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Fichamento – Medo de quê?

I – Introdução

II – O Horror

- A concepção original do horror está ligada a um estado fisiológico (susto, pavor, repulsa,
aversão)

- O medo não é apenas uma reação individual, existem medos sociais “(...) também as
coletividades e as próprias civilizações estão comprometidas num diálogo permanente com o
medo”.

- Medo pode ser causa de involução dos indivíduos; aumenta risco de desagregação;
impressão de reconforto dada pelo mundo desaparece. No horror, o medo se alia à aversão.

- Aversão está relacionada ao nojo, reação ao impuro, podre, abjeto, sujo. Para Mary Douglas
isso está aliado a regiões e lócus fronteiriços, que colocam em “risco” a ordem social.  fezes,
sangue, suor, vômito, tufos de cabelo, pedaços de carne, etc.  aparecem de modo ambíguo
nas categorias eu/não eu; morto/vivo; dentro/fora etc  Gerard Lenne tem proposta
semelhante morto/vivo, bestial/racional (pensei em o animal cordial!), humano/mecânico,
natural/artificial.

- Para Carrol, muitas vezes, a essas figuras “impuras” se atribui poder.  daí a equação:

pavor + aversão + poderes mágicos = Horror Artístico

1. O Horror Artístico

- Horror Artístico : é uma forma narrativo-ficcional que pode se desenvolver em diferentes


meios e linguagens de expressão (literatura, dramaturgia, teatro, balé, ópera, cinema, arte
sequencial etc) e que se define pela reação que causa no espectador – de horror.

- É PRECISO IDENTIFICAR COMO TAIS OBRAS TRABALHAM A QUESTÃO DO MEDO, DA AVERSÃO


E DO DESAFIO À NOSSA NOÇÃO SOBRE MUNDO NATURAL!

- Um catalisador: FIGURA MONSTRUOSA.  No contexto do horror o monstro provoca medo


e aversão nos personagens não-monstruosos. (O chewie, por exemplo, não provoca medo,
pois os personagens não têm medo dele)  São representados sob a impureza categórica –
híbridos de humanos e animais, vegetais humanoides, seres de raças desconhecidas, objetos
artificiais com vida inteligente, espectros, partes separadas do corpo com vida própria,
indivíduos que agem como autômatos. O monstro muitas vezes provém de lugares marginais
como esgotos, cemitérios e casas abandonadas.

- Diferentes níveis: 1) nível cognitivo; 2) nível sensorial; 3) nível simbólico.


1) percepção que temos do mundo “real” dentro dos ambientes ficcionais; são responsáveis
pelas formas narrativas que dão origem ao horror-gênero

- O surgimento do horror-gênero também está ligado às ideias românticas que recolocaram as


questões do espírito na vida física, redescobrindo o espírito no corpo e na natureza, discutindo
as possibilidades do mundo sobrenatural, da irracionalidade e da liberdade dos instintos.

2) o nível sensorial está ligado à capacidade da obra de provocar reações físicas e sensoriais
específicas  Linda Williams – espetáculo do corpo sujeito a emoções e sensações intensas
marcado por inarticulados gemidos, gritos e lágrimas.

 Isso tem uma relação com o baixo status que se atribuem a esses filmes que em teoria
“apelam” a uma camada mto sensorial extrema, como o pornô, por exemplo.

3) Camadas inconscientes, “primitivas”; satisfação de desejos reprimidos  aniquilação dos


monstros como senso de controle sobre os instintos

- “As histórias de horror também podem ser simbólicas no sentido de oferecerem uma
determinada compreensão do contexto social e político da sociedade racionalista e
capitalista na qual surgiram como gênero específico”

1.1 Uma Breve História da Ficção de Horror

- P/ Roberto de Souza Causo o horror pertence à tradição literária mais abrangente da


literatura especulativa (imaginar outros mundos possíveis). Especulações e fantasias literárias
estão presentes nos textos mais antigos conhecidos.

- Desenvolve um “estilo” mais próximo do que conhecemos hj a partir da IDADE MÉDIA.

Cultura medieval e Renascimento (meados do séc XIV – Fins do Séc XVI):

 Transição do Feudalismo p/ Capitalismo na Europa a partir do século XII; urbanização; peste


negra; guerras religiosas (cruzadas); rápido desenvolvimento de artes e ciências.  contexto
de ansiedade pelo futuro e profundo mal-estar alimentou um repertório social de medos
coletivos: medos de caráter cósmico (cataclismos, como os descritos na Bíblia), do bestiário
(lobisomens, vampiros e outros híbridos humano/animal), objetos maléficos (instrumento de
suplício, cemitérios, catacumbas, locais de execução de condenados – ex: Divida Comédia);
seres agressivos (torturadores, demônios, espectros e, sobretudo, bruxas).

 Junto com esses, as “personificações” do maior medo – A morte  deram origem a dois
importantes gêneros que surgiram simultaneamente no teatro e na poesia no século XIII: A
dança da morte (ou Dança macabra) e A morte e a donzela; representações da morte em
Bosch.
Barroco (final do século XVI – meados do século XVIII):

- Também colocou em pauta as questões relativas ao medo da morte e o sobrenatural, mas


“(...) para os artistas Barrocos, a busca por emoções intensas e extremas, aliada ao resgate
dos aspectos mais violentos da religião cristã, mostrava maior preocupação com os horrores
físicos, com as consequências da violência divina ou diabólica sobre corpos humanos
indefesos.”.

No entanto, o que se chama de gênero horror tem origem mais recente, ligada à popularização
do romance na Europa a partir do final do séc XVIII.  narrativas com códigos reconhecíveis
(muitos trazidos das experiências medievais). Divisão cronológica: (1) o horror gótico do séc
XVII, (2) o horror romântico do século XIX e (3) o horror moderno do século XX.

1.1.1 O horror gótico

- Discurso literário que teve início com os romancistas ingleses na segunda metade do século
XVIII.  habita as fissuras da Razão; nos transporta para além das fronteiras do conhecimento

 Retiram sua inspiração de construções e tradições medievais; querem voltar ao passado


feudal; desilusão com ideias racionalistas do Iluminismo; dilemas da Europa: industrialização,
urbanização, revoluções.  “(...) o romance gótico levantou questões que desafiaram o
projeto das Luzes ao expor, em parte, a natureza caótica do mundo a contingência da vida.(...)
os autores góticos investiram na criação de imagens obscuras e representações simbólicas.”
 medo e morte eram temas centrais; oscilação entre realidade verificável e aceitação de
mundo sobrenatural.

 Conteúdo nacionalista – pós revolução gloriosa de 1668  resistência protestante à


hegemonia católica dos Habsburgos na Europa. (volta ao passado para se distinguir da
herança latina católica)  referências como arquitetura gótica, graveyard poetry

 Romancistas góticos – Walpoe, Redcliffe, Lewis  transgressões das mais hediondas


(parricídio, fratricídio, sodomia, estupro, incesto, tortura) eram praticados contra vítimas
inocentes por velhos aristocratas ou religiosos demoníacos trazendo à tona um imaginário
violento, fantástico e pelo de significados políticos e ideológicos  lugares-comuns – vilões
monstruosos, maldições familiares, donzelas em perigo.

Legados do romance gótico: visão de um passado decadente (representado em espaços físicos


ou personificados em figuras malignas) e a relação com o sobrenatural.

