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Fáscia do Movimento:
Cabeça, pescoço e tronco
Citologia, histologia, neurofisiologia e anatomia
SUMÁRIO
2. Fáscia..........................................................................................................14
2.1 Funções das Fáscias...................................................................................16
2.2 Histologia das Fáscias.................................................................................17
2.3 Fundamentos Básicos das Fáscias.............................................................19
2.4 Tensegridade: Enxergando a Fáscia como uma rede tensional
interconectada ao longo de todo o organismo.............................................24
2.5 Inervação das Fáscias.................................................................................25
2.6 Divisões das Fáscias...................................................................................25
2.6.1 Fáscia Superficial..............................................................26
2.6.2 Fáscia Profunda................................................................28
6. Referências Bibliográficas........................................................................56
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1. TECIDO CONECTIVO OU CONJUNTIVO
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Fibroblastos
Adipócitos
Macrófagos e
Mastócitos
Condroblastos,
condrocitos,
osteoblastos e
osteócitos
Tecido Conectivo Colágeno
Fibras (Mecânica)
MEC Elastina
Glicosaminoglicana
Substância Fundamental Proteoglicanos
Amorfa (Viscosidade e
Plasticidade) Água
Íons
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Tipos de Tecido Conectivo ou Tecido Conjuntivo
Ligamentos
Ordenado Tendões
Aponeuroses
TC Frouxo Regular
TC Propriamente
Dito Fáscia
TC Denso Irregular Aponeurótica
Organização em
Multicamadas
Fáscia Epimisal
Elástico
5
O TC do sistema fascial é o Propriamente Dito Denso Regular. É o único
tecido que mantém uma relação direta com os tecidos epitelial, muscular,
visceral e nervoso.
No passado, os termos “fascia” e “aponeurose” eram usados como
sinônimos. Entretanto, baseados na disposição de suas fibras colágenas, a
aponeurose (chamada de “tendão plano”) pode ser diferenciada da fáscia
profunda, apesar de ambas serem TC Propriamente Dito Denso Regular. A
aponeurose apresenta agrupamentos de fibras colágenas dispostas em
paralelo, já a fáscia profunda possui multicamadas de fibras de colágeno (cada
camada possui fibras dispostas em paralelo; entretanto, quando as camadas
são sobrepostas, as fibras de colágeno de cada camada são dispostas de
forma não paralela). Outra diferença é que as aponeuroses conectam músculos
aos ossos e a fáscia profunda liga músculos entre si.
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Periférico pelas terminações nervosas livres. Assim, todos esses sistemas
estão conectados entre si e com os Centros Regulatórios Superiores que
podem influenciar na matriz. (PISCHINGER, 2004)
Fig.4 – Representação didática da SFA (gel transparente) com a presença de fibras colágenas
e elásticas, vasos sanguíneos, nervos e células, como fibroblastos, neutrófilos e macrófagos.
Fonte: Myers, 2009.
Proteoglicanos
8
As funções dos GAG são hidratar a MEC, fornecer rigidez à MEC para
resistir a compressões e deformações do tecido (dependendo da quantidade de
água retida na SFA) e preencher espaços.
Os PG podem estar presentes na membrana celular, podendo se ligar à
fatores de crescimento (IGF alfa-1). O tamanho dos poros da membrana celular
é determinado pela existência das PG, assim elas garantem o equilíbrio tônico,
iônico e osmótico. (PISCHINGER, 2004).
Ácido Hialurônico
9
Fig.6 – Ácido Hialurônico
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Pequenas cadeias de AH podem se associar, aumentando o tamanho e
quantidade da molécula, modificando assim suas propriedades hidrodinâmicas
e viscoelásticas. Quando o AH se torna mais viscoso e menos lubrificante, as
linhas de força entre as camadas da fáscia profunda se modificam, e os
receptores presentes na fáscia passam a ter um limiar nociceptivo menor
(favorecendo as dores miofasciais). Esse processo de redução do
deslizamento entre as camadas de TC denso da própria fáscia é denominado
de densificação.
Tem se discutido que uma estratégia terapêutica eficaz é reverter esse quadro
de viscosidade do AH, tornando a fáscia mais deslizável entre suas próprias
camadas e com o músculo (STECCO et al, 2013).
