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E-Book Intubação de Sequência Rápida PDF
E-Book Intubação de Sequência Rápida PDF
© Todos os direitos autorais desta obra são reservados e protegidos à Editora Sanar Ltda. pela
Lei nº 9.610, de 19 de Fevereiro de 1998. É proibida a duplicação ou reprodução deste volume ou
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(eletrônico, gravação, fotocópia ou outros), essas proibições aplicam-se também à editoração da
obra, bem como às suas características gráficas, sem permissão expressa da Editora.
SUMÁRIO
Introdução 04
O que é? 05
Por que fazer? 05
Quando fazer? 05
Como fazer? 06
Tudo Pronto 08
Oxigena 08
Primeiro otimiza 10
Zero consciência, zero reflexos 13
Eixos alinhados 20
Rápida introdução 21
Avaliação pós-tubo 22
Conclusão 23
Referência 23
O autor 24
e Book | INTUBAÇÃO DE SEQUÊNCIA RÁPIDA SUMÁRIO 4
INTRODUÇÃO
Olá,
Tudo bom?
Saiba que se você já se sentiu inseguro para fazer uma Intubação ou tem
dúvidas sobre o procedimento, você não está sozinho.
Por isso, fizemos esse e-book em parceria com Dr. Eugênio Franco para
te ajudar na aprendizagem da Intubação de Sequência Rápida (ISR).
Para facilitar o entendimento, Dr. Eugênio apresenta um novo mnemônico/
abordagem para facilitar o entendimento. Vamos conferir?!
e Book | INTUBAÇÃO DE SEQUÊNCIA RÁPIDA SUMÁRIO 5
O QUE É?
QUANDO FAZER?
COMO FAZER?
1 – Preparação
2 – Pré-oxigenação
3 – Pré-intubação (otimização)
4 – Paralisia com indução
5 – Posicionamento
6 – Posicionamento com comprovação
7 – Pós-intubação
1. Tudo pronto
2. Oxigena
3. Primeiro otimiza
NUNCA ESQUEÇA: quando optamos pela ISR como método para abor-
dagem da via aérea, devemos considerar que o preparo para otimização
do cenário (e do paciente) leva algum tempo. Se há material disponível
e consegue-se realizar uma vedação e oxigenação adequadas, não há o
que temer. É importante manter a calma para não pular etapas e entregar
ao paciente o melhor cenário possível para garantir o sucesso da intubação.
Hipotensão
Pacientes que necessitam de intubação e apresentam-se hipotensos
devem ser submetidos à correção da hipotensão antes do procedimen-
to. Objetiva-se garantir uma pressão arterial sistólica de pelo menos
90mmHg. A abordagem a ser realizada para essa correção vai depender
da causa da hipotensão.
Deve-se considerar realizar expansão volêmica, uso de vasopressores e
até mesmo a utilização de componentes sanguíneos caso a origem da
hipotensão seja hipovolemia por causa hemorrágica.
Não podemos esquecer que, fisiologicamente, há hipotensão após o início
da ventilação mecânica. Logo, se realizamos a intubação com o paciente
apresentando uma pressão arterial limítrofe, é esperado que o paciente
apresente uma hipotensão prejudicial a seu prognóstico logo após o pro-
cedimento.
Hipóxia
A pré-oxigenação é uma etapa obrigatória da ISR. Porém, alguns pacien-
tes não apresentarão uma resposta adequada à oferta de oxigênio atra-
vés de bolsa-válvula-máscara (sem utilizar pressão positiva). Para esses
pacientes, pode-se realizar a pré-oxigenação com auxílio de BiPAP ou
CPAP (pressões positivas contínuas ou em dois níveis nas vias aéreas).