Aspectos regressivos e retrógrados: fantasmas ressentidos que ocultam pecados antigos e


nunca vingados; vilões usurpadores que não aceitam sua origem não-aristocrática; maldições
ancestrais (domínio da superstição, medo da deformidade ou inadequação física) tratadas
como castigo divino, remetem ao pavor incutido pela religiosidade medieval.

1.1.2 O horror fantástico-romântico

- Influência do imaginário gótico sobre algumas vertentes da literatura e do teatro românticos


do séc XIX.  interesse dos românticos pelo sobrenatural e pelas atmosferas decadentes e
sublimes das novelas góticas deu origem a muitas histórias fantásticas, a maioria perturbadora
ou violenta, que se desdobraram em narrativas de horror.

 O lento processo incorporou alguns monstros derivados do folclore e dos relatos orais
europeus – vampiros do leste; lobisomens, bruxas.

 Publicados Frankenstein (1820), de Marry Shelley e O Vampiro (1919) de Lord Byron. O


primeiro marcaria o início da ficção-científica literária, ligando-a ao horror. O segundo, inspirou
várias outras histórias como Carmilla (1871) de Le Fanu e Drácula (1897) de Bram Sotcker –
Ambos extremamente influentes sobre o imaginário do horror moderno, atualizando a lenda
medieval dos sugadores de sangue de agricultores, para o mundo urbanizado, discutindo e
simbolizando desde a sexualidade desviante até a exploração no mundo capitalista.

- Além desses monstros, emergia também no romantismo, com maior nitidez, a figura do
indivíduo cujo inconsciente se projeta pra fora como espectro, ou algo análogo, que o
assombra e o converte em seu joguete. Essa figura pode assumir diversas formas, como o
sósia/duplo/doppleganger ou a do pacto com forças anti-humanas e satânicas, personalizadas
ou não no Diabo.

- Dois escritores mais famosos do séc XIX: o alemão E.T.A Hoffman e o inglês Edgar Allan Poe.

- As obras de Hoffman faziam a súmula do pendor romântico pela efusão das paixões
violentas, a visão dissonante do mundo, ímpeto irracional e o lado noturno e tétrico da vida.

- Poe foi uma espécie de herói do romantismo tardio (existência perturbada e morte precoce)
 temática fantástica e macabra; exploração da individualidade e dos sentimentos violentos,
interesse pelo onírico e pelo subconsciente, amor idealizado e morte.

- “Além de lidar com os temas do horror com enorme talento, Poe chamaria a atenção dos
artistas e estetas do final do século XIX por superar, em grande parte, as raízes góticas do
horror e do fantástico, retirando-os do passado medieval para trazê-los para o dia a dia do
mundo moderno, e fazendo com que homens comuns e os animais selvagens pudessem ser
tão brutais, misteriosos e malévolos quanto os vilões amaldiçoados, os castelos mal
assombrados e os bosques apavorantes da ficção gótica.”
- Na pintura, ímpetos fantásticos e românticos em Goya (ex; série de pinturas negras)

- Teatro  adaptações literárias; montagens unindo vampiros e Frankenstein  esses


espetáculos inspiraram uma tradição cujas escolhas cenográficas e sonoras seriam base, no
século XX, para o cinema de horror, muito mais do que suas próprias fontes literárias.

- Em meados do século XIX, o Romantismo começava a ser substituído por movimentos menos
irracionalistas como o Realismo e Naturalismo.  deram novos elementos à ficção de horror
com maior apelo ao grotesco e ambientação das histórias no cotidiano. Substituiam-se, em
parte, os vilões medievais e homens lendários por homens comuns. Essa tendência cresceu
ainda mais com o aumento da violência nas cidades (crimes como de Jack, o estripador, na
Londres vitoriana)

- Final do séc XIX – Simbolistas  horror como um dos elementos centrais da pauta – o
movimento se opunha a qualquer restrição estética, moral ou religiosa na arte que impedisse a
experiência do “horror e do êxtase da vida”. (ex: O retrato de dorian gray (1890) de oscar
wilde)

- Final do séc XIX – ficção de horror já era um gênero literário autônomo entre vários braços da
indústria cultural; nascimento do cinema

1.1.3 O horror moderno

- Imagens e histórias de horror absorvidas pela cultura de massas e espetáculos urbanos.


Horror artístico se expandiu para diversos veículos e começou a se segmentar em subgêneros
(alguns bem distantes das matrizes góticas)

- Início séc XX – mudanças profundas no espaço urbano: padronização dos espaços privados;
massificações dos padrões culturais  reflexo no imaginário social e artístico  No horror:
massificação do horror e conceitos além do “sobrenatural”  com as guerras, eventos de
destruição em massa e manifestação de barbáries sociais, a realidade passa a incluir a violência
inesperada, o estranhamento do outro, pressão pelo consumismo, transformando a vida diária
num potencial pesadelo.

Horror séc XIX – metáfora da subjetividade moderna ambígua; dicotomias dentro/fora,


masculino/feminino, corpo/espírito, nativo/forasteiro, burguês/aristocrata etc.

Horror séc XX – “frenesi do visível”; experiência mais sensorial e pautada na nova


subjetividade da vida moderna urbana. Choques físicos da vida urbana: rápido, caótico,
fragmentado e desorientador.
 A morte não natural, que sempre causara pavor, ganhava agora um caráter mais
violento, repentino, aleatório e publicamente humilhante, que parecia ir além da
compreensão racional. (engenhocas assassinas: trens, carros, máquinas industriais,
eletrodomésticos etc)

 Interesse pela sensação é uma chave de compreensão dos desdobramentos das


histórias e imagens de horror que fizeram, ao longo do séc. XX, o caminho da sugestão,
atmosfera e do medo, para o susto, a surpresa e o choque.  aproximavam-se muitas
vezes da ficção científica, das ameaças do mundo urbano e dos aspectos sombrios da
psicologia humana (advento da psicanálise  “descoberta” de um universo
inconsciente, incontrolável e brutal, comum a todos os sujeitos)

 Tendências:

o Horror sobrenatural  ligado às raízes góticas e de descobertas da


arqueologia, genética e paleontologia.
o Horror ligado à ficção científica  discute o poder das máquinas, seres
modificados e ETs.
o Horror psicológico  baseado nas descobertas da psiquiatria e da psicanálise;
personagens mentalmente monstruosos e enigmáticos.
o Horror escatológico  voltado a temas de violência física extrema e detalhada
que ocorre de maneira surpreendente e com resultados chocantes.

 O horror sobrenatural sofreu transformações no século XX e bebeu do imaginário


tradicional europeu e de contribuições africanas, americanas e asiáticas. Duas grandes
influências: H.P. Lovecraft e Stephen King. Lovecraft evitou os monstros tradicionais e
buscou fontes na mitologia antiga, além de criar a própria mitologia. Suas obras mais
relevantes foram publicadas na década de 1920. King tem ligação com vários tipos de
horror, especialmente o sobrenatural.

