Você está na página 1de 29

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ

INSTITUTO DE TECNOLOGIA
FACULDADE DE ENGENHARIA MECÂNICA

EXTRAÇÃO DO NÍQUEL
TECNOLOGIA METALÚRGICA
Prof. Jorge Teófilo de Barros Lopes
Equipe:
Arlen da Cunha Costa
Ítalo de Araújo Gonçalves
Luiz Carlos Monteiro Pereira
Paulo Henrique Pereira Farias
Ruan Mateus Guimarães Dias
Belém-PA
2019
 Introdução – Breve Histórico

 Séc. IV A.C, junto com o cobre e o bronze;


 Manuscritos chineses, relatam a hipótese desse metal no Oriente, haver surgido nos anos de 1400
1700
 Sua semelhança com a prata, trouxe dúvidas ao seu exato momento de descoberta, pois não se tinha
na época, recursos tecnológicos para a avaliação do produto;
 Axel Frederick Cronstedt tentando extrair o cobre da Niquelina, obteve um metal branco que
chamou de Níquel (1751);
 Após a sua descoberta, houve um melhoramento da composição do metal, pois notava-se nesse
metal grande resistência mecânica a corrosão e oxidação, culminando com o surgimento da primeira
moeda de níquel em 1881.
 Introdução

 Níquel (Ni): metal de cor branco-prateado, dúctil, maleável, com massa específica de 8500 kg/m3,
com grande resistência mecânica à oxidação e à corrosão.
 O metal é muito usado sob a forma pura, para fazer a proteção de peças metálicas, pois oferece
grande resistência à oxidação.
 Utilizado em vários segmentos da indústria, o níquel também é usado na forma de liga com outros
metais, como a de ferro e aço, cobre e cromo, galvanoplastia e na produção de baterias.
 Os principais minerais de níquel são na forma de sulfetos, sendo a pentlandita - (Fe,Ni)11S10 - o

principal sulfeto de níquel (IMBELLONI, 2013).


 Introdução

 A ASTM especifica os diferentes tipos de níquel, como o Níquel “A” (99,4 + Co), Níquel “D” (99 Ni -
4,5 Mn), “Duranickel” (94 Ni - 4,5 Al), “Cast Nickel” (97 Ni - 1,5 Si) e o metal Monel, que corresponde
a uma liga contendo 60 a 70% de níquel, 29% de cobre e traços de ferro, silício, enxofre, carbono e

manganês (CHIAVERINI, 1986);


 O Monel (liga de níquel e cobre): apresenta grande resistência à corrosão, especialmente em água
salgada, sendo por isso bastante utilizada na indústria naval e petrolífera;
 Superligas de níquel: elevada resistência mecânica, boa resistência à fadiga e à fluência, boa
resistência à corrosão e capacidade de operar continuamente em elevadas temperaturas (TEIXEIRA,
2015).
 Produção no Brasil

 Brasil: décimo produtor de níquel (contido no minério) com 67.116 ton em 2008;
 Principais Estados produtores: Goiás (83,5%) e Minas Gerais (16,5%);
 O Estado do Pará conta com projetos de grande viabilidade econômica para
produção de níquel laterítico como o Vermelho (Canaã dos Carajás) e Onça Puma da
Cia.
 Produção no Brasil
Figura 1 – Produção de níquel no Brasil de 1997 a 2008.

Fonte: Silva (2009).


 Principais Minerais de Ni

 Sulfetados (primários) ou lateríticos (oxidados);


 Os principais minérios de níquel: Pentlandita - (Fe,Ni)9S8, Limonita - (Fe,Ni)O(OH) – e a Garnierita -
(Ni, Mg)SiO3.H2O;
 Pirrotita (NiS.FeS), Cobaltita (CoNiCoAsS), Niquelina (NiS), Violarita [(Ni,Fe)3S4], Bravoita [(Ni,Fe)S2] e
Heazelwoodita (Ni3S2);
 No Brasil, apesar da instalação de beneficiamento e produção de Fortaleza de Minas (MG) produzir
níquel de minério sulfetado, a maior parte da produção atual, e a quase totalidade dos projetos em
implantação no Brasil, são desenvolvidos sobre minério lateríticos (SILVA, 2009).
 Principais Minerais de Ni
 Principais Minerais de Ni

 Sulfetados (55% da produção de Ni)  Oxidados (Lateríticos–70% das reservas):


– Minas subterrâneas: maior custo de extração – Normalmente encontrado em regiões
– Menor custo energético (15% do custo total) tropicais
– Normalmente associado a Cu – Minas abertas
– Menor teor de Ni (<1%) – Maior teor de Ni (>1%)
– Maior custo energético (45% do custo total)
 Processos de Beneficiamento

 Principais etapas do processo de beneficiamento: britagem primária, moagem semi-autógena,


britagem secundária e terciária - em paralelo à moagem semi-autógena -, flotação em células
unitárias instaladas no circuito de moagem e moagem em moinho de bolas (CARVALHO ET AL.,
2002).
 Processo hidrometalúrgico (Caron de Lixiviação Amoniacal):
 Britagem através de britador de rolo duplo;
 Britagem e secagem com britador de martelos;
 Processo de moagem: moinho de bolas, em circuito fechado com ciclones;
 O minério moído e seco segue para os fornos de redução (etapas de extração e refino).
 Processos de Beneficiamento
Figura 2 – Moinho de bolas. Figura 3 – Britadores utilizados na britagem secundária.

