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REFORMA
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Teologia
da
Reforma
Capa:
CRANACH, Lucas the Elder
Porta-retrato de Martinho Lutero (detalhe), 1527
Óleo e têmpera sobre madeira
Wartburg-Stiftung, Eisenach
Nov/2011
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Teologia da Reforma
INDICE GERAL
Introdução ............................................................................................ 04
1. Os pré-reformadores: John Wycliff e Jan Hus ...................................05
2. Erasmo de Hoterdã ........................................................................... 00
3. Martinho Lutero ............................................................................... 00
4. Ulrico Zwínglio................................................................................. 00
5. João Calvino ..................................................................................... 00
6. A Reforma radical ............................................................................. 00
7. A Reforma inglesa ............................................................................ 00
8. A contra-reforma ............................................................................. 00
9. A ortodoxia luterana e reformada .................................................... 00
10. Anexo 1 ........................................................................................... 00
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Teologia da Reforma
Introdução
Escrever sobre a teologia dos reformadores é uma tarefa que exige muita cautela.
Historiadores seculares tendem a enfatizar demais o aspecto político que o movimento
acabou ganhando. É verdade que sem o apoio da nobreza, interessada em libertar-se do
controle exercido pela Igreja, a Reforma não teria êxito. Entretanto, não se pode negar que
reformadores como Lutero, Zwínglio e Calvino foram movidos por uma intensa devoção.
Como se pôde notar é possível enxergar a Reforma sob diversos ângulos. O que pretendo
com este trabalho é dar ao leitor as informações necessárias para que ele possa formar o
seu próprio juízo a respeito dos acontecimentos que abalaram a Europa do início do
século XVI.
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Teologia da Reforma
I - OS PRÉ-REFORMADORES
1. Introdução
N
o século XI eclodiu uma série de movimentos de reforma que ansiava pela
restauração da vida religiosa. Tais movimentos se tornaram atrativos ao povo,
escandalizado com a lassidão moral, a riqueza da igreja e a rígida hierarquia
eclesial. Buscava-se uma nova espiritualidade, que estivesse mais de acordo com aquela
praticada entre os cristãos do período apostólico. A mudança na devoção se refletiu nas
imagens de Cristo, que passou a ser retratado não mais como juiz, mas como homem de
dores3. O modo de vida feudal estava em
decadência e em seu lugar floresciam as
cidades4, um ambiente fértil para a
propagação de idéias contrárias à Igreja.
Além disso, as cidades eram o reduto de
uma nova classe em ascensão que desejava
impedir a intervenção da igreja em assuntos
temporais: a burguesia5. Vale destacar que
Pedro Valdo, fundador de um movimento
considerado herético pela Igreja (os
valdenses), era um comerciante da cidade de
Lyon.
179.
7 Desde Pedro Lombardo os sacramentos foram fixados em sete: batismo, crisma (ou confirmação),
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Teologia da Reforma
do sacerdote, mas tão somente da obra realizada por Jesus Cristo ( ex opere operatum)8. A
ênfase na eficácia dos sacramentos como meio de graça e do papel dos sacerdotes como
intermediários entre Deus e o homem teve um efeito poderoso na exaltação do poder do
clero. Apesar disso, para muitos fiéis tais medidas não bastaram.
No anseio pelo retorno à igreja dos primeiros séculos, pautada nos valores dos Evangelhos,
surgiram dentro da própria igreja novas formas de vida religiosa, as ordens mendicantes:
franciscanos, dominicanos, carmelitas e os eremitas agostinianos9. Essas ordens religiosas
desejavam reformar a igreja por dentro e mantiveram-se submissas à liderança da Igreja.
Em Milão, Lombardia e no sul da França floresceram movimentos de reforma que tinham
como característica marcante a hostilidade ao papado, tais como os cátaros e valdenses.
Esses grupos, diferentemente dos primeiros, desafiaram a autoridade da Igreja, por isso
foram duramente perseguidos. Para suprimir o desenvolvimento dos grupos dissidentes a
Igreja organizou as cruzadas (extermínio da heresia pela força das armas) e instituiu a Santa
Inquisição (corte eclesiástica encarregada de localizar e julgar os hereges).
A ruptura profundamente traumática que se deu na igreja do século XVI, com Martinho
Lutero, teve antecedentes significativos nesses movimentos surgidos no início do segundo
milênio, porém, é possível destacar o nome de dois padres, considerados os precursores
mais importantes da Reforma protestante. São eles: John Wycliff e Jan Hus.
8 Os donatistas negavam a eficácia dos sacramentos caso fossem administrados por alguém que merecia a
excomunhão (ex opere operantis). Lutero usou esta última expressão num outro sentido, afirmando que o
sacramento só é eficaz quando a pessoa que o recebe faz bom uso dele pela fé. Cf. LUTERO, Martinho. Obras
selecionadas, p. 437, nota 28.
9 Franciscanos: ordem inspirada na vida e na obra de Francisco de Assis. Dominicanos: fundada em 1216 por
São Domingos de Caleruega, praticamente na mesma época do surgimento dos franciscanos, teve como
missão a pregação da doutrina cristã e a conversão dos os hereges. Carmelitas: ordem mendicante surgida no
século XI fundada por eremitas no monte Carmelo, daí a designação “carmelitas”. Eremitas agostinianos:
união de diversos grupos eremitas numa ordem com constituição mendicante sob a tradição agostiniana
(como determinava a bula Licet Ecclesiae Catholicae, 1256).