 O horror da ficção científica teve seu início com Mary Sheley e depois criou vida
própria pelas mãos de autores como Júlio Verne. A ficção científica criou vida própria,
aliando-se ocasionalmente ao horror.  aspecto monstruoso do futuro, ameaça com
perversões da natureza. Ex. H.G. Wells (Guerra dos mundos, A Ilha do Dr. Moreau).
Essas histórias traziam a tona novas imaginários

 O horror psicológico deriva das novas ciências da mente e cria um novo tipo de
monstro no contexto da convivência nas cidades: o psicopata assassino. Esse
fenômeno ganhou ainda mais força com as histórias reais de assassinos como Ted
Bundy e Edward Gein. Best Seller O Silêncio dos Inocentes (1988) de Tomas Harris e
Psycho (1958) de Robert Bloch) que deu origem a vários filmes de horror como Psicose
(1960) e O massacre da serra elétrica (1972). O horror escatológico também parece
estar ligado à violência anônima e destrinchada das cidades.

1.2 A ficção de horror no cinema

O cinema foi, possivelmente, o principal veículo para a ficção de horror no século XX,
absorvendo influências da literatura, do teatro, dos espetáculos urbanos, das histórias em
quadrinhos, do jornalismo etc.

1.2.1 A questão do gênero

- Embora o filme de horror tenha sido um dos mais populares de Hollywood desde os anos
1930, foi ao mesmo tempo um dos mais desqualificados.

- Muitos pesquisadores da área acreditam que o gênero horror deve ser definido “(...) a partir
de um imaginário em grande parte construído por uma audiência e por uma indústria que
buscam constantemente a novidade baseada no choque e na surpresa.”

- Se deve levar em conta não só os textos produzidos, mas também os seus consumidores e
produtores.

O cinema de horror pode ser visto como intersecção de algumas recorrências:

- temático/estrutural – filmes que contém histórias nas quais um elemento


monstruoso e/ou inexplicável no mundo natural que causa perplexidade e medo nos
personagens da ficção;

- iconográfico – filmes que se utilizam de imagens violentas e ao mesmo tempo


misteriosas, trabalhando a imprevisibilidade, o corpo violentado, a monstruosidade
e/ou elementos grotescos e escatológicos;

- industrial e comercial – filmes que se assumem inteira ou parcialmente como “de


terror”, ligando-se a valores como o medo, o choque causado pelas imagens de
violência, os susto, o imponderável ou sobrenatural como fontes de ameaça.

1.2.2 Pequeno histórico de um gênero mutante

- O primeiro celeiro significativo de cinema horrorífico foi na Alemanha.  um dos mais


prolíficos em literatura fantástica

- 1913 – O Estudante de Praga, Sellan Rye (aproveita histórias de Poe, Goethe e


Hoffman)  trata sobre o duplo maligno; primeiro sucesso internacional do cinema
alemão.

- 1916 – Homunculus, Otto Rippert


- Primeiro Pós-Guerra – Expressionismo Alemão – República de Weimar

- 1920 – O gabinete do Dr. Caligari, Robert Wiene  sombrio filme de mistério sobre
um sonâmbulo assassino controlado por um cientista louco.

- 1921 – A morte cansada, Paul Leni

- 1922 – Nosferatu – Uma sinfonia do Horror, F.W.Murnau  versão não creditada no


Drácula de Bram Stocker.

- 1924 – O Gabinete das Figuras de Cêra, Paul Leni

- Cinema Hollywoodiano começa a explorar o filão, com o sucesso na Alemanha

- 1923 – O corcunda de notre dame, Wallace Worsley  superprodução inspirada no


romance francês de Victor Hugo (que não era propriamente uma história de horror)

- 1925 – O fantasma da ópera, Rupert Julian  a superprodução da Universal Pictures


foi claramente inspirada nos filmes alemães.

- 1926 – The cat and the canary, Paul Leni (importado da Alemanha)  sobre casa mal-
assombrada

- 1929 – The last Warning, Paul Leni  sobre uma série de assassinatos num teatro

O horror B

Apesar desses investimentos, o horror não configurava propriamente um gênero da indústria.


Isso mudou com a chegada do cinema falado.  confirmou-se com isso a hegemonia
hollywoodiana e o horror surgiu com força (inicialmente “gothic horror”)  sucesso
recorrente desde a década de 1930.  difusão de revistas impressas, novelas de rádio,
histórias em quadrinhos  linhagem de filmes de horror da Universal no mercado do “Cinema
B”

- Características Cinema B: baixo custo de produção, passavam nos circuitos periféricos das
cidades antes dos lançamentos na sessão. Serviam como uma espécie de laboratório para
novos cineastas

- A partir da segunda metade do século XX a cinematografia inglesa, italiana e japonesa


encontrarão no horror um filão bastante lucrativo.
- 1931 – Drácula, Tod Browning – estrelado por Bela Lugosi, foi um grande sucesso de
público e abriu as portas para novos longa-metragens.

- 1931 – Frankenstein, James Whale – um dos maiores sucessos da década de 1930,


estreado por Boris Karloff.

- Os dois filmes deram origem ao “Universal Gothic”  cinema de horror baseado nos
monstros clássicos da literatura do século XIX.

- 1932 – A múmia, Karl Freund.

- 1932 – O homem invisível, James Whale.

- 1933 – King Kong, Merian C. Cooper  entrada do estúdio RKO no circuito.

- 1934 – Satanas  a pedido do público, a Universal uniu Lugosi e Karloff

- 1935 – A noiva de Frankenstein, James Whale  comédia de horror

- Nos anos 1940  Universal abandonava gradualmente o cinema de horror, R.K.O o regatou
para escapar da falência.

- 1942 – Sangue de Pantera, Lewton/Tourner.

- 1943 – A morta-viva, Lewton/Tourner.

- 1943 – O homem leopardo, Tourner.

- 1945 – A ilha dos mortos, Mark Robson.

- 1945 – Túmulo Vazio, Robert Wise.

- Os filmes produzidos por Lewton, deixando de lado os esgotados lobisomens e vampiros,


trouxeram ao cinema de horror ideias inovadoras e tramas mais adultas  incorporavam à
sutileza padrão do período, marcantes momentos de horror repletos de exotismo e de certa
profundidade psicológica.

- Ainda nos anos 1940 dois acontecimentos históricos marcam o cinema de horror: as bombas
de Hiroshima e Nagasaki em 1945 e o primeiro relato de aparecimento de um disco voador em
1947. Junto com a Guerra Fria, esses fatos estiveram presentes nas próximas produções que
uniam insistentemente o horror à ficção científica.

- 1953 – Guerra dos Mundos, Byron Haskin.

- 1956 – Invasores de corpor, Don Siegel.

- 1955 – O dia em que o mundo acabou, Roger Corman.


- 1954 – O Monstro da Lagoa Negra, Jack Arnold.

- 1955 – Tarantula, Jack Arnold.

- Na esteira dos ETs, a ficção-científica começou a explorar os mutantes

- 1957 – O incrível homem que encolheu, Jack Arnold

- 1958 – A mosca da cabeça branca, Kurt Newman

 Em todos esses filmes: postura militarista anti-comunista por um lado e crítica aos
valores tradicionais masculinos, por outro.  caráter relativamente transgressor que
os tornou objeto de culto até hj, influenciando o séc.XXI

- Mas em 1955, quando o horro parecia ter trocado o sobre natural pela ficção-científica, a
pequena companhia inglesa – Hammer Films – comprou alguns direitos da Universal.

