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Manual de

Zincagem
por imersão a quente
Índice
Cap. I Histórico 05

Cap. II Considerações Gerais 08

Cap. III O processo de Zincagem 09

Cap. VI Tempo de Vida do Revestimento 11

Cap. V Fatores de Influência na Formação do Revestimento 11

Cap. VI Qualidade dos Produtos Zincados 13

Cap. VII Projetos de Peças 19

Manual de Zincagem por Imersão a Quente 3


I - Histórico
l 20% da produção de ferro e aço são consumidos pela
corrosão, conforme pesquisas. Por este motivo, na
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Quente.

l Em1742 foi demonstrado pelo químico Melouin que


era possível aplicar uma camada de zinco ao ferro em
banho de zinco fundido.

l Em1824 já se recomendava a proteção para cascos de


navios. O processo foi patenteado por volta de 1830 na
França e Inglaterra e em 1850 na Alemanha e nos Es-
tados Unidos.

4 Manual de Zincagem por Imersão a Quente Manual de Zincagem por Imersão a Quente 5
Estruturas para Refrigeração
sinalização

Túneis Estruturas
Metálicas

Mineração

Defensas
Rodoviárias Escoramentos e
Andaimes para
construção

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II - Considerações III - O processo
gerais de zincagem
l O principal objetivo da zincagem é impedir a corrosão do fer-
ro/aço. O zinco, por ter um poder de oxidação maior do que o
do ferro, passa a ser corroído com a finalidade de proteger o Preparação da superfície:
metal base. A Fig. II.1 mostra a Série Galvânica de alguns me-
tais, com seus respectivos potenciais de oxidação. 1 – DESENGRAXE: banho preparado prin-
cipalmente da composição de Hidróxido de
Série Galvânica dos Metais Sódio (Soda Cáustica) e tensoativos. Tem
Metal Potencial como objetivo a remoção de óleos e graxas.
de eletrodo (Foto III 1)
magnésio - 2,340
alumínio - 1,670 2 – DECAPAGEM: após o desengraxe e la-
zinco - 0,762 vagem em água para remoção do desengra-
cromo - 0,710 xante, as peças são decapadas geralmente
menos nobres ferro - 0,440 anódicos em Ácido Clorídrico (Ácido Muriático), cujo Foto III 1
objetivo é a remoção de camadas de oxidação,
cádmio - 0,402
cascas e carepas de óxido presentes no metal
níquel - 0,250
base. (Foto III 2)
estanho - 0,136
chumbo - 0,126
Nota: O jateamento abrasivo também é
mais nobres cobre + 0,345 catódicos muito utilizado para se eliminar salpícos de
prata + 0,800 solda, ferrugem, ou tinta. Além disso, acaba
ouro + 1,680 favorecendo através de uma superfície áspera,
Fig. II 1 uma melhor ancoragem (aderência) do zinco.

l São diversas as aplicações atualmente utilizadas, como por 3 – FLUXAGEM: após a lavagem em água
exemplo nos segmentos: elétrico, estruturas metálicas, refri- para remoção de eventuais resíduos de ácido,
Foto III 2
geração, tubulações, irrigação, mineração, etc. como também de sais de metal formados du-
rante a decapagem, é realizada a fluxagem,
l Alguns fatores devem ser levados em conta para decisão de se composta geralmente por Cloreto de Amônio
galvanizar, como: e Cloreto de Zinco, cujo objetivo é melhorar a
uniformidade da camada de zinco ao longo da
a) Custo de aplicação do revestimento; peça a ser zincada. (Foto III 3)
b) Vida útil antes da primeira manutenção;
c ) Custo da manutenção do revestimento;
d ) Custo de paralisação para manutenção.

Foto III 3

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4 - Zincagem: Quando a peça é imersa
na cuba de zincagem (Foto III 5), o ferro/aço IV - Tempo de vida
são imediatamente molhados pelo zinco. Ao
se retirar as peças do banho, uma quantidade revestimento
de Zinco
de zinco fundido é arrastada sobre as cama-
das de liga e, ao se solidificar, transforma-se
na camada externa de zinco praticamente
puro. (Fig III 1)
- Experimentalmente pode-se cons-
tatar que o tempo de vida do revesti-
5 - Passivação: Com o objetivo de pro-
mento depende da espessura de ca-
teger o ínicio da oxidação branca na camada
Foto III 5 mada aplicada (massa), variando sob
de zinco, utiliza –se soluções cromatizantes
a influência do ambiente de trabalho.
a base de Ácido Crômico e Bicromatos. Para
(fig. IV 1)
superfícies que serão tratadas com pintura
após a zincagem, não se recomenda a utili-
- Ao lado ilustramos a durabilidade
zação deste processo. (Foto III 6)
do tratamento em função da espessura
da camada mínima em mícrons e o meio
ambiente:

Foto III 6
Fig. IV 1

A Fig. III 1
ilustra as
camadas
formadas na
V - Fatores de influência na
região Fe/Zn
durante o
formação do revestimento
processo de 1 – Metal Base: elementos como Carbono, Fós- - Eta: camada final que apresenta praticamen-
zincagem foro, Enxofre, Silício e Manganês, ativam a reação, te zinco puro.
sendo que o Silício é o mais reativo atuando na
camada Zeta com maior intensidade, formando 2 – Superfície: camadas mais espessas são
um aspecto acinzentado escuro. obtidas com a rugosidade da superfície do metal
1.1 Observando –se a micrografia do revestimen- base (beneficiando a ancoragem mecânica).
to, nota-se a formação de várias camadas, sendo:
- Gama: próxima ao aço, constituída de 21 a 28% 3 – Temperatura: a temperatura de fusão do
de Ferro; Zinco é de 419,5 °C, sendo que durante o proces-
- Delta: constituída de 7 a 12 % de Ferro; so de zincagem a temperatura deve ficar entre
Fig. III 1
- Zeta: constituída de 5,8 a 6,2 % de Ferro; 445 e 455 °C.
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- Quanto mais alta a temperatura, mais rápida das de calor e ainda um acabamento diferen-
é a reação Zn – Fe, sendo desaconselhável tem- ciado na peça em relação à aparência. O Níquel
peraturas acima de 470 °C.
3.1 – A temperatura de zincagem pode va-
por sua vez foi descoberto mais recentemente
e só então foi constatado que em adições perto VI - Qualidade dos
riar de 445 °C a 455 °C ; a velocidade de reação
é muito rápida no ínicio, formando-se a maior
dos 0,05% do total da massa do banho, ele se
mostra determinante na formação da camada produtos zincados
parte da camada. Em seguida a reação passa de zinco; porém como o níquel age inibindo e
a ser mais lenta e a espessura não aumenta retardando o efeito catalisador que o silício,
1 – ESPESSURA DO REVESTIMENTO: determinada por medidores
muito, mesmo permanecendo imersa por lon- presente no metal base, causa na formação da
magnéticos, metalografia ou determinação de massa por unidade
go tempo. liga Fe-Zn durante o processo, o níquel só terá
de área.
relevante importância na formação da camada
4 – Tempo: como a temperatura, o tempo de em aços de maior teor de silício, que são os cha-
imersão é um dos fatores que influenciam na mados aços reativos.
formação da camada de zinco na peça. Quanto 5.1 – No processo de zincagem por imersão a
maior o tempo de imersão, maior será a cama- quente dois resíduos aparecem e podem conta-
da. Além disso, existe o tempo inerente à imer- minar o banho:
são, que consiste na velocidade do equipamen- - Borra: massa pastosa constituída de Fe-Zn
to que desce e sobe os materiais no banho de (5,0 % + 95,0 %)
zinco. Geralmente esta velocidade varia de 6 a - Cinza ou Escória: formada basicamente por
8 metros por minuto na imersão e 0,8 metros óxido de zinco na superfície do banho.
na remoção. Foto VI 1
6 – A espessura do revestimento varia de
2 – APARÊNCIAS DO REVESTIMENTO:
5 – Composição do Banho: os principais ele- acordo com vários fatores, ou seja:
2.1 – Revestimento Cinza Fosco: ocorre principalmente em aços com teor
mentos adicionados ao banho de zinco, e que - Aço: composição química e a espessura do
relativamente alto de Silício ou Fósforo. Apresentam vida útil muito
na prática se mostram verdadeiramente rele- metal;
maior, e geralmente menor resistência mecânica. (foto VI 1)
vantes na formação da camada são: o Alumínio - Composição do banho de zinco: Zn, Al, Pb, Ni,
e o Níquel. O Alumínio já utilizado a mais tem- etc;
po, se mostra eficiente na redução da aplicação - Temperatura: em torno de 450 ° C;
da camada quando adicionado em quantidade - Tempo de imersão: características específicas
acerca de 0,005% do total da massa do banho da peça.
de zinco. As grandes vantagens proporcionadas 6.1 As várias tonalidades de cor cinza, brilho
pela adição do alumínio são: a redução na velo- ou ausência do brilho não tem qualquer efeito
cidade de oxidação do banho, a redução de per- sobre a eficácia do revestimento.

Foto VI 2

2.1.1 – Silício: Vemos nesta foto VI 2 mais um exemplo onde o metal


base é rico na concentração de silício, ocasionando assim as manchas
centrais que observamos nas peças.

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Foto VI 3 Foto VI 5
2.1.2 –Concentração de Metais: Na foto VI 3 podemos observar que em 2.1.4 –Fósforo e Manganês: Vemos na foto VI 5 uma superfície toda
uma mesma peça pode haver ocorrência de elevadas concentrações “enrugada” e com aparência de péssimo escorrimento. Após a realiza-
de diferentes tipos de metais. Por exemplo, do lado esquerdo podemos ção da análise do material que constitui o metal base, foi constatada a
constatar mais uma vez a presença do silício enquanto que do lado presença de elevada concentração de carbono, fósforo e maganês.
direito aparece elevada concentração de carbono.

