valor relativamente mais elevado (E=90 GPa) para o pacote
BIF do nível N14. Com os ajustes mencionados, os valores resultantes para as tensões
in situ nos locais investigados puderam ser considerados aceitáveis, medianamente
representativos para a realidade atual da mina.

69
Geralmente, o estado pré-lavra ou das tensões in situ é apresentado em termos das
magnitudes das tensões principais σ1, σ2 e σ3 e suas orientações associadas, direção
(trend) e inclinação (dip). A Tabela 3.3 mostra o sumário dos resultados dos ensaios de
tensões in situ realizados para a Mina Cuiabá e as propriedades elásticas dos pacotes
litológicos respectivos. Os resultados refletem a tendência para a tensão principal
apresentar-se inclinada relativamente aos eixos vertical e horizontal. A maior
aproximação da tensão principal com o eixo horizontal sugere uma forte relação com
tensões tectônicas associadas com os episódios orogênicos regionais e locais.

Tabela 3.3 Resumo dos ensaios de tensões in situ na Mina Cuiabá


Sigma 1 Sigma 2 Sigma 3
E
Litologia υ Tensão Direção Inclinação Tensão Direção Inclinação Tensão Direção Inclinação
(GPa)
(MPa) (Az) (º) (MPa) (Az) (º) (MPa) (Az) (º)

X1/XS 60 0,25 24,4 188 60 22,46 40 26 10,84 304 14

BIF 90 0,25 80,7 311,5 3,5 38,15 41,5 8,5 25,8 198,5 81,5

3.6 ASPECTOS OPERACIONAIS

Descrevem-se em seguida as características operacionais atuais da lavra subterrânea na


Mina Cuiabá, que influem diretamente no comportamento e reações mecânicas do
maciço incluindo o método de lavra utilizado e o ciclo operacional respectivo. O
sistema de monitoramento geotécnico da mina e o tipo de instrumentação aplicado são
também abordados.

3.6.1 Acesso à lavra subterrânea

Atualmente, a lavra na Mina Cuiabá encontra-se aproximadamente a cerca de 1000 m


de profundidade, correspondente ao nível N15. A dimensão em profundidade da mina
está estruturada em níveis com painéis de 66 m de altura vertical, desde os níveis
superiores até o nível N9; e de 44 m de altura vertical entre este último e o nível N11.
Abaixo do nível N11 e até o nível N15, os painéis de lavra, ainda em fase de exposição,

70
foram planejados para alturas diferenciadas de 33 m para blocos de cut-and-fill e 66 m
para blocos onde será viável a aplicação do sublevel-stoping.

A Figura 3.6 apresenta, na forma de diagrama, a configuração global da Mina Cuiabá na


forma de uma seção longitudinal, destacando-se as rampas de acesso, o shaft de
transporte e os poços de ventilação.

Figura 3.6 Seção longitudinal esquemática da mina com o layout dos acessos
principais

Existem duas opções de acesso à mina a partir da superfície: por meio de um único poço
vertical (shaft) aberto até o nível N11; e por rampas por onde circulam todos os
equipamentos e veículos automotores. A rampa principal é feita na encosta de um vale,
na altura correspondente ao nível N3.

O acesso às regiões expostas mais inferiores da mina, do nível N11 ao N15, é feito por
meio de um sistema de três rampas por onde trafegam veículos leves e pesados. O
entendimento logístico e estrutural atual é que a rampa atenda até os níveis de lavra

71
mais profundos, ou seja, que se estenda até o nível N21 ou, eventualmente, o N24, a
depender da confirmação das reservas. O escoamento da produção ocorre através do
shaft, que é também utilizado para transportar pessoas e materiais. A Mina dispõe de
um sistema de britagem primária situado no nível N11, aproximadamente a 767 m de
profundidade. A câmara de britagem é uma escavação de grande porte, tendo sido
aplicados múltiplos sistemas de contenção na sua fase de abertura.

3.6.2 Método de lavra

No início, a atividade de lavra subterrânea na Mina Cuiabá envolvia a extração do


minério por meios manuais, mediante aplicação do método de room-and-pillar,
especificamente entre os níveis N1 e N3. A partir do nível N4, os painéis passaram a ser
cortados para integrar o método cut-and-fill, sendo que, em regiões onde os corpos de
minério apresentavam menor ângulo de inclinação e maior potência, são deixados
pilares verticais intermediários. Trata-se, portanto, de uma lavra hibrida, que combina
os métodos cut-and-fill e room-and-pillar. O artifício de providenciar o enchimento
mecânico nos realces passou a ser utilizado sistematicamente do nível N4 ao N7. A
partir do nível N8, o backfill hidráulico tem sido aplicado, em combinação com material
de enchimento mecânico, este último menos ideal. A Mina Cuiabá já havia tentado
utilizar o método de lavra sublevel-stoping, sobretudo a partir do nível N7, mas sua
aplicação generalizada não prosseguiu.

O método cut-and-fill, atualmente utilizado, consiste na lavra do minério escavado em


fatias horizontais e sucessivas, onde as escavações de realce permanecem abertas até
que sejam realizadas etapas progressivas de enchimento mecânico e/ou hidráulico
(Figura 3.7). As faces dos realces avançam ao longo do dip em direção à mineralização,
com cortes de 2,5 m por avanço, em média. Faz-se necessária a instalação de um
sistema de contenção e suporte no hangingwall do maciço rochoso escavado a cada
avanço da lavra, a fim de evitar ou minimizar grandes deformações e, possivelmente,
colapso.

72
Figura 3.7 Realce típico lavrado com o método cut-and-fill na Mina Cuiabá

O método de lavra cut-and-fill requer um maior domínio no controle dos fatores


geotécnicos. Sua aplicação apresenta as seguintes condicionantes:

 a competência mecânica do minério e da encaixante ser de mediana à elevada;

 o corpo de minério poder ser relativamente tabular e moderadamente irregular,


preferencialmente sub-vertical;

 a profundidade de lavra ser de rasa à intermédia, podendo ser, por vezes,


moderadamente elevada;

 os teores apresentarem valores relativamente elevados, dado o custo operacional.

Como principais vantagens para este método, ressaltam-se: a seletividade e


flexibilidade; a capacidade de recuperação de lavra, o que permite recuperar minério da
ordem de 95%; além da possibilidade de estocagem (com o preenchimento dos vazios
de lavrados) do material estéril proveniente do desenvolvimento, reduzindo-se assim os
custos operacionais de transporte e até os impactos ambientais.

73
3.6.3 Aspectos do ciclo operacional

O ciclo operacional da Mina Cuiabá compreende uma sequência de atividades que


inclui: marcação das frentes de desenvolvimento e lavra para detonação; perfuração das
frentes com jumbos; carregamento dos furos de detonação com explosivos; desmonte
propriamente dos avanços mecanizados na rocha; saneamento das escavações avançadas
mediante uso de haste de saneamento manual ou mecânica tipo scaler; limpeza e
transporte de material com carregadeiras e caminhões de grande porte; enchimento com
backfill mecânico e hidráulico; perfuração de furos de contenção em malhas pré-
determinadas; e finalmente, instalação dos elementos de contenção como cabos,
tirantes, etc. A titulo ilustrativo, a Figura 3.8 apresenta exemplos de equipamentos
utilizados nas atividades do ciclo operacional no subsolo da Mina Cuiabá.

Figura 3.8 Equipamentos utilizados no ciclo operacional da Mina Cuiabá

74
A marcação das frentes para detonação nos realces em operação é realizada com malha
retangular pré-determinada por meio de furação ascendente e paralela ao plunge do
corpo de minério, na tentativa de se evitar dano na região do hangingwall. A geometria
do plano de fogo, o paralelismo entre furos realizados em malha adequada e a
profundidade destes, os tempos de espera satisfatórios e o tipo de explosivo apropriado
são fatores que controlam a fragmentação e o avanço das escavações em rocha, dos
quais dependem o volume e a extensão da zona de dano. O controle adequado destes
fatores contribui, muito significativamente, para minimizar o surgimento de blocos
instáveis nas regiões de contorno das escavações.

O uso de explosivos na operação de desmonte da rocha intensifica as reações mecânicas


e até dinâmicas do maciço de forma heterogênea. As propriedades das descontinuidades
pré-existentes, a coesão e persistência, abertura e condições de preenchimento podem
ser alteradas sempre que submetidas aos impactos de detonação; de tal forma que pode
considerar-se que o comportamento mecânico das escavações num dado maciço
depende tanto das características naturais do maciço, propriamente ditas, quanto dos
impactos de explosivos em nível local da ação.

A redistribuição e concentração das tensões induzidas numa escavação em rocha


ocorrem, geralmente, após a atividade de desmonte. Particularmente, tais impactos
podem resultar em reações com consequências instáveis, quando ocorrem em realces de
grande dimensão, situados em ambientes geotécnicos complexos e em profundidades
significativas. A redistribuição de tensão pode impactar na estabilidade das escavações
vizinhas, circundantes, podendo até mesmo deteriorar a eficácia das unidades de suporte
e o reforço previamente utilizados. Quanto menos perturbado pela ação de desmonte for
um maciço, por exemplo, quanto menor for a incidência de fraturamento e deformação
induzida, mais favoráveis serão as condições de estabilidade das superfícies expostas da
rocha circundante. Periodicamente, os impactos do desmonte por meio de explosivos e
os danos causados às rochas circunvizinhas são monitorados por meio de instrumentos
sismológicos, como por exemplo sismógrafos portáteis.

O saneamento dos realces é exigido sempre que se tenha de retomar uma escavação que
foi submetida à detonação. Pretende-se remover os blocos e fragmentos de rocha que

75
apresentem potencial para se desprender do teto ou da lateral da escavação. A presença
de descontinuidades e cunhas (interseção de três ou mais juntas ou fraturas) associadas à
variação das tensões locais (aumento ou relaxamento desfavorável das tensões) é uma
condição de risco geotécnico comum, que se pretende minimizar. A dimensão, forma e
orientação das aberturas relativamente à estrutura do maciço são fatores determinantes
para a exposição de blocos com potencialidades instáveis. Blocos desconfinados ou
soltos podem provocar sérios riscos de segurança para os profissionais que frequentam
os locais de lavra.

O enchimento dos vazios lavrados, com estéril de mina (enchimento mecânico) ou com
material de rejeito do processo de tratamento (enchimento hidráulico) é uma medida de
estabilização local e regional implementada em Cuiabá. O enchimento dos vazios
permite, após alguma convergência inevitável, regenerar tensões reativas nas superfícies
escavadas, o que confere suporte local para o hangingwall e o footwall. O enchimento
deve ser executado segundo procedimentos adequados e conduzido de maneira
sistemática para assegurar sua boa performance, pois tem um papel preponderante na
prevenção de colapsos num realce. Obviamente, o processo de enchimento implica num
aumento do ciclo operacional. Por um lado, exige a coleta de material de enchimento de
uma fonte específica (por exemplo, escavação de desenvolvimento de estéril); por outro,
a disposição deste material nos realces vazios. No caso da Mina Cuiabá, o estéril gerado
no desenvolvimento é, preferencialmente, depositado como enchimento nos realces,
evitando-se que seja transportado para a superfície. Tal operação resulta num ganho
financeiro decorrente da redução no transporte de material até a superfície. Porém, o
material de enchimento estéril é mais compressível, oferecendo menor capacidade de
suporte regional. O enchimento hidráulico permite estabilizar os realces de lavra de
maneira mais eficiente, pois é mais denso e menos compressível, em comparação com o
enchimento mecânico. A eficiência da drenagem do backfill hidráulico, porém, depende
da composição do material hidráulico, que inclui a porcentagem de sólido,
granulométrica do material, elementos de ligação, etc. O enchimento mecânico, todavia,
permite uma reentrada mais imediata sobre o material disposto, sem exigir sistemas de
drenagem sofisticados.

76
3.6.4 Monitoramento e instrumentação das reações do maciço

As operações de lavra na Mina Cuiabá ocorrem em realces de grande dimensão para um


ambiente subterrâneo. Com efeito, a extensão longitudinal (ao longo do strike) de uma
área de lavra pode atingir 400 m de comprimento, em média. Se for assumido que a
geometria de lavra contempla painéis com altura vertical, entre sill pillars, de 33 e 66 m,
constata-se que os volumes vazios gerados pós-lavra são, efetivamente, consideráveis.
Apesar de haver aplicação de enchimento (mecânico e hidráulico) pode esperar-se a
ocorrência de grandes deformações nas superfícies expostas do hangingwall e footwall.
Considera-se, ainda, que as camadas litológicas encaixantes (xistos X1 e X2)
apresentam módulos de elasticidade relativamente baixos (valores médios de 15 e 20
GPa, respectivamente), o que contribui para a formação de um sistema regional
composto por pilar-backfill-encaixante, com rigidez relativamente baixa.

As grandes deformações e desplacamentos registrados no passado podem ser


explicados, também, por movimentos cisalhantes ao longo de planos descontínuos pré-
existentes (foliação e juntas), resultantes da convergência das camadas xistosas das
encaixantes. Determinadas áreas, em ambientes geológicos e geotécnicos diferentes,
apresentam graus distintos de deformação e, portanto, reagem também de maneira
distinta aos impactos da lavra. As deformações totais máximas registradas em realces
típicos à profundidade de 650 m podem variar entre 20 e 120 mm, ao longo de um
período de cerca de quatro meses.

É evidente, portanto, a necessidade de que se conheçam as reações do maciço aos


efeitos da lavra, os quais se manifestam de forma a induzir a variação do estado das
tensões e das deformações estáticas e dinâmicas. Para minimizar o risco geotécnico de
ocorrência de colapsos, a Mina Cuiabá implementa um programa de monitoramento
das reações do maciço. Este programa consiste, primeiramente, em monitorar com
regularidade a variação das deformações relativas nas superfícies da rocha encaixante, a
diferentes profundidades das faces expostas. Para medir deformações relativas, a Mina
usa extensômetros do tipo MPBX e SMART cable, podendo este último inferir, em
paralelo, os esforços axialmente solicitados nos cabos de contenção.

77
Para estimar o grau de cisalhamento que ocorre no interior do hangingwall do maciço, e
outros fenômenos associados, usa-se uma câmera de filmagem de furos (borehole
câmera), cujos resultados qualitativos são comparados com os resultados dos
extensômetros, instalados próximos uns dos outros.

Para medir convergências nos túneis/galerias de desenvolvimento e outras áreas


similares, usam-se extensômetros manuais de fio invar, aplicado entre três pontos fixos
às laterais e teto das escavações. Medições com sismógrafos também são efetuadas
quando há necessidade de se avaliar o impacto dinâmico causado pela detonação.

Para inferir a eficácia da aplicação de enchimento nos realces e determinar, por


consequência, a ordem de grandeza das cargas reativas geradas após compactação por
convergência, a Mina instalou células de carga no interior do material de enchimento.

Cota (2010) explica os mecanismos de quebra associados ao hangingwall da Mina


Cuiabá, utilizando o estudo de caso do corpo de minério FGS, no nível N10.2. A
sequência de eventos ocorridos na área de estudo é relatada, bem como os instrumentos
utilizados no monitoramento do maciço. A Figura 3.9 fornece uma estimativa da
magnitude de deformação apresentada pelo MPBX, bem como o acompanhamento das
quebras e cisalhamentos registrados com a borehole câmera. O registro da Figura 3.9a,
mostra períodos onde ocorrem deformações relativamente elevadas no hangingwall (por
exemplo, acima de 60 mm), as quais foram coincidentes com ocorrência de
desprendimento de blocos no setor investigado. Notar que as mudanças abruptas nas
taxas de deformação no gráfico da Figura 3.9a coincidem com respostas do maciço às
detonações de desmonte. A Figura 3.9b mostra ocorrência de taxas de deformação
menores no hangingwall, em locais onde foram aplicadas medidas de contenção
adicionais e maior volume de enchimento hidráulico. A Figura 3.9c apresenta o
mecanismo de cisalhamento e pontos de quebra no interior do hangingwall,
identificados nos planos de xistosidade, observados por meio de câmera de filmagem.

O conjunto de dados provenientes dos instrumentos de monitoramento, mais as


informações qualitativas das observações realizadas por mapeamento e investigações

78
específicas, geram entendimentos conclusivos sobre o nível de risco geotécnico do local
em questão.

(a)

(b)

(c)
Figura 3.9 Exemplos de deformação relativa, medida por MPBX; a) alta de taxa;
b) baixa taxa de deformação; c) pontos de quebra identificados por filmagens
no interior do hangingwall

79
Consequentemente, este entendimento norteia a seleção das medidas mitigadoras
cabíveis. Como ações possíveis para minimizar o risco geotécnico, a Mina considera:
aplicação de contenção com característica e capacidade apropriadas; reforço da
contenção previamente instalado; aplicação de backfill mais rígido; redução dos
volumes de lavra (quando possível); redesenho da área e redefinição da sequência de
lavra, deixando contornos de pilares verticais; mudança no método de lavra. O trabalho
realizado nesta dissertação avalia esta última hipótese mitigadora, de reduzir o risco
geotécnico pela alteração do método de lavra atualmente aplicado no corpo SER, que
passará para o sublevel-stoping.

80
4 Capítulo 4 : mod elo s num ér ico s tr idimen sion ais do co rpo serrotinho

Capítulo 4

MODELOS NUMÉRICOS TRIDIMENSI ONAIS

DO CORPO SERROTINHO

4.1 INTRODUÇÃO

Nesta dissertação, a modelagem numérica tridimensional é utilizada para testar


possíveis redefinições de layout com o novo método de lavra (sublevel-stoping)
aplicado na execução do corpo Serrotinho (SER) da Mina Cuiabá. As mudanças no
método de extração devem contribuir para a melhoria no conjunto das operações de
mineração, a fim de propiciar condições de segurança que favoreçam a estabilidade
geotécnica e consequente redução do risco geotécnico.

Neste capítulo, apresentam-se tanto as características gerais do corpo de minério a ser


modelado quanto as justificativas para a escolha do método de lavra proposto.
Diferentes métodos de lavra geram diferentes níveis de desempenho das respectivas
unidades operacionais. As várias técnicas operacionais empregadas para cada método
de lavra dependem da diversidade nas geometrias bem como das características
geomecânicas e geológicas dos respectivos corpos de minério e das rochas encaixantes.

A metodologia, normalmente aplicada no dimensionamento dos vãos livres máximos da


lavra, é utilizada para verificar o potencial de estabilidade de aberturas e escavações,
mediante consideração de dados do mapeamento geotécnico e informações provenientes
da classificação geomecânica do maciço rochoso. Adicionalmente, verificam-se os
fatores que causam sobrequebra (overbreak) no hangingwall e que, portanto, geram
diluição do minério.

81
Por fim, são mostrados os modelos utilizados na calibração do corpo SER com o
objetivo de demonstrar que refletem comportamentos próximos da realidade, conforme
observado na Mina Cuiabá. Os resultados da calibração foram considerados
suficientemente representativos por retratarem com relativa similaridade as reações
observadas pelos profissionais geotécnicos que percorrem diariamente a mina; ou,
ainda, por tais resultados numéricos apresentarem concordância com registros
fotográficos de condições reais.

4.2 CARACTERÍSTICAS GERAIS DO CORPO DE MINÉRIO SERROTINHO

Em geral, em minas subterrâneas, os corpos geológicos mineralizados são


inevitavelmente irregulares, morfologicamente complexos, de dimensões e
características físicas variáveis. A representação numérica desses corpos pressupõe, a
priori, que deverá haver simplificação na sua concepção, quando se constrói o modelo
representativo ou equivalente. O grau de representatividade de um modelo numérico de
um dado corpo de minério, lavrado por meio de determinado método de extração,
depende da equivalência espacial e morfológica das geologias representadas, da
correspondência das propriedades mecânicas espacialmente distribuídas, dos fatores de
escala aplicados às descontinuidades, das propriedades das superfícies descontínuas e
forma como estas estão distribuídas, assim como dos métodos numéricos propriamente
ditos, o que inclui a discretização geral do modelo.

Para isso, importa captar com rigor as geometrias dos volumes a serem modelados que,
para corpos com relativa simetria, contínuos e predominantemente tabulares, são
geometricamente simples. Essa operação resume-se ao levantamento espacial dos
parâmetros diretores, tais como: o mergulho (plunge); a inclinação (dip); a potência; a
extensão longitudinal (strike); etc. Implica caracterizar, também, com a maior precisão
possível, as propriedades mecânicas dos integrantes do modelo. Com esse objetivo,
abaixo, descrevem-se as características gerais do corpo de minério Serrotinho (SER),
foco desta dissertação.

82
A extensão ao longo do strike do corpo SER varia aproximadamente entre 300 e 350 m
de comprimento; ao longo do plunge, estende-se até o nível N21, a cerca de 1400 m de
profundidade, onde, até a presente data, foram estimadas as reservas. A partir do nível
N21 até o N24, prevê-se haver continuidade do corpo de minério, porém, para efeitos de
planejamento, as reservas consideradas são inferidas. A potência do corpo SER varia
entre 10 e 15 m de espessura, na sua maioria, medido transversalmente ao dip.

O corpo de minério SER está situado no flanco sul da estrutura anticlinal da Mina
Cuiabá, com sequência normal, o que significa que a formação ferrífera bandada (BIF)
deste corpo apresenta basaltos sericitizados (X2) no footwall; no hangingwall, ocorre
uma camada pouco espessa de filito grafitoso (FG); a seguir, vêm metapelitos (X1) e
novamente basaltos sericitizados (X2). As características geomecânicas do minério,
BIF, representam um corpo pouco fraturado, com fraturas preenchidas e rugosas e
resistência à compressão simples relativamente elevada, acima de 180 MPa. Em
contrapartida, as rochas encaixantes apresentam uma foliação generalizada, acentuada e
marcante, com valores de resistência à compressão simples relativamente baixos e
dispersos, podendo variar entre 20 e 120 MPa, apresentando, ainda, elevada anisotropia
e alta deformabilidade.

Nos níveis de lavra mais profundos atualmente abertos (nível N14), nota-se que o corpo
de minério SER, se estende por cerca de 230 m ao longo do strike, com trechos bastante
verticalizados e dip que varia, aproximadamente, entre 60 e 70º. As informações de
mapeamento geológico, disponíveis à data deste estudo, apontam a possibilidade do
corpo SER persistir verticalizado em níveis mais profundos. Realces mais verticalizados
tendem a concentrar tensões no maciço mineralizado e desencadear fenômenos de face-
burst. É precisamente essa conjectura que faz com que o método de lavra cut-and-fill,
aplicado nos dias de hoje, deixe de ser ideal com o aprofundamento da lavra.
Diferentemente do cut-and-fill, o método sublevel-stoping minimiza a necessidade de
sistemas de contenção pesados e onerosos, requeridos nas operações realizadas em
profundidades. Ele favorece a possibilidade de se reduzir a exposição ao risco, visto que
dispensa a presença de pessoas trabalhando dentro de realces abertos. Tal característica

83
também constitui uma razão fundamental pela qual se pretende estudar a estabilidade na
aplicação do método sublevel-stoping no SER.

4.3 PROPOSIÇÃO PARA A LAVRA DO CORPO SERROTINHO

A escolha do método de lavra mais adequado, criteriosamente avaliada, leva em conta


as peculiaridades da jazida, o que inclui as características principais do minério, as
características geomecânicas das rochas integrantes e, por fim, a geometria e disposição
estratigráfica do corpo.

Espera-se que a aplicação do método de lavra escolhido promova determinadas


respostas no maciço rochoso, as quais são reflexo da constituição geológica, mecânica e
estrutural do meio. Os aspectos geomecânicos, que influenciam a determinação de
condicionantes de um dado depósito, dependem, em parte, das propriedades dos
materiais que compõem o maciço rochoso, incluindo a resistência do maciço, ou partes
dele, e a deformação total dos meios afetados. A distribuição espacial, o tipo e a
frequência das juntas, falhas, zonas de cisalhamento e outras descontinuidades são de
extrema relevância. O estado de tensão na rocha é também um parâmetro significativo.

Stewart (1981) apresenta uma metodologia empírica que pode ser utilizada para
promover a escolha de um método de lavra. A metodologia, desenvolvida com base na
ponderação de parâmetros para o corpo de minério, hangingwall e footwall, prevê que o
método do sublevel-stoping se aplica à lavra do corpo SER. Essa proposição foi
assumida, e este estudo visa precisamente avaliar sua efetividade, mediante o uso de
métodos numéricos. O Anexo I apresenta as tabelas de Stewart utilizadas, bem como os
resultados da avaliação correspondente obtida para o corpo SER. Conforme
determinado, foram consideradas: a geometria e malha de distribuição do depósito; a
variação da geometria e malha de distribuição para os diferentes métodos de lavra; as
características geomecânicas das rochas encaixantes e do minério; e a ponderação da
resistência geomecânica das rochas para diferentes métodos de lavra.

Naturalmente, as operações de lavra devem ser planejadas de forma a serem


compatíveis com o domínio geotécnico externo e, paralelamente, contribuírem para a

84
manutenção das condições aceitáveis à integridade do meio, no domínio de lavra
próximo. Neste estudo, assume-se, com efeito, que a lavra com o método do sublevel-
stoping não modifica as condições prevalecentes no ambiente externo, visto que o
campo de deformação induzido nas rochas pode ser controlado. Este método de lavra
requer, além do mais, a implementação de estratégias operacionais para acomodar os
fatores que podem influenciar no ambiente interno da mina.

4.4 DADOS PARA CONCEPÇÃO DE PROJETOS DE ESCAVAÇÕES DE MINA

Considerada a proposição de que o método de lavra sublevel-stoping seria factível para


exaurir o corpo SER da Mina Cuiabá, dá-se início à fase de concepção do projeto de
lavra propriamente dito. O levantamento das condições do maciço, mediante aquisição e
gerenciamento de dados geotécnicos, promove o conhecimento de aspectos importantes
para o desempenho das atividades da área de mecânica das rochas de uma mina, dentro
das quais se inclui a realização de modelos geomecânicos que expliquem ou clarifiquem
os mecanismos do comportamento do maciço. O grau de variabilidade de
comportamentos, a incerteza inerente aos mecanismos de reação do maciço perante
grande número de fatores, tudo isso demanda que as investigações geotécnicas de
campo sejam complementadas com a instalação de instrumentação apropriada que
permita monitorar tais reações. Por meio desse monitoramento geotécnico, é possível
deduzir o estado de estabilidade de determinadas áreas da mina. A combinação dos
dados gera a informação geotécnica que compõe o histórico do comportamento do
maciço rochoso. Esta informação é crucial na fase inicial de concepção de novos
projetos de escavações.

A Mina Cuiabá tem realizado coleta, análise e interpretação dos dados de mecânica de
rochas de forma sistemática, com o propósito de desenvolver uma compreensão macro e
micro das condições e reações do maciço, com o intuito, dentre outros, de refinar o
processo de planejamento e concepção de projetos de lavra. Nesta fase, os dados
geológicos e geotécnicos que importam compilar, incluem, por exemplo:

 estrutura geológica macro do corpo de minério, tipos de litologias encaixantes,


propriedades como densidade, porosidade, permeabilidade, etc.;

85
descontinuidades pré-existentes mais características e, qualidade do material
rochoso, resistência, alteração, etc.; disposição espacial;

 magnitude e orientação da tensão in situ que age nos domínios de influência;

 registros dos incidentes de quebra, queda de blocos e danos causados;

 características geotécnicas gerais segundo sistemas de classificação dos setores


escavados;

 quantidade e qualidade dos sistemas de suporte instalados na mina;

 impactos das técnicas de desmonte e danos causados ao maciço;

 registros de observações visuais e inspeções regulares que denotam fenômenos


particulares;

 filmagem em furos longos, realizados especificamente para observar os impactos


no hangingwall em função do avanço da lavra;

 registros fotográficos de colapsos em realces, ou mesmo desplacamentos de


menor dimensão ainda que, em raises de ventilação;

 tendências de deformação e deslocamentos registradas por meio de instrumentos


de monitoramento, extensômetros, SMART cables, MPBX, etc;

 relatórios e notas técnicas de estudos ou análises de condições geotécnicas


relevantes.

4.4.1 Definição dos vãos livres de lavra ao longo do strike

Dados gerados previamente pela mina durante a etapa de concepção do projeto foram
utilizados na tentativa de dimensionar o vão livre máximo (strike span) de estabilidade
das escavações de lavra para o método sublevel-stoping aplicável ao corpo SER. Neste
método, o vão livre máximo de lavra compreende a extensão que dista entre dois rib
pillars, consecutivos; medido de nível a nível, ao longo do dip. O cálculo de
estabilidade aplicado para garantir a integridade da área mencionada, considera as
características do maciço rochoso e o tamanho dos vãos lavrados. Consequentemente,
vãos de maiores dimensões são possíveis em maciços rochosos relativamente mais
resistentes, para que permaneçam estáveis.

86
A geometria do painel de lavra (comprimento e altura), previamente conjecturada, é
usada para calcular seu raio hidráulico. O raio hidráulico de qualquer escavação é obtido
calculando-se a área da superfície exposta dividida pelo perímetro da abertura
correspondente. As características geométricas do método sublevel aplicado ao corpo
SER consideram um painel com ângulo de inclinação médio de 66º e altura vertical de
20 m entre subníveis, o que resulta na altura real de 21,9 m. Inicialmente, este estudo
propõe-se a avaliar a estabilidade dos vãos livres com comprimentos ao longo do strike
de 25, 40 e 70 m, respectivamente, geradores, por sua vez, de dimensões de raio
hidráulico de 5,8; 7,1 e 8,3, respectivamente.

Conforme mencionado no tópico 2.6, há diversas técnicas empíricas que são utilizadas
para estimar a estabilidade e a diluição no hangingwall do realce. É comum a utilização
da versão modificada do índice de qualidade da rocha, Q, de Barton, derivado do
sistema de classificação que considera o intercepto das tensões induzidas, a orientação
das descontinuidades, a orientação da superfície e a geometria do hangingwall. Embora
a técnica empírica para determinar o número de estabilidade possa parecer simples, ela
dificilmente permite identificar, com rigor, quais fatores são mais importantes e quais
influenciam categoricamente a estabilidade nas superfícies dos realces.

Barbosa (2008) aplicou a metodologia empírica mencionada para avaliar a eficácia da


contenção com cabos de aço instalados na Mina Cuiabá. Neste trabalho, foi realizado o
levantamento dos principais parâmetros necessários para efetuar a atualização da
classificação geomecânica das rochas em torno das escavações. Os resultados dos
índices N (Número de Estabilidade) e N’ (Número de Estabilidade Modificado) foram
coletados para as litologias da rocha encaixante do corpo Serrotinho nos níveis N9 e
N10.1. Tais índices foram compilados a partir de levantamentos da classificação do
maciço rochoso nos realces observados, tendo sido considerada uma tensão principal
máxima induzida de 7 e 18 MPa (Anexo II).

Os dados assim coletados foram retomados e utilizados numa tentativa inicial para
definir o comprimento do vão livre de lavra ao longo do strike no método de lavra
sublevel-stoping. O Anexo II apresenta os gráficos de estabilidade plotados com os
valores dos índices N e N’ em função do raio hidráulico. Com efeito, a maior parcela

87
dos pontos plotados com o índice N’ (Número de Estabilidade Modificado) das rochas
encaixantes incide numa zona de instabilidade. O significado gráfico mostra ser
indesejável a utilização de vãos livres com comprimentos de 40 e 70 m ao longo do
strike, em se tratando das rochas classificadas. Contudo, a análise gráfica indica que
vãos livres de 25 m (strike span) são passíveis de se situar na zona de transição, ou seja,
no limite entre estabilidade e instabilidade das escavações.

Wang et al. (2007) afirmam que a estabilidade das paredes do hangingwall envolve
grandes superfícies de rochas e vários metros quadrados de extensão. Todavia, nos
métodos empíricos de estabilidade do vão livre máximo, nem a resistência da rocha,
nem as tensões induzidas influenciam na avaliação do relaxamento, condição de pouca
tensão (low-stress) do hangingwall, ou seja, nenhuma sensibilidade para as tensões
induzidas ou resistência da rocha é considerada.