- 1957 - A maldição de Frankenstein

- 1958 – Dracula

- 1959 – A múmia

- Dirigidos por Terence Fischer e protagonizados por Christopher Lee e Peter Cushing

Revoluções nos anos 1960

- 1960 - Psicose, Alfred Hitchcok – filmes revolucionário que abriu as portas da


modernidade para o cinema de horror.

O filme é considerado um ponto de virada – o filme que relacionou o horror com a psique
moderna, o mundo moderno, os relacionamentos modernos e a família (disfuncional)
moderna.  inspirou os filmes de slasher, stalker e serial-killer nos anos 70, 80, 90.

- 1961 – O que terá acontecido a Baby Jane?, Robert Aldrich  consagrado diretor de
filmes B e experimentais explora a loucura das famílias disfuncionais  uma ex-
menina prodígio tortura até a morte a irmã aleijada.

- Outra tendência importante da década eram os filmes de exploração  ramificação:


documentário mondo, tipo de filme sensacionalista que explora as misérias e horrores do
mundo “real”.
- 1961 - Mundo Cão, Jacopetti, Cavara, Prosperi (italianos)

- outra ramificação: sexploitation

- 1963 – Pussycat, Joe Sarno – O roteiro tratava de aliens sexólogos interessados na


vida sexual de Frankenstein. O diretor rodou mais de 200 filmes de sexploitation.

- Ainda em 1963, o realizador e produtor Herschel Gordon Lewis acrescentaria a esses filmes
cenas de violência cada vez mais espetaculares e explícitas.

- 1964 – Banquete de Sangue, Lewis.

- 1966 – 2000 Maniacs! – Lewis

- Com essas produções, Lewis inaugurou os subgêneros gore (filmes que privilegiam a violência
extrema, geralmente dirigida à sexualidade) e slasher (tipo de filme muito barato, em geral
produzido de forma independente e estrelado por atores jovens e desconhecidos, que narra
uma série de assassinatos espetaculares em cenários isolados e, de preferência, interioranos).
 No mesmo período, cineastas de outros países estavam fazendo coisas semelhantes:

- 1959 – Os olhos sem rosto, Jesus Franco (Espanha)

- 1962 – Gritos na noite, Nobuo Nakagawa (Japão)

- 1964 – À meia noite levarei sua alma, José Mojica Marins (Brasil)

- No final dos anos 1960 George A. Romero inaugurou no EUA seu primeiro longa
independente que popularizou no mundo o subgênero “filme de zumbi”.

- 1968 – A noite dos mortos vivos, Romero 

- O final da década tb ajudou a “elevar”o gênero ao nível do cinema de arte:

- 1967 – A dança dos vampiros, Polanski

- 1968 – O bebê de Rosemary, Polanski

Os filmes de culto e o cinema de exploração dos anos 1970

- cult movie – o cinema de culto se dava em sessões públicas e periódicas dos mesmos filmes,
às quais a audiência comparecia regularmente e criava uma série de rituais para o evento; a
maioria tinha pendor pelo grotesco, violento e bizarro; circuito alternativo de cinemas, drive-
ins, principalmente de madrugada.  envolve estratégia de leitura que busca o sublime no
ruim, no desviante e não na familiaridade  estética da aberração e da variação estilística.
- Época do sexploitation (filmes que envolviam sexo e violência), blaxploitation (filmes
violentos interpretados por atores negros interpretando os heróis), nunxploitation (filmes
sobre sadismo e violência em conventos), WIP ou woman in prision (filmes sobre prisões
femininas), shockumentaries (documentários com cenas de mortes reais ou forjadas ao redor
do mundo), os filmes de zumbis, filmes de terror realizados em países de terceiro mundo,
filmes sobre canibalismo, etc.

- 1975 – The Rocky Horror Show, Richard O’Brien

- 1977 – Eraserhead, David Lynch

- 1972 – O massacre da serra elétrica, Tobe Hopper

- 1972 – O aniversário macabro, Wes Craven

- 1979 – Canibal Holocausto, Ruggiero Deodato

- Com o advento do vídeo cassete nos anos 1980, as sessões da meia-noite, os drive-ins e os
“cinemas poeira” entraram em decadência  o fenômeno cult se tornou mais “doméstico” e
disperso.

Horror Classe A

- Enquanto, por um lado, os filmes de culto e de exploração eram ritos de passagem para
adolescentes norte-americanos, por outro, os grandes estúdios perceberam que aquele era
um filão rentável e produziram centenas de filmes que mobilizaram plateias do mundo inteiro.

- 1973 – O exorcista, William Friedkin – É o grande marco do cinema de horror entre as


superproduções; primeiro longa de horror a ser indicado ao Oscar de melhor filme.

- 1974 – Nasce um mostro, Larry Cohen

- 1975 – Tubarão, Steven Speilberg

- 1976 – Carrie – A estranha, Brian de Palma

- 1976 – A Profecia, Richard Donner

- Junto com os filmes de horror sobrenatural, cresceu a popularidade e quantidade de filmes


sobre serial killers.

-1978 – Haloween, John Carpenter  um dos grandes sucessos do período

- 1980 - Sexta-Feira 13, Sean Cunningham

- 1996 – Pânico, Wes Craven


- Fim da década de 1970 – Filão da ficção científica

- 1979 – Alien – O oitavo passageiro, Ridley Scott

- Anos 1980 e 1990

- muitas sequências e remakes dos anos 1970, além de imitações

- novas séries de filmes:

- 1984 – A hora do pesadelo, Wes Craven

- Anos 80 – Hellraiser, Clive Braker

- Nos anos 2000, os monstros dos anos 1980 começaram a ser colocados juntos em vários
filmes:

- 2003 – Fred X Jason, Ronny Yu

- Outro subgênero: filme de psicopata

- 1990 – O silêncio dos inocentes, Jonathan Demme

- 1995 – Os sete pecados capitais, David Fincher

- 2004, 2005, 2006 e 2007 – Jogos Mortais

- Na virada do milênio: retorno de filmes de catástrofe alienígena: Arquivo X, Independence


Day e Guerra dos Mundos.

- Filão espírita:

- 1999 – O sexto sentido, M. Night Shyalam

- 2004 – Os outros, Alejandro Almenabar

- 2002 – A espinha do diabo, Guillermo Del Toro

- multiplicação de séries de TV que tratam do tema em emissoras norte-americanas

A invasão oriental

- Entrada dos filmes de terror orientais no cinema ocidental  relevância da internet nesse
processo, que permitiu acesso a filmes de todo o planeta

- 1998 – O chamado, Hideo Nakata

- 2003 – O grito, Takashi Shimizu


- Esses filmes foram rapidamente “refeitos” pelos estúdios hollywoodiano, trazendo novo
fôlego ao cinema de horror  novas mitologias como do “fantasma vingativo”; horror
provocado pelo aparato tecnológico

- Abertura para um mercado de filmes de terror japoneses bem mais “radicais” (como os do
cultuado Takashi Miike) e para a entrada de filmes de terror de outros países orientais:

- 2004 – Espíritas – a morte está a seu lado, Pisanthanakum e parkpoom (Tailandês)

- 2006 – O hospedeiro – Bom Joon-Ho (Coreano).

2. O Horror Artístico brasileiro

- país rico em superstição e tradições populares  não se traduziu necessariamente em obras


de horror

2.1 O horror na mídia impressa: livros, revistas e gibis

2.1.1 O horror na literatura brasileira

- Poeta árcade mineiro Silva Alvarenga  primeiro a tratar do tema (metade do século XVIII
até começo do XIX.

