Ana Eloísa Cruz de Oliveira1, Isis Milane Batista de Lima2, João Agnaldo do Nascimento3, Hemílio
Fernandes Campos Coelho4, Sérgio Ribeiro dos Santos5
5 Universidade Federal da
Paraíba (UFPB), Programa
de Pós-graduação em
Enfermagem e Programa
de Pós-graduação em
Modelos de Decisão em
Saúde – João Pessoa (PB),
Brasil.
srsantos207@gmail.com
Saúde Debate | rio de Janeiro, v. 40, n. 109, p. 212-218, ABR-JUN 2016 DOI: 10.1590/0103-1104201610917
Implantação do e-SUS AB no Distrito Sanitário IV de João Pessoa (PB): relato de experiência 213
como foi o caso do Siab, do Hiperdia e do Encontrar erros nas fichas enviadas pelos
Sistema de Vigilância Alimentar Nutricional profissionais das Unidades de Saúde;
(Sisvan), com projetos de integrar também o
Sistema de Acompanhamento do Programa Alguns computadores apresentarem pro-
de Humanização no Pré-Natal e Nascimento blemas técnicos, necessitando de reparos.
(Sisprenatal) em futuras atualizações. Foram
retirados das unidades impressos que não Todas as dificuldades enfrentadas durante
seriam mais utilizados pelas equipes, e os a implantação foram relatadas no relatório
digitadores responsáveis pelos sistemas de- solicitado pela Diretoria de Atenção Básica,
sativados formaram a equipe de digitadores para que o desempenho do sistema pudesse
responsáveis pela alimentação do e-SUS AB. ser otimizado.
Assim, com o início da implantação do Logo, a primeira exportação de dados
e-SUS, as dúvidas foram surgindo com no DS IV foi realizada no dia 29 de maio de
relação à utilização das fichas e puderam ser 2014, sendo constatada deficiência na oferta
esclarecidas por meio de um guia ou manual de dados presentes no único relatório gerado
distribuído na capacitação, de telefonemas pelo sistema, que era composto apenas pela
dos profissionais das equipes e dos apoiado- quantidade de fichas digitadas por máquina,
res ao DS IV e da presença da referência da divididas apenas pelos tipos de fichas.
gestão da informação em visitas técnicas às Nos meses seguintes, foi observado que
unidades, assim como em algumas reuniões o DS IV já estava com um quantitativo sufi-
de equipe. À medida que as fichas chegavam ciente de fichas fornecidas pela Secretaria de
ao DS IV para digitação, também era possível Saúde, seus digitadores já estavam adaptados
detectar variados erros de preenchimento, ao funcionamento do e-SUS AB, os computa-
alguns que até impediam a digitação por se dores foram reparados, sendo alguns substi-
tratar de campos obrigatórios no sistema. tuídos por novos, e os erros cometidos pelos
Em decorrência desse fato, foram elabora- profissionais no preenchimento das fichas
dos dois impressos, e com esses instrumentos foram diminuindo de forma significativa.
tornou-se possível sinalizar para as equipes Algo que passou a constituir uma situação
as fichas do e-SUS AB que foram digitadas problema foi a demanda reprimida de fichas
com êxito, e que já poderiam ser arquivadas para digitação. Com a implantação e com
no serviço, e aquelas que possuíam alguma todos os ACS realizando o cadastramento das
pendência a ser resolvida, para que a mesma suas áreas, o número de fichas que chegava
pudesse ser solucionada e a ficha pudesse re- ao setor de digitação acabou sendo maior
tornar ao DS IV para ser inserida no sistema que o número de fichas que eram digitadas
com sucesso. Ambos foram apresentados e encaminhadas de volta aos serviços, prin-
aos demais DS em reunião na Secretaria cipalmente quando em concomitância com
Municipal de Saúde, padronizando o instru- as fichas de atendimentos, procedimentos,
mento para todos os outros distritos. visitas domiciliares e atividades coletivas.
