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Gabriel Galdino – enviar correções ou dicas para gabrielgaldinodm@gmail.com
As derivações da Geomorfologia
1. Orografia: consiste na descrição dos elementos geométricos do relevo, entrando nesse
quesito a declividade, direção de mergulho, formas do relevo. Nesse conceito são
desprezadas as intervenções antrópicas, bem como aspectos internos como a
composição das litologias. Exemplos de aplicação: mapas de declividade, mapas de
relevo, cartas topográficas.
2. Corografia: são os aspectos humanos condicionados pela orografia. Exemplos de
aplicação: no estado de Minas Gerais observa-se uma grande variedade de sotaques,
esses decorrentes do isolamento geográfico condicionado pelas cadeias montanhosas
que limitaram a convivência dos bandeirantes com diferentes culturas indígenas.
3. Fisiografia: relação entre a geometria e os processos naturais. Exemplos de aplicação:
tudo aquilo que é condicionado pela litologia, como o tipo de vegetação.
Davis constrói sua linha de pensamento a partir de observações nas Rochosas e Apalaches, duas
áreas de alta declividade e relativa homogeneidade litológica. Sendo assim, seu pensamento
descreve de maneira fidedigna uma quantidade muito limitada de rios, ignorando por exemplo
as condições de erosão diferencial que geram as cachoeiras: nessas quedas de água a
acumulação da água possibilita que essa seja descarregada com muita energia, escavando muito
em um relevo de grande declividade, mesmo que esse seja um rio maduro.
Apesar de certas incoerências quanto ao ciclo dos rios, Davis propões um método de
pensamento de grande contribuição:
Os princípios da Geomorfologia
Causalidade
Extensão
Localização
“Nenhum rio pode escavar abaixo do nível do mar porque a energia potencial da queda d’água
aí chega a zero, logo nenhuma conversão de energia pontencial em trabalho de corrente é
possível. ”
Nessa afirmação existe um problema claro quanto a afirmação, isso porque existem diferentes
regimes de embocadura de rios, em alguns deles do tipo delta o sistema é dominado pela ação
de rios, e nesse contexto os rios são capazes de sobrepor sua ação sobre a da linha de costa,
sendo assim, são capazes de erodir abaixo do nível do mar.
Uma segunda crítica a tal pensamento pode ser feita com relação à visão fixista do autor, que
desconsidera variações temporais da linha de costa, que em um tempo passado pode ter gerado
a erosão em ambiente marinho. Ainda é possível salientar os “eventos catastróficos”, como as
correntes de turbidez e os tempestitos, que são capazes de mover grãos no substrato, gerando
assim, erosão em plataforma.
Sendo assim, a geomorfologia não deve ser vista de forma fixista, e sim de forma de que se
reconheça a variação dos processos ao longo do tempo geológico. Além disso, percebe-se que
a análise geomorfológica é feita a partir de uma vertente estática, baseada na descrição e outra
vertente dinâmica, baseada na interpretação.
Dessa forma, os rios com drenagem de alta ordem, seriam à primeira vista rios de características
deposicionais, enquanto os rios de baixa ordem, estariam mais próximos às nascentes, e logo
com mais energia, sendo assim rios de alta energia. Porém, vale ressaltar que tais modelos só
atendem condições ideais.
Outra aplicação da morfometria é o Índice de encaixamento dos Vales: consiste na razão entre
a profundidade do vale e o distanciamento entre os picos do vale:
ℎ
𝐼=
𝐿
Tal índice dá o encaixamento do vale, o que
consequentemente pode ser relacionado com a capacidade
de escavação do rio. Um índice de encaixamento maior
forma um vale em “V”, enquanto um de menor índice
forma vale em “U”.
Vale ressaltar que a morfometria apresenta aspectos que ajudam a conhecer o relevo bem como
facilitam trabalhar mais facilmente com um conjunto de informações, porém, uma série de erros
pontuais podem ser resultantes desses índices. Se um rio apresenta maior ordem de drenagem,
é esperado que o mesmo seja deposicional, logo, o índice de encaixamento de seus vales será
muito baixo. Porém, unicamente tratar de fatores numéricos desconsidera as questões como
resistência das rochas ao intemperismo, ou como em um exemplo já salientado aqui que são as
soleiras geomórficas, que podem atuar por meio de uma cachoeira por exemplo, retendo o fluxo
e posteriormente aumentando em muito sua energia.
