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Fascia Estudo Fisico Energetico
Fascia Estudo Fisico Energetico
SÃO PAULO
2010
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO 03
2. DA FORMAÇÃO Á FUNÇÃO FÍSICA DA FÁSCIA 04
2.1. Embriologia 04
2.2. Citologia 06
2.3. Histologia 11
2.4. Anatomia 14
2.5. Biomecânica 16
CONCEITOS BÁSICOS EM MEDICINA
3. TRADICIONAL CHINESA 21
3.1. Yin Yang 21
3.2. Substâncias Básicas 22
3.2.1. Jing 22
3.2.2. Chi 23
3.2.3. Xue 25
3.2.4. Jinye 25
3.2.4.1. Água 26
3.2.5. Relação entre as Substâncias Básicas 26
3.3. Zhang 27
4. A ENERGIA NA FÁSCIA 29
4.1 Meridianos 29
4.2. Respiração 30
4.3. Chi Gong 32
4.4. Artes Marciais 33
4.5. Huang Di Nei Ching 35
5. PESQUISAS LABORATORIAIS 39
2
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO 03
2. DA FORMAÇÃO Á FUNÇÃO FÍSICA DA FÁSCIA 04
2.1. Embriologia 04
2.2. Citologia 06
2.3. Histologia 11
2.4. Anatomia 14
2.5. Biomecânica 16
CONCEITOS BÁSICOS EM MEDICINA
3. TRADICIONAL CHINESA 21
3.1. Yin Yang 21
3.2. Substâncias Básicas 22
3.2.1. Jing 22
3.2.2. Chi 23
3.2.3. Xue 25
3.2.4. Jinye 25
3.2.4.1. Água 26
3.2.5. Relação entre as Substâncias Básicas 26
3.3. Zhang 27
4. A ENERGIA NA FÁSCIA 29
4.1 Meridianos 29
4.2. Respiração 30
4.3. Chi Gong 32
4.4. Artes Marciais 33
4.5. Huang Di Nei Ching 35
5. PESQUISAS LABORATORIAIS 39
2
1. INTRODUÇÃO
3
2. DA FORMAÇÃO Á FUNÇÃO FÍSICA DA FÁSCIA
Embriologia
4
linha primitiva foi estabelecida. Autores divergem sobre o aparecimento da
linha primitiva, relatando que surgem entre o final da segunda ou terceira
semana. Esta linha é formada pela condensação das camadas em uma única
linha. (4,29,31)
É principalmente do mesoderma que surge o mesênquima, sendo este
um tecido embrionário constituído por células alongadas, núcleo oval,
cromatina fina e nucléolo proeminente, possuem numerosos prolongamentos
citoplasmáticos e estão imersos em uma matriz extracelular abundante e
viscosa pobre em fibras. O ectoderma e o mesoderma formarão, entre outras
estruturas como as células e os vasos sangüíneos, os tecidos conjuntivos do
sistema nervoso periférico e do restante do corpo, respectivamente. A fáscia é
formada por tecido conjuntivo, logo, derivada do mesoderma. (5,6,8,9,36)
Em 1977, a criadora da técnica “Rolfing”, Ida Rolf, já dizia que a posição
no espaço físico tridimensional ocupado pelo corpo humano é determinada por
elementos derivados do mesênquima, sendo estes, ossos, músculos,
ligamentos, tendão, e a fáscia. (37)
Os somitos são 42 a 44 blocos derivados da segmentação do
mesoderma, fato que ocorre no fim do primeiro mês de desenvolvimento. Sua
formação ocorre crânio-caudal e se diferenciam em três partes: (32)
Esclerótomo: originam as vértebras e costelas e parte de suas
células de diferenciam em células mesenquimais, originando os tecidos
conjuntivos, incluindo ossos e cartilagens;
Miótomo: origina a maior parte da musculatura estriada do corpo;
Dermátomo: origina a derme.
A terceira semana da gestação é considerada o “período dos três”, pois
é onde ocorre o desenvolvimento dos três folhetos embrionários. Compreende
uma fase de desenvolvimento rápido do embrião devido à sua captação de
nutrientes da placenta e representa a ausência da primeira menstruação
esperada, sendo este o primeiro sinal de gravidez. A gastrulação é o processo
responsável pela formação dos três folhetos embrionários (ectoderma,
mesoderma e endoderma) e pela cavidade amniótica, que dará origem à bolsa
bilaminar. (5,6,8,31,35)
5
Nesta fase surge uma teia de reticulina fina feita por células
especializadas do mesoderma, sendo esta uma primeira versão fibrosa, origem
da conexão facial.(32)
Antes de o óvulo ser expelido pelo folículo ovariano, é cercado por uma
bolsa bilaminar da teça interna e externa. Após isso, assim como todas as
células do nosso corpo, o óvulo é rodeado por uma membrana bilaminar como
uma bolsa dupla envolvendo o conteúdo celular. Os órgãos e músculos
também são duplamente envolvidos, onde o saco mais interno envolve os osso
(periósteo) e cartilagens (cápsula articular) e o mais externo envolve os
músculos, sendo a fáscia muscular. Assim sendo, as inserções musculares
seriam partes do saco externo se unindo ao saco interno. (32,35)
Citologia
6
Linfócitos: contém o núcleo esférico e heterocromático, e uma
pequena quantidade de citoplasma. Estão em pequena quantidade no tecido
conjuntivo, porém, quando há um sinal de processo inflamatório, por lesão por
corpos estranhos, microorganismos, estímulos mecânicos e/ou químicos, seu
número aumenta grandemente. Possuem duas categorias, basicamente, os
grupo T, envolvido na resposta imunológica, e o grupo B, com função de
produzir anticorpos.
Plasmócitos: derivados dos linfócitos B, possuem formato ovóide,
citoplasma basófilo, rica em retículo endoplasmático rugoso, e com conteúdo
esférico. Quando há um antígeno, sintetiza e secreta anticorpos específicos
que irão associar-se à membrana dos mastócitos, diminuindo ou extinguindo a
ação patogênica, induz a cascata da resposta inflamatória local através dos
macrófagos e de substâncias inflamatórias liberadas pelos mastócitos.
