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Autores:
Edilson Candido
Helena Maria de Castro Gonçalvez Cruz
Maria Teresa Vianna Van Acker
Orientacao_C1_7o_Ano_Historia_TONY_2017_PROF 01/09/16 17:16 Página III
Caderno do Professor
A coleção didática do Sistema de Ensino Objetivo
(6.o a 9.o ano)
A coleção didática composta pelo conjunto dos Cadernos de Atividades do Sistema de Ensino Objetivo
para os anos finais do ensino fundamental é o resultado de uma longa experiência na elaboração de materiais
didáticos e sua utilização efetiva em sala de aula.
Os Cadernos de Atividades são elaborados por professores da equipe pedagógica do Centro Educacional
Objetivo, com comprovada experiência na área educacional, atuantes em sala de aula. Isso torna possível
oferecer um material didático com alto grau de aplicabilidade, na medida em que resulta de um efetivo diálogo
entre a teoria e a prática na construção das aulas e das propostas de atividades. Dessa forma, garante-se
que este material seja, de fato, um suporte eficiente para o trabalho do professor e para o aprendizado dos
alunos.
Do ponto de vista teórico-metodológico, parte-se da concepção de que, nos dias atuais, não é possível
mais conceber o processo de ensino-aprendizagem apenas como transferência de informação. É preciso ir
além, buscando criar condições para uma aprendizagem efetiva e enriquecedora, em que o aluno seja a figura
central e assuma o papel de protagonista na construção do conhecimento. A atuação do professor assume
novos contornos no sentido do favorecimento desse processo. Isso se realiza por meio de uma pedagogia
ativa, dialógica e interativa, a qual busca a emancipação intelectual do aluno, que se pretende capaz de viver
em uma sociedade em constante processo de transformação.
Como lastro e suporte ao conhecimento a ser construído, é oferecido um conteúdo informativo ao mesmo
tempo denso e adequado às possibilidades de apreensão pelos alunos, de acordo com sua faixa etária.
Cumpre ressaltar que não se trata do conteúdo pelo conteúdo. Este não tem um fim em si mesmo, mas está
vinculado à construção de saberes necessários para a formação de indivíduos capazes de compreender o
mundo que os cerca e nele se situarem de forma crítica e responsável.
Assume-se, sobretudo, um essencial respeito ao aluno, concebido como sujeito livre, pensante, capaz,
potente, criativo, crítico e apto a novas descobertas. Visa-se contribuir para formar indivíduos autônomos,
com consciência crítica, sentido de cidadania e capacidade de interagir no mundo tecnológico e globalizado,
modificando-o de forma responsável, com respeito por si e pelos outros, reconhecendo-se como um ser
social.
Parte-se do entendimento de que o conhecimento escolar tem dupla função, como destacam as Diretrizes
Curriculares Nacionais da Educação Básica: “desenvolver habilidades intelectuais e criar atitudes e compor-
tamentos necessários para a vida em sociedade”1. Ainda de acordo com esse documento, considera-se que
“a educação escolar deve fundamentar-se na ética e nos valores de liberdade, na justiça social, na pluralidade,
na solidariedade e na sustentabilidade, cuja finalidade é o pleno desenvolvimento de seus sujeitos, nas
dimensões individual e social de cidadãos conscientes de seus direitos e deveres, compromissados com a
transformação social”2.
1 Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental de 9 anos. In: Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais de Educação Básica.
Brasília: MEC, SEB, DICEI, 2013. p. 112.
2 Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais da Educação Básica. Brasília: MEC, SEB, DICEI, 2013. p. 16.
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Atendendo a esses objetivos, nesta coleção didática busca-se contribuir para o trabalho escolar de forma
a promover a colaboração, o respeito, a valorização da diversidade cultural, a cultura da paz, a preservação do
meio ambiente e o combate aos preconceitos. Visa-se garantir o respeito à natureza, à liberdade e à dignidade
humana.
Pretende-se fornecer um material didático que permita assegurar ao aluno o acesso ao conhecimento
socialmente acumulado e o desenvolvimento das habilidades cognitivas necessárias para sua plena inserção
social. Dominar a leitura, a escrita, fazer cálculos e resolver problemas, lidar com dados, com diferentes signos
e linguagens compõem um conjunto de saberes essenciais. A eles se juntam a capacidade de pesquisar,
colocada em destaque nos dias atuais, a qual compreende não apenas buscar informações, mas, sobretudo,
selecioná-las. O estímulo ao pensamento crítico, à imaginação e à criação também faz parte das intenções
que nortearam esta proposta de trabalho. O trecho a seguir das Diretrizes Curriculares confirma sua
adequação:
A leitura e a escrita, a História, as Ciências, a Arte, propiciam aos alunos o encontro com um mundo que
é diferente, mais amplo e diverso que o seu. Ao não se restringir à transmissão de conhecimentos
apresentados como verdades acabadas e levar os alunos a perceberem que essas formas de entender e de
expressar a realidade possibilitam outras interpretações, a escola também oferece lugar para que os próprios
educandos reinventem o conhecimento e criem e recriem cultura.3
Os Cadernos de Atividades compõem um conjunto coerente e integrado. Foram construídos a partir das
mesmas premissas teórico-metodológicas e de acordo com uma visão educacional comum. A programação
prevista para as diferentes áreas do conhecimento foi definida considerando-se a progressão da aprendizagem
a ser conduzida nas séries iniciais do ensino fundamental e no ensino médio. Também foi observada a relação
dos conteúdos programáticos em cada série. Sua organização previne redundâncias, mas em alguns casos
reforça o estudo de certos temas, oferecendo ângulos de visão complementares sobre assuntos correlatos.
3 Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais da Educação Básica. Brasília: MEC, SEB, DICEI, 2013. p. 16.
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2. Proposta didático-metodológica
A proposta didático-metodológica desta coleção é dar suporte ao desenvolvimento de um processo de
ensino-aprendizagem em que haja o predomínio da experimentação, da descoberta e da coautoria na
construção do conhecimento.
Procurou-se organizar, nas diferentes disciplinas, sequências didáticas que favoreçam nos alunos o
exercício da reflexão e a mobilização de recursos cognitivos, saberes e informações a serem aplicados em
situações de aprendizagem.
A ênfase desta coleção didática está no percurso de aprendizagem a ser empreendido pelos alunos, e
não apenas nos seus resultados. Abandonou-se o formato mais corriqueiro de apresentação do conteúdo no
início dos módulos, seguido de exercícios, em favor de atividades nas quais os alunos são envolvidos de fato
no processo de aprendizagem. Considera-se que a aprendizagem é mais significativa quando o aluno atua
como protagonista, ou seja, assume um papel ativo e mobiliza habilidades cognitivas para explorar e descobrir
novos conhecimentos. Nisto se dá a incorporação de novos saberes e também se amplia o conhecimento
que ele tem de si próprio e da realidade como um todo, criando-se condições para uma atuação social mais
consciente. Espera-se que o aluno, ao assumir um papel ativo na própria aprendizagem, desenvolva a
metacognição, isto é, adquira domínio progressivo sobre suas habilidades cognitivas, sobre seu processo de
aprendizagem.
Como hoje se considera que há diferentes estilos de aprendizagem, elaboramos atividades bastante
diversificadas, de modo a atender a diferentes formas de aprender. Assim, garante-se também que os alunos
participem ativa e efetivamente da construção de sua aprendizagem, envolvendo-se em aulas mais dinâmicas,
de forma a ampliar a motivação e estimular o interesse desses aprendentes pelos assuntos tratados.
Sabe-se que os conceitos são interiorizados na medida do significado de que são revestidos no processo
de sua apreensão pelos alunos. Importa, pois, a sua contextualização e o quanto os alunos estão envolvidos
e são desafiados a se integrar na construção coletiva do conhecimento. Com isso em vista, são oferecidas
situações-problema e atividades desafiantes a serem solucionadas pelos alunos, como forma de garantir seu
envolvimento e a mobilização dos conhecimentos e das habilidades requeridas. O objetivo é que o aluno não
apenas tenha acesso às informações, mas também aprenda a lidar com elas para aplicá-las em situações
concretas.
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O ponto de partida se dá na valorização do conhecimento prévio do aluno como alicerce importante para
a construção do conhecimento de registro acadêmico e científico. Para tanto, criam-se condições para que
as novas informações possam se articular com o conhecimento preexistente, desestabilizá-lo e assim
possibilitar aos alunos a construção de novos saberes, promovendo situações de aprendizagem que os levem
a ampliar seus conhecimentos.
Exposto a uma situação-problema, o aluno mobiliza novos saberes, pois um problema é uma situação
possível de ser resolvida, mas o indivíduo não dispõe, de antemão, de uma estratégia ou procedimento já
estruturado para solucioná-la. Com frequência, é possível chegar à solução por meio de mais de uma
estratégia ou procedimento. A situação-problema, por sua complexidade, geralmente se constitui em um
desafio instigante, mas com grau de dificuldade compatível com o repertório do aluno, quando etapas
anteriores foram consolidadas. Dar oportunidade ao surgimento de uma diversidade de posições encaminha
a possibilidade de haver um conflito cognitivo e, em consequência, promover o desenvolvimento intelectual
e a aprendizagem. Para solucionar situações-problema com pertinência e eficácia, dá-se a mobilização de um
conjunto de recursos, tais como conceitos, habilidades e atitudes. Trata-se de uma estratégia para a qual é
necessário e conveniente recorrer a procedimentos multíplices, como levantar hipóteses, analisar dados,
buscar recursos para a resolução e estabelecer relações, assumindo a complexidade da questão em estudo.
Isso implica também o comprometimento com valores éticos e sociais.
Ainda que a resposta certa não seja o único objetivo a ser alcançado, o compromisso com o saber
acadêmico e científico encaminha a necessidade da validação do conhecimento construído pelos alunos. Para
isso, este deve ser relacionado com os conhecimentos estabelecidos e nesse processo se dão a ampliação
e a reorganização dos seus saberes.
Algumas atividades de aprendizagem das sequências didáticas foram elaboradas para serem
necessariamente feitas em grupo e isso deve ser respeitado. Considera-se que trabalhar em grupo não seja
apenas importante, mas sim fundamental. Na realização de atividades em duplas, ou em grupos, é favorecida
a interação entre os alunos, o que possibilita o confronto de pontos de vista e a troca de ideias entre eles.
Nelas os alunos são solicitados a planejar trabalhos, expor suas ideias, ouvir e analisar as dos outros, elaborar
sínteses, formular conceitos, percorrendo assim um enriquecedor percurso de aprendizagem. Enfatiza-se,
nesse caso, a aprendizagem colaborativa. Além de ser uma estratégia pedagógica, é também caminho de
preparação para o exercício responsável da cidadania ao dar ao aluno a oportunidade de se posicionar
socialmente, no contexto escolar, de forma ativa.
Sugerimos formas diferenciadas para organizar os agrupamentos de alunos, a fim de enriquecer os
processos de aprendizagem e também superar as suas dificuldades. Podem-se organizar duplas, trios,
quartetos e grandes grupos em círculo ou meia-lua e combinar essas formas de organização em momentos
diferentes.
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e a descoberta por parte do aluno e o estimula para a construção do seu saber. É dinâmica e não comporta
receitas ou fórmulas – a ligação que o professor promove entre o aprendiz e o objeto de aprendizagem deve
estruturar-se e reestruturar-se em decorrência do processo individual do aluno, impossível de ser totalmente
previsto, antecipado. Há de se considerar os processos individuais, os estilos de aprendizagem particulares,
os momentos em que se faz necessária uma atuação mais ou menos diretiva. Sem dúvida, atuar como
mediador é muito mais difícil, requer muito mais preparo e envolvimento do que fazer exposições totalmente
planejadas de conteúdos e aplicar exercícios com gabarito único.
O Caderno do Professor traz orientações didáticas que acompanham todas as propostas de trabalho,
funcionando como guia para a utilização adequada e eficiente do material didático. Ao mesmo tempo, não
restringe as opções do professor para atender às necessidades surgidas na dinâmica da sala de aula,
oferecendo, inclusive, sugestões alternativas para esse fim.
3. Avaliação
Para adequar-se à proposta de trabalho desta coleção, deve-se entender a avaliação como parte do
processo de aprendizagem. Durante todo o tempo, o aluno deve ser acompanhado, observado, questionado
e estimulado a buscar respostas. Nesse percurso, é possível identificar avanços ou resultados nos vários
processos de aprendizagem em questão, como também fazer levantamento de novas necessidades, planejar
e executar ações, melhorando o atendimento aos alunos. Nesse sentido, a função principal da avaliação não
é atribuir uma nota ou um conceito de acordo com a quantidade de conteúdos aprendidos, mas reorientar a
aprendizagem. Para alcançar esse objetivo, o ato de avaliar não pode ser mecânico; deve ser processual e
reflexivo, voltado para identificar os níveis de aprendizagem alcançados nos conteúdos curriculares em
desenvolvimento ou já finalizados, a fim de, se necessário, ajustarem-se ou alterarem-se os processos em
curso. Avaliar é reorientar a prática docente, sempre que necessário, é oferecer ao professor subsídios
concretos para saber como prosseguir com sua ação educativa. Nessa visão, os erros se tornam objetos de
estudo, pois revelam a natureza das representações ou estratégias elaboradas pelo estudante em seu
percurso de aprendizagem.
O aluno desenvolve uma atividade inicial que deve permitir-lhe identificar e organizar seus
conhecimentos prévios sobre o tema, bem como aguçar sua curiosidade e interesse por eles.
Pode constituir parâmetro para que se autoavalie e monitore os próprios progressos.
Para o professor, ter noção clara dos conhecimentos prévios dos alunos permite-lhe planejar
as aulas de maneira a aprofundar e ampliar conceitos, esclarecer aspectos mal compreen-
didos e desfazer imprecisões conceituais preconcebidas pelos alunos.
O aluno desenvolve atividades que têm como propósito facilitar o percurso de um raciocínio
e, por meio da exploração (como questões a responder, hipóteses a testar), chegar à
descoberta, ou seja, a novos saberes. É importante que o professor não elimine questões
nem junte aspectos tratados isoladamente em uma única pergunta com o intuito de encurtar
o processo.
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Exposto a uma situação que exige dele uma resposta nova, original, diferente do exercício
de simples compreensão ou de aplicação reprodutiva de algo já dado, o aluno é solicitado a
mobilizar os novos conhecimentos, habilidades e atitudes.
No Portal Objetivo, são oferecidas orientações aos alunos para todas as tarefas. As
marcadas com o ícone “tarefanet” são construídas de forma a permitir a autocorreção por
parte deles.
Cabe salientar que as seções didáticas apresentadas, embora tenham propósitos centrais diferentes umas
das outras, não são estanques nem se esgotam em si mesmas. Por exemplo, as atividades propostas em
“Suas experiências”, embora tenham como foco central a identificação e a organização dos saberes prévios,
já podem criar condições para alguma nova descoberta; da mesma forma, o desenvolvimento das atividades
de “Sua criação” ou a “Ampliação dos saberes” dão continuidade ao processo de exploração e descoberta,
possibilitando a construção de novos saberes.
Além das seções estruturantes do processo de aprendizagem, há outras marcações de atividades que
sinalizam de que formas estas se integram nas sequências didáticas organizadas. Algumas se repetem nas
diferentes disciplinas (“Pense no assunto”, “Atividade em grupo”, “Sua contribuição ao grupo” etc.) e outras
são específicas de algumas disciplinas.
O professor pode planejar seu trabalho e organizar a duração de cada sequência didática, acompanhando
as sugestões de número de aulas previstas que são apresentadas em tabela no fim de cada caderno de
orientação do professor. É certo que acompanhar o processo de aprendizagem impõe alguma flexibilidade a
partir das reações dos alunos às atividades, demandando do professor uma atenção constante. Respeitando-se
os interesses dos alunos e o seu ritmo de aprendizagem, o tempo destinado a cada atividade e a duração da
sequência podem ser encurtados ou ampliados.
5. Sugestões de leitura
CASTRO, Amélia Domingues de. Piaget e a didática: ensaios. São Paulo: Saraiva, 1974.
MOREIRA, M. C.; MASINI, E. F. S. A aprendizagem significativa: a teoria de David Ausubel. São Paulo:
Moraes, 1982.
PIAGET, J. Para onde vai a educação? Rio de Janeiro: José Olympio, 1976.
______. Psicologia e pedagogia. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1970.
VYGOTSKY, L.S. A formação social da mente. 4. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1991.
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1. Pontos de partida
Com relação à aprendizagem dos alunos, partimos dos pressupostos abordados na apresentação geral e
do reconhecimento de que o conteúdo da disciplina História, a ser aprendido pelos alunos, não se identifica
com uma verdade única, posto que construído socialmente, por meio de diferentes percursos, e orientado
por interesses diversos e pelos recursos disponíveis nas situações concretas de sua produção na escola.