As bacias oceânicas, também chamadas de planícies abissais, estão distribuídas entre o talude
continental e a dorsal. Seu grande agrupamento no relevo encontra-se no grupo 3.
Por fim, as fossas submarinas consistem no produto da convergência entre duas placas
oceânicas, que em função da grande densidade desses corpos, elas afundam sobre o manto até
que a força peso seja mais pronunciável sobre uma delas e ocorre o truncamento.
Acompanhando os limites das fossas é esperado a formação dos arcos de ilhas vulcânicas.
Mas por que não se pode dizer que o território brasileiro é um cráton, se o mesmo não
está sofrendo deformação?
Um cráton só é classificado como cráton para um evento de deformação já concluído,
ou seja, o cráton do São Francisco é dito como tal pois durante as colisões do brasiliano
ele não foi efetivamente dobrado, formando longas cadeias. Sendo assim, para que o
“Brasil” seja tratado como um cráton ainda são necessários milhões de anos para que a
deformação andina cesse. Vale ressaltar que ao fim do período de orogênese, o ciclo de
Wilson é invertido e inicia-se a separação, como a faixa móvel é a zona de maior
resistência (vide sua espessura crustal), quando ocorre a separação, a zona de
fragmentação é sobre um dos crátons.
Por fim, é bom trazer uma ressalva quanto à nomenclatura; o uso do termo “escudo
antigo” é de certa forma redundante, uma vez que os atuais escudos são resultado do
Evento Brasiliano, e assim, são naturalmente antigos. Quanto ao uso do termo escudo
cristalino, esse só deve ser feito ao se falar do Cráton, pois essa é a parte cristalina do
escudo.
As plataformas por sua vez são crátons ou conjuntos desses que possuem cobertura
sedimentar, mais especificamente as bacias sedimentares de sinéclise – em casos como
na Bacia do Paraná que é muito extensa, a ponto do embasamento quase não aflorar,
sabe-se que o mesmo existe, pois, as bacias não flutuam sobre o manto
Bacias Sedimentares: existem diversos tipos dessas e podem ser formadas sobre
diferentes condições, podem ser formadas como as apresentadas acima, logo acima do
cráton, ou até mesmo em zonas de topografia mais alta (como a vista no campo – Ponto
2 do primeiro dia).
As bacias são regiões que funcionam como o nível de base e por extensão preenchidas.
Geralmente são porções deprimidas e relativamente pouco deformadas.
Cadeias Dobradas: por fim tem-se essa porção que consiste nos terrenos de deformação
recente.
Nesse segundo momento é perceptível que a drenagem foi capaz de escavar a região de
fratura, que por sua vez consiste em um plano de fraqueza, formando assim um vale.
Outro tipo de relevo resultante dessas condições são as famílias de fraturas que geram
os vales em manjedoura, observe a imagem abaixo:
Na imagem tem-se
o resultado da evolução do
relevo a partir de três
direções principais de
famílias de fraturas, nas
quais a drenagem passa
escavando e dando a
morfologia característica
dos vales em manjedoura.
Outro fator característico está relacionado às cornijas; cornija é o nome dado a uma
escarpa sustentada por uma camada mais dura (resistente), e nos relevos de estrutura
concordante horizontal essas apresentam certa simetria, isso pois elas tendem a
conservar mais em função de suas resistências.
A representação acima é na verdade
um esquema da imagem real ao
lado, uma segunda curiosidade
presente nesse contexto é que o
relevo em primeiro plano, é
constituído por camadas horizontais,
enquanto àquelas mais ao fundo
claramente sofreram deformação.
Nesse sentido, se ambas regiões
encontram-se interligadas, é
possível fazer inferências quanto às
idades, sendo que a região em primeiro plano é mais jovem, uma vez que não foi
deformada.
A seta apresentada na cor vermelha indica uma drenagem anaclinal, atravessando todas as
camadas disponíveis. A seta verde faz alusão à drenagem cataclinal, que passa apenas pelo
litotipo mais superficial. Por fim a seta rosa indica uma drenagem ortoclinal.