Deve-se observar que a pressão inspiratória utilizada não deve ultrapas-
sar 20mmHg para que o ar inspirado não vença a resistência da epiglote
e vá para o estômago, aumentando a chance de vômitos e consequente
broncoaspiração.
e Book | INTUBAÇÃO DE SEQUÊNCIA RÁPIDA SUMÁRIO 13
Esse passo “batiza” a ISR, visto que a sequência rápida consiste na admi-
nistração de um agente hipnótico potente em dose suficiente (e pré-cal-
culada) para induzir perda de consciência imediata seguida pela adminis-
tração praticamente simultânea de um agente bloqueador neuromuscular
de ação rápida para causar paralisia e permitir a intubação orotraqueal.
Aqui detalharemos as características das drogas mais utilizadas na ISR,
bem como suas doses e quando indicá-las.
CARDIOPOSITIVAS
• Cetamina
A cetamina é um derivado da fenciclidina que fornece analgesia, aneste-
sia e amnésia significativas com efeito mínimo no drive respiratório. Esti-
mula a liberação de catecolaminas além de aumentar a ação do sistema
nervoso simpático causando aumento da frequência cardíaca e pressão
arterial (caso haja reserva catecolaminérgica).
Ela age ainda causando relaxamento da musculatura lisa dos brônquios,
produzindo brocodilatação, o que a faz uma excelente escolha na intuba-
ção de pacientes com doenças reativas de vias aéreas.
É também considerada a droga de escolha para realização de ISR em
pacientes hipovolêmicos, hipotensos ou hemodinamicamente instáveis,
incluindo aqueles com sepse. Em pacientes normotensos ou hipertensos
com doença cardíaca isquêmica, a liberação de catecolaminas pode au-
mentar de maneira adversa a demanda de oxigênio do miocárdio, mas é
improvável que esse efeito seja prejudicial em pacientes com hipotensão
significativa nos quais a liberação adicional de catecolaminas pode sus-
tentar a PA.
Não há contraindicação ao uso da cetamina em pacientes vítimas de trau-
matismo craniano ou com aumento de PIC, visto que, apesar de causar
aumento da pressão intracraniana, a cetamina também age sobre a pres-
são arterial sistêmica, garantindo assim a manutenção da PPC.
Sua dose de indução é de 1,5mg/kg e seu tempo para início de ação varia
entre 40 e 60 segundos, com um efeito com duração de até 20 minutos.
Em pacientes com depleção de catecolaminas, doses maiores que 1,5 mg
por kg podem causar depressão miocárdica e exacerbar a hipotensão.
e Book | INTUBAÇÃO DE SEQUÊNCIA RÁPIDA SUMÁRIO 15
CARDIOESTÁVEIS
• Etomidato
O etomidato é um derivado imidazólico que é primariamente um agen-
te hipnótico e não possui ação analgésica. Apresenta muito pouca ação
sobre o sistema cardiovascular, sendo uma droga de excelente escolha
para indução de pacientes que podem ser prejudicados caso sejam sub-
metidos à variações importantes de pressão arterial. Atenua a pressão
intracraniana (PIC) sem prejudicar a pressão de perfusão cerebral (PPC).
Não libera histamina e é seguro para ser usado em pacientes com doença
reativa das vias aéreas.
A dose de indução padrão do etomidato é de 0,3mg/kg, considerando o
peso corporal magro. Apresenta tempo de início de ação variando de 15
a 45 segundos e uma duração de efeitos de até 12 minutos.
Muito se fala sobre a utilização do etomidato em pacientes com sepse. A
literatura encontra defensores e acusadores de seu uso. O fato é que ne-
nhum dos trabalhos usados para levantar suspeitas em relação ao etomi-
dato foi delineado ou tinha poder estatístico para observar seus efeitos,
e a literatura atual resulta em opiniões diametralmente opostas apoiando
ou refutando o uso de etomidato.