Ensinar História exige ferramentas que se utilizam de concepções de aprendizagem e de elementos que
definem a disciplina escolar, ou seja, o conjunto de conhecimentos e práticas que alicerçam os currículos, os
objetivos da disciplina, seus caminhos metodológicos e até mesmo sua representatividade social.
Assim, ensinar História, além de propiciar a aprendizagem dos alunos, significa organizar conteúdos de
acordo com pressupostos importantes, definidos por um campo de estudos específico, o das disciplinas
escolares. Em relação a esse campo, é relevante compreender alguns debates e posições atuais a respeito
de suas relações com o conhecimento acadêmico, com a cultura escolar e com as diretrizes curriculares
contemporâneas, que sintetizam concepções de ensino, aprendizagem e disciplina escolar. Para abordar
essas relações, vamos tratar da disciplina considerada como transposição didática, depois como cultura
escolar e, finalmente, apresentaremos o estado atual do debate, tal como ele emerge nas diretrizes
curriculares.
a) A transposição didática
Uma concepção de disciplina escolar é a que define que o conteúdo escolar deve corresponder a uma
transposição didática da ciência de referência, produzida em centros universitários com rigor metodológico.
Os responsáveis por essa transposição ou vulgarização são autores de livros didáticos, burocratas dos
ministérios e secretarias da educação, técnicos educacionais e até mesmo a família. O representante máximo
dessa concepção é Yves Chevallard, e ela entra em voga quando a educação dos valores nacionais passa a
ser superada pela importância da educação com vistas ao desenvolvimento científico. Como mostra Circe
Bittencourt (2011, p. 35-37), em decorrência desses objetivos houve uma supervalorização do conhecimento
científico sobre o conhecimento escolar e, em função de suas características, os saberes das séries finais
também são mais valorizados do que os das séries iniciais, pois os conteúdos advêm da produção científica
e os métodos didáticos se reduzem a técnicas pedagógicas.
Ainda que seja possível criticar a hierarquia dos conhecimentos decorrentes da ideia da disciplina escolar
como transposição didática, é preciso reconhecer que essa concepção promoveu uma mudança importante
em relação ao tempo em que os conteúdos do ensino de História, no Brasil, estavam estruturados a partir do
estudo da História da Europa Ocidental.
Num primeiro momento, ensinou-se a História da Europa Ocidental, apresentada como a verdadeira
História da civilização. A História pátria surgia como seu apêndice, sem um corpo autônomo e ocupando um
papel extremamente secundário. Relegada aos anos finais do ginásio, com número ínfimo de aulas, sem
uma estrutura própria, consistia em um repositório de biografias de homens ilustres, de datas e batalhas.
(Elza Nadai, 1992/93, p. 146.)
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Essa situação perdurou nos programas curriculares de 1931 e 1961, quando a referência continuou a ser
a História europeia. A História do Brasil se iniciava com a expansão marítima ibérica e com a introdução da
civilização cristã. Nesse momento, os nativos eram apresentados como conquistados, submetidos ao real
sujeito da História, como mostra Kátia Abud (1992/93, p. 146). Até a Lei n.o 5.692/71, os conteúdos de História
do Brasil tinham como objetivo formar a consciência nacional por meio de seus heróis, marcos históricos. A
principal personagem, que ocupava o centro desse ensino, era a pátria, como mostram Maria Auxiliadora
Schmidt e Marlene Cainelli (2006).
c) A relação entre produção acadêmica e cultura escolar nas propostas curriculares atuais
As propostas curriculares elaboradas a partir de meados de 1980, em vários estados brasileiros, já apon-
tavam a necessidade de ultrapassar a forma tradicional do ensino de História, ou seja, um ensino centrado na
transmissão de conteúdos por um professor para um aluno, receptor passivo do conhecimento factual e tem-
poralmente estanque. Segundo Schmidt e Cainelli (2006), teve então início o debate que procurou afirmar a
disciplina História como
espaço para um ensino crítico, centrado em discussões sobre temáticas relacionadas ao cotidiano do
aluno, seu trabalho e sua historicidade. O objetivo era recuperar o aluno como sujeito de uma história
já determinada, produzida por heroicos personagens dos livros didáticos.
(Schmidt e Cainelli, 2006, p. 12-13.)
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Essa tendência vinha sendo anunciada em outros países desde a década de 1970, como nos mostra
Dickinson e outros (1984), ao afirmarem que, a partir daquela década, o ensino de História deixou de ser
concebido como o ensino do que ocorreu no passado e passou a centrar-se em como podemos adquirir
conhecimento sobre o passado, mudança que envolve conhecer a trama da História e entrar em contato com
questões que envolvem a produção do conhecimento histórico.
De que modo essas propostas curriculares retomaram a tendência da transposição didática, considerando
o currículo escolar a partir dos fundamentos do conhecimento acadêmico universitário, ou reforçaram a
tradição da cultura escolar como norteadora do currículo?
Segundo Basseto, Bittencourt e Mattos, as propostas curriculares podem ser consideradas “agentes da
história da disciplina, no sentido de explicitar o alcance das mudanças e as tendências de continuidades e,
(...) objeto a ser explicitado em sua forma de sistematizador do conhecimento histórico escolar, indicando o
para quê, o que e o como deve ser o ensino de história” (In Barreto, 1995, p. 86).
A análise dos três autores acima, acerca das propostas curriculares produzidas em 23 estados, durante a
década de 1980, lança luzes sobre o processo de produção dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs),
que foram publicados três anos depois, em 1998, e mostra como, na prática, a construção da disciplina escolar
é fruto da composição da tentativa de transposição didática com a produção cultural que emerge na escola.
Vale mencionar alguns dos apontamentos dessa análise, publicada pela Fundação Carlos Chagas, em São
Paulo, e que subsidiou a produção dos PCNs. Os autores mostram que todas as propostas têm como
fundamento teórico comum a História Nova Francesa, especialmente aquela divulgada por Jacques Le Goff,
em A Nova História, obra traduzida para o português em 1986. Muitas das propostas buscaram também
abordar a História-problema, numa referência à História como fruto de pesquisa, defendida pelos historiadores
antecessores de Le Goff, como Lucien Febvre, e explicada por François Furet1, na Oficina da História.
Entre as abordagens encontradas nas propostas da década de 1980 e nos PCNs, podemos distinguir a
história social, muitas vezes dissociada da história econômica e muito próxima da história da cultura (uma
história da cultura conceituada de forma heterogênea, ora como história das mentalidades, ora como estudo
do imaginário, ou ainda como história do cotidiano). Em síntese, podemos verificar que a história sociocultural
oferece a possibilidade de o aluno trabalhar com conceitos fundamentais na perspectiva da formação para a
cidadania crítica, compreensiva das diferenças e de suas formas próprias de realização na História. Destacam-se
os seguintes conceitos como próprios ao ensino de História: cultura, trabalho, organização social, relações
de poder e representações. Nessa medida, a abordagem cultural procura substituir a ideia de História como
estudo de civilizações, construído sob uma ótica eurocêntrica. Ao contrário, a história cultural procura
“possibilitar a compreensão de que os homens, para sobreviver, se relacionam com a natureza e entre si e,
nesse processo, produzem cultura, o que abrange todas as manifestações históricas dos grupos humanos”
(SEE/RJ, 1994, p. 76. Apud Circe Bittencourt, 2011, p. 116). Essa mesma orientação, elaborada na proposta
curricular do Rio de Janeiro, está presente nos textos dos PCNs:
1 As propostas curriculares estaduais continuam a ser revistas à luz das experiências realizadas após a década de 1990. A proposta curricular
do ensino de História para o Fundamental do estado de Minas Gerais, coordenada por Siman e publicada em 2006, explicita em suas
considerações sobre os fundamentos da historiografia que introduzir a História-problema na escola provoca grande ruptura com a cultura
escolar, afirmando que o saber histórico a ser ensinado não equivale à pesquisa acadêmica.
2 BRASIL. Ministério da Educação (MEC). Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: História. Brasília: MEC/SEF,
1998.
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Fica evidente que as iniciativas da década de 1980 deram frutos na de 1990 e representaram um grande
passo para ultrapassar uma produção factual, desligada da produção acadêmica, a que chamamos de história
tradicional e que organizava o conteúdo em uma sucessão cronológica linear. As novas propostas, nesse esforço,
introduziram a ideia do eixo temático como organizador dos problemas ou questões a serem tratadas e, sobretudo,
para possibilitar o tratamento da complexidade das noções temporais de permanência e mudança, permitindo
organizar estudos comparativos para se apreender a identidade pelo estudo da diferença, articular conceitos e a
organização temporal. Porém, é conveniente ressaltar que a abordagem linear no ensino de História tem sido
proposta como forma de deixar evidente que seu estudo é radicalmente temporal; ainda que realizado no presente
e em função deste, exige o conhecimento e a análise dos processos históricos, pelos quais os homens se
formaram e constituíram seus distintos modos de ser, viver e pensar, como podemos ler na proposta do estado
do Rio de Janeiro, publicada em 20103. O mesmo ocorre com as propostas do estado de São Paulo e do munícipio
de São Paulo, que articulam abordagens temáticas e apresentação linear dos processos históricos.
Apresentamos agora uma síntese das tendências atuais do ensino de História, adaptando a ordem dos
tópicos já propostos por Schmidt e Cainelli (2006, p. 15-17). O quadro a seguir corresponde ao pano de fundo
das discussões que orientaram a elaboração deste material.
FUNÇÃO DO ENSINO • Contribuição para a construção da cidadania crítica, participante e responsável pelas
diferentes comunidades próximas, pelo mundo.
• Desenvolvimento de raciocínios historicamente corretos.
• Aquisição da capacidade de análise da relação presente-passado.
• Apreensão da pluralidade de memórias, e não somente da memória nacional.
• Preocupação com as finalidades da História no mundo em mudança vertiginosa e
tendente à desvinculação entre o presente e o passado.
3 RIO DE JANEIRO. Secretaria de Estado da Educação. Proposta curricular: um novo formato – História. Rio de Janeiro: SEE-RJ, 2010.
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MÉTODO Chamamos de método o caminho que construímos por meio dos pressupostos
presentes na concepção de conhecimento que perpassa o ensino de História na
atualidade: a aproximação das atividades escolares das ações investigativas, próprias da
ciência histórica (ler, compreender, interpretar, registrar e construir narrativas); a
concepção de aprendizagem como ação cognitiva/significativa dos alunos, fruto de um
processo sociocultural.
Se o método é o caminho traçado, as estratégias são vias para percorrê-lo. Em
situações-problema e sequências didáticas, exploramos leituras de diferentes linguagens
e a expressão da compreensão dos alunos.
AVALIAÇÃO Sugerimos diferentes formas de avaliação, em consonância com os desafios dos dias
atuais: sondagem diagnóstica, não formal, no início das sequências didáticas; avaliação
processual formativa – individual e coletiva – ao longo da sequência didática por meio
de atividades de registro escrito ou gráfico; atividades de aplicação dos conhecimentos
históricos, explorando a expressão dos alunos por meio de diferentes linguagens; e
avaliações classificatórias, com as quais os alunos também serão confrontados ao longo
dos processos seletivos a que devem se submeter.
Com base nas considerações acima, damo-nos conta de que, ainda que tenha havido avanços nos últimos
30 anos, persistem resistências e o desafio de motivar os alunos ao ensino da História. Reconhecemos que
já acumulamos experiências em relação à introdução de novos temas, objetos e estratégias de ensino,
visando aprimorar a seleção e a apresentação do conteúdo, bem como promover o protagonismo dos alunos.
Cabe ainda lembrar que os conteúdos referentes aos temas transversais e à história da África, da cultura
afro-brasileira e dos povos indígenas estão inseridos ao longo da programação.
Apresentamos, agora, os objetivos do ensino de História para essa coleção, sua proposta metodológica
e, em decorrência dela, a formulação dos cadernos que compõem o material didático do 6.o ao 9.o ano do
Sistema Objetivo de Ensino.
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3. Atividades de aprendizagem
Para alcançar os objetivos propostos, construímos um caminho estratégico organizador das atividades de
aprendizagem dos alunos por meio de:
Situação-problema – Proposta no início de cada módulo, com o objetivo de estimular o aluno a pensar
sobre o tema a ser estudado, além de propiciar ao professor uma oportunidade de investigar os
conhecimentos prévios do aluno.
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Documento histórico – São apresentados aos alunos registros produzidos nas épocas
históricas estudadas, com base nos quais eles farão atividades de leitura e interpretação
que os aproximarão do trabalho do historiador.
Anotações de leitura – Atividade para ser realizada em classe e para orientar o trabalho de
leitura dos alunos, com a finalidade de orientar o registro da compreensão do texto e facilitar
o diálogo do professor com os alunos. Consideramos que estratégias de facilitação são
importantes para a explicação dinâmica, incluindo a participação dos alunos e estabelecendo
limites para que o tempo disponível, ao tratar dos assuntos que fazem parte do material,
seja bem aproveitado. Por isso, essas atividades estão propostas em continuidade ao texto
dos autores e os demais textos apresentados neste volume. Sugere-se que o professor peça
aos alunos que realizem algumas das atividades de anotações de leitura em casa, sempre
que essa tarefa complementar o que já foi explicado em sala de aula, e que sua correção em
classe seja uma oportunidade para avaliar oralmente o entendimento deles.
Atividade em grupo – Atividades de leitura, interpretação e discussão que têm por objetivo
a produção em pequenos grupos, o que permite a participação de todos e o acompanha-
mento do professor, que pode percorrer a classe e observar a interação e o trabalho de
todos os alunos.
Produção coletiva – Atividade construída no diálogo do professor com a classe, na qual o
professor coordena o envolvimento de todos na atividade, após definir algumas regras:
a) O tempo de duração da atividade (de 5 a 20 minutos, a depender da tarefa a ser realizada).
b) A participação de todos não significa que todos devam falar. Considera-se participação a
escuta atenta e diversas maneiras de cooperação, como não repetir as mesmas ideias,
sugerir formas de execução da tarefa (escrita, esquema gráfico ou outra), indicar falhas
e caminhos para melhorar.
c) O professor é membro do grupo, ainda que tenha uma função diferenciada; nessa condi-
ção, ele deve contribuir para a resposta após as primeiras ideias e, ao mesmo tempo, gerir
o grupo para garantir o foco na tarefa. Ele pode ser o escriba da produção do grupo,
utilizando a lousa, ou escolher um aluno que faça os registros, para que depois todos
copiem no caderno.
d) Ao final da tarefa, o professor deve propor uma autoavaliação da classe, adotando os
seguintes critérios, que devem ser informados aos alunos antes do início da atividade:
concentração na tarefa; boa participação (expressão de ideias e escuta);
criatividade; e observação do tempo definido para a tarefa. XV
Orientacao_C1_7o_Ano_Historia_TONY_2017_PROF 01/09/16 17:17 Página XVI
Sua criação com a História – Essa atividade é uma proposta que envolve a realização de
uma tarefa longa subdividida em etapas, que tem como produto algo a ser socialmente
compartilhado pelo aluno, dentro e fora da escola, ou seja, não se trata de uma tarefa
destinada apenas à avaliação do aluno pelo professor, cujo produto final seja uma nota, mas
um momento que pretende dar à produção escolar o estatuto de produção cultural social-
mente compartilhada entre os familiares, conhecidos e todos os colegas e professores.
Tarefanet – Algumas tarefas de casa foram concebidas como exercícios de revisão e fixação
dos conteúdos. Exclusivamente para essas, oferecemos a correção no portal, permitindo
autonomia quanto à correção, tanto do aluno quanto da família.
Entre outras marcações de atividade, o material também propõe Espaço para sua
ilustração – A atividade de ilustração do texto pelos alunos é importante para que eles
tenham oportunidade de interagir com o texto com uma linguagem de desenho ou grafismo.
O professor pode sugerir que essa atividade seja feita em casa, se não houver tempo hábil
em sala de aula, e deve propor exposições dos cadernos periodicamente.
4. Avaliação
Consideramos que os alunos devem ser avaliados por meio de vários e diferentes instrumentos. Além
disso, é fundamental que o professor tenha clareza da necessidade de conhecer os limites de cada aluno e
acompanhar seus avanços e dificuldades. Por isso, fazem parte de cada unidade atividades individuais, em
grupo e aquelas realizadas coletivamente sob a mediação dos professores.
Algumas das atividades individuais e/ou em grupo serão realizadas em sala de aula, ocasião em que o
professor poderá observar cada aluno para conhecê-lo melhor. Além das tarefas de casa e de classe, também
faz parte do material didático uma atividade longa – Sua criação com a História – a ser realizada individual-
mente, sob a orientação e o acompanhamento do professor, conforme orientação didática específica.
Sugerimos que todos esses instrumentos componham a avaliação de cada aluno. Para facilitar o registro
do desempenho dos alunos, recomendamos o preenchimento de uma planilha e um registro pessoal do
professor sobre ideias relevantes que tenham surgido nas produções coletivas ou nas correções das tarefas.