Trazendo do esquema para uma condição mais próxima da topografia real, tem-se o esquema a
seguir:
Uma outra forma de correlação possível é pensar em qual tipo de relevo seria uma
condicionante melhor para drenagens do tipo anaclinal, e a resposta são os relevos em estrutura
discordante monoclinal do tipo hog back, isso pois a inclinação das camadas facilita que a
drenagem atravesse uma maior quantidade de camadas percorrendo um menor percurso.
Nesse mesmo contexto é possível pensar na condição das percées: esse termo designa vales
encaixados em “V”, característicos da ação de rios; assim, quanto maior a inclinação das
camadas, mais facilmente o rio atravessa o conjunto rochoso e menor é a necessidade de
escavação, assim, a inclinação das camadas é inversamente proporcional ao comprimento das
percées. Dando continuidade ao raciocínio, quanto maior a inclinação das camadas, maior o
grau de deformação e sendo assim, a simples leitura do tipo de drenagem pode dar indícios do
tipo de material de valor econômico associado – se a deformação é grande, desconsidera-se a
probabilidade de hidrocarbonetos e passa-se a pensar em recursos metálicos.
Gravimetria
Existe um conjunto de técnicas aplicadas à geologia que estão baseadas em um conceito simples
resultante das leis de Newton aplicada à gravitação universal:
Percebe-se pela equação acima que a força de atração entre os corpos será diretamente
proporcional à massa desses e inversamente proporcional ao quadrado da distância entre eles.
É utilizando esse princípio que a gravimetria e construída:
1. O modelo de Pratt:
2. O modelo de Airy:
A partir dessas observações pode-se questionar qual modelo irá descrever de forma mais fiel a
realidade da dinâmica terrestre, e a resposta é ambos, basta adequar cada um a seu respectivo
contexto apropriado: o modelo de Airy, por descrever um meio contínuo e homogêneo explica
bem a situação observada para os Himalayas, nos quais se observa uma predominância de crosta
continental, e assim, ocorre a compensação isostática, ou seja, o equilíbrio dos continentes
sobre o manto. Já o modelo de Pratt ao tratar de grandes variações de densidade colocadas lado
a lado explica bem os ambientes de subducção, onde se tem uma crosta oceânica afundando
próxima a uma crosta continental (sendo a segunda bem menos densa que a primeira).
A compensação isostática pode se dar de várias formas e por vários motivos, essa condição de
encontrar o equilíbrio muitas vezes gera deformações, sem que essas estejam relacionados a
limites de placas, ou a algum regime tectônico de convergência, divergência ou transcorrência.
Observe o exemplo:
Observa-se acima uma região fotografada de três diferentes ângulos, observando agora mais
especificamente o mapa de relevo:
O primeiro detalhe a
ser observado aqui são
as colorações: em
conjunto às imagens
acima percebe-se que é
destacado em azul o rio
meandrante, em verde
a vegetação nativa, e
em rosa a proveniente
da ação antrópica – isso
pode ser constatado
analisando-se as
repartições quase
lineares no terreno.
Características semelhantes são observadas na região destacada ao sul (em amarelo semelhante
a um pé de galinha); nesse caso as reentrâncias correspondem a pequenos canais.
Com tais informações é possível definir uma zona homóloga e pensar em um platô que ligava
ambas regiões, o qual foi escavado e gerou as feições observadas.
Observa-se destacado em vermelho
um conjunto de sedimentos marinhos
que irão compor os cordões costeiros;
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Essas famílias de fraturas, quando vistas em escala de mapa são chamadas de lineamento; por outro
lado, se são vistas em nível de afloramento, já são classificadas como uma lineação.
Tomando o esquema acima como a separação de dois continentes, salienta-se que essa não se
dá linearmente como é costumeiramente representado, e sim com uma certa curvatura em
função da Terra ser elíptica. Sendo assim, se a distensão se dá em uma direção, o meio contínuo
fratura perpendicularmente:
O conceito supracitado não deve ser confundido com o que é definido como erosividade:
enquanto a erodibilidade consiste em uma propriedade do paciente em ser erodido, a
erosividade por sua vez é característica do fluxo que atua sobre o material, ou seja, a capacidade
do agente em gerar a erosão.