Outra observação importante remete à dificuldade em expressar o impacto do backfill na


estabilidade do realce. Para efeitos de execução prática do método sublevel-stoping,
considera-se o enchimento dos realce no processo de lavra da Mina Cuiabá. A principal
função do backfill é limitar as superfícies de exposição das escavações com o
enchimento de áreas adjacentes lavradas, de modo a promover suporte adequado aos
realces e, consequentemente, aumentar a rigidez do maciço e diminuir a taxa de
deformação.

Face às considerações apresentadas acima é possível considerar que o comprimento do


vão livre de lavra ao longo do strike no método sublevel do corpo SER seja simulado
numericamente para comprimentos de 25, 40 e 70 m, a fim de confirmar a relação
gráfica de estabilidade e, por consequência, avaliar a possibilidade de realizar ajustes
apropriados nas curvas dos métodos gráficos, o que os torna mais representativos para o
ambiente geotécnico encontrado na Mina Cuiabá.

4.4.2 Quantificação da sobrequebra no hangingwall

Ao se aplicar o método sublevel-stoping no corpo SER, é importante representar e


quantificar os fatores que podem causar sobrequebra no hangingwall, bem como

88
provocar a diluição do minério. A profundidade e a razão de proporção da lavra
(comprimento do vão livre ao longo do strike versus a altura real do vão exposto)
podem ser consideradas fatores de controle das respostas do hangingwall. Aí, assume-se
que a diluição do minério será tanto menor quanto menores forem as profundidades da
lavra e a altura vertical dos realces; ou mesmo que a altura vertical seja elevada, que o
comprimento do vão livre ao longo do strike seja relativamente curto (volume
desmontado pequeno).

Fatores que não podem ser alterados por serem inerentes ao corpo de minério, tal como
o ângulo de inclinação (dip) e a orientação da tensão principal máxima com relação ao
hangingwall, não foram considerados como passíveis de modificação. Entretanto, é
sabido que a sobrequebra aumenta severamente quando o ângulo de inclinação do
hangingwall é menor. Em contrapartida, ocorrências de sobrequebra tendem a ser mais
impactantes em setores onde a tensão principal máxima atua perpendicularmente à linha
de vão livre. Nos realces onde a extensão da lavra ao longo do strike é considerável,
sobrequebras de grandes dimensões tendem a ocorrer. As descontinuidades naturais da
rocha, como, por exemplo, planos de xistosidade, contribuem consideravelmente para
desarticulações e sobrequebras. A Figura 4.1 mostra condições de deflecção e curvatura
dos planos de foliação, que desencadeiam zonas de sobrequebra. Os desplacamentos
assim causados contribuem, naturalmente, para um aumento da diluição no minério pelo
hangingwall .

(a) (b)
Figura 4.1 Descontinuidades causadoras de diluição na lavra a) laminas; b) placas

89
Empiricamente, a porcentagem de diluição expressa em termos do equivalente linear de
sobrequebra ou desplacamento (Equivalent Linear Overbreak/ Slough - ELOS) é
estimada mediante utilização do Número de Estabilidade Modificado, índice N`, e do
raio hidráulico, RH. O Anexo II apresenta os resultados obtidos a partir dos
levantamentos de classificação do maciço rochoso nos realces, conforme mencionado
anteriormente. A diluição é calculada como o fator ELOS dividido pela espessura
(potência) do corpo de minério. Por exemplo, se ELOS = 0,5 m e o corpo de minério
apresenta 10 m de espessura, a diluição esperada seria de 0,5/10 = 0,05 ou 5%. A Figura
4.2 mostra o gráfico apresentado por Clarke e Pakalnis (1997), com os limites de ELOS.

Figura 4.2 Estimativa de sobrequebra em realces abertos sem suporte (Clarke e


Pakalnis, 1997)

4.5 MODELOS DE CALIBRAÇÃO NUMÉRICA DAS REAÇÕES NO CORPO SERROTINHO

Para melhorar a representatividade de um modelo numérico, importa efetuar sua


calibração relativamente aos comportamentos reais, conhecidos ou medidos no campo.
Tomam-se, como referências, fenômenos ocorridos em determinados setores do maciço,
dos quais se conheçam as magnitudes dos impactos medidos por parâmetros
mensuráveis (deformação, por exemplo, que é facialmente mensurável). Por sua vez, o

90
modelo calibrado deverá reportar, para tais setores, a mesma ordem de magnitude das
reações que realmente ocorrem no corpo. Pode haver, portanto, a necessidade de se
ajustarem os dados de entrada suficientemente para que tal concordância ocorra.

O exercício de calibração realizado para reproduzir o comportamento do corpo SER


considerou dois modelos-teste de calibração: um modelo refere-se ao raise de
ventilação, do nível N14 para o qual se conhecem os efeitos de concentração das
tensões induzidas; e o modelo de lavra onde se aplicou, no passado, o método sublevel-
stoping no nível N7, para o qual se conhecem os comportamentos e as condições de
estabilidade. Os modelos calibração foram executados em MAP3D.

Ambos os modelos-teste referem-se a ambientes geotécnicos no corpo SER. As


geometrias utilizadas na construção dos modelos numéricos de calibração foram
fornecidas pela Mina Cuiabá, bem como as informações adicionais que auxiliaram os
critérios e condições de calibração. Os parâmetros de entrada utilizados/retrocalculados
são apresentados no próximo capítulo. Descrições mais detalhadas sobre a geometria e
os resultados dos modelos-testes de calibração encontram-se no Anexo III.

O modelo de calibração do raise de ventilação do corpo SER, situado no nível N14,


refere-se ao raise posicionado no footwall da lavra. Este modelo foi considerado para
ajustar os parâmetros que melhor caracterizam as reações na litologia X2 (basaltos
sericitizados), tendo como referência conhecida as quebras por tensão ocorridas nas
paredes do raise. O modelo-teste é relativamente simples, considera os parâmetros de
entrada da rocha encaixante, requerendo baixo esforço computacional. Este modelo-
teste permitiu testar e verificar sistematicamente os efeitos de cada variável que controla
o comportamento da rocha encaixante. Importando, portanto, determinar as condições
de entrada que refletissem, no modelo, as dimensões da quebra observadas.

Read (2004) explica os quatro estágios que compõem o processo da zona de quebra por
tensão, típico de uma escavação circular, muito similar à escavação do modelo-teste do
raise de ventilação, utilizado na calibração.

 Estágio de inicialização: Desenvolvem-se trincas desfavoravelmente orientadas


que se aglomeram na zona de máxima tensão tangencial. O processo de

91
formação de trinca começa na região de contorno da escavação;
 Estágio de dilatação: Ocorrem cisalhamento e fragmentação excessiva do
material numa zona estreita, onde ocorre expansão considerável do material
cisalhado;
 Estágio de fatiamento e quebra: Continua o desenvolvimento do processo de
propagação de fraturas na zona de quebra, o que conduz à formação de
fatiamentos. Estes decorrem do cisalhamento, abertura de trincas e flambagem.
A espessura do fatiamento é variável. As fatias mais espessas formam-se quando
o entalhe da quebra atinge a dimensão máxima. Próximo à extremidade do
entalhe da quebra, o fatiamento apresenta um formato curvo.
 Estágio de estabilização: O desenvolvimento do entalhe da quebra termina
quando a geometria da quebra promove confinamento suficiente para estabilizar
o processo na zona de extremidade do entalhe.

Os estágios de quebra descritos acima resultam na Figura 4.3, que expressa as


características típicas da zona de quebra em uma escavação circular. Notar que esta
representação esquemática está rotacionada para coincidir aproximadamente com a
orientação do raise do nível N14, quanto às direções das tensões principais.

Figura 4.3 Estágios de quebra no entorno de uma escavação circular sobre tensão
(Read, 2004)

92
4.5.1 Modelo-teste de calibração do raise N14

Especificamente, o raise de ventilação do nível N14 situa-se num setor adjacente a um


pilar remanescente no bloco que divide a lavra dos corpos de minério FGS e SER. O
raise de ventilação tem 2,1 m de diâmetro, aproximadamente, está orientado segundo
160º/45º, com comprimento total de 40 m. Uma zona de quebra estende-se ao longo de
todo o comprimento do raise e, em média, apresenta uma profundidade de 20 cm (típica
de quebra por compressão, spalling). Em nível local, a tensão principal máxima (σ1) ao
longo do eixo do raise incide transversalmente com um ângulo de 45º,
aproximadamente, à direção do strike dos realces.

A Figura 4.4a representa, esquematicamente, o mecanismo de quebra nas paredes do


raise de ventilação do nível N14, por incidência da tensão principal máxima, σ1. A
Figura 4.4b mostra um registro fotográfico da condição atual da zona de quebra ao
longo do raise N14, visto na posição ascendente (do nível inferior para o superior), que
caracteriza a posição da quebra. A Figura 4.4c e a Figura 4.4d apresentam os resultados
do modelo numérico, calculados em MAP3D do raise da Figura 4.4b, e que serviram
para ajustar os dados de entrada da rocha encaixante do footwall.

As regiões de quebra por tensão nos modelos MAP3D são interpretadas segundo os
critérios de fator de segurança e deslocamento total, registrados no entorno das
escavações. A Figura 4.4c representa a incidência da tensão principal máxima no
modelo-teste calibrado, cuja direção preferencial é coincidente com a do mecanismo
identificado na Figura 4.4a e Figura 4.4b, respectivamente. O modelo do raise de
ventilação foi considerado calibrado quando as paredes da escavação apresentaram uma
profundidade da quebra, modelada, de cerca de 20 cm ao longo de toda a extensão
longitudinal – notar que a profundidade de quebra real foi aproximadamente de 20 cm.
A calibração confirmou-se, ainda, quando a região de quebra modelada coincidiu com a
posição real observada, ou seja, segundo a orientação NE/SW, conforme a Figura 4.4d.
Com efeito, no modelo do raise, registrou-se que a deformação total ao longo da
direção NE/SW é efetivamente maior que na direção NW/SE, condição coincidente com
o observado no campo nas regiões de quebra no raise. O modelo calibrado indicou que,
para obter-se uma profundidade de quebra da ordem de 20 cm na direção NE/SW, a

93
superfície imediata da escavação teria que deformar 2 mm. O modelo-teste do raise
considerou inexistência de lavra nas regiões adjacentes.

(a) (b)

(c) (d)
Figura 4.4 a)Representação esquemática da quebra; b)Zona de quebra no raise de
ventilação do nível N14; c)Resultado da tensão principal máxima no modelo;
d) Resultado da deformação total

4.5.2 Modelo-teste de calibração do sublevel N7

O segundo modelo-teste de calibração considerado foi o modelo para uma lavra no


corpo SER, nível N7, realizada no passado. Neste setor, foi experimentado, pela

94
primeira e única vez na Mina Cuiabá, o método sublevel-stoping onde até então tinha
sido aplicado o método cut-and-fill. Porém, após esta experimentação, o método cut-
and-fill continuou a ser aplicado, permanecendo até os dias de hoje.

Por se conhecerem as condições da lavra realizadas há quase duas décadas e por se


conhecerem também as condições atuais do realce SER no nível N7, este foi
considerado um alvo ideal para a calibração de novos modelos. Na época em que foi
lavrado aproximadamente um quinto da altura total do painel SER, nível N7, foi
extraída com o método cut-and-fill, onde foi aplicado o enchimento mecânico com
estéril do desenvolvimento; o método sublevel-stoping foi aplicado para a extensão de
lavra restante até concluir a lavra deste nível, não se tendo aplicado qualquer tipo de
enchimento (backfill).

Atualmente, o nível N7 do corpo SER não pode ser acessado por questões de segurança
e por se tratar de uma região exaurida, mas a informação que se tem com relação às
condições de estabilidade do hangingwall é que não houve, durante o período em que a
lavra decorreu, diluição ou mesmo contaminação por desplacamentos significativos. Os
rib pillars do método sublevel do nível N7 permanecem nas posições originais, embora
não exista confirmação de que se apresentem intactos. Os sill pillars, porém,
encontram-se estáveis, exercendo adequadamente sua função de suporte regional.

O modelo-teste da lavra do nível N7 é utilizado para caracterizar e ajustar as


propriedades de entrada das litologias da rocha encaixante do hangingwall composta
por filito grafitoso (FG) e metapelitos (X1), bem como da rocha minério (BIF). Este
modelo de calibração teve como objetivo principal reproduzir as condições de
estabilidade dos sill pillars adotados, com 4 m de altura vertical. Foi também utilizado
para verificar as características apresentadas pelos rib pillars remanescentes, além de
tentar determinar o potencial de diluição do hangingwall.

A geometria do corpo SER, no nível N7, foi representada o mais próximo do layout
fornecido quanto possível, para retratar o formato irregular do corpo com dobras
relativamente significativas ao longo do strike e com o propósito de capturar o
comportamento dos pilares rib e sill. Convém mencionar que o valor da resistência à

95
compressão uniaxial simples (UCS) do minério e a geometria do sill pillar têm grande
influência no resultado final da calibração.

O modelo de calibração SER, no nível N7, considera um comprimento de 240 m ao


longo do strike, por 60 m ao longo do dip, aproximadamente. A região de lavra com o
método sublevel-stoping no nível N7 possui dois rib pillars com largura média de 6 m
cada, separados entre si por vãos livres de aproximadamente 38 m. Tais pilares
posicionam-se aproximadamente a partir do eixo central do corpo. A espessura do
minério varia de 7 a 16 m (média de 10m) apresentando inclinação média de 55° no
nível modelado. A profundidade da lavra no modelo-teste para o SER, no nível N7, é de
482 m abaixo da superfície. A Figura 4.5 apresenta as geometrias simuladas, indicando-
se, separadamente, os métodos de lavra cut-and-fill e sublevel-stoping.

Figura 4.5 Modelo-teste de calibração da lavra do corpo SER, nível N7

O critério de avaliação da condição de estabilidade nos pilares e hangingwall da lavra


do corpo SER, no nível N7, baseia-se nos resultados das deformações e fatores de
segurança reportados pelo modelo, tais que reflitam, aproximadamente, condições
coincidentes com as reportadas pelos operadores que executaram a exaustão do painel
mencionado, aplicando o método sublevel-stoping sem enchimento.

Especificamente, foi possível obter do responsável pela lavra à época a informação de


que não houve diluição ou contaminação significativa durante toda a exaustão do

96
respectivo painel. Para os operadores de mina, a quantidade de diluição de lavra, no uso
do método sublevel, está associada à integridade das paredes da escavação e,
consequentemente, à sua estabilidade. Quanto maior o número e extensão das quebras
geomecânicas mais o minério fica diluído. Então, face aos relatos de ocorrência de
baixos níveis de diluição durante a exaustão do corpo SER, no nível N7, pode-se
deduzir que as deformações neste realce foram relativamente baixas e,
consequentemente, os fatores de segurança indicariam estabilidade.

O modelo-teste do sublevel, no nível N7, foi considerado calibrado, portanto, quando o


nível e extensão das deformações; e as magnitudes dos fatores de segurança no
hangingwall do modelo numérico apresentaram-se coincidentes com as condições reais
reportadas pelos operadores da lavra. Evidentemente, reconhece-se que o rigor da
calibração possa ser questionado, dado que os impactos reais dependem de descrições
qualitativas, não-mensuráveis, dos operadores à época. Apesar da deficiência, pode
assumir-se que uma aproximação, assim conseguida, seja melhor que uma aproximação
aleatória, sem referência, da calibração em questão.

A Figura 4.6 mostra resultados de deformação total e fator de segurança no modelo-


teste de calibração do corpo SER, nível N7, para os pilares rib e sill; e para o
hangingwall da lavra. As magnitudes e extensão espacial dos resultados destes
parâmetros são condizentes com condições gerais potencialmente estáveis. Os
parâmetros de entrada foram ajustados, com efeito, para refletir tais condições. Estes
parâmetros foram considerados nas modelagens subsequentes, descritas mais adiante.

Com relação à deformação total (Figura 4.6a), infere-se que a diluição ocorrida seria
mínima. Conforme mencionado no tópico 3.6.4 desta dissertação, a estimativa da
magnitude de deformação apresentada pelo MPBX, no hangingwall do corpo de minério
FGS, nível N10.2, seria da ordem de 80 mm para caracterizar efetivamente um
mecanismo de quebra, enquanto as deformações apresentadas por este modelo-teste não
chegam a ultrapassar este valor. Ressalte-se que os realces mencionados apresentam
dimensões similares, o que permite estabelecer a mesma magnitude de deformação
(80mm).

97
Na Figura 4.6b, notar que o sill pillar entre os níveis N7 e N8, na extremidade direita
desta figura, mostra-se ligeiramente solicitado, possivelmente em decorrência da
extensa dimensão do vão livre de lavra (aproximadamente 120m) neste setor, embora
não caracterize instabilidade.

(a)

(b)

Figura 4.6 Resultados do modelo-teste de calibração a) deformação total; b) fator


de segurança

98
5 Capítulo 5 : atributo s e crit ério s propo stos par a as simu laçõ es Num éricas

Capítulo 5

ATRIBUTOS E CRITÉRIO S PROPOSTOS PARA

AS SIMULAÇÕES NUMÉRICAS

5.1 INTRODUÇÃO

Caracterizam-se os depósitos de minério por estratificações irregulares com múltiplas


camadas de materiais distintos. O maciço rochoso é composto por corpos heterogêneos,
não-isotrópicos e descontínuos. Os fenômenos induzidos no maciço rochoso são
marcados por respostas distintas, dependentes do local de lavra, ainda que as atividades
operacionais sejam desenvolvidas em condições similares. Os materiais constituintes do
maciço rochoso apresentam variabilidade considerável em suas propriedades
intrínsecas, tais como densidade, dureza, módulo de elasticidade e outras propriedades
mecânicas.

Em face dessa variabilidade, pode-se afirmar que os modelos numéricos somente podem
representar a realidade do universo geotécnico por meio de simplificações.
Consequentemente, a variabilidade das propriedades das rochas e dos parâmetros
correlacionados à mineração, bem como as simplificações nos domínios do maciço
rochoso, implicam em incertezas na solução dos modelos numéricos. Adicionalmente, a
geometria do layout e a sequência de lavra são aspectos de desenho de mina que
necessitam ser considerados para otimizar os layouts finais. Durante este processo, é
necessário atender às especificações apontadas pelo planejamento da mina, bem como
às condicionantes geotécnicas prevalecentes.

Este capítulo tem como objetivo descrever os modelos numéricos simulados nesta
dissertação e apresentar as condicionantes e simplificações adotadas, a começar pelo

99
layout da lavra, assim como as condições geológicas adotadas, as propriedades
geotécnicas dos materiais constituintes, os dados de entrada estimados, as tensões
aplicadas e as demais condicionantes e limitações assumidas na análise numérica. Os
modelos numéricos aqui estudados foram simulados mediante uso do código numérico
MAP3D, que permite inferir e analisar as respostas mecânicas possíveis do maciço,
induzidas pela lavra. Tais respostas incluem: as grandes deformações no hangingwall
do realce; a extensão da área de sobrequebra (como fator de diluição); a condição de
estabilidade dos sill pillars agindo como suporte regional da mina. O uso de MAP3D
permite ainda dimensionar os rib pillars para o método sublevel-stoping, aplicados no
corpo Serrotinho (SER).

Finalmente, são apresentados os critérios aplicados para caracterizar as condições de


instabilidade dos modelos simulados, que geram risco geotécnico nos vários layouts. Os
critérios de instabilidade, representados por efeitos dos fatores de segurança e das
deformações totais, foram expressos em termos de probabilidade.

5.2 REPRESENTAÇÃO DOS LAYOUTS DE LAVRA SIMULADOS

É de conhecimento que a irregularidade morfológica dos corpos de minério da Mina


Cuiabá se estende em profundidade. Então, a primeira simplificação assumida para
facilitar a construção dos modelos numéricos nesta dissertação diz respeito à geometria
do corpo de minério. Esta, na realidade, muito irregular e sinuosa, exigiu simplificação,
tendo-se assumido um corpo menos ondulado no detalhe. Consequentemente, o layout
da lavra correspondente foi igualmente simplificado.

A geometria global assumida para os modelos que representam a lavra no corpo SER é
idêntica à indicada para o painel do nível N15. A geometria de lavra adotada no nível
N15 possui dip de aproximadamente 65º e plunge de cerca de 20º. Esta mesma
característica é extrapolada para os demais níveis estudados. A geometria completa de
cada modelo simulado é composta por um total de quatro níveis de lavra idênticos. Os
resultados da modelagem são produzidos para os níveis N15 ao N18, entre as
profundidades de 985 e 1184 m, respectivamente, cujas espessuras aparentes (potências)

100
variam de 10 a 15 m. Os modelos consideram separadamente resultados para os níveis
intermediários de lavra, com simulações que contemplam os níveis N15 e N16 e outras,
para os níveis N17 e N18.

Inicialmente, a Mina Cuiabá deseja que a lavra com sublevel-stoping ocorra entre níveis
que compreendem painéis com altura vertical máxima de 60 m. Esses painéis são
subdivididos em três subníveis de 20 m de altura vertical cada, que incluem drifts com
5,0 m de altura; apresentam rib pillars distribuídos ao longo do strike, que separam os
vãos livres de lavra; e sill pillars com 6 m de altura vertical. O comprimento total do
painel ao longo do strike adotado para o corpo SER é de 230 m. Essas dimensões
geométricas foram fixadas para todos os modelos computados.

A dimensão dos sill pillars utilizados como suporte regional e que limitam as alturas
verticais de cada nível foi estabelecida num trabalho recente de modelagem numérica
(Lorig et al., 2009). Os resultados finais de dimensionamento dos pilares sill do corpo
SER, produzidos no estudo de Lorig, foram sumariados e incorporados num documento
interno da mina, após serem interpretados e adaptados para atender às necessidades
operacionais em questão.

A geometria global considerada em MAP3D, na simulação tridimensional do corpo de


minério SER, aparece na Figura 5.1.

Figura 5.1 Modelo global tridimensional típico em MAP3D (vista frontal)

101
No total, foram construídos e simulados vinte e quatro modelos numéricos. Pretendeu-
se com este conjunto de modelos testar a sensibilidade de várias condicionantes
operacionais, de caráter geométrico e de qualidade do maciço. Em nível das variantes
geométricas para o desenho do layout, somente foram consideradas variações nas
seguintes dimensões:

 espessura aparente do minério com 10 e 15 m (potência do corpo);

 largura dos rib pillars dispostos ao longo do strike da lavra com 5; 7,5; e 10 m;

 profundidade da lavra representativa dos níveis N15 ao N18, sendo os modelos


computados com painéis dos níveis N14 ao N17, e N16 ao N19,
respectivamente;

 comprimento do vão livre de lavra ao longo do strike variando entre 25; 40; e
70m.

As designações e terminologias referentes à geometria (de um único nível) dos modelos


simulados aparecem na Figura 5.2.

Figura 5.2 Designação e termos referentes aos modelos simulados

Na Tabela 5.1, sumaria-se o conjunto de modelos simulados e analisados nesta


dissertação para as variantes geométricas do layout de lavra, assumidas para o método
sublevel-stoping.

102
Tabela 5.1 Geometrias dos modelos simulados
Altura
Largura Espessura Altura Comprimento
vertical Comprimento
Nível Profundidade do rib aparente vertical do total ao longo
Modelo do sill no strike do vão
representado representativa pillar (potência) subnível do strike
pillar de lavra (m)
(m) (m) (m) (m)
(m)
N15 - N16 987 - 1053
A1 6 5 25 15 20 230
N17 - N18 1118- 1184
N15 - N16 987 - 1053
B1 6 5 42.5 10 20 230
N17 - N18 1118- 1184
N15 - N16 987 - 1053
C1 6 5 42.5 15 20 230
N17 - N18 1118- 1184
N15 - N16 987 - 1053
D1 6 7,5 40 10 20 230
N17 - N18 1118- 1184
N15 - N16 987 - 1053
E1 6 7,5 40 15 20 230
N17 - N18 1118- 1184
N15 - N16 987 - 1053
F1 6 5 70 10 20 230
N17 - N18 1118- 1184
N15 - N16 987 - 1053
G1 6 5 70 15 20 230
N17 - N18 1118- 1184
N15 - N16 987 - 1053
H1 6 7,5 70 10 20 230
N17 - N18 1118- 1184
N15 - N16 987 - 1053
I1 6 7,5 70 15 20 230
N17 - N18 1118- 1184
N15 - N16 987 - 1053
J1 6 10 70 10 20 230
N17 - N18 1118- 1184
N15 - N16 987 - 1053
K1 6 10 70 15 20 230
N17 - N18 1118- 1184

5.3 REPRESENTAÇÃO DAS CONDIÇÕES GEOLÓGICAS MODELADAS

No capítulo 3, já foram descritas as características geológicas originais e locais


relevantes. Aqui, pretende-se sumariar as condições geológicas consideradas nos
modelos simulados. Em termos gerais, a rocha encaixante do corpo SER da Mina
Cuiabá caracteriza-se por apresentar o hangingwall composto por uma sequência de
filito grafitoso (FG), metapelitos (X1) e basaltos sericitizados (X2), enquanto o footwall
compõe-se apenas dos basaltos sericitizados (X2). O corpo de minério simulado
consiste de uma rocha bastante resistente, a BIF (formação ferrífera bandada).

103
No intuito de tornar os resultados simulados desta dissertação mais condizentes com a
realidade da mina, os modelos com 70 m de comprimento ao longo do strike (vão livre
da lavra), situados nos níveis N15 e N16, foram assumidos com propriedades distintas
para a rocha encaixante do hangingwall, footwall e para os setores mais distantes.

Portanto, nos modelos simulados, a representação litológica das rochas encaixantes


considera os dois cenários abaixo mostrados (Figura 5.3).

 Condição geológica tipo 1: Toda a rocha encaixante (hangingwall e footwall) é


representada pela litologia X1/FG, por se tratar da pior situação de análise;

 Condição geológica tipo 2: A rocha encaixante do hangingwall é composta por


uma camada de 9 m de X1/FG, seguida por outros 36 m de X2, enquanto o
footwall é constituído por 45 m de X2 e, no setor mais afastado das escavações,
é considerada uma rocha intacta com propriedades de resistência melhores para a
litologia do xisto.

Atualmente, existe uma linha de pesquisa que desconsidera a influência de aberturas de


escavações em rochas situadas num campo de tensão afastado. É neste contexto que se
justificaria representar a rocha de característica intacta, num setor relativamente distante
dos realces de lavra, tal que esta rocha não comporte evidência de dano decorrente de
ações da lavra ou de detonação e se encontre sob confinamento.

(a) (b)
Figura 5.3 Representação litológica da rocha encaixante a) tipo 1; b) tipo 2

104
A modelagem das condições geológicas tipo 2 para rochas encaixantes na simulação
numérica do sublevel-stoping implica avaliar um ambiente geológico complexo, de
litologias distintas, o que exige maior esforço computacional. Esta análise objetiva
comparar modelos com mesmas variantes de layout, porém, computados para cenários
com diferentes condições geológicas das rochas encaixantes (tipo 1 e tipo 2).

A Tabela 5.1 comporta os modelos para as condições geológicas tipo 1, enquanto a


Tabela 5.2 sumaria as características dos modelos simulados para a rocha encaixante
tipo 2, como a mesma geometria dos modelos F1 e G1.

Tabela 5.2 Modelos com variantes na rocha do hangingwall e footwall


Altura
Largura Espessura Altura Comprimento
vertical Comprimento
Nível Profundidade do rib aparente vertical do total ao longo
Modelo do sill no strike do vão
representado representativa pillar (potência) subnível do strike
pillar de lavra (m)
(m) (m) (m) (m)
(m)
F2 N15 - N16 987 - 1053 6 5 70 10 20 230
G2 N15 - N16 987 - 1053 6 5 70 15 20 230

5.4 PROPRIEDADES DOS MATERIAIS E CRITÉRIOS APLICADOS

Outra simplificação assumida relaciona-se à natureza do material rochoso representado


nos modelos numéricos como isotrópico, homogêneo, elástico, e contínuo. Não
obstante, reconhece-se que as premissas assim consideradas implicam num aumento das
incertezas da modelagem, visto que:

 na isotropia, para cada ponto, as propriedades dos materiais são as mesmas em


todas as direções;

 na homogeneidade, o material que constitui o maciço rochoso possui as mesmas


propriedades em todos os seus pontos;

 na elasticidade, as expressões que relacionam as componentes de tensão com as


componentes de deformação são lineares e reversíveis até a ruptura;

 na continuidade, desconsideram-se as características estruturais e discretas do

105
maciço.

Nesta dissertação, as condições de ruptura utilizadas para a rocha encaixante e o corpo


de minério foram representadas pelo critério de Mohr-Coulomb, ambos os materiais
com comportamento considerado elástico. Na aplicação do método BEM, as
considerações da teoria clássica da elasticidade (Timoshenko e Goodier, 1980) e o
princípio de conservação da energia, reduzem significativamente o número de variáveis
a serem consideradas (ou seja: o módulo de elasticidade e o coeficiente de Poisson), tal
como apresentado no tópico 2.3.1. Outros parâmetros utilizados na fase de pós-
processamento, como os utilizados nas avaliações das condições de ruptura, segundo
critérios específicos, podem ser ajustados numa fase posterior à computação dos
modelos.

As propriedades dos materiais de rocha simulados foram obtidos a partir de registros


recentes de ensaios de laboratório da Mina Cuiabá e do relatório de Lorig et al. (2009),
que avaliou, por meio de FLAC3D e UDEC, as condições de determinados ambientes
da lavra em Cuiabá. Os cálculos realizados para obtenção de alguns dos parâmetros
utilizaram o software RockData, além dos parâmetros terem sido aferidos no processo
de calibração dos modelos. A Tabela 5.3 sumaria as propriedades mecânicas dos
materiais rochosos assumidas para fins de modelagem numérica.

Tabela 5.3 Propriedades do maciço rochoso SER


Tipo de Rocha
Parâmetro Unidade Xisto
X1 / FG X2 BIF
intacto
Peso específico MN/m³ 0,028 0,028 0,028 0,031
Módulo de Young GPa 15 20 25 40
Razão de Poisson - 0,25 0,23 0,25 0,20
UCS (rocha intacta) MPa 58 64 85 226
GSI - 50 55 60 75
Coesão MPa 3,6 4 10 35
Ângulo de atrito º 45 45 50 55
Resistência à tração MPa -0,4 -0,4 -0,6 -1.11
Dilatância º 10 10 5 5,5
UCS (maciço rochoso) MPa 17,4 19,3 55 222

106
Consideraram-se, nos modelos em MAP3D, elementos do tipo FF (de forças fictícias ou
fictitious force) na construção das geometrias selecionadas, que impuseram alguns
ajustes. Por exemplo, o parâmetro dilatância é uma medida do aumento de volume do
material ocorrido quando este sofre cisalhamento. No modelo Mohr-Coulomb, esse
parâmetro representa um ângulo que geralmente varia entre zero e o ângulo de atrito,  ,
sendo 0,333.  para rochas brandas e cerca de 0,666.  para rochas duras.
Adicionalmente, o parâmetro coesão, c, do material pode ser representado como zero,
pois não influencia no cálculo matricial, uma vez que é deduzido da Equação (5.1), em
função da resistência à compressão simples (UCS) e do ângulo de atrito (  ).

 
UCS  2  c  tan 45   (5.1)
 2

5.5 MATERIAL DE ENCHIMENTO BACKFILL

O preenchimento dos realces lavrados com estéril da mina (backfill mecânico) ou com
material classificado (backfill hidráulico) auxilia no confinamento do hangingwall e do
footwall, agindo como fator limitador das deformações nas superfícies do realce e,
consequentemente, como componente do sistema regional de suporte da mina.
Efetivamente, o material de enchimento, backfill, é um componente importante para
alguns métodos de lavra, tal como o cut-and-fill e o sublevel-stoping. O comportamento
mecânico do material backfill usado no preenchimento dos vazios de lavra depende das
características específicas de sua composição, que podem ser representadas por uma
relação da tensão e do nível de deformação correspondente, em ensaios laboratoriais.