- 1849 – Barão de Paranapiacaba  poema Octavio e Branca – Maldição Materna 


contornos góticos e de horror

- Metade do século XIX  Álvares de Azevedo, “Noite na Taverna”; José de Alencar


“Encarnação”. Casimiro de Abreu, Castro Alves e Augusto dos Anjos flertam com o tema.

- O realismo de Machado de Assis flertava com o tema  contos “O Espelho” e “Um


Esqueleto”

- Em suma, o século XIX para literatura de horror brasileira  sem nenhum grande texto do
gênero, com alusões e promessas que poderiam ser reaproveitadas no século seguinte.

- Humberto de Campos – O monstro e outros contos

- Contos de Joao Guimarães rosa

- 1944 – Nelson Rodrigues  folhetim meu destino é pecar  sucesso que teve versões no
rádio, cinema e TV.

- Gylberto Freire - Assombrações do Recife Velho

- 1964 – O Coronel e o Lobisomem – José Cândido de Carvalho

2.1.2 O horror pulp brasileiro

- diferentemente do que se deu na alta literatura, as histórias de horror eram mto populares
no Brásil do séc XX na literatura pulp.  se associou à indústria dos quadrinhos e à pornografia
- Escritor prolífico  Rubens Francisco Lucheti  publicou diversos contos, antologia, livros e
colaborou com o Mojica e Ivan Cardoso. Roteirizou alguns gibis e graphic novels.

- outro notório escritor de pulp fiction  José Carlos Ryoki de Alpoim Inoue  publicou mais
de mil livros de ficção barata

- década de 1970  diversos roteiristas de cinema brasileiros que trabalharam na Boca do Lixo
(como Luis Castelini) também fizeram incursões pela literatura de horror barata, adaptando
roteiros de seus filmes para livros feitos a toque de caixa, em papel jornal e vendidos em
bancas de revistas.

2.1.3 O horror nos quadrinhos brasileiros

- Histórias de horror em quadrinhos  surgiram, assim como as estrangeiras, na primeira


metade do século XX

 1937 – A Gazeta Juvenil – vilão garra cinzenta

- 1950  pós-guerra  EUA – Vault of Horror (EC Comics)  nova era no mercado de
quadrinhos  muitas revistas dedicadas exclusivamente ao horror

 Onda de revistas importadas e traduzidas dos EUA

 Macartismo barra mta publicações dos EUA  começa a se incentivar a produção nacional
de quadrinhos no Brasil

1966  série Drácula, Miguel Penteado  Depois Lobisomem, Frankenstein, A


múmia.

1967  Mirza, A mulher vampiro  primeira mosntra

 Lucheti e Rosso  gibi de luxo A Cripta (coleção Seleções de Horror)  histórias do


Nosferatu; 1969 – histórias de Zé do Caixão ajudaram a impulsionar a carreira de Mojica.  as
histórias se passavam em cenários brasileiros (não em ambientes “góticos” como na maioria
dos quadrinhos nacionais.

- Início anos 1970  decreto-lei n°1070 instituía censura prévia a publicações que atentavam
contra a “moral e os bons costumes”.  as cerca de 50 revistas dedicadas ao tema sumiram
do mercado.

- Final anos 1970  HQs ressurgiram com força  duas grandes revistas: Spektro, lançou
revival das histórias nacionais em cenário brasileiro, Kripta, laçava histórias estrangeiras e
nacionais com destaque para algumas envolvendo lendas brasileiras.
- Nos anos seguintes, os gibis de horror passariam a ter uma vida um pouco mais estável,
multiplicando-se nas bancas e revistas. Destaque para Contos Bizarros (2003) que contava
histórias reais de serial killers e No Reino do Terror (2001), que apresenta dez histórias com
roteiros de Lucchetti com todos os desenhistas com quem trabalhou.

2.2 O horror na mídia eletrônica

- Além de encontrarem espaço privilegiado nas histórias em quadrinhos e obras literárias, as


narrativas orais brasileiras sobre monstros e assombrações encontraram no século XX espaço
no rádio e na televisão  programas com dramatização/reconstituição de histórias
supostamente reais.

2.2.1 O horror nas ondas do rádio brasileiro

- Rádio foi o primeiro meio de comunicação em massa a se firmar no século XX  chega ao


Brasil em 1922 e se torna nos próximos 20 anos o principal meio de comunicação de massa do
Brasil.  responsável pela integração, por meio das notícias, música e “radiodramaturgia”.

- Na dramaturgia radiofônica  artista/produtor Henrique Foréis Domingues foi a figura mais


significativa a dar espaço para histórias de horror.  Criou em 1946 na Rádio Tupi o programa
Incrível! Fantástico! Extraordinário! Que reconstituía histórias de horror enviadas por ouvintes
e reescritas por roteiristas de rádio. As histórias eram acompanhadas por um detalhado
trabalho de radioteatro e de sonoplastia.  temas recorrentes: premonições mortais,
fantasmas, ladrões de túmulo, assassinos perseguidos por suas vítimas, entre outros.

2.2.2 O horror na televisão brasileira

1961 – Quem foi? – Programa de mistério da TV Tupi no qual os espectadores tentavam


solucionar histórias de crimes que às vezes envolviam elementos de horror. Apresentado por
Lucchetti.

1967 – 1968 – Além, Muito Além do Além - Roteirizado por Lucchetti; Apresentado e dirigido
por Mojica (estava em seu auge), na TV Bandeirantes.  contava histórias sobrenaturais
supostamente reais “reconstituídas”.  Fez sucesso estrondoso

1968 – Tv Tupi contrata Mojica e sua equipe pelo dobro do salário para fazerem O Estranho
Mundo de Zé do Caixão, dirigido por Antonio Abujamra.  tom surrealista  programa foi um
fracasso.

A partir dos anos 1970  hegemonia da Rede Globo  incluía histórias de horror na
teledramaturgia e em alguns programas jornalísticos

- Alguns episódios de Carga Pesada incorporavam lendas urbanas e tradicionais


brasileiras nas estradas atravessadas pelos caminhoneiros.

- Anos 2000  Linha Direta – Mistérios  abordava histórias reais de crimes ou acidentes em
torno dos quais houve suspeita de causas sobrenaturais; Linha Direta – Justiça  reconstituía
crimes famosos, alguns dos quais nunca solucionados.
- Novelas – elementos de horror de forma marginal, principalmente com abordagens “realista-
maravilhosa” e “espíritas”.

Destaques:

- Vamp (1991/1992), escrita por Antonio Calmon  conta a história de uma cantora
seduzida por um Conde e condenada a espalhar sua praga vampírica na cidade, criando uma
“guerra” entre humanos e vampiros.  fez muito sucesso

- O Beijo do Vampiro (2002), escrita por Antonio Calmon  um adolescente descobre


que descende de uma dinastia de vampiros liderada por seu avô.

Rede Record:

- Caminhos do Coração (2007/2008)  inspirado em Heroes, quadrinhos X-men e A


ilha do Dr. Moreau.  mutantes com superpoderes (alguns vampiros, lobisomens)

2.3 O horror na mídia cinematográfica: uma breve cronologia

1964 – À meia noite levarei sua alma, José Mojica Marins – Primeiro longa brasileiro a assumir-
se como um filme “de horror”.