Mesmo uma rocha pode ter erosividade, isso pois diferentes tipos de material carregados por
um fluxo podem gerar diferentes condições de erosão. Se um fluxo de água carrega sedimentos
cascalhosos de composição quartzito, ela terá maior erosividade do que caso carreasse
sedimentos de um esteatito (talco principalmente).
Tratando-se da ação de um agente que atua por escoamento superficial as principais
propriedades relacionadas serão o grau de coesão e o grau de permeabilidade. Ambos
conceitos encontram-se ligados, uma vez que quanto maior o grau de coesão, principalmente
para rochas sedimentares, menor a permeabilidade, logicamente que nesse quesito entram
outros fatores como a cimentação e afins, porém, de forma geral, quanto mais espaços vazios e
menor grau de ligação entre as partículas, maior é a capacidade de um fluido penetrar nessa
rocha. O conceito de permeabilidade encontra-se por sua vez ligado à capacidade de conexão
entre os poros da rocha – apenas apresentar porosidade não é garantia de que a água poderá
ser armazenada, a exemplo a pedra pomes.
Vale ressaltar que rochas ígneas como os granitos também possuem porosidade, estando assim
susceptíveis à absorção de fluidos, porém, tais rochas tem um grau de permeabilidade
extremamente baixo, aproximando-se de zero.
Nos corpos ígneos, uma vez que a percolação de fluidos é reduzida, eles não serão usualmente
alterados por esculturação superficial (erosão alveolar) e sim por formação de vales verticais:
Pensando por outro lado em um arenito, cuja porosidade é muito alta, é extremamente raro
que nele a água se propague nas fraturas, isso pois, para que a água se desloque para a fratura
é necessário que primeiramente todo o sistema esteja saturado. Um exemplo clássico disso é a
ausência de grandes bacias hidrográficas na região de existência do arenito Botucatu – toda a
água se desloca para o aquífero em subsuperfície.
Outras características estarão relacionadas a fatores como a
granulação/granulometria2: rochas de maior granulometria
têm área superficial maior, o que possibilita uma exposição
maior às intempéries, além disso, quanto maiores os grãos,
menos ligações são geradas em um contexto geral da rocha.
A exemplo, um aplito se altera de forma muito mais lenta que
um pegmatito.
Alguns outros fatores também devem ser pensados, como o grau de solubilidade e o grau de
heterogeneidade: o grau de solubilidade será definitivo, materiais muito solúveis,
principalmente em climas tropicais se alteram muito facilmente, porém, ser
homogêneo/heterogêneo pode ser favorável ou desfavorável ao processo erosivo, se é um
agregado monominerálico quartzozo, ele dificilmente será alterado, por outro lado, calcários
compostos basicamente por calcita podem ser alterados frente a uma mínima quantidade de
ácidos orgânicos.
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Não confundir conceitos de granulometria e granulação pois esses atendem a domínio diferentes:
enquanto o termo granulometria é utilizado para rochas sedimentares (cujas partículas já estiveram
isoladas), o termo granulação é utilizado para rochas metamórficas e ígneas.
O grau de solubilidade em rochas sedimentares está muitas vezes relacionado ao cimento, um
exemplo característico são os tipos de quartzito São Tomé (proveniente de São Tomé das Letras)
e o do grupo Itacolomy (de Ouro Preto), no quartzito São Tomé o cimento é mais fraco, além
disso, os planos de fraqueza são mais pronunciáveis, logo ele é mais susceptível ao desgaste por
solubilização.
Dessa forma, é possível olhar para o relevo terrestre e dizer que o mesmo é constituído pelas
seguintes litologias:
É importante salientar que esse tipo de estudo é baseado na definição de um tipo de relevo
conhecendo-se a litologia, ou seja, que tipo de relevo se espera para uma região constituída de
uma dada rocha. Porém, para o geólogo é muito mais conveniente fazer o exercício oposto, ou
seja, conhecido um dado relevo tentar prever qual a litologia existente. O exercício preditivo
dadas as proporções pode ser vantajoso, porém, não dispensa o trabalho pontual, e para os
grandes grupos litológicos citados acima serão bem diferenciados os relevos.