O grau de influência do backfill na estabilidade circundante pode ser determinada pela


modelagem numérica através da análise de interação do maciço com o sistema de
suporte regional. Não obstante, a simulação numérica do comportamento do material de
enchimento não é um problema simples. As únicas simulações realísticas de backfill são
aplicadas nas minas profundas de exploração de ouro da África do Sul (Wiles, 2010),
que apresentam lavras tabulares com vãos de grande dimensão e espessura de lavra
reduzida, onde as grandes áreas de lavra extensas e as profundidades elevadas (acima de

107
3000 m) podem promover fechamento/deformação no backfill, da ordem de um metro
ou mais. Os realces tabulares com altura de lavra reduzida (entre 0,80 e 1,50 m no
domínio Carbon Leader Reef, por exemplo) podem facilmente proporcionar uma
deformação no backfill que excede 50%. Nestes casos, apenas se pode esperar alguma
reação positiva do backfill.

O comportamento mecânico do backfill pode ser razoavelmente testado em laboratório.


Geralmente, as características na compressão de confinamento são determinadas
mediante uso de um teste de compressão uniaxial chamado de teste oedometer. O
comportamento de compressão unidimensional do backfill na mina depende da
porosidade, classificação e conteúdo do material de composição da amostra. A curva de
tensão-deformação do material de enchimento da Mina Cuiabá foi determinada por uma
série de ensaios de compressão unidimensionais (Revell, 2008), Figura 5.4.

Figura 5.4 Tensão vertical versus deformação axial para o teste de compressão
unidimensional

Lorig et al. (2009) realizaram para a Mina Cuiabá trabalhos de modelagem numérica,
considerando um comportamento para o backfill modelado semelhante ao mostrado na
Figura 5.4, representado pela curva mais espessa, ou seja, com 0,44 de porosidade.

108
Após aplicarem outro material de enchimento com comportamento dez vezes mais
rígido que a curva mostrada, Lorig et al. concluíram que o uso do backfill não seria
efetivo para impedir o desplacamento ou mesmo colapso do hangingwall em realces
factíveis de apresentar problemas de instabilidade.

O fato de ter o maciço rochoso de se deformar excessivamente para dissipar o excesso


de tensão, quer haja ou não backfill (suporte no maciço), implica que o backfill, ou
qualquer tipo de suporte aplicado, raramente expressa algum efeito significativo de
contenção real na rocha. Com efeito, considera-se que o material de enchimento apenas
inibe o desprendimento dos blocos, seguido de desplacamento. No final, a utilização do
material de enchimento faz com que a rocha ainda permaneça no local esperado, após o
desprendimento ter terminado, a menos que, sem o backfill, a rocha tenha se deslocado
ou desplacado por ação da gravidade.

Portanto, a menos que a deformação do maciço seja consideravelmente elevada, a


mudança de tensão no backfill seria insignificante. O módulo de Young do backfill é
sempre baixo quando comparado com o do maciço rochoso, e é errôneo envolver as
forças globais de mobilização como suportadas pela massa de enchimento. O
desempenho do enchimento envolve a capacidade de promover a retenção local da
superfície de deslocamento nas unidades de rocha ao redor do corpo de minério. O
enchimento torna-se efetivo quando a parede da rocha, no estado de instabilidade
incipiente e relativamente pouca força de resistência, mobiliza uma força fictícia de
resistência significante contra a parede do maciço rochoso.

Pelas argumentações acima, considerou-se inconsequente simular modelos incluindo-se


a influência do backfill, a qual seria insignificante. Portanto, foram desconsideradas as
propriedades do backfill, não sendo elas aplicadas nas simulações realizadas. Ou seja, os
modelos apresentam realces abertos e vazios.

5.6 DEPENDÊNCIAS RELATIVAS AO ESTADO DAS TENSÕES IN SITU

Necessariamente, para dimensionar escavações em uma mina subterrânea, é preciso


considerar-se o estado das tensões atuantes no maciço rochoso; sendo a magnitude e a

109
orientação do campo de tensão da rocha pré-escavada determinadas. Estimar os campos
de tensão induzidos, causados pela abertura na rocha, e sua interação com outras áreas
pré-escavadas é igualmente importante. O estado da tensões pré-lavra, in situ, pode ser
derivado de outras grandezas (tal como, deformação) ou simplesmente estimado. Já o
estado das tensões induzidas por ações de desenvolvimento e lavra, por exemplo, é
normalmente obtido por meio de modelagem numérica.

É aceitável que, para um ambiente geológico não-homogêneo, o estado de tensão pré-


lavra varia da ordem de ±20%. Tal variabilidade resulta em análises díspares. É possível
refinar esta dispersão através da retroanálise por meio de modelos numéricos. Variações
de tensão de um local para outro raramente são medidas e detalhes das variações reais
geralmente nunca são conhecidos. O custo financeiro para a aquisição de tal informação
pode ser considerável, de modo que um compromisso entre necessidade de rigor e
praticidade acaba norteando a decisão. Pode ocorrer até que nenhum ganho seja obtido
com a melhoria na precisão dos resultados sobre o estado de tensão in situ, quando na
verdade outras variáveis incoerentes contribuem para introduzir erros na análise. Nem
os métodos de domínio, nem os métodos de elementos de contorno oferecem alguma
vantagem nesta situação. Além disso, pode não haver ganho ao se realizar medições
adicionais desde que prevaleça grande variabilidade natural no maciço rochoso, do
ponto de vista litológico, petrográfico, estrutural, etc. Com efeito, simples medições
podem confirmar a priori a existência de variabilidade natural dos estados das tensões.
O esforço de uma retroanálise pode ser justificado se o refinamento do conhecimento do
estado de tensão pré-lavra implica em redução significativa na incerteza introduzida
pela contribuição de outras variáveis.

Coetzer e Sellers (2003) conduziram ensaios de tensão in situ, já reportados no tópico


3.5.4, nos níveis N12 e N14 do corpo FGS, tendo determinado que o fator k (razão entre
as componentes horizontal e vertical das tensões in situ) poderia variar, na Mina Cuiabá,
entre 1,5 e 3,0. Evidências no campo, sobre o comportamento real do maciço, obtidas
após extensas observações, indicaram, porém, que se poderia ajustar este intervalo de
variabilidade do fator k a fim de melhor refletir os impactos observados. Com efeito,
determinou-se por retroanálise que seria mais factível que os valores de k variassem

110
transversalmente entre 1,5 e 1,2, segundo orientações ortogonais do sistema de
referência, refletindo, portanto, o grau anisotrópico transversal, no plano horizontal.

A componente vertical da tensão in situ, σV, num ponto à profundidade h, pode ser
calculada segundo σV = ρgh, isto é, dependente da carga gravitacional devida ao peso do
material rochoso encaixante cuja densidade é ρ (igual a 2800 kg/m3), exposto à
aceleração decorrente da gravidade, g. Consequentemente, infere-se que o valor da
tensão vertical aumentaria linearmente com a profundidade, variando aproximadamente
de 0,028 MPa por metro, sendo esta variação vertical representada pelo símbolo Δσc na
nomenclatura do ambiente MAP3D. Δσc tem como referência o sistema de coordenadas
locais, cuja orientação é a mais próxima da orientação do eixo Z do sistema de
coordenadas globais do modelo.

De acordo com os ajustes de k justificados acima, adotou-se, para os modelos numéricos


simulados, que as variações das tensões horizontais segundo as direções ortogonais no
sistema de coordenadas local variariam de acordo com as componentes Δσa e Δσb,
refletindo, respectivamente, os valores k transversais. Por exemplo, se as tensões
horizontais numa direção ortogonal são representadas por σH1 e o fator k transversal
correspondente é kH1 = 1,5, tal que σH1 = 1,5 × σV, se deduz que Δσa = Δσc × 1,5 = 0,028
× 1,5 = 0,042 MPa/m . Similarmente, para kH2=1,2, tal que σH2 = 1,2 × σV, se deduz que
Δσb = Δσc × 1,2 = 0,028 × 1,2 = 0,0336 MPa/m. Essas dependências das tensões locais
do fator k, transversalmente anisotrópico, foram consideradas nos modelos simulados
para conferir representatividade e correspondência com o estado das tensões locais na
Mina Cuiabá.

A Tabela 5.4 sumaria a caracterização das tensões in situ e sua variabilidade usadas nos
modelos para efeitos de cálculo das tensões induzidas, obedecendo às convenções do
software utilizado. Nessa tabela, indicam-se ainda as orientações correspondentes à
orientação (T - trend) e mergulho (P - plunge) das componentes das tensões segundo o
eixo coordenado local. Estes são representados por Ta e Pa, referentes à componente σa;
e Tc para a componente σc. Obviamente, em decorrência da ortogonalidade dos eixos
coordenados, as magnitudes das orientações e mergulhos das demais componentes
ficam dependentemente definidos, pelo que não é necessário fornecê-los.

111
Tabela 5.4 Caracterização do estado das tensões in situ, pré-lavra

Elevação 0m

Variação ∆σa -0,042 MPa/m

Variação ∆σb -0,0336 MPa/m

Variação ∆σc -0,028 MPa/m

σa trend (orientação) 311º

σa plunge (mergulho) 4º

σc trend (orientação) 198º

5.7 CONDICIONANTES DE SEQUÊNCIA DE LAVRA

A sequência de lavra adotada na Mina Cuiabá considera que sejam lavrados dois painéis
consecutivos, simultaneamente. O objetivo desta imposição é o interesse de testar a
interferência entre painéis para a sequência estabelecida.

Nas simulações executadas, a geometria completa do modelo do layout de lavra


compreende quatro níveis de lavra, em que o interesse de avaliar numericamente os
impactos correspondentes se concentra em dois conjuntos de painéis, referidos como
grupo N15 - N16 e grupo N17 - N18. O modelo tridimensional construído para cada
uma das variantes de modelos estudados considera que o nível de lavra superior aos
níveis de interesse, aqui referidos, foi previamente lavrado. Já o nível mais inferior de
todos os modelos numéricos simulados foi considerado completamente isento de pré-
lavra, portanto, completamente sólido.

Os modelos numéricos puramente elásticos, tais como os modelos em MAP3D nesta


dissertação, apresentam soluções independentes da trajetória computacional seguida
(dizem-se path-independent). Os resultados discutidos subsequentemente reportam os
impactos das tensões e deformações apenas referentes ao último estágio de lavra em
cada modelo com sublevel-stoping, tendo-se considerado a lavra em dois níveis
consecutivos, porém. É como se analisasse o caso mais crítico, que é aquele que reporta
as condições de lavra mais extensas, maiores vãos, maiores impactos e efeitos induzidos

112
pelo avanço da lavra final. Obteve-se, desta forma, uma redução no esforço
computacional, o que implicou tempos de simulação e pós-processamento menores.

5.8 CONDICIONAMENTO DOS MODELOS NUMÉRICOS E DISCRETIZAÇÃO

A precisão com que os modelos numéricos solucionam as equações especificadas é bem


conhecido e prontamente quantificável. Basicamente, a precisão depende de uma função
que reflita uma dependência entre a distância da superfície escavada mais próxima, D, e
a largura do elemento numérico, L, portanto, depende da malha de elementos usados
para aproximar as equações. Para obter precisão nos resultados próximos das superfícies
escavadas (onde D é pequeno) faz-se necessário assegurar que a largura, L, na dimensão
do elemento, também seja pequena.

Nas simulações conduzidas para esta dissertação, mediante uso do MAP3D, foram
utilizados os parâmetros de condicionamento dos modelos, o que inclui discretização e
lumping, que asseguram um erro menor que 5% nos resultados produzidos. A Tabela
5.5 mostra os parâmetros de condicionamento considerados nos modelos. Notar que,
neste método de elemento de contorno, BEM, tais parâmetros são facilmente alterados
nos dados de entrada.

Tabela 5.5 Parâmetros de condicionamento dos modelos MAP3D simulados


# máximo de tempo dos passos (NLD) 20000
# máximo de interações (NIT) 10000
Tensão de tolerância (STOL) 0,1
Parâmetro de relaxação (RPAR) 1,2
Comprimento do elemento (AL) 5
Espaçamento do grid (AG) 1,0
Discretização do grid (DOL) 4
Discretização do elemento (DON) 1
Lumping da matriz (DOC) 4
Lumping do elemento (DOE) 8
Lumping do grid (DOG) 8
Proporção do elemento (DOR) 5

113
5.9 CRITÉRIOS APLICADOS PARA MENSURAR INSTABILIDADE

No Capítulo 6, reportam-se resultados das simulações efetuadas para os vários modelos


numéricos referentes ao método sublevel-stoping, evidenciando-se as condições
potenciais de instabilidade. Então, seria conveniente referir antecipadamente quais
critérios se aplicam para caracterizar, precisamente, as condições instáveis nos modelos
mencionados; ou seja, as condições geradoras de risco geotécnico nos vários layouts.
Foram dois, essencialmente, os critérios de instabilidade considerados nesta dissertação
para efeitos de análise dos layouts: o fator de segurança, FS, expresso no entorno dos
domínios de interesse (pilares ou hangingwall); e as deformações totais, dt, computadas
no hangingwall dos realces lavrados.

5.9.1 Instabilidade segundo o critério do fator de segurança

Nos modelos numéricos criados, o potencial do risco geotécnico foi computado em


termos do fator de segurança, FS. Esse fator é utilizado para caracterizar as condições
de instabilidade nos pilares e no hangingwall da lavra. O critério do fator de segurança
representa uma maneira simples e conveniente de quantificar a extensão com que as
condições mecânicas do maciço no campo podem se exceder em determinados pontos
(Beck e Brady, 2002).

O critério de Mohr-Coulomb, usado para a análise elástica com o software MAP3D,


define a envoltória de ruptura como uma reta. A relação constitutiva de ruptura Mohr-
Coulomb foi considerada para calcular os valores de FS dos modelos apresentados nesta
dissertação. Como para a construção da geometria dos modelos assumidos foram
utilizados blocos do tipo FF (de forças fictícias), o critério de ruptura adotado define a
resistência em termos das tensões principais conforme a Figura 5.5.

A determinação do FS para regiões de pilares sill e rib tem como objetivo estimar
indiretamente uma ordem de grandeza do dano induzido pelas sobretensões (over-
stressing) nos pilares. Nas superfícies do hangingwall em realces lavrados, importa
identificar o potencial de desarticulação e quebra nestas camadas, determinando-se,
assim, o potencial de risco de instabilidade geotécnica, além do risco do aumento da
diluição. Conhecer antecipadamente as distribuições FS no hangingwall permite

114
considerar medidas para mitigar os riscos de quebra, por exemplo. Consequentemente,
para as regiões dos pilares e do hangingwall dos layouts assumidos, calculou-se FS (ou
segundo a nomenclatura do MAP3D, FS-A) pelas Equações (5.2).

Figura 5.5 FS segundo o critério de Mohr-Coulomb

FS  ( c  q 3 ) / 1
(5.2)
q  tan 2 (45   )
2

Onde σc coincide com a resistência à compressão simples; σ3 e σ1 referem-se aos


valores mínimo e máximo das tensões principais, respectivamente, e  é o ângulo de
atrito do material rochoso.

Convém lembrar que, numa análise elástica, os valores residuais são ignorados. Assim,
ao especificar o parâmetro como puramente elástico, tem-se uma resposta elástica
apenas, em que os parâmetros de resistência não são utilizados diretamente no cálculo
matricial. Na análise elástica, é esperado que ocorra maior excesso de tensão, do que
geralmente poderia ser correlacionada com o aumento na quantidade de deformação
plástica de uma análise não-linear, conforme mostra a Figura 5.6.

Figura 5.6 Excesso de tensão no critério de Mohr-Coulomb

115
5.9.2 Instabilidade segundo o critério das deformações totais

Para efeito de avaliação do risco de desplacamentos no hangingwall, em vez de


considerar critérios empírico-analíticos disponíveis, entendeu-se ter em conta a
realidade das deformações reportadas na Mina Cuiabá por Cota (2010). A qual infere
que, quando as deformações relativas, medidas no hangingwall dos realces por meio de
extensômetros, excedem o valor de 80 mm, aproximadamente, tendem a ocorrer
fenômenos de desprendimento de blocos no hangingwall, sobretudo em setores da lavra
delineados por xistosidade intensa e por planos de juntas transversais.

Por isso, nesta dissertação, considerou-se um critério heurístico, isto é, baseado na


realidade operacional, que reporta risco de ocorrência de instabilidade no hangingwall,
R, sempre que nos modelos numéricos simulados a deformação total, dt, exceda 80 mm,
após lavra, conforme Equação (5.3). Admitidamente, valores de deformação relativa
(strain) poderiam ser utilizados com mais eficácia, porém, neste estudo não foram
considerados.

R  Pd t 80mm (5.3)

5.10 RISCO DE INSTABILIDADE REPRESENTADO EM TERMOS DE PROBABILIDADE

Os modelos numéricos que avaliaram as variantes do layout sublevel produziram


resultados que demonstram a influência dos volumes lavrados na distribuição das
tensões e deformações localmente induzidas. É assumido que a instabilidade de
determinadas regiões do maciço, influenciada pela lavra, pode ser interpretada em
termos de risco, tendo-se em conta a distribuição espacial dos fatores de risco
considerados, como, por exemplo, o fator de segurança, FS, determinado conforme o
tópico anterior. Reportar as condições gerais de estabilidade de um layout como um
todo, não especificamente as condições instáveis referentes a um único ponto no layout,
um pilar, etc., requer uma representação estatística de distribuição de probabilidade das
variáveis de risco correspondentes, nos domínios pretendidos.

Dado tratar-se, precisamente, de avaliar e ranquear as condições de instabilidade de


variantes de layouts, considerou-se mais representativo reportar os resultados em termos

116
de risco, definido pelo conceito clássico de probabilidade de ocorrência de um evento
indesejado, com consequências igualmente indesejáveis. Abaixo, explica-se o conceito
de risco proposto por Vieira (2004), igualmente aplicado aos resultados das análises
geotécnicas nesta dissertação, reportados no Capítulo 6.

A probabilidade de ocorrer um evento X de magnitude x, Pr (Xx), pode ser determinada


por uma função f, que correlaciona alguns parâmetros de controle Qi. Os parâmetros de
controle identificados para a obtenção dos fatores de segurança (FS) dos pilares e do
hangingwall da lavra na Mina Cuiabá são determinados numericamente como Q1 e Q2,
tais como na Equação (5.4). Considera-se que esses parâmetros são representados pelas
tensões máxima e mínima aplicadas na rocha, considerando-se sua resistência.

Pr (Xx) = f (Q1, Q2) (5.4)

Os resultados de probabilidade dos fatores de segurança foram caracterizados para


valores que estivessem abaixo dos valores de referência FSr, arbitrados como limites de
risco. Para a avaliação dos layouts estudados consideram-se os valores de referência
FSr=1,0 e FSr=1,3, respectivamente. A probabilidade do fator de segurança do domínio
i, FSi, assumir valores inferiores a FSr constitui, então, uma medida relativa do risco
geotécnico, R, do layout proposto para o domínio em questão, conforme a Equação(5.5).

R  PFS i  FS r  (5.5)

O valor referência FSr=1,0 define o limite inferior de estabilidade, implicando que, se o


fator se segurança num dado domínio for FSi<1,0, as regiões i consideradas estariam,
efetivamente, sob condições instáveis. O limite de referência FSr=1,3 define o limite
superior de estabilidade. Isto é: em situação ideal, um domínio do layout estaria
dimensionado de forma ótima se os pilares e paredes das superfícies escavadas
consideradas apresentassem FSi=1,3. Se FSi>1,3, o layout estaria sobredimensionado
envolvendo risco de perda econômica. A representação gráfica da determinação do risco
geotécnico nos layouts analisados é mostrada na Figura 5.7.

117
Figura 5.7 Risco e distribuição de probabilidade FS

Para qualificar as condições de risco geotécnico nos layouts avaliados, consideram-se as


descrições de risco seguintes, Equação (5.6):

PFSi  1,0 risco extremo a)


P1,0  FS  1,3 incerteza b)
 i
R (5.6)
PFSi  1,3 sobredimen sionado c)
PFSi  1,3
 condição ideal d)

Conforme mencionado, um layout ideal apresentaria, para todos os seus domínios, um


valor R igual à condição superior de estabilidade estipulada, neste caso, FS=1,3.
Obviamente, na prática, tal condição não ocorre, pois sempre existem volumes no
maciço onde as tensões induzidas superam em muito a resistência do maciço. Definem-
se, então, limites de referência, puramente para efeito de avaliação de alternativas de
desenho de mina. Esses limites são peculiares a cada situação analisada, sendo que as
tolerâncias devem ser extremamente baixas para R baixo e altas para R elevado. A
definição do que possa ser um risco “alto” ou um risco “baixo” transcende o propósito
deste trabalho. É suficiente indicar, porém, que a determinação das tolerâncias de risco
e, consequentemente os níveis de risco aceitáveis para um dado empreendimento devem
ser de responsabilidade da empresa proprietária.

118
5.11 LIMITES DE APLICABILIDADE DOS MODELOS SIMULADOS

É importante ressaltar, nesta fase, que existem limitações associadas às análises


numéricas elaboradas para a Mina Cuiabá. Não é possível, por exemplo, representar
explicitamente e com exatidão cada uma das características que afetam, em larga escala,
o comportamento de um maciço rochoso complexo e heterogêneo, como é o caso desta
Mina. Muitas das características do maciço podem nunca ser completamente
identificadas ou quantificadas, ainda que a lavra tenha sido finalizada. Algumas das
características que têm potencial para afetar a tensão na rocha e a reação do maciço
rochoso em função da lavra - tais como características das unidades geológicas e seus
contatos, descontinuidades geológicas, zonas de fraqueza e rocha alterada, mudanças
locais no campo de tensão pré-lavra - são fatores de dimensão por vezes desconhecida
no instante em que as análises numéricas são desenvolvidas.

Existem limitações adicionais no nível de complexidade com o qual um modelo


numérico de larga escala pode lidar. Mesmo que detalhes complexos de uma feição em
particular sejam importantes, é necessário atribuir algum nível de simplificação ao
modelo para que este possa processar ou produzir resultados em tempo razoável. Sabe-
se que o tempo de computação de uma simulação numérica aumenta com o nível de
detalhes de sua representação geométrica.

O software MAP3D, de elementos de contorno, simula domínios de rocha com


comportamento puramente elástico e não possibilita a inclusão de esforços de elementos
de contenção como cabos, tirantes, swellex, etc. As unidades de suporte e contenção a
serem instaladas nos drifts de desenvolvimento da Mina Cuiabá foram desconsideradas
nos modelos tridimensionais. Não obstante, para as análises de estabilidade de pilares
regionais (sill e rib pillars), os efeitos de tais elementos podem ser efetivamente
omitidos sem perda significativa do rigor dessas análises.

Ainda que as propriedades do enchimento mecânico e hidráulico sejam adequadas para


minimizar as deformações nas superfícies do realce, as simulações com backfill
apresentaram resultados da capacidade reativa de enchimento pouco significativos e,
por tal motivo, as reações do material de enchimento foram desconsideradas nos
modelos MAP3D, conforme argumentado no tópico 5.5.

119
Também foi desconsiderada a presença de descontinuidades, tais como zonas de
fraqueza, planos de falhas e estruturas geológicas, embora existam dados de
mapeamento geotécnico realizado pela equipe de mecânica de rochas da mina que
refletem a presença dessas descontinuidades. Contatos de fraqueza entre os sill pillars e
o hangingwall ou footwall poderiam reduzir a capacidade dos pilares à presença de
cisalhamento e consequente redução do confinamento nas extremidades dos sill pillars.

Deve ser levado em conta que existem diferenças nas propriedades mecânicas entre as
rochas encaixantes e o corpo de minério. Assim, algumas das propriedades mecânicas
foram derivadas de relações empíricas ou de trabalhos de modelagem realizados no
passado, que apresentaram resultados satisfatórios para o ambiente da mina. Além
disso, foi realizado um exercício de calibração a fim de mostrar o comportamento da
tensão in situ e a estabilidade da lavra com sublevel-stoping do nível N7 ocorrida no
passado. As forças atuantes no maciço rochoso são responsáveis pelas deformações
deste ao redor da escavação, podendo ser inferidas por meio de uma simulação
computacional. Entretanto, na modelagem, podem ser considerados como incerteza os
resultados da extensão da sobrequebra apresentados no hangingwall da lavra.

Levando-se tudo isso em conta, pode-se considerar que as condicionantes e


simplificações adotadas neste trabalho são válidas sem perda considerável no rigor das
análises numéricas realizadas.

120
6 Capítulo 6: R esu ltado s e avaliação d a est abilid ade das v ariantes sublevel

Capítulo 6

RESULTADOS E AVALIAÇ ÃO DA

ESTABILIDADE DAS VARIANTES SUBLEVEL

6.1 INTRODUÇÃO

Este capítulo apresenta os resultados da modelagem numérica dos 24 modelos


estudados, referidos no Capítulo 5, conduzidos em MAP3D. Todas as variantes dos
modelos numéricos sublevel consideradas foram simuladas e os resultados discutidos de
forma condensada adiante. As simulações envolveram, conforme indicado
anteriormente, mudanças na geometria modelada, variando-se: a largura dos rib pillars
intercalados nos modelos sublevel; a espessura aparente do corpo; o comprimento ao
longo do strike dos vãos livres; e a profundidade dos níveis operacionais de lavra.

Aplicaram-se os critérios de análise de risco descritos no capítulo anterior, entendendo-


se risco como probabilidade de ocorrência de um evento indesejado. No contexto deste
estudo isso significaria, por exemplo, a ocorrência de instabilidade no maciço.

Neste capítulo, primeiramente, pretende-se mostrar os resultados que descrevem o


potencial de ocorrerem condições de instabilidade no método sublevel-stoping, em
relação às variantes consideradas. Refira-se que, para evitar duplicação, nem todos os
resultados dos modelos são expressos e debatidos aqui. A referência completa dos
detalhes e resultados gerados para os 24 modelos simulados encontra-se condensada no
Anexo IV. Reportam-se aqui, portanto, resultados que melhor ilustram tendências,
impactos que sejam mais relevantes e corolários com implicação prática e operacional.

Foram processados resultados e apresentadas tendências, mediante aplicação de


conceitos de probabilidade. O termo probabilidade, em ambientes operacionais, gera

121
algum desentendimento quanto ao seu significado preciso. Por isso, às vezes, vê-se
como conveniente reportar as ocorrências probabilísticas por meio de outro termo,
chance, palavra que parece mais familiar ao meio. Na verdade, chance e probabilidade,
contextualmente, são termos sinônimos; entre eles, varia apenas a escala de
representação. Enquanto probabilidade refere-se a uma escala de zero até uma unidade
(0 - 1), chance reporta-se a uma escala de zero a cem por cento (0 - 100%). Com efeito,
ambos os termos produzem entendimento concordante com o acima descrito.

Pretende-se ainda mostrar a eficácia das ferramentas de modelagem numérica na


avaliação geotécnica dos layouts de mina. E, por fim, evidenciar a aplicabilidade de
técnicas estatísticas e de análise de risco na fase de pós-processamento para avaliar
largas populações de resultados, possibilitando-se, assim, o ranqueamento do risco dos
vários layouts, com relativa facilidade e segundo critérios predeterminados.

6.2 IMPACTO DA PROFUNDIDADE NA ESTABILIDADE DO MÉTODO SUBLEVEL

Para demonstrar o impacto do fator profundidade na estabilidade e, portanto, na


extensão de sobrequebra no hangingwall dos realces sublevel, simulou-se o modelo-
teste, reportado no tópico 4.5.2, da lavra do corpo SER no nível N7, já calibrado, para
uma profundidade superior. O modelo-teste foi colocado à profundidade representativa
do ambiente de lavra do nível N18, mais profundo que o nível N7, portanto, a cerca de
1184 m abaixo da superfície (adiante representado z = -1184 m). A geometria do
modelo, isto é, as dimensões originais do realce (geometria dos vãos livres e pilares)
não foram modificadas. Tampouco foram alteradas as condicionantes da lavra híbrida
contempladas inicialmente, onde se aplicaram os métodos cut-and-fill e sublevel-
stoping, integrados previamente no modelo-teste de calibração.

A Figura 6.1 mostra que, quando uma geometria estável num dado nível se transfere
para um nível relativamente mais profundo, ocorrem situações de instabilidade no
hangingwall e pilares respectivos. Com efeito, o modelo-teste colocado a profundidade
maior confirma uma diminuição significativa do fator de segurança no domínio do
hangingwall (Figura 6.1a) e aumento consequente das magnitudes e extensão das

122
deformações totais nos domínios mencionados (Figura 6.1b). Isto é, a extensão da
sobrequebra num volume do maciço aumenta proporcionalmente quando a lavra ocorre
a profundidades relativamente maiores.

(a)

(b)

Figura 6.1 Impacto da profundidade no modelo-teste colocado na profundidade


representativa do nível N18 a) fator de segurança; b) deformação total

123
6.3 PROCEDIMENTOS PARA O PROCESSAMENTO E REPORTAGEM DOS RESULTADOS

Aplicando-se os critérios mencionados no tópico 5.9 para mensurar instabilidade,


pretende-se reportar para os domínios i de lavra, nos layouts sublevel modelados, a
distribuição de probabilidade dos valores do fator de segurança, FSi, espacialmente
distribuídos nos pilares; e da deformação total, dt, espacialmente distribuída no
hangingwall da lavra - a partir das quais se inferem os níveis de risco das ocorrências de
instabilidade destes domínios, de acordo com tolerâncias de risco predefinidas.

Nos modelos numéricos, para os volumes de interesse nos domínios referentes aos rib
pillars, foram estipulados planos-solução (grids), colocados transversalmente à potência
do corpo e longitudinalmente ao longo do comprimento no strike, cortando-se todos os
rib pillars instalados no modelo. Tais planos-solução foram colocados no ponto mais
central de cada rib pillar, para os quais foram computados os valores FSi, induzidos
após a lavra. Para os sill pillars, foram utilizados apenas os planos-solução transversais,
espaçados aproximadamente a 30 m uns dos outros e dispostos ao longo destes pilares.
Para captar as influências de quebra no hangingwall da lavra, os planos-solução foram
posicionados longitudinalmente a partir do contato do minério com o hangingwall.
Estes planos registraram impactos da lavra no interior do hangingwall para os três
primeiros metros, novamente para outros três metros, a seguir os próximos quatro
metros e por fim mais dez metros, ou seja, às profundidades de 0 a 3 m; 3 a 6 m; 6 a
10m; e de 10 a 20 m.

As estatísticas das populações FS e dt, distribuídas respectivamente nos domínios dos


rib pillars, sill pillars e hangingwall, foram processadas numa rotina macro criada em
Excel, a qual gera automaticamente a distribuição de probabilidade dos fatores de
segurança e da deformação total nos domínios considerados. A Figura 6.2 exemplifica
uma distribuição assim gerada. As demais distribuições representadas graficamente para
cada modelo avaliado estão no Anexo IV.

A título exemplificativo e para nivelar o entendimento dos resultados apresentados,


explica-se a interpretação de uma distribuição estatística dos parâmetros de
instabilidade, tais como os representados na Figura 6.2, referente aos resultados da
distribuição de probabilidade do fator de segurança FS, no domínio dos rib pillars

124
aplicado no modelo A1, indicado na Tabela 5.1. Este modelo considera sill pillars de
6 m de espessura e rib pillar de 5 m, vão de lavra de 25 m de comprimento ao longo do
strike e 15 m de potência, representando as condições de lavra nos níveis N17 e N18.