Mastócitos: célula globosa, com sua superfície cheia de
receptores específicos para imunoglobulina E liberada pelos plasmócitos, e
com grande quantidade de grânulos citoplasmáticos contendo mediadores
químicos (heparina, histamina, serotonina e leucotrienos), participando assim,
dos processos inflamatório e alérgico.
Células adiposas: células arredondadas com a capacidade de
armazenar grande quantidade de moléculas de triglicerídeos em seu
citoplasma e com a função de liberar ácidos graxos de acordo com a
necessidade do organismo mediada pelos sistemas nervoso e endócrino.
Eosinófilos, monócitos e neutrófilos: Células que compõem o
sistema imunológico e que migram da corrente sangüínea para o tecido
conjuntivo, normalmente, em resposta à uma inflamação aguda.
As fibras do tecido conjuntivo são basicamente duas, colágenas e
elásticas, e será o tipo e a necessidade de determinado tecido que fará com
que ele tenha mais ou menos fibras. Elas são:
Colágenas: são as fibras que predominam no tecido fascial.
Apresentam-se fortemente agrupadas em feixes colagenosos por um elemento
mucóide, este é responsável por fixar substâncias que fazem a especialização
dos diferentes tecidos conjuntivos; esses feixes são formados por fibrilas
constituídas por moléculas de colágeno, isso gera sinuosidades, dando um
7
aspecto estriado, que permite uma pequena elasticidade, pois a fibra em si não
se alonga. O tensionamento dos feixes colagenosos é o fator excitante para
sua secreção, porém, cada tipo de tensionamento provoca um tipo de secreção
e conseqüente rearranjo de seus feixes; se a tensão for contínua e prolongada,
as moléculas de colágeno ficam em série e as fibras colágenas alongam-se,
representando o alongamento do tecido; se a tensão for curta e repetida, as
mesmas moléculas se posicionam em paralelo (se sobreporem), tornando-se
um tecido mais compacto e mais resistente, sendo que a elasticidade do tecido
conjuntivo depende unicamente de sua maior ou menor densificação.
Dependendo do autor, são conhecidas aproximadamente 12 a 20 tipos de
moléculas de colágeno, de acordo com o seu arranjo forma-se uma fibra
colágena diferente, refletindo diversas funções dos tecidos; a fibra colágena
mais abundante no corpo humano é a tipo I (90% do total), encontrando-a nos
ossos, tendões, ligamentos, cápsulas articulares, derme e anéis fibrosos dos
discos intervertebrais; já a do tipo III recebe o nome de fibras reticulares,
encontradas no tecido conjuntivo frouxo associado aos epitélios, pequenos
vasos sangüíneos, nervos, células musculares, baço, medula óssea e
linfonodos, estão mais presentes no embrião, sendo substituídas no adulto pela
fibra tipo I. No geral, as fibras colágenas são menos estáveis e de curta
duração, ou seja, estão sempre se modificando. (2,35,38,39,50,51)
Elásticas: são mais delgadas e estáveis, ou seja, de longa
duração e se arranjam uma mais ou menos longe da outra formando um malha,
uma forma irregular e retorcida - é justamente aqui onde reside o potencial
elástico do tecido – permitindo o tecido sofrer deformações e retornarem ao
seu comprimento original após o cessar do stress mecânico. Seu fator secretor
é desconhecido, mas sabe-se que a quantidade de elastina, sua principal
molécula, encontrada no tecido reflete a quantidade de stress mecânico
imposto à este e a solicitação de deformação reversível. (2,35,38,39,40)
Essas fibras estão mergulhadas na matriz extracelular, sendo ela a
principal constituinte do tecido conjuntivo, uma vez que os outros tecidos
fundamentais são constituídos apenas por células. A matriz extracelular acaba
por ser a substância fundamental e é formada pelos feixes colagenosos, pela
rede de elastina e pelo líquido lacunar. Ela é um complexo viscoso e altamente
hidrofílico de macromoléculas aniônicas (glicosaminoglicanos e proteoglicanos)
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e glicoporteínas multiadesivas (laminina, fibronectina, etc) que se ligam a
proteínas receptoras (integrinas) localizadas na superfície das células e de
outros componentes da matriz; estas últimas estabelecem uma ação
coordenada entre matriz/célula em resposta a estímulos externos através da
matriz extracelular; autores descrevem que “as integrinas são
mecanorreceptores, que transmitem informações de tensão e compressão dos
arredores de uma célula para o interior da célula, inclusive para o núcleo” e
“quando aumentamos o stress aplicado às integrinas, as células respondem
tornando-se cada vez mais rígidas, e vice-versa. Além disso, as células vivas
podem tornar-se rígidas ou flexíveis, variando o stress prévio do citoesqueleto.”
O ácido hialurônico – o líquido articular – é um tipo de glicosaminoglicano.