Quanto ao escoamento superficial é possível definir três grandes classes de rochas. Por
escoamento superficial entende-se o conjunto de águas meteóricas, fluviais, e afins que escoam
sobre os diversos litotipos alterando-os. Essas três grandes classes serão:
Inversão de Relevo
Se por um lado o que foi supracitado define bem as características dos grandes grupos litológicos
e seus respectivos relevos esperados, nem sempre a natureza se mostrará de forma tão
constante. Observe o exemplo abaixo:
Em um instante T1 tem-se um
gnaisse arqueano, já em T2, esse
mesmo gnaisse é intrudido por um
batólito, de mineralogia muito
semelhante, porém, de idade
proterozoica.
Uma vez que esse processo aparentemente se opõe à “ordem natural” dos processos, ou seja,
aqui que é esperado, tem-se uma inversão de relevo. Salienta-se que a inversão de relevo pode
ocorrer em diversos contextos, e nesse caso serão estudados uma série de processos de
inversões de relevo nos conteúdos que se seguem.
Relevo Dobrado
A compreensão do relevo dobrado é fundamental para que se reconheça as possíveis inversões
desse contexto, mas vale ressaltar que as dobras serão apresentadas aqui de forma a se ter
fundamentos, pois a compreensão delas se dará melhor na disciplina de geologia estrutural.
Grandes variações podem ser observadas nesses contextos de acordo com a heterogeneidade,
processos tectônicos atuantes em sua formação e quanto à ação da erosão. Apesar dessas
diferenças pode-se salientar o alinhamento das cristas e vales como algo relativamente comum.
Geralmente as dobras são representadas em seu formato cilíndrico:
Porém, são até mais comuns os casos em que o eixo da dobra apresenta caimento segundo um
ângulo:
As dobras podem oferecer bons indicadores sobre as condições em que se encontram, isso por
meio de uma série de características. A primeira dela advém da teoria dos fractais, a qual
aplicada nesse contexto se repetiria em escalas menores, onde se observam as dobras
parasíticas, e essas podem ser utilizadas, por exemplo, para reconhecimento dos flancos de uma
dobra maior, dando assim, indícios do processo erosivo.
Muitas vezes a existência de
um relevo tabular é atribuída à
presença de camadas plano-
paralelas, porém, na verdade essas
condições não são requisitos, uma
vez que a “horizontalidade” do
relevo pode ser resultado exclusivo
do processo erosiva, como o
indicado na imagem ao lado.
Na imagem ao lado é
possível perceber também a
esquematização das dobras
parasíticas, as quais auxiliam na
reconstrução do ambiente.
As disposições das dobras permitem ainda outras classificações mais específicas dessas
estruturas:
Morfologicamente:
Cronológicamente:
Quando um conjunto de dobras possui sua camada mais antiga ao centro, ela é classificada
como um Anticlinal, já quando essa camada central é a mais jovem, é dito que essa é uma
Sinclinal.
Vale ressaltar que uma camada pode ser classificada segundo ambas características ao mesmo
tempo, assim, as nomenclaturas podem ser:
Observa-se ao lado as
camadas com suas
respectivas idades (Tr –
Triássico; J – Jurássico; K –
Cretáceo), sendo
conhecidas as idades é
possível se descrever mais
que as formas.
A – Observa-se a
disposição semelhante à
letra “A”, e além disso, a
camada mais ao centro é a
mais velha. Assim ela é
classificada como um
Anticlinal.
B – A camada mais antiga está no centro, porém, a disposição é semelhante à letra “U”. Tem-se
um Sinforme Anticlinal.
D – Camada mais jovem no centro, e forma de letra “A”, logo, um Antiforma Sinclinal.
Outra forma de classificação é baseada na posição espacial do plano axial – plano que passa pela
linha de charneira e é simétrico a ambos flancos da dobra.
Dobras cujo plano axial está perpendicular ao plano horizontal são definidas como dobras
verticais, aquelas que possuem a inclinação do plano moderada, são as dobras moderadas, e
por fim, as de baixa inclinação são as dobras recumbentes. Porém, tal classificação ainda se
limita a descrever dobras que não possuem caimento, e no caso de apresentarem, o eixo vertical
do diagrama ao lado será utilizado. Por exemplo, uma dobra de mergulho 82° e caimento 35° é
dita uma dobra vertical de caimento moderado.