5000 1.00

4500 0.90

4000 0.80

Probabilidade
3500 0.70

3000 0.60
Frequência

2500 0.50

2000 0.40
0.339
1500 0.30

1000 0.20

500 0.10 0.104

0 0.00
1 1.1 1.2 1.3
1.3 1.4 1.5 1.6 1.7 1.8 1.9 2
FS-A (Mohr Coulomb)

(a)
20000 1.00

18000 0.90

16000 0.80

14000 0.70
Probabilidade
12000 0.60
Frequência

10000 0.50

8000 0.40
0.339
6000 0.30

4000 0.20

2000 0.10
0.104
0 0.00
11 1.1 1.2 1.3
1.3 1.4 1.5 1.6 1.7 1.8 1.9 2 More
FS-A (Mohr Coulomb)

(b)
Figura 6.2 Exemplo de distribuição de probabilidade e frequência do FS, medida
ao longo da potência nos rib pillars do modelo A1

Nos gráficos da Figura 6.2, assim como nos gráficos subsequentes onde se representam
curvas probabilísticas dos FS, os valores no eixo abscissa representam o intervalo que
conta o número de pontos FSi entre o número binário atual e o binário adjacente mais

125
alto. Conta-se um número em um binário específico se este for igual ou menor que o
número binário anterior ao último. Por exemplo, o valor FS=1,1 no eixo abscissa
representa os pontos FSi no intervalo {1,05 e 1,15}.

A Figura 6.2 mostra duas distribuições referentes ao fator de segurança, FS. A primeira
é a distribuição das frequências estatísticas da ocorrência dos valores FS num dado
domínio de análise; a segunda, resultante da primeira, refere-se à distribuição
cumulativa da probabilidade das ocorrências FS no mesmo domínio.

Pela Figura 6.2, pode-se deduzir que, por exemplo, a probabilidade de ocorrência no
domínio dos rib pillars de fatores de segurança FS ≤ 1,3 seria 0,339; enquanto a
probabilidade de ocorrência de FS ≤ 1,0, para o mesmo domínio, seria 0,104. Então,
segundo o critério estipulado no tópico 5.10, onde pela Equação (5.5) se tem que, no
contexto deste trabalho, risco de instabilidade num layout, R, se define como
R=P{FSi ≤ FRr}, pode-se deduzir que o risco de instabilidade no layout caracterizado
pelas distribuições da Figura 6.2, considerando-se o valor referência FRr=1,3, seria
R=P{FSi ≤ 1,3} = 0,339 (isto é, 33,9% de chance de ocorrência de valores FS abaixo de
1,3); e, considerando-se um valor referência FRr=1,0, o risco do layout seria
R=P{FSi ≤ 1,0} = 0,104 (ou seja, 10,4% de chance de ocorrência de valores FS abaixo
de 1,0). Neste caso, em suma, se concluiria que o layout em referência apresenta um
valor relativamente baixo de risco para as ocorrências de instabilidade, quando medidas
pelo fator de segurança.

Para todas as variantes do layout sublevel aqui estudadas, foram calculados os valores
de risco, tal qual acima demonstrado. Os resultados subsequentes, portanto, podem ser
interpretados segundo o mesmo mecanismo aqui exposto. Para completar a
demonstração da interpretação de resultados, acresce mencionar que os gráficos das
distribuições apresentados nos capítulos e anexos deste trabalho (por exemplo, o gráfico
na Figura 6.2a) escondem os valores de frequência e probabilidades para pontos FS>2,0.
Trata-se de artifício necessário por uma questão de manipulação da escala do gráfico,
para permitir ampliar a característica das distribuições para valores de FS baixos, os
quais são o foco de interesse nas análises de risco. Isto é, para o estudo em referência,
pretende-se evidenciar os valores baixos de FS, que representariam ocorrência potencial

126
de instabilidade (ou risco extremo, segundo o tópico 5.10), do que valores FS altos, que
significariam sobredimensionamento, segundo a Equação (5.6).

6.4 ESTABILIDADE DOS RIB PILLARS NAS VARIANTES DE SUBLEVEL-STOPING

A Figura 6.3 representa resultados de distribuições do fator de segurança nos domínios


dos rib pillars do modelo A1 para os níveis N17 e N18, produzidos em MAP3D.
Considerando-se a legenda de valores FS na lateral da figura, tem-se que alguns dos rib
pillars no layout em questão apresentam condições de ruptura (assinalada pela
propagação de valores FS inferiores a uma unidade cortando o núcleo do pilar). A cor
cinza-claro representa a população de valores FS ≤ 1,0; nestes pilares quebrados, os
contornos cinza-claro atravessam diagonalmente a dimensão total, transversal, dos
pilares em evidência, o que mostra ter havido perda na capacidade de carga e,
consequentemente, enfraquecimento da integridade do núcleo do pilar. As distribuições
dos valores FS para a população de todos os rib pillars do modelo A1 foram as
representadas na Figura 6.2, já comentada.

Ruptura nos
rib pillars
(FS≤1,0)

Figura 6.3 Distribuição transversal de FS nos rib pillars do modelo A1 para os


níveis N17 e N18

127
Embora a variante sublevel A1 contenha pilares rib que apresentam localmente
condições de ruptura, ao se considerar o domínio integral do layout, isto é, quando se
considera a população total de valores FS de todos os pilares no modelo em análise, o
risco de instabilidade e quebra dos rib pillars é relativamente baixo. Com efeito, para o
modelo A1, o risco de quebra nos pilares rib resulta em R=P{FSi ≤ 1,0} = 0,104, ou
seja, existe para a variante A1 uma chance de 10,4% dos rib pillars, nele instalados,
apresentarem valores FS inferiores a 1,0. Comparativamente, para este mesmo layout,
tem-se que R=P{FSi ≤ 1,3} = 0,339, ou seja, 33,9% de chance de os rib pillars
instalados apresentarem valores FS inferiores a 1,3.

Outras interpretações similares às inferidas acima, que reportem o nível de risco de


instabilidade nos rib pillars instalados nas variantes do layout sublevel, podem ser
facilmente deduzidas consultando-se as distribuições de probabilidade FS referentes às
demais variantes do sublevel, em conjunto com as tabelas-resumo, compiladas dos
gráficos do Anexo IV.

6.4.1 Impacto do vão de lavra e da profundidade no risco dos rib pillars

Importa avaliar a estabilidade dos rib pillars instalados no método sublevel-stoping


quando os vãos e a profundidade de lavra aumentam. Para melhor evidenciar a
interdependência dos parâmetros mencionados, são apresentadas, na Figura 6.4, as
distribuições de probabilidade referentes a duas variantes do sublevel, modelos A1 e G1.
Neste modelos foram considerados dois horizontes de lavra: do nível N15 ao N16; e do
nível N17 ao N18 - respectivamente, entre 987 e 1053 m e 1118 a 1184 m de
profundidade. Também foram observados dois cenários de vãos de lavra: de 25 m
(modelo A1) e 70 m (modelo G1) - ambos com rib pillars de 5 m e potência do corpo de
15 m.

Pela Figura 6.4, verifica-se, por exemplo, que o risco de instabilidade nos rib pillars da
variante A1, medido pela distribuição de FS num domínio transversal ao pilar rib,
lavrado com um vão de 25 m, à profundidade de 987 e 1053 m (níveis N15 - N16), seria
R=P{FSi ≤ 1,3} = 0,227 (ou 22,7% de chance dos rib pillars instalados apresentarem
valores FS inferiores a 1,3); esse mesmo layout, colocado numa profundidade maior,

128
por exemplo, no nível N17 - N18 (1118 e 1184 m), aumentaria o risco para
R=P{FSi ≤ 1,3} = 0,339 (ou seja 33,9% de chance dos rib pillars instalados
apresentarem valores FS inferiores a 1,3). Comparando-se o aumento na profundidade
de lavra (níveis N15 - N16 para N17 - N18) com um mesmo vão de lavra de 25 m
(modelo A1) corresponde a um aumento percentual de instabilidade, ou risco, em 11,2%
(de 22,7% para 33,9%), relativamente significativo.

P{FS ≤ FRr} variando vão de lavra e profundidade

0.9

0.8

0.7
Probabilidade

0.6
0.558
0.5
0.512

0.4
0.339
0.3
A1_N15-N16, z=-987m, vão de 25 m
0.227
0.2 A1_N17-N18, z=-1053m vão de 25 m
G1_N15-N16, z=-987m, vão de 70 m
0.1
G1_N17-N18, z=-1053m, vão de 70 m
0
1 1.1 1.2 1.3 1.4 1.5 1.6 1.7 1.8 1.9 2

FS nos rib pillars (5m) para de mesma potência (15m)

Figura 6.4 Relações do risco de instabilidade nos rib pillars para dois modelos
sublevel , A1 e G1, em função dos vãos e da profundidade de lavra

Pela Figura 6.4, verifica-se, ainda, por exemplo, que o risco de instabilidade nos rib
pillars da variante G1, medido pela distribuição de FS num domínio transversal ao pilar,
lavrado com um vão maior, de 70 m, à profundidade de 987 e 1053 m (níveis N15 -
N16), seria R=P{FSi ≤ 1,3} = 0,512 (ou 51,2% de chance dos rib pillars instalados
apresentarem valores FS inferiores a 1,3). Comparando-se com a mesma profundidade
de lavra (níveis N15 - N16), a variante A1, com vão de lavra menor, de 25 m, apresenta
um risco menor de instabilidade nos rib pillars, ou seja, R=P{FSi ≤ 1,3} = 0,227 (ou

129
22,7% de chance dos rib pillars instalados apresentarem valores FS inferiores a 1,3).
Deduz-se, então, para os casos representados, que um aumento no vão de lavra (de 25 m
para 70 m), na mesma profundidade, corresponde a um aumento percentual de
instabilidade, ou risco, em 28,5% (de 22,7% para 51,2%), relativamente significativo.

O corolário importante a reter, consequentemente, é que o risco de instabilidade dos


pilares rib a instalar, num método de lavra sublevel, amplia-se com o aumento da
profundidade e com o aumento do vão de lavra, em proporções que dependem da
geometria e do horizonte de lavra onde tais layouts são implementados.

6.5 ESTABILIDADE DOS SILL PILLARS NAS VARIANTES DE SUBLEVEL-STOPING

A Figura 6.5 representa resultados das distribuições do fator de segurança nos domínios
dos sill pillars do modelo C1 para duas profundidades, N14 a 921 m e N17 a 1118 m,
produzidos em MAP3D. A geometria de lavra envolve vãos de 40 m, potência de 15 m
e rib pillars intercalados de 5 m de largura.

Considerando-se a legenda de valores FS na lateral da Figura 6.5, mostra-se que, em


ambos os horizontes de lavra, os sill pillars mantêm sua integridade, não apresentando
condições de ruptura (isto é , valores de FS≤1,0 não cortam o núcleo dos pilares). Para
níveis superiores, por exemplo, para o nível N14, os valores FS são relativamente altos,
implicando estabilidade alta, que tende a diminuir ligeiramente quando o mesmo layout
é colocado 197 m mais profundo, no nível N17. Apesar desta diminuição nos valores
FS, os sill pillars da variante C1 continuam relativamente estáveis no nível N17, a
1118m de profundidade.

As distribuições cumulativas de probabilidade dos valores FS correspondente à


população de todos os sill pillars, modelados para a variante C1 nos níveis N14 e N17,
foram sumariadas e representadas na Figura 6.7. A explicação para as distribuições
cumulativas de probabilidade dos valores FS é apresentada na sequência, que trata do
impacto da rigidez do sistema e da profundidade no risco de instabilidade dos sill
pillars.

130
(a)

(b)
Figura 6.5 Distribuição transversal de FS nos sill pillars do modelo C1 com vãos
de 40 m e potência de 15 m; a) nível N14, z=-921 m; b) nível N17, z=-1118 m

A Figura 6.6 representa resultados das distribuições do fator de segurança nos domínios
dos sill pillars do modelo E1, também para as profundidades de lavra no nível N14 a
921 m e N17 a 1118 m, produzidos em MAP3D. Tal como no modelo anterior, a
geometria de lavra envolve vãos de 40 m e potência de 15 m, mas, agora, E1 inclui rib
pillars intercalados de 7,5 m de largura, portanto, 2,5 m mais largos que os rib pillars
da variante C1, da Figura 6.5.

Pela legenda de fator de segurança anexa na Figura 6.6, tem-se que, para a variante E1,
em ambos os horizontes de lavra N14 e N17, os sill pillars mantêm sua integridade, não
apresentando condições de ruptura (em que ruptura se interpreta, no contexto deste
trabalho, como valores de FS≤1,0 cortarem o núcleo dos pilares). No nível superior
N14, os valores FS nos sill pillars do layout E1 são relativamente altos, o que implica
estabilidade relativamente alta. A diminuição dos valores FS, quando E1 é lavrado num

131
horizonte 197 m mais profundo, no nível N17, é menor que a ocorrida no modelo C1.
Isto é, o avanço das quebras potenciais nos sill pillars da variante E1 é menor que na
variante C1, quando ambos os layouts são colocados na mesma profundidade. A razão
para esta diferenciação de comportamento reside nas diferenças geométricas dos layouts
de lavra em questão, em que, para a variante C1, intercalam-se rib pillars com 5 m de
largura e, para a variante E1, a largura dos rib pillars intercalados é de 7,5 m.
Naturalmente, o sistema integrado de pilares (sill e rib) da variante E1 resulta numa
condição mais rígida (stiff) do sistema, quando comparado à variante C1.

As distribuições cumulativas de probabilidade dos valores FS correspondente à


população dos sill pillars modelados para a variante E1 nos níveis N14 e N17 também
foram sumariadas e representadas na Figura 6.7.

(a)

(b)
Figura 6.6 Distribuição transversal de FS nos sill pillars do modelo E1 com vãos
40 m e potência de 15 m; a) nível N14, z=-921 m; b) nível N17, z=-1118 m

132
6.5.1 Impacto da rigidez do sistema e da profundidade no risco dos sill pillars

De novo, é possível derivar, a partir dos resultados compilados no Anexo IV, múltiplas
interpretações relativas à estabilidade dos sill pillars para as variantes do sublevel
estudadas. De toda a informação produzida, importa sintetizar em termos gerais, por
exemplo, o impacto da rigidez do sistema de pilares e da profundidade de lavra no risco
de instabilidade dos sill pillars do método sublevel-stoping. A Figura 6.7 evidencia a
interdependência dos parâmetros mencionados, apresentando as distribuições de
probabilidade referentes às variantes C1 e E1 dos modelos sublevel, descritas
anteriormente. Foram considerados: dois horizontes de lavra, o nível N14 e N17, a
921 m e 1118 m de profundidade, respectivamente; e cenários de geometria que
consideram, no layout de lavra, a intercalação de rib pillars de diferentes dimensões,
com 5 e 7,5 m de largura, respectivamente. Para as duas variantes consideradas, C1 e
E1, os vãos livres de lavra ao longo do strike (portanto, a distância que separa rib
pillars) mantêm-se iguais com 40 m.

Pela Figura 6.7, verifica-se, por exemplo, que o risco de instabilidade nos sill pillars da
variante C1, medido pela distribuição de FS num domínio transversal ao pilar, lavrado
com vão de 40 m, à profundidade de 921 m (nível N14), seria R=P{FSi ≤ 1,3} = 0,160
(ou 16,0% de chance dos sill pillars instalados apresentarem valores FS inferiores a
1,3); esse mesmo layout, colocado numa profundidade maior, por exemplo, no nível
N17 a 1118 m abaixo da superfície, aumentaria o risco de instabilidade para
R=P{FSi ≤ 1,3} = 0,250 (ou seja, 25,0% de chance dos sill pillars instalados
apresentarem valores FS inferiores a 1,3). O aumento da profundidade de lavra, para a
mesma geometria e rigidez do sistema de pilares (pois não se alterou a dimensão
destes), por si só, contribui para um acréscimo no risco de instabilidade nos sill pillars,
da variante C1, da ordem de 9% (ou seja, de 16% para 25%).

Analisando-se os sill pillars da variante E1 para exatamente os mesmos ambientes de


lavra, mas considerando-se, agora, que os rib pillars desta variante são mais largos, com
7,5 m em vez de 5 m, verifica-se que o risco de quebra nos pilares sill variaria de
R=P{FSi ≤ 1,3} = 0,160 (ou 16,0% de chance dos sill pillars instalados apresentarem
valores FS inferiores a 1,3) na profundidade do nível N14, a 921 m, para

133
R=P{FSi ≤ 1,3} = 0,251 (ou 25,1% de chance dos sill pillars instalados apresentarem
valores FS inferiores a 1,3) na profundidade do nível N17 a 1118 m. Virtualmente,
ocorreria, portanto, o mesmo incremento de 9% da variante C1.

A Figura 6.7 demonstra ainda que, para a mesma profundidade de lavra e para o mesmo
vão de lavra de 40 m, o risco de instabilidade nos sill pillars nas variantes C1 e E1 são
insensíveis ao aumento da rigidez do sistema (isto é, as variantes C1 e E1 são
indiferentes ao aumento da largura dos rib pillars para a mesma profundidade). Esta
dedução é importante, obviamente, do ponto de vista operacional e econômico, pois
implica recomendar a execução de layouts de lavra onde se podem intercalar rib pillars
de menor dimensão, sem contudo comprometer a estabilidade e aumentar
significativamente o risco geotécnico. Entretanto, o fato dos resultados compilados
derivarem de análises numéricas puramente elásticas não permite conclusivamente
confirmar as deduções acima.

P{FS ≤ FRr} variando largura do rib pillar e profundidade para vãos de lavra 40 m

0.6

0.5
Z = - 1118 m

0.4
Probabilidade

Z = - 921 m

0.3
0.250

0.2
0.160 C1_N14 (5m)
C1_N17 (5m)
0.1
E1_N14 (7,5m)
E1_N17 (7,5m)
0
1 1.1 1.2 1.3 1.4 1.5 1.6 1.7 1.8 1.9 2
FS nos sill pillars de 6m de altura vertical, potência de 15m

Figura 6.7 Relações do risco de instabilidade nos sill pillars para dois modelos
sublevel , C1 e E1, em função da largura dos rib pillars e da profundidade de
lavra, considerando vãos de lavra de 40 m

134
6.5.2 Impacto do vão de lavra no risco de instabilidade de sill pillars

Importa agora ilustrar o impacto do aumento da rigidez no sistema de suporte regional


(aumento da dimensão dos pilares rib) para ambientes com vãos mais largos que os
vãos anteriormente analisados. A Figura 6.8 mostra os resultados, produzidos em
MAP3D, das distribuições do fator de segurança nos domínios dos sill pillars de duas
variantes, os modelos G1 e K1, implementados nos horizontes dos níveis N14 e N17,
respectivamente a 921 e 1118 m de profundidade. A geometria de lavra envolve, para
ambos os modelos, vãos de lavra de 70 m e potência do corpo de minério igual a 15 m.
O modelo G1 inclui rib pillars de 5 m de largura, enquanto o modelo K1 contempla rib
pillars de 10 m de largura.

Pela análise conjunta dos resultados, Figura 6.8a e Figura 6.8b, referentes ao modelo
G1, com rib pillars de 5 m, verifica-se haver condições de ruptura e instabilidade em
algumas seções do sill pillar deste layout. Ocorre que, na profundidade do nível N17, a
1118 m abaixo da superfície (Figura 6.8b), determinados trechos do pilar sill reportam
valores FS inferiores a uma unidade (FS≤1,0), onde a região de ruptura se propaga
transversalmente, cortando o núcleo do pilar. Por sua vez, uma análise conjunta, similar,
aplicada aos resultados da Figura 6.8c e Figura 6.8d, referentes ao modelo K1, com rib
pillars de 10 m (o dobro da largura dos rib pillars no modelo G1), verifica-se a não
ocorrência de ruptura no sill pillar do layout K1, para a mesma profundidade
operacional no nível N17.

De forma análoga à expressa na discussão acima, confirma-se que o aumento da rigidez


no sistema de pilares num layout de vãos maiores, obtida com o aumento da largura dos
rib pillar de 5 para 10 m, confere condições de estabilidade nos sill pillars do sistema
de suporte regional nele instalados. Do ponto de vista operacional, é importante
determinar, entretanto, o incremento necessário da rigidez do sistema regional de
suporte (isto é, determinar quantos mais pilares devem ser considerados, ou o quanto
mais largos estes pilares devem ser) para mitigar os riscos geotécnicos potenciais,
devidos ao incremento da profundidade operacional de lavra.

135
rib pillar = 5 m rib pillar = 10 m

(a) (c)
rib pillar = 5 m rib pillar = 10 m

(b) (d)
Figura 6.8 Distribuição transversal de FS nos sill pillars para os modelos, níveis e
profundidades correspondentes; a) G1, N14, 921 m ; b) G1, N17, 1118 m;
c)K1, N14, 921 m; d) K1, N17, 1118 m

As relações de risco de instabilidade nos sill pillars dos modelos sublevel G1 e K1, em
função da largura dos rib pillars neles intercalados e da profundidade de lavra para vãos
mais largos, com 70 m ao longo do strike, demonstram-se na Figura 6.9. Verifica-se
que o risco de instabilidade nos sill pillars da variante G1, por exemplo, com rib pillars
de 5 m e à profundidade de 921 m (nível N14), seria R=P{FSi ≤ 1,3} = 0,250 (ou 25,0%
de chance dos sill pillars instalados apresentarem valores FS inferiores a 1,3); o mesmo
layout G1, colocado numa profundidade maior, no nível N17, a 1118 m, por exemplo,
aumentaria o risco de instabilidade para R=P{FSi ≤ 1,3} = 0,360 (ou seja, 36,0% de
chance dos sill pillars instalados apresentarem valores FS inferiores a 1,3). Já para a

136
variante K1, lavrada com rib pillars de 10 m (o dobro da medida dos pilares rib
anteriores), com o mesmo vão de 70 m e à profundidade de 921 m (nível N14), o risco
de instabilidade seria relativamente menor, R=P{FSi ≤ 1,3} = 0,172 (ou 17,2% de
chance dos sill pillars instalados apresentarem valores FS inferiores a 1,3); este layout
K1, colocado a uma profundidade maior, no nível N17, a 1118 m, por exemplo,
aumentaria o risco de instabilidade para R=P{FSi ≤ 1,3} = 0,260 (ou seja 26,0% de
chance dos sill pillars instalados apresentarem valores FS inferiores a 1,3).

P{FS ≤ FRr} variando largura do rib pillar e profundidade para vãos de lavra 70 m

0.6

0.5

0.4
Probabilidade

0.360

0.3
0.260
0.250

0.2
0.172 G1_N14 (5m) Z = - 921 m
G1_N17 (5m) Z = - 1118 m
0.1 K1_N14 (10m) Z = - 921 m
K1_N17 (10m) Z = - 1118 m
0
1 1.1 1.2 1.3 1.4 1.5 1.6 1.7 1.8 1.9 2
FS nos sill pillars de 6 m de altura vertical, potência de 15m

Figura 6.9 Relações do risco de instabilidade nos sill pillars para dois modelos
sublevel , G1 e K1, em função da largura dos rib pillars e da profundidade de
lavra, considerando vãos de lavra de 70m

É interessante verificar a partir das distribuições de probabilidade, aproximadamente


coincidente (curvas sobrepostas na Figura 6.7 e na Figura 6.9), que, para um dado vão
de lavra fixo, os layouts sublevel apresentam tendências de risco virtualmente
equivalentes quando integram rib pillars de 5 m de largura, aplicados no nível N14 a
921 m abaixo da superfície, e quando integram rib pillars de 10 m, porém aplicados no
nível N17 a 1118 m de profundidade. Por outras palavras, isso significa que, para
manter-se o mesmo nível de risco ao avançar em profundidade, a largura dos rib pillars

137
no layout sublevel deve ser aumentada proporcionalmente. No caso aqui demonstrado, o
aumento deveria ser para o dobro, por exemplo.

Agora, a Figura 6.10 refere-se às tendências do risco de instabilidade nos sill pillars
para dois modelos sublevel, C1 e G1, colocados na mesma profundidade, nível N14 a
921 m, mas variando o vão de lavra de 40 para 70 m, respectivamente. Mantém-se a
rigidez do sistema para ambos os casos, isto é, as dimensões dos rib pillars intercalados
em ambos os modelos são precisamente iguais, com 5 m de largura. Verifica-se, então,
que o risco de instabilidade nos sill pillars da variante C1 com vãos de 40 m seria
R=P{FSi ≤ 1,3} = 0,250 (ou 25,0% de chance dos sill pillars instalados apresentarem
valores FS inferiores a 1,3); enquanto o risco de instabilidade da variante G1 com vãos
de 70 m seria R=P{FSi ≤ 1,3} = 0,360 (ou seja, 36,0% de chance dos sill pillars
instalados apresentarem valores FS inferiores a 1,3). Consequentemente, para um
aumento de vão de lavra da ordem de 75%, de 40 para 70 m, o risco de instabilidade
cresce, aproximadamente, 11% (de 0,250 para 0,360).

O corolário a reter para a análise acima, evidentemente, é que o nível de risco aumenta
proporcionalmente com o aumento dos vãos de lavra.

P{FS ≤ FRr} variando vãos de lavra, mesma profundidade N14, Z=- 921 m

0.6

0.5

0.4
Probabilidade

0.360

0.3
0.250

0.2

C1_N17 (5m), vão 40m


0.1
G1_N17 (5m), vão 70m

0
1 1.1 1.2 1.3 1.4 1.5 1.6 1.7 1.8 1.9 2
FS nos sill pillars de 6 m de altura vertical, potência de 15m

Figura 6.10 Relações do risco de instabilidade nos sill pillars para dois modelos
sublevel, C1 e G1, em função do vão de lavra, para a mesma profundidade

138
6.6 INSTABILIDADE NO HANGINGWALL NAS VARIANTES SUBLEVEL-STOPING

As descrições do tópico 3.6.4 e as informações da Figura 3.9 revelam que as


deformações, medidas por instrumentos tipo MPBX nos realces de grandes dimensões
da Mina Cuiabá, podem ser de grande amplitude e se desenvolverem a uma taxa
relativamente elevada (Figura 3.9a). Garantir a estabilidade do hangingwall dos realces
operacionais é uma tarefa geotécnica de extrema importância para as operações de mina
tanto sob a perspectiva da segurança dos trabalhadores quanto do ponto de vista
econômico, haja vista que a ocorrência de desplacamentos significativos pode
inviabilizar completamente as operações de lavra.

Fatores na geometria do layout de lavra e no ambiente geotécnico podem influenciar


diretamente a estabilidade do hangingwall. O grau de instabilidade depende, entre
outros fatores, da dimensão do vão de lavra; da profundidade operacional; das
características geológicas e geotécnicas das rochas encaixantes. O tópico 5.9.2
introduziu um critério heurístico de avaliação de risco, segundo o qual, para a Mina
Cuiabá, o risco de ocorrência de instabilidade no hangingwall, R, se poderia medir
como R=P{dt ≥ 80 mm}, ou seja, como a probabilidade da deformação total, dt, exceder
80 mm após a lavra. Este critério é aplicado a seguir para mostrar os impactos no
hangingwall para diferentes variantes no método sublevel. As análises realizadas
consideram os impactos relativos ao aumento dos vãos de lavra, devidos a uma
mudança na litologia das rochas encaixantes.

A Figura 6.11 revela a extensão e magnitudes das deformações totais, dt, espacialmente
distribuídas no hangingwall da lavra, modeladas para a variante A1 que opera com vãos
de lavra de 25 m; e para a variante G1 com vãos de 70 m ao longo do strike. Ambos os
layouts consideram 15 m de potência e rib pillars com 5 m de largura, sendo que a lavra
ocorre entre o nível N15 à profundidade de 987 m e o nível N16 com 1053 m de
profundidade. A Figura 6.11 ilustra o impacto do aumento no vão de lavra nas
deformações totais induzidas. A cor vermelho-intermediária representa a população de
valores dt ≥ 80 mm onde, segundo o critério acima, haveria potencial de ocorrer
desplacamentos no hangingwall. A Figura 6.11a, representando a variante sublevel A1
com vãos de lavra de 25 m, denota domínios dt ≥ 80 mm no hangingwall de menor

139
extensão que na Figura 6.11b, onde se representa a variante G1, com vãos de lavra de
70 m. Claramente, a variante G1, com vãos maiores, apresenta condições
consideravelmente piores de instabilidade no hangingwall.

(a)

(b)
Figura 6.11 Distribuição das deformações totais, dt , no hangingwall da lavra entre
os níveis N15 e N16; a) modelo A1, 25m de vão; b) modelo G1, 70 m de vão

A Figura 6.12 compara as distribuições cumulativas de probabilidade das deformações


totais para as variantes sublevel A1 com 25 m de vão e G1 com 70 m de vão de lavra ao
longo do strike, colocadas à mesma profundidade operacional, entre os níveis N15 e
N16. Compilam-se, separadamente, para o caso em evidência, as deformações
distribuídas no interior do hangingwall, nos intervalos de 0 a 3 m; 3 a 6 m; 6 a 10 m; e
10 a 20 m, respectivamente, visto que o risco geotécnico é fortemente dependente da
escolha do plano de análise. Esta atribuição de estudo de intervalos também tem como
objetivo mostrar que, quanto mais afastado da influência das escavações, melhor é a
condição do maciço. O modelo litológico das encaixantes aplicado foi o modelo tipo 1,

140
descrito no tópico 5.3, Figura 5.3, que considera a sequência litológica X1/FG no
hangingwall, seguido da zona de minério BIF e, por fim, a litologia X1/FG, no footwall.

Notar que a determinação do nível de risco pelas curvas de probabilidade da Figura 6.12
se dá pelo valor recíproco, ou seja, o risco de instabilidade no hangingwall definido por
R=P{dt ≥ 80 mm}, determina-se lendo diretamente no gráfico o valor P{dt ≤ 80 mm} e
calculando-se em seguida o recíproco. Assim, o risco, R, de instabilidade por
deformação total no intervalo entre 0 e 3 m no interior do hangingwall, por exemplo
(Figura 6.12a), seria R=P{dt ≥ 80 mm} = 1- P{dt ≤80 mm} = 1-0,915=0,085 (ou 8,5%
de chance do hangingwall apresentar valores dt superiores a 80 mm no intervalo de
análise). Os demais valores de risco de instabilidade no hangingwall, determinados da
mesma forma aqui demonstrada, e a partir das curvas de probabilidade da Figura 6.12,
para diferentes profundidades no interior do hangingwall, encontram-se sumariadas na
Tabela 6.1.

P{d > 80 mm} variando vão ao longo do strike P{dt > 80 mm} variando condição geológica da encaixante
P{dt ≥t 80 mm variando o vão ao longo do strike P{dt ≥ 80 mm variando o vão ao longo do strike

1 1

0,915 0,948
0.9 0.9

0.8 0.8

0.7 0.7
Probabilidade
Probabilidade

0.6 0.6

0.5 0.5

0.4 0.4
0,368
0,338
0.3 0.3
G1_HW 0-3m, vão=70m G1_HW 3-6m, vão=70m
0.2 0.2
A1_HW 0-3m, vão=25m A1_HW 3-6m, vão=25m
0.1 0.1

0 0
0 0.01 0.02 0.03 0.04 0.05 0.06 0.07 0.08 0.09 0.1 0 0.01 0.02 0.03 0.04 0.05 0.06 0.07 0.08 0.09 0.1

Deform ação total no hangingwall (m ) Deform ação total no hangingwall (m )

(a) 0 – 3 m (b) 3 – 6 m
P{dt > 80 mm} variando condição geológica da encaixante
P{dt ≥ 80 mm variando o vão ao longo do strike P{dt >P{d t ≥ 80variando
80 mm} mm variando o vão
condição ao longo
geológica dado strike
encaixante

0,998 1
1,01
0.9
0.9
0.8
0.8
0,759
0.7
0.7
Probabilidade

0.6
Probabilidade

0.6
0,525
0.5
0.5
0.4
0.4
0.3
0.3
G1_HW 6-10m, vão=70m G1_HW 10-20m, vão=70m
0.2
0.2
A1_HW 6-10m, vão=25m A1_HW 10-20m, vão=25m
0.1
0.1
0
0
0 0.01 0.02 0.03 0.04 0.05 0.06 0.07 0.08 0.09 0.1
0 0.01 0.02 0.03 0.04 0.05 0.06 0.07 0.08 0.09 0.1
Deform ação total no hangingwall (m )
Deform ação total no hangingwall (m )

(c) 6 – 10 m (d) 10 -20 m


Figura 6.12 Probabilidade de ocorrência de deformação no hangingwall dos
modelos A1 de 25 m de vão, e G1 de 70 m de vão, mesma profundidade

141
Pela Tabela 6.1, confirma-se que o risco de instabilidade no hangingwall amplia-se com
o aumento do vão de lavra. No intervalo de 0 a 3 m no interior do hangingwall, por
exemplo, verifica-se que o risco de instabilidade seria de 0,085 (ou seja, 8,5% de chance
do hangingwall apresentar valores dt superiores a 80 mm) em layouts de 25 m de vão; e
aumenta para 0,662 (ou seja, 66,2% de chance do hangingwall apresentar valores dt
superiores a 80 mm) em layouts com vão igual a 70 m.