Mudanças na quantidade e tamanho do AH contribui para dor,
inflamação e perda de função. Algumas pesquisas demonstraram que em
condições de estresse, o AH se torna despolimerizado e polímeros de menor
massa molecular são gerados. Essa reação de fragmentação do AH resulta em
polímeros menores que possuem propriedades angiogênicas, inflamatórias e
imunológicas (HORTON, et al, 1999; NOBLE, 2002). Fragmentos de AH
promovem inflamação, angiogênese e reações imunológicas ao estimular a
produção de citocinas inflamatórias e a quimiotaxia de macrófagos.
As estratégias para reverter o quadro de agregação das moléculas de
AH e o consequente aumento de viscosidade do TC frouxo entre as camadas
fasciais seriam aumentar a temperatura e promover a alcalinização do local
através de terapias manuais.
Estudos mostram que a redução do pH acarretado pela produção do
ácido lático em atividades esportivas promove mais ligações de moléculas de
AH, gerando a densificação. Esses resultados podem explicar o típico aumento
de rigidez observado em atletas após uma competição intensa. O ácido lático
não é o único componente que promove essa rigidez na fáscia, mas é uma
substância que catalisa essa reação.
O AH é extremamente abundante na embriogênese, em tecidos que
estão num processo de rápido crescimento e desenvolvimento e em situações
de reparo e regeneração.
O turnover do AH (a substituição de moléculas antigas por novas
moléculas) ocorre em 2-4 dias; o de outros GAG ocorrem com 7-10 dias. Isso
quer dizer que as células que produzem o AH devem estar sempre ativadas,
pois há um alto risco de redução rápida da quantidade desta macromolécula na
SFA caso ocorra interrupção de sua síntese. Existe um mecanismo de
feedback que estimula a síntese de AH caso o organismo detecte alto grau de
resíduos originados da quebra desta macromolécula. Além disso, tem se
estabelecido que estresse mecânico e deformações no TC representam
estímulos para a síntese de MEC (ADHIKARI et al 2011).
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Fibrose X Densificação
1.3 FIBRAS
Fibras Colágenas
Fibras Elásticas
Fibroblastos
Adipócitos
13
Células do Estroma
2. FÁSCIA
14
Fig.9 – Diferenciação do tecido fascial de acordo com a densidade e alinhamento das
fibras - Fonte: SCHLEIP & MÜLLER, 2012
15
Células contráteis já foram visualizadas na fáscia crural, tóraco-lombar e
peitoral (STAUBESAND & LI, 1996). A presença de células contráteis pode
fazer com que a fáscia modifique sua rigidez conforme a situação de
movimento e postura para transmitir forças tensivas de forma mais eficiente.
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FIBROBLASTOS
CONDROBLASTOS
ADIPÓCITOS
CONDRÓCITOS
CÉLULAS
OSTEOBLASTOS
MACRÓFAGOS
OSTEOCLASTOS
CÉLULAS
MESENQUIMAIS MASTÓCITOS
INDIFERENCIADAS
COLÁGENO
FIBRAS
ELASTINA RETICULARES
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As mudanças constantes na viscosidade da MEC permitem a substância
fundamental fixar água, influenciar na atividade metabólica das células e
prevenir disseminação de infecções (ela forma uma rede hidratada ao redor
das proteínas contráteis que assegura a lubrificação e permite absorver choque
e resistir a compressões).
A substância fundamental amorfa é formada principalmente por
glicosaminoglicanos (GAG) não sulfatados (ácido hialurônico) e sulfatados,
além de proteoglicanos (PG) e glicoproteínas de adesão (fibronectina). Essas
moléculas conectam as células entre si e as células com os vasos sanguíneos
para garantir a nutrição adequada e o metabolismo celular.
GLICOSAMINOGLICANOS
ÍONS PROTEOGLICANOS
SUBSTÂNCIA
FUNDAMENTAL
AMORFA
ÁGUA FIBRONECTINA
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estresse mecânico; os fibroblastos remodelam sua atividade alterando a
arquitetura do tecido para aquela que melhor se ajusta à demanda. Como
exemplo, podemos perceber que a locomoção bípede faz a fáscia lateral da
coxa se desenvolver e apresentar uma firmeza à palpação. Em usuários de
cadeira-de-rodas não observamos esses achados, uma vez que eles já não
possuem mais a demanda mecânica de uma pessoa que pode deambular.