Assim, a matriz extracelular regula a atividade de suas próprias células,
determina a forma dos tecidos conjuntivos e distribui as tensões de movimento
e gravidade. (2,9,35,38,39,41)
9
O líqüor, ou líquido cefalorraquidiano é a junção de linfa e plasma no
sistema nervoso. (11)
A fisiologia denomina a nossa circulação vital de “circulação dos fluídos”
ou “circulação de água associada”; ela age no nosso corpo através de dois
mecanismos: a circulação canalizada ou sangüínea e a circulação lacunar,
onde, por inúmeras vezes é esquecida. (2)
O sangue carrega com si os glóbulos vermelhos e brancos,
respectivamente: os fatores de nutrição e de imunidade ou defesa. Ao sair do
coração, o sangue percorre por dentro das artérias que vão se ramificando e
sua luz diminuindo até chegar aos capilares fenestrados, uma imensa e
complexa rede canalizada. Os capilares fenestrados permitem que parte do
sangue extravase para o interstício (lacunas entre as células), formando o
plasma sanguíneo. A circulação canalizada acaba nos capilares fenestrados e
o plasma no interstício inicia a circulação lacunar. Devido à mobilidade dos
tecidos, o plasma se espalha. É neste momento que ocorre a osmose, onde as
células dos diversos tecidos retiram aquilo que necessitam. A nutrição celular é
a uma das principais funções da linfa intersticial. (2)
Os resíduos da nutrição celular que são expelidos para o interstício são
fagocitados pelos macrófagos e são eliminados nos capilares linfáticos. O
plasma somado com toda essa decomposição transforma este líquido lacunar
em linfa intersticial e no sistema linfático. Este sistema, juntamente com o
venoso, leva nossos líquidos para o coração e pulmão, concluindo um ciclo que
se reinicia constantemente. (2)
A “circulação de água livre” é uma circulação rápida, formada pelos
feixes colagenosos devido às mucinas hidrófilas e de acordo com as alterações
de densidade do meio, permite o processo osmótico, ou seja, a circulação de
água livre está contida na circulação de água associada. É uma circulação que
se renova constantemente, mas que possui um fluxo maior que a canalizada. (2)
Estas circulações ocorrem no tecido conjuntivo frouxo, como por
exemplo, a fáscia superficial, pois recobre o corpo logo abaixo da pele, a
aponeurose superficial, que se localiza entre as vísceras, as mucosas e reveste
o tecido epitelial e lhe garante a sua nutrição, etc. (2)
10
Como principal agente da circulação dos fluidos corporais temos que
pensar também na proliferação e propagação de processos infecciosos e
inflamatórios. (2)
Histologia
Representação do corpo
humano ilustrando os
diversos tecido que o
constitui.
11
O tecido conjuntivo de propriedades especiais incluem os tecidos
cartilaginoso, ósseo, adiposo, elástico, reticular e mucoso; o tecido conjuntivo
propriamente dito é assim chamado, pois é menos diferenciado e mais
genérico, do qual a fáscia pertence; dividimo-lo em dois grandes grupos:
(2,7,9,38,39)
1
Integração sensório-motora que através de estímulos aferentes e eferentes do e ao sistema
neuromioarticular, geram a modulação necessária para a manutenção da postura, estabilização articular e
conseqüentes movimentos do corpo no espaço.
12
Início de uma escara de pressão, onde os primeiros
tecido são perdidos, evidenciando a fáscia (branco)
13
último torna-se mais denso e entrelaça em si para formar o tendão, e este fixa-
se no osso, onde ocorre novamente uma inversão gradual de tecidos. As
aponeuroses são tendões, mas a disposição das fibras é bem diferente, elas se
organizam em planos que se sobrepõem e se cruzam. As fibras longitudinais
permitem a elasticidade e as transversais absorvem as tensões volumétricas
do músculo. (2)
Basicamente, o tecido conjuntivo frouxo possui grande quantidade de
linfa intersticial e no conjuntivo fibroso quase nada ou a ausência desta linfa. (2)
A fáscia ainda possui as propriedades de plasticidade e contratilidade.
O termo “plasticidade” se refere há idéia de adaptação.
Etimologicamente, “plástico” vem do grego “plastos”, significando “moldado”. É
a habilidade de passar por mudança na forma, é a resposta aos estímulos e a
facilidade de adaptação às condições do meio. Para a fáscia, plasticidade
refere-se à habilidade de adaptação ao stress físico ao qual é submetida, que
pode ocorrer de duas maneiras: à curo e à longo prazo; descrevê-los não é a
intenção deste trabalho, mas é importante saber que tais regulações estão,
supostamente, diretamente envolvidas com o sistema nervoso central. (56,57,58)
A contratilidade da fáscia é um termo usado quando foi achado,
histologicamente, proteínas contráteis (miosina e actina) na fáscia, mais
precisamente nas fáscias tóracolombar, plantar, palmar, lata e do ombro, ou
seja, em áreas de maior atividade física. Essas proteínas são consideradas
musculatura lisa, onde apenas o sistema nervoso central tem controle.
Receberam o nome de miofibroblastos, estão mais presentes no perimísio, logo,
possuindo uma maior ligação com os músculos tônicos ou posturais. Existem
pesquisas que verificam a contração da fáscia através de medicamentos e/ou
eletroestimulação. (59,49,42,35,60,61,47,48)
Anatomia
14
chamado de esqueleto fibroso. A fáscia profunda reveste as estruturas mais
internas e é uma lâmina fibrosa densa de tecido conjuntivo organizado. (2,4)
Porém, os osteopatas classificaram-na melhor, mostrando que a “fáscia”
não representa uma unidade fisiológica, mas sim, um conjunto membranoso,
bastante extenso, onde tudo (órgãos, vísceras, músculos, nervos, vasos, etc)
está ligado, formando uma única unidade funcional, como vimos com a teoria
da bolsa bilaminar. Ela é dividida basicamente em superficial e profunda. (2,12,54)
A fáscia superficial recobre quase por completo o corpo humano. De
superficial para profundo, o corpo humano é constituído de: pele, tecido
adiposo variável, fáscia superficial, tecido subcutâneo e suas ramificações e
aponeurose superficial. No tecido subcutâneo estão os nervos e vasos. Ela
aumenta a elasticidade da pele, é um isolante térmico e uma armazenadora de
energia para uso metabólico; está ausente na face, no quarto superior dos
músculos esternocleidomatóideos, na nuca, sobre o esterno, nas nádegas, na
depressão entre os músculos vasto externo e cabeça curta do bíceps femoral,
na região súpero externa posteriormente à coxa e na porção inferior na face
externa da fíbula, ou seja, nas regiões que desenvolvem escaras; nesses locais
ela é substituída diretamente pela aponeurose superficial, pelo tecido adiposo
ou pela musculatura da região, que se insere diretamente sob a pele. O risco