Muito poucos pacientes foram arrolados em ensaios clínicos controlados
e randomizados. Nenhum estudo prospectivo, grande e randomizado
que tenha tido poder estatístico adequado para detectar uma pequena
diferença na mortalidade ou na permanência hospitalar, em UTI ou em
ventilação mecânica, foi realizado até o momento. Está claro que algum
grau de insuficiência suprarrenal ocorre em muitos pacientes com doença
crítica, mas o papel do etomidato na mortalidade da sepse é sujeito de
muito debate.
Sugerimos, em caso de insegurança quanto ao uso do etomidato nesses
pacientes, considerar a utilização de outra droga indutora (no caso de
pacientes sépticos, se não houver contraindicação, preferencialmente a
cetamina).
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CARDIONEGATIVAS
• Propofol
O propofol é um derivado do alquilfenol com propriedades hipnóticas.
Não causa liberação de histamina mas possui ação vasodilatadora e de-
pressora miocárdica direta, levando à hipotensão. Não é uma boa escolha
para pacientes hemodinamicamente instáveis, visto que pode piorar seu
estado hemodinâmico e reduzir sua PPC.
Possui ação broncodilatadora e anticonvulsivante, fazendo dele uma boa
opção para pacientes com doença reativa de vias aéreas e pacientes in-
tubados por crises convulsivas.
Assim como a cetamina, sua dose de indução é de 1,5mg/kg. Seu tempo
para início de ação varia entre 15 e 45 segundos, com um efeito com du-
ração de até 10 minutos.
Sua infusão pode ser bastante dolorosa, efeito colateral que pode ser re-
duzido ou evitado realizando-se a aplicação de 2-3mL de lidocaína a 1%
antes da infusão do propofol ou mesmo juntamente com o propofol numa
proporção de 10:1 (10mL de propofol para 1mL de lidocaína a 1%).
• Midazolam
O midazolam, como representante da classe dos benzodiazepínicos age
causando depressão do SNC manifestada por amnésia, ansiólise, relaxa-
mento muscular, sedação, efeitos anticonvulsivantes e hipnose.
Apesar de ser amplamente utilizado, devido às suas características far-
macocinéticas, é considerado um agente indutor ruim, devendo ser a úl-
tima opção dentre as drogas aqui citadas. Apresenta dose de indução de
0,2 a 0,3mg/kg com tempo de início de ação entre 60 e 90 segundos e
efeito com duração de até 30min.
Assim como o propofol, age causando redução da resistência vascular pe-
riférica e depressão miocárdica direta, com repercussão importante sobre
a hemodinâmica do paciente. Portanto, caso opte por usá-lo, deve-se ter ex-
trema cautela no ajuste da dose em pacientes instáveis. Recomendamos for-
temente a escolha de outras medicações para indução na ISR na emergência.
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• Succinilcolina
Atualmente, a succinilcolina (ou suxametônio) é o ABNM mais utilizado
na ISR na emergência. Ela é um BNM despolarizante, efeito evidenciado
pela presença de fasciculações, rapidamente seguidas de paralisia com-
pleta.
Tem como contraindicação absoluta a presença de história pessoal ou
familiar de hipertermia maligna e presença de miopatias hereditárias.
Como efeitos colaterais que devem ser considerados na escolha do
ABNM, temos o aumento da PIC causado pela succinilcolina, aumento
dos níveis séricos de potássio (especialmente em pacientes vítimas de
queimaduras, desnervações, lesões por esmagamento e pacientes aca-
mados, todas essas situações com um tempo de segurança de até 72
horas. Após esse período, pode ser prudente escolher um ABNM não
despolarizante).
Recomendamos não utilizar a succinilcolina na presença de hipercale-
mia com alterações eletrocardiográficas (aumento do intervalo PR ou
prolongamento do complexo QRS). Apesar de poder haver um aumen-
to (geralmente discreto) dos níveis de potássio, não foram observados
efeitos adversos relacionados à administração da succinilcolina mesmo
em pacientes que já apresentavam hipercalemia (sem alterações eletro-
cardiográficas decorrentes do aumento dos níveis de potássio).