XVI
Orientacao_C1_7o_Ano_Historia_TONY_2017_PROF 01/09/16 17:17 Página XVII
Acreditamos ainda que, tendo em vista que nossos alunos enfrentarão vários processos seletivos, as
provas também devem ser incluídas entre os instrumentos de avaliação e estar de acordo com os objetivos
e com o trabalho realizado em sala de aula.
5. Referências Bibliográficas
ABUD, Kátia. O ensino de História como fator de coesão nacional: os programas de 1931. Revista Brasileira
de História, v. 13, 1992/1993.
BARBUJANI, Guido. A invenção das raças. São Paulo: Contexto, 2007.
BITTENCOURT, Circe. Ensino de História: fundamentos e métodos. São Paulo: Cortez, 2011.
BITTENCOURT, Circe; MATTOS, Ilmar; BASSETO, Sylvia. In BARRETO, Elba (Coord.). As propostas
curriculares oficiais. Análise das propostas curriculares dos estados e de alguns municípios das capitais
para o Ensino Fundamental. Subsídios à elaboração dos Parâmetros Curriculares Nacionais. São Paulo:
Fundação Carlos Chagas, 1995. (Disponível em: <http://www.fcc.org.br/biblioteca/publicacoes/textos_
fcc/arquivos/1321/arquivoAnexado.pdf>. Acesso em: 10 ago. 2013.).
BLOCH, Marc. Apologia da História ou o ofício do historiador. Rio de Janeiro: Zahar, 2001.
BRASIL. Ministério da Educação (MEC). Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares
Nacionais: História. Brasília: MEC/SEF, 1998.
DICKINSON, Alaric Keith; LEE, Peter John; ROGERS, Peter J. Learning History. London: Heinemann
Educational Books, 1984.
FOLEY, Robert. Os humanos antes da humanidade: uma perspectiva evolucionista. São Paulo: UNESP, 2003.
GRIMAL, Pierre. A mitologia grega. São Paulo: Brasiliense, 1982.
GUARINELLO, Norberto Luiz. Os primeiros habitantes do Brasil. São Paulo: Atual, 1994.
HAMMOND Past Worlds. The Times Archaelogogy. London, 1988.
LIMA, Heloisa Pires; GNEKA, George; LEMOS, Mário. A semente que veio da África. São Paulo: Salamandra,
2005.
MINAS GERAIS. Secretaria de Estado da Educação. Proposta curricular: História, Ensinos Fundamental e
Médio. Belo Horizonte: SEE-MG, 2007.
MUNDURUKU, Daniel. Histórias de índio. São Paulo: Companhia das Letrinhas, 1996.
NADAI, Elza. O ensino de História no Brasil: trajetória e perspectivas. Revista Brasileira de História, v. 13,
1992/1993.
PEIXOTO, Maria Elizabeth Santos. Pintores alemães no Brasil durante o século XIX. Rio de Janeiro:
Pinakotheke, 1989.
PROUS, André. O Brasil antes dos brasileiros: a Pré-História de nosso país. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2006.
Revista História Viva, ano VI, n.o 62. São Paulo: Duetto.
RIO DE JANEIRO. Secretaria de Estado da Educação. Proposta curricular: um novo formato – História. Rio
de Janeiro: SEE-RJ, 2010.
SCHMIDT, Maria Auxiliadora; CAINELLI, Marlene. Ensinar História. São Paulo: Scipione, 2006.
SELLIER, Marie; LESAGE, Marion. A África, meu pequeno Chaka. São Paulo: Companhia das Letrinhas, 2006.
SWINNEN, C. A Pré-História passo a passo. São Paulo: Claro Enigma, 2010.
Sites utilizados:
<http://rubemalves.com.br/site/tuneldotempo.php>. Acesso em: 22 set. 2014.
<http://pib.socioambiental.org/pt/povo/enawene-nawe/486>. Acesso em: 22 set. 2014.
<http://super.abril.com.br/ciencia/historia-nossos-ancestrais-outros-446799.shtml>. Acesso em: 22 set. 2014.
XVII
Orientacao_C1_7o_Ano_Historia_TONY_2019_PROF 12/12/2018 10:50 Página XVIII
Caderno 3 – Unidade 3 – A cidade antiga e o poder Caderno 3 – Unidade 3 – Capitalismo e consolidação dos
– As cidades-Estado na Grécia Antiga. Estados Nacionais
– Cidades e reinos teocráticos: Egito, Mesopotâmia e pri- – A Segunda Revolução Industrial e o Imperialismo. As
meiras cidades da América. revoluções de 1930 e 1948 e o Socialismo.
– A consolidação dos Estados Nacionais e o imperialismo
Caderno 4 – Unidade 4 – Os Impérios na Antiguidade (EUA, Itália, Alemanha)
– Roma: da cidade ao Império.
Caderno 4 – Unidade 4 – A Primeira República brasileira
– A diversidade cultural no Império.
(1889-1930)
– O Império de Alexandre. Império Chinês.
– A Primeira República brasileira: do domínio oligárquico à
modernização (a agricultura e a indústria no Brasil,
7.o ano
conflitos sociais no campo e na cidade, coronelismo).
Caderno 1 – Unidade 1 – O mundo do século V ao X e o
9.o ano
feudalismo na Europa
– Um panorama do mundo (África, Ásia, Europa e América). Caderno 1 – Unidade 1 – Da Bela Época ao período
– Terra, poder e religião: o feudalismo na Europa medieval. entreguerras
– Imperialismos e revolução (Primeira Guerra Mundial e
Caderno 2 – Unidade 2 – A transformação do feudalismo Revolução Russa).
na Europa e suas consequências culturais – Período entreguerras.
– As transformações do trabalho e da sociedade: a trans- – Grande Depressão de 1929 e New Deal.
formação agrícola, a transformação urbana, as cidades – Ascensão do nazifascismo.
medievais, novas relações de trabalho. – Guerra Civil Espanhola.
– Transformação de saberes, crenças e poder: Renasci-
Caderno 2 – Unidade 2 – A Ordem Internacional e a
mento, Reforma e reação católica.
Segunda Guerra Mundial (1920-1945)
– Segunda Guerra Mundial.
Caderno 3 – Unidade 3 – A expansão da Europa e a
– A crise da Primeira República (sociedade e economia) e a
formação da sociedade capitalista
Era Vargas (ascensão de Vargas, os atores políticos,
– Mercantilismo e monarquias nacionais (Portugal e
Revolução Constitucionalista, o Governo Constitucional;
Espanha).
o Estado Novo e seu projeto político, ideológico e
– Transformações do mapa europeu.
econômico).
– Grandes navegações.
– O contato dos europeus com outros povos. Caderno 3 – Unidade 3 – A América Latina (1930-1960)
– Repúblicas populistas na América Latina.
Caderno 4 – Unidade 4 – Colonização europeia na – O contexto da Guerra Fria e a hegemonia dos EUA e da
América URSS (1945-1989).
– A divisão da América e suas metrópoles: Portugal e – Guerra Fria e América Latina.
Espanha.
– O sistema colonial, contato com os nativos e soluções Caderno 4 – Unidade 4 – O Brasil pós-década de 1960
para governar e subordinar os povos americanos. – Panorama da cultura brasileira no século XX.
– A exploração econômica, a sociedade escravocrata: – Ditadura civil-militar.
produção cultural colonial. – A redemocratização do Brasil (agentes políticos, transfor-
mações socioculturais e relações internacionais).
XVIII
Orientacao_C1_7o_Ano_Historia_TONY_2018_PROF 24/08/17 15:24 Página XIX
Exploração de seus conhecimentos sobre o feudalismo e sua relação com o jogo de xadrez
O objetivo dessa etapa do módulo é retomar as informações sobre os agentes das sociedades da Europa
Ocidental apresentados no módulo 1 (reis, bispos, militares e camponeses), relacionando-as ao jogo de xadrez,
para explorar os conhecimentos prévios dos alunos a respeito das relações sociais no mundo feudal.
Orientações didáticas
Páginas 3 a 5
1 – Nessa etapa da sequência didática, o professor deve estimular os alunos a resgatarem as informações
sobre as invasões de hunos e germânicos que foram apresentadas no 6.o ano. Deve também verificar as
habilidades de seus alunos com relação à leitura de mapas – para atingir esse objetivo, foram propostas as
atividades de anotações de leitura das páginas 4 e 5 e também a produção coletiva da página 5.
Página 9
2 – Essa atividade de anotações de leitura tem como objetivo levar o aluno a produzir sua narrativa sobre
o tema histórico estudado – Império Bizantino. Para cumprir a tarefa, ele deverá basear-se em outra narrativa,
o texto Constantinopla e o Império Bizantino, e também em dois mapas.
XX
Orientacao_C1_7o_Ano_Historia_TONY_2018_PROF 24/08/17 15:24 Página XXI
Página 17
3 – Sua criação com a História 1: entrevistando e interpretando
Essa atividade deverá ser orientada pelo professor tendo em vista suas condições concretas de trabalho
para definir o tempo, a extensão e a forma de apresentação. Cada professor deve elaborar suas próprias
orientações, comunicá-las aos alunos e pedir que eles as registrem na página 59.
Estudamos que o Império Árabe propiciou a expansão da religião islâmica e unificou tribos independentes,
cuja atividade econômica se vinculava fortemente ao comércio. Elaboramos uma atividade para refletir sobre
as condições dessas regiões na atualidade e também para introduzir alguns procedimentos próprios da
construção da narrativa histórica: a busca de fontes e a interpretação.
Por se tratar de uma atividade dividida em várias etapas, ela precisará ser planejada para ser realizada
em, no mínimo, duas semanas.
Em relação à fonte, vamos privilegiar o conhecimento do senso comum e, para isso, utilizaremos a
estratégia da entrevista, que é própria da metodologia da história oral. Cada aluno deve entrevistar um adulto
com mais de 40 anos que tenha algum conhecimento sobre os conflitos no Oriente Médio e que possa
contribuir com algumas informações sobre eles, além de emitir sua opinião sobre se os conflitos se devem
a causas religiosas ou econômicas.
Sugerimos o seguinte roteiro de entrevista:
– Nome
– Idade
– Profissão
– Grau de escolaridade
– Nacionalidade
Sugestões de perguntas:
2. Quais são os conflitos no Oriente Médio que você conhece? Por que eles existem?
3. Você considera que esses conflitos são provocados por motivos religiosos ou econômicos? Por quê?
Na primeira etapa, cada aluno entrevistará uma pessoa. A entrevista deverá ser levada para a classe no
dia determinado pelo professor.
Na segunda etapa, a ser cumprida na classe, os alunos devem ser organizados em dois grupos, definidos
a partir dos motivos apresentados pelos entrevistados para os conflitos no Oriente Médio: econômicos
ou religiosos.
Dependendo do número de alunos de cada grupo, o professor deverá subdividi-los em subgrupos de até 4 alunos.
Cada subgrupo deverá ler as entrevistas de seus componentes, que deverão tentar identificar pontos
comuns que possam influenciar na sua interpretação sobre os motivos dos conflitos citados pelos
entrevistados.
Na terceira etapa, fora da sala de aula, os alunos vão se organizar para compor um cartaz, no qual deverá
ser expressada a posição dos entrevistados, bem como a posição do grupo. (É importante considerar que
a opinião do grupo pode ser diferente da dos entrevistados, mas será sempre necessário justificar as
ideias expressas com algum argumento.)
XXI
Orientacao_C1_7o_Ano_Historia_TONY_2017_PROF 01/09/16 17:17 Página XXII
É desejável que haja ainda uma quarta etapa, quando os alunos poderão expor seus cartazes e comentar
os trabalhos uns dos outros.
Quanto à interpretação do material colhido a partir das entrevistas, a atividade permite ao professor apontar
a possibilidade de se estabelecer relações entre as opiniões e as características dos entrevistados;
também permite distinguir opiniões justificadas a partir de argumentos explicativos, com base em fatos.
Página 19
4 – Essa atividade em grupo explora a leitura do mapa das rotas comerciais com o objetivo de mostrar as
vias de contato entre Gana e Europa, de forma tal que o aluno exercite a observação e a elaboração de
pequenos registros cartográficos – rotas que levam à comunicação entre diferentes locais. Trata-se de uma
atividade que será mais proveitosa para os alunos se realizada em duplas ou, no máximo, em trios.
Página 21
5 – A produção coletiva é uma estratégia proveitosa para o exercício da formulação de hipóteses, na medida
em que pede a troca de ideias e estimula a formulação das várias possibilidades. Não se trata de uma atividade
longa; prevê-se, para ela, uma duração de até 10 minutos.
Página 22
6 – Sua criação com a História 2: croqui da organização do espaço da capital de Gana
Representar a ocupação do espaço é um importante recurso para o entendimento da organização
econômica e da hierarquia social de determinada sociedade. Ao avaliar as condições concretas de trabalho
da classe, o professor vai propor suas orientações para que os alunos realizem o croqui, ou seja, uma
representação gráfica da organização do espaço, que poderá ser ou não utilizado para a confecção de uma
maquete. Essas orientações devem ser registradas pelos alunos na página 59.
Caso a atividade proposta pelo professor se restrinja ao croqui, sugere-se que seja considerada como
uma atividade individual. Caso envolva elaboração de uma maquete, poderá ser uma atividade em grupo.
Lembramos que há um exemplo de croqui na página 48 que poderá ser utilizado pelo professor na
explicação da tarefa – o professor salientará que o croqui envolve o desenho e a elaboração de legendas.
Lembramos também que esse croqui poderá ser elaborado após a realização da Tarefa 3 “O reino de
Gana”. É importante orientar os alunos para que representem todas as construções, indicando seus usos
pela população; eles deverão indicar também o relacionamento entre o povo de Gana e os muçulmanos.
Caso seja factível, a classe pode organizar uma exposição com os desenhos.
7 – Introduzimos a América nesse módulo para mostrar que muito antes da chegada dos europeus já havia
uma cultura bastante sofisticada no continente americano e que ela se desenvolveu independentemente do
contato com europeus.
Página 24
8 – Trata-se de uma produção coletiva que se segue à observação de imagens, à leitura de pequenos textos
e à leitura do mapa para a formulação de hipótese sobre o contato entre essas culturas. Esse tema será
retomado na Unidade 3.
Página 25
9 – Escolhemos trabalhar apenas com os povos germânicos, dada sua forte influência na instituição do
colonato e na organização da posse da terra, que teve forte influência no feudalismo.
Página 27
10 – A parte de criação do diálogo deverá ser realizada em classe, após a correção da tarefa de casa da página
26. A finalização do diálogo, como roteiro para dramatização ou história em quadrinho, poderá ser realizada em
casa, caso o professor considere não haver tempo disponível para que a atividade seja realizada na classe.
XXII
Orientacao_C1_7o_Ano_Historia_TONY_2017_PROF 01/09/16 17:17 Página XXIII
Página 30
11 – O texto O significado do termo “Idade Média” é apresentado aos alunos estrategicamente ao final
do módulo 1, após o exercício que retoma o Império Bizantino e o Império Árabe e os relaciona ao Império
Carolíngio.
Página 31
12 – Essa atividade foi planejada para servir como uma rápida introdução ao tema, podendo ser realizada
em meia aula. Essa etapa de exploração do conhecimento dos alunos a partir do jogo de xadrez poderá
ocasionar algumas perguntas, por isso introduzimos, aqui, algumas informações básicas e que justificam a
escolha desse jogo para essa etapa da sequência didática sobre o feudalismo.
O jogo de xadrez é, talvez, o jogo de estratégia mais conhecido e pode ser considerado um modelo, em
razão de ser praticado há muito tempo. Veja só: há indícios recentes de que ele foi inventado na China do
século III a.C., na região entre o Uzbequistão e a Pérsia (atual Irã). Entretanto, a versão mais aceita é a de que
ele teria tido origem na Índia, no século VI, tendo sido levado posteriormente para a China, Rússia, Pérsia e
Europa.
Se as origens do xadrez são obscuras, sua evolução e sua chegada na Europa não o são, pois há
documentos a partir do século VI que registram seu aparecimento no velho continente. Sabemos, por
exemplo, que em sua expansão pela Europa e pela África, após a conquista do atual Irã (antiga Pérsia), os
árabes levaram consigo o jogo. No Oriente, também ficou conhecido a partir da sua versão chinesa, tendo
chegado à Coreia e ao Japão.
As características do xadrez na sua versão indiana, segundo algumas hipóteses, persistem até hoje:
O objetivo é a captura de uma peça fundamental: o rei.
É um jogo de dois jogadores, cada qual com um conjunto de peças que preveem movimentos específicos.
O jogo indiano chamava-se chaturanga, termo que remetia às quatro partes do exército indiano: bigas,
elefantes, cavalaria e infantaria.
Os primeiros vestígios arqueológicos do xadrez foram encontrados na Pérsia.
Eram 7 as peças: 1 rei, 1 torre, 1 vizir, 2 cavalos e 2 peões.