- Alguns filmes anteriores a 1964 se aproximam ao gênero

2.3.1 Antes do Horror

2.3.1.1 O cinema mudo: os filmes de crimes e o sobrenatural

- Se dividem principalmente entre filmes fantásticos-cômicos, feitos a maneira de Meliès;


criminais, vertente muito popular do cinema de atualidades que depois estaria diretamente
ligada ao cinema de exploração; os melodramas-religiosos-sobrenaturais, que abordavam
temas como aparições e intervenções divinas no mundo ordinário.

Temática fantástica:

1908 – O diabo, Antônio Campos – filme “posado”

1909 – O duelo de cozinheiros

1917 – Nas entranhas do morro castelo

1917 – Os mistérios do rio de janeiro, Coelho Neto

Melodramas religiosos: histórias edificantes de milagres e aparições divinas


possibilitados pela fé católica.  Final do século XX filmes espíritas brasileiros
recuperam o tema.
1923 – Os Milagres de Nossa Senhora da Penha, Arturo Carrari – filme em episódios,
narrado por um mendigo, que mostra a interferência da nossa senhora da penha na
vida de 4 personagens.

1925 – História de uma Alma, Pedro Vergueiro – biografia de Santa Teresa de Lisieux

1927 – O descrente, Francisco Madrigano

Os criminais: destaque, fizeram grande sucesso nos primeiros anos do cinema


brasileiro.  dedicados exclusivamente à reconstituição de crimes sensacionais
noticiados na imprensa, destacando seus elementos bizarros e surpreendentes.

1908 – Os estranguladores do rio – descrevia o duplo assassinato de sobrinhos de um


joalheiro

1908 – A mala sinistra  famoso crime em que um guarda-livros esquarteja seu patrão
e tenta despachar seu cadáver por navio no porto de Santos.

2.3.1.2 Anos 30 a 60: as comédias musicais sobrenaturais

- década de 1920 – chegada do cinema falado; exigia adaptações caras e complicadas nas salas
de exibição e nos equipamentos de captação.  solução: comédia musical, estilo importado
dos EUA  comédias musicais tornaram-se a marca principal do cinema de ficção brasileiro
nessa época.

1937 – O jovem tataravô, Luis “Lulu” Barros  um “novo rico” carioca promove um
ritual egípcio no qual ressucita um tataravô falecido que, após causar uma série de
problemas, é enviado de volta para o além através de um ritual de macumba.

1946 – Fantasma por acaso, Moacyr Fenelon  estrelada por Oscarito (então, um
astro em ascensão)  conta a história de um zelador recém-falecido obrigado a
retornar ao mundo dos vivos para auxiliar o filho do ex-patrão.

1952 – Os três vagabundos, José Carlos Burle  baseado nos sucessos B dos EUA de
ficção científica  comédia com elementos de horror e ficção científica (casa mal-
assombrada, cientista maluco, troca de cérebros) estrelada por Oscarito, Grande
Othelo e José Lewgoy.

1962 – Os apavorados, Ismar Porto  último filme “de carreira” da companhia


Atlântida.

2.3.1.3 Anos 50: Dramas de suspense e mistério

- Além das comédias musicais e da consagração dos estúdios cariocas, os anos 1950 viram
crescer no Brasil, especialmente em São Paulo, o sonho do cinema industrial e uma produção
de linhagem hollywoodiana  cinebiografias, westerns, filmes policiais, melodramas femininos
etc.

 companhias cinematográficas do período: Vera Cruz (fund. Por Franco Zampari e Francisco
Matarazzo Sobrinho em 1949); Maristela (fund. Pela família Audrá em 1950); Multifilmes
(fund. Por Anthony Assumpção em 1952).  Vera Cruz era símbolo da prosperidade italiana na
capital paulista.

- Vera Cruz: Alguns sombrios melodramas calcados em figuras femininas

- 1949 – A sombra da outra, Watson Macedo  mulher que sofria de dupla


personalidade é acusada de cometer um crime.

- 1950 – Caiçara, Adolfo Celi  violência doméstica, assédio, bruxaria

- 1952 – Veneno, Giani Pons

- Maristela

- 1952 – Meu destino é pecar, Manuel Peluffo  melodrama com ares góticos

- 1956 – Leonora dos Sete Mares, Carlos Hugo Christensen  mistério envolvendo
mulher morta.

- Multifilmes

- 1954 – Mistério no Cafezal, José Carlos Burle  inspirado em Rebecca do Hitchcock

- Brasil Filmes: surgiu depois

- 1958 – Estranho encontro, Walter Hugo Khouri – casal se esconde de um maníado


numa casa isolada.

- 1959 – Ravina, Rubem Biáfora – uma moça de família rica e decadente acredita ser
portadora de uma maldição

2.3.1.4 Obscuridades

- 1951 – Alameda da Saudade 113, Carlos Ortiz  baseado numa lenda urbana em que
um rapaz se apaixona por uma moça que já esta morta e o leva a cometer suicídio.

- 1952 – Noivas do Mal , George Dusek  sobre um serial killer que estrangula jovens
moças com meias de nylon.

No final da década de 1950 o Brasil foi cenário de dois filmes dos EUA de horror

1955 – Curuçu – O terror do Amazonas, Curt Siodmak

1960 – Mistério da Ilha de Vênus, Douglas Fowley  trata de uma perigosa seita de
vudu que envolvia os nativos de uma fictícia ilha.
2.3.2 O auge do horror

- Entre 1963 e 1983 – primeira época “de ouro” do cinema nacional  florescimento de uma
extensa e variada cinematografia de horror  propostas marcadamente autorais e outras
derivadas do filme erótico explorado à exaustão por produtores cariocas e paulistas.

2.3.2.1 O pioneiro Zé do Caixão

- Noção de cinema de autor construída nos anos 1950  surgimento de um novo grupo de
jovens cineastas comprometidos com a ideia de cinema autoral

- José Mojica Marins – jovem cineasta do Brás, filho de um gerente de cinema

1964 – À meia noite levarei sua alma, José Mojica  grande sucesso de bilheteria,
chamou a atenção de Glauber Rocha e Rogério Sganzerla.  caráter inventivo e experimental;
contato iconoclasta com a cultura popular.

1967 – Esta noite encarnarei no teu cadáver, José Mojica

1968 – O estranho mundo de Zé do Caixão

- Anos 70  as coisas se complicaram por conta da censura; problemas com alcoolismo 


decadência do cineasta, ostracismo  retirado do ostracismo com a produção de A
Encarnação do Demônio.

2.3.2.2 Os fenômenos coletivos – São Paulo

- Na boca do lixo (quadrilátero de ruas do bairro da Luz, no centro de São Paulo), região sede
de mais de uma dezena de produtoras de filmes entre os anos 1960 e 1980, foram produzidos
diversos filmes de horror eróticos.  A região atraía produtoras desde os anos 1920 pela
proximidade do trem e a partir dos anos 1950 foi transformada em zona de meretrício e tráfico
de drogas.

- A partir dos anos 1960 os filmes ali produzidos ficaram conhecidos como “pornochanchadas
paulistas”  filmes eróticos populares cujos roteiros eram baseados nos gêneros
cinematográficos clássicos, dentre os quais o horror era um dos mais frequentes.