Ilustra-se, ainda com dados da Tabela 6.1, que, quando comparado o intervalo de 10 a
20 m no interior do hangingwall, tem-se, no sublevel lavrado com vãos de 25 m, que a
probabilidade de ocorrência de deformações totais acima do valor referência dt ≥ 80mm
seria nula. Porém, se o mesmo sublevel implementar vãos de 70 m, o risco aumenta para
24,1%. Confirma-se claramente, em suma, que o aumento do vão de lavra acima de
determinadas dimensões gera impactos extremamente negativos para o hangingwall do
layout. Cabe, então, à engenharia de rochas determinar as dimensões dos vãos mínimos
de lavra estáveis.

Tabela 6.1 Risco de instabilidade em função do vão de lavra, para profundidades


no hangingwall
Intervalos de profundidade das camadas no hangingwall
0–3m 3–6m 6 – 10 m 10 – 20 m
Variante A1 Vão de lavra 25 m
P{dt ≤80 mm} 0,915 0,948 0,998 1,000
Risco de instabilidade, R=P{dt ≥ 80 mm} 0,085 0,052 0,002 0,000
Variante G1 Vão de lavra 70 m
P{dt ≤80 mm} 0,338 0,368 0,525 0,759
Risco de instabilidade, R=P{dt ≥ 80 mm} 0,662 0,632 0,475 0,241

A Figura 6.13 compara, por sua vez, as distribuições cumulativas de probabilidade das
deformações totais para as variantes sublevel G1 e G2, com desenhos de layout
precisamente iguais, ou seja, sill pillars de 6 m, rib pillars de 5 m, vãos livres ao longo
do strike de 70 m, potência de 15 m, operando entre os níveis N15 e N16, porém
referentes a ambientes geológicos e geotécnicos distintos, do tipo 1 e tipo 2. Por outras
palavras, as distribuições das deformações totais na Figura 6.13 comparam os impactos
das encaixantes tipo 1 e tipo 2, descritas no tópico 5.3, Figura 5.3. O pacote litológico

142
tipo 2 envolve uma sequência de rocha intacta, seguida da litologia X2, e ainda por
X1/FG, a zona de minério BIF, de novo X2 e, por fim, uma rocha intacta de melhor
propriedade mecânica, considerada a sequência lida do hangingwall para o footwall.

O risco de instabilidade no hangingwall devido ao agravamento das condições


geotécnicas do maciço, definido por R=P{dt ≥ 80 mm}, pode-se determinar para o caso
da litologia tipo 2, no modelo G2, lido diretamente no gráfico, o valor de P{dt ≤ 80 mm}
e calculando-se o valor recíproco. De modo que R, devido à instabilidade por
deformação total no intervalo entre 0 e 3 m no interior do hangingwall, por exemplo, na
Figura 6.13a, seria R=P{dt ≥ 80 mm} = 1- P{dt ≤80 mm} = 1-0,690=0,31 (ou 31% de
chance do hangingwall apresentar valores dt superiores a 80mm). Os demais valores de
risco de instabilidade no hangingwall, determinados a partir das curvas de probabilidade
na Figura 6.13, para diferentes profundidades no interior do hangingwall, encontram-se
sumariadas na Tabela 6.2.

P{dt > 80 mm} variando condição geológica da encaixante P{dt > 80 mm} variando condição geológica da encaixante

1 1

0.9 0.9
0,861
0.8 0.8

0.7
0,690 0.7
Probabilidade
Probabilidade

0.6 0.6

0.5 0.5

0.4 0.4
0,368
0,338
0.3 0.3

0.2 G1_HW 0-3m, tipo1 0.2 G1_HW 3-6m, tipo1


0.1 G2_HW 0-3m, tipo2 0.1 G2_HW 3-6m, tipo2
0 0
0 0.01 0.02 0.03 0.04 0.05 0.06 0.07 0.08 0.09 0.1 0 0.01 0.02 0.03 0.04 0.05 0.06 0.07 0.08 0.09 0.1
Deform ação total no hangingwall (m ) Deform ação total no hangingwall (m )

(a) 0 – 3 m (b) 3 – 6 m
P{dt > 80 mm} variando condição geológica da encaixante P{dt > 80 mm} variando condição geológica da encaixante

0,999 1 1,01

0.9 0.9

0.8 0.8
0,759
0.7 0.7
Probabilidade
Probabilidade

0.6 0.6
0,525
0.5 0.5

0.4 0.4

0.3 0.3

0.2 G1_HW 6-10m, tipo1 0.2 G1_HW 10-20m, tipo1


0.1 G2_HW 6-10m, tipo2 0.1 G2_HW 10-20m, tipo2

0 0
0 0.01 0.02 0.03 0.04 0.05 0.06 0.07 0.08 0.09 0.1 0 0.01 0.02 0.03 0.04 0.05 0.06 0.07 0.08 0.09 0.1
Deform ação total no hangingwall (m ) Deform ação total no hangingwall (m )

(c) 6 – 10 m (d) 10 -20 m


Figura 6.13 Probabilidade de ocorrência de deformação no hangingwall dos
modelos sublevel,G1 e G2, em função das litologias encaixantes, tipo 1 e tipo 2

143
O modelo tipo 1, do ponto de vista geotécnico, é o pacote de menor resistência
mecânica, que integra as litologias X1/FG no hangingwall, seguido da zona de minério
BIF e da litologia X1/FG no footwall; em contrapartida, o pacote litológico tipo 2 é
relativamente mais consistente e rígido. As propriedades mecânicas das litologias X2 e
da rocha intacta, integrantes deste pacote, conferem mais resistência e rigidez ao
maciço, do que no caso do pacote litológico tipo 1, mais fraco mecanicamente.
Consequentemente, é previsível que o risco de instabilidade no pacote tipo 1 seja
superior ao risco do pacote tipo 2, tal como demonstram os resultados na Tabela 6.2.
Importa reter, então, que o layout sublevel apresenta riscos maiores de instabilidade
quando implementado em ambientes geotécnicos de menor integridade.

Tabela 6.2 Risco de instabilidade em função de ambientes geotécnicos distintos


(tipo 1, tipo 2)
Intervalos de profundidade das camadas no hangingwall
0–3m 3–6m 6 – 10 m 10 – 20 m
Variante G1 litologia tipo 1
P{dt ≤80 mm} 0,338 0,368 0,525 0,759
Risco de instabilidade, R=P{dt ≥ 80 mm} 0,662 0,632 0,475 0,241
Variante G2 litologia tipo 2
P{dt ≤80 mm} 0,690 0,861 0,999 1
Risco de instabilidade, R=P{dt ≥ 80 mm} 0,310 0,139 0,001 0

144
7 Capítulo 7 : Conclu sões g er ais e sugestõ es para pesquisas futuras

Capítulo 7

CONCLUSÕES GERAIS E SUGESTÕES PARA

PESQUISAS FUTURAS

7.1 INTRODUÇÃO

Ao longo dos capítulos anteriores, apresentaram-se argumentos, cenários técnicos e


operacionais, justificativas, conceitos e metodologias que vieram a substanciar o estudo
aqui apresentado. Este foi embasado num conjunto de modelos numéricos
tridimensionais que permitiram avaliar o risco geotécnico de múltiplas variantes do
método sublevel-stoping de lavra subterrânea. Apresentaram-se, segundo vários
ângulos, as características deste método de lavra, planejado para exaurir o corpo de
minério SER da Mina Cuiabá.

Sumariamente, foram discutidos conceitos fundamentais, alguns métodos e técnicas


empíricas que sustentaram o estudo de base. Progressivamente, demonstrou-se a
utilidade das modelagens tridimensionais, com métodos numéricos de contorno na
avaliação de geometrias de lavra complexas. Apresentaram-se modelos-teste de
calibração para obtenção dos limites de representatividade dos modelos numéricos
considerados, dadas as limitações mencionadas. Definiram-se alguns corolários úteis
para avaliar as condições de estabilidade do maciço rochoso nos domínios de interesse e
estabelecer opções de desenho de pilares, vãos livres de lavra e outras condicionantes do
sublevel-stoping para a referida mina. Ficou comprovado um procedimento segundo o
qual o risco geotécnico de instabilidade em domínios rochosos pode ser inferido pela
distribuição dos indicadores de risco considerados (neste caso, o fator de segurança, FS,
e as deformações totais, dt), em vez de reportar valores singulares. Pode-se referir ao
risco geotécnico em termos de probabilidade, em conformidade com a definição clássica

145
de risco. Foi demonstrado, em última análise, que é possível e essencial integrar
modelagem numérica geotécnica e desenho de layouts de mina (planejamento).

Neste capítulo final condensam-se, de forma conclusiva, as avaliações realizadas nesta


dissertação, identificam-se as limitações encontradas e propõem-se estudos futuros.

7.2 CONCLUSÕES

Sobre modelagem numérica e sua importância

Os fenômenos de instabilidade em ambientes de mineração subterrânea dependem: das


reações dos maciços rochosos em função da lavra; do sequenciamento da extração; da
complexidade geológica; do aprofundamento das frentes de trabalho; e consequente
elevação das tensões. Essa multiplicidade de fatores que influenciam diretamente a
estabilidade das escavações justifica a necessidade de utilização de técnicas de
modelagem numérica.

As modelagens tridimensionais são consideradas as mais indicadas para representar


problemas de estabilidade global em ambientes de mina subterrânea. O emprego desta
como ferramenta de análise e desenho de mina deve constituir-se em suporte sistemático
do planejamento e da mitigação dos riscos geotécnicos em operações de mina.

Ainda que os domínios descontínuos não possam ser caracterizados pelos métodos de
elementos de contorno, BEM, ao se tratar de geometrias complexas, tridimensionais, em
meios relativamente homogêneos e elásticos, as análises numéricas realizadas com
MAP3D foram bem sucedidas nesta dissertação.

A relativa simplicidade e flexibilidade computacional dos métodos BEM conferem


condições preferenciais de uso, quando há necessidade de serem avaliados múltiplos
cenários operacionais, considerando-se modelos com grande variabilidade geométrica, a
partir dos quais se pretende apenas a ordem de grandeza dos parâmetros impactantes,
bem como identificar fatores de risco de instabilidade em função da variação das
tensões. Foram estas as razões pelas quais se considerou o uso dos métodos BEM nas
análises desta dissertação e a ferramenta MAP3D.

146
Os resultados provenientes de modelos numéricos requerem apreciação do grau de
confiabilidade. É necessário retroanalisar os resultados dos modelos com base nas
respostas observadas in situ, provenientes de dados de monitoramento e instrumentação
existentes. A retroanálise pode ser usada para reduzir dispersão nos resultados. Medidas
de otimização do modelo numérico incluem: refinamento da geometria e representação
geológica; melhor caracterização do estado de tensão pré-lavra; maior rigor nas
propriedades dos materiais; diminuição dos erros numéricos; e correlação com
observações de campo. O monitoramento e a retroanálise das respostas do maciço
rochoso são essenciais para a otimização das análises numéricas.

Sobre os ambientes geotécnicos e domínios da análise

As operações de lavra na Mina Cuiabá ocorrem em realces de dimensões relativamente


grandes para um ambiente subterrâneo. Ainda que seja praticada a aplicação de
enchimento (mecânico ou hidráulico), pode-se antecipar ocorrência de grandes
deformações nas superfícies expostas do hangingwall e footwall desta mina. As
camadas litológicas encaixantes (X1 e X2) apresentam módulos de elasticidade
relativamente baixos (valores médios de 15 e 20 GPa, respectivamente), o que contribui
para a formação de um sistema regional composto por pilar-backfill-encaixante, com
rigidez relativamente baixa.

Confirma-se a necessidade de efetuarem-se medições adicionais das tensões in situ, as


quais podem confirmar a existência de variabilidade natural dos estados destas tensões.
Determinadas áreas, em ambientes geológicos e geotécnicos diferentes, apresentam
graus distintos de deformação e, portanto, reagem também de maneira distinta aos
impactos da lavra. As deformações totais máximas registradas em realces típicos à
profundidade de 650 m podem variar entre 20 e 120 mm, ao longo de um período de
cerca de quatro meses. É evidente, portanto, a necessidade de que se conheçam as
reações do maciço aos efeitos da lavra, os quais se manifestam de forma a induzir a
variação do estado das tensões e das deformações estáticas e dinâmicas.

147
Sobre os modelos tridimensionais desenvolvidos

Os modelos numéricos puramente elásticos, tais como os modelos em MAP3D nesta


dissertação, apresentam soluções independentes da trajetória computacional seguida
(diz-se path-independent); de modo que os resultados apresentados reportam os
impactos das tensões e deformações referentes ao último estágio de lavra para cada
modelo sublevel.

Sobre os critérios aplicados para inferir o risco de instabilidade

Utiliza-se o fator de segurança (FS) e a deformação total (dt) induzida para caracterizar
as condições de instabilidade nos pilares e no hangingwall da lavra, respectivamente.
Esta é uma maneira simples e conveniente de quantificar a extensão com que as
condições mecânicas do maciço podem se exceder em determinados pontos.

A determinação do fator de segurança para regiões dos pilares sill e rib permite estimar,
indiretamente, uma ordem de grandeza do dano induzido pelas sobretensões nos pilares,
por exemplo. Globalmente, as análises dos pilares consideram que resultados de fator de
segurança FS≤1,0 ultrapassando transversalmente ou longitudinalmente os pilares
caracterizam a condição de falha ou ruptura destes.

Na avaliação do risco de desplacamentos no hangingwall, em vez de serem


considerados critérios empírico-analíticos disponíveis, entendeu-se levar em conta a
realidade das deformações reportadas pela Mina Cuiabá. Infere-se que, quando as
deformações totais medidas no hangingwall dos realces, por meio de extensômetros,
excedem o valor de 80 mm, aproximadamente, tende a ocorrer fenômenos de
desprendimento de blocos, sobretudo em setores da lavra delineados por xistosidade
intensa e por planos de juntas transversais.

Sobre a representação probabilística do risco de instabilidade

A instabilidade de determinadas regiões do maciço, influenciada pela lavra, pode ser


interpretada em termos de risco, tomando-se a distribuição espacial dos fatores de risco
considerados como, por exemplo, o fator de segurança. Reportar as condições gerais de

148
estabilidade de um layout como um todo, não especificamente as condições instáveis
referentes a um único ponto no layout, um pilar, etc., requer uma representação
estatística de distribuição de probabilidade das variáveis de risco correspondentes, nos
domínios pretendidos.

Sobre os limites de aplicabilidade dos modelos simulados

Existem limitações associadas às análises numéricas conduzidas para a Mina Cuiabá.


Não é possível, por exemplo, representar explicitamente e com exatidão cada uma das
características que afetam, em larga escala, o comportamento de um maciço rochoso
complexo e heterogêneo, como é o caso desta mina. Muitas das características do
maciço podem nunca ser completamente identificadas, ou quantificadas, ainda que a
lavra tenha sido finalizada.

Existem limitações adicionais no nível de complexidade com o qual um modelo


numérico de larga escala pode lidar. Mesmo que detalhes complexos de uma feição em
particular sejam importantes, é necessário atribuir algum nível de simplificação ao
modelo para que este possa processar ou produzir resultados em tempo razoável. Sabe-
se que o tempo de computação de uma simulação numérica aumenta com o nível de
detalhes de sua representação geométrica.

Sobre os resultados das avaliações das variantes sublevel

Maior sensibilidade no controle da geometria do realce e na avaliação do potencial de


sobrequebra dos modelos simulados com o método de lavra sublevel stoping pode ser
obtida variando-se fatores, tais como a influência da profundidade na lavra do corpo de
minério, as dimensões do vão livre (strike span) entre rib pillars e as dimensões dos sill
pillars. Naturalmente, o estado de tensão in situ (magnitude e orientação) também
influencia o resultado de tais análises.

Em termos de estabilidade regional, é necessário determinar com rigor a influência das


variações da morfologia dos corpos mineralizados; das geometrias de lavra respectivas;
bem como da continuidade dos corpos ao longo do dip e plunge.

149
Impacto sobre a profundidade de lavra

Quando a geometria de lavra, estável num dado nível superior, é aplicada num ambiente
mais profundo, o realce pode tornar-se instável, dependentemente da geometria do
layout e de outros fatores geotécnicos.

Estabilidade dos rib pillars nas variantes de sublevel stoping

Em termos gerais, pilares rib com larguras menores são menos capazes de propiciar
estabilidade global de um dado painel de lavra, pois existe maior probabilidade de
ocorrer colapso do núcleo devido às concentrações de tensões induzidas pela lavra,
causando perda da capacidade de carga.

O risco de instabilidade dos rib pillars no método sublevel amplia-se com o aumento da
profundidade e com o aumento do vão de lavra, em proporções que dependem da
geometria e do horizonte de lavra onde tais layouts são executados.

Estabilidade dos sill pillars nas variantes de sublevel stoping

A estabilidade dos sill pillars é diretamente condicionada pela espessura aparente do


corpo de minério (potência). O aumento da profundidade de lavra, para a mesma
geometria e rigidez do sistema de pilares (isto é, quando não se alteram as dimensões
destes), pode por si só contribuir para um acréscimo no risco de instabilidade nos sill
pillars de algumas variantes do sublevel. Adicionalmente, quanto maiores os
comprimentos dos painéis ao longo do strike, menores serão os fatores de segurança
esperados para os sill pillars.

Sobre a resposta de sistemas rígidos de pilares

O risco de instabilidade nos sill pillars para determinadas geometrias do método


sublevel pode ser insensível ao aumento da rigidez do sistema, quando mantidas as
profundidades e as dimensões dos vãos de lavra. Esta dedução é importante do ponto de
vista operacional e econômico, pois implica que seria possível implementar layouts de
lavra intercalados por rib pillars de menor dimensão sem comprometer a estabilidade.

150
Entretanto, resultados compilados de análises numéricas puramente elásticas não podem
confirmar de forma conclusiva e inequívoca tais deduções.

Impacto do vão de lavra

Geometrias com vãos maiores (por exemplo de 70 m) ao longo do strike podem não
comportar sill pillars com as dimensões simuladas (6 m de altura vertical) para a
posição do pilar situada nos níveis mais profundos (por exemplo a partir do nível N17),
a não ser que apresente rib pillars de dimensão relativamente maior. Todas as demais
geometrias tornam-se estáveis com sill pillars de 6 m de altura vertical para níveis de
lavra de menor profundidade (N14 ao N16).

Em termos gerais, para manter-se o mesmo nível de risco ao avançar em profundidade,


a largura dos rib pillars no layout sublevel deve ser aumentada proporcionalmente, isto
porque o nível de risco amplia-se correspondentemente com o aumento dos vãos de
lavra.

Instabilidade no hangingwall das variantes sublevel stoping

Os mecanismos de deformação do hangingwall capturados e representados pelo


modelamento numérico assumem o hangingwall com características uniformes e
aberturas sem enchimento.

A incerteza nas propriedades do maciço rochoso afeta a seleção ótima dos layouts. Os
modelos que consideram litologias distintas compondo o maciço rochoso, hangingwall,
footwall e, ainda, uma rocha de propriedade intacta num campo de influência distante
das escavações, são assumidos como mais representativos da deformação esperada no
hangingwall. Pacotes litológicos de menor resistência mecânica agravam negativamente
o risco de instabilidade no hangingwall. O layout sublevel apresenta riscos de
instabilidade maiores quando executado em ambientes com características geotécnicas
de menor integridade.

Sabe-se que o comportamento do hangingwall da lavra é afetado pelas tensões


principais (máxima e mínima) decorrentes da geometria complexa do realce. As

151
escavações contêm zonas de sobresolicitação e de relaxação. A tensão máxima pode
causar ruptura e a tensão mínima permite a dilatação das juntas e o desprendimento dos
blocos por gravidade. Em termos gerais, o risco de instabilidade no hangingwall
amplia-se quando aumenta o vão de lavra. A engenharia de rochas deve determinar as
dimensões dos vãos mínimos de lavra estáveis.

7.3 SUGESTÕES DE PESQUISAS FUTURAS

Mitigar incertezas

Em geral, a construção de modelos numéricos considera a execução de simplificações


dos ambientes modelados, o que gera incertezas e, consequentemente, resultados
imprecisos. Entre as incertezas mais comuns destacam-se:

 o maciço rochoso não é contínuo, de modo que compreende um grande número


de descontinuidades potenciais, com numerosos blocos de tamanho, forma,
orientação e localização amplamente desconhecidos;

 a força ou a tensão que age em elevado volume de rochas geralmente é


desconhecida e comumente sujeita à variação;

 a resistência do maciço rochoso não é bem conhecida, além de ser difícil de ser
quantificada em grandes volumes de rochas, visto que ensaios realizados em
larga escala são difíceis de ser conduzidos e relativamente caros;

 o comportamento da rocha não é bem conhecido quando se deseja analisar a


dependência do tempo;

 o dano causado ao maciço pelo desmonte é um fator que geralmente pode ser
bem quantificado, mas comumente não é quantificado e/ou considerado.

A redução do grau das incertezas mencionadas não é um processo trivial. Como tema
de pesquisa futuro, portanto, propõe-se o desenvolvimento de metodologias que
caracterizem numericamente a variabilidade das características, propriedades e impactos
do maciço, espacialmente distribuídas. O desenvolvimento de processos estocásticos em

152
geotecnia e mecânica de rochas seria cabível, bem como uma abordagem geo-estatística
com o uso de variogramas.

Apurar a representatividade dos modelos numéricos

Determinados mecanismos são desconsiderados nos modelos numéricos, quer por


deficiência ou limitação computacional, quer pela complexidade e desconhecimento do
comportamento real destes. Importa, então, estudar o comportamento dos maciços
rochosos da Mina Cuiabá de forma mais detalhada, para se definirem os mecanismos
principais, realistas e representativos, das deformações em profundidade, da variação
das tensões e demais impactos operacionais.

Propõem-se programas de monitoramento mais abrangentes, in situ, que comprovem o


conhecimento, em nível mais regional, das reações reais do maciço em função da lavra,
espacialmente e temporalmente. Sobre este detalhe, faz-se necessário estudar a
aplicabilidade de métodos numéricos mais compreensivos, que levem em conta
fenômenos de fluência e efeitos dinâmicos, em domínios anisotrópicos e discretos, com
comportamento mecânico inelástico.

Continuidade do estudo atual

Sugere-se além do mais, que o conhecimento adquirido nesta dissertação com base em
análises numéricas tridimensionais do método sublevel-stoping para o corpo SER seja
complementado com a continuidade de análises e trabalhos, envolvendo:

 realizar retroanálises no decorrer da lavra, após a execução do método;

 avaliar uma sequência de lavra que contribua para melhorar a estabilidade no


hangingwall;

 reanalisar a aplicabilidade do método, mediante uso de ferramentas e métodos


computacionais mais sofisticados, que contemplem a natureza descontínua do
maciço e o comportamento não-linear de suas reações.

153
8 Bibliogr afia

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Ouro Preto, MG., escala 1:5000, dissertação de mestrado, EESC/USP –São Carlos, SP.

158
9 An exo I : Seleção Emp írica d e St ewart

Anexo I

SELEÇÃO EMPÍRICA DE STEWART

Abaixo, apresenta-se a metodologia publicada por Stewart (1981) para auxiliar na


escolha do método de lavra através da ponderação de alguns parâmetros para o corpo de
minério, hangingwall e footwall. As tabelas, aqui exibidas, indicam as ponderações e os
resultados obtidos para a Mina Cuiabá. Embora se tenha chegado a três métodos com
pontuação alta, dois deles foram descartados, pois considerou-se sua aplicação como
inviável. Tais métodos caracterizam a lavra com open pit e room-and-pillar, que foram
desconsiderados em decorrência da profundidade atual da lavra (cerca de 1000 m) e da
forte inclinação do corpo mineralizado, respectivamente. Com efeito, o método a ser
utilizado para a Mina Cuiabá seria mesmo o sublevel-stoping, o que confirma a opção
inicial apontada pela mina, no que se refere à lavra do corpo de minério SER.

Definição da geometria e malha de distribuição


Geometria do depósito
Equi-dimensional (E) As dimensões são da mesma ordem de magnitude X
Duas dimensões são muitas vezes maiores que a espessura,
1) Forma geral Tabular (T)
geralmente não excede 100 m
Irregular (I) Dimensões variáveis a distância curtas
Estreito (N) < 10 m
Intermediário (I) 10 a 30 m X
2) Espessura do minério
Espesso (E) 30 a 100 m
Muito espesso (ME) > 100 m
Flat (F) < 20°
3) Plunge do minério Intermediário (I) 20° a 55° X
Elevado (E) > 55°
4) Profundidade Profundidade atual 1000 m
A malha em muitos pontos do depósito não varia
Uniforme (U) X
significativamente da média do depósito
Valores da malha tem características zonais e as malhas
5) Malha de distribuição Gradual (G)
variam gradualmente de umas para as outras
Valores das malhas mudam radicalmente em curtas
Errático (E)
distâncias

159
Variação de geometria/ malha de distribuição para diferentes métodos de lavra
Forma geral Espessura do minério Plunge do minério Malha de distribuição
Método de Lavra
E T I N I E ME F I E U G E
Open pit 3 2 3 2 3 4 4 3 3 4 3 3 3
Blocking caving 4 2 0 -49 0 2 4 3 2 4 4 2 0
Sublevel stoping 2 2 1 1 2 4 3 2 1 4 3 3 1
Sublevel caving 3 4 1 -49 0 4 4 1 1 4 4 2 0
Longwall -49 4 -49 4 0 -49 -49 4 0 -49 4 2 0
Room-and-pillar 0 4 2 4 2 -49 -49 4 1 0 3 3 3
Shrinkage stoping 2 2 1 1 2 4 3 2 1 4 3 2 1
Cut-and-fill 0 4 2 4 4 0 0 0 3 4 3 3 3
Top slicing 3 3 0 -49 0 3 4 4 1 2 4 2 0
Square set 0 2 4 4 4 1 1 2 3 3 3 3 3

Resultado da variação de geometria/ malha de distribuição para métodos distintos


Malha de
Método de Lavra Forma geral Espessura Plunge Total
distribuição
Open pit 3 3 3 3 12
Blocking caving 4 0 2 4 10
Sublevel stoping 2 2 1 3 8
Sublevel caving 3 0 1 4 8
Longwall -49 0 0 4 -45
Room-and-pillar 0 2 1 3 6
Shrinkage stoping 2 2 1 3 8
Cut-and-fill 0 4 3 3 10
Top slicing 3 0 1 4 8
Square set 0 4 3 3 10

Características geomecânicas
Características mecânicas da rocha Minério HW FW
1) Resistência da Fraco (W) < 8 MPa
rocha (UCS / pressão Moderado (M) 8 - 15 MPa X X
de confinamento) Forte (F) > 15 MPa X
2) Espaçamento das Muito perto (MP) > 16 e RQD = 0 - 20
fraturas Perto (P) 10 - 16 e RQD = 20 - 40
Fraturas/m e Longe (L) 3 - 10 e RQD = 40 - 70
% RQD Muito Longe (ML) < 3 e RQD = 70 - 100 X X X
Fraco (W) Descontinuidade aberta com superfície
lisa ou preenchida com material de X
3) Resistência da resistência inferior
fratura ao Moderado (M) Descontinuidade aberta com superfície X X
cisalhamento rugosa
Forte (F) Descontinuidade preenchida com
material de igual ou superior resistência

160
Variação para características geomecânicas de diferentes métodos de lavra
Resistência da fratura ao
Resistência da rocha Espaçamento das fraturas
Método de Lavra cisalhamento
W M F MP P L ML W M F
Open pit 3 4 4 2 3 4 4 2 3 4
Blocking caving 4 1 1 4 4 3 0 4 3 0
Sublevel stoping -49 3 4 0 0 1 4 0 2 4
Sublevel caving 0 3 3 0 2 4 4 0 2 2
Longwall 4 1 0 4 4 0 0 4 3 0
Room-and-pillar 0 3 4 0 1 2 4 0 2 4
Shrinkage stoping 1 3 4 0 1 3 4 0 2 4
Cut-and-fill 3 2 2 3 3 2 2 3 3 2
Top slicing 2 3 3 1 1 2 4 1 2 4
Square set 4 1 1 4 4 2 1 4 3 2

Resultado de resistência da rocha para diferentes métodos de lavra


Espaçamento das Resistência da fratura
Resistência da rocha Total
fraturas ao cisalhamento
Método de Lavra
Minério HW FW Minério HW FW Minério HW FW
Minério HW FW
F M M ML ML ML M W M
Open pit 4 4 4 4 4 4 3 2 3 11 10 11
Blocking caving 1 1 1 0 0 0 3 4 3 4 5 4
Sublevel stoping 4 3 3 4 4 4 2 0 2 10 7 9
Sublevel caving 3 3 3 4 4 4 2 0 2 9 7 9
Longwall 0 1 1 0 0 0 3 4 3 3 5 4
Room-and-pillar 4 3 3 4 4 4 2 0 2 10 7 9
Shrinkage stoping 4 3 3 4 4 4 2 0 2 10 7 9
Cut-and-fill 2 2 2 2 2 2 3 3 3 7 7 7
Top slicing 3 3 3 4 4 4 2 1 2 9 8 9
Square set 1 1 1 1 1 1 3 4 3 5 6 5

Resultado final
Definição de
Características geomecânicas
Método de Lavra geometria Total
Minério Minério HW FW
Open pit 12 11 10 11 44
Blocking caving 10 4 5 4 23
Sublevel stoping 8 10 7 9 34
Sublevel caving 8 9 7 9 33
Longwall -45 3 5 4 -33
Room-and-pillar 6 10 7 9 32
Shrinkage stoping 8 10 7 9 34
Cut-and-fill 10 7 7 7 31
Top slicing 8 9 8 9 34
Square set 10 5 6 5 26

161
10 An exo II : Índ ices d e Math ews e Potvin

Anexo II

ÍNDICES DE MATHEWS E POTVIN

Neste anexo, apresentam-se as tabelas de resultados da classificação geotécnica das


rochas integrantes do maciço da Mina Cuiabá, realizada por Barbosa (2008), incluindo
as litologias FG (filito grafitoso) e MAN (metabasalto). Incluem-se ainda os gráficos de
estabilidade respectivos, plotados para vãos de lavra de 25, 40 e 70 m de comprimento
ao longo do strike.

