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A MORTE E OS MORTOS NA SOCIEDADE BRASILEIRA.JOSÉ DE SOUZA MARTINS(org.).Ed. Hucitec.São Paulo.

1983)
Sugestão para capítulo da dissertação: A Morte sob a luz do discurso: espaços de interdição e identidade
o “aspecto religioso (...) interfere no significado da morte invertendo inclusive seu sinal.
A sociedade nega a morte; para isso...
MORTE/Sociedade/Valores
“O tema da morte é um tema interditado, banido, nos centros urbanos e nas regiões ‘mais cultas’ e desenvolvidas da sociedade
brasileira. Sobre a morte pesa o silêncio civilizado, a indiferença aparente, a atitude racional e prática que remove rapidamente
da vida o peso dos mortos”. (Santos, 1983: 9)
“Por sua indesejabilidade, inexorabilidade e irreversibilidade, a morte constitui um dos temas mais ricos de racionalizações, em
todas as culturas. Ritos, mitos, lendas, estórias e tabus proliferam em torno do mistério da morte” (Nogueira, 1983: 223)
a morte “é também um fato social e cultural. Como fato social é estratificado; como fato social é cultural está coberto de valores
e significados.” (Santos, 1983: 22)
“Essa mesma sociedade industrial não tem lugar para os mortos: são seres que não produzem, não consomem, não respondem
aos seus condicionantes: não competem, não correm, não ligam para o tempo nem para o dinheiro”. (Santos, 1983: 23) – Assim,
em M. C., o atravessamento de fatos da vida do morto é fundamental.
“Hoje, quando se questiona a sociedade industrial capitalista, suas conseqüências e seus valores, é compreensível, e não deve
ser acidental, este súbito interesse pela morte.” (Santos, 1983: 24)
“Este interesse pela morte sugere uma ruptura do silencio imposto pela sociedade industrial capitalista. A contestação da
sociedade industrial começou por negar o que ela coloca como valores positivos; e agora reexamina também as suas próprias
negações. (Santos, 1983: 24)

RITUAL E INSTITUIÇÃO – “ritos como atos de instituição” (Concone, 1983: 25) lembrando Bordieu
“O ato de instituição concede identidade, ao mesmo tempo fazendo-a se expriir e impondo-a graças ao fato de exprimi-la face
aos outros.” (Concone, 1983: 26) – melhor pensar discursivamente aí.
“atitudes ambíguas de aproximação e repulsa e a construção de um comportamento ritual.” (Concone, 1983: 30)
“existem inumeráveis contextos e locais, nos quais homens e mulheres, em confronto com as necessidades de sua existência,
derivam seus próprios valores e criam sua própria cultura, intrínseca a seu modo de vida. Estes atributos estão prenhes de
conteúdo político, embora não possuam fios que os liguem diretamente à prática partidária”. (Moura, 1983: 243)
atos simbólicos: combina (...), passado e presente, um pacto social com as classes dominantes e o Estado bem como olivre
curso das práticas e ideologia de seus participantes.” (Moura, 1983: 242)
“é com a morte que se gesta o exemplo para uma vida futura, permanente e – quem sabe – superadora. Le roi est mort, vive le
roi! (Moura, 1983: 245)

HISTÓRIA DA MORTE / NECRÓLOGOS


temporalidade
“É o passado que assim se torna mestre do futuro. São as sombras venerandas de alguns mortos que parecem surgir
incessantemente do abismo das sepulturas para mostrar aos vivos a estrada do dever, do patriotismo e da honra (...)” (Leonzo,
1983:77)
“A introdução dos falecidos no ‘domínio da história’ implica sua inserção no processo histórico. Isto faz com que os
necrológios se constituam em importante fonte para o estudo da evolução das idéias políticas no Brasil.” (Leonzo, 19983: 79)

DISCURSO FÚNEBRE/ NECRÓLOGOS / HISTÓRIA


“Permeados pelo apreço e pelo pesar e, sobetudo, pelo ‘dever de gratidão’, todos os discursos fúnebres são declaradamente
parciais”. (Leonzo, 1983: 78)
“A pretensão de todos os necrólogos é fazer como que os ‘homens notáveis’ passem do domínio da morte, ‘sombra
impenetrável que é noite profunda e misteriosa’ (Discurso do orador o Sr. Dro Joaquim Manoel de Macedo – 1864), para o da
história, ‘pânteon sublime e universal’ a qual confere aos bons que souberam destacar-se na vida a imortalidade honrosa (idem)
(Leonzo, 1983: 79)
“Nos discursos fúnebres de Joaquim Manuel de Macedo são freqüentes os elogios aos ‘liberais’ que atuaram nos períodos de
‘tormenta política’” (Leonzo, 1983: 79)
“A descrença do papel da Providência no desenrolar dos acontecimentos e a postura ‘cientificista’ de boa parte dos intelectuais
brasileiros a partir de 1870 implicaram uma nova forma de pensar e de interpretar a morte. Esta mudança é, porém, quase
imperceptível nos necrológios”. (Leonzo, 1983: 84)
“falar mais alto a vida e seus supostos e mutantes valores. É o que atestam os necrológios.” (Leonzo, 1983: 84)

REFERÊNCIAS PARA PESQUISA


“Nada mais representativo deste tipo de elogio fúnebre que o nocrológio de Francisco Adolfo de Varnhagen, Visconde de Porto
Seguro, elaborado pelo historiador Capistrano de Abreu e impresso no Jornal do Comércio do Rio de Janeiro, a 16 e 20 de
dezembro de 1878.” (Leonzo, 1983: 81)
“dia 5 de setembro de 1901, o Jornal do Comércio do Rio de Janeiro depararam com um necrológio que em muitos aspectos
diferia dos habituais. (...) O resultado foi em que até mesmo a crítica historiográfica é permeada pelo afeto (sobre o necrológio
de Capistrano de Abreu: Necrológio de Francisco Adolpho de Varnhagen – Visconde de Porto Seguro. In: Varnhagen, F. A. de.
História Geral do Brasil. 3ª ed., São Paulo, Melhoramentos., s.d., Tomo 1, p. 505 – 506) (Leonzo, 1983: 81)
conto “Carta de um Defunto Rico” de Lima Barreto. “Agradeço a vocês o cuidado que tiveram com o meu enterro; mas seja-me
permitido, caros parentes e amigos, dizer a vocês uma coisa. Tudo estava lindo e rico... (IV, 289).”

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