Fonte: Carvalho et al. (2002). Fonte: Carvalho et al. (2002).


 Processos de Beneficiamento

 Mineração da Serra da Fortaleza:


 Processo de lavra é convencional: desmonte e carregamento, utilizando explosivos granulados (60%) e
emulsão (40%), para preencher os furos de 3” de diâmetro abertos por perfuratrizes pneumáticas;
 Na britagem é obtido a granulometria de 150 mm e uma grelha de 500 x 1000mm separa os matacões,
desmontados com martelo hidráulico;
 Da pilha de estocagem o minério é retomado (70 t/h) para abastecimento do moinho semi-autógeno;
 Uma peneira vibratória horizontal separa a fração fina, que se junta à descarga do moinho de bolas e vai
alimentar a ciclonagem, formada por quatro equipamentos de 15”;
 Nas etapas de concentração e fundição do níquel, são utilizados os fornos flash e elétrico, tendo como
matéria-prima o minério concentrado via flotação a 7,1% (SILVA, 2001).
 Processos de Beneficiamento
Figura 4 – Moinho semi-autógeno (SAG).

Fonte: Carvalho et al. (2002).


 Processos de Pré-extração e Extração

Laterítico:
 Processamento do Minério

 Processo Garni (FerroNickel Smelting – Pirometalúrgico)


 Minérios de saprolita: mais indicados por conterem menos cobalto e ferro; a relação Ni/Co é
aproximadamente 40%;
 O minério é refinado para produzir ferro-níquel ou matte / Secagem;
 Calcinação (retirada da água de hidratação) em um forno rotativo; pode ter redução;
 Fusão/Redução: o redutor (coque ou carvão) é adicionado e a mistura é carregada num forno
elétrico. Se o matte é um produto desejável: enxofre é adicionado;
 O metal/matte produzido é então processado/refinado para se obter o produto final. A recuperação
de níquel é por volta de 90-95% enquanto que a do cobalto por volta de 50%.
 Processamento do Minério

 Processo Caron (Lixiviação Amoniacal)


 Desenvolvido em 1920: primeira implantação industrial em Nicaro (Cuba);
 Aplicado geralmente para minerais limoníticose mistura de minerais limoníticose saprolíticos;
 Etapas operacionais:
– Secagem do mineral e moagem;
– Calcinação/Redução;
– Lixiviação amoniacal;
– Recuperação do metal da solução;
 Secagem em forno rotativo.
 Processamento do Minério

 Processo Caron (Lixiviação Amoniacal)


 Moagem para aproximadamente 74µm (200 mesh);
 Calcinação: atmosfera contendo CO e H2, reduzindo seletivamente o níquel para níquel metálico (além
de cobalto e uma pequena quantidade de ferro);
 T<750°C com uma taxa de aquecimento de 5°C/min;
 Material é descarregado em tanques de agitação contendo uma solução lixiviante
(amoníaco/carbonato de amônio): a baixa temperatura e à pressão atmosférica;
 Licor lixiviado enriquecido é separado da lama através de decantação;
 Recuperação dos metais do licor: extração por solventes ou eletro redução.
 Processamento do Minério

 Processo Caron (Lixiviação Amoniacal)


 Vantagens:
– Teoricamente não há consumo dos reagentes de lixiviação, amônia e dióxido de carbono. Eles são
reciclados e apenas as perdas do processo precisam ser repostas;
– As reações de lixiviação são seletivas para o níquel e cobalto. O ferro, maior componente do minério
permanece no resíduo lixiviado;
– Problemas de corrosão em sistemas amoníacos são mínimos e materiais de construção comuns podem
ser usados;
– Maior tolerância de Mg do que o HPAL.
 Processamento do Minério

 Processo Caron (Lixiviação Amoniacal)


Desvantagens:
– Grande gasto de energia nas etapas de secagem e redução;
– Recuperação dos metais relativamente baixa: 75-80% Nie 40-50% Co.
 Processamento do Minério

 Processo PAL (Pressure Acid Leach)


 Geralmente utiliza minério limonítico, contendo um pouco de saprolita:
– Possui pouco Mg –limitado a <4% (Quanto maior a quantidade maior o consumo de ácido);
– Possui baixa quantidade de Al (Argilas consomem muito ácido, logo a quantidade de Al deve ser baixa);
 Vantagens:
– Tratam grande parte das composições das lateritas; Utilizam menos energia que os outros processos, já
que não há etapas de secagem, calcinação e fusão;
– Alta recuperação do níquel e cobalto (aproximadamente 90%).
 Processamento do Minério