Resultados dos índices N e N’ no corpo SER, segundo Barbosa


7 MPa 18 MPa
Local Rocha
Índice N Índice N' Índice N Índice N'
9_SER FG 53.3 48.8 15.7 14.4
9_SER FG 18.6 17 5.5 5
9_SER FG 19.4 17.8 5.7 5.2
9_SER FG 32.1 29.4 9.5 8.7
9_SER FG 37.2 34 10.9 10
10.1_SER FG 36.3 55.4 10.7 16.3
10.1_SER FG 16.9 15.5 5 4.6
10.1_SER FG 9.7 8.9 2.9 2.6
10.1_SER FG 8.5 7.7 2.5 2.3
10.1_SER FG 14.4 13.2 4.2 3.9
10.1_SER FG 135.3 206.4 39.8 60.7
10.1_SER FG 7.5 6.9 2.2 2
10.1_SER FG 6.8 6.2 2 1.8
10.1_SER FG 29.1 26.6 8.6 7.8
10.1_SER FG 61.2 186.8 18 55
10.1_SER FG 35.5 32.5 10.4 9.6
10.1_SER FG 22.8 20.9 6.7 6.2
10.1_SER FG 53.3 48.8 15.7 14.4
10.1_SER MAN 10.6 9.7 3.2 3
10.1_SER MAN-X2 49.1 45 15 13.8
9_SER MANX-X1 22.1 20.2 6.8 6.2
10.1_SER MANX-X2 20.9 19.1 6.2 5.6
10.1_SER MANX-X2 35.5 32.5 10.4 9.6

162
Altura Raio Número de
Orebody Altura Comprimento Número de Critério de Diluição Chance de
vertical Hidraulico Estabilidade
Dip realce (m) entre pilares (m) Estabilidade (N') Mathews estabilidade
realce (m) (m) (N) ELOS (m)
66 20 21.9 25 5.8 10.6 9.7 Estável <0.5 >80%
66 20 21.9 25 5.8 20.9 19.1 Estável <0.5 >90%
7 Mpa 66 20 21.9 25 5.8 22.1 20.2 Estável <0.5 >90%
66 20 21.9 25 5.8 35.5 32.5 Estável <0.5 >90%
66 20 21.9 25 5.8 49.1 45 Estável <0.5 100%
66 20 21.9 25 5.8 3.2 3 Transição 1.0 - 2.0 30%
66 20 21.9 25 5.8 6.2 5.6 Transição 0.5 - 1.0 >60%
18 Mpa 66 20 21.9 25 5.8 6.8 6.2 Transição 0.5 - 1.0 >60%
66 20 21.9 25 5.8 10.4 9.6 Transição <0.5 80%
66 20 21.9 25 5.8 15.0 13.8 Estável <0.5 90%

1000 1000

Zona Estável

Zona de S omente dano por detonação


Número de Estabilidade (N')

100 100

Número de Estabilidade (N')


Transição ELOS < 0 , 5 m
ELOS = 0 , 5 - 1, 0

ELOS = 1, 0 - 2 , 0 m

ELOS > 2 , 0 m
10 10

Zona Instável
1 1

Dano severo /
Possibilidade de colapso das paredes

0.1 0.1
0 5 10 15 20 25 0 5 10 15 20 25
Raio Hidráulico (m ) Raio Hidráulico (m)

1000.0
100%

90%
80%
70% 60%
50%40%
30%
100.0 20%
Número de Estabilidade (N)

10%
Zona Estável
0%

10.0

M ina Cuiabá_FGS
Índice N'
1.0 Sigma máx = 7 a18 M Pa

Zona Instável

0.1
1 10 100
Raio Hidráulico (m)

Litologia metabasalto e 25m de comprimento do vão ao longo do strike

163
Altura Comprimento Raio Número de
Orebody Altura Número de Critério de Diluição Chance de
vertical entre pilares Hidraulico Estabilidade
Dip realce (m) Estabilidade (N') Mathews estabilidade
realce (m) (m) (m) (N) ELOS (m)
66 20 21.9 25 5.8 6.8 6.2 Estável 0.5 - 1.0 >60%
66 20 21.9 25 5.8 7.5 6.9 Estável 0.5 - 1.0 >70%
66 20 21.9 25 5.8 8.5 7.7 Estável 0.5 - 1.0 >70%
66 20 21.9 25 5.8 9.7 8.9 Estável <0.5 80%
66 20 21.9 25 5.8 14.4 13.2 Estável <0.5 90%
66 20 21.9 25 5.8 16.9 15.5 Estável <0.5 >90%
66 20 21.9 25 5.8 18.6 17 Estável <0.5 >90%
66 20 21.9 25 5.8 19.4 17.8 Estável <0.5 >90%
7 Mpa 66 20 21.9 25 5.8 22.8 20.9 Estável <0.5 >90%
66 20 21.9 25 5.8 29.1 26.6 Estável <0.5 >90%
66 20 21.9 25 5.8 32.1 29.4 Estável <0.5 >90%
66 20 21.9 25 5.8 35.5 32.5 Estável <0.5 >90%
66 20 21.9 25 5.8 36.3 34 Estável <0.5 >90%
66 20 21.9 25 5.8 37.2 48.8 Estável <0.5 >90%
66 20 21.9 25 5.8 53.3 55.4 Estável <0.5 100%
66 20 21.9 25 5.8 61.2 186.8 Estável <0.5 100%
66 20 21.9 25 5.8 135.3 206.4 Estável <0.5 100%
66 20 21.9 25 5.8 2 1.8 Instável >2.0 >10%
66 20 21.9 25 5.8 2.2 2 Instável >2.0 20%
66 20 21.9 25 5.8 2.5 2.3 Instável 1.0 - 2.0 >20%
66 20 21.9 25 5.8 2.9 2.6 Instável 1.0 - 2.0 >20%
66 20 21.9 25 5.8 4.2 3.9 Transição 1.0 - 2.0 >40%
66 20 21.9 25 5.8 5 4.6 Transição 1.0 - 2.0 >50%
66 20 21.9 25 5.8 5.5 5 Transição 0.5 - 1.0 >60%
66 20 21.9 25 5.8 5.7 5.2 Transição 0.5 - 1.0 >60%
18 Mpa 66 20 21.9 25 5.8 6.7 6.2 Transição 0.5 - 1.0 >60%
66 20 21.9 25 5.8 8.6 7.8 Transição 0.5 - 1.0 >70%
66 20 21.9 25 5.8 9.5 8.7 Transição 0.5 - 1.0 >70%
66 20 21.9 25 5.8 10.4 9.6 Estável <0.5 >80%
66 20 21.9 25 5.8 10.7 10 Estável <0.5 >80%
66 20 21.9 25 5.8 10.9 14.4 Estável <0.5 >80%
66 20 21.9 25 5.8 15.7 16.3 Estável <0.5 >90%
66 20 21.9 25 5.8 18 55 Estável <0.5 >90%
66 20 21.9 25 5.8 39.8 60.7 Estável <0.5 >90%

1000 1000

Zona Estável
S omente dano por detonação
Zona de
Número de Estabilidade (N')

100 100
Número de Estabilidade (N')

Transição ELOS < 0 , 5 m


ELOS = 0 , 5 -

ELOS = 1, 0 - 2 , 0 m

ELOS > 2 , 0 m
10 10

Zona Instável
1 1

Dano severo /
Possibilidade de colapso das paredes

0.1 0.1
0 5 10 15 20 25 0 5 10 15 20 25
Raio Hidráulico (m ) Raio Hidráulico (m)

1000
100%

90%
80%
70% 60%
50%40%
30%
100 20%
Número de Estabilidade (N)

10%
Zona Estável
0%

10

M ina Cuiabá_FGS
Índice N'
1 Sigma máx = 7 a18 M Pa

Zona Instável

0.1
1 10 100
Raio Hidráulico (m)

Litologia filito grafitoso e 25m de comprimento do vão ao longo do strike

164
Altura Raio Número de
Orebody Altura Comprimento Número de Critério de Diluição Chance de
vertical Hidraulico Estabilidade
Dip realce (m) entre pilares (m) Estabilidade (N') Mathews estabilidade
realce (m) (m) (N) ELOS (m)
66 20 21.9 40 7.1 10.6 9.7 Transição 0.5 - 1.0 >70%
66 20 21.9 40 7.1 20.9 19.1 Estável <0.5 >80%
7 Mpa 66 20 21.9 40 7.1 22.1 20.2 Estável <0.5 >90%
66 20 21.9 40 7.1 35.5 32.5 Estável <0.5 >90%
66 20 21.9 40 7.1 49.1 45 Estável <0.5 >90%
66 20 21.9 40 7.1 3.2 3 Instável 1.0 - 2.0 >20%
66 20 21.9 40 7.1 6.2 5.6 Instável 1.0 - 2.0 >40%
18 Mpa 66 20 21.9 40 7.1 6.8 6.2 Transição 0.5 - 1.0 50%
66 20 21.9 40 7.1 10.4 9.6 Transição 0.5 - 1.0 70%
66 20 21.9 40 7.1 15.0 13.8 Transição <0.5 >80%

1000 1000

Zona Estável

Zona de S omente dano por detonação


Número de Estabilidade (N')

100 100

Número de Estabilidade (N')


Transição ELOS < 0 , 5 m
ELOS = 0 , 5 - 1, 0

ELOS = 1, 0 - 2 , 0 m

ELOS > 2 , 0 m
10 10

Zona Instável
1 1

Dano severo /
Possibilidade de colapso das paredes

0.1 0.1
0 5 10 15 20 25 0 5 10 15 20 25
Raio Hidráulico (m ) Raio Hidráulico (m)

1000.0
100%

90%
80%
70% 60%
50%40%
30%
100.0 20%
Número de Estabilidade (N)

10%
Zona Estável
0%

10.0

M ina Cuiabá_FGS
Índice N'
1.0 Sigma máx = 7 a18 M Pa

Zona Instável

0.1
1 10 100
Raio Hidráulico (m)

Litologia metabasalto e 40m de comprimento do vão ao longo do strike

165
Altura Comprimento Raio Número de
Orebody Altura Número de Critério de Diluição Chance de
vertical entre pilares Hidraulico Estabilidade
Dip realce (m) Estabilidade (N') Mathews estabilidade
realce (m) (m) (m) (N) ELOS (m)
66 20 21.9 40 7.1 6.8 6.2 Transição 1.0 - 2.0 >40%
66 20 21.9 40 7.1 7.5 6.9 Transição 0.5 - 1.0 >50%
66 20 21.9 40 7.1 8.5 7.7 Transição 0.5 - 1.0 >60%
66 20 21.9 40 7.1 9.7 8.9 Transição 0.5 - 1.0 >60%
66 20 21.9 40 7.1 14.4 13.2 Transição <0.5 >80%
66 20 21.9 40 7.1 16.9 15.5 Transição <0.5 >80%
66 20 21.9 40 7.1 18.6 17 Transição <0.5 >80%
66 20 21.9 40 7.1 19.4 17.8 Transição <0.5 >80%
7 Mpa 66 20 21.9 40 7.1 22.8 20.9 Estável <0.5 >90%
66 20 21.9 40 7.1 29.1 26.6 Estável <0.5 >90%
66 20 21.9 40 7.1 32.1 29.4 Estável <0.5 >90%
66 20 21.9 40 7.1 35.5 32.5 Estável <0.5 >90%
66 20 21.9 40 7.1 36.3 34 Estável <0.5 >90%
66 20 21.9 40 7.1 37.2 48.8 Estável <0.5 >90%
66 20 21.9 40 7.1 53.3 55.4 Estável <0.5 >90%
66 20 21.9 40 7.1 61.2 186.8 Estável <0.5 >90%
66 20 21.9 40 7.1 135.3 206.4 Estável <0.5 100%
66 20 21.9 40 7.1 2 1.8 Instável >2.0 >10%
66 20 21.9 40 7.1 2.2 2 Instável >2.0 >10%
66 20 21.9 40 7.1 2.5 2.3 Instável >2.0 >10%
66 20 21.9 40 7.1 2.9 2.6 Instável >2.0 >10%
66 20 21.9 40 7.1 4.2 3.9 Instável 1.0 - 2.0 >20%
66 20 21.9 40 7.1 5 4.6 Instável 1.0 - 2.0 >30%
66 20 21.9 40 7.1 5.5 5 Instável 1.0 - 2.0 40%
66 20 21.9 40 7.1 5.7 5.2 Instável 1.0 - 2.0 >40%
18 Mpa 66 20 21.9 40 7.1 6.7 6.2 Transição 1.0 - 2.0 50%
66 20 21.9 40 7.1 8.6 7.8 Transição 0.5 - 1.0 >60%
66 20 21.9 40 7.1 9.5 8.7 Transição 0.5 - 1.0 >60%
66 20 21.9 40 7.1 10.4 9.6 Transição 0.5 - 1.0 >60%
66 20 21.9 40 7.1 10.7 10 Transição 0.5 - 1.0 >70%
66 20 21.9 40 7.1 10.9 14.4 Transição <0.5 >70%
66 20 21.9 40 7.1 15.7 16.3 Estável <0.5 >80%
66 20 21.9 40 7.1 18 55 Estável <0.5 >80%
66 20 21.9 40 7.1 39.8 60.7 Estável <0.5 >90%

1000 1000

Zona Estável

Zona de S omente dano por detonação


Número de Estabilidade (N')

100 100
Número de Estabilidade (N')

Transição ELOS < 0 , 5 m


ELOS = 0 , 5 -

ELOS = 1, 0 - 2 , 0 m

ELOS > 2 , 0 m
10 10

Zona Instável
1 1

Dano severo /
Possibilidade de colapso das paredes

0.1 0.1
0 5 10 15 20 25 0 5 10 15 20 25

Raio Hidráulico (m ) Raio Hidráulico (m)

1000
100%

90%
80%
70% 60%
50%40%
30%
100 20%
Número de Estabilidade (N)

10%
Zona Estável
0%

10

M ina Cuiabá_FGS
Índice N'
1 Sigma máx = 7 a18 M Pa

Zona Instável

0.1
1 10 100
Raio Hidráulico (m)

Litologia filito grafitoso e 40m de comprimento do vão ao longo do strike

166
Altura Raio Número de
Orebody Altura Comprimento Número de Critério de Diluição Chance de
vertical Hidraulico Estabilidade
Dip realce (m) entre pilares (m) Estabilidade (N') Mathews estabilidade
realce (m) (m) (N) ELOS (m)
66 20 21.9 70 8.3 10.6 9.7 Transição 0.5 - 1.0 >60%
66 20 21.9 70 8.3 20.9 19.1 Transição <0.5 >80%
7 Mpa 66 20 21.9 70 8.3 22.1 20.2 Transição <0.5 >80%
66 20 21.9 70 8.3 35.5 32.5 Estável <0.5 >90%
66 20 21.9 70 8.3 49.1 45 Estável <0.5 >90%
66 20 21.9 70 8.3 3.2 3 Instável >2.0 >10%
66 20 21.9 70 8.3 6.2 5.6 Instável 1.0 - 2.0 >20%
18 Mpa 66 20 21.9 70 8.3 6.8 6.2 Instável 1.0 - 2.0 >20%
66 20 21.9 70 8.3 10.4 9.6 Transição 0.5 - 1.0 >50%
66 20 21.9 70 8.3 15.0 13.8 Transição 0.5 - 1.0 >70%

1000 1000

Zona Estável
Somente dano por detonação
Zona de
Número de Estabilidade (N')

100

Número de Estabilidade (N')


100 ELOS < 0 , 5 m
Transição
ELOS = 0 , 5 -

ELOS = 1, 0 - 2 , 0 m

ELOS > 2 , 0 m
10 10

Zona Instável
1 1

Dano severo /
Possibilidade de colapso das paredes

0.1 0.1
0 5 10 15 20 25 0 5 10 15 20 25
Raio Hidráulico (m ) Raio Hidráulico (m)

1000.0
100%

90%
80%
70% 60%
50%40%
30%
100.0 20%
Número de Estabilidade (N)

10%
Zona Estável
0%

10.0

M ina Cuiabá_FGS
Índice N'
Sigma máx = 7 a18 M Pa
1.0
Zona Instável

0.1
1 10 100
Raio Hidráulico (m)

Litologia metabasalto e 70m de comprimento do vão ao longo do strike

167
Altura Comprimento Raio Número de
Orebody Altura Número de Critério de Diluição Chance de
vertical entre pilares Hidraulico Estabilidade
Dip realce (m) Estabilidade (N') Mathews estabilidade
realce (m) (m) (m) (N) ELOS (m)
66 20 21.9 70 8.3 6.8 6.2 Transição 1.0 - 2.0 >30%
66 20 21.9 70 8.3 7.5 6.9 Transição 1.0 - 2.0 >40%
66 20 21.9 70 8.3 8.5 7.7 Transição 1.0 - 2.0 >40%
66 20 21.9 70 8.3 9.7 8.9 Transição 1.0 - 2.0 >50%
66 20 21.9 70 8.3 14.4 13.2 Transição 0.5 - 1.0 >70%
66 20 21.9 70 8.3 16.9 15.5 Transição 0.5 - 1.0 >70%
66 20 21.9 70 8.3 18.6 17 Transição 0.5 - 1.0 >70%
66 20 21.9 70 8.3 19.4 17.8 Transição <0.5 >80%
7 Mpa 66 20 21.9 70 8.3 22.8 20.9 Transição <0.5 >80%
66 20 21.9 70 8.3 29.1 26.6 Estável <0.5 >80%
66 20 21.9 70 8.3 32.1 29.4 Estável <0.5 >90%
66 20 21.9 70 8.3 35.5 32.5 Estável <0.5 >90%
66 20 21.9 70 8.3 36.3 34 Estável <0.5 >90%
66 20 21.9 70 8.3 37.2 48.8 Estável <0.5 >90%
66 20 21.9 70 8.3 53.3 55.4 Estável <0.5 >90%
66 20 21.9 70 8.3 61.2 186.8 Estável <0.5 >90%
66 20 21.9 70 8.3 135.3 206.4 Estável <0.5 100%
66 20 21.9 70 8.3 2 1.8 Instável >2.0 10%
66 20 21.9 70 8.3 2.2 2 Instável >2.0 >10%
66 20 21.9 70 8.3 2.5 2.3 Instável >2.0 >10%
66 20 21.9 70 8.3 2.9 2.6 Instável >2.0 >10%
66 20 21.9 70 8.3 4.2 3.9 Instável >2.0 20%
66 20 21.9 70 8.3 5 4.6 Instável 1.0 - 2.0 >20%
66 20 21.9 70 8.3 5.5 5 Instável 1.0 - 2.0 >20%
66 20 21.9 70 8.3 5.7 5.2 Instável 1.0 - 2.0 >20%
18 Mpa 66 20 21.9 70 8.3 6.7 6.2 Instável 1.0 - 2.0 >30%
66 20 21.9 70 8.3 8.6 7.8 Instável 1.0 - 2.0 >40%
66 20 21.9 70 8.3 9.5 8.7 Instável 1.0 - 2.0 >50%
66 20 21.9 70 8.3 10.4 9.6 Transição 1.0 - 2.0 >50%
66 20 21.9 70 8.3 10.7 10 Transição 0.5 - 1.0 >50%
66 20 21.9 70 8.3 10.9 14.4 Transição 0.5 - 1.0 60%
66 20 21.9 70 8.3 15.7 16.3 Transição <0.5 >70%
66 20 21.9 70 8.3 18 55 Estável <0.5 >70%
66 20 21.9 70 8.3 39.8 60.7 Estável <0.5 >90%

1000 1000

Zona Estável
Somente dano por detonação
Zona de
Número de Estabilidade (N')

100 100
Número de Estabilidade (N')

Transição ELOS < 0 , 5 m


ELOS = 0 , 5 -

ELOS = 1, 0 - 2 , 0 m

ELOS > 2 , 0 m
10 10

Zona Instável
1 1

Dano severo /
Possibilidade de colapso das paredes

0.1 0.1
0 5 10 15 20 25 0 5 10 15 20 25
Raio Hidráulico (m ) Raio Hidráulico (m)

1000
100%

90%
80%
70% 60%
50%40%
30%
100 20%
Número de Estabilidade (N)

10%
Zona Estável
0%

10

M ina Cuiabá_FGS
Índice N'
1 Sigma máx = 7 a18 M Pa

Zona Instável

0.1
1 10 100
Raio Hidráulico (m)

Litologia filito grafitoso e 70m de comprimento do vão ao longo do strike

168
11 An exo III : D etalhes do s mod elo s d e calibr ação

Anexo III

DETALHES DOS MODELOS DE CALIBRAÇÃO

Neste anexo, apresentam-se, com maior detalhe, todos os resultados gerados na


calibração, mediante o uso dos modelos-teste descritos no Capítulo 4. Adicionalmente,
são mostrados os resultados para uma geometria de lavra semelhante ao modelo-teste do
nível N7, lavrado com o método sublevel na profundidade correspondente do nível N18.

Modelo-teste de calibração do raise de ventilação N14

O modelo-teste de calibração do raise de ventilação do corpo SER, no nível N14, é


simulado numericamente a fim de reproduzir a quebra por tensão (spalling) com cerca
de 20 cm de profundidade que se estende por todo o comprimento do raise.

A construção do modelo em MAP3D é composta por um cilindro de 2,1 m, com eixo


160º/45º que representa o raise aberto, envolto por outro cilindro de 6,3 m de diâmetro e
propriedades do X2 e a rocha encaixante com parâmetros da litologia X1. As grids de
análise posicionadas perpendicularmente ao raise mostram os resultados da quebra ao
longo de todo o eixo escavado, com aproximadamente os mesmos 20 cm de
profundidade.

As figuras a seguir mostram o modelo construído e suas grids de análise, bem como os
principais resultados obtidos, tensão principal máxima e mínima, deformação total e
fator de segurança.

169
Geometria modelada e grids de análise Detalhe da discretização da grid

Tensão principal máxima Tensão principal mínima

Deformação total (m) Fator de segurança

Raise de ventilação no nível N14

170
Modelo-teste de calibração do sublevel-stoping N7

Trata-se o modelo-teste de calibração do nível N7 do corpo SER de uma área de lavra


iniciada com o método cut-and-fill (cerca de 1/5 da altura total do painel), que,
posteriormente, foi finalizada com o sublevel-stoping. Por se tratar de um único painel
em que o referido método de lavra foi aplicado, considera-se que a informação gerada
seja importante no estudo do comportamento da lavra.

A construção do modelo em MAP3D é composta pelo painel de lavra do nível N7, bem
como a representação dos níveis N6 e N8, em que a litologia da rocha encaixante é
composta pelo FG e X1 (filito grafitoso e metapelitos) e o minério, por BIF (formação
ferrífera bandada). Foram reproduzidos os resultados para o sill pillar com 4 m de altura
vertical, os rib pillars remanescentes com cerca de 6 m de comprimento, bem como o
potencial de diluição do hangingwall.

As figuras a seguir mostram a geometria do modelo construído e suas grids de análise,


os resultados de fator de segurança obtidos nos rib pillars, sill pillars e hangingwall do
modelo situado no nível N7, e a extrapolação desta geometria em profundidade,
representada no nível N18.

Geometria do modelo e grids de análise

171
Rib pillars
Rib Pillar ao longo da potência do corpo

Modelo de Calibração Z=466m


80 1.00

70 0.90
0.80
60
0.70

Probabilidade
50
Frequência

0.60
40 0.50

30 0.40
0.30
20
0.20
10 0.10
0 0.00
1 1.1 1.2 1.3 1.4 1.5 1.6 1.7 1.8 1.9 2
FS-A (Mohr Coulomb)

Rib Pillar ao longo do strike do corpo

Modelo de Calibração Z=466m


300 1.00
0.90
250
0.80
0.70
200

Probabilidade
Frequência

0.60
150 0.50
0.40
100
0.30
0.20
50
0.10
0 0.00
1 1.1 1.2 1.3 1.4 1.5 1.6 1.7 1.8 1.9 2
FS-A (Mohr Coulomb)

Sill Pillars
Sill Pillar do nível N7

Modelo de Calibração Z=466m


900 1.00

800 0.90

700 0.80
0.70
600
Probabilidade
Frequência

0.60
500
0.50
400
0.40
300
0.30
200 0.20
100 0.10
0 0.00
1 1.1 1.2 1.3 1.4 1.5 1.6 1.7 1.8 1.9 2
FS-A (Mohr Coulomb)

Sill Pillar do nível N8

Modelo de Calibração Z=466m


1000 1.00
900 0.90
800 0.80
700 0.70
Probabilidade
Frequência

600 0.60
500 0.50
400 0.40
300 0.30
200 0.20
100 0.10
0 0.00
1 1.1 1.2 1.3 1.4 1.5 1.6 1.7 1.8 1.9 2
FS-A (Mohr Coulomb)

Hangingwall

Modelo-teste da calibração na profundidade de 466m, nível N7

172
Rib pillars
Rib Pillar ao longo da potência do corpo

Modelo de Calibração Z=1183m


4500 1.00

4000 0.90

3500 0.80
0.70
3000

Probabilidade
Frequência

0.60
2500
0.50
2000
0.40
1500
0.30
1000 0.20
500 0.10
0 0.00
1 1.1 1.2 1.3 1.4 1.5 1.6 1.7 1.8 1.9 2
FS-A (Mohr Coulomb)

Rib Pillar ao longo do strike do corpo

Modelo de Calibração Z=1183m


12000 1.00
0.90
10000
0.80
0.70
8000

Probabilidade
Frequência

0.60
6000 0.50
0.40
4000
0.30
0.20
2000
0.10
0 0.00
1 1.1 1.2 1.3 1.4 1.5 1.6 1.7 1.8 1.9 2
FS-A (Mohr Coulomb)

Sill Pillars
Sill Pillar do nível N17

Modelo de Calibração Z=1183m


12000 1.00
0.90
10000
0.80
0.70
8000
Probabilidade
Frequência

0.60
6000 0.50
0.40
4000
0.30
0.20
2000
0.10
0 0.00
1 1.1 1.2 1.3 1.4 1.5 1.6 1.7 1.8 1.9 2
FS-A (Mohr Coulomb)

Sill Pillar do nível N18

Modelo de Calibração Z=1183m


6000 1.00
0.90
5000
0.80
0.70
4000
Probabilidade
Frequência

0.60
3000 0.50
0.40
2000
0.30
0.20
1000
0.10
0 0.00
1 1.1 1.2 1.3 1.4 1.5 1.6 1.7 1.8 1.9 2
FS-A (Mohr Coulomb)

Hangingwall

Modelo-teste da calibração na profundidade de 1184m, nível N18

173
12 An exo IV : R esu ltado s adicion ais d os mod elo s sim ulados

Anexo IV

RESULTADOS ADICIONAIS DOS MODELOS

SIMULADOS

Neste anexo, são apresentados os resultados para os 24 modelos de lavra das variantes
do layout sublevel-stoping, computados nesta dissertação de mestrado. Os resultados de
modelagem foram compilados e processados de forma a poderem ser apresentados por
distribuições de frequência e cumulativas de probabilidade, caracterizando-se os riscos
de instabilidade (segundo os critérios estabelecidos no Capítulo 5) para os domínios no
entorno dos pilares rib e sill, e hangingwall. Também se incluem, neste anexo, figuras
produzidas em MAP3D que caracterizam as condições modeladas, segundo
representações das tensões, das deformações e dos fatores de segurança espacialmente
distribuídos nos domínios de análise. Finalmente, incluem-se também as tabelas que
sumariam os resultados dos níveis de risco das várias variantes do método sublevel, para
todas as condicionantes modeladas.

174
Rib pillars
Rib Pillar ao longo da potência do corpo

Sill Pillar 6m_Rib Pillar 5m _vão ao longo do strike 25m_Potência 15m_níveis N15 e N16
4000 1.00

3500 0.90
0.80
3000
0.70

Probabilidade
2500
Frequência

0.60
2000 0.50

1500 0.40
0.30
1000
0.20
500 0.10
0 0.00
1 1.1 1.2 1.3 1.4 1.5 1.6 1.7 1.8 1.9 2
FS-A (Mohr Coulomb)

Rib Pillar ao longo do strike do corpo

Sill Pillar 6m_Rib Pillar 5m _vão ao longo do strike 25m_Potência 15m_níveis N15 e N16
4500 1.00

4000 0.90

3500 0.80
0.70
3000

Probabilidade
Frequência

0.60
2500
0.50
2000
0.40
1500
0.30
1000 0.20
500 0.10
0 0.00
1 1.1 1.2 1.3 1.4 1.5 1.6 1.7 1.8 1.9 2
FS-A (Mohr Coulomb)

Sill Pillars
Sill Pillar do nível N14

Sill Pillar 6m_Rib Pillar 5m _vão ao longo do strike 25m_Potência 15m_níveis N15 e N16
450 1.00

400 0.90

350 0.80
0.70
300
Probabilidade
Frequência

0.60
250
0.50
200
0.40
150
0.30
100 0.20
50 0.10
0 0.00
1 1.1 1.2 1.3 1.4 1.5 1.6 1.7 1.8 1.9 2
FS-A (Mohr Coulomb)

Sill Pillar do nível N15

Sill Pillar 6m_Rib Pillar 5m _vão ao longo do strike 25m_Potência 15m_níveis N15 e N16
600 1.00
0.90
500
0.80
0.70
400
Probabilidade
Frequência

0.60
300 0.50
0.40
200
0.30
0.20
100
0.10
0 0.00
1 1.1 1.2 1.3 1.4 1.5 1.6 1.7 1.8 1.9 2
FS-A (Mohr Coulomb)

Hangingwall
Resultado Final no HW

Sill Pillar 6m_Rib Pillar 5m _vão ao longo do strike 25m_Potência 15m_níveis N15 e N16
1.00
0.90
0.80
0.70
Probabilidade

0.60 0-3m
3-6m
0.50
6-10m
0.40 10-20m

0.30
0.20
0.10
0.00
0 0.01 0.02 0.03 0.04 0.05 0.06 0.07 0.08 0.09 0.1

Deformação total (m)

A1_Sill Pillar 6m_Rib Pillar 5m _vão ao longo do strike 25_Potência 15m


Níveis N15 e N16

175
Rib pillars
Rib Pillar ao longo da potência do corpo

Sill Pillar 6m_Rib Pillar 5m _vão ao longo do strike 25m_Potência 15m_níveis N17 e N18
5000 1.00
4500 0.90
4000 0.80
3500 0.70

Probabilidade
Frequência

3000 0.60
2500 0.50
2000 0.40
1500 0.30
1000 0.20
500 0.10
0 0.00
1 1.1 1.2 1.3 1.4 1.5 1.6 1.7 1.8 1.9 2
FS-A (Mohr Coulomb)

Rib Pillar ao longo do strike do corpo

Sill Pillar 6m_Rib Pillar 5m _vão ao longo do strike 25m_Potência 15m_níveis N17 e N18
6000 1.00
0.90
5000
0.80
0.70
4000

Probabilidade
Frequência

0.60
3000 0.50
0.40
2000
0.30
0.20
1000
0.10
0 0.00
1 1.1 1.2 1.3 1.4 1.5 1.6 1.7 1.8 1.9 2
FS-A (Mohr Coulomb)

Sill Pillars
Sill Pillar do nível N16

Sill Pillar 6m_Rib Pillar 5m _vão ao longo do strike 25m_Potência 15m_níveis N17 e N18
700 1.00
0.90
600
0.80
500 0.70
Probabilidade
Frequência

0.60
400
0.50
300
0.40

200 0.30
0.20
100
0.10
0 0.00
1 1.1 1.2 1.3 1.4 1.5 1.6 1.7 1.8 1.9 2
FS-A (Mohr Coulomb)

Sill Pillar do nível N17

Sill Pillar 6m_Rib Pillar 5m _vão ao longo do strike 25m_Potência 15m_níveis N17 e N18
800 1.00

700 0.90
0.80
600
0.70
Probabilidade

500
Frequência

0.60
400 0.50

300 0.40
0.30
200
0.20
100 0.10
0 0.00
1 1.1 1.2 1.3 1.4 1.5 1.6 1.7 1.8 1.9 2
FS-A (Mohr Coulomb)

Hangingwall
Resultado Final no HW

Sill Pillar 6m_Rib Pillar 5m _vão ao longo do strike 25m_Potência 15m_níveis N17 e N18
1.00
0.90
0.80
0.70
Probabilidade

0.60 0-3m
3-6m
0.50
6-10m
0.40 10-20m

0.30
0.20
0.10
0.00
0 0.01 0.02 0.03 0.04 0.05 0.06 0.07 0.08 0.09 0.1

Deformação total (m)

A1_Sill Pillar 6m_Rib Pillar 5m _vão ao longo do strike 25_Potência 15m


Níveis N17 e N18

176
Rib pillars
Rib Pillar ao longo da potência do corpo

Sill Pillar 6m_Rib Pillar 5m _vão ao longo do strike 42.5m_Potência 10m_níveis N15 e N16
2000 1.00
1800 0.90
1600 0.80
1400 0.70

Probabilidade
Frequência

1200 0.60
1000 0.50
800 0.40
600 0.30
400 0.20
200 0.10
0 0.00
1 1.1 1.2 1.3 1.4 1.5 1.6 1.7 1.8 1.9 2
FS-A (Mohr Coulomb)