Através dos fibroblastos, o colágeno sintetizado se remodela e altera seu
arranjo constantemente para se adequar à carga imposta ao tecido. A cada
ano que passa, metade de todas as fibras de colágeno do corpo é
substituída por novas fibras (NEUBERGER & SLACK, 1953). Outros dados
apontam que 30% do colágeno de todo o organismo humano se renova a
cada 6 meses e 75% em 2 anos.
De forma interessante, a fáscia de pessoas mais jovens apresenta
colágenos com uma conformação mais ondulada (Crimp), contribuindo mais
com as características elásticas. Nos idosos, as fibras são mais planas
(STAUBESAND et al., 1997). Pesquisas confirmaram que a prática regular
de atividade física pode induzir a síntese de colágeno mais ondulado, ou
seja, a fibra que está teoricamente mais presente em indivíduos jovens e
que possui uma capacidade de armazenamento elástico maior (JARNIVEN
et al., 2002, REEVES et al., 2006; WITVROUW et al., 2007).
Mecanismo da Catapulta: Consiste no armazenamento de energia potencial
elástica pelo tendão e pela fáscia, que quando liberada é transformada em
energia cinética, gerando movimento. Este mecanismo de armazenar
energia para depois liberar na forma de movimento rege todos os
movimentos do nosso corpo, do andar ao correr e saltar.
No passado, era postulado que, para ocorrer um movimento através de uma
articulação, o músculo esquelético deveria encurtar/contrair e essa energia
passaria para os tendões e depois para os ossos. Nessa forma clássica de
transmissão de energia o músculo ativamente muda o seu comprimento,
enquanto os tendões e aponeuroses quase não alteram de tamanho. O
elemento fascial permanece passivo.
Na visão moderna, a fibra muscular muda pouco de comprimento, quase
que contraindo isometricamente (o músculo enrijece contraindo, sem
ocorrer mudanças significativas de tamanho). Já o componente fascial
funciona de uma maneira elástica, encurtando e alongando como se fosse o
movimento de um Yo-yo. O encurtar e alongar do elemento fascial é que
gera o movimento (FUKUNAGA et al., 2002; KAWAKAMI et al., 2002).
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Fig. 14 – Comportamento elástico do componente fascial. Fonte: Kawakami, 2002.
21
Fig. 15 – Efeito de diferentes estímulos no tecido fascial - Fonte: Magnusson, 2010.
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2.4 TENSEGRIDADE: ENXERGANDO A FÁSCIA COMO UMA REDE
TENSIONAL INTERCONECTADA AO LONGO DE TODO O ORGANISMO
GORDURA,
SUPERFICIAL
DESLIZAMENTO
MOVIMENTO
PROFUNDA (ENDOMÍSIO,
PERIMÍSIO, EPIMÍSIO)
FÁSCIAS
INTERNA VISCERAL
NEURAL NEURAL
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2.6.1 FÁSCIA SUPERFICIAL
Figura 18 – Linhas em azul, indicando locais onde a fáscia superficial se funde com a
fáscia profunda. Fonte: Stecco, 2015.
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Fig. 19 – A fáscia superficial é formada por fibras colágenas frouxamente entrelaçadas e com
abundantes fibras elásticas. Ela possui a função de manter a integridade da pele, dar suporte
ao tecido subcutâneo e manter a luz das veias pérvias. Fonte: Stecco, 2015.
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A fáscia superficial separa a pele do sistema músculo-esquelético,
permitindo o deslizamento fisiológico entre músculo e pele, com a fáscia
superficial e as camadas de gorduras no meio.
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No tronco, a fáscia profunda está dividida em três camadas, que se
dividem em duas para envelopar um conjunto de músculos, apresentando
contato direto com o epimísio dos músculos. Nos membros, a fáscia profunda
(aponeurótica) envolve e conecta vários músculos, se conectando à fáscia
epimisal apenas nos septos intramusculares.
A fáscia epimisal ou muscular (endomísio, epimísio e perimísio) se junta
formando os ligamentos, aponeuroses e tendões, sendo importante para o
movimento humano. As fibras musculares são agrupadas em um fascículo. O
espaço entre as fibras é preenchido pelo endomísio, enquanto o espaço entre
os fascículos é preenchido pelo perimísio. O conjunto de vários fascículos
forma os músculos, que são envolvidos pelo epimísio (STECCO et al., 2011).
O perimísio tem a função de conduzir carga e possui alto poder de
adaptação, aumentando ou diminuindo sua rigidez dependendo do estímulo.
Apresentam grande densidade de miofibroblastos, e está presente em maior
quantidade nos músculos tônicos que nos músculos fásicos.