 Processo PAL (Pressure Acid Leach)


 Minério britado e molhado;
 Lixiviação sob alta pressão: entre 245°C até 270°C e com adição de ácido sulfúrico;
 Separação do sólido/líquido: decantadores (espessadores);
 Licor clarificado: extração por solvente para a recuperação do cobalto e do níquel.
 Características dos Processos

Figura 5 – Características de cada processo de


beneficiamento .
Fonte: Beneduce (2019)
 Produtos Finais
 Gusa ao níquel – Contém apenas 3-5% Nie concentrações mais altas de enxofre e fósforo do que o
ferroniquel. Produzido de minérios lateríticode baixa concentração em alto-forno;

 Ligas de níquel: são utilizadas em indústrias química, aeroespacial, trocadores de calor e


componentes de misseis; têm alta resistência a corrosão, ductilidade, condutividade térmica e
resistência a altas temperaturas. Essa classificação inclui liga Monel (70%Ni), Grupo Inconel (60-76%
Ni), liga Ni-Cr (77%Ni) e as superligas (50-80%Ni).
 Processos de Refino
 O que é?

 É o processo de purificação de uma substância.

Figura 6 – Refinaria de Matsusaka, Japão.


Fonte: Vale (2019).
 Processos de Refino - Eletrólise
Figura 7 - Banho eletrolítico de níquel. Figura 8 - Sistema de eletrólise.
 Conclusão
 Nos países industrializados o níquel tem aproximadamente 70% de utilização na siderurgia, sendo os restantes 30% divididos
em ligas não-ferrosas, galvanoplastia etc. Tal utilização se dá seguindo uma categorização de classes. Na classe I, classificam-se
os derivados de alta pureza, com no mínimo 99% de níquel contido (níquel eletrolítico 99,9% e carbonyl pellets 99,7%) tendo
assim larga utilização em qualquer aplicação metalúrgica. A classe II é composta pelos seus derivados com conteúdo entre
20% e 96% de níquel (ferroníquel, matte, óxidos e sinter de níquel), com grande utilização na fabricação de aço inoxidável e
ligas de aço. Outra forma de utilização é o níquel secundário ou sucata de níquel que é largamente utilizado na siderurgia.
 Diante de todas as aplicabilidades e funcionalidades da utilização do níquel nos sistemas industriais expostas neste trabalho,
podemos classifica – lo como um fator revolucionário da Industria Moderna, haja vista que, sua composição está presente em
diversos materiais e equipamentos que utilizamos cotidianamente, proporcionando os mais diversos benefícios a sociedade
de forma global, além de estar relacionado de forma direta ou indireta com avanços tecnológicos, contribuindo mais uma vez
com bem estar de todos.
 Referências Bibliográficas
 BENEDUCE, F. Metalurgia extrativa dos não ferrosos: PMT 2509, PMT 3409. Disponível em:
<https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/3437407/mod_resource/content/0/PMT3409_13.pdf>. Acesso
em: 19 jun. 2019.
 CARVALHO, E. A. et al. Níquel: mineração Serra da Fortaleza. 2002. 13p. Comunicação Técnica
elaborada para o Livro Usina de Beneficiamento de Minérios do Brasil - Centro de Tecnologia Mineral,
Coordenação de Inovação Tecnológica, Rio de Janeiro, 2002.
 CHIAVERINI, V. Tecnologia mecânica. 2 ed. São Paulo: McGraw-Hill, 1986. 388p.
 IMBELLONI, A. M. Concentração do minério de níquel da Mineração Fortaleza de Minas. 2013. 66p.
Dissertação (Mestrado - Programa de Pós-Graduação em Engenharia Mineral) - Escola de Minas,
Universidade Federal de Ouro Preto, Ouro Preto, 2013.
 Referências Bibliográficas
 TEIXEIRA, J. B. G. Minério de níquel sulfetado no Brasil. Recursos Minerais no Brasil: problemas e
desafios. 2015. Disponível em:
<https://www.researchgate.net/profile/Joao_Teixeira17/publication/317444726_Niquel_Sulfetado_no_Bra
sil/links/593ad528a6fdcc17a9981f05/Niquel-Sulfetado-no-Brasil.pdf>. Acesso em: 24 jun. 2019.
 SILVA, C. R. Balanço Mineral Brasileiro: Níquel. 2001.
 SILVA, C. R. Níquel. 2009.
 VALE. Níquel. Disponível em: <http://www.vale.com/brasil/PT/business/mining/nickel/Paginas/default.aspx>.
Acesso em: 24 jun. 2019.
OBRIGADO!

Você também pode gostar