O xadrez sempre foi motivo de diversão; ele mobiliza a necessidade de estudo das melhores estratégias
do início do jogo e da sequência para chegar ao xeque-mate, ou seja, à imobilização do rei. O praticante do
xadrez é chamado enxadrista.
As atuais peças do xadrez são 16: 2 torres, 2 cavalos, 2 bispos, 1 rainha, 1 rei e 8 peões. A rainha e o
bispo foram introduzidos já no ocidente, por volta do século XV.
Além de ser um jogo de estratégia tradicional e o mais completo de todos, o xadrez nos ajuda a
compreender o campo de ação possível dos agentes históricos dos reinos que se formaram na Europa feudal;
afinal, todos os agentes históricos daquele tempo podem ser relacionados, por analogia, às peças do xadrez,
tanto no que diz respeito à função social deles (nomes das peças) quanto no que diz respeito aos diferentes
movimentos das peças do jogo, que remetem às diferenças de poder na sociedade.
Por que reis, bispos, torres e cavalos são tão importantes para compreendermos a Idade Média? E a
rainha? E os peões? Qual sua importância nesse contexto?
Vamos verificar o que os alunos já sabem sobre os agentes históricos da Idade Média, quando os reinos
europeus se solidificavam, por volta dos séculos X e XI.
Caso nenhum dos alunos de determinado grupo conheça o jogo de xadrez, o professor deverá reorganizar
a classe de modo que pelo menos um integrante de cada grupo conheça o jogo.
Caso nenhum aluno conheça o jogo, o professor apresentará suas regras, conforme as informações da
orientação didática anterior (10), e se puder acrescentará outras informações.
Nesse caso, o professor também deverá transformar a atividade em uma produção coletiva, perguntando
quais jogos de estratégia os alunos conhecem.
XXIII
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Página 32
13 – Caso considere conveniente, de acordo com sua classe e com o tempo disponível, o professor poderá
aproveitar a atividade para estabelecer relações entre os movimentos das peças de xadrez e o funcionamento
da sociedade feudal. A possibilidade de movimentos de cada peça do jogo diz muito sobre a mobilidade de
cada classe social. Durante todo o jogo, cada peça se move somente de um modo, nunca pode mudar. Cabe
lembrar também que os camponeses eram descendentes dos ex-colonos romanos e que eram presos à terra.
Página 36
14 – Essa atividade de produção coletiva tem por objetivo orientar a discussão sobre o trabalho servil para
frisar a distinção entre esse tipo de trabalho e o trabalho escravo; serve também para marcar a importância
do conceito de servidão na efetiva compreensão do feudalismo.
Página 40
15 – Essa atividade de produção coletiva tem o objetivo de levantar conhecimentos prévios dos alunos
sobre a relações entre suseranos e vassalos e sua importância na organização política da Europa feudal. O
tema será retomado na página 42; por esse motivo, a atividade deve desenvolver-se rapidamente, servindo
apenas para trabalhar a interatividade com a classe – sugerem-se, no máximo, 5 minutos.
Página 49
16 – Na observação da representação dos edifícios de Cluny e do croqui, salientar que os edifícios estão,
ambos, na mesma posição.
Página 52
17 – Essa atividade de produção coletiva encerra a unidade e procura enfatizar para os alunos que as
denominações das épocas da História são convenções. Sugere-se retomar o sentido do termo “Idade Média”,
apresentado na página 30, e a atividade de produção coletiva da mesma página. Depois de retomada a
discussão, o professor deve incentivar os alunos a criarem uma denominação a partir das características que
eles julgarem as mais marcantes para a compreensão desse período da história da Europa.
Referências Bibliográficas
ANDERSON, Perry. Passagens da antiguidade ao feudalismo. São Paulo: Brasiliense, 1974.
ARMSTRONG, Karen. Maomé: uma biografia. São Paulo: Companhia das Letras, 2002.
CLARE, John D. Cavaleiros em armaduras. São Paulo: Manole, 1994.
CORDEIRO, Tiago. Como era a vida na Idade Média. In Aventuras na História para viajar no tempo.
Disponível em: <http://guiadoestudante.abril.com.br/aventuras-historia/como-era-vida-idade-media-
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DUBY, Georges. As três ordens ou o imaginário do feudalismo. Lisboa: Estampa, 1994.
ESPINOSA, Fernanda. Antologia de textos medievais. Lisboa: Sá da Costa, 1972.
FRANCO JÚNIOR, Hilário. Feudalismo: uma sociedade religiosa, guerreira e camponesa. São Paulo:
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FRANCO JÚNIOR, Hilário. O feudalismo. São Paulo: Brasiliense, 1983.
GANSHOF, F. L. O que é feudalismo? Lisboa: Publicações Europa-América, 2007.
História em Revista: 600-800. Rio de Janeiro: Time Life/Abril Livros, 1994.
História em Revista: 800-1000. Rio de Janeiro: Time Life/Abril Livros, 1991.
História em Revista: campanhas sagradas. Rio de Janeiro: Time Life/Abril Livros, 1994.
LE GOFF, Jacques. A Idade Média explicada a meus filhos. Rio de Janeiro: Agir, 2007.
XXIV
Orientacao_C1_7o_Ano_Historia_TONY_2017_PROF 01/09/16 17:17 Página XXV
XXV
Orientacao_C1_7o_Ano_Historia_TONY_2017_PROF 01/09/16 17:17 Página XXVI
23 Aula de ajuste
12
24 Exploração de seus conhecimentos sobre o Renascimento Cultural
XXVI
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XXVII
Orientacao_C1_7o_Ano_Historia_TONY_2019_PROF 14/09/2018 11:04 Página XXVIII
XXVIII
C1_7o_Ano_Historia_TONY_2017_PROF 01/09/16 09:39 Página 1
C1_7o_Ano_Historia_TONY_2017_PROF 01/09/16 09:39 Página 2
Sumário
Autores:
Edilson Candido
Helena Maria de Castro Gonçalvez Cruz
Maria Teresa Vianna Van Acker
C1_7o_Ano_Historia_TONY_2017_PROF 01/09/16 09:39 Página 3
A1 DATA: _____/_____/_____
Módulo
5
1 Panorama do Mundo Antigo entre os séculos V e X
Vamos entrar em contato com uma visão geral do mundo nos cinco séculos que se seguiram ao
final do Império Romano, época da História estudada no 6.º ano. Nossa finalidade é mostrar, a partir de
agora, a diversidade cultural que existia no Mundo Antigo, na medida em que tomamos conhecimento
das relações culturais entre a Europa, a África e a Ásia. Vamos começar relembrando que o Império
Romano se dividiu em duas partes: o Império Romano do Oriente, cuja capital foi Constantinopla; e o
Império Romano do Ocidente, que permaneceu como centro em Roma. Estudaremos primeiramente
como se desenvolveu a parte oriental do Império. Depois, veremos como surgiu, no Oriente, o Império
Árabe e sua expansão e os conhecimentos que se desenvolveram e divulgaram. Da África, destacaremos
os primeiros relatos sobre os reinos ao sul do deserto do Saara. Na América, que não mantinha contato
com o restante do mundo, a civilização maia prosseguia se desenvolvendo, na América Central. Na
Europa, muitas transformações ocorreram, dando origem a diferentes reinos.
3
C1_7o_Ano_Historia_TONY_2018_PROF 28/08/17 10:27 Página 4
Vamos observar o mapa e relembrar o que já estudamos sobre a divisão do Império Romano
ocorrida em 395 a.C.
2. Quais povos se localizavam nas fronteiras do Império Romano, na Europa, próximos ao rio Danúbio?
Povos hunos e francos.
4. Quais as regiões do Império Romano que mais sofreram com as invasões dos hunos e germânicos?
O Império Romano do Ocidente.
5. Quais povos invadiram a cidade de Roma, capital do Império, e também seus arredores?
Povos visigodos, ostrogodos, vândalos e hunos.
Após a leitura do mapa, o grupo vai trocar ideias com o objetivo de encontrar um ou mais motivos para
a divisão do Império em duas partes – uma, com capital em Roma; e a outra, com capital em
Constantinopla –, relembrando o que foi estudado no ano anterior.
Essa atividade em grupo se destina a relembrar a fragilidade do Império Romano e as tensões reveladas no contato com os povos que
Trata-se de um momento reservado para a produção de hipóteses dos alunos quanto às invasões, quanto à necessidade de defesa do
território e também quanto à importância de haver dois centros de comando e dois exércitos independentes para conter as diversas invasões
bárbaras.
4
C1_7o_Ano_Historia_TONY_2018_PROF 28/08/17 10:27 Página 5
O mapa a seguir nos fornece outras informações sobre as diferenças entre a parte oriental e a parte
ocidental do Império Romano. Observe-o e depois realize a atividade de anotações de leitura.
Áreas de concentração e centros de difusão do cristianismo (século IV)
Cartago.
1. Os cristãos pregavam ideias que entravam em choque com o culto ao imperador romano. Que ideias
eram essas?
O professor deve conduzir a classe para relembrar o conflito entre a religião cristã e o culto ao imperador romano. Os cristãos acreditavam
que Jesus Cristo era o filho de Deus; acreditavam também que apenas Deus deveria ser adorado e venerado como divindade, e por isso
5
C1_7o_Ano_Historia_TONY_2017_PROF 01/09/16 17:22 Página 6
2. Constantinopla está assinalada no mapa como um centro de difusão da fé cristã. Ela também foi a
sede do Império Romano do Oriente a partir de 395. Você sabe ou imagina como o imperador romano
do oriente conviveu com o cristianismo? Registre aqui as hipóteses da sua classe.
Nesse exercício, o professor deverá apenas registrar as hipóteses dos alunos. Não é preciso se alongar, interferir na resolução e nem mesmo
pedir uma pesquisa, pois na próxima etapa da sequência didática exploraremos melhor esse assunto.
3. Você sabe se o Império Romano do Oriente manteve os costumes de Roma? Registre aqui as
hipóteses da sua classe.
Nesse exercício, o professor deverá apenas registrar as hipóteses dos alunos. Não é preciso se alongar e nem mesmo pedir uma pesquisa,
Nos séculos I e II, os cristãos foram perseguidos pelos imperadores ou governadores dos territórios romanos, por se
recusarem a adorar os deuses protetores de Roma e até os imperadores, que também eram cultuados como deuses.
Apesar das perseguições, a doutrina cristã aos poucos ganhou força, organizou-se e resistiu silenciosamente. As
comunidades se fortaleciam em torno de líderes chamados bispos. Os bispos encontravam-se para discutir e elaborar
uma doutrina única, baseada em escritos sobre a vida de Cristo, como Cartas, Evangelhos, textos dos seus primeiros
seguidores (seus apóstolos) – que ficaram conhecidos como Atos dos Apóstolos – e nos comentários de estudiosos sobre
esses textos.
A comunidade cristã crescia muito, a ponto de, no século IV, o imperador Constantino decretar a proibição da
perseguição aos cristãos (ano 313) e de, em 380, o imperador Teodósio, convertido ao cristianismo, torná-lo a religião
oficial do Império. Depois dessa grande mudança, a religião cristã passou a ter uma hierarquia semelhante àquela que
havia no Império Romano. Em cada cidade havia um bispo, que representava a Igreja e tinha várias responsabilidades.
Os bispos de algumas cidades, como Roma, Constantinopla, Antioquia e Alexandria, foram considerados os patriarcas
e orientavam todos os outros. Os primeiros bispos pertenciam às famílias romanas e dedicavam-se a estabelecer o
ritual das cerimônias religiosas (liturgia), que envolvia a música e artes visuais. Depois, segundo o historiador Georges
Duby, eles mandaram construir, nas cidades, as basílicas (igrejas) e os batistérios (locais para a realização do batismo,
isto é, do primeiro ritual de iniciação à religião). Essas construções representavam a vitória do cristianismo sobre as
religiões pagãs, que eram as religiões dos romanos e dos outros povos que habitavam a região.
6
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Nessa etapa do nosso estudo, vamos estudar o Império Romano do Oriente e o Império Árabe. O
primeiro surgiu no século IV e ficou conhecido também como Império Bizantino, nome derivado da
cidade de Bizâncio, onde se estabeleceram os governantes romanos. Esse império resistiu às invasões de
hunos e germanos, assim como preservou e difundiu a herança do Império de Alexandre e também dos
reinos helenísticos – estes últimos se estabeleceram após o final do Império de Alexandre, que teve forte
influência da cultura grega. O Império Bizantino também foi um importante centro de difusão da religião
cristã. A partir do século VIII, parte do seu território foi conquistado pelo Império Árabe, que também
preservou a cultura helenística.
Vamos então entender as diferenças e semelhanças entre esses dois impérios, o porquê de terem
disputado o mesmo território, além de conhecer quais são as heranças que ainda preservamos desse tempo
passado.
O Império Bizantino
Como você pode observar no mapa das rotas dos germanos e dos hunos (séculos IV e V) na página
3, diferentes povos bárbaros invadiram Roma. Em 476, foi deposto o último imperador romano do
Ocidente e, na Península Itálica, estabeleceu-se um reino ostrogodo. Por volta da mesma época, também
se estabeleceram por lá o reino visigodo e o reino franco. Outros povos germânicos, ainda, ocupavam a
região, porém não formavam reinos. Tinha início uma época de intensos conflitos, que se seguiam à
formação dos reinos. Veja no mapa a seguir a nova configuração do território do Império Romano.
7
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A cidade de Constantinopla, fundada pelo imperador Constantino no ano de 330, surgiu na antiga
colônia grega de Bizâncio para ser a capital do recém-criado Império Romano do Oriente (Império
Bizantino), que perdurou até 1453, quando foi ocupado pelos turcos. A partir da ocupação, os turcos
substituíram o nome de Constantinopla: ela passou a ser Istambul, nome que se conserva até os dias
atuais.
Durante toda a duração do Império Bizantino, Constantinopla foi a cidade mais rica e movimentada
da Europa. Ela sequer sentiu os reflexos imediatos da desintegração do Império Romano. Aproveitou-se
de sua posição estratégica, cercada por mares e fortemente protegida por muralhas contra invasões
estrangeiras, para tornar-se o maior centro comercial da época: dominava as rotas marítimas do mar
Negro e do mar Mediterrâneo. As caravanas que chegavam até ela vinham da China, Índia e Pérsia.
Sua prosperidade atravessou alguns governos romanos, como os dos imperadores Constantino
(306-337) e Teodósio (379-394). Entretanto, foi durante o governo do imperador Justiniano (527-565),
quando já existia a separação entre o Império do Ocidente e o do Oriente, que se construiu um projeto
de expansão territorial visando recuperar o antigo esplendor vivido por Roma.
A cidade de Constantinopla, a essa altura, já era considerada a maior do mundo, com
aproximadamente 500 mil habitantes, rivalizando com a cidade de Roma, cuja população era estimada,
no século VI, em 50 mil habitantes. Sua formação arquitetônica se mostrava cada vez mais grandiosa
8
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e majestosa. Nela se encontravam tribunais, fóruns, quartéis, santuários, mercados e, com seus 19 mil m2, o
Grande Palácio, que nada mais era que um aglomerado de edifícios com diferentes funções – nele havia
capelas, alojamentos, banhos e o hipódromo. Era, além disso, a residência oficial do imperador. As ruas
movimentadas, muitas vezes com um cheiro insuportável, faziam a alegria dos comerciantes, mercadores e
compradores, não apenas locais, como também indianos, africanos, chineses, gregos, árabes, persas, eslavos
e cartagineses. De diversas localidades vinham seda, joias, cravo, pimenta-do-reino, peixe salgado e porcelana.
A vida em Constantinopla era intensa, dando uma característica única para a cidade.
É importante mencionar que o imperador Justiniano, utilizando-se de um grande poder militar, em parte
financiado pelos pesados impostos cobrados da população, conseguiu conter o avanço militar dos persas e
eslavos na região balcânica. Desejoso de reconquistar o território ocidental do Império Romano, logo depois
empreendeu a expulsão dos vândalos do Norte da África, deu fim à dominação dos ostrogodos na Península
Itálica e tomou a Península Ibérica dos visigodos. No entanto, deve-se atentar para o fato de que a criação e
o aumento de impostos para financiar guerras de conquistas ou de enfrentamentos tornavam-se cada vez
mais impopulares, a ponto de ocorrerem manifestações da população na capital do Império Bizantino, como
foi o caso da Revolta Nika em 532.
Essa revolta ocorreu no hipódromo, no dia em que aconteceria uma corrida com dois cavalos: um deles,
Nika, o preferido do povo; e o outro, o preferido do imperador. Houve uma dúvida sobre qual deles seria o
vencedor e, para resolver o impasse, foi chamado o imperador, que escolheu o seu cavalo. O povo se revoltou
diante da escolha e começou a gritar “Nika!“. Esse foi o estopim para as manifestações que se seguiriam em
virtude do descontentamento com os altos impostos e a fome.
Releia o texto e observe os mapas das páginas 7 e 8 para escrever um parágrafo com
o título: A reconquista do Império Romano do Ocidente.