das queimaduras extensas está justamente na destruição dessa fáscia. (2,10,13,54)
15
A aponeurose superficial recobre todo o corpo, apresenta espessuras e
texturas variáveis, é a reunião de todas as aponeuroses possuindo a maioria
de suas inserções, em ossos móveis (clavícula e ulna superiormente e tíbia e
fíbula inferiormente) e todas as aponeuroses dos músculos se originam dela a
partir de suas ramificações. Insere-se na coluna, cabeça, esterno, linha alba e
púbis. As sobreposições de fáscia de diversos locais formam a aponeurose
superficial, logo, ela comanda todas as outras. (2,13)
A movimentação da fáscia é a responsável para que ambas as
circulações, de água livre e associada, percorram todo o corpo, permitindo a
noção de globalidade que existe no pensamento oriental e que está sendo
cada vez mais discutida hoje no lado ocidental. (2)
Biomecânica
16
músculos se interligam, criando a idéia de cadeia muscular, o sistema
miofascial. A função global biomecânica da fáscia se encontra aqui. (2,38)
Esta harmonia entre os sistemas ósseo e muscular, unidos pela fáscia,
começou a ser estudada geometricamente por Galileu e Platão e recebeu o
nome de tesengridade, derivada da expressão “tension integrity”, inventada
pelo desing Buckminster Fuller. O que exclui a teoria de músculos agirem
isoladamente. A teoria da tesengridade explica que ao corpo receber ou gerar
uma tensão ela será dissipada por todo a estrutura física, e que se essa tensão
for maior que esta estrutura possa resistir ou que não consiga dissipar, gerará
uma lesão local e/ou à distância. (33,35,53)
Neste contexto o sistema ósseo “flutua” entre as tensões produzidas
pelos tecidos moles. E aprofundando mais o raciocínio, estudos concluíram que
a tesengridade existe a nível celular, onde as integrinas unem as células à
matriz extracelular. (33,35)
Quando se aprende sobre os músculos, normalmente referem que o
tecido conjuntivo (e as diversas divisões da fáscia) está para o tecido muscular,
quando na verdade é o oposto, quem oferta todo o suporte para que o tecido
muscular aja é a fáscia. O retorno venoso auxiliado pelas contrações
musculares, principalmente nos membros inferiores só é possível, pois o
músculo está contido pela fáscia (formando uma bomba musculovenosa) e,
aqui entra uma das principais funções da fáscia: o sistema vascular e nervoso
é protegido por ela, logo, o fluxo sanguíneo recebe influência considerável da
mobilidade dos tecidos. (2,4,10,12)
17
especifico desses residem dentro de cada célula, ou fibra, muscular; um
montante dessas formam o feixe muscular, que por sua vez, a soma de alguns
feixes formam o fascículo muscular e da mesma maneira formam o ventre
muscular. A fáscia muscular envolve o ventre, o epimísio envolve o fascículo, o
perimísio envolve o feixe e o endomísio envolve as fibras musculares; existe
uma lâmina basal que é formada pelas fibras reticulares (colágenos tipo III) do
endomísio, entre a lâmina basal e a fibra muscular, onde se encontram as
células satélites responsáveis pela plasticidade muscular. Nos nervos
periféricos: o epineuro envolve vários fascículos que são envolvidos por
perineuro, cada fascículo é formado por várias fibras nervosas que são
envoltas pelo endoneuro cada uma, e a fibra nervosa é formada pela bainha de
mielina que envolve o axônio; o epineuro, o perineuro e o endoneuro são feixes
conjuntivos derivados da fáscia do local. (7,4)
18
A fáscia serve de proteção, tanto a nível celular quanto tecidual,
principalmente para os músculos, onde suas aponeuroses limitam e fornecem
um sentido útil para as contrações, evitando lesões. (2)
As aponeuroses de separação (tabiques ou septos) dividem e envolvem
as estruturas de acordo com as necessidades de transmissão motora; estas
são ricas em proprioceptores. Quando se pensa no sistema muscular, devemos
lembrar que funcionalmente eles não são individualizados, isso ocorre apenas
anatomicamente. Praticamente todos os músculos possuem inserções na face
profunda da aponeurose. Esses dados explicam melhor a propriocepção e a
influência de um músculo ou grupo muscular à distância. No tronco cerebral e
na medula existe o Gerador Central de Esquemas Motores (GCEM), que
seriam os responsáveis por todos os nossos gestos motores, e controlados
pela massa cinzenta central e tálamo – o sistema extrapiramidal, já o sistema
piramidal seria responsável pelo movimento fino (movimentos precisos e
sutis).(2)
A deambulação e a preensão estão para os cíngulos escapular e pélvico,
e estes estão ligados por sistemas cruzados, por exemplo, quando damos um
passo o membro superior oposto reage de maneira oposta e com força igual e
vice-versa (lei das compensações). Esses sistemas fazem com que
permaneçamos quadrúpedes funcionalmente, é uma prova da nossa evolução
e que somos mamíferos endireitados. Logo, esses sistemas são a base de
todos os nossos gestos. (2)
Para a classificação desses sistemas cruzados, foi necessário
anteriormente o estudo das linhas miofasciais. Essas linhas ou meridianos
miofasciais seguem algumas regras básicas, além de serem formadas por
conexões diretas ou indiretas, e são anatomicamente divididas e
cansavelmente subdivididas para explicar desde os gestos costumeiros aos
movimentos mais complexos exigidos pelas atividades físicas de alto nível.
Existe a hipótese de que essas linhas são formadas pela passagem de elétrons
ao longo da membrana fascial, neurologicamente com os músculos envolvidos,
e biomecanicamente através da fáscia. (35,36)
Esses sistemas se desenvolvem no corpo devido aos músculos
torcionais, guiados pelas fáscias, representando uma única cadeia. O sistema
cruzado anterior é formado bilateralmente pelos músculos rombóides, serráril
19
anterior, obliquo externo e obliquo interno do lado oposto. O sistema cruzado
posterior é formado pelo glúteo maior, aponeurose lombar e latíssimo do dorso
oposto. Enquanto o primeiro enrola, rota e flete, o segundo desenrola, desrrota
e estende. Um movimento da cabeça inicia a cadeia anterior que por sua vez
tenciona o glúteo máximo e este inicia a cadeia posterior. Todos os
movimentos do corpo iniciam a partir de um movimento do tronco, mais
especificamente do quadril, onde os seus músculos são chamados de diretores,
pois dirigem os membros para um objetivo a ser atingido e é aqui que a função
fásica se une com o tônus direcional. (2)
20
3. CONCEITOS BÁSICOS EM MEDICINA TRADICIONAL CHINESA
Yin Yang
2
A Medicina Tradicional Chinesa nasceu nos ventres do Taoísmo e do Budismo, através da meditação e
estudos meticulosos de Alquimia Interna.