Rib Pillar ao longo do strike do corpo

Sill Pillar 6m_Rib Pillar 5m _vão ao longo do strike 42.5m_Potência 10m_níveis N15 e N16
3000 1.00
0.90
2500
0.80
0.70
2000

Probabilidade
Frequência

0.60
1500 0.50
0.40
1000
0.30
0.20
500
0.10
0 0.00
1 1.1 1.2 1.3 1.4 1.5 1.6 1.7 1.8 1.9 2
FS-A (Mohr Coulomb)

Sill Pillars
Sill Pillar do nível N14

Sill Pillar 6m_Rib Pillar 5m _vão ao longo do strike 42.5m_Potência 10m_níveis N15 e N16
200 1.00
180 0.90
160 0.80
140 0.70
Probabilidade
Frequência

120 0.60
100 0.50
80 0.40
60 0.30
40 0.20
20 0.10
0 0.00
1 1.1 1.2 1.3 1.4 1.5 1.6 1.7 1.8 1.9 2
FS-A (Mohr Coulomb)

Sill Pillar do nível N15

Sill Pillar 6m_Rib Pillar 5m _vão ao longo do strike 42.5m_Potência 10m_níveis N15 e N16
250 1.00
0.90
200 0.80
0.70
Probabilidade
Frequência

150 0.60
0.50
100 0.40
0.30
50 0.20
0.10
0 0.00
1 1.1 1.2 1.3 1.4 1.5 1.6 1.7 1.8 1.9 2
FS-A (Mohr Coulomb)

Hangingwall
Resultado Final no HW

Sill Pillar 6m_Rib Pillar 5m _vão ao longo do strike 42.5m_Potência 10m_níveis N15 e N16
1.00
0.90

0.80
0.70
Probabilidade

0.60 0-3m
3-6m
0.50
6-10m
0.40 10-20m

0.30
0.20
0.10
0.00
0 0.01 0.02 0.03 0.04 0.05 0.06 0.07 0.08 0.09 0.1

Deformação total (m)

B1_Sill Pillar 6m_Rib Pillar 5m _vão ao longo do strike 42,5m_Potência 10m


Níveis N15 e N16

177
Rib pillars
Rib Pillar ao longo da potência do corpo

Sill Pillar 6m_Rib Pillar 5m _vão ao longo do strike 42.5m_Potência 10m_níveis N17 e N18
2500 1.00
0.90
2000 0.80
0.70

Probabilidade
Frequência

1500 0.60
0.50
1000 0.40
0.30
500 0.20
0.10
0 0.00
1 1.1 1.2 1.3 1.4 1.5 1.6 1.7 1.8 1.9 2
FS-A (Mohr Coulomb)

Rib Pillar ao longo do strike do corpo

Sill Pillar 6m_Rib Pillar 5m _vão ao longo do strike 42.5m_Potência 10m_níveis N17 e N18
6000 1.00
0.90
5000
0.80
0.70
4000

Probabilidade
Frequência

0.60
3000 0.50
0.40
2000
0.30
0.20
1000
0.10
0 0.00
1 1.1 1.2 1.3 1.4 1.5 1.6 1.7 1.8 1.9 2
FS-A (Mohr Coulomb)

Sill Pillars
Sill Pillar do nível N16

Sill Pillar 6m_Rib Pillar 5m _vão ao longo do strike 42.5m_Potência 10m_níveis N17 e N18
250 1.00
0.90
200 0.80
0.70
Probabilidade
Frequência

150 0.60
0.50
100 0.40
0.30
50 0.20
0.10
0 0.00
1 1.1 1.2 1.3 1.4 1.5 1.6 1.7 1.8 1.9 2
FS-A (Mohr Coulomb)

Sill Pillar do nível N17

Sill Pillar 6m_Rib Pillar 5m _vão ao longo do strike 42.5m_Potência 10m_níveis N17 e N18
250 1.00
0.90
200 0.80
0.70
Probabilidade
Frequência

150 0.60
0.50
100 0.40
0.30
50 0.20
0.10
0 0.00
1 1.1 1.2 1.3 1.4 1.5 1.6 1.7 1.8 1.9 2
FS-A (Mohr Coulomb)

Hangingwall
Resultado Final no HW

Sill Pillar 6m_Rib Pillar 5m _vão ao longo do strike 42.5m_Potência 10m_níveis N17 e N18
1.00
0.90

0.80
0.70
Probabilidade

0.60 0-3m
3-6m
0.50
6-10m
0.40 10-20m

0.30
0.20

0.10
0.00
0 0.01 0.02 0.03 0.04 0.05 0.06 0.07 0.08 0.09 0.1

Deformação total (m)

B1_Sill Pillar 6m_Rib Pillar 5m _vão ao longo do strike 42,5m_Potência 10m


Níveis N17 e N18

178
Rib pillars
Rib Pillar ao longo da potência do corpo

Sill Pillar 6m_Rib Pillar 5m _vão ao longo do strike 42.5m_Potência 15m_níveis N15 e N16
2500 1.00
0.90
2000 0.80
0.70

Probabilidade
Frequência

1500 0.60
0.50
1000 0.40
0.30
500 0.20
0.10
0 0.00
1 1.1 1.2 1.3 1.4 1.5 1.6 1.7 1.8 1.9 2
FS-A (Mohr Coulomb)

Rib Pillar ao longo do strike do corpo

Sill Pillar 6m_Rib Pillar 5m _vão ao longo do strike 42.5m_Potência 15m_níveis N15 e N16
3000 1.00
0.90
2500
0.80
0.70
2000

Probabilidade
Frequência

0.60
1500 0.50
0.40
1000
0.30
0.20
500
0.10
0 0.00
1 1.1 1.2 1.3 1.4 1.5 1.6 1.7 1.8 1.9 2
FS-A (Mohr Coulomb)

Sill Pillars
Sill Pillar do nível N14

Sill Pillar 6m_Rib Pillar 5m _vão ao longo do strike 42.5m_Potência 15m_níveis N15 e N16
450 1.00

400 0.90

350 0.80
0.70
300
Probabilidade
Frequência

0.60
250
0.50
200
0.40
150
0.30
100 0.20
50 0.10
0 0.00
1 1.1 1.2 1.3 1.4 1.5 1.6 1.7 1.8 1.9 2
FS-A (Mohr Coulomb)

Sill Pillar do nível N15

Sill Pillar 6m_Rib Pillar 5m _vão ao longo do strike 42.5m_Potência 15m_níveis N15 e N16
600 1.00
0.90
500
0.80
0.70
400
Probabilidade
Frequência

0.60
300 0.50
0.40
200
0.30
0.20
100
0.10
0 0.00
1 1.1 1.2 1.3 1.4 1.5 1.6 1.7 1.8 1.9 2
FS-A (Mohr Coulomb)

Hangingwall
Resultado Final no HW

Sill Pillar 6m_Rib Pillar 5m _vão ao longo do strike 42.5m_Potência 15m_níveis N15 e N16
1.00
0.90

0.80
0.70
Probabilidade

0.60 0-3m
3-6m
0.50
6-10m
0.40 10-20m

0.30
0.20
0.10
0.00
0 0.01 0.02 0.03 0.04 0.05 0.06 0.07 0.08 0.09 0.1

Deformação total (m)

C1_Sill Pillar 6m_Rib Pillar 5m _vão ao longo do strike 42,5m_Potência 15m


Níveis N15 e N16

179
Rib pillars
Rib Pillar ao longo da potência do corpo

Sill Pillar 6m_Rib Pillar 5m _vão ao longo do strike 42.5m_Potência 15m_níveis N17 e N18
5000 1.00
4500 0.90
4000 0.80
3500 0.70

Probabilidade
Frequência

3000 0.60
2500 0.50
2000 0.40
1500 0.30
1000 0.20
500 0.10
0 0.00
1 1.1 1.2 1.3 1.4 1.5 1.6 1.7 1.8 1.9 2
FS-A (Mohr Coulomb)

Rib Pillar ao longo do strike do corpo

Sill Pillar 6m_Rib Pillar 5m _vão ao longo do strike 42.5m_Potência 15m_níveis N17 e N18
5000 1.00
4500 0.90
4000 0.80
3500 0.70

Probabilidade
Frequência

3000 0.60
2500 0.50
2000 0.40
1500 0.30
1000 0.20
500 0.10
0 0.00
1 1.1 1.2 1.3 1.4 1.5 1.6 1.7 1.8 1.9 2
FS-A (Mohr Coulomb)

Sill Pillars
Sill Pillar do nível N16

Sill Pillar 6m_Rib Pillar 5m _vão ao longo do strike 42.5m_Potência 15m_níveis N17 e N18
600 1.00
0.90
500
0.80
0.70
400
Probabilidade
Frequência

0.60
300 0.50
0.40
200
0.30
0.20
100
0.10
0 0.00
1 1.1 1.2 1.3 1.4 1.5 1.6 1.7 1.8 1.9 2
FS-A (Mohr Coulomb)

Sill Pillar do nível N17

Sill Pillar 6m_Rib Pillar 5m _vão ao longo do strike 42.5m_Potência 15m_níveis N17 e N18
800 1.00

700 0.90
0.80
600
0.70
Probabilidade

500
Frequência

0.60
400 0.50

300 0.40
0.30
200
0.20
100 0.10
0 0.00
1 1.1 1.2 1.3 1.4 1.5 1.6 1.7 1.8 1.9 2
FS-A (Mohr Coulomb)

Hangingwall
Resultado Final no HW

Sill Pillar 6m_Rib Pillar 5m _vão ao longo do strike 42.5m_Potência 15m_níveis N17 e N18
1.00
0.90
0.80
0.70
Probabilidade

0.60 0-3m
3-6m
0.50
6-10m
0.40 10-20m

0.30
0.20
0.10
0.00
0 0.01 0.02 0.03 0.04 0.05 0.06 0.07 0.08 0.09 0.1

Deformação total (m)

C1_Sill Pillar 6m_Rib Pillar 5m _vão ao longo do strike 42,5m_Potência 15m

Níveis N17 e N18

180
Rib pillars
Rib Pillar ao longo da potência do corpo

Sill Pillar 6m_Rib Pillar 7.5m _vão ao longo do strike 40m_Potência 10m_níveis N15 e N16
800 1.00

700 0.90
0.80
600
0.70

Probabilidade
500
Frequência

0.60
400 0.50

300 0.40
0.30
200
0.20
100 0.10
0 0.00
1 1.1 1.2 1.3 1.4 1.5 1.6 1.7 1.8 1.9 2
FS-A (Mohr Coulomb)

Rib Pillar ao longo do strike do corpo

Sill Pillar 6m_Rib Pillar 7.5m _vão ao longo do strike 40m_Potência 10m_níveis N15 e N16
2000 1.00
1800 0.90
1600 0.80
1400 0.70

Probabilidade
Frequência

1200 0.60
1000 0.50
800 0.40
600 0.30
400 0.20
200 0.10
0 0.00
1 1.1 1.2 1.3 1.4 1.5 1.6 1.7 1.8 1.9 2
FS-A (Mohr Coulomb)

Sill Pillars
Sill Pillar do nível N14

Sill Pillar 6m_Rib Pillar 7.5m _vão ao longo do strike 40m_Potência 10m_níveis N15 e N16
140 1.00
0.90
120
0.80
100 0.70
Probabilidade
Frequência

0.60
80
0.50
60
0.40

40 0.30
0.20
20
0.10
0 0.00
1 1.1 1.2 1.3 1.4 1.5 1.6 1.7 1.8 1.9 2
FS-A (Mohr Coulomb)

Sill Pillar do nível N15

Sill Pillar 6m_Rib Pillar 7.5m _vão ao longo do strike 40m_Potência 10m_níveis N15 e N16
250 1.00
0.90
200 0.80
0.70
Probabilidade
Frequência

150 0.60
0.50
100 0.40
0.30
50 0.20
0.10
0 0.00
1 1.1 1.2 1.3 1.4 1.5 1.6 1.7 1.8 1.9 2
FS-A (Mohr Coulomb)

Hangingwall
Resultado Final no HW

Sill Pillar 6m_Rib Pillar 7.5m _vão ao longo do strike 40m_Potência 10m_níveis N15 e N16
1.00
0.90
0.80
0.70
Probabilidade

0.60 0-3m
3-6m
0.50
6-10m
0.40 10-20m

0.30
0.20
0.10
0.00
0 0.01 0.02 0.03 0.04 0.05 0.06 0.07 0.08 0.09 0.1

Deformação total (m)

D1_Sill Pillar 6m_Rib Pillar 7,5m _vão ao longo do strike 40m_Potência 10m
Níveis N15 e N16

181
Rib pillars
Rib Pillar ao longo da potência do corpo

Sill Pillar 6m_Rib Pillar 7.5m _vão ao longo do strike 40m_Potência 10m_níveis N17 e N18
1000 1.00
900 0.90
800 0.80
700 0.70

Probabilidade
Frequência

600 0.60
500 0.50
400 0.40
300 0.30
200 0.20
100 0.10
0 0.00
1 1.1 1.2 1.3 1.4 1.5 1.6 1.7 1.8 1.9 2
FS-A (Mohr Coulomb)

Rib Pillar ao longo do strike do corpo

Sill Pillar 6m_Rib Pillar 7.5m _vão ao longo do strike 40m_Potência 10m_níveis N17 e N18
2500 1.00
0.90
2000 0.80
0.70

Probabilidade
Frequência

1500 0.60
0.50
1000 0.40
0.30
500 0.20
0.10
0 0.00
1 1.1 1.2 1.3 1.4 1.5 1.6 1.7 1.8 1.9 2
FS-A (Mohr Coulomb)

Sill Pillars
Sill Pillar do nível N16

Sill Pillar 6m_Rib Pillar 7.5m _vão ao longo do strike 40m_Potência 10m_níveis N17 e N18
250 1.00
0.90
200 0.80
0.70
Probabilidade
Frequência

150 0.60
0.50
100 0.40
0.30
50 0.20
0.10
0 0.00
1 1.1 1.2 1.3 1.4 1.5 1.6 1.7 1.8 1.9 2
FS-A (Mohr Coulomb)

Sill Pillar do nível N17

Sill Pillar 6m_Rib Pillar 7.5m _vão ao longo do strike 40m_Potência 10m_níveis N17 e N18
250 1.00
0.90
200 0.80
0.70
Probabilidade
Frequência

150 0.60
0.50
100 0.40
0.30
50 0.20
0.10
0 0.00
1 1.1 1.2 1.3 1.4 1.5 1.6 1.7 1.8 1.9 2
FS-A (Mohr Coulomb)

Hangingwall
Resultado Final no HW

Sill Pillar 6m_Rib Pillar 7.5m _vão ao longo do strike 40m_Potência 10m_níveis N17 e N18
1.00
0.90
0.80
0.70
Probabilidade

0.60 0-3m
3-6m
0.50
6-10m
0.40 10-20m

0.30
0.20

0.10
0.00
0 0.01 0.02 0.03 0.04 0.05 0.06 0.07 0.08 0.09 0.1

Deformação total (m)

D1_Sill Pillar 6m_Rib Pillar 7,5m _vão ao longo do strike 40m_Potência 10m
Níveis N17 e N18

182
Rib pillars
Rib Pillar ao longo da potência do corpo

Sill Pillar 6m_Rib Pillar 7.5m _vão ao longo do strike 40m_Potência 15m_níveis N15 e N16
1800 1.00

1600 0.90

1400 0.80
0.70
1200

Probabilidade
Frequência

0.60
1000
0.50
800
0.40
600
0.30
400 0.20
200 0.10
0 0.00
1 1.1 1.2 1.3 1.4 1.5 1.6 1.7 1.8 1.9 2
FS-A (Mohr Coulomb)

Rib Pillar ao longo do strike do corpo

Sill Pillar 6m_Rib Pillar 7.5m _vão ao longo do strike 40m_Potência 15m_níveis N15 e N16
3000 1.00
0.90
2500
0.80
0.70
2000

Probabilidade
Frequência

0.60
1500 0.50
0.40
1000
0.30
0.20
500
0.10
0 0.00
1 1.1 1.2 1.3 1.4 1.5 1.6 1.7 1.8 1.9 2
FS-A (Mohr Coulomb)

Sill Pillars
Sill Pillar do nível N14

Sill Pillar 6m_Rib Pillar 7.5m _vão ao longo do strike 40m_Potência 15m_níveis N15 e N16
500 1.00
450 0.90
400 0.80
350 0.70
Probabilidade
Frequência

300 0.60
250 0.50
200 0.40
150 0.30
100 0.20
50 0.10
0 0.00
1 1.1 1.2 1.3 1.4 1.5 1.6 1.7 1.8 1.9 2
FS-A (Mohr Coulomb)

Sill Pillar do nível N15

Sill Pillar 6m_Rib Pillar 7.5m _vão ao longo do strike 40m_Potência 15m_níveis N15 e N16
700 1.00
0.90
600
0.80
500 0.70
Probabilidade
Frequência

0.60
400
0.50
300
0.40

200 0.30
0.20
100
0.10
0 0.00
1 1.1 1.2 1.3 1.4 1.5 1.6 1.7 1.8 1.9 2
FS-A (Mohr Coulomb)

Hangingwall
Resultado Final no HW

Sill Pillar 6m_Rib Pillar 7.5m _vão ao longo do strike 40m_Potência 15m_níveis N15 e N16
1.00
0.90
0.80
0.70
Probabilidade

0.60 0-3m
3-6m
0.50
6-10m
0.40 10-20m

0.30
0.20
0.10
0.00
0 0.01 0.02 0.03 0.04 0.05 0.06 0.07 0.08 0.09 0.1

Deformação total (m)

E1_Sill Pillar 6m_Rib Pillar 7,5m _vão ao longo do strike 40m_Potência 15m
Níveis N15 e N16

183
Rib pillars
Rib Pillar ao longo da potência do corpo

Sill Pillar 6m_Rib Pillar 7.5m _vão ao longo do strike 40m_Potência 15m_níveis N17 e N18
1800 1.00

1600 0.90

1400 0.80
0.70
1200

Probabilidade
Frequência

0.60
1000
0.50
800
0.40
600
0.30
400 0.20
200 0.10
0 0.00
1 1.1 1.2 1.3 1.4 1.5 1.6 1.7 1.8 1.9 2
FS-A (Mohr Coulomb)

Rib Pillar ao longo do strike do corpo

Sill Pillar 6m_Rib Pillar 7.5m _vão ao longo do strike 40m_Potência 15m_níveis N17 e N18
3000 1.00
0.90
2500
0.80
0.70
2000

Probabilidade
Frequência

0.60
1500 0.50
0.40
1000
0.30
0.20
500
0.10
0 0.00
1 1.1 1.2 1.3 1.4 1.5 1.6 1.7 1.8 1.9 2
FS-A (Mohr Coulomb)

Sill Pillars
Sill Pillar do nível N16

Sill Pillar 6m_Rib Pillar 7.5m _vão ao longo do strike 40m_Potência 15m_níveis N17 e N18
700 1.00
0.90
600
0.80
500 0.70
Probabilidade
Frequência

0.60
400
0.50
300
0.40

200 0.30
0.20
100
0.10
0 0.00
1 1.1 1.2 1.3 1.4 1.5 1.6 1.7 1.8 1.9 2
FS-A (Mohr Coulomb)

Sill Pillar do nível N17

Sill Pillar 6m_Rib Pillar 7.5m _vão ao longo do strike 40m_Potência 15m_níveis N17 e N18
900 1.00

800 0.90

700 0.80
0.70
600
Probabilidade
Frequência

0.60
500
0.50
400
0.40
300
0.30
200 0.20
100 0.10
0 0.00
1 1.1 1.2 1.3 1.4 1.5 1.6 1.7 1.8 1.9 2
FS-A (Mohr Coulomb)

Hangingwall
Resultado Final no HW

Sill Pillar 6m_Rib Pillar 7.5m _vão ao longo do strike 40m_Potência 15m_níveis N17 e N18
1.00
0.90
0.80
0.70
Probabilidade

0.60 0-3m
3-6m
0.50
6-10m
0.40 10-20m

0.30
0.20
0.10
0.00
0 0.01 0.02 0.03 0.04 0.05 0.06 0.07 0.08 0.09 0.1

Deformação total (m)

E1_Sill Pillar 6m_Rib Pillar 7,5m _vão ao longo do strike 40m_Potência 15m
Níveis N17 e N18

184
Rib pillars
Rib Pillar ao longo da potência do corpo

Sill Pillar 6m_Rib Pillar 5m _vão ao longo do strike 70m_Potência 10m_níveis N15 e N16
1200 1.00
0.90
1000
0.80
0.70
800

Probabilidade
Frequência

0.60
600 0.50
0.40
400
0.30
0.20
200
0.10
0 0.00
1 1.1 1.2 1.3 1.4 1.5 1.6 1.7 1.8 1.9 2
FS-A (Mohr Coulomb)

Rib Pillar ao longo do strike do corpo

Sill Pillar 6m_Rib Pillar 5m _vão ao longo do strike 70m_Potência 10m_níveis N15 e N16
3000 1.00
0.90
2500
0.80
0.70
2000

Probabilidade
Frequência

0.60
1500 0.50
0.40
1000
0.30
0.20
500
0.10
0 0.00
1 1.1 1.2 1.3 1.4 1.5 1.6 1.7 1.8 1.9 2
FS-A (Mohr Coulomb)

Sill Pillars
Sill Pillar do nível N14

Sill Pillar 6m_Rib Pillar 5m _vão ao longo do strike 70m_Potência 10m_níveis N15 e N16
200 1.00
180 0.90
160 0.80
140 0.70
Probabilidade
Frequência

120 0.60
100 0.50
80 0.40
60 0.30
40 0.20
20 0.10
0 0.00
1 1.1 1.2 1.3 1.4 1.5 1.6 1.7 1.8 1.9 2
FS-A (Mohr Coulomb)

Sill Pillar do nível N15

Sill Pillar 6m_Rib Pillar 5m _vão ao longo do strike 70m_Potência 10m_níveis N15 e N16
200 1.00
180 0.90
160 0.80
140 0.70
Probabilidade
Frequência

120 0.60
100 0.50
80 0.40
60 0.30
40 0.20
20 0.10
0 0.00
1 1.1 1.2 1.3 1.4 1.5 1.6 1.7 1.8 1.9 2
FS-A (Mohr Coulomb)

Hangingwall
Resultado Final no HW

Sill Pillar 6m_Rib Pillar 5m _vão ao longo do strike 70m_Potência 10m_níveis N15 e N16
1.00
0.90
0.80
0.70
Probabilidade

0.60 0-3m
3-6m
0.50
6-10m
0.40 10-20m

0.30
0.20
0.10
0.00
0 0.01 0.02 0.03 0.04 0.05 0.06 0.07 0.08 0.09 0.1

Deformação total (m)

F1_Sill Pillar 6m_Rib Pillar 5m _vão ao longo do strike 70m_Potência 10m


Níveis N15 e N16

185
Rib pillars
Rib Pillar ao longo da potência do corpo

Sill Pillar 6m_Rib Pillar 5m _vão ao longo do strike 70m_Potência 10m_níveis N17 e N18
2500 1.00
0.90
2000 0.80
0.70

Probabilidade
Frequência

1500 0.60
0.50
1000 0.40
0.30
500 0.20
0.10
0 0.00
1 1.1 1.2 1.3 1.4 1.5 1.6 1.7 1.8 1.9 2
FS-A (Mohr Coulomb)

Rib Pillar ao longo do strike do corpo

Sill Pillar 6m_Rib Pillar 5m _vão ao longo do strike 70m_Potência 10m_níveis N17 e N18
5000 1.00
4500
4000 0.95
3500

Probabilidade
Frequência

3000 0.90
2500
2000 0.85
1500
1000 0.80
500
0 0.75
1 1.1 1.2 1.3 1.4 1.5 1.6 1.7 1.8 1.9 2
FS-A (Mohr Coulomb)

Sill Pillars
Sill Pillar do nível N16

Sill Pillar 6m_Rib Pillar 5m _vão ao longo do strike 70m_Potência 10m_níveis N17 e N18
200 1.00
180 0.90
160 0.80
140 0.70
Probabilidade
Frequência

120 0.60
100 0.50
80 0.40
60 0.30
40 0.20
20 0.10
0 0.00
1 1.1 1.2 1.3 1.4 1.5 1.6 1.7 1.8 1.9 2
FS-A (Mohr Coulomb)

Sill Pillar do nível N17

Sill Pillar 6m_Rib Pillar 5m _vão ao longo do strike 70m_Potência 10m_níveis N17 e N18
250 1.00
0.90
200 0.80
0.70
Probabilidade
Frequência

150 0.60
0.50
100 0.40
0.30
50 0.20
0.10
0 0.00
1 1.1 1.2 1.3 1.4 1.5 1.6 1.7 1.8 1.9 2
FS-A (Mohr Coulomb)

Hangingwall
Resultado Final no HW

Sill Pillar 6m_Rib Pillar 5m _vão ao longo do strike 70m_Potência 10m_níveis N17 e N18
1.00
0.90
0.80
0.70
Probabilidade

0.60 0-3m
3-6m
0.50
6-10m
0.40 10-20m

0.30
0.20
0.10
0.00
0 0.01 0.02 0.03 0.04 0.05 0.06 0.07 0.08 0.09 0.1

Deformação total (m)

F1_Sill Pillar 6m_Rib Pillar 5m _vão ao longo do strike 70m_Potência 10m


Níveis N17 e N18

186
Rib pillars
Rib Pillar ao longo da potência do corpo

Sill Pillar 6m_Rib Pillar 5m _vão ao longo do strike 70m_Potência 15m_níveis N15 e N16
2500 1.00
0.90
2000 0.80
0.70

Probabilidade
Frequência

1500 0.60
0.50
1000 0.40
0.30
500 0.20
0.10
0 0.00
1 1.1 1.2 1.3 1.4 1.5 1.6 1.7 1.8 1.9 2
FS-A (Mohr Coulomb)

Rib Pillar ao longo do strike do corpo

Sill Pillar 6m_Rib Pillar 5m _vão ao longo do strike 70m_Potência 15m_níveis N15 e N16
3000 1.00
0.90
2500
0.80
0.70
2000

Probabilidade
Frequência

0.60
1500 0.50
0.40
1000
0.30
0.20
500
0.10
0 0.00
1 1.1 1.2 1.3 1.4 1.5 1.6 1.7 1.8 1.9 2
FS-A (Mohr Coulomb)

Sill Pillars
Sill Pillar do nível N14

Sill Pillar 6m_Rib Pillar 5m _vão ao longo do strike 70m_Potência 15m_níveis N15 e N16
600 1.00
0.90
500
0.80
0.70
400
Probabilidade
Frequência

0.60
300 0.50
0.40
200
0.30
0.20
100
0.10
0 0.00
1 1.1 1.2 1.3 1.4 1.5 1.6 1.7 1.8 1.9 2
FS-A (Mohr Coulomb)

Sill Pillar do nível N15

Sill Pillar 6m_Rib Pillar 5m _vão ao longo do strike 70m_Potência 15m_níveis N15 e N16
800 1.00

700 0.90
0.80
600
0.70
Probabilidade

500
Frequência

0.60
400 0.50

300 0.40
0.30
200
0.20
100 0.10
0 0.00
1 1.1 1.2 1.3 1.4 1.5 1.6 1.7 1.8 1.9 2
FS-A (Mohr Coulomb)

Hangingwall
Resultado Final no HW

Sill Pillar 6m_Rib Pillar 5m _vão ao longo do strike 70m_Potência 15m_níveis N15 e N16
1.00
0.90
0.80
0.70
Probabilidade

0.60 0-3m
3-6m
0.50
6-10m
0.40 10-20m

0.30
0.20

0.10
0.00
0 0.01 0.02 0.03 0.04 0.05 0.06 0.07 0.08 0.09 0.1

Deformação total (m)

G1_Sill Pillar 6m_Rib Pillar 5m _vão ao longo do strike 70m_Potência 15m


Níveis N15 e N16

187
Rib pillars
Rib Pillar ao longo da potência do corpo

Sill Pillar 6m_Rib Pillar 5m _vão ao longo do strike 70m_Potência 15m_níveis N17 e N18
4000 1.00

3500 0.90
0.80
3000
0.70

Probabilidade
2500
Frequência

0.60
2000 0.50

1500 0.40
0.30
1000
0.20
500 0.10
0 0.00
1 1.1 1.2 1.3 1.4 1.5 1.6 1.7 1.8 1.9 2
FS-A (Mohr Coulomb)

Rib Pillar ao longo do strike do corpo

Sill Pillar 6m_Rib Pillar 5m _vão ao longo do strike 70m_Potência 15m_níveis N17 e N18
4500 1.00

4000

3500 0.95

3000

Probabilidade
Frequência

0.90
2500

2000
0.85
1500
1000 0.80
500

0 0.75
1 1.1 1.2 1.3 1.4 1.5 1.6 1.7 1.8 1.9 2
FS-A (Mohr Coulomb)

Sill Pillars
Sill Pillar do nível N16

Sill Pillar 6m_Rib Pillar 5m _vão ao longo do strike 70m_Potência 15m_níveis N17 e N18
900 1.00

800 0.90

700 0.80
0.70
600
Probabilidade
Frequência

0.60
500
0.50
400
0.40
300
0.30
200 0.20
100 0.10
0 0.00
1 1.1 1.2 1.3 1.4 1.5 1.6 1.7 1.8 1.9 2
FS-A (Mohr Coulomb)

Sill Pillar do nível N17

Sill Pillar 6m_Rib Pillar 5m _vão ao longo do strike 70m_Potência 15m_níveis N17 e N18
1000 1.00
900 0.90
800 0.80
700 0.70
Probabilidade
Frequência

600 0.60
500 0.50
400 0.40
300 0.30
200 0.20
100 0.10
0 0.00
1 1.1 1.2 1.3 1.4 1.5 1.6 1.7 1.8 1.9 2
FS-A (Mohr Coulomb)

Hangingwall
Resultado Final no HW

Sill Pillar 6m_Rib Pillar 5m _vão ao longo do strike 70m_Potência 15m_níveis N17 e N18
1.00
0.90
0.80
0.70
Probabilidade

0.60 0-3m
3-6m
0.50
6-10m
0.40 10-20m

0.30
0.20
0.10
0.00
0 0.01 0.02 0.03 0.04 0.05 0.06 0.07 0.08 0.09 0.1

Deformação total (m)

G1_Sill Pillar 6m_Rib Pillar 5m _vão ao longo do strike 70m_Potência 15m


Níveis N17 e N18

188
Rib pillars
Rib Pillar ao longo da potência do corpo

Sill Pillar 6m_Rib Pillar 7.5m _vão ao longo do strike 70m_Potência 10m_níveis N15 e N16
600 1.00
0.90
500
0.80
0.70
400

Probabilidade
Frequência

0.60
300 0.50
0.40
200
0.30
0.20
100
0.10
0 0.00
1 1.1 1.2 1.3 1.4 1.5 1.6 1.7 1.8 1.9 2
FS-A (Mohr Coulomb)

Rib Pillar ao longo do strike do corpo

Sill Pillar 6m_Rib Pillar 7.5m _vão ao longo do strike 70m_Potência 10m_níveis N15 e N16
900 1.00

800 0.90

700 0.80
0.70
600

Probabilidade
Frequência

0.60
500
0.50
400
0.40
300
0.30
200 0.20
100 0.10
0 0.00
1 1.1 1.2 1.3 1.4 1.5 1.6 1.7 1.8 1.9 2
FS-A (Mohr Coulomb)

Sill Pillars
Sill Pillar do nível N14

Sill Pillar 6m_Rib Pillar 7.5m _vão ao longo do strike 70m_Potência 10m_níveis N15 e N16
200 1.00
180 0.90
160 0.80
140 0.70
Probabilidade
Frequência

120 0.60
100 0.50
80 0.40
60 0.30
40 0.20
20 0.10
0 0.00
1 1.1 1.2 1.3 1.4 1.5 1.6 1.7 1.8 1.9 2
FS-A (Mohr Coulomb)

Sill Pillar do nível N15

Sill Pillar 6m_Rib Pillar 7.5m _vão ao longo do strike 70m_Potência 10m_níveis N15 e N16
250 1.00
0.90
200 0.80
0.70
Probabilidade
Frequência