O aluno deve perceber os seguintes elementos e, a partir deles, compor um parágrafo: a capital do Império Bizantino, Constantinopla, no
século VI, já era maior do que Roma; e era muito rica também, graças ao comércio com todos os lugares do mundo conhecidos na época.
Seu governante, no século VI, era o imperador, e ele tinha muita força militar – o suficiente para impedir que os persas e eslavos invadissem
o Império Bizantino. O imperador desejou também reconquistar a parte ocidental do Império Romano. A Península Itálica (de posse dos
ostrogodos), o Norte da África (de posse dos vândalos) e pequena porção da Península Ibérica (de posse dos visigodos) também
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Reconstrução de Constantinopla no século XI, segundo pesquisa de Marie Taylor Davis, George Masm e Cyril Mango.
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em ponto estratégico
(História em Revista: 800-1000. Rio de Janeiro: Time Life/Abril Livros, 1991, p. 60-61.)
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Observando a planta de Constantinopla, percebemos vários elementos da cidade antiga: a acrópole e o hipódromo,
onde eram realizados corridas de carros, caçadas simuladas, exercícios acrobáticos e encenações religiosas. O hipódromo
era um local onde o povo se reunia. Verificamos que existia inclusive um Senado. O palácio dedicado ao imperador,
Figura 1
considerado um representante de Deus na Terra,
também mostrava sua importância. Lá trabalhavam
20 mil pessoas, entre funcionários públicos,
guardas, sacerdotes, jardineiros e serviçais. Havia até
oficinas exclusivas para produzir sedas, armas, joias
e peças de marfim para o imperador.
A igreja de Santa Sofia, construída por Justi-
niano, representava a importância que o
cristianismo passou a ter para a cidade (ver o mapa
da página 5). A religião do Império não era mais a
antiga religião pagã, e o culto ao Imperador deixou
de ser praticado. Entretanto, o chefe da igreja era
escolhido pelo imperador; seu título era o de A imagem atual da Catedral de Santa Sofia indica as modificações
patriarca de Constantinopla, como ainda hoje o é, pelas quais passou no século XV, transformada em mesquita
e ele não obedecia a nenhum outro patriarca. muçulmana. Essa catedral foi construída por Justiniano no século VI
Podemos dizer, então, que o poder do imperador para ser a catedral de Constantinopla. O imperador trouxe arquitetos
bizantino tinha um caráter teocrático. Durante seu e materiais de todos os locais do Império para erguê-la.
reinado, Justiniano incentivou e divulgou os ideais
cristãos por meio da tradução de manuscritos dos
primeiros cristãos gregos para outras línguas. Para
isso, ele mobilizou vários sábios que habitavam os centros de produção intelectual na sua época, como Atenas e Alexandria.
No entanto, Justiniano não foi tolerante com as ideias que se opunham ao cristianismo: fechou a escola de Atenas, onde
as ideias cristãs não eram predominantes, e diminuiu a escola de Alexandria, provocando uma fuga de sábios para a Pérsia.
Na Catedral da Sabedora Divina (ou Santa Sofia), encontramos um mosaico produzido no século X que mostra a
ligação entre o poder do imperador e a religião cristã.
Figura 2
No Portal Objetivo
Para saber mais sobre o assunto, acesse o PORTAL OBJETIVO
(www.objetivo.br) e, em “localizar”, digite HIST7F101
12
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1. Quais são as características da cidade de Constantinopla que nos permitem considerá-la uma cidade
importante na época em que existiu?
Na cidade de Constantinopla, podemos encontrar vários elementos da arquitetura da antiga cidade de Roma, como a acrópole, o hipódromo,
o Senado e o palácio imperial, que nos permitem compará-la às importantes cidades do Império Romano. Além disso, Constantinopla era
3. Quais práticas imperiais transformaram as práticas das pequenas comunidades de cristãos que eram
perseguidos pelos romanos?
As comunidades de cristãos dos primeiros tempos eram independentes dos governantes. A construção de grandes templos, como o de
Santa Sofia, apontava para a influência dos costumes ligados à enfatização da grandiosidade imperial.
4. Justiniano valorizou a produção intelectual desenvolvida nas cidades de Atenas? De que modo?
Sim, mobilizando vários sábios que habitavam os centros de produção intelectual da sua época, como Atenas e Alexandria. Esses sábios
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O Império Árabe
A partir do século VII, surgiu, na Península Arábica, nas cidades árabes de Meca e Medina, um
movimento religioso que deu origem a uma nova religião, o islamismo, e ao processo de unificação das
tribos que ocupavam a região. A partir desse acontecimento, surgiram condições favoráveis ao
desenvolvimento de um novo império: o Império Árabe.
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4. Depois de observar os mapas da página 8 e da página 14, compare o Império Bizantino, em sua
extensão máxima, com o Império Árabe.
O Império Bizantino perdeu poucos territórios da sua fronteira oriental, porém perdeu o Norte da África e parte da Península Ibérica. A
5. Você sabe quem foi Mohammed (Maomé) e qual sua relação com a expansão árabe? Se souber,
registre aqui sua resposta, em poucas palavras.
Resposta pessoal do aluno. A questão vem com a função de estimular a busca da resposta. Caso o aluno saiba alguma coisa, ele deverá
(Karen Armstrong. Maomé: uma biografia. São Paulo: Companhia das Letras, 2002, p. 80. Adaptado.)
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Maomé se estabeleceu em Medina em 622, onde pregou uma religião monoteísta derivada do cristianismo e do
judaísmo. Ele se considerava o último profeta de Alá (Deus) – os outros teriam sido Jesus Cristo e os profetas do judaísmo.
Com suas pregações, dissolveu barreiras entre as tribos e encorajou a formação de uma comunidade unida em torno de
crenças e práticas. Em 630, retorna a Meca, acompanhado das tribos beduínas do deserto, e faz um acordo de paz com
Figura 3
os comerciantes coraixitas, a partir do qual foram
construídas as bases do Islã. Tem início, então, o
islamismo, ou seja, a religião que segue o Islã, que
significa submissão a Alá (Deus), único e onipotente.
As bases religiosas do islamismo estão registradas em
um livro, denominado Corão desde 632, e também na
Suna, obra que contém as ideias religiosas e as práticas
de vida ensinadas pelo profeta.
Para os árabes, é muito importante divulgar o livro
sagrado, e foi por essa razão que eles desenvolveram a
caligrafia e incentivaram o aprendizado da leitura.
islamismo:
O Islã foi se expandindo ainda no tempo de Maomé. As tribos unidas passaram a se constituir como uma comunidade
de crença, a qual os muçulmanos ou islamitas chamam Umma, comprometida com a Jihad, que quer dizer esforço moral
e espiritual para seguir a fé.
As cidades eram o principal centro da comunidade muçulmana. Elas eram concebidas a partir da construção da
mesquita, local de oração, que ficava no centro e em volta do qual se construíam palácios, bazares e casas voltadas
para um pátio interno. A essas cidades chegavam caravanas e navios carregados de mercadorias da Índia, China, África
e Europa. Apesar de seu interesse comercial, não descuidavam da agricultura. Construíam aquedutos para levar a água
até as plantações e aldeias; e já se preocupavam em adubar adequadamente cada cultivo.
Após a morte de Mohammed, a comunidade passou a ser governada por um califa, considerado seu sucessor. Ele
tinha o poder político e religioso: era responsável pela justiça e pelos negócios. O primeiro califado teve como capital a
cidade de Medina, depois Damasco. Mais tarde, em 762, a cidade de Bagdá foi construída para ser a capital do mundo
árabe. A expansão territorial deu lugar a um império, que foi dividido em províncias. Com o tempo, algumas províncias
tornaram-se califados independentes. Por exemplo, em 756 a província islâmica situada na Península Ibérica transformou-se
no califado de Córdoba. Apesar da independência, mantinham-se unidos pela religião e pela língua árabe.
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Com base nos textos Maomé, o profeta de Alá (página 15) e Maomé, o Islã e sua expansão
(página 16), responda:
Além disso, a religião uniu as diferentes tribos árabes (tanto as nômades quanto as sedentárias) desde o início, transformando seus
seguidores em uma única comunidade (Umma). Nos maiores centros, também se destacavam as bibliotecas. O comércio era a atividade
econômica principal nessas cidades, o que justifica os muitos bazares (mercados) e também as caravanas de comerciantes.
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A 6a9
1.3. Ampliação de seus conhecimentos sobre a África, a América e a Europa do
século V ao século X
DATA: _____/_____/_____
Nessa etapa de nosso estudo, vamos revisitar o continente africano e verificar que, afora o Egito –
conhecido pelos gregos, romanos e árabes –, a cidade de Cartago e as cidades do Norte da África –
criadas pelos fenícios e depois dominadas por romanos e por árabes –, existiam ainda povos e culturas
pouco conhecidos para além do deserto do Saara. Apesar de esses povos não serem muito conhecidos,
algumas caravanas de comerciantes nômades levavam seus produtos para o Norte da África, aos
mercados e feiras da região do Mar Mediterrâneo. À parte isso, não havia nenhum outro contato entre
as populações que habitavam a região do Mar Mediterrâneo e os povos africanos. Por esse motivo, eram
muitas as fantasias sobre essa região, que passou a ficar mais conhecida graças aos relatos de alguns
comerciantes árabes.
Revistaremos também a América Central, onde várias sociedades teocráticas se estabeleceram e
inventaram formas de escrita e de controle das águas para promover a agricultura.
E na Europa? O que acontecia nas regiões que não foram dominadas pelo Império Bizantino e pelo
Império Árabe? É o que também iremos estudar aqui.
18
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África
No período que estamos estudando, o Norte da África foi ocupado e cristianizado pelo Império
Bizantino (séculos V e VI), como podemos verificar observando o mapa da página 8. No século VII, a
região foi ocupada pelo Império Árabe e convertida ao islamismo (mapa da página 14).
A região ao sul do deserto do Saara, entretanto, era conhecida apenas por comerciantes nômades,
que levavam e traziam produtos pelas rotas comerciais que atravessavam o deserto do Saara e faziam
ligação entre o reino de Gana e o Norte da África. Somente a partir do século XII é que os europeus
passaram a navegar a partir do Atlântico em direção à África. No século XIV, navegadores portugueses
contornaram o continente africano, intensificando, assim, as relações diretas entre a África e a Europa.
Mapa das rotas comerciais nos séculos X e XI
1. Agora, utilizem o mapa da próxima página para assinalar – usando cores diferentes e criando uma
legenda – o que se pede nos itens a seguir:
a) o reino de Gana;
b) uma rota possível, consultando o mapa das rotas comerciais no Mundo Antigo, para um produto que
parte de Gana e chega em Constantinopla;
c) um caminho possível para se ir da China à África por terra.
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transporte e também a construção de rotas, marítimas ou terrestres. O interesse comercial de um povo pela produção de outro os aproxima.
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Depois da leitura, a classe vai trocar ideias para formular uma hipótese sobre as afirmações
do pesquisador que escreveu o texto.
5 – Vide orientações didáticas (página XXII).
1. Por que os antigos acreditavam na existência de monstros ao sul do Saara?
Porque, de acordo com eles, o calor era tão forte que impediria o desenvolvimento de qualquer tipo de vida.
2. Em Roma imperial havia muitos escravos, como sabemos, porém o autor afirma que poucos deles
eram negros. Por que poucos escravos eram negros?
Nessa parte da discussão, o professor vai conduzir a classe para que se lembre de que os escravos negros eram prisioneiros de guerra
e também para relembrar os locais que foram conquistados pelos romanos. Para cumprir esse objetivo, professor e alunos poderão voltar
ao mapa da página 3, que mostra a divisão do Império. A conclusão a que os alunos vão chegar é que os romanos não conquistaram
nenhuma localidade da África, a não ser o Egito e regiões do norte, onde não viviam negros. Os alunos também devem considerar, a partir
do texto, que os africanos mencionados pelo autor eram, na sua maioria, homens livres e que não chegaram a Roma capturados – lá, poucos
Gana
Vamos ler o texto a seguir, escrito por Al-Bakri, um geógrafo árabe da cidade de Córdoba que nunca
saiu da Andaluzia, na Península Ibérica, mas que escreveu, com base nas informações de comerciantes,
uma obra chamada Livro dos caminhos e dos reinos, terminada em 1068.
Esse autor é uma das principais fontes para o estudo da África ao sul do Saara.
O reino de Gana
Gana é o título do rei do país cujo verdadeiro nome é Aucar. O rei atual – ano de 1067 – chama-se
Tunka Manim; ele assumiu o poder há cinco anos. (...) Ele é um homem corajoso, governa um vasto reino
e possui um poder temível.
A capital de Gana é composta por duas cidades, situadas numa planície. A primeira, habitada por
muçulmanos, possui doze mesquitas, em uma das quais a comunidade se reúne para a prece das sextas-feiras. A cidade
possui religiosos, juízes e sábios. Nos seus arredores, há poços de água doce, com que se mata a sede e regam os legumes.
A cidade do rei fica a aproximadamente 10 km de distância. Chama-se Ghaba. Liga-se à dos islamitas por numerosas
habitações. Seus edifícios são de pedra e madeira de acácia. O rei possui um palácio e várias cabanas de teto
arredondado, tudo cercado por um muro. Na cidade do rei, e não longe do recinto onde ele administra a justiça, há
uma mesquita para que nela possam orar os muçulmanos que visitam a corte.
Ao redor da cidade do rei, veem-se cabanas com tetos em domo (em forma arredondada), bosques e regiões com
arbustos e poucas árvores (matagais), onde vivem os feiticeiros e os sacerdotes de sua religião. Lá se encontram os ídolos
e os túmulos dos reis. Esses bosques sagrados estão sob guarda permanente: ninguém neles pode entrar nem saber o
que ali se passa. É nesses bosques que ficam as prisões reais. E de quem nelas é encarcerado, nunca mais se tem notícia.
Os tradutores do rei, que trabalham como intérpretes, são escolhidos entre os muçulmanos, bem como o tesoureiro
e a maioria dos seus ministros. (...)
O rei dá audiência em um pavilhão com um teto em domo. O início da audiência é anunciado por um tambor, feito de
um pedaço de tronco oco (daba). Quando as pessoas que professam a religião local se aproximam do rei, caem de joelhos
e jogam areia sobre suas cabeças, pois é assim que cumprimentam o soberano. Já os muçulmanos, apenas batem palmas.
O rei recebe aproximadamente 4 g de ouro (1 dinar) por asno carregado de sal que entra no país e 2 dinares por
aquele que sai. Ele ainda recebe 24 g de ouro por carga de cobre e 48 g pela carga de outras mercadorias. O melhor
ouro provém de um local que fica a 18 dias de caminhada da capital, numa região povoada por numerosas tribos de
negros, com casas uma ao lado da outra, ao longo de toda a rota.
As pepitas de ouro descobertas nas minas do país pertencem ao rei; o ouro em pó é deixado para o povo. Sem
essa medida, o ouro se tornaria abundante e perderia o valor. As pepitas podem pesar de 31 g a 373, 24 g (1 libra).
(Al-Bakri. In Alberto da Costa e Silva. Imagens da África. São Paulo: Penguin, 2012, p. 34-36. Adaptado.)
Ao concluir o item anterior, você já pode realizar, 21
em casa, a Tarefa 3 “O reino de Gana”.
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O croqui é importante instrumento de registro da ocupação do espaço. Para sua elaboração, siga
as orientações de seu professor, que você deve anotar na página 59.
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Teotihuacán
Figura 5
No período de 400-700, a cidade de Teotihuacán, no
planalto central, atingiu seu apogeu a partir de enormes
construções, a exemplo da pirâmide do Sol. Voltada para
o ponto onde o sol se põe, ela é considerada a terceira
maior pirâmide no mundo e a segunda maior do México:
tem 63 m de altura e uma base de 220 x 230 m. Para se
chegar ao seu topo, é preciso subir 259 degraus
irregulares. A pirâmide da Lua é outro exemplo de
grandiosidade: foi construída com 45 m de altura. Há
também nesse local a avenida dos Mortos e os templos
dos deuses agrários e da Serpente de Plumas (símbolo da
fecundidade agrária).
Observe, à direita, a imagem das ruínas dessa cidade.
Teotihuacán: pirâmide do Sol à esquerda e a avenida dos mortos.
Palenque
É do mesmo período, ano 690, uma das construções mais importantes da cidade de Palenque: o templo do Sol. Além
do Templo do Sol, outras obras arquitetônicas de grande importância para o período são: um majestoso conjunto de
construções conhecido pela denominação Palácio, caracterizado pela torre de observação e cercado por galerias
cobertas; e o templo das Inscrições, que guarda no interior de uma cripta secreta, construída dentro dos alicerces de
sua enorme base piramidal, o mais valioso túmulo real conhecido do mundo maia.