21
Tudo no Universo e, conseqüentemente, no organismo pode ser
classificado em Yin e Yang; para se ter alguns exemplos:
Yin é preto, matéria, força centrípeta, sólido, escuro, noite, frio,
lua, inverno, feminino, quietude, lento, receber, sangue, encolher, depressivo,
introvertido, instinto, calmo, crônico, pálido, para dentro, voz baixa, fraco,
profundo, físico, etc. (22,24)
Yang é branco, imaterial, força centrífuga, expansão, claro, luz,
dia, calor, sol, verão, masculino, movimento, rápido, dar, energia, esticar,
eufórico, extrovertido, inteligência, agitado, agudo, vermelhidão, para fora, voz
alta, forte, superficial, espírito, etc. (22,24)
Substâncias básicas
Jing
É a essência, a matéria fundamental necessária para as atividades
funcionais do corpo e para sua formação. Dividi-se em duas partes: congênito,
através dos pais, e adquirido, através das matérias essências dos alimentos.
Um é dependente do outro, pois o Jing congênito mantém as funções do Jing
22
adquirido antes do nascimento, e este proporciona a nutrição para que o Jing
congênito complete o desenvolvimento das funções pós-natal. A MTC possui
um cuidado maior com os Rins, pois tanto o Jing como a fonte do Yin e do
Yang do corpo todo estão armazenados neste par de órgãos, também
chamado de “órgãos de Água e Fogo” e considerados a Base Anterior da Vida.
(17,19)
Chi
O ideograma 氣 representa “Chi” (lê-se “tchi”). Ele mostra o vapor
subindo do arroz cozinhando. Temos que traduzir isso como uma força
imaterial que se desprende da água material, a mudança de uma energia
latente em atividade; o Chi pode ser tanto o arroz quanto o vapor. (16,19,20,23)
O Dr. Jonh Mann e Larry Short em seu livro The Body of Light (O Corpo
de Luz) compilaram 49 culturas pelo mundo que possuem alguma palavra para
descrever Chi. Outros autores também descrevem de diversas maneiras o Chi.
No ocidente usamos a palavra Energia, e seus correlatos, como baixa energia
ou sentir-se com energia ou energizado, mas ignoramos esta parte importante
do nosso corpo. (1,13,19,20,22, 23)
Energia vem do grego en-ergon que significa “em atividade”. Os
dicionários não nos ofertam noção completa de energia quando nos referimos
ao Chi. O Chi pode vir dos corpos celestes, da terra, dos alimentos, bebidas e
ar do meio ambiente; tudo que percebemos no Universo pelos sentidos e pela
consciência é resultado de um agrupamento e dispersão de chi em vários
graus de materialização, sofrendo constantes influências internas e externas. A
melhor maneira de compreender “chi” é observar a própria manifestação da
vida. (1,16,17,19,20,22,24,25)
23
A teoria da relatividade de Einstein demonstrou que matéria e energia
não são distintas forças. Com a atual física quântica, descobriu-se a menor
unidade indivisível – quantum – unidade fundamental da manifestação de
energia, manifestada através do fóton, elétron ou graviton. Chi é a flutuação
eletromagnética ou a manifestação das partículas. (19,20)
De acordo com a medicina chinesa, existe uma energia física que circula
constantemente o Universo e através de todas as células do corpo. (1,3,13,24,25)
O crescimento e o desenvolvimento físico do corpo, dos Zang-Fu, dos
tecido e demais órgãos, as funções fisiológicas dos Canais e Colaterais, a
circulação de Xue e a distribuição dos Jinye dependem do estímulo e impulso
do Chi. (17,19,25)
O chi se divide basicamente em 4 tipos: Yuan, Zhong, Yong e Wei.
Yuan Chi é a força motriz das atividades vitais do corpo, possui a
função de estimular e impulsionar as atividades funcionais de todos os tecido
do corpo, sendo considerado o mais importante. É constituído por 3 fontes de
Chi: do essencial inato, dos alimentos pela função do Estômago e do Baço-
Pâncreas e do ar límpido do meio pela função do Pulmão; (17,19)
Zhong Chi tem o papel de produzir a força motora que promove a
respiração pela ação do Pulmão e a da circulação do Sangue pela ação do
Coração. É esta derivação do Chi que determinará a voz e a respiração,
estrutura forte ou fraca, a manutenção da temperatura e a capacidade de
movimento do corpo, é considerado de Grande Chi pela quantidade de funções
que determina. É produzido pelo Chi dos alimentos e da água pela ação do
Estômago e do Baço-Pâncreas; (17,19)
Yong Chi circula dentro dos vasos sangüíneos possuindo a única
função de nutrição. Assim como o Zhong Chi, é produzido pelo Chi dos
alimentos e da água, porém a sua parte mais substancial, mais material; (17,19)
Wei Chi é o Chi de defesa, também chamado de Weiyang, pois
faz parte da energia Yang do corpo. Representa a parte mais forte e ágil do Chi
e circula fora dos vasos sanguíneos, internamente percorre o tórax, abdome e
Zang-Fu, externamente pele, pelos e músculos. Suas funções são de proteger
a superfície, abrir e fechar os poros cutâneos, regular a temperatura, aquecer
os Zang-Fu, umedecer e dar brilho à pele e aos pelos – possuindo desta
maneira uma relação muito íntima com o Pulmão, levando o nome de Feiwei.
