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FICHAMENTOS DIVERSOS COM TRECHOS DE PAUL RICOUEUR

RICOEUR, Paul. De l’interprétation. L’Enciclopédie Philosophique, Paris: PUF, 1987


RICOEUR, Paul. Mimese III. In: ___. Tempo e Narrativa. Trad. Constança Marcondes Cesar. Campinas
- SP: Papirus, 1994, p. 110- 125.
RICŒUR, Paul. Tempo e narrativa, a tríplice mimese. In: ______. Tempo e narrativa. Tomo I. Campinas, SP:
Papirus, 1994.
RICOEUR, Paul. Mimèsis, référence et refiguration dans Temps et récit. Études Phénoménologiques,
Bruxelles: Editions Ousia, n. 11, t. 6, 1990.
RICOEUR, Paul. Ensaios de Hermenêutica II. Porto: Rés, 1989
_____. Ideologia e utopia. Trad. Teresa Louro Perez. Lisboa, Edições 70, 1991.
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Narrativas
É no imaginário que eu experimento o meu poder de fazer, que eu tomo a medida do eu posso. Eu só
atribuo a mim mesmo o meu próprio poder, enquanto agente da minha própria ação, descrevendo-o para
mim mesmo com os traços de variações imaginativas sobre o tema do eu poderia ou até do eu teria
podido de outro modo, se tivesse querido” (p. 224)

A utopia introduz variações imaginativas sobre os tópicos da sociedade, do poder, do governo, da


família, da religião. O tipo de neutralização que constitui a imaginação como ficção encontra-se em ação
na utopia. (RICOEUR, 1991, p. 89).

 “Diria que, para mim, o mundo é o conjunto das referências abertas por todos os tipos de textos
descritivos ou poéticos que li, interpretei e amei” (p. RICOEUR, 1994,p. 122).

A história é aquilo em que estamos emaranhados. A história acontece com alguém antes que alguém a
narre. “[...] narrar é um processo secundário, o do tornar-conhecido da história” (p. RICOEUR, 1994, p.
116).

Contamos histórias porque finalmente as vidas humanas têm necessidade e merecem ser contadas”
(RICOEUR, 1994, p. 116).

“Sem abandonar a experiência cotidiana, não estamos inclinados a ver em tal encadeamento de episódios
de nossa vida histórias “não (ainda) narradas”, histórias que pedem para ser contadas, histórias que
oferecem pontos de ancoragem à narrativa?” (p. RICOEUR, 1994, p. 115).

“Toda história do sofrimento clama por vingança e exige narração” (RICOEUR, 1994, p. 116). – Mar
Adentro, introdução?

MIMESIS
Toda mímesis, mesmo criadora, sobretudo criadora, está no horizonte de um ser no mundo que ela torna
manifesto na mesma medida em que ela eleva ao mythos. A verdade do imaginário, a potência de
revelação ontológica da poesia, eis o que, de minha parte, vejo na mímesis de Aristóteles. É por ela que a
léxis é enraizada e que os próprios desvios da metáfora pertencem à grande tarefa de dizer o que é. Mas a
mímesis não significa apenas que todo discurso está no mundo. Ela não preserva apenas a função
referencial do discurso poético. Enquanto mímesis physeos, ela liga essa função referencial à revelação
do Real como ato. É função do conceito de physis, na expressão mímesis physeos, servir como índice
para esta dimensão da realidade que não se manifesta na simples descrição do que nela é dado.
Apresentar os homens ‘agindo’ e todas as coisas ‘como em ato’, tal bem poderia ser a função ontológica
do discurso metafórico. Nele, toda potencialidade adormecida de existência parece como eclodindo, toda
capacidade latente de ação, como efetiva (RICOEUR, 2000, p. 74-75, grifos no original).
INTRIGA
As obras de ficção “pintam a realidade, aumentando-a com todos os significados que elas próprias devem
às suas virtudes de abreviação, de saturação e de culminação, [...] ilustradas pela tessitura da intriga” (p.
RICOEUR, 1994,p. 123). – intriga- ficção

 “O que é ressignificado pela narrativa é o que já foi pré-significado no nível do agir humano” (p.
RICOEUR, 1994, p. 124). - temporalidade

“Tudo o que se narra acontece no tempo, desenvolve-se temporalmente; e o que se desenvolve no tempo
pode ser contado.” (RICOEUR, 1987, p. 24). – temporalidade

“Cada voz narrativa tem seu próprio tempo e seu próprio passado, de onde emergem os acontecimentos
recontados.” (RICOEUR,1990, p. 42). - temporalidade

“A voz narrativa tem, antes de qualquer coisa, seu tempo próprio e seu próprio passado, de onde
emergem os acontecimentos recontados.” (1990, p. 34). Nessun Dorma - temporalidade

“De um lado, agora designa uma interrupção na continuidade do tempo cosmológico e pode ser
representado por um ponto sem extensão. De outro lado, agora significa presente vivido, rico de um
passado recente e de um futuro iminente.” (RICOEUR, 1990). A criatividade em Nessun Dorma -
temporalidade

LEITURA E LEITOR
 “O que é comunicação, em última instância, é, para além do sentido de uma obra, o mundo que ela
projeta e que constitui seu horizonte” (p. RICOEUR, 1994, p. 119).

aquilo que nós chamamos obra é a produção comum de um texto e de um leitor. De um lado, a obra afeta
o horizonte de expectativa segundo o qual o leitor aborda o texto. De outro, essas esperas fornecem a
chave hermenêutica do processo de leitura tal como ele se desenrola. (RICOEUR, 1990, p. 39-40).

“[...] é o ato de ler que acompanha a configuraçao da narrativa e atualiza sua capacidade de ser seguida.
Seguir uma história é atualizá-la na leitura” (p. RICOEUR, 1994, p. 117-118).

“O que um leitor recebe é não somente o sentido da obra mas, por meio de seu sentido, sua referência, ou
seja, a experiência que ela faz chegar à linguagem e, em última análise, o mundo e sua temporalidade,
que ela exibe diante de si” (p. RICOEUR, 1994, p. 120). – leitura e temporalidade

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BARBOSA, Marialva. “O filósofo do sentido e a comunicação”. Conexão – Comunicação e Cultura,
UCS, Caxias do Sul, v.5, n.9, jan./jun.2006.
Hermenêutica
A questão da interpretação em Ricoeur torna-se hermenêutica, isto é, arte da interpretação de decifração
do sentido de textos, através da compreensão e da explicação. Nesse sentido, compreender não é
conhecer, mas ser e relacionar-se com outros seres. A hermenêutica é filosofia da compreensão e não um
conjunto de técnicas de interpretação (BARBOSA, 2006, p. 148)

Sua hermenêutica partilha, portanto, a idéia do círculo hermenêutico, isto é, a noção de que a
compreensão ou definição de alguma coisa já pressupõe uma compreensão ou definição daquela coisa.
(BARBOSA, 2006, p. 148)

[...] o tempo torna-se o tempo humano na medida em que é articulado de um modo narrativo, e que a
narrativa atinge seu pleno significado quando se torna uma condição da existência temporal (RICŒUR a,
1994, p. 85)

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