Observe as imagens abaixo:
Figura 6
23
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Zapotecas
Figura 9
Os zapotecas, por volta de 800 a.C., ocuparam a
região do Vale de Oaxaca. Eles ficaram conhecidos por
suas obras de irrigação na agricultura e por seus trabalhos
de cerâmica. Também tinham um calendário e um sistema
numérico, a partir do qual faziam cálculos matemáticos
complexos. Há registros desse povo que datam do período
histórico presentemente estudado. Sabe-se, inclusive, que
os zapotecas chegaram a ter contato com os europeus
quando de sua chegada à América, em 1492. Atualmente,
milhares de descendentes dos zapotecas ainda falam seu
idioma no México. Monte Albán foi uma de suas principais
cidades. Observe, ao lado, suas ruínas. Ruínas da cidade de Monte Albán.
Toltecas
Figura 10
Em 856, povos vindos do norte, os toltecas, fundaram
a cidade Tula. Eles eram agricultores e, com o passar do
tempo, voltaram-se também para o artesanato e o
comércio. No princípio, os sacerdotes tinham grande
poder político; tratava-se de uma sociedade teocrática.
Porém, devido a constantes lutas internas, o grupo militar
passou a se destacar, formando, assim, a elite, que era
composta também pelos sacerdotes e funcionários. Os
trabalhadores e artesãos compunham a camada submissa
da sociedade.
Do Planalto Central, a civilização tolteca se expandiu
na direção leste, oeste e chegou até a Península de
Iucatán. Desenvolveram uma arquitetura com templos Os Atlantes de Tula: homens gigantes em forma de colunas, com
enormes e com estruturas de pirâmides e pilares que armas em suas mãos; nas cabeças, uma espécie de chapéu, com
detalhes de estrelas e plumas que lhes dão um caráter celestial.
representavam guerreiros – veja a imagem ao lado.
A partir do século XII, essa civilização, devido a problemas internos e a invasões, teve sua principal cidade, Tula,
saqueada e abandonada. Povos vindos do norte, os astecas, começariam, a partir daí, sua longa marcha, que os levariam
ao vale do México aproximadamente um século depois.
deverá mostrar que muitas cidades estão distantes umas das outras, mas que essa distância não dificultou o contato entre elas. As grandes
construções, como templos e pirâmides, podem, inclusive, representar indícios de um possível contato.
24
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2. Nos exemplos de sociedades americanas desenvolvidas até o século X, quais são as características
que evidenciam algumas delas como sociedades teocráticas?
Governantes que tinham poder político e também poder religioso, a exemplo do que se observava entre os toltecas – seus sacerdotes
3. Na mesma época, na Europa, desenvolveram-se dois impérios: o Bizantino e o Árabe. Podemos dizer
que eles apresentam características teocráticas? Por quê?
Sim, porque os líderes políticos desses impérios também exerciam poder religioso. O imperador bizantino escolhia o chefe da Igreja,
Vamos ler o texto do historiador brasileiro Hilário Franco Júnior, especialista em Idade Média, que
nos descreve a vida em Roma quando da chegada dos povos germânicos.
25
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(Hilário Franco Júnior. O feudalismo. São Paulo: Brasiliense, 1983, p. 10. Adaptado.)
Leia todo o texto atentamente para buscar as informações que permitem descrever o
modo de vida no Império Romano Ocidental, que já estava em crise profunda.
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5. Como você explicaria o funcionamento do colonato a alguém que não leu o texto?
O aluno deverá descrever o funcionamento do colonato tendo como referência o texto. Assim, deverá apontar como a propriedade foi
dividida e quais eram os deveres e os direitos dos colonos diante do proprietário da terra.
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Para os romanos, isso não era um mau negócio, pois eles permaneciam com sua posição social. Além disso, os
estrangeiros – hóspedes – eram poucos. Não eram todos os germânicos que recebiam terras. Os pactos de controle
das terras envolviam apenas duas pessoas: um proprietário das terras e um germânico, que se ocuparia de sua
produção. Este pertencia a famílias de chefes guerreiros e, nas novas terras conquistadas, se tornava proprietário de
terras. Para trabalhar para ele, empregava soldados, que se transformavam em pequenos proprietários pobres.
Uma vez estabelecidas na nova terra, as comunidades germânicas passaram de comunidades nômades, igualitárias,
a novos Estados, nos quais uma aristocracia germânica consolidou seu domínio sobre a terra e tornou o campesinato
seu dependente.
(Perry Anderson. Passagens da antiguidade ao feudalismo. São Paulo: Brasiliense, 1974, p. 110-111. Adaptado.)
1. Um dos efeitos das invasões germânicas sobre o território conquistado foi a insegurança. Indique
uma informação do primeiro parágrafo que confirme essa ideia. Depois, explique de que modo a
observação do mapa da página 3 permite compreender melhor a ideia de que os bárbaros faziam
arrastões pelo continente.
“Na primeira metade do século V, a ordem do Império Romano foi destruída com a chegada dos bárbaros por todo o Oriente.”
“Apenas após saquear vários lugares, cada tribo germânica se instalava em local bem distante do seu ponto de partida.”
O mapa mostra que todos os povos invasores percorriam um longo caminho até se estabelecerem em algum ponto do território romano.
povos germânicos não tinha linguagem escrita, nem um sistema de propriedade estável.
3. Qual era a atividade econômica mais importante em Roma, na primeira metade do século V? E de
que forma os germânicos se organizaram para dominá-la?
A agricultura era a atividade econômica mais importante. Os germânicos se organizaram para dominá-la recebendo as terras dos romanos
e as entregando a alguns poucos de seu grupo, que passaram a compor uma aristocracia. Esses poucos recebiam colonos, subdividiam a
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Figura 11
hoje se situa a Bélgica. Dizemos que foi um dos mais
importantes porque, em 732, liderados por Carlos Martel, Moeda com a
esse povo venceu, na batalha de Poitiers, o exército representação do
muçulmano do califado de Córdoba, que pretendia imperador Carlos Magno.
conquistar a Galia e, talvez, o Norte da Europa. Depois,
em 771, passaram a ser governados por Carlos Magno,
que acabou por expandir seu domínio e estabelecer um
Figura 12
império cristão: o Império Carolíngio.
Carlos Magno tinha fortes raízes na fé cristã e em
uma política de aliança entre o reino dos Francos e o Papa,
chefe da Igreja Católica no ocidente. Ele era filho do rei
Pepino, que lutou contra os lombardos, derrotou-os e, em
756, doou o território conquistado ao Papado romano.
Esse território ficou conhecido como Patrimônio de São
Pedro e foi uma grande contribuição ao aumento do
poder do Papa.
Com a morte de seu pai, Carlos Magno herdou, com
seu irmão, Carlomano, o reino Franco. Depois do
falecimento do irmão, Carlos Magno reinou sozinho,
entre 771 e 814. Empreendeu várias conquistas e
expandiu o território do Estado franco. Combateu os
muçulmanos na região da Espanha e povos pagãos na Trono do imperador do Sacro Império Romano-Germânico, em
Germânia. Criou áreas de fronteira sob a administração Aquisgrán (ou Aachen; ou Aix-la-Chapelle).
civil e militar de um marquês, denominadas MARCAS –
uma delas, estabelecida junto ao Rio Danúbio, daria
origem à Áustria. Divisão do Império Carolíngio
Durante seu governo, Carlos Magno procurou
aprimorar a administração, centralizando seu poder e
disciplinando os negócios do Estado. Para melhor
controle, dividiu o Império em condados, divisões
territoriais onde a autoridade era exercida por um bispo e
por um conde. O primeiro cuidava dos assuntos relativos
aos costumes e à religião; e o segundo cuidava dos
assuntos militares e financeiros.
A política de conquistas estabelecida por Carlos
Magno fortaleceu e ampliou a área de influência da Igreja
Católica. Em função disso, na noite de Natal do ano 800,
o papa Leão III coroou-o em Roma imperador dos francos,
com o título de imperador romano do ocidente, cargo que
estava vago desde 476. Essa é a origem do Império
Carolíngio, cuja capital, Aquisgrán (ou Aachen; ou
Aix-la-Chapelle), foi construída por Carlos Magno – ela foi
escolhida por sua localização estratégica, junto a estradas
e rios, que davam acesso a quase todo o reino franco.
Depois da morte de Carlos Magno, o Império foi
herdado por seu filho Luís e depois dividido entre seus
Figura – Mídia Objetivo
netos: Lotário; Carlos, o Calvo; e Luís, o Germânico.
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Observe o mapa e relembre o que estudou sobre o Império Bizantino, o Império Árabe-Muçulmano e o
Império Carolíngio.
Agora, troque ideias com o professor e os seus colegas para concluir se você concorda, ou não, que a
denominação Idade Média, formulada no século XIV, é válida até hoje. Justifique suas ideias com
exemplos.
Os alunos vão rever o que estudaram e considerar as relações entre o Império Bizantino, o Império Árabe e o reino dos Francos. Depois, vão
propor um nome para o período que vai do século V ao século X, justificando-a com argumentos.
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A 10 DATA: _____/_____/_____
Módulo
5
2 O feudalismo na Europa
Você estudou as transformações que o mundo romano sofreu após a crise econômica provocada
pelas tensões que ocorriam no Império e pelas invasões germânicas. Já sabe, então, que os escravos
passaram a ser trabalhadores livres, porém presos à terra. Já aprendeu também que os conquistadores
germânicos dividiram as terras conquistadas com uns poucos chefes, o que deu início a uma aristocracia
ou nobreza germânica.
As tribos germânicas transformaram-se em Estados monárquicos, governados por um rei, adotando
algumas práticas administrativas dos romanos. Muitos desses reis, como Carlos Magno, fizeram fortes
alianças com a Igreja, que, devido à autoridade exercida tanto no Ocidente quanto no Oriente, tinha
grande influência política.
Nos reinos germânicos, surgiu um modo de organização da sociedade e da política distinto daquele
que prevalecia no Mundo Antigo. Os historiadores e cientistas sociais que estudaram esse novo modo
de organização o denominaram feudalismo e identificam sua presença desde meados do século IX. O
feudalismo permaneceu até o século XVIII, contudo, nesse longo período de nove séculos, sofreu
mudanças. Estudá-lo e compreender seu funcionamento nos primeiros séculos da Baixa Idade Média
(séculos X-XV) é nosso objetivo neste módulo.
Figura 13
O jogo de xadrez, de origem indiana, criado no
século VII, chegou à Europa no século XI e difundiu-se
no continente a partir da Península Ibérica, região
de significativa presença de muçulmanos. Logo se
tornou um jogo praticado entre os nobres. Sempre
jogado aos pares, seu objetivo é capturar o rei do
adversário.
cavalos e peões.
2. Você já estudou no módulo 1 a importância dos principais agentes da sociedade na Alta Idade
Média: reis, bispos, militares e camponeses. Com base no conhecimento que consolidou, procure
estabelecer as seguintes relações:
a) Que agente social da Alta Idade Média é representado pelo cavalo?
O aluno deverá levantar suas hipóteses considerando que um cavalo não poderia representar a maioria da população, já que, no jogo, os
torres no jogo. A classe deverá levantar suas hipóteses com base nesse dado. Os alunos podem remeter a quem construía ou tinha a posse
à classe de camponeses.
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A 11 a 13 DATA: _____/_____/_____
2.2. Investigação e descoberta do feudo e do feudalismo
Agora, você vai conhecer o sistema de organização da sociedade e da economia que substituiu o
escravismo, que já estudamos, em Roma: o feudalismo, que existiu na Europa do século X ao século
XVIII. Para isso, será necessário se aprofundar no estudo da realidade europeia feudal durante a Baixa
Idade Média, conhecer o que era um feudo, quais as principais construções da época, de que modo o
espaço era ocupado pelos diferentes membros da sociedade e quais eram as relações entre as diferentes
classes sociais.
O feudo
A sociedade feudal era rigidamente dividida e cada um conhecia o seu lugar. Acima de todos estava
o rei, que concedia terras aos nobres e à Igreja. Os nobres, ou senhores feudais, moravam em grandes
propriedades, os feudos, e ordenavam a construção de castelos (1) para sua defesa. Os campos senhoriais
(2a) eram lavrados pelos camponeses, que também cuidavam dos animais e dos pastos (3). Os
camponeses retiravam seu sustento dos campos (2b). Moinhos de vento (4) ou de água eram usados
para moer cereais. Os camponeses viviam na aldeia (5), cujas casas se agrupavam em torno da igreja (6).
Em retribuição aos serviços prestados durante as guerras, os senhores concediam terras aos cavaleiros
(7). Nos feudos, havia ainda: celeiros/estábulos (8); pântanos (9); fornos (10); lagares, locais para espremer
a uva ou a oliva para fabricar, respectivamente, vinho ou azeite (11); bosques (12); pomares (13).
1. Observe quais são os elementos da natureza (cultivados ou não) e indique sua numeração.
Destacar como elementos vindos da natureza: 2, 3, 9, 12 e 13.
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função de cada um: campos, pastos e pomares para produção de alimentos; pântanos e bosques, formações naturais para sobrevivência das
3. Observe quais são os elementos construídos pelos homens nesse feudo e indique sua numeração.
Neste exercício, os alunos devem perceber a modificação realizada pelo ser humano na natureza e sua necessidade de criar uma
4. Liste 2 elementos entre os que você julga mais importantes nesse cenário e justifique sua resposta.
Seria interessante que os alunos destacassem edificações como o castelo, a igreja, a aldeia, celeiros etc., espaços que mostram as atividades
5. Descreva quais atividades econômicas eram desempenhadas pelas pessoas que viviam nesses locais.
O aluno deve indicar que a agricultura é a atividade econômica predominante nessa sociedade.
A organização do feudo
A imagem estudada é uma representação de um feudo, termo usado tanto para classificar as propriedades de
terra, que eram doadas entre os membros da nobreza, quanto para denominar benefícios, rendas e cargos. Quem
recebia um feudo se tornava ligado a quem o doava por relações de fidelidade: quem doava era um suserano e quem
recebia era denominado vassalo. As terras doadas passavam a ser domínio do senhor feudal que as recebera. Esses
domínios senhoriais eram organizados em três partes, de acordo com sua função:
Manso senhorial: Parte da terra explorada em proveito apenas do senhor feudal. Também continha o conjunto
de construções fortificadas onde se situavam o castelo feudal, celeiro, estábulo, pomar e cavalariça.
Manso servil: Também chamado de tenência, era o pequeno pedaço ou gleba de terra que os servos recebiam
para cultivar em proveito próprio.
Manso de reserva: Bosques, pastagens, áreas onde ficavam os fornos, moinhos e lagares, lugares reservados ao
senhor que os servos podiam utilizar mediante o pagamento de um tributo denominado banalidade.
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Dentro dos espaços de um feudo, algumas construções se destacavam por estarem relacionadas
aos membros mais característicos da sociedade da época. O texto a seguir fornece informações
importantes sobre elas.
As construções eram geralmente muito modestas e muito simples. As casas dos camponeses eram muito pobres e
até miseráveis. Eram de madeira, o que explica os constantes incêndios. Mas duas edificações se destacavam: o castelo
fortificado e a catedral, ou seja, a casa dos cavaleiros e a casa de Deus, ou dos bispos, os representantes de Deus.
O castelo fortificado ressalta o poder e o prestígio dos cavaleiros, e as catedrais prolongavam o prestígio de Deus
por intermédio de seu representante mais importante, o bispo, que era chefe do território religioso chamado diocese.
A igreja da cidade onde morava o bispo, na Idade Média, chamava-se catedral.
(Jacques Le Goff. A Idade Média explicada aos meus filhos. Rio de Janeiro: Agir, 2007. Adaptado.)
Jacques Le Goff (1924-2014) foi um historiador francês, especialista na Idade Média e inovador em pesquisas sobre o
período.
1. O texto citou 3 construções importantes. Quais eram essas construções? Para que serviam e quais
eram as principais diferenças entre elas?
As casas dos camponeses, o castelo fortificado e a catedral. As casas dos camponeses eram simples e feitas de madeiras. Já o castelo
fortificado, casa dos cavaleiros, por sua grandiosidade ressaltava o poder e o prestígio deles. E a catedral era o local de moradia dos bispos,
os representantes de Deus.
2. Pela leitura do texto, é possível dizer que, além da agricultura, outras duas atividades se destacavam
no período. Quais eram essas atividades?
As duas outras atividades eram a cavalaria e a Igreja.
O mundo feudal era composto pela complexa relação entre os vários grupos da sociedade. Nobres,
camponeses e membros da Igreja viviam ligados uns aos outros. Estudando suas relações, você
conhecerá um pouco mais sobre a vida na sociedade medieval.
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O trabalho no feudo
O trabalho realizado pelos camponeses medievais era considerado trabalho livre. Porém, como
estudamos no módulo 1, com a crise do Império Romano os escravos se tornavam livres, mas
permaneciam praticamente escravos da terra. A esse regime de trabalho, deu-se o nome de servidão.
Vamos agora saber o que é servidão e conhecer um pouco mais sobre esse regime de trabalho.
O que é servidão?
A servidão, um estado tão velho quanto o
Figura 14
sistema feudal, amarrava um ser humano e todos
os seus descendentes a uma propriedade agrícola.