- Antônio Pólo Galante  produtor da boca que investiu no gênero

1968 – Trilogia de Terror – Ozualdo Candeias, Luís Sergio Person e Mojica.

1974 – O Exorcismo Negro, dirigido e estrelado por Mojica – Produzido por Anibal
Massaini  na esteira de O Exorcista.

1974 – Signo de Escorpião, Carlos Coimbra  filme de serial-killer baseado em O caso


dos dez negrinhos, de Agatha Christie  pitadas de ficção científica e horror
sobrenatural.

Filmes paródicos:

1975 – O Jeca contra o Capeta, Mazzaropi – paródia de O Exorcista


1976 – Bacalhau, Adriano Stuart – paródia de Tubarão (1975).

A partir de 1976 o gênero floresceu na Boca do Lixo, cerca de 20 filmes de horror de


diretores/produtores como Fauzi Mansur, David Cardoso, Luiz Castelini, Antonio Meliande,
John Doo, Jean Garret, Raffaelle Rossi, Juan Bajón e o próprio Mojica  tinham em comum o
uso dos clichês das pornochanchadas (sexo, nudez, machismo) e do horror (violência, sangue,
fenômenos sobrenaturais).

1976 – Excitação, Jean Garret

1977 – Seduzidas pelo demônio, Raffaelle Rossi

1979 – A força dos sentidos, Jean Garret

1977 – Ninfas Diabólicas, John Doo

1979 – Uma estranha história de amor, John Doo

1981 – A reencarnação do sexo, Luis Castelini

1981 – Cobiça do Sexo, Mozael Silveira

1981 – Liliam – A suja

1982 – Excitação diabólica, John Doo

1982 – O castelo das taras, Julius Belvedere

 Traziam elementos como possessões demoníacas, assombrações, maldições,


satanismo etc

No mesmo período, muitos filmes que exploram o horror pela via da violência irracional

1978 – O estripador de mulheres, Juan Bajón

1977 – Snuff – Vítimas do prazer, Cláudio Cunha

1976 – Amadas e Violentadas, Jean Garret

1979 – O matador Sexual, Tony Vieira

1980 – Instinto Devasso, Luis Castelini

1982 – Bonecas da Noite, Mario Vaz Filho e Luiz Castelini

- Destaque para Walter Hugo Khouri, que fazia incursões nem particulares no gênero.
1978 – As filhas do fogo

1974 – O anjo da noite

2.3.2.3 Os fenômenos coletivos – Rio de Janeiro

- No RJ, os filmes de horror começaram a dar seus primeiros passos ligados à comédia

- Adolpho Chadler

1969 – Episódios em Incrível! Fantástico! Extraordinário!

1969 – O impossível acontece

1969 – Um sonho de vampiros, Iberê Cavalcanti – chanchada carnavalesca de terror


estrelada pelo comediante Ankito.

- Linha mais próxima da curtição e do avacalho do cinema marginal:

1970 – A possuída dos mil demônios, Carlos Frederico

1972 – O guru de sete cidades

1974 – Lobisomen, o terror da meia noite, Eliseu Visconti

1971 – Memórias de um estrangulador de loiras, Julio Bressane

1971-1975 – Copacana Mon Amour, Rogério Sganzerla

- Na pornochanchada carioca

1974 – A viúva virgem, Pedro Carlos Rovai  assombração de um terrível coronel 


mais de 2 milhões de espectadores

Entra em cena a Embrafilme, fundada em 1969 pelo Regime Militar

1975 – A mulher do desejo, C.H. Christensen

1975 – Enigma para demônios, C.H. Christensen

1977 – A virgem da colina, Celso Falcão

1979 – Uma fêmea do outro mundo, J. Figueira Gama

1983 – Momentos de prazer e agonia, Adnor Pitanga e Rossana Ghessa


1982 – O banquete de taras, Carlos Alberto de Almeida.

2.3.3 Os horríveis anos 1980

- Crise econômica e escalada inflacionária  aumento nos custos de produção; afastamento


do público dos cinemas.

- Advento do videocassete e filmes pornográficos hard core importados dos EUA  mudam
mercado consumidor de cinema no Brasil

- Maior liberdade com a abertura política; crescimento do filão juvenil com a explosão da
música pop; surgimento de uma importante escola de curta-metragens, explosão da lucrativa
indústria pornográfica.  No entanto, para o cinema de horror foi uma época pouco prolífica.

- Filmes produzidos de forma dispersa, sem buscar formar um filão  os mais bem-sucedidos
foram os do carioca Ivan Cardoso, que já havia feito alguns curtas nos anos 1970

Fez três comédias de horror; grande apelo de pública e crítica; participou de festivais
internacionais  nessas comédias repletas de música pop e de mulheres seminuas,
misturavam-se quiproquós chanchadescos, trechos de antigos filmes de monstros,
histórias em quadrinhos e novelas radiofônicas  mosaico lúdico conhecido como
terrir.

1978-1982 – O segredo da múmia

1986 – As sete vampiras

1990 – O escorpião escarlate

2.3.4 O horror da retomada

- Começo da década de 1990, Collor extinguiu os principais órgãos estatais ligados ao cinema
nacional: Embrafilme, Concine e Fundação do cinema brasileiro.  grande crise do cinema
brasileiro  produção de longas despenca, inviabilização de festivais tradicionais como o de
Gramado e o de Brasília

- Com o impeachment de Collor, seu sucessor, Itamar Franco, assina em 1993 a Lei do
Audiovisual  trazia mecanismos capazes de financiar a produção de longas por meio de
incentivos fiscais.  esse processo ficou conhecido como Retomada do Cinema Brasileiro.

- Cinema da Retomada – diversidade temática e estilística; muitos filmes de diretores


estreantes; aproximação com padrão de produção mais próximo ao Holywoodiano.

- Tematização dos problemas sociais brasileiros sob um viés menos engajado politicamente

- Entrada de grandes redes de televisão no mercado


- Alguns sucessos de bilheteria

 O horror esteve distante das experiências cinematográficas de longa-metragem no Brasil.


Porém, alguns filmes Flertaram com o gênero

Adaptações da obra de Nelson Rodrigues, pelo produtor Andrucha Waddington, da produtora


Conspiração Filmes

1999 – Diabólica, Cláudio Torres (curta-metragem do longa Traição)

1999 – Gêmeas, Andrucha  estrelado por Fernanda Torres, conta a história de duas
gêmeas obcecadas pelo mesmo homem e capazes de crimes horríveis para conquista-
lo.

Corrente de filmes sobre serial-killers, com recorte ligado ao gênero policial  tratam com
humor, mas com uma dose considerável de violência, o assassinato de mulheres.

2001 – O Xangô de Baker Street, Miguel Faria Jr.

1996 – 2004 – Olhos de Vampa, Walter Rogério

Fantasias espíritas, inspiradas em Ghost, do outro lado da vida, 1990

2006 – Fica comigo esta noite, João Falcão

2007 – Acredite, um espírito baixou em mim, Jorge Moreno

Filmes de lobisomem

2005 – O coronel e o lobisomem, Maurício Farias – Estrelado por Diogo Villela; tom
alegórico

2005 – Um lobisomem na Amazônia, Ivan Cardoso – Sua primeira ficção desde os anos
1990; terrir

O longa de Mojica

2008 - A encarnação do demônio, Mojica  terceira parte da trilogia do Zé do Caixão

Leva de longa-metragens feitos em vídeo  tecnologia que, disponível para os realizadores,


tem permitiu renovação no cinema nacional. Destaque para Petter Baiestorf, realizador de
trash movies cultuados no Brasil; David Pinheiro; Felipe Guerra

2003 – Zombio, Baiestorff

2005 – A bruxa do Cemitério, Semi Salomão Neto (paranaense)


2011 – Entrei em pânico quando soube do que vocês fizeram na sexta-feira 13 do
verão passado, Felipe Guerra.