24
Em vários trechos do Huang Di Nei Ching, existe a referencia à “energia
estomacal”, referindo-se à energia Yang e conseqüente à Wei Chi, também
porque sua formação se dá pelos alimentos processados pelas funções do
Estômago e Baço-Pâncreas; estas vísceras também recebem bastante atenção
na MTC, pois são consideradas a Base Posterior da Vida. No mesmo Tratado,
em Ling Shu, capítulo 71, está: “A energia Wei tem a característica de ser
ousada e rápida, se movimenta através da musculatura e da pele sem cessar”.
(16,17,19)
Xue
Lê-se “xiê” e significa sangue, responsável pela nutrição e manter úmido
os Zang-Fu e os demais tecidos do corpo. Antes do nascimento é produzido
pelas Essências inatas, posteriormente, produzido principalmente pelas
matérias substanciais da água e dos alimentos de Yong Chi, processados
pelas funções do Estômago e Baço-Pâncreas. Percorre todo o corpo, nutrindo
os Zang-Fu, pele, músculos, cabelos, ossos e tendões. Sua função mais
importante é nutrição da Mente. (17,19)
Jinye
Traduz-se por líquidos corporais normais: suor, lágrima, saliva, muco,
urina, líqüor e líquido sinovial, compreende também toda a parte hormonal e
linfática até ao nível de partículas atômicas. É um constituinte importante do
sangue, possuindo as mesmas funções: umedecimento e nutrição, porém, fora
dos vasos sanguíneos e dentro dos Zang-Fu. Sua fração Jin é Yang (mais
rarefeita, sutil) e age à distância, sua fração Ye é Yin (mais densa, material)
agindo localmente. (17,19)
Novamente, forma-se da água e dos alimentos através do Estômago e
Baço-Pâncreas, sobe para o Pulmão onde é difundido, circula as vias do Triplo
25
Aquecedor3 para a pele e para os Zang-Fu, onde são filtrados, ou seja, o Triplo
Aquecedor é o responsável pela distribuição de Jinye. (17,19) No Huang Di Nei
Ching (Tratado de Medicina Interna do Imperador Amarelo), em Ling Shu, está:
“o Aquecedor Superior é como a névoa; o Aquecedor Médio é como embeber
as coisas em água para causar sua decomposição e dissolução; o Aquecedor
Inferior é como um aqueduto”. (16)
3.2.4.1. Água
É importante destacar a importância da água, pois esta é o principal
veículo da transformação de energia.
Setenta a oitenta por cento da nossa constituição é formada por água,
ela é a base dos líquidos do nosso corpo, é o veículo para os compostos
essenciais para as funções orgânicas. (1,2)
Na água encontram-se metais, como: ferro, manganês, magnésio, sódio,
potássio e até prata e ouro, eles conduzem a eletricidade no corpo, criando o
que os cientistas chamam de energia bioelétrica.(1,2)
Cada local que passa o líquido recebe nomes diferentes por agregar-se
a elementos do meio. (1,2)
No próprio metabolismo todas as células produzem água: a quebra da
molécula de glicose (C6H12O6) resulta em água (H2O) e gás carbônico (CO 2)
com liberação de ATP (catalisador) e energia biológica (Ergs ou Joules). Esta
água é a mais pura e se torna uma condutora para a energia bioelétrica interna.
O rearranjo necessário nas ligações de hidrogênio torna a água com maior
poder condutor de íons e outras energias.(1)
Janke afirma que a ponte físico-energético do nosso corpo é feita pela
água.(1)
3
Triplo Aquecedor é considerado uma Víscera para a Medicina Chinesa. Divide-se em Superior, Médio e
Inferior. Suas regiões específicas variam de acordo com a literatura, mas basicamente o Triplo Aquecedor
tem a função de distribuir o chi nas três partes do corpo, sendo que o Médio compreende os membros
superiores e o Inferior os membros inferiores. Não existe uma estrutura anatômica que faça sua função,
pois antigamente não se fazia necropsia. (1,3,17,18).
26
Baço-Pâncreas, depois, cada um seguirá uma direção própria de sua função.
Isto leva o nome de Chi Adquirido e os referidos Órgãos são considerados a
Base Posterior da Vida. (17)
Um se relaciona com o outro para manter uma harmonia, podendo um
converter-se no outro, como no quadro abaixo. (17)
Jing
Chi Xue
Jinye
Esquema das possibilidades da transformação das substâncias básicas
Zhang
27
Baço-Pâncreas: controle do transporte e da transformação dos
nutrientes, do sangue, dos músculos e dos membros. Sua emoção é a
preocupação.
Pulmão: controlar o chi e a respiração, comunicar e regular as
vias dos líquidos e controlar a difusão e decida do chi. Sua emoção é a tristeza.
Rins: armazenar o jing, controlar os líquidos, receber o chi,
controlar os ossos, gerar a medula e chegar ao cérebro. Sua emoção é o
pânico/medo.
28
4. A ENERGIA NA FÁSCIA
Meridianos
29
Chiji traduz-se por circulação de chi, e é isso que manifesta a vida.
Devido à um desequilíbrio interno entre Yin e Yang, ocorrerá uma alteração
nesta circulação, afetando as atividades normais dos Zang-Fu, sendo este o
primeiro estágio do que o Ocidente chama de “doença”. Ocorrendo um
bloqueio desta circulação em algum ponto ou área, à frente dela (seguindo o
fluxo de chi) desenvolverá a deficiência, e atrás aparecerá o excesso. Quando
a circulação de chi começa a ficar fraco e a estagnar ocorre uma maior
condensação, tornando-se cada vez mais denso a ponto de poder se tornar
uma unidade material, normalmente em tumores e massas. No instante que a
circulação de chi cessa por completo, existe o fenômeno da
morte.(16,17,19,20,22,24,25)
Respiração
30
geral; hoje se utiliza o termo “chi gong”, que se traduz por “treino/trabalho do
chi”, referindo-se não somente aos exercícios respiratórios como também ao
trabalho sobre a energia. (18)
A respiração correta é efetuada pelo abdome e não pela caixa torácica.