Conhecidas as principais características das estruturas que são as dobras, é possível relacionar
isso com os relevos dobrados:
Assim, é complicado falar que os Andes são um exemplo de relevo Jurássico: por ser uma
estrutura extremamente extensa, atravessando climas frios e áridos, úmidos e quentes, além da
variação de litologias, é totalmente plausível que existam regiões que pontualmente destoem e
não sejam bem preservadas.
O mais interessante do processo de formação das voçorocas é que essa água que mina carrega
material em suspensão e íons em solução, os quais são retirados da zona de charneira – superior
– da dobra. Assim, o que se observa é que a charneira perde mais massa, esse processo é
chamado de erosão remontante, isso pois ela se desenvolve no sentido contrário à gravidade -
um morro que apresenta uma voçoroca e tende a perder material em sua lateral, após um
tempo fica perde na verdade seu topo.
Em uma última instância o widening é tão grande que a charneira e surgem, ravinas afluentes
da cluse – isso devido ao trabalho acelerado pelo desnível. Como resultado é aberta a combe
apresentada em 3.
A evolução da combe por sua vez é o consumo total da crista da antiforme e assim o relevo passa
a ser dominado pelas calhas das sinformes – claramente um exemplo de Inversão de Relevo.
Imagem retirada pelo Google Earth da região dos Apalaches, observa-se uma série de dobras,
as quais são cortadas pelas drenagens – drenagens superimpostas – fazendo ângulos de
aproximadamente noventa graus.
Confirmar se uma drenagem superimposta é necessariamente uma drenagem que sofre captura
Os nomes dados remetem diretamente à disposição da drenagem, por exemplo: uma drenagem
que corre sobre uma calha de uma sinforme é classificado como um rio de vale sinclinal3. Da
mesma forma, uma drenagem que desenvolve a favor do mergulho das camadas será chamada
de vale cataclinal. E por fim, um vale que é formado em zona de charneira de um antiforme é
classificado como um vale anticlinal, e assim por diante.
Relevo Dômico
O esquema acima (esquema d.1) descreve a formação padrão do relevo dômico: inicialmente
tem-se uma sequência de camadas depositadas de forma sub-horizontal e em um momento
3
Aqui o autor aparentemente comete um pequeno deslize ao confundir conformação com o nome dado
a uma estrutura da qual se conhece as idades.
“T2” essas camadas são afetadas pela intrusão de um corpo ígneo, o qual atua curvando as
camadas e se colocando mais ao centro.
A morfologia do relevo dômico se assemelha de forma geral ao relevo dobrado, uma vez que
em ambos a curvatura das camadas acarreta em um relevo cujas porções estão sobre diferentes
potenciais.
No momento “T1” as camadas estão todas sobre uma condição relativamente semelhante e a
erosão atua de forma relativamente homogênea sobre a camada superior, por outro lado, no
momento “T2”, a variação coloca as laterais do relevo mais próximas ao nível de base enquanto
que o centro fica sobre maior potencial e consequentemente os processos erosivos tendem a
atuar de forma mais eficaz sobre tal região.
Da mesma forma que atuava mais veementemente sobre as cristas das dobras é possível dizer
que o intemperismo e erosão irão atuar de forma mais eficaz sobre o “topo” do domo. Assim,
gradualmente as supracrustais serão consumidas expondo o embasamento cristalino4. O
consumo desse embasamento comumente se dá de forma mais rápida, uma vez que esse é em
sua maioria gránítico, e sendo assim, possui uma série de minerais facilmente consumidos. Esse
processo de erosão tem como resultado a inversão do relevo dômico.
Uma implicação interessante dessa diferença morfológica dos relevos está na disposição das
drenagens: os relevos dobrados são caracterizados por duas direções preferenciais de
desenvolvimento da drenagem, as quais acompanham os flancos das dobras; nos relevos
dômicos por sua vez, as drenagens tendem a se desenvolver de forma radial, com fluxo em
direção à zona de menor potencial. Nos relevos dômicos, a depender da preservação do relevo
essas drenagens apresentam direções de fluxo diferentes, quando o relevo está preservado, as
laterais encontram-se sobre menor potencial, e as drenagens tendem a se desenvolver com o
fluxo irradiando para fora do domo. Porém, quando a inversão de relevo se mostra atuante, o
processo oposto ocorre, ou seja, o centro é consumido e ele passa a ficar sobre a condição de
menor potencial, e assim sendo as drenagens tendem a se desenvolver em direção ao centro do
domo.