150 0.60
0.50
100 0.40
0.30
50 0.20
0.10
0 0.00
1 1.1 1.2 1.3 1.4 1.5 1.6 1.7 1.8 1.9 2
FS-A (Mohr Coulomb)

Hangingwall
Resultado Final no HW

Sill Pillar 6m_Rib Pillar 7.5m _vão ao longo do strike 70m_Potência 10m_níveis N15 e N16
1.00
0.90
0.80
0.70
Probabilidade

0.60 0-3m
3-6m
0.50
6-10m
0.40 10-20m

0.30
0.20
0.10
0.00
0 0.01 0.02 0.03 0.04 0.05 0.06 0.07 0.08 0.09 0.1

Deformação total (m)

H1_Sill Pillar 6m_Rib Pillar 7,5m _vão ao longo do strike 70m_Potência 10m
Níveis N15 e N16

189
Rib pillars
Rib Pillar ao longo da potência do corpo

Sill Pillar 6m_Rib Pillar 7.5m _vão ao longo do strike 70m_Potência 10m_níveis N17 e N18
600 1.00
0.90
500
0.80
0.70
400

Probabilidade
Frequência

0.60
300 0.50
0.40
200
0.30
0.20
100
0.10
0 0.00
1 1.1 1.2 1.3 1.4 1.5 1.6 1.7 1.8 1.9 2
FS-A (Mohr Coulomb)

Rib Pillar ao longo do strike do corpo

Sill Pillar 6m_Rib Pillar 7.5m _vão ao longo do strike 70m_Potência 10m_níveis N17 e N18
1000 1.00
900 0.90
800 0.80
700 0.70

Probabilidade
Frequência

600 0.60
500 0.50
400 0.40
300 0.30
200 0.20
100 0.10
0 0.00
1 1.1 1.2 1.3 1.4 1.5 1.6 1.7 1.8 1.9 2
FS-A (Mohr Coulomb)

Sill Pillars
Sill Pillar do nível N16

Sill Pillar 6m_Rib Pillar 7.5m _vão ao longo do strike 70m_Potência 10m_níveis N17 e N18
250 1.00
0.90
200 0.80
0.70
Probabilidade
Frequência

150 0.60
0.50
100 0.40
0.30
50 0.20
0.10
0 0.00
1 1.1 1.2 1.3 1.4 1.5 1.6 1.7 1.8 1.9 2
FS-A (Mohr Coulomb)

Sill Pillar do nível N17

Sill Pillar 6m_Rib Pillar 7.5m _vão ao longo do strike 70m_Potência 10m_níveis N17 e N18
300 1.00
0.90
250
0.80
0.70
200
Probabilidade
Frequência

0.60
150 0.50
0.40
100
0.30
0.20
50
0.10
0 0.00
1 1.1 1.2 1.3 1.4 1.5 1.6 1.7 1.8 1.9 2
FS-A (Mohr Coulomb)

Hangingwall
Resultado Final no HW

Sill Pillar 6m_Rib Pillar 7.5m _vão ao longo do strike 70m_Potência 10m_níveis N17 e N18
1.00
0.90
0.80
0.70
Probabilidade

0.60 0-3m
3-6m
0.50
6-10m
0.40 10-20m

0.30
0.20
0.10
0.00
0 0.01 0.02 0.03 0.04 0.05 0.06 0.07 0.08 0.09 0.1

Deformação total (m)

H1_Sill Pillar 6m_Rib Pillar 7,5m _vão ao longo do strike 70m_Potência 10m
Níveis N17 e N18

190
Rib pillars
Rib Pillar ao longo da potência do corpo

Sill Pillar 6m_Rib Pillar 7.5m _vão ao longo do strike 70m_Potência 15m_níveis N15 e N16
1000 1.00
900 0.90
800 0.80
700 0.70

Probabilidade
Frequência

600 0.60
500 0.50
400 0.40
300 0.30
200 0.20
100 0.10
0 0.00
1 1.1 1.2 1.3 1.4 1.5 1.6 1.7 1.8 1.9 2
FS-A (Mohr Coulomb)

Rib Pillar ao longo do strike do corpo

Sill Pillar 6m_Rib Pillar 7.5m _vão ao longo do strike 70m_Potência 15m_níveis N15 e N16
1600 1.00

1400 0.90
0.80
1200
0.70

Probabilidade
1000
Frequência

0.60
800 0.50

600 0.40
0.30
400
0.20
200 0.10
0 0.00
1 1.1 1.2 1.3 1.4 1.5 1.6 1.7 1.8 1.9 2
FS-A (Mohr Coulomb)

Sill Pillars
Sill Pillar do nível N14

Sill Pillar 6m_Rib Pillar 7.5m _vão ao longo do strike 70m_Potência 15m_níveis N15 e N16
600 1.00
0.90
500
0.80
0.70
400
Probabilidade
Frequência

0.60
300 0.50
0.40
200
0.30
0.20
100
0.10
0 0.00
1 1.1 1.2 1.3 1.4 1.5 1.6 1.7 1.8 1.9 2
FS-A (Mohr Coulomb)

Sill Pillar do nível N15

Sill Pillar 6m_Rib Pillar 7.5m _vão ao longo do strike 70m_Potência 15m_níveis N15 e N16
800 1.00

700 0.90
0.80
600
0.70
Probabilidade

500
Frequência

0.60
400 0.50

300 0.40
0.30
200
0.20
100 0.10
0 0.00
1 1.1 1.2 1.3 1.4 1.5 1.6 1.7 1.8 1.9 2
FS-A (Mohr Coulomb)

Hangingwall
Resultado Final no HW

Sill Pillar 6m_Rib Pillar 7.5m _vão ao longo do strike 70m_Potência 15m_níveis N15 e N16
1.00
0.90
0.80
0.70
Probabilidade

0.60 0-3m
3-6m
0.50
6-10m
0.40 10-20m

0.30
0.20
0.10
0.00
0 0.01 0.02 0.03 0.04 0.05 0.06 0.07 0.08 0.09 0.1

Deformação total (m)

I1_Sill Pillar 6m_Rib Pillar 7,5m _vão ao longo do strike 70m_Potência 15m
Níveis N15 e N16

191
Rib pillars
Rib Pillar ao longo da potência do corpo

Sill Pillar 6m_Rib Pillar 7.5m _vão ao longo do strike 70m_Potência 15m_níveis N17 e N18
1000 1.00
900 0.90
800 0.80
700 0.70

Probabilidade
Frequência

600 0.60
500 0.50
400 0.40
300 0.30
200 0.20
100 0.10
0 0.00
1 1.1 1.2 1.3 1.4 1.5 1.6 1.7 1.8 1.9 2
FS-A (Mohr Coulomb)

Rib Pillar ao longo do strike do corpo

Sill Pillar 6m_Rib Pillar 7.5m _vão ao longo do strike 70m_Potência 15m_níveis N17 e N18
1600 1.00

1400 0.90
0.80
1200
0.70

Probabilidade
1000
Frequência

0.60
800 0.50

600 0.40
0.30
400
0.20
200 0.10
0 0.00
1 1.1 1.2 1.3 1.4 1.5 1.6 1.7 1.8 1.9 2
FS-A (Mohr Coulomb)

Sill Pillars
Sill Pillar do nível N16

Sill Pillar 6m_Rib Pillar 7.5m _vão ao longo do strike 70m_Potência 15m_níveis N17 e N18
900 1.00

800 0.90

700 0.80
0.70
600
Probabilidade
Frequência

0.60
500
0.50
400
0.40
300
0.30
200 0.20
100 0.10
0 0.00
1 1.1 1.2 1.3 1.4 1.5 1.6 1.7 1.8 1.9 2
FS-A (Mohr Coulomb)

Sill Pillar do nível N17

Sill Pillar 6m_Rib Pillar 7.5m _vão ao longo do strike 70m_Potência 15m_níveis N17 e N18
1000 1.00
900 0.90
800 0.80
700 0.70
Probabilidade
Frequência

600 0.60
500 0.50
400 0.40
300 0.30
200 0.20
100 0.10
0 0.00
1 1.1 1.2 1.3 1.4 1.5 1.6 1.7 1.8 1.9 2
FS-A (Mohr Coulomb)

Hangingwall
Resultado Final no HW

Sill Pillar 6m_Rib Pillar 7.5m _vão ao longo do strike 70m_Potência 15m_níveis N17 e N18
1.00
0.90
0.80
0.70
Probabilidade

0.60 0-3m
3-6m
0.50
6-10m
0.40 10-20m

0.30
0.20
0.10
0.00
0 0.01 0.02 0.03 0.04 0.05 0.06 0.07 0.08 0.09 0.1

Deformação total (m)

I1_Sill Pillar 6m_Rib Pillar 7,5m _vão ao longo do strike 70m_Potência 15m
Níveis N17 e N18

192
Rib pillars
Rib Pillar ao longo da potência do corpo

Sill Pillar 6m_Rib Pillar 10m _vão ao longo do strike 70m_Potência 10m_níveis N15 e N16
400 1.00

350 0.90
0.80
300
0.70

Probabilidade
250
Frequência

0.60
200 0.50

150 0.40
0.30
100
0.20
50 0.10
0 0.00
1 1.1 1.2 1.3 1.4 1.5 1.6 1.7 1.8 1.9 2
FS-A (Mohr Coulomb)

Rib Pillar ao longo do strike do corpo

Sill Pillar 6m_Rib Pillar 10m _vão ao longo do strike 70m_Potência 10m_níveis N15 e N16
1200 1.00
0.90
1000
0.80
0.70
800

Probabilidade
Frequência

0.60
600 0.50
0.40
400
0.30
0.20
200
0.10
0 0.00
1 1.1 1.2 1.3 1.4 1.5 1.6 1.7 1.8 1.9 2
FS-A (Mohr Coulomb)

Sill Pillars
Sill Pillar do nível N14

Sill Pillar 6m_Rib Pillar 10m _vão ao longo do strike 70m_Potência 10m_níveis N15 e N16
200 1.00
180 0.90
160 0.80
140 0.70
Probabilidade
Frequência

120 0.60
100 0.50
80 0.40
60 0.30
40 0.20
20 0.10
0 0.00
1 1.1 1.2 1.3 1.4 1.5 1.6 1.7 1.8 1.9 2
FS-A (Mohr Coulomb)

Sill Pillar do nível N15

Sill Pillar 6m_Rib Pillar 10m _vão ao longo do strike 70m_Potência 10m_níveis N15 e N16
200 1.00
180 0.90
160 0.80
140 0.70
Probabilidade
Frequência

120 0.60
100 0.50
80 0.40
60 0.30
40 0.20
20 0.10
0 0.00
1 1.1 1.2 1.3 1.4 1.5 1.6 1.7 1.8 1.9 2
FS-A (Mohr Coulomb)

Hangingwall
Resultado Final no HW

Sill Pillar 6m_Rib Pillar 10m _vão ao longo do strike 70m_Potência 10m_níveis N15 e N16
1.00
0.90
0.80
0.70
Probabilidade

0.60 0-3m
3-6m
0.50
6-10m
0.40 10-20m

0.30
0.20

0.10
0.00
0 0.01 0.02 0.03 0.04 0.05 0.06 0.07 0.08 0.09 0.1

Deformação total (m)

J1_Sill Pillar 6m_Rib Pillar 10m _vão ao longo do strike 70m_Potência 10m
Níveis N15 e N16

193
Rib pillars
Rib Pillar ao longo da potência do corpo

Sill Pillar 6m_Rib Pillar 10m _vão ao longo do strike 70m_Potência 10m_níveis N17 e N18
450 1.00

400 0.90

350 0.80
0.70
300

Probabilidade
Frequência

0.60
250
0.50
200
0.40
150
0.30
100 0.20
50 0.10
0 0.00
1 1.1 1.2 1.3 1.4 1.5 1.6 1.7 1.8 1.9 2
FS-A (Mohr Coulomb)

Rib Pillar ao longo do strike do corpo

Sill Pillar 6m_Rib Pillar 10m _vão ao longo do strike 70m_Potência 10m_níveis N17 e N18
1400 1.00
0.90
1200
0.80
1000 0.70

Probabilidade
Frequência

0.60
800
0.50
600
0.40

400 0.30
0.20
200
0.10
0 0.00
1 1.1 1.2 1.3 1.4 1.5 1.6 1.7 1.8 1.9 2
FS-A (Mohr Coulomb)

Sill Pillars
Sill Pillar do nível N16

Sill Pillar 6m_Rib Pillar 10m _vão ao longo do strike 70m_Potência 10m_níveis N17 e N18
250 1.00
0.90
200 0.80
0.70
Probabilidade
Frequência

150 0.60
0.50
100 0.40
0.30
50 0.20
0.10
0 0.00
1 1.1 1.2 1.3 1.4 1.5 1.6 1.7 1.8 1.9 2
FS-A (Mohr Coulomb)

Sill Pillar do nível N17

Sill Pillar 6m_Rib Pillar 10m _vão ao longo do strike 70m_Potência 10m_níveis N17 e N18
300 1.00
0.90
250
0.80
0.70
200
Probabilidade
Frequência

0.60
150 0.50
0.40
100
0.30
0.20
50
0.10
0 0.00
1 1.1 1.2 1.3 1.4 1.5 1.6 1.7 1.8 1.9 2
FS-A (Mohr Coulomb)

Hangingwall
Resultado Final no HW

Sill Pillar 6m_Rib Pillar 10m _vão ao longo do strike 70m_Potência 10m_níveis N17 e N18
1.00
0.90
0.80
0.70
Probabilidade

0.60 0-3m
3-6m
0.50
6-10m
0.40 10-20m

0.30
0.20
0.10
0.00
0 0.01 0.02 0.03 0.04 0.05 0.06 0.07 0.08 0.09 0.1

Deformação total (m)

J1_Sill Pillar 6m_Rib Pillar 10m _vão ao longo do strike 70m_Potência 10m
Níveis N17 e N18

194
Rib pillars
Rib Pillar ao longo da potência do corpo

Sill Pillar 6m_Rib Pillar 10m _vão ao longo do strike 70m_Potência 15m_níveis N15 e N16
700 1.00
0.90
600
0.80
500 0.70

Probabilidade
Frequência

0.60
400
0.50
300
0.40

200 0.30
0.20
100
0.10
0 0.00
1 1.1 1.2 1.3 1.4 1.5 1.6 1.7 1.8 1.9 2
FS-A (Mohr Coulomb)

Rib Pillar ao longo do strike do corpo

Sill Pillar 6m_Rib Pillar 10m _vão ao longo do strike 70m_Potência 15m_níveis N15 e N16
2000 1.00
1800 0.90
1600 0.80
1400 0.70

Probabilidade
Frequência

1200 0.60
1000 0.50
800 0.40
600 0.30
400 0.20
200 0.10
0 0.00
1 1.1 1.2 1.3 1.4 1.5 1.6 1.7 1.8 1.9 2
FS-A (Mohr Coulomb)

Sill Pillars
Sill Pillar do nível N14

Sill Pillar 6m_Rib Pillar 10m _vão ao longo do strike 70m_Potência 15m_níveis N15 e N16
500 1.00
450 0.90
400 0.80
350 0.70
Probabilidade
Frequência

300 0.60
250 0.50
200 0.40
150 0.30
100 0.20
50 0.10
0 0.00
1 1.1 1.2 1.3 1.4 1.5 1.6 1.7 1.8 1.9 2
FS-A (Mohr Coulomb)

Sill Pillar do nível N15

Sill Pillar 6m_Rib Pillar 10m _vão ao longo do strike 70m_Potência 15m_níveis N15 e N16
700 1.00
0.90
600
0.80
500 0.70
Probabilidade
Frequência

0.60
400
0.50
300
0.40

200 0.30
0.20
100
0.10
0 0.00
1 1.1 1.2 1.3 1.4 1.5 1.6 1.7 1.8 1.9 2
FS-A (Mohr Coulomb)

Hangingwall
Resultado Final no HW

Sill Pillar 6m_Rib Pillar 10m _vão ao longo do strike 70m_Potência 15m_níveis N15 e N16
1.00
0.90
0.80
0.70
Probabilidade

0.60 0-3m
3-6m
0.50
6-10m
0.40 10-20m

0.30
0.20

0.10
0.00
0 0.01 0.02 0.03 0.04 0.05 0.06 0.07 0.08 0.09 0.1

Deformação total (m)

K1_Sill Pillar 6m_Rib Pillar 10m _vão ao longo do strike 70m_Potência 15m
Níveis N15 e N16

195
Rib pillars
Rib Pillar ao longo da potência do corpo

Sill Pillar 6m_Rib Pillar 10m _vão ao longo do strike 70m_Potência 15m_níveis N17 e N18
800 1.00

700 0.90
0.80
600
0.70

Probabilidade
500
Frequência

0.60
400 0.50

300 0.40
0.30
200
0.20
100 0.10
0 0.00
1 1.1 1.2 1.3 1.4 1.5 1.6 1.7 1.8 1.9 2
FS-A (Mohr Coulomb)

Rib Pillar ao longo do strike do corpo

Sill Pillar 6m_Rib Pillar 10m _vão ao longo do strike 70m_Potência 15m_níveis N17 e N18
2000 1.00
1800 0.90
1600 0.80
1400 0.70

Probabilidade
Frequência

1200 0.60
1000 0.50
800 0.40
600 0.30
400 0.20
200 0.10
0 0.00
1 1.1 1.2 1.3 1.4 1.5 1.6 1.7 1.8 1.9 2
FS-A (Mohr Coulomb)

Sill Pillars
Sill Pillar do nível N16

Sill Pillar 6m_Rib Pillar 10m _vão ao longo do strike 70m_Potência 15m_níveis N17 e N18
700 1.00
0.90
600
0.80
500 0.70
Probabilidade
Frequência

0.60
400
0.50
300
0.40

200 0.30
0.20
100
0.10
0 0.00
1 1.1 1.2 1.3 1.4 1.5 1.6 1.7 1.8 1.9 2
FS-A (Mohr Coulomb)

Sill Pillar do nível N17

Sill Pillar 6m_Rib Pillar 10m _vão ao longo do strike 70m_Potência 15m_níveis N17 e N18
900 1.00

800 0.90

700 0.80
0.70
600
Probabilidade
Frequência

0.60
500
0.50
400
0.40
300
0.30
200 0.20
100 0.10
0 0.00
1 1.1 1.2 1.3 1.4 1.5 1.6 1.7 1.8 1.9 2
FS-A (Mohr Coulomb)

Hangingwall
Resultado Final no HW

Sill Pillar 6m_Rib Pillar 10m _vão ao longo do strike 70m_Potência 15m_níveis N17 e N18
1.00
0.90
0.80
0.70
Probabilidade

0.60 0-3m
3-6m
0.50
6-10m
0.40 10-20m

0.30
0.20
0.10
0.00
0 0.01 0.02 0.03 0.04 0.05 0.06 0.07 0.08 0.09 0.1

Deformação total (m)

K1_Sill Pillar 6m_Rib Pillar 10m _vão ao longo do strike 70m_Potência 15m
Níveis N17 e N18

196
Rib pillars
Rib Pillar ao longo da potência do corpo _ HW e FW distintos Rib Pillar ao longo do strike do corpo _ HW e FW distintos

Sill Pillar 6m_Rib Pillar 5m _vão ao longo do strike 70m_Potência 10m_níveis N15 e N16 Sill Pillar 6m_Rib Pillar 5m _vão ao longo do strike 70m_Potência 10m_níveis N15 e N16

300 1.00 600 1.00


0.90 0.90
250 500
0.80 0.80
0.70 0.70
200 400

Probabilidade
Probabilidade

Frequência
Frequência

0.60 0.60
150 0.50 300 0.50
0.40 0.40
100 200
0.30 0.30
0.20 0.20
50 100
0.10 0.10
0 0.00 0 0.00
1 1.1 1.2 1.3 1.4 1.5 1.6 1.7 1.8 1.9 2 1 1.1 1.2 1.3 1.4 1.5 1.6 1.7 1.8 1.9 2
FS-A (Mohr Coulomb) FS-A (Mohr Coulomb)

Sill Pillars
Sill Pillar do nível N14 _ HW e FW distintos Sill Pillar do nível N15 _ HW e FW distintos

Sill Pillar 6m_Rib Pillar 5m _vão ao longo do strike 70m_Potência 10m_níveis N15 e N16 Sill Pillar 6m_Rib Pillar 5m _vão ao longo do strike 70m_Potência 10m_níveis N15 e N16
70 1.00 60 1.00
0.90 0.90
60 50
0.80 0.80
50 0.70 0.70
40

Probabilidade
Probabilidade

Frequência
Frequência

0.60 0.60
40
0.50 30 0.50
30
0.40 0.40
20
20 0.30 0.30
0.20 0.20
10 10
0.10 0.10
0 0.00 0 0.00
1 1.1 1.2 1.3 1.4 1.5 1.6 1.7 1.8 1.9 2 1 1.1 1.2 1.3 1.4 1.5 1.6 1.7 1.8 1.9 2
FS-A (Mohr Coulomb) FS-A (Mohr Coulomb)

Hangingwall
Resultado Final no HW _ Propriedades de HW e FW distintas

Sill Pillar 6m_Rib Pillar 5m _vão ao longo do strike 70m_Potência 10m_níveis N15 e N16
1.00
0.90
0.80
0.70
Probabilidade

0.60 0-3m
3-6m
0.50
6-10m
0.40 10-20m

0.30
0.20

0.10
0.00
0 0.01 0.02 0.03 0.04 0.05 0.06 0.07 0.08 0.09 0.1

Deformação total (m)

F2_Sill Pillar 6m_Rib Pillar 5m _vão ao longo do strike 70m_Potência 10m


Níveis N15 e N16 _HW e FW com propriedades distintas

197
Rib pillars
Rib Pillar ao longo do strike do corpo _ HW e FW distintos Rib Pillar ao longo da potência do corpo _ HW e FW distintos

Sill Pillar 6m_Rib Pillar 5m _vão ao longo do strike 70m_Potência 15m_níveis N15 e N16 Sill Pillar 6m_Rib Pillar 5m _vão ao longo do strike 70m_Potência 15m_níveis N15 e N16
250 1.00 450 1.00
0.90 400 0.90
200 0.80 350 0.80
0.70 0.70
300

Probabilidade

Probabilidade
Frequência

Frequência
150 0.60 0.60
250
0.50 0.50
200
100 0.40 0.40
150
0.30 0.30
50 0.20 100 0.20
0.10 50 0.10
0 0.00 0 0.00
1 1.1 1.2 1.3 1.4 1.5 1.6 1.7 1.8 1.9 2 1 1.1 1.2 1.3 1.4 1.5 1.6 1.7 1.8 1.9 2
FS-A (Mohr Coulomb) FS-A (Mohr Coulomb)

Sill Pillars
Sill Pillar do nível N14 _ HW e FW distintos Sill Pillar do nível N15 _ HW e FW distintos

Sill Pillar 6m_Rib Pillar 5m _vão ao longo do strike 70m_Potência 15m_níveis N15 e N16 Sill Pillar 6m_Rib Pillar 5m _vão ao longo do strike 70m_Potência 15m_níveis N15 e N16
140 1.00 120 1.00
0.90 0.90
120 100
0.80 0.80
100 0.70 0.70
80

Probabilidade

Probabilidade
Frequência

Frequência
0.60 0.60
80
0.50 60 0.50
60
0.40 0.40
40
40 0.30 0.30
0.20 0.20
20 20
0.10 0.10
0 0.00 0 0.00
1 1.1 1.2 1.3 1.4 1.5 1.6 1.7 1.8 1.9 2 1 1.1 1.2 1.3 1.4 1.5 1.6 1.7 1.8 1.9 2
FS-A (Mohr Coulomb) FS-A (Mohr Coulomb)

Hangingwall
Resultado Final no HW _ Propriedades de HW e FW distintas

Sill Pillar 6m_Rib Pillar 5m _vão ao longo do strike 70m_Potência 15m_níveis N15 e N16
1.00
0.90
0.80
0.70
Probabilidade

0.60 0-3m
3-6m
0.50
6-10m
0.40 10-20m

0.30
0.20
0.10
0.00
0 0.01 0.02 0.03 0.04 0.05 0.06 0.07 0.08 0.09 0.1

Deformação total (m)

G2_Sill Pillar 6m_Rib Pillar 5m _vão ao longo do strike 70m_Potência 15m


Níveis N15 e N16_HW e FW com propriedades distintas

198
As tabelas abaixo sumariam, para as variantes do método sublevel estudadas, as
probabilidades de os rib pillars nelas inseridos apresentarem FS inferiores ao valor de
referência, FSr, igual a 1,0 e 1,3, respectivamente.

Risco de rib pillars nos níveis N15 ao N18 apresentarem FS≤1,0

Altura Probabilidade de FSr ≤ 1,0


Largura Comprimento Espessura
vertical nos Rib Pillars
do rib no strike do aparente
Modelo do sill pillar vão de lavra (potência) N15_N16 N17_N18
pillar
(m) (m) (m)
(m) Potência Strike Potência Strike
A1 6 5 25 15 0,026 0,037 0,104 0,22
B1 6 5 42,5 10 0,025 0,139 0,087 0,41
C1 6 5 42,5 15 0,056 0,103 0,165 0,36
D1 6 7,5 40 10 0,000 0,000 0,000 0,000
E1 6 7,5 40 15 0,000 0,000 0,000 0,000
F1 6 5 70 10 0,176 0,725 0,245 0,855
G1 6 5 70 15 0,313 0,735 0,401 0,866
H1 6 7,5 70 10 0,012 0,128 0,047 0,274
I1 6 7,5 70 15 0,019 0,297 0,029 0,222
J1 6 10 70 10 0,000 0,002 0,001 0,012
K1 6 10 70 15 0,000 0,000 0,000 0,000

Risco de rib pillars nos níveis N15 ao N18 apresentarem FS≤1,3

Altura Probabilidade de FSr ≤ 1,3


Largura Comprimento Espessura
vertical nos Rib Pillars
do rib no strike do aparente
Modelo do sill pillar vão de lavra (potência) N15_N16 N17_N18
pillar
(m) (m) (m)
(m) Potência Strike Potência Strike
A1 6 5 25 15 0,227 0,488 0,339 0,687
B1 6 5 42,5 10 0,196 0,717 0,29 0,893
C1 6 5 42,5 15 0,308 0,647 0,42 0,841
D1 6 7,5 40 10 0,000 0,011 0,02 0,127
E1 6 7,5 40 15 0,017 0,084 0,083 0,376
F1 6 5 70 10 0,368 0,956 0,419 0,983
G1 6 5 70 15 0,512 0,953 0,558 0,983
H1 6 7,5 70 10 0,107 0,489 0,137 0,611
I1 6 7,5 70 15 0,221 0,826 0,217 0,786
J1 6 10 70 10 0,013 0,074 0,052 0,193
K1 6 10 70 15 0,014 0,079 0,056 0,326

199
As tabelas abaixo sumariam, para as variantes do método sublevel estudadas, as
probabilidades de os sill pillars nelas inseridos apresentarem FS inferiores ao valor de
referência, FSr, igual a 1,0, e 1,3, respectivamente, para os níveis de lavra N14 ao N17.

Risco de sill pillars nos níveis N14, N15,N16 e N17 apresentarem FS ≤ 1,0
Altura Largura Probabilidade de FSr ≤ 1,0
Comprimento Espessura
vertical do rib nos Sill Pillars
no strike do aparente
Modelo do sill pillar vão de lavra (potência)
pillar N14 N15 N16 N17
(m) (m) (m)
(m)
A1 6 5 25 15 0,086 0,111 0,127 0,154
B1 6 5 42,5 10 0,006 0,014 0,023 0,038
C1 6 5 42,5 15 0,082 0,100 0,118 0,151
D1 6 7,5 40 10 0,004 0,006 0,004 0,007
E1 6 7,5 40 15 0,094 0,122 0,134 0,164
F1 6 5 70 10 0,004 0,006 0,009 0,026
G1 6 5 70 15 0,153 0,188 0,211 0,235
H1 6 7,5 70 10 0,029 0,038 0,051 0,065
I1 6 7,5 70 15 0,151 0,176 0,167 0,19
J1 6 10 70 10 0,024 0,032 0,039 0,051
K1 6 10 70 15 0,099 0,120 0,139 0,171

Risco de sill pillars nos níveis N14, N15, N16 e N17 apresentarem FS ≤1 ,3
Altura Largura Probabilidade de FS ≤ 1,3
Comprimento Espessura
vertical do rib nos Sill Pillars
no strike do aparente
Modelo do sill pillar vão de lavra (potência)
pillar N14 N15 N16 N17
(m) (m) (m)
(m)
A1 6 5 25 15 0,152 0,19 0,212 0,248
B1 6 5 42,5 10 0,046 0,074 0,09 0,115
C1 6 5 42,5 15 0,165 0,203 0,223 0,254
D1 6 7,5 40 10 0,016 0,032 0,039 0,064
E1 6 7,5 40 15 0,166 0,211 0,227 0,261
F1 6 5 70 10 0,052 0,097 0,105 0,149
G1 6 5 70 15 0,253 0,296 0,32 0,359
H1 6 7,5 70 10 0,093 0,113 0,135 0,152
I1 6 7,5 70 15 0,251 0,273 0,266 0,285
J1 6 10 70 10 0,056 0,073 0,095 0,117
K1 6 10 70 15 0,172 0,216 0,237 0,267

200
A Tabela abaixo expressa a condição de estabilidade e o risco de sobrequebra no
hangingwall. Considerou-se o potencial para sobrequebra nos intervalos seguintes:

• 0 a 3 m de profundidade, a partir do contato minério/hangingwall;


• 3 a 6 m de profundidade;
• 6 a 10 m de profundidade; e
• 10 a 20 m de profundidade.

Risco de sobrequebra no hangingwall quando dt ≥ 80 mm


Altura Largura Espessura Risco de
Comprimento
vertical do rib aparente dtotal ≥ 80 mm no HW
Modelo
do sill pillar
no strike do vão
(potência) Níveis
de lavra (m) 0a3m 3a6m 6 a 10m 10 a 20 m
pillar (m) (m) (m)

N15 e N16 0,085 0,052 0,002 0,000


A1 6 5 25 15
N17 e N18 0,283 0,194 0,086 0,009
N15 e N16 0,494 0,383 0,193 0,038
B1 6 5 42,5 10
N17 e N18 0,679 0,64 0,463 0,18
N15 e N16 0,617 0,538 0,381 0,155
C1 6 5 42,5 15
N17 e N18 0,746 0,726 0,603 0,355
N15 e N16 0,393 0,291 0,127 0,013
D1 6 7,5 40 10
N17 e N18 0,616 0,526 0,325 0,096
N15 e N16 0,475 0,37 0,208 0,059
E1 6 7,5 40 15
N17 e N18 0,686 0,636 0,448 0,192
N15 e N16 0,612 0,566 0,407 0,18
F1 6 5 70 10
N17 e N18 0,741 0,725 0,632 0,412
N15 e N16 0,662 0,632 0,475 0,241
G1 6 5 70 15
N17 e N18 0,774 0,763 0,687 0,479
N15 e N16 *0,422 *0,286 *0,094 *0,007
H1 6 7,5 70 10
N17 e N18 *0,604 *0,517 *0,384 *0,122
N15 e N16 *0,524 *0,405 *0,223 *0,05
I1 6 7,5 70 15
N17e N18 *0,699 *0,625 *0,533 *0,308
N15 e N16 *0,287 *0,14 *0,024 *0,000
J1 6 10 70 10
N17 e N18 *0,504 *0,42 *0,23 *0,034
N15 e N16 *0,377 *0,246 *0,095 *0,004
K1 6 10 70 15
N17 e N18 *0,551 *0,479 *0,33 *0,111
F2 6 5 70 10 N15 e N16 0,225 0,042 0,000 0,000
G2 6 5 70 15 N15 e N16 0,31 0,139 0,001 0,000
*Resultados considerados incoerentes e ligeiramente mascarados pela proximidade das grids de análise posicionadas
em relação aos rib pillars.

201

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