Estabelecendo laços com a terra, e não com
determinado proprietário, não era igual à
escravidão, mas envolvia quase as mesmas
restrições. Embora jamais aceitassem de bom
grado a condição de servo, os camponeses que
não possuíam terra e estavam famintos, ou viam
suas vidas ameaçadas por bandos de assaltantes,
não tinham alternativa senão entregar sua
liberdade a um nobre. O servo ganhava proteção
e um pedaço de terra para seu uso e, em troca,
ficava devendo ao senhor determinados serviços.
A natureza e o número dessas obrigações
variavam muito de propriedade para propriedade.
Os servos de uma propriedade pertencente ao
bispo de Mâcon, na Borgonha, por exemplo,
deviam: arar a terra; trabalhar nos vinhedos; cortar
e transportar o feno para alimentar os animais; As práticas agrícolas aqui ilustradas representam a persistência das
fazer as colheitas; debulhar os grãos, ou seja, atividades realizadas nos diferentes espaços do feudo e indicam a
distribuição do trabalho segundo os meses do ano.
extraí-los de suas vagens ou espigas; e cuidar das
matas que eram usadas como fonte de (Iluminura: Tratado de agricultura, de Pietro de Ciezcenzi,
combustível e pastagem para os porcos. As século XV. Museu Condé, França.)
camponesas tinham obrigações específicas, que
incluíam cuidar da cozinha do senhor, fiar a lã e fabricar cerveja e manteiga.
No tempo que sobrava dessas tarefas, os servos eram livres para trabalhar o terreno que o senhor lhes concedera.
Mas, se vendessem verduras de sua horta no mercado, o senhor exigia uma parte do lucro. Ele esperava que sua gente
usasse sua padaria e seu moinho e que pagasse regiamente por esse privilégio.
A população servil da Europa atingiria seu maior número no século XIII, mas no século XII alguns já conseguiam
permissão para fornecer mercadorias ou dinheiro ao senhor, em vez de serviços. Desse modo, o feudalismo foi se
transformando, mas essa já é outra história.
(História em Revista: campanhas sagradas. Rio de Janeiro: Time Life/Abril Livros, 1994, p. 28. Adaptado.)
tolhia sua liberdade, embora o servo não fosse uma mercadoria, como o escravo.
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produção dos alimentos até o preparo, e as atividades de cuidado com sua casa.
Vamos conhecer melhor algumas obrigações dos servos. Após essa leitura, grife com cores diferentes
exemplos de talha, banalidade e corveia no texto O que é servidão?
As obrigações servis
Mão morta: Quando da morte de um servo, sua família pagava um tributo ao senhor feudal para continuar a viver nas
terras do feudo.
Banalidades: Pagamentos que os servos efetuavam ao utilizar bens do senhor feudal: fornos, moinho, lagar (espécie
de tanque onde se espremem certos frutos, como a uva).
Talha: Parte da produção do servo entregue ao senhor feudal. Geralmente, a metade de tudo que fosse produzido,
como ovos, galinhas, trigo.
Corveia: Dias da semana nos quais o servo trabalhava na propriedade do senhor feudal. Geralmente, eram dois ou
três dias por semana, realizando tarefas como colheita, ceifa do feno, limpeza das fossas, transporte em charrete.
Dízimo ou tostão de Pedro: Os camponeses que trabalhavam nos mosteiros (terras da Igreja) tinham que entregar a
décima parte do que produziam, para a manutenção deles.
Os senhores feudais
Ao tratarmos das obrigações servis, o termo “senhor feudal” foi muito usado. Vamos agora estudar
as relações entre os senhores feudais e sua importância política e social.
Os senhores feudais eram nobres que receberam um feudo de outro senhor em troca de serviços, sobretudo
militares, tornando-se assim vassalos do doador. O senhor feudal que concedia terras a outros era chamado de suserano.
Aquele que recebia era chamado de vassalo. Entre eles, era assinado um contrato, conhecido como contrato feudo-vas-
sálico. No ato de doação e recebimento do feudo (terra, ponte ou outro bem material), instalava-se uma relação de
fidelidade e dependência. Eram funções do vassalo: aconselhar o suserano e ajudá-lo militar e financeiramente. Era
função do suserano: proteger o vassalo e o feudo. Um vassalo também podia ser suserano de outro vassalo, cedendo-lhe
um feudo menor.
Leia o texto acima para saber quem era o senhor feudal, o que fazia e qual era sua
importância na sociedade. Observe a imagem a seguir e depois responda à pergunta:
quais foram as novas informações sobre quem era o senhor feudal?
Os senhores feudais podiam fazer um contrato entre eles, conhecido por contrato feudo-vassálico, em que um senhor doava terras
a outro senhor em troca de serviços. O senhor que concedia a terra era o suserano, e o que recebia era o vassalo. O contrato entre eles era
Figura 15
Homenagem ao conde de
Clermont-en-Beauvaisis.
Cópia de manuscrito de
1373-1376. França.
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Figura 16
A noção de fidelidade era um dos pilares sobre os quais
repousavam os laços de homem a homem na sociedade
feudal, e implicava direitos e obrigações de ambas as
partes. Antes de mais nada, o vassalo devia o serviço militar,
cujo número de dias variava de região para região, podendo
chegar ao máximo de 50 a 60 por ano; importantes
também eram o conselho e a ajuda, que implicavam auxílio
e assessoramento ao senhor na administração e
preservação dos seus bens e no controle da justiça. Em
vários locais os vassalos arcavam ainda com os custos
financeiros do senhor em quatro ocasiões: pagamentos dos
gastos despendidos por ele numa cruzada (expedição
militar para conquistar Jerusalém, que estava sob o poder
do Império Árabe-Muçulmano), pagamento do seu resgate
caso fosse feito prisioneiro, gastos da cerimônia de
armamento de cavaleiro do filho primogênito e despesas
do casamento da filha.
O senhor, por sua vez, concedia ao vassalo um feudo,
cujo rendimento possibilitava sua sobrevivência, dava-lhe
parte dos saques obtidos nas expedições guerreiras, além
de presenteá-lo repetidas vezes.
O vassalo que não atendia o chamado de seu suserano
Iluminura do Codex Manesse (séc. XIV). Um cavaleiro
para as campanhas militares cometia um delito de traição,
armado, com cavalo e escudeiro.
sendo severamente punido, já que sua função e razão de
ser era justamente militar.
(Marco Antônio de Oliveira Pais. O despertar da Europa: a baixa Idade Média. São Paulo: Atual, 2013, p. 16-17.)
O historiador F. L. Ganshof transcreve um documento de 1127 que relata como o conde de Flandres,
Guilherme da Normandia, acolheu os vassalos de seu antecessor e estabeleceu com eles um contrato feudo-vas-
sálico.
Em primeiro lugar, prestaram homenagem da maneira seguinte: o conde perguntou ao futuro vassalo se queria
tornar-se seu homem, sem reserva, e este respondeu: “quero”; depois, estando as suas mãos apertadas pelas do conde,
aliaram-se por um beijo. Em segundo lugar, aquele que havia prestado homenagem fez compromisso da sua fidelidade
ao porta-voz do Conde, nestes termos: “Prometo, pela minha fé, ser, a partir deste instante, fiel ao conde Guilherme e
guardar-lhe, contra todos e inteiramente, a minha homenagem, de boa-fé e sem dolo”; em terceiro lugar jurou o mesmo
sobre as relíquias dos santos.
(F. L. Ganshof. O que é feudalismo? Lisboa: Publicações Europa-América, 2007, p. 68.)
1. Como era chamado o nobre que doava um feudo para outro? E como era denominado o
nobre que recebia essas terras?
O nome de quem doava um feudo era suserano; e o vassalo era quem recebia essas terras.
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2. Com base nas regras mencionadas nos textos e na análise da imagem, responda: um camponês
poderia virar um senhor feudal?
Não, pois não poderia prestar o serviço militar, nem tinha recursos para custear o resgate do senhor, expedições para conquistar Jerusalém
(que estava em poder dos árabes), o casamento da filha ou o armamento do filho do nobre, composto de escudo, espada e elmo.
3. Ao receber um feudo, quais eram as obrigações do senhor feudal? Quais vantagens ele obtinha?
O vassalo devia o serviço militar, auxílio e assessoramento ao senhor na administração e preservação dos seus bens e no controle da justiça;
Como vantagens, obtinha a proteção do seu senhor, além da posse e do usufruto do feudo que ele lhe concedia.
5. Qual a sua hipótese para o fato de o vassalo dizer “prometo, pela minha fé” e jurar sobre a relíquias
dos santos?
Resposta pessoal. No momento da correção, o professor deve perguntar se os alunos se lembram do papel da religião na sagração de
Carlos Magno e se acham que há uma relação entre um fato e outro. Deve também anunciar que estudarão mais a seguir.
turma perceba que conceder um feudo significava abrir mão de parte dos recursos que ele poderia oferecer.
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Figura 17
Um membro da nobreza
possui destaque em relação aos
demais: o rei. Observe a imagem ao
lado para aprender um pouco mais
sobre essa figura na Idade Média.
Após a análise da imagem, leia o texto a seguir e saiba um pouco mais sobre o rei.
O rei na Europa feudal
Um rei quando coroado, ungido pelo Papa ou por um bispo, com o óleo santo, cerimônia assistida por alguns
poucos convidados, recebia uma espada e uma coroa, simbolizando poder e autoridade. A ele cabia governar seu povo,
administrar muito bem seu espaço territorial, fazer leis e amedrontar os criminosos com severidade.
Constantemente protegido por seus cavaleiros, o rei, juntamente com seu corpo de funcionários e alguns membros
do castelo, viajava pelo reino, para ter certeza de que tudo estava funcionando bem, saber se as revoltas tinham sido
controladas, bem como os seus líderes punidos, como mandava a lei: geralmente com a morte. Mas, afinal, havia algum
jeito de impor autoridade sobre uma autoridade?
Na Idade Média, muitos reis achavam que possuíam liberdade para governar acima do bem e do mal ou
simplesmente de acordo com suas vontades. Mas o papa, como chefe da Igreja Católica, tinha autoridade sobre todos
os reis e seus súditos. Já pensou que ir contra o papa era o mesmo que ir contra Deus, segundo a crença da época?
Portanto, para não ser excluído da Igreja e impedido de ter proteção espiritual, até depois da morte, e muito menos
perder o trono, os reis acabavam obedecendo e até reconhecendo o poder do papa. Quanto jogo de interesses!
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A leitura dos textos comprovou as hipóteses da sala sobre o principal suserano do reino?
Discuta com seus colegas e seu professor os limites da ação dos reis na Idade Média.
É importante que os alunos identifiquem, neste momento, que o rei é o principal suserano do reino e que seus poderes são limitados tanto
É possível dizer que cada indivíduo na Idade Média era responsável por uma função específica na
sociedade e não havia mobilidade entre os dois grupos fundamentais, ou seja, um nobre não se tornaria
um servo e um servo jamais se tornaria um nobre. As posições sociais eram definidas desde o nascimento
e, devido a essa característica, esses grupos recebiam o nome de estamentos. O historiador Georges
Duby nos apresenta, no texto a seguir, a explicação dada na Idade Média para a distinção social.
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3. Qual grupo apresentado na descrição feita por Georges Duby você ainda não estudou? Qual era a
sua responsabilidade?
Os alunos devem identificar que ainda não estudaram em detalhes os responsáveis por “orar pela salvação de todos”, ou seja, os membros
da Igreja.
Você já pôde perceber que a Igreja possuía uma posição de destaque nessa sociedade. Para entender
a fonte de seu poder, leia o texto abaixo.
O Clero
A Igreja desempenhava um papel essencial na sociedade medieval. O conjunto de religiosos é denominado pelo
termo clero, e sua função era cuidar para que a religião católica fosse seguida por todos. Para isso, deveria orientar
camponeses e nobres em suas vidas espirituais. Membros do clero recrutados entre os grupos mais privilegiados são
chamados de Alto Clero pelos historiadores; entre eles, encontravam-se os bispos e o papa. Os que eram originários
das camadas menos influentes formavam o Baixo Clero. Assim, os religiosos pertenciam a uma ou outra categoria.
Além dessa divisão, havia outra. Uma parte do religiosos atendia ao público em geral, vivia nas igrejas das cidades e
aldeias. Era o chamado clero secular. Outra parte se organizava em comunidades, muitas vezes distantes das cidades,
e, além das regras gerais da Igreja, seguiam um regulamento próprio, baseado em princípios de comportamento moral
e religioso. Era o chamado clero regular.
Com o fim do Império Romano, a Igreja se transformou na instituição mais bem organizada da Europa Ocidental,
proprietária de terras e com forte poder de influência sobre a população, exercendo importante papel político,
econômico e cultural.
A 14 a 16 DATA: _____/_____/_____
2.3. Ampliação de seus conhecimentos: arte, pensamento e a Igreja Medieval
A Igreja Medieval era comandada pelo papa, o superior de todos os bispos, na Igreja Católica do
Ocidente. Você se lembra de que o papa também recebeu do pai de Carlos Magno um território,
conhecido como Patrimônio de São Pedro? Ele era o governante desse território. Assim, a Igreja também
detinha poder político e econômico, além de ser uma importante instituição cultural. O pensamento, a
arte, a espiritualidade e o conhecimento da sociedade feudal foram desenvolvidos em suas catedrais,
mosteiros e escolas. Conforme já estudamos, as catedrais eram construídas nas cidades que possuíam
bispos. Elas eram um centro de produção de arte direcionada às cerimônias religiosas, como as missas,
os batizados, os casamentos, bem como à sagração dos cavaleiros e reis locais, em que eram
estabelecidos os pactos de fidelidade entre suseranos e vassalos.
A Catedral
Assim como os castelos fortificados, as catedrais aparecem como construções que alimentam o
imaginário popular e que simbolizam a Idade Média.
O castelo mostra o poder e a importância dos cavaleiros; e a catedral prolonga o prestígio de Deus,
por intermédio de um representante direto: o bispo, que a utiliza, na cidade, como verdadeira Casa de
Deus. É o local onde se reza, onde se fazem pregações e se celebram as missas.
Nas regiões pobres, onde havia imensas florestas, as igrejas inicialmente eram feitas de madeira;
com o passar do tempo, em função da interferência humana e das guerras, madeiras passaram a dar
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lugar a pedras. Em seu interior, eram ricamente adornadas, com tapeçarias, afrescos, esculturas. Mais
tarde, com a necessidade cada vez maior de evangelização dos fiéis e de luz, identificada com Deus,
vieram os vitrais coloridos, representando passagens bíblicas e aumentando a luminosidade no interior
das catedrais. Também surgiram as grandes torres, que marcam a importância e a grandiosidade dessas
construções.
É importante ressaltar que a construção de uma catedral era algo muito caro e necessitava de muito
trabalho, empenho e tempo. Envolvia tanto a contratação de mão de obra quanto a aquisição de
materiais. Para isso, havia uma cooperação entre os nobres, os reis e o clero. Quando o comércio volta
a crescer, a partir do século XII, e surgem os burgos (cidades medievais) com suas atividades comerciais
e seu artesanato, os seus habitantes (burgueses) passam também a contribuir para a construção das
catedrais.
As igrejas em madeira foram praticamente todas destruídas, mas ainda hoje, em toda a Europa, há
muitas igrejas da Idade Média. Elas apresentam dois estilos predominantes: o românico e o gótico.
A catedral românica
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A catedral gótica
Figura 18
Catedral de
Colônia, na
Alemanha. Sua
construção foi
iniciada em 1248
(século XIII) e
terminou em
1880.
Estilo Período Características
• Intensa luminosidade.
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Figura 19
Durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), a Catedral
de Colônia acabou recebendo 14 ataques (com bombas aéreas) e
não caiu. Mas ficou abalada e precisou ser, em parte, refeita.
Figura 21
Figura 20
A estrutura em cruz da Catedral de Colônia. Catedral de Colônia em 1875. Catedral de Colônia em 1880.
Figura 22
Representação da Catedral de
Chartres, na França, mostrando
seus arcos e ogivas.
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o clero secular por viver sob regras de conduta mais rígidas, levando uma existência de trabalho e oração.
greco-romana, contribuíram para a preservação dessas obras, além de realizarem desenhos, as iluminuras.
3. De que forma a Ordem de Cluny e as reformas papais atuaram para disciplinar o clero e diminuir a
influência dos nobres nos assuntos da Igreja?
A Ordem de Cluny influenciou uma reforma dentro da Igreja, reorganizando-a com as seguintes determinações: proibição da simonia
(venda e compra de sacramentos, indulgências), estabelecimento do celibato, bem como da escolha do papa pelo Colégio de Cardeais.