Aplicações desse conceito são as concentrações de minério de ferro sobre os rios de Itabirito,
no qual a grande quantidade de minério relatado nos últimos dias está relacionada à vinda das
cabeceiras, uma vez que as cabeceiras encontram-se nas zonas das supracrustais do relevo
dômico.
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É importante salientar o termo cristalina, pois numa sequência de rochas como a apresentada, cada
camada funciona como embasamento da anterior.
Uma aplicação interessante das zonas de relevo dômico é que quando esse processo ainda estão
em desenvolvimento e o início do núcleo intrusivo é exposto, é comum a existência das
chamadas áreas de águas termais, que têm grande aplicação na área da geoconservação, a qual
ainda se encontra em desenvolvimento no Brasil5.
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No departamento de Geologia da Universidade Federal de Ouro Preto o conceito é defendido com
grande ênfase pelo professor Paulo de Tarso, que em associação com uma professora da UFMG (descobrir
quem) vêm tentando desenvolver áreas de geoconservação no estado de Minas Gerais.
Na imagem a seguir está representada a cidade de Caldas Novas, nela percebe-se claramente o
relevo dômico como um alto topográfico, tal interpretação pode ser advinda da disposição dos
sulcos que “caminham para fora do domo”.
Uma vez reconhecido que o domo é realmente a parte mais elevada, é possível concluir que não
houve a inversão de relevo no local, e sendo assim, é possível se perguntar qual a condicionante
levou à preservação do mesmo. E as opções mais óbvias são:
Num contexto mais próximo é possível pensar no relevo dômico para as cidades de Itabirito,
Belo Horizonte e Amarantino, os quais estão relacionados ao embasamento cristalino do cráton
do São Francisco. Algumas conclusões gerais, baseadas no conhecimento sobre a região podem
ser tomadas apenas pela análise de imagens aéreas:
IMAGEM D. 1 – GOOGLE EARTH - ITABIRITO
A imagem apresentada à
esquerda consiste em uma
amplificação da região que se
encontra logo abaixo do número
2, indicado na “imagem 2.d”. Na
região (destacado pela seta
vermelha) observa-se um
lineamento morfoestrutural, de
grande importância para a região.
Comparando com a
imagem ao lado é possível ver a
rodovia atravessando o local,
observa-se que ela segue
praticamente retilínea até que é
desviada. Essa observação da
engenharia civil está diretamente
ligada à litologia em coloração
mais clara logo à frente. Essa
litologia consiste no quartzito da
Formação Moeda, que por sua
grande resistência,
provavelmente deu-se
preferência por contorna-lo.
Observando com mais cuidado ainda é possível perceber a variação na continuidade dessa
camada de quartzito. Essa não continuidade é resultado de uma falha que deslocou os blocos.
Mas é possível observar domos que não passaram por inversão de relevo no quadrilátero?
Em algumas porções o embasamento apresenta características que tendem mais para rochas
máficas que félsicas. Nesses ambientes o processo de lixiviação das bases atua de forma a
concentrar o ferro disponível nessas rochas, e formar a canga, por exemplo, que são muito
resistentes. Isso acarreta que após um certo consumo da estrutura o centro tende a se conservar
– não exatamente a mesma estrutura inicial, porém, mais próxima dela do as regiões onde
ocorre a inversão de forma pura.
Apesar de tudo que foi apresentado sobre o relevo dômico até então e das várias comparações
e exemplificações sobre relevos dômicos dos complexos componentes do quadrilátero
ferrífero é importante salientar que eles não são formados pelo processo de intrusão
apresentado desde o início. O que ocorre aqui é na verdade um arranjo isostático: durante os
estágios pós-colisionais (anarogênicos) o colapso gravitacional do embasamento cristalino
gera nele uma condição de resistência plástica às deformações, e isso acarreta na formação
de domos por acomodação das supracrustais.