O diafragma se abaixa na inspiração, inflando o abdome, e volta à sua posição
de tenda de circo na expiração. Quanto mais se utiliza o abdome, cada vez
mais a respiração torna-se lenta e profunda, e a caixa torácica mobiliza menos.
Essa respiração massageia os órgãos abdominais e acelera as secreções
internas (circulações de água livre e associada), facilitando a digestão e a
circulação. Tanto as fases inspiratórias quanto as expiratórias são realizadas
pelo nariz, sendo que a fase principal é a expiração, onde as células realizam
as trocas osmóticas. Para se reaprender a respirar com o diafragma basta
observar um bebê respirando, a expansão e contração do abdome são rítmicas
e completas; no início deve-se prestar bastante atenção à respiração e com a
prática, tornar-se-á natural novamente. (2,4,18,22,23,24)
31
transmutação de chi4. O seu corresponde fisiológico é a Cisterna do Quilo do
sistema linfático, local onde existe uma grande quantidade de líquidos, ou jinye,
e também das mais de 120 variações da fáscia, é no abdômen que está a
maior concentração delas. Quanto maior for o relaxamento e menor as
resistências do corpo, em especial da cintura (cíngulo pélvico), mais facilmente
o chi chegará e concentrar-se-á com o tempo nesta região, preservando o Jing
– essência. (2,3,4,18,19,20,22)
Na dinastia Zhou (1112 a 249 a.C.) existe um texto que explica o
caminho do ar no corpo através do chi gong e pode ser sintetizado na frase: “o
sopro absorvido na respiração circula por todo o corpo”. O sopro é o chi da
respiração que percorre os meridianos, se une ao jinye produzido pela digestão,
transformando-se em vapor e circula no interstício. (18)
Chi Gong
32
flexível, saudável, mais resistente às tensões do dia a dia, menos vulnerável às
situações negativas. É um remédio gratuito para todos os males que nos
acometem, tanto físico quanto mental. (1)
Artes Marciais
33
As artes marciais internas foram desenvolvidas com o intuído de
movimentar este chi através do corpo com maior destreza, aumentando seu
poder de movimentação, ofertando ao praticante a capacidade de movimentar
o chi para onde quiser, dentro e fora do corpo. (1,3,16,17,18,19,20,63)
34
4.5. Huang Di Nei Ching
Huang Di
(Imperado Amarelo)
35
Em Su Wen,
Capítulo 56:
“Os colaterais, que pertencem ao Yang, se encarregam do exterior, e os
canais, que pertencem ao Yin, se encarregam do interior”.
“Quando a energia perversa nos colaterais estiver superabundante, irá
penetrar seu canal”.
“Quando a energia perversa invadir o canal, irá penetrar no tendão por
meio dos colaterais; se não invadir o canal, irá invadir o osso através dos
vasos“.
“Assim, todas as doenças principiam definitivamente, em primeiro lugar a
partir de parte da pele. Quando o mal ataca a pele, as estrias se conservarão
abertas e a energia perversa irá invadir os colaterais; ... Quando o mal invade a
pele, a pessoa irá tremer de frio com os finos cabelos da pele em pé e as
estrias abertas. Quando a energia invade os colaterais, estes ficarão cheios, e
a cor da compleição do paciente irá mudar”.
“A pele é o local onde os colaterais de espalham; quando a energia
perversa invade a pele, as estrias se abrirão; quando as estrias se abrirem, a
energia perversa irá invadir os colaterais; quando o colateral estiver repleto de
energia perversa, este penetrará no canal; quando o canal estiver repleto ela
irá mais adiante e penetrará nas vísceras”.
Capítulo 58
“Os cinqüenta e oito pontos para tratar a síndrome de retenção de
líquidos, estão nos espaços entre os feixes musculares e os cinqüenta e nove
pontos para tratar as síndromes de calor perverso, estão nas interseções dos
diversos canais”.
“Disse o Imperador Amarelo: ‘Agora conheço as posições dos acupontos
para se aplicar as agulhas, e desejo conhecer mais acerca dos colaterais
imediatos, juntas e vales e reentrâncias entre os feixes de músculos
correspondentes’ ”.
“A função dos colaterais imediatos é remover a energia perversa.
Quando a energia perversa invade o corpo, gera estagnação das energias
Zong e Wei, respiração áspera e turva, coagulação do sangue, febre interna e
36
respiração curta externa; ... sempre que for vista a condição acima, deve-se
aplicar a terapia de purgação ao picar, ...”.
“... as energia Zong e Wei podem passar livremente no espaço ente os
feixes de músculos, e a energia perversa pode se instalar. Quando a energia
perversa invade e se instala nos vales e na reentrância, a energia saudável
ficará estagnada, causando calor no sangue e deterioração muscular; as
energias Zong e Wei serão incapazes de prosseguir e o músculo ficará inchado;
nesse caso, a medula será destruída por dentro e a protuberância do músculo
se quebrará por fora. Se a energia perversa ficar retida entre o osso e o
músculo, ocorrerá uma corrupção pela doença. Quando a energia perversa for
retida por muito tempo, as energias Zong e Wei não serão capazes de circular
normalmente e o tendão se encolherá e será incapaz de se esticar, ... Os vales
e reentrâncias se ligam aos trezentos e sessenta e cinco pontos e também
correspondem ao número de dias do ano. Se um ligeiro frio for retido por muito
tempo, pode se acumular e tornar maior, e também pode circular ao longo do
vaso causando a doença”.
“A diferença do vaso do colateral imediato e do canal, é que o vaso do
colateral imediato pode despejar o sangue quando estiver abundante”.
Em Ling Shu,
Capítulo 10:
“Quando os cinco cereais entram no estômago, aí se produzem as
substâncias refinadas que fazem com que os vasos fiquem desimpedidos,
gerando as operações incessantes de sangue e energia”.
Capítulo 12:
“Quando os doze canais do homem são vistos de fora, eles são como
doze correntes de água; quando vistos de dentro, eles conectam os cinco
órgãos sólidos e os seis órgãos ocos”.