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A abadia de Cluny
Figura 23
O duque Guilherme da Aquitânia fundou
a abadia de Cluny, na Borgonha, em 910,
deixando claro seus objetivos:
Dou com a condição de que seja construído em Cluny
um mosteiro regular, em honra dos Santos Apóstolos Pedro
e Paulo; que aí formem uma congregação de monges
vivendo sob a regra de São Bento; que a possuam para
sempre, detenham e governem, de tal maneira que esta
santa e abençoada morada esteja incessantemente cheia
de religiosos que façam votos para entrar na regra e preces;
[...] Foi de nosso agrado registrar neste testamento que
deste dia em diante o monges unidos na congregação de
Cluny fiquem completamente libertos do nosso poder, do
dos nossos parentes e da jurisdição da real grandeza, e
nunca se submetam ao jugo de qualquer poder terreno,
nem ao de nenhum príncipe secular, conde ou bispo, nem
ao do pontífice da Sé Romana, mas apenas a Deus.
(Fernanda Espinosa. Antologia de textos medievais.
Lisboa: Sá da Costa, 1972, p. 285.)
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2. Procure também identificar se o mosteiro praticava alguma atividade econômica. Justifique sua
resposta com elementos do texto da doação de Guilherme de Aquitânia para a sua construção.
Agricultura, já que havia celeiro e estábulo. Devia armazenar os grãos no celeiro e utilizar animais na produção agrícola. Essa produção era
As artes e a Igreja
Por toda a Idade Média, talvez com mais ou menos intensidade, as igrejas, particularmente as
catedrais e os mosteiros, continuavam sendo os principais lugares onde se desenvolviam o saber e o
ensino (artes plásticas, arquitetura, escultura e música). Assim como Carlos Magno fizera no século IX,
os governantes do ano 1000 fizeram questão de que catedrais e mosteiros fossem verdadeiros depósitos
do saber, providos de uma grande quantidade de livros e mestres. Quantos homens puderam aproveitar
essa instrução? Em cada geração, algumas centenas, alguns milhares talvez – e ao nível superior nunca
ascenderam mais do que algumas dezenas de privilegiados, dispersos por toda a Europa, separados por
enormes distâncias, mas que se conheciam, correspondiam-se, trocavam manuscritos.
Paralelamente a tudo isso, naquela época era grande a necessidade de saber e aprofundar o
conhecimento sobre Deus e suas obras. Daí o surgimento da Teologia, palavra que vem do grego e que
significa “estudo de Deus”. Dessa forma, todos que tinham o privilégio de escutar os mestres
enfrentavam os maiores perigos, movidos por um encantamento, pois o aprendizado os levava a um
nível de respeito cada vez maior e, dessa forma, podiam melhor servir o seu Deus. Já o povo simples se
instruía nos assuntos religiosos apenas indo à igreja.
As igrejas medievais eram os espaços privilegiados da produção artística, que sobreviveu na parte
menos frágil das edificações e dos objetos confeccionados na época. Essas obras de arte eram feitas
para Deus, o que permite caracterizar a cultura medieval como uma cultura teocêntrica, ou seja, na qual
Deus e a religião ocupam o centro da produção cultural. Os homens medievais acreditavam que as
oferendas e os presentes podiam apaziguar a ira de Deus, considerado o Todo-Poderoso.
Dentre suas obras de arte, destacam-se as iluminuras, os mosaicos e os vitrais.
No Portal Objetivo
Para saber mais sobre o assunto, acesse o PORTAL OBJETIVO
(www.objetivo.br) e, em “localizar”, digite HIST7F103
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Iluminuras
Figura 24
Também conhecidas por miniaturas, eram um tipo de pintura
colorida e com letras ricamente ornamentadas. Seu suporte era o
pergaminho. São chamadas de iluminuras por serem pinturas nas
quais folhas de ouro “iluminavam” a imagem. As cores eram
obtidas de plantas, minerais, sangue e insetos, de onde se
extraíam os pigmentos que, misturados com clara e gema de ovo,
além de cera de abelha, tornavam-se uma tinta consistente e com
poder de fixação. A tinta preta vinha do carvão; a branca, da cal
ou das cinzas de ossos de pássaros; a azul, muito apreciada pelos
monges, era extraída das sementes de uma planta ou da azurita e
do lápis-lazúli moídos; a verde se obtinha da malaquita; a
amarela, do açafrão.
Essas pinturas possuíam vários motivos, que iam da inspiração
floral à inspiração mítico-religiosa, de flores e estrelas a pássaros,
monstros e outras criaturas. Eram aplicadas no início dos
capítulos, em letras capitulares – grandes letras coloridas. Também
eram utilizadas para ilustrar cenas religiosas ou da vida da
nobreza. Bíblia de Souvigny – página do livro Gênesis,
sobre a criação do mundo. Século XII. Acervo da
Figura 25
Figura 26
Página do livro
de orações
(breviário) de
Felipe, o Belo.
Século XIII.
Ilustra dois
episódios
bíblicos: o
encontro de
Davi e Samuel
(acima) e a luta
de Davi e Golias
Bíblia do século XI. Acervo da Biblioteca Vaticana. (embaixo).
Neste seu material didático, há também iluminuras do século XIV. Identifique as páginas em
que elas se encontram e seu assunto.
Páginas 31, 36, 38, 39 e 41.
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Mosaicos
Pequenos pedaços de pedras, vidros ou outros materiais coloridos formam imagens e são usados para decorar
o interior dos ambientes. Após o século V, essa antiga forma de arte, muito forte também entre os romanos, passou
a ser usada para decorar as paredes das igrejas e das catedrais, com forte temática religiosa.
O mosaico bizantino teve grande destaque. Além do desenvolvimento técnico, os homens bizantinos utilizavam
ouro e pedras preciosas para decorar sua igrejas, catedrais, prédios públicos, moradia dos aristocratas e palácios
imperiais.
Essa arte de características bizantinas influenciou também a decoração das igrejas românicas, que ensinavam
a história de Cristo por meio da arte.
Figura 27
Figura – Mídia Objetivo
A história de Cristo: a criação dos pássaros. Mosaico bizantino do século VI, na Basílica de São Vital, em Ravena,
Catedral de Palermo, na Itália. Arte românica. Itália. Mestre de São Vital. A cena representa o imperador Justiniano
com o bispo Maximiano, governador de Ravena, com os membros da
corte e sua guarda pessoal.
Figura – Mídia Objetivo
Figura 28
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Vitral
Figura 29
eram luxuosamente decoradas. Havia grandes e coloridas
janelas com desenhos geométricos, imagens de santos ou
passagens do texto bíblico que iluminavam o seu interior.
Os vitrais, como os mosaicos, eram importantes, pois
algumas vezes narravam acontecimentos religiosos para
um sociedade predominantemente analfabeta. Além dos
temas religiosos, também representavam temas ligados
aos cavaleiros e à vida cotidiana.
Figura 30
Nave e coro, órgãos e vitrais da Catedral de Chartres Cristo na última ceia.
(séculos XII e XIII).
Figura 33
Batalha entre
cristãos e
infiéis (vitral
de Carlos
Magno na
Catedral de
Figura 31
Chartres,
França).
Animais que
embarcam
aos casais na
arca de Noé.
Carpinteiros,
doadores do vitral de
Noé (na Catedral
de Chartres).
Figura 32
Depois de ter estudado a Idade Média, a classe concorda em chamar essa época da história
da Europa de Idade das Trevas? Como a classe denominaria esse período da História?
17 – Vide orientações didáticas (página XXIV).
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2. Em que medida a produção intelectual dos árabes se valeu de sua expansão territorial?
Os árabes, por meio da expansão territorial, dominaram várias regiões. Em cidades como Cairo e Córdoba, por exemplo, construíram
bibliotecas, onde utilizavam o papel, que era mais sólido e barato, para confeccionar os manuscritos. Assim, a circulação deles pelas estradas
3. Qual era a importância da religião na produção cultural e intelectual dos árabes na Idade Média?
Em primeiro lugar, a leitura e a escrita eram incentivadas para possibilitar o estudo do Corão. Além disso, os governantes árabes incentivavam
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do reino de Gana. Nesse local, encontram-se os ídolos, os túmulos dos reis e as prisões reais.
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Leia o texto que o jornalista Tiago Cordeiro escreveu para a revista Aventuras na História.
Sábado de um típico camponês na França do século 10 começa às 5 da manhã. Ele, a esposa e os quatro filhos
acordam em sua casa de um único cômodo, comem mingau de pão e dão início à labuta. O pai e os mais velhos, de 12
e 14 anos, vão para o campo – a colheita de trigo e cevada está atrasada. A família passou os dois dias anteriores
cumprindo o trabalho obrigatório nas terras do senhor feudal. Há muito o que fazer. A mãe e os mais novos, de 6 e 8
anos, vão lidar com a horta e as galinhas. Todos fazem uma rápida pausa para comer (sempre que possível, peixe). O
batente só termina quando já está escuro. Eles dormem juntos, sobre um amontoado de palha, iluminados por velas de
sebo e aquecidos por uma pequena fogueira no centro do cômodo. Descansam felizes. O dia seguinte é o único da
semana em que a rotina árdua muda um pouco: seguem o comando dos sinos e vão à missa. Rezam por suas almas e
são orientados mais a temer o diabo que a adorar a Deus.
Assim viveram, durante dez séculos, 90% dos habitantes do Velho Continente. Do ponto de vista deles, a Idade
Média foi uma época de contrastes sociais profundos, violência, doenças (a metade dos bebês não chegava aos 2 anos)
e pequeno avanço tecnológico. Nessa época as pessoas mais pobres morriam cedo, comiam quando dava e se submetiam
às ordens dos senhores feudais e dos padres. Já a nobreza construía castelos, cobrava impostos pesados e devorava até
9 mil calorias diárias. Um singelo botão de ouro no vestido de uma dama equivalia a 140 dias de trabalho de um camponês.
(Tiago Cordeiro. Como era a vida na Idade Média. In Aventuras na História para viajar no tempo.
Disponível em: <http://guiadoestudante.abril.com.br/aventuras-historia/como-era-vida-
idade-media-677615.shtml>. Acesso em: 26 nov. 2015.)
e das galinhas.
4. Durante a Idade Média, a maior parte da população era camponesa. Qual a porcentagem de
camponeses em relação ao total da população, segundo o autor? 90% da população
5. O texto indica, no segundo parágrafo, uma grande diferença de vida entre dois grupos sociais, os
camponeses e os nobres. Como se pode identificar essa diferença?
Diferentemente dos camponeses, a nobreza vivia em castelos, tinha acesso a muitas riquezas e a alimentos em abundância.
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Leia o texto a seguir e consulte o caderno nas páginas 36 e 37 para responder às perguntas.
As obrigações do servo
São os senhores feudais que controlam a vida no feudo e seus arredores. A partir de suas casas fortificadas, que
evoluem até se tornar castelos no século 10, eles vivem cercados por empregados. O camponês passa a metade de seu
tempo útil trabalhando no chamado manso senhorial, a área de plantio da propriedade. Ele mesmo vive e cultiva seu
alimento nos arredores. Parte do que planta ali é seu, mas não tem direito a manter em casa fornos ou moinhos. Para
usá-los, paga aluguel na forma de produtos que colheu nas terras sob seu controle, patrimônio do senhor.
(Tiago Cordeiro. Como era a vida na Idade Média. In Aventuras na História para viajar no tempo.
Disponível em: <http://guiadoestudante.abril.com.br/aventuras-historia/como-era-vida-
idade-media-677615.shtml>. Acesso em: 26 nov. 2015. Adaptado.)
2. Como se chama a obrigação de pagar para utilizar o forno e/ou o moinho do senhor feudal?
Banalidade.
4. O servo também tem obrigação de pagar a talha. A que corresponde esse pagamento?
A talha corresponde ao pagamento ao senhor de parte (geralmente, a metade) da produção do manso servil.
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Leia o texto a seguir para conhecer mais sobre o cavaleiro medieval e depois responder às perguntas:
Durante a Idade Média, na França e na Espanha todos os cavaleiros eram nobres, tivessem ou não tivessem terras.
Na Inglaterra, passaram a significar uma pessoa de terceira classe social, depois do rei e dos nobres. Isso porque apenas
o primogênito herdava a terra dos senhores feudais. Aos demais herdeiros cabia apenas defender as terras do irmão
mais velho. Quando se sobressaíam em guerras ou em torneios, eles poderiam receber um feudo e um título de nobreza.
No ambiente medieval, marcado por uma vida difícil, com uma expectativa de vida curta, cheia de fome, epidemias
e muitas guerras, dá para imaginar que boa parte das pessoas se vestia muito mal, o que de certa forma não ocorria
com o cavaleiro.
Nos séculos XI e XII, usava-se uma roupa especial chamada cota de malha, feita de pequenos pedaços de metal,
pregados numa túnica de couro. Por baixo dela, usava-se uma jaqueta almofadada, que absorvia o impacto dos golpes
da arma do inimigo. Essa vestimenta chegava a pesar 13,5 quilos. Dá para imaginar o calor que sentia nosso nobre
cavaleiro. Nos séculos XIII e XIV, começam a ser usadas extensas chapas de aço para proteger as partes mais facilmente
atingidas do corpo, como o peito, os braços e as coxas. Dessa forma, como diziam na época: a única forma de matar
um cavaleiro é derrubá-lo no chão e bater nele até a morte.
Desde o século XI, a Igreja estava presente no momento em que alguém era sagrado cavaleiro: o sacerdote benzia
a espada e dizia ao cavaleiro que devia servir à Igreja, às viúvas, aos órfãos e a todos aqueles que serviam a Deus. O
cavaleiro passava a noite rezando, geralmente numa capela, e no dia seguinte deveria fazer um juramento de fidelidade
e lealdade a seu senhor, aquele nobre que estaria apostando todas as “fichas” naquele que seria seu grande defensor.
deveriam defender as terras de seu irmão mais velho ou de outro senhor feudal. Quando se sobressaíam em guerras ou torneios,
2. Justifique a afirmação: “A única forma de matar um cavaleiro é derrubá-lo no chão e bater nele até
a morte”.
O cavaleiro usava roupas especiais para garantir sua segurança em caso de ataque. Nos séculos XIII e XIV, usavam extensas chapas de aço
os fiéis a Deus. Em seguida, o cavaleiro passava a noite toda rezando, para depois prestar o juramento de fidelidade ao seu senhor.
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Obrigações feudo-vassálicas
As obrigações recíprocas entre senhor feudal e vassalo foram definidas em princípios dos século XI pelo
bispo Fulbert de Chartres: “Aquele que jura fidelidade ao seu senhor deve ter sempre presente na memória
seis palavras: são e salvo, seguro, honesto, útil, fácil, possível. São e salvo, para que não cause qualquer
prejuízo ao corpo do seu senhor. Seguro, para que não prejudique o seu senhor divulgando os seus segredos
ou dos castelos que garantem sua segurança. Honesto, para que não prejudique os direitos de justiça do seu senhor ou
outras prerrogativas que interessem à honra que pode pretender. Útil, para que não cause prejuízo aos bens do seu
senhor. Fácil e possível, para que não torne difícil ao seu senhor o bem que este poderia facilmente fazer e para que não
torne impossível o que teria sido possível ao seu senhor. Mas não é assim que ele merece o seu feudo, pois não basta
abster-se de fazer o mal, é preciso fazer o bem. Importa, por consequência, que, sob os seis aspectos que acabam de
ser indicados, o vassalo forneça fielmente ao seu senhor conselho e ajuda, se quiser parecer digno do seu benefício e
realizar a fidelidade que jurou. O senhor deve igualmente, em todos estes domínios, fazer o mesmo àquele que lhe
jurou fidelidade. Se não o fizer, será com razão acusado de má-fé. Da mesma forma que o vassalo que falta aos seus
deveres pela ação ou por simples consentimento, o senhor também seria culpado de perfídia e de perjúrio”.
Vocabulário
Abster-se: deixar de fazer. Perfídia: deslealdade, traição.
Concessão: doação. Perjúrio: juramento falso, mentira.
Consentimento: concordância. Prerrogativas: privilégios, regalias, vantagens.
2. Além de não fazer o mal, para merecer um feudo o que é preciso fazer?
O vassalo precisa oferecer conselho e ajuda para ser digno do feudo recebido.
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Figura 1 Figura 18
Disponível em: <http://ayasofyamuzesi.gov.tr/>. Acesso em: 1.o dez. 2015. Disponível em: <https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/1/12/Domzu
Koeln.jpg>. Acesso em: 1.o dez. 2015.
Figura 2
Disponível em: <https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Hagia_Sophia_South Figura 19
western_entrance_mosaics.jpg>. Acesso em: 1.o dez. 2015. Disponível em: <https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/c/c0/Koeln_Rd
Flug_2.JPG>. Acesso em: 1 dez. 2015.
Figura 3
Disponível em: <https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Alcor%C3%A3o.jpg>. Figura 20
Acesso em: 1.o dez. 2015. Disponível em: <https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/b/b3/Dom_
1875.jpg>. Acesso em: 1.o dez. 2015.
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Manesse_149v_Wolfram_von_Eschenbach.jpg>. Acesso em: 1.o dez. 2015.
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60