Foto VI 6
2.2 – Manchas de Ferrugem: essas manchas, originárias pelo con-
tato de peças zincadas com peças oxidadas não são prejudiciais à
Foto VI 4 resistência à corrosão do revestimento. Podem ser causadas tam-
bém pelo gotejamento de ácido decapante retido nas dobras ou
2.1.3 –Concentração de Carbono: A foto VI 4 mostra mais detalhada-
nas juntas das peças (choro), prejudicando o revestimento e exi-
mente o aspecto da peça da foto anterior do lado em que existe uma
gindo mudanças de projeto. (foto VI 6)
maior concentração de carbono.

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Foto VI 7
Foto VI 9
2.3 – Aspereza: é decorrente do excesso de decapagem, imersão
por tempo prolongado ou temperatura alta. Pode ser inaceitável 2.5 – Grumos: mais conhecido como areião, os grumos são impurezas
em aplicações específicas em que afete a estética ou o desem- do banho de zinco fixadas na superfície da peça no momento da sua
penho do produto. (foto VI 7) retirada do banho (borra, carvão, óxidos, chumbo). A quantidade ex-
cessiva de grumos é normalmente motivo de rejeição, pois tendem
a fragilizar o revestimento. (foto VI 9)

Foto VI 8
Foto VI 10
2.4 – Escorrimentos: dependem da geometria das peças e por conse-
qüência algumas variáveis do processo devem ser levadas em conta, 2.6 – Corrosão Branca: depósitos brancos formados na superfície das
como temperatura, velocidade, resfriamento e permanência da peça peças devido ao armazenamento inadequado ou transporte sob
no banho. (foto VI 8) umidade ou má ventilação. A corrosão branca não compromete o re-
vestimento original de zinco. (foto VI 10)

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VII - Projetos de peças
1 – Metal Base: aço baixo carbono, baixa liga Quando tratar-se da união de duas peças
e ferro fundido podem ser zincados por imer- por solda é aconselhável que: os cordões de
são a quente, revelando diferenças no aspecto solda sejam contínuos e a superfície selada
visual. A limpeza por jateamento abrasivo pode não ultrapasse 300 mm2 da área para cada mi-
ser utilizado em combinação, pois tende a me- límetro de espessura do material base. As su-
lhorar a aparência de uma peça soldada além perfícies sobrepostas exigem solda contínua
Foto VI 11 de sua aderência. e um orifício para aliviar a pressão a fim de
2.7 – Pontos Nus: pequenas falhas de até 8mm2 são protegidas ca- evitar riscos de explosão.
todicamente e não tem efeito significativo na vida do revesti- 2 – Forma: desde que tenham sido proje-
mento. Os pontos nus também podem ser originários de defeitos tadas adequadamente, peças de quaisquer 5 – Deformações: Normalmente, uma peça
de laminação do aço. Pequenas áreas danificadas durante o trans- tamanhos e formas poderão ser zincadas em zincada não está livre de empenamentos ou on-
porte, manuseio e montagem podem ser reparadas por metalização uma ou várias etapas. dulações. Quando mergulhada num banho de
e/ou no campo com tinta rica em zinco. (foto VI 11) zinco a 450°C, sofre alívio de tensões internas, re-
3 – Escoamento do Zinco e liberação dos sultantes de solda ou deformações plásticas.
gases: é vital que a peça ou conjunto seja pro- Providências devem ser adotadas para mi-
jetada e construída prevendo-se furações que nimizar essas deformações como por exemplo:
permitam o total enchimento de zinco em sua controle de procedimento de soldagem, diferen-
parte interna e a fácil expulsão dos gases evi- ças de espessuras e prover de alças e orifícios,
tando assim risco de explosões. para zincar numa única imersão.

4 – Soldas: os banhos de decapagem não 6 – Partes Móveis: quando tratar-se de par-


removem cascas ou escórias de solda que re- tes móveis num mesmo conjunto, uma folga de
sultam em falhas. Portanto deve-se usar sol- 1 a 3 mm é suficiente para manter a sua movi-
das que não produzam este tipo de escórias ou mentação após a zincagem.
Foto VI 12 carepas (tipo MIG, TIG).

2.8 – Bolhas: Causadas pelo hidrogênio absorvido na decapagem e li-


beradas no banho de zinco. A resistência à corrosão não será preju-
dicada desde que as bolhas representem pequenas falhas na unifor-
midade do revestimento. (foto VI 12)
Bibliografia
l Para confecção deste Manual foram consulta-
das as Normas:
NBR 6323/90;
NBR 7414/82;
ASTM A 123 – 00.

18 Manual de Zincagem por Imersão a Quente Manual de Zincagem por Imersão a Quente 19
Elaborado pelo Departamento da Garantia da Qualidade de Lumegal Indústria e Comércio – Tiragem de 5.000 exemplares – outubro/2007 – Design www.viapapel.com.br

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