A continuidade fascial, desde a fibra individual até a fáscia epimisal,
serve para transmitir a contração do fuso neuromuscular da profundidade até a
superfície (movimento ativo) e transmitir o estiramento passivo da fáscia ao
fuso neuromuscular.
GÁLEA DA CABEÇA
FÁSCIA TEMPORAL
SUPERFICIAL
FÁSCIA SUPERFICIAL
SISTEMA
MUSCULOAPONEURÓTICO
SUPERFICIAL
MÚSCULO PLATISMA
FÁSCIA DA CABEÇA E DO
PESCOÇO
FÁSCIA PROFUNDA DO
CRÂNIO
FÁSCIA PROFUNDA DO
FÁSCIA PROFUNDA
ROSTO
FÁSCIA PROFUNDA DO
PESCOÇO
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A fáscia profunda da cabeça (crânio e rosto) está organizada em uma só
camada, enquanto no pescoço se divide em três: camada superficial, média e
profunda.
Gálea da cabeça
Músculo Frontal
Músculo Occipital
Fáscia Temporal
Superficial
Platisma
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interligados, apresentando muitas fibras elásticas quando a pessoa é jovem
(havendo uma diminuição com o envelhecimento, formando rugas). Na
bochecha, ocorre um acúmulo de gordura (formando a gordura de Bichat), e na
região das glândulas parótidas o tecido adiposo profundo desaparece,
ocorrendo uma aderência entre as fáscias superficial e profunda. No arco
zigomático o tecido adiposo profundo é muito fino, sendo atravessado pelos
músculos bucinador e zigomático (que conectam a fáscia profunda com a
fáscia superficial). O tecido adiposo superficial no rosto é interligado às fibras
musculares dos músculos mímicos através do retináculo superficial da cútis.
Fig. 23 – Posição do músculo bucinador, unindo a fáscia profunda com a fáscia superficial.
Fonte: Stecco, 2015.
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3.3 FÁSCIA PROFUNDA DO CRÂNIO
FÁSCIA
EPICRANIANA
FÁSCIA
PROFUNDA DO
CRÂNIO
FÁSCIA TEMPORAL
PROFUNDA
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3.4 FÁSCIA PROFUNDA DO ROSTO
FÁSCIA
PAROTIDA
MASSETÉRICA
FÁSCIA
FÁSCIA PTERIGÓIDE
PROFUNDA DO
ROSTO FÁSCIA DE
TENON
FÁSCIA
BUCOFARÍNGEA
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FÁSCIA PTERIGÓIDE: origina da lâmina lateral do processo pterigoide do
esfenoide (origem da fáscia bucofaríngea) e insere na espinha do esfenoide,
fissura petrotimpânica e mandíbula. Recobre os mm. pterigóides lateral e
medial, conecta-se na cápsula articular e no menisco da articulação
temporomandibular (junto com o mm. pterigóide lateral), além de enviar
expansões para o tendão do músculo masseter e para o periósteo da
mandíbula
CAMADA
SUPERFICIAL
FÁSCIA
CAMADA MÉDIA
PROFUNDA DO
(PRÉ-TRAQUEAL)
PESCOÇO
CAMADA PROFUNDA
(PRÉ-VERTEBRAL)
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CAMADA SUPERFICIAL DA FÁSCIA PROFUNDA CERVICAL: Está
intimamente ligada à gordura da pele do pescoço e ao músculo platisma (fáscia
superficial). Superiormente se insere na linha nucal superior do occipital; no
processo mastoide e conduto auditivo externo do temporal; na fáscia
massetérica e no bordo inferior do corpo da mandíbula (algumas fibras se
inserem mais superiormente). Inferiormente se insere na incisura jugular do
esterno, clavículas e espinha das escápulas. Anteriormente recobre a região
infra-hióidea e supra-hióidea, fixa-se no bordo inferior do corpo do hióide
desdobrando-se em duas folhas: uma superficial que recobre as glândulas
submandibulares e se fixa no bordo inferior da mandíbula, e outra profunda que
se fixa no corno maior do hióide após contornar o tendão do músculo
digástrico. Junto com o hióide a folha profunda forma um corredor osteofibroso
para esse tendão o qual se fixa na fáscia que recobre os músculos milo-hióide
e hipoglosso. Lateralmente a lâmina superficial se desdobra para envolver o
ECOM e então vai até a região supraclavicular relacionado-se com os nervos
supraclaviculares. Apresenta também outro desdobramento para envolver a
veia jugular externa e os nervos occipital menor, auricular magno e transverso
do pescoço. Posteriormente envolve o músculo trapézio e se insere no bordo
posterior do ligamento nucal. É contínuo com a fáscia que envolve os mm.
grande dorsal, peitoral maior e deltoide.