Capítulo 30:
“..., quando o fluido fino de uma pessoa está astênico, isso fará com que
as juntas ósseas deixem de se dobrar e esticar normalmente, sua compleição
não terá brilho, sua medula cerebral não será plena e suas pernas estarão
doloridas; ...”.
37
Capítulo 36:
“Os fluidos corporais transformados a partir dos líquidos e dos cereais se
espalham individualmente por trajetos determinados. A energia Wei
proveniente do aquecedor superior que umedece os músculos e mantém a pele,
se chama fluido fino, e a que é mantida imóvel se chama fluido”.
“Quando o vento perverso fica retido entre o limite dos músculos, o fluido
corporal fica condensado como uma espuma e ocorre dor”.
Capítulo 52:
“A energia que flutua no exterior do canal e que não acompanha o trajeto
do mesmo se chama energia Wei; a energia refinada que corre dentro do canal
se chama Ying. O Yin e o Yang seguem um outro, e o interno e o externo se
comunicam um com o outro como um anel que não tem começo nem fim.
Quem poderia esgotar a essência desta energia interminável?”. ](16)
38
5. PESQUISAS LABORATORIAIS
39
6. A IMPORTÂNCIA DA INTEGRIDADE FÍSICA-ENERGÉTICA DA
FÁSCIA
5
Líquidos corporais ou orgânicos normais: compreende todos os líquidos derivados da água.
40
Ou seja, todo acometimento na fáscia causa uma estase desse líquido,
conseqüentemente, acarretando em alguma doença. E tais alterações podem e
irão se manifestar também em outras regiões diferentes do local da dor, do
desajuste somato visceral ou somato emocional. (2,12,13,15)
Para simplificar, a premissa da fáscia é que o menor tensionamento,
interno ou externo, passivo ou ativo, repercute em todo o corpo humano,
unindo todos os sistemas. Autores comparam o corpo humano a uma
marionete onde as cordas que dão vida são as fáscias. (2)
Os exames por imagem mais modernos que possuímos ainda não
evidenciam as restrições fasciais, causando confusão ou erro em diagnósticos
e por vezes conseqüente(s) terapêutica(s) inadequada(s). (12)
A fáscia serve de proteção, agindo como lâminas flexíveis de um escudo
feito com material fino e forte. Chi Gong específicos fazem com que o chi se
acumule na fáscia, protegendo o corpo contra agressões físicas e energéticas
externas, exemplos desses exercícios são os chi gong da camisa de ferro e o
da palma de ferro. A idéia destes é captar, acumular e densificar o chi nos
espaços existentes entre uma lâmina fascial e outra até os espaços
intersticiais.(3)
Marcel Bienfait, em seu livro “Fáscia e Pompage”, supõe que é na
circulação de água livre que ocorre os efeitos da acupuntura, pois lembra que
os primeiros acupunturistas falavam em circulação de sangue e que o conceito
de chi surgiu muito depois. (2)
A fáscia torna-se, assim, uma matriz viva de água e tecido que forma a
estrutura adequada para que ocorra a transmissão da eletricidade,
internamente, para a função adequada do corpo, incluindo os meridianos, e
externamente, formando os campos magnéticos ou áuricos. (1)
Todos os pontos da acupuntura quando estimulados produzem
alterações no fluxo dos fluidos vitais, localmente ou à distância. (24)
Janke afirma que “quando arrumamos a postura para mais ereta e
relaxada, realizamos movimentos de maneira mais suave e aprofundamos a
respiração, fazemos com que essa água interna, dentro dos grandes rios e
oceanos formados pela fáscia, seja impulsionada e circule livremente, nutrindo
todos os tecidos”. Tal frase é extremamente verdadeira e resume a
importância de adquirirmos uma postura biomecanicamente mais correta; o
41
trabalho consciente de realizarmos movimentos mais suaves, não-bruscos, ou
seja, o trabalho proprioceptivo; e reeducarmos a nossa respiração para mais
abdominal, e quem sabe, mais ventral. Tudo isso é explicado na Medicina
Ocidental pelos osteopatas através das fáscias. (1,2,3)
A base da Medicina Tradicional Chinesa está na habilidade que a
pessoa tem em manter uma circulação apropriada de energia bioelétrica
através do corpo. Esta energia é uma forma de como conseguimos identificar o
chi. (13)
Manipulação do próprio
campo bioelétrico das mãos, através
da prática e treino da sensibilidade
42
7. CONCLUSÃO
6
Cinco Bases da Saúde: estado mental, Estilo de vida, Alimentação, Atividade física e Tratamentos
43
Assim como a melhor forma de compreender o chi é observando a
manifestação da vida, compreender a fáscia requer consciência corporal – e
para isso é necessário aliar concentração e movimentos corporais.
Concluo que a fáscia é um elemento constituinte do corpo que necessita
de mais compreensão principalmente por parte dos terapeutas devido ao seu
relacionamento com o corpo-mente-espírito. Fato esse que, do meu ponto de
vista, deve ter início na Graduação da área da Saúde e do Esporte. Concordo
com o que um terapeuta Português expôs: “a fáscia está em todo o lugar no
corpo humano, logo, deveríamos dar-lhe a atenção devida, mas, justamente
por estar em todo o lugar, ninguém lhe dá importância”. Portanto, sugiro mais
pesquisas e divulgação, uma vez que o material científico ainda é muito
escasso.
Apesar de o trabalho cumprir com o seu objetivo, aconselho a leitura,
além dos livros expostos na bibliografia, das obras do Dr. Robert Becker sobre
a bioeletricidade e suas aplicações clínicas, do Dr. Yang Jwing Ming sobre a
energia nos tecidos humano, do Dr. Masaru Emoto sobre as reações da água
em diversos ambientes e situações, do Dr. Teruyoshi Hoga sobre acupuntura
de contato e o livro “Chi Kung da Camisa de Ferro” de Mantak Chia, que, por
falta de tempo hábil, infelizmente não foram incluídas neste. Sugiro ainda a
revisão e ampliação deste.
7
O conceito chinês de “longevidade” está relacionado tanto com “idade avançada” como com “viver com
saúde”, “qualidade de vida”.
44
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