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• Rocurônio
O rocurônio faz parte da classe ABNM não despolarizantes ou compe-
titivos, que competem e bloqueiam a ação da acetilcolina e não causam
fasciculação. Dentre os representantes da classe, é ele que apresenta os
menores tempos de início de ação e duração de efeito.
Uma característica do rocurônio é a possibilidade de reversão do seu
efeito com uso de inibidores da acetilcolinesterase, procedimento prati-
camente nunca indicado após o manejo de emergência da via aérea.
A dose de 1,0 a 1,2mg/kg de rocurônio é suficiente para produzir pa-
ralisia adequada para realização da intubação dentro de 60 segundos
(tempo de início de ação). Seu tempo de ação é de até 60 minutos.
O uso do rocurônio apresenta vantagens e desvantagens quando com-
parado ao uso da succinilcolina. É uma droga com custo mais elevado
e necessita de refrigeração para ser armazenado. Por outro lado, não
apresenta as contraindicações que a succinilcolina apresenta.
Em relação à capacidade de bloqueio e condições adequadas para intu-
bação, quando administrados em doses equivalentes, ambos apresen-
tam igual eficácia.
Caso a succinilcolina esteja contraindicada e o rocurônio não esteja dis-
ponível, pode-se utilizar o vecurônio, com uma dose de preparação de
0,01mg/kg e, em seguida, uma dose de 0,15mg/kg para a intubação.
Ressalta-se que, apesar de o vecurônio poder ser utilizado, não deve
ser a primeira escolha, tendo em vista que os seus tempos de início de
e Book | INTUBAÇÃO DE SEQUÊNCIA RÁPIDA SUMÁRIO 19
*Peso ideal - homens: altura (cm) - 100; mulheres: altura (cm) - 105. Peso magro: peso ideal +
30% do excesso de peso (peso total - peso ideal
**Considerando diluição de um frasco (100mg em pó) em 10mL de água destilada
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5. Eixos alinhados
6. Rápida introdução
7. Avaliação pós-tubo
As medidas descritas até agora têm um único objetivo: realizar uma intu-
bação com sucesso. Como vimos antes, o sucesso da intubação está em
manter a estabilidade do paciente durante todo o processo, inclusive o
pós-intubação. É disso que se trata esse passo.
Conhecendo as possíveis complicações que comumente podem surgir
após a intubação podemos antecipar-nos a elas evitando que o paciente
piore.
A primeira medida após a passagem de tubo endotraqueal e insuflação
do cuff é confirmar que o paciente está devidamente intubado. Para isso,
deve-se lançar mão da capnografia de onda.
Porém, devemos, além de monitorizar o paciente através da capnografia
(mantendo as monitorizações adicionais que o paciente já estava utili-
zando), utilizar outras técnicas como ausculta e radiografia de tórax (al-
guns estudos mostram que até 60% das intubações seletivas não são
detectadas através do exame físico isolado).
Após confirmação inicial de que o tubo endotraqueal está posicionado,
devemos fixá-lo para evitar deslocamento/extubação acidental.
Conecta-se o paciente à ventilação mecânica, ajusta-se os parâmetros
do ventilador, solicita-se vaga de uti, exames e pareceres necessários.
Caso haja hipotensão importante, considerar causas como pneumotórax,
diminuição do retorno venoso (causada pela pressão positiva durante a
inspiração proporcionada pela ventilação mecânica, naturalmente antifi-
siológica), reação às medicações utilizadas durante a indução e até mes-
mo disfunção cardiogênica.
e Book | INTUBAÇÃO DE SEQUÊNCIA RÁPIDA SUMÁRIO 23
CONCLUSÃO
REFERÊNCIA
BROWN III, CALVIN A.; SAKLES, JOHN C.; MICK NATHAN W. Manual
de Walls para o manejo da via aérea na emergência. 5. ed. Porto Alegre:
Artmed, 2019
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O AUTOR