Fig. 29 – Fáscia profunda cervical: camada superficial e suas conexões. Essa fáscia envolve os
músculos Trapézio Superior e ECOM.
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CAMADA MÉDIA (OU PRÉ-TRAQUEAL) DA FÁSCIA PROFUNDA CERVICAL:
Essa camada está dividida em duas folhas. A folha superficial envolve os
músculos esterno-hióideos e omo-hióideos e se insere na parte posterior da
clavícula continuando com a fáscia dos músculos subclávio, peitoral menor e
elevador da escápula. Superiormente se insere no hióide e inferiormente se
insere na incisura jugular do esterno e nas clavículas. A folha profunda envolve
os músculos esterno-tireóideos e tireo-hióideos, as glândulas tireóide e
paratireoide e é contínua com o pericárdio. Lateralmente se funde com a
camada superficial da fáscia cervical profunda e se insere junto com ela à
frente do trapézio. Na linha média a camada superficial da fáscia profunda
cervical e a lâmina superficial da camada média se fusionam do hióide até o
istmo da glândula tireóide. Posteriormente é contínua com a fáscia alar que
conecta as duas artérias carótidas comuns com a fáscia da faringe e esôfago,
sendo continua também com a fáscia bucofaríngea. No tórax forma expansões
para os ligamentos suspensores da pleura.
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4. ANATOMIA DAS FÁSCIAS DO TÓRAX E ABDÔMEN
LÂMINA POSTERIOR
CAMADA
DA FÁSCIA
SUPERFICIAL
FÁSCIA SUPERFICIAL TORACOLOMBAR
FÁSCIA DO MM.
CAMADA MÉDIA
SERRÁTIL POSTERIOR
FÁSCIA PROFUNDA
LÂMINA ANTERIOR
DA FÁSCIA
TORACOLOMBAR
CAMADA PROFUNDA
FÁSCIA EPIMISAL DOS
MM. ERETORES DA
ESPINHA
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No abdome superior é muito mais fina, apresentando uma camada
translúcida de colágeno entre as camadas profunda e superficial de gordura.
Envolve as glândulas mamárias internamente, e entre a clavícula e glândulas
mamárias se espessa formando o ligamento de Giraldes (que suspende a
mama). No abdome inferior é espessa, não uniforme e branca, sendo
denominada fáscia de Scarpa, que continua inferiormente depois do ligamento
inguinal como fáscia lata (fáscia da coxa). Nos homens essa fáscia se expande
para o pênis e cordão espermático até o escroto formando parte da fáscia de
Dartos. Do escroto segue para trás continuando com a fáscia do períneo.
As fibras fasciais se estendem obliquamente em sentido craniocaudal da
lombar até a região anterior do tronco, seguindo as linhas de clivagem da pele.
Se juntam na região anterior na linha alba e no umbigo.
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CERVICAL ECOM E TRAPÉZIO
FÁSCIA PROFUNDA
PEITORAL MAIOR E
CAMADA TÓRAX
GRANDE DORSAL
SUPERFICIAL
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SUPERIORMENTE
ECOM
LATERALMENTE
DELTÓIDE E FÁSCIA
AXILAR E BRAQUIAL
PEITORAL MAIOR
INFERIORMENTE:
OBLÍQUO EXTERNO E
RETO ABDOMINAL
FÁSCIA
FÁSCIA PEITORAL ANTEROLATERAL DO
TÓRAX
MEDIALMENTE:
FÁSCIA PEITORAL
CONTRALATERAL
GRANDE DORSAL
CERVICAL INFRA-HIÓIDEOS
SUBCLÁVIOS
CAMADA MÉDIA
PEITORAL
DA FÁSCIA TORÁX
MENOR
PROFUNDA
SERRÁTIL
ANTERIOR
OBLÍQUO
ABDOME
INTERNO
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o FÁSCIA CLAVIPEITORAL: é uma forte camada de tecido conjuntivo que
nasce na clavícula, envelopa os músculos subclávio e peitoral menor.