- Surgiram muitos curtas dignos de nota no período:

2007 – Um Ramo, Juliana Rojas e Marco Dutra  fantasia sombria

2004 – Assombrações do Recife Velho  série de curtas para a TV

2003 – Amor só de Mãe, Dennison Ramalho (gaúcho)  o curta teve muita visibilidade

- O curta de Dennison estabelece um novo paradigma para o gênero no país, abandonando o


humor escrachado, o improviso, a assumida precariedade de produção e o caráter muitas
vezes experimental

III – O cinema brasileiro e seus horrores

- Divisão geográfica/cartográfica

Horror de autor: território que pertence a uma contribuição autoral para o cinema
brasileiro de horror, inaugurando tendências e dando ao gênero um tratamento
deliberadamente pessoal e distintivo. Trabalho de Mojica.

Horror clássico: abrange diversos títulos realizados por diferentes cineastas em várias
épocas, de acordo com parâmetros tradicionais de histórias de horror, concentrados
mais na criação de atmosferas ambíguas do que na exposição detalhada e explícita
dos fatos horroríficos. Teve início nos filmes góticos femininos dos estúdios paulistas
nos anos 1950, foi retomada de maneira autoconsciente por importantes autores do
cinema brasileiro nos anos 1970 e retornou nos anos 1980 em filmes erótico-
fantásticos.

Horror de exploração: filmes de horror brasileiros que adotaram uma estética mais
chocante e mesmo escandalosa, articulando horror com sexploitation e
teensploitation. Ligados em sua maioria ao ciclo da pornochanchada, mas também
presentes nos anos 50 e no cinema da retomada dialogam com uma tendência
verificada em vários países do mundo com abordagens sensacionalistas, títulos
sugestivos de temas polêmicos e extremamente violentos.

Horror Paródico: estratégia discursiva comum no cinema brasileiro: a paródia. Usam o


gênero clássico do horror como fontes de brincadeiras anárquicas e metalinguísticas.
Ligado às comédias populares, desdobrado em diversos estilos como o cinema
marginal, terrir de Ivan cardoso, parte da filmografia de Mazzaropi.
Outros Horrores: casos isolados ou restritos, como os filmes espíritas, de lobisomem,
filmes infantis que dialogam com o horror, longas estrangeiros realizados no Brasil.

3. Horror de Autor

O choque fascinante do primitivo encontra o cinema na era da viagem à Lua. (...) A descoberta de uma
linguagem secreta, transfigurante, dos rituais de uma seita de pobres iniciados que lutam para sobreviver
metendo a cara numa tela. (...) Vinte e cinco ou mais longas-metragens feitos com técnica alternativa fazem
uma surpreendente cultura de pobre para pobre. Thanatos e Eros em uma criação exacerbada. É o cinema
de terror brasileiro, um espantoso kitsch. (PIGNATARI, em texto feito para o documentário O UNIVERSO DE
JOSE MOJICA MATINS, 1978, de Ivan Cardoso).

Desmedida, horror e brutalidade são traços distintivos das rústicas fábulas cinematográficas de José Mojica
Marins, as quais abordam temas como o sobrenatural, a violência e as pulsões sexuais. Autodidata, Mojica
filma de maneira intuitiva, sem esconder as deficiências técnicas e a falta de recursos. Sua mise-en-scène
combina pretensão, grandiloqüência, precariedade material e inépcia, o que torna seu “estilo” único e
atraente. Os transbordamentos estão por todo lado: nos cenários grosseiros; na fotografia suja; nos diálogos
inverossímeis que mesclam uma retórica ao mesmo tempo pomposa e simplória; no
amadorismo dos atores, que adotam um tom declamatório, como se recitassem suas falas. A falta de
comedimento prossegue nas situações excessivas propostas pelos filmes, nos quais canibalismo, mutilações,
blasfêmias e sadismo são moeda corrente. Visto sob esse prisma, o cinema de Mojica parece algo
totalmente artificial. No entanto, ele mantém uma relação estreita com o real, pois os excessos,
apresentados muitas vezes com uma ingenuidade desconcertante, surgem com freqüência em situações
caracterizadas por pretensões de verossimilhança. (...) Os atores parecem representar a si mesmos,
sensação reforçada pela espontaneidade do sotaque e pelos erros de sintaxe. A coexistência paradoxal de
artificial e natural, convenção e autenticidade, imaginação e realidade, permite dois modos de expressão. O
primeiro é o choque, caro aos surrealistas, em que a anormalidade, o excesso, o sonho, o irracional ou o
sobrenatural surgem em um contexto estável e corriqueiro. (...) O segundo modo de expressão é a
comicidade involuntária. (ABAGIBTI, Um arranjo prosaico e extravagante, 2007)

Cinema de autor  conceito derivado da literatura e desenvolvido pelos críticos da revista francesa
Cahiers du Cinema nos anos 1950  modo de fazer e “ler” filmes a partir da noção de uma “escrita”
individual cujo domínio pertence ao diretor  recorrência de certos temas; configurações iconográficas.

- Primeiro no país a fazer filmes auto-intitulados “de horror”  reconhecido como tal pela crítica e pelo
público; influencio próximas gerações de cineastas.

- Criou um personagem muito original, quase sem paralelo no repertório canônico dos monstros do
horror: o Zé do Caixão, coveiro psicopata.  postura aristocrática, se veste como um exu, (capa e
cartola), comporta-se como um bandido de western e se diverte de forma sádica torturando pessoas
numa cidade do interior  subverte a ordem vigente e ataca superstições, religiões e a mediocridade.
(Agrega elementos muito distintos, alguns notadamente brasileiros).  Embora tenha aparecido em
poucos filmes, tornou-se uma figura midiática muito popular.

- Importância no cinema de horror internacional  foi um dos pioneiros mundiais na produção de


filmes de horror explícito, do gore  realismo brutal/ preparação de atores

- Entre os mestres do horror, ele é um dos únicos que se apresenta nas telas interpretando o próprio
monstro, produzindo deliberadamente tanto em seus filmes como em sua vida uma confusão entre
autor e personagem

- Para contar as histórias do coveiro, Mojica sobrepõe de maneira muito particular, os elementos
fantásticos aos da sociopatia  Zé do Caixão é um ente mortal mas é visto como poderoso diante
daqueles com quem contracena; as figuras sobrenaturais entram em cena para punir o próprio Zé do
Caixão  interferência moralizante e sobrenatural proveniente dos melodramas religiosos (cultura
brasileira  sobrenatural não é um elemento desviante)  Inventou um personagem que não crê no
sobrenatural e que, com isso, pode se espantar e apavorar com sua interferência.

- articulação estranha de demência e transcendência

- Ideia de “justiça divina” e resposta sobrenatural para os problemas do mundo dos homens  presente
na filmografia do autor

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