O início da alimentação do sistema ocorreu Por ser uma dificuldade não só do DS IV,
de forma lenta pelos seguintes motivos: mas de todos os distritos de João Pessoa,
foi realizado um plano operativo para dar
Iniciar a utilização das fichas com um quan- vazão às fichas de cadastramento, no qual os
titativo de impressos insuficiente frente à DS puderam formar grupos de pessoas para
necessidade de cada equipe de saúde; auxiliar em uma digitação extra, feita com o
apoio da Universidade Federal da Paraíba,
Ser um período de adaptação para os que cedeu o laboratório de informática do
digitadores; Centro de Ciências da Saúde para que tal
atividade fosse desenvolvida, resultando em um novo sistema que traz consigo uma nova
uma importante contribuição no processo de proposta de utilização, com ferramentas
diminuição da demanda reprimida de fichas diferenciadas.
a digitar. É notório que todos os esforços de re-
Atualmente, as maiores limitações que o estruturação do sistema só serão comple-
sistema apresenta são a impossibilidade de tos e efetivos com o envolvimento real dos
edição de dados já digitados e exportados no gestores, dos profissionais de saúde e dos
e-SUS AB e a escassez de dados fornecidos trabalhadores do SUS na implantação, na
no relatório de exportação, que ainda não utilização e no aprimoramento do Sisab e
passou por nenhuma modificação significa- da estratégia e-SUS AB, uma vez que esse
tiva que fizesse com que o mesmo ofertasse é um processo contínuo, que exige tempo
uma maior quantidade de dados da situação e muitos estudos para que possa ser, na
de saúde dos territórios, não oferecendo fer- prática, tudo aquilo que foi idealizado na
ramentas necessárias para o processo de mo- teoria, em seus manuais, adaptando-se da
nitoramento e processamento de dados pelos melhor forma a cada realidade, principal-
gestores e, consequentemente, dificultando mente quando se trata de um território
o processo de planejamento e avaliação de diversificado como o Brasil, com tantas
ações realizadas na AB, tanto no âmbito do particularidades.
DS IV como no da Secretaria Municipal de Em João Pessoa (PB), a reestruturação
Saúde. dos sistemas de saúde na AB junto ao e-SUS
Espera-se que, em breve, nas próximas AB está avançada e, embora seja algo novo, já
atualizações do e-SUS AB, as limitações mostrou benefícios no processo de trabalho
possam ser resolvidas ou amenizadas, me- dos profissionais envolvidos, principalmen-
lhorando seu processo de utilização, favo- te na diminuição da quantidade de impres-
recendo o processo de gestão da informação sos utilizados nos registros de atendimentos
na AB de João Pessoa e elevando ainda mais e procedimentos realizados por cada um.
a qualidade dos serviços de saúde ofertados Apesar de ainda apresentar limitações, como
pelo SUS. é o caso da impossibilidade de edição das in-
formações já alimentadas no sistema e o fato
de possuir um relatório que pouco oferece
Considerações finais subsídios para monitoramento da situação
de saúde dos territórios, espera-se que seja
Com o passar dos anos, com as transforma- algo resolvido com o surgimento das futuras
ções que a sociedade sofre e as mudanças versões do sistema.
apresentadas pela situação de saúde da po- Tal relato de experiência foi realizado
pulação, faz-se necessário que os sistemas com o intuito não simplesmente de expor o
de informação em saúde acompanhem toda processo de implantação do e-SUS AB em
essa dinâmica realidade, sendo modificados, João Pessoa (PB), mas, também, de servir de
aprimorados e modernizados com base nas base no processo de implantação do sistema
inovações tecnológicas cada vez mais avan- em outros municípios e de conhecimento
çadas e presentes na gestão da informação. de gestores, profissionais e da população
O processo de implantação de um sistema em geral, uma vez que a temática ainda se
de informação é complexo, principalmente faz pouco presente na literatura, já que diz
quando é necessário realizar a transição de respeito a um sistema de informação recen-
sistemas já utilizados há muitos anos para temente criado e utilizado. s
Referências