Por baixo do músculo subclávio essa fáscia continua com a camada
média da fáscia profunda do pescoço superiormente, envelopa o
músculo serrátil anterior anteriormente e os músculos romboides e
elevador da escápula posteriormente. Lateralmente envia expansões
que formam o ligamento suspensor da axila (que arrasta a fáscia axilar
para cima quando o braço é levantado). No braço, continua com a fáscia
do músculo coracobraquial.
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CAMADA MÉDIA DA
FÁSCIA PROFUNDA
DO PESCOÇO
SERRÁTIL ANTERIOR
SUBCLÁVIO
ROMBÓIDES
ELEVADOR DA
ESCÁPULA
FÁSCIA
CLAVIPEITORAL
PEITORAL MENOR FÁSCIA AXILAR
FÁSCIA DO OBLÍQUO
INTERNO
LIGAMENTO
COSTOCORACÓIDE
FÁSCIA
CORACOCLAVICULAR
FÁSCIA DO MM.
CORACOBRAQUIAL
42
CERVICAL ESCALENOS
TÓRAX INTERCOSTAIS
CAMADA
TRANVERSO
PROFUNDA DA
ABDOMINAL
FÁSCIA PROFUNDA
ABDOME
RETO ABDOMINAL
PELVE PIRIFORME
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PLEURA PARIETAL
FÁSCIA DO
DIAFRAGMA
INTERCOSTAIS
INTERNOS EXTERNOS
LIGAMENTO FRÊNICO
ESOFAGEAL
FÁSCIA DO (ESÔFAGO)
TRANSVERSO DO
ABDOME E BAINHA
RETO ABDOMINAL LIGAMENTO
FÁSCIA INTERCOSTAIS COSTOPLEURAL (1a
COSTELA)
FÁSCIA
ENDOTORÁCICA
LIGAMENTO
TRANVERSOPLEURAL
(TRANSVERSA DE C7)
LIGAMENTOS
FRENOPERICÁRDIOS
LIGAMENTO
VERTEBROPLEURAL
(CORPO DE C7)
ESCALENOS
FÁSCIA PRÉ-
VERTEBRAL
44
Fig. 40 – Fáscia do Oblíquo Externo e sua continuação com o ligamento inguinal. Fonte:
Stecco, 2015.
BAINHA DO RETO
ABDOMINAL
LIGAMENTO
INGUINAL
FÁSCIA DO
OBLÍQUO
EXTERNO
FÁSCIA LATA
45
Fig. 42 – Camadas musculares do abdome. Fonte: Gray – Anatomia
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RETO ABDOMINAL
PARTE ANTERIOR
DA FÁSCIA
TORACOLOMBAR
FÁSCIA DO
OBLÍQUO INTERNO
LIGAMENTO
INGUINAL
LIGAMENTO DO
ÚTERO E CORDÃO
ESPERMÁTICO
PAREDE ANTERIOR
DA FÁSCIA
TORACOLOMBAR
FÁSCIA DO
OBLÍQUO
FÁSCIA DO INTERNO
TRANSVERSO
ABDOMINAL
LIGAMENTO
INGUINAL
DIAFRAGMA
OBLÍQUO
INTERNO
OBLÍQUO
EXTERNO
PEITORAL MAIOR
LIGAMENTO
INGUINAL
48
o FÁSCIA TRANSVERSAL: é a fáscia epimisal do músculo
transverso abdominal, constituindo a camada fascial entre a
parede abdominal e o peritônio (separada desta por tecido
conjuntivo frouxo). Contém grande quantidade de gordura
principalmente na região posterior e pelve. Envolve o sistema
urogenital, veia cava inferior, aorta e adrenais e se continua
inferiormente com a fáscia adrenovesical pélvica, canal inguinal e
escroto.
MM. TRANSVERSO
ABDOMINAL
PERITÔNIO
SISTEMA UROGENITAL,
VEIA CAVA, A. AORTA,
ADRENAIS
FÁSCIA TRANSVERSAL
FÁSCIA
ADRENOVESICAL
PÉLVICA
CANAL INGUINAL
ESCROTO
5. FÁSCIAS DA COLUNA
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5.1 FÁSCIA SUPERFICIAL DA COLUNA
50
LÂMINA POSTERIOR DA
CAMADA SUPERFICIAL
FÁSCIA TORACOLOMBAR
FÁSCIA DO SERRÁTIL
CAMADA MÉDIA
FÁSCIA PROFUNDA DA POSTERIOR
COLUNA
LÂMINA ANTERIOR DA
FÁSCIA TORACOLOMBAR
CAMADA PROFUNDA
FÁSCIA EPIMISAL DOS
ERETORES DA ESPINHA
TRAPÉZIO
CAMADA
SUPERFICIAL DA LAMINA POSTERIOR
GRANDE DORSAL DA FTL
FÁSCIA PROFUNDA
GLUTEO MAXIMO
51
Fig. 50 – Fáscia Toracolombar (lâmina posterior). É possível observar as conexões entre glúteo
máximo, grande dorsal e trapézio superior (todos envolvidos pela camada superficial da fáscia
profunda da coluna)
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CAMADA PROFUNDA DA FÁSCIA PROFUNDA DA COLUNA: formada pela
lamina anterior da fáscia toracolombar (fáscia aponeurotica) e pela fáscia que
envolve os eretores da espinha (fáscia epimisal). Na fáscia dos eretores da
espinha apenas os músculos interespinhosos e multífidos tem seu envoltório
bem definido, os demais músculos se fundem uns aos outros.
OBLÍQUO INTERNO
LÂMINA ANTERIOR DA
FÁSCIA
TORACOLOMBAR
TRANSVERSO DO
ABDOME
ROTADORES,
INTERTRANSVERSÁRIOS
E ESPINHAIS
LONGUÍSSIMO
ILIOCOSTAIS
MULTÍFIDOS
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o FÁSCIA TORACOLOMBAR: é uma estrutura importante que transmite força
dos músculos grande dorsal, glúteo máximo, paravertebrais e anteriores do
tronco. A lâmina posterior da fáscia toracolombar envolve a parte posterior dos
músculos espinhais e a lâmina anterior repousa entre os músculos espinhais e
o quadrado lombar (modelo de duas lâminas).
Distalmente insere-se na espinha ilíaca póstero-superior, crista ilíaca e
ligamentos sacroilíacos posteriores. A lâmina posterior da fáscia toracolombar
insere nos ligamentos supraespinhosos e processos espinhosos até o nível de
L4. Inferiormente à L4 bolsas de colágeno cruzam para o outro lado se
inserindo no sacro, espinha ilíaca póstero-superior contralateral e crista ilíaca
contralateral. A lâmina anterior insere medialmente nos processos espinhosos
das vértebras lombares e lateralmente nos mm. oblíquo interno e transverso do
abdome.
A fáscia toracolombar pode ser considerada um grande retináculo que conecta
os dois lados do corpo e o membro superior ao inferior contralateral. Sua
continuidade anatômica com os músculos abdominais é imprescindível para o
controle lombar.
Obs.: Do ponto de vista funcional a fáscia do quadrado lombar está
intimamente relacionada com as fáscias pélvicas (fáscia do iliopsoas) e
abdominais (fáscia do transverso), em vez de estar relacionada com a fáscia
toracolombar. A lâmina posterior da fáscia do quadrado lombar tem conexões
com a lâmina anterior da fáscia toracolombar, enquanto a lâmina anterior tem
forte relação com a fáscia transversal.
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o FÁSCIA DO ILIOPSOAS: pode ser considerada a continuação da fáscia do
mm. transverso abdominal, estando separada da fáscia transversal e da fáscia
renal por tecido conjuntivo frouxo. Sua lâmina posterior se insere nos
processos transversos lombares formando a lâmina anterior da fáscia
toracolombar. Sua lâmina anterior recobre os músculos iliopsoas e quadrado
lombar, então se liga ao ligamento longitudinal anterior da coluna vertebral para
se juntar à fáscia do mm. transverso abdominal contralateral.
Inferiormente na pelve se continua com a fáscia ilíaca e, quando entra na coxa,
com a fáscia lata. Superiormente emite expansões para a fáscia do diafragma.
Todos os ramos do plexo lombar passam pela fáscia do iliopsoas, os troncos
simpáticos passam abaixo do arco do psoas maior e o ramo genitofemoral
passa abaixo desse plano fascial.
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6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
NOBLE, PW. Hyaluronan and its catabolic products in tissue injury and repair.
Matrix Biol. 2002;21:2529.
56
POLLACK, GH. 2001. Cells, Gels and the Engines of Life. A New, Unifying
Approach to Cell Function. Ebner and Sons Publishers